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ESHC_1-12

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Camila de Oliveira Casara/Douglas Ochiai Padilha/
Luiz Augusto de Mattos/Osmar Ponchirolli/Paulo Moacir Godoy Pozzebon
2019
ESTUDO DO SER HUMANO CONTEMPORÂNEO
Presidente
Frei Thiago Alexandre Hayakawa
Reitor 
Frei Gilberto Gonçalves Garcia, OFM
Vice-Reitor 
Frei Thiago Alexandre Hayakawa, OFM
Pró-Reitor de Administração e Planejamento 
Adriel de Moura Cabral
Pró-Reitor de Ensino, Pesquisa e Extensão 
Dilnei Giseli Lorenzi
Coordenador do Núcleo de Educação a Distância - NEAD 
Renato Adriano Pezenti
Desenhista Instrucional 
Katia Paulino
Revisores
Carolina Bontorin Ceccon
Cláudia Mara Ribas dos Santos
Natasha Suelen Ramos de Saboredo
Diagramadores
Ana Maria Oleniki (projeto gráfico)
Débora Cristina Gipiela Kochani
Evelyn Souza Alves
Thais Suzue Ikuta
Ticiane de Farias Pietro
CASA DE NOSSA SENHORA DA PAZ – AÇÃO SOCIAL FRANCISCANA, PROVÍNCIA FRANCISCANA DA 
IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL – ORDEM DOS FRADES MENORES
© 2019 Universidade São Francisco
Avenida São Francisco de Assis, 218
CEP 12916-900 – Bragança Paulista/SP
Presidente
Frei Thiago Alexandre Hayakawa
Reitor 
Frei Gilberto Gonçalves Garcia, OFM
Vice-Reitor 
Frei Thiago Alexandre Hayakawa, OFM
Pró-Reitor de Administração e Planejamento 
Adriel de Moura Cabral
Pró-Reitor de Ensino, Pesquisa e Extensão 
Dilnei Giseli Lorenzi
Coordenador do Núcleo de Educação a Distância - NEAD 
Renato Adriano Pezenti
O
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Camila de Oliveira Casara
Mestre em Filosofia – Ética e Política, pela Universidade Federal do Paraná (2012). Graduada em 
Ciências Sociais pela Universidade Federal do Paraná (2008). 
Douglas Ochiai Padilha
Doutor em Sociologia, na modalidade sanduíche, pela Universidade Federal do Paraná e pela 
Université Paris Ouest Nanterre La Défense. Mestre em Sociologia pela UFPR (2008) na linha 
de pesquisa Ruralidades e Meio Ambiente. Graduado em Ciências Sociais pela UFPR (2005), 
atuando principalmente nas seguintes áreas: sociologia ambiental, sociologia rural, teoria 
ator-rede, nova sociologia econômica e redes de movimentos sociais. Atualmente, é professor 
na FAE Centro Universitário.
Luiz Augusto de Mattos
Doutor em Teologia Moral pela Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção (2000). 
Mestre em Teologia Dogmática pela Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção 
(1984); e em Teologia pelo Centro Universitário Assunção (2009). Graduado em Estudos 
Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (1976); em Teologia pela Pontifícia 
Universidade Católica do Rio de Janeiro (1981); e em Geografia pela Pontifícia Universidade 
Católica de Minas Gerais (1976). Atualmente, é professor do Instituto Teológico de São Paulo, 
da Universidade São Francisco e da UNISAL. Assessor da CRB Regional de São Paulo, membro 
e coordenador da equipe interdisciplinar CRB Nacional. Também é assessor de dioceses e 
congregações religiosas. 
Osmar Ponchirolli
Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina. Mestre em 
Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina. Graduado em Filosofia 
pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Dom Bosco (1988); e em Teologia pela Studium 
Theologicum (1994). Atualmente, é professor da FAE Centro Universitário. Professor pesquisador 
do grupo Economia Política do Poder em Estudos Organizacionais e Observatório Interdisciplinar 
em Economia Política do Poder. Pesquisador na linha de epistemologia e teoria crítica; 
complexidade e redes em estudos organizacionais. Líder do grupo de pesquisa sobre Teoria do 
Reconhecimento e Organizações da FAE Centro Universitário.
Paulo Moacir Godoy Pozzebon
Mestre em Lógica e Filosofia da Ciência (Área de Concentração Filosofia Política) pela Universidade 
Estadual de Campinas (1995). Licenciatura Plena em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica 
de Campinas (1985). Atualmente, é professor da Pontifícia Universidade Católica de Campinas e 
da Universidade São Francisco. Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em Metodologia 
da Pesquisa Científica e do Trabalho Científico e Filosofia Política, atuando principalmente nos 
seguintes temas: metodologia científica, educação, filosofia política, ética e filosofia. Possui 
também experiência na área de gestão.
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A MODERNIDADE: SURGIMENTO E TRANSFORMAÇÕES 13
A QUESTÃO DA PÓS-MODERNIDADE: A SOCIEDADE 
PÓS-INDUSTRIAL E A CULTURA PÓS-MODERNA 23
A GLOBALIZAÇÃO E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS 33
CRÍTICA DO CONHECIMENTO I 43
CRÍTICA DO CONHECIMENTO II 53
O HUMANO – QUEM É ELE? 63
Tabela de Ícones 7
Informações gerais sobre a disciplina 9
Apresentação 10
O SER HUMANO RELACIONAL, SOCIAL E POLÍTICO 73
ECOLOGIA: DESAFIOS AMBIENTAIS 85
ECOLOGIA: DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 93
ECOLOGIA: AMEAÇAS AMBIENTAIS 103
POLÍTICA, CIDADANIA E JUSTIÇA SOCIAL 111
O FENÔMENO RELIGIOSO 121
ATIVIDADE 
OBRIGATÓRIA
Indica as orientações da Atividade Avaliativa da Unidade de Estudo.
BIBLIOTECA 
DIGITAL
Indica que o material está disponível na Biblioteca Digital. 
CALCULADORA 
FINANCEIRA
Indica a utilização da calculadora HP 12C para resoluções mais precisas.
CHECKLIST
Indica um conjunto de ações para fins de verificação de uma rotina ou um 
procedimento (passo a passo) para a realização de uma tarefa.
EXEMPLO
Será utilizado sempre que houver necessidade de exemplificar um caso, uma 
situação ou conceito que está sendo descrito ou ensinado.
GLOSSÁRIO
Utilizado sempre que houver necessidade de entender o significado de uma 
palavra ou termo desconhecidos.
HIPERLINK
Indica um link (ligação), seja ele para outra página do módulo impresso ou 
endereço de Internet.
LEIS Indica a necessidade de aprofundamento da lei ou artigo referidos no texto.
LEITURA 
OBRIGATÓRIA
Indica os livros e textos de leitura obrigatória.
PENSE
Indica que você deve refletir sobre o assunto abordado para responder a um 
questionamento.
PESQUISE Indica a exigência de pesquisa a ser realizada na busca por mais informação.
PLANILHA
Indica a necessidade de se obter resolução utilizando a planilha Excel, tor-
nando o trabalho mais rápido.
REALIZE
Determina a existência de atividade: um exercício, uma tarefa ou prática a ser 
realizada. Fique atento a ele.
REVEJA Indica a necessidade de rever conceitos estudados anteriormente.
SAIBA MAIS
Apresenta informações adicionais sobre o tema abordado, de forma a pos-
sibilitar a obtenção de novas informações ao que já foi referenciado.
SUGESTÃO DE 
LEITURA
Indica textos de referência utilizados no curso e também faz sugestões para 
leitura complementar.
VÍDEOS
Indica vídeos que lhe ajudarão a aprofundar seus conhecimentos sobre o 
conteúdo estudado.
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9Estudo do Ser Humano Contemporâneo
Informações gerais sobre a disciplina
EMENTA
O ser humano e a formação cultural do ocidente: modernidade, pós-modernidade e globalização. 
Expressões e processos do conhecimento. O humano como ser multifacetário e relacional. 
Dimensões políticas, ambientais, sociais e religiosas da contemporaneidade.
OBJETIVOS
Por meio do diálogo com as questões centrais que caracterizam o humano e a sociedade 
contemporâneos, desenvolver uma reflexão que articule um discernimento criterioso das temáticas 
abordadas, contribuindo com uma formação integral, ética e humanizadora.
CARGA HORÁRIA
72 horas
10
Apresentação
Unidade 1: MODERNIDADE: SURGIMENTO E TRANSFORMAÇÕES
Nesta Unidade, estudaremos a modernidade, com suas características marcantes, seus 
principais acontecimentos e suas peculiaridades. 
O objetivo é aguçar o olhar para as transformações sociais que nos envolve e circunda muitas 
vezes de maneira invisível e natural, mas, mesmo assim, irreversível.
Unidade 2: A QUESTÃO DA PÓS-MODERNIDADE: A SOCIEDADE PÓS-INDUSTRIAL E A CULTURA 
PÓS-MODERNA
Na Unidade 2, abordaremos a pós-modernidade e as principais transformações que possibilitaram 
o desenvolvimento das tecnologias da informação e a consequente sociedade em rede.Veremos 
também a questão da desterritorialização como um dos grandes temas da pós-modernidade.
Unidade 3: A GLOBALIZAÇÃO E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Esta Unidade trata de uma das questões mais comentadas e polêmicas da contemporaneidade: 
a globalização. Vamos estudar suas principais características: como surgiu, por que se intensifica, 
os elementos mais importantes responsáveis pela sua intensificação a partir dos anos 1980, e as 
consequências desse processo na definição de novas identidades.
Unidade 4: CRÍTICA DO CONHECIMENTO I 
Nesta Unidade, vamos apresentar as principais modalidades de conhecimento atuantes em 
nossa sociedade: o senso comum, o mito e a ideologia. Buscaremos entender os diferentes modos 
como essas formas explicam o mundo em que vivemos, como se articulam entre si e quais são as 
suas limitações. 
Unidade 5: CRÍTICA DO CONHECIMENTO II
Continuaremos o estudo sobre as principais modalidades de conhecimento atuantes em nossa 
sociedade. Nesta Unidade estudaremos: a ciência, a tecnologia e a filosofia. Conhecer as principais 
formas do conhecimento nos permite interpretar melhor o mundo em que vivemos e escolher com 
maior liberdade nossos caminhos.
Unidade 6: O HUMANO – QUEM É ELE?
Compreender o ser humano é uma tarefa infinita. Por isso, esta Unidade pretende traçar 
algumas linhas indicativas das múltiplas dimensões do ser humano. Apresentaremos, na forma 
de uma síntese de ideias provenientes de muitos pensadores, os seguintes aspectos: dimensão 
biológica e animal do ser humano, inteligência, linguagem e cultura. 
11Estudo do Ser Humano Contemporâneo
Unidade 7: O SER HUMANO RELACIONAL, SOCIAL E POLÍTICO
Nesta Unidade daremos continuidade as múltiplas dimensões do ser humano, com o estudo 
do ser humano e o trabalho, como acontece a interação com outros seres humanos ao longo de 
sua história, a liberdade de escolha, a alienação e a busca do transcendente. Também abordaremos 
dois dos maiores desafios para o indivíduo humano: o autoconhecimento e a elaboração de um 
projeto de vida.
Unidade 8: ECOLOGIA: DESAFIOS AMBIENTAIS
Nesta Unidade, daremos início ao estudo da Ecologia e o Pensamento Ecológico. 
Apresentaremos conhecimentos básicos sobre a educação ambiental e seus desafios, e como 
cada um de nós pode enfrentar as questões ambientais e repensar o modo de vida em sociedade 
reconhecendo nossas responsabilidades para controlar os danos causados pela sociedade moderna 
e industrializada. 
Unidade 9: ECOLOGIA: DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Daremos continuidade aos estudos sobre a Ecologia e o Pensamento Ecológico, com foco para 
o desenvolvimento sustentável. Veremos como atender as necessidades do mundo contemporâneo 
sem colocar em risco a capacidade das próximas gerações, que vai além do desempenho financeiro 
e do lucro pelo lucro. 
Unidade 10: ECOLOGIA: AMEAÇAS AMBIENTAIS
Para concluir os estudos sobre a Ecologia e o Pensamento Ecológico veremos nesta Unidade as 
ameaças ambientais, buscando desenvolver sua capacidade de perceber os problemas ambientais 
como processos complexos que envolvem de forma interdependente elementos sociais, políticos, 
econômicos e ecológicos.
Unidade 11: CIDADE, POLÍTICA E JUSTIÇA SOCIAL
A presente Unidade de Estudo focará os temas sobre: política, cidadania e justiça social. A 
política surgirá sempre que uma pluralidade de indivíduos estiver presente, pois as deliberações e 
ações que daí surgirem caracterizarão o exercício mais nobre e complexo das atividades humanas. 
Também apresentaremos a relação da política com a cidadania e a justiça social.
Unidade 12: FENÔMENO RELIGIOSO
Para finalizar a disciplina abordaremos os traços mais determinantes do fenômeno religioso e 
os conceitos que permitem melhor compreendê-lo. As considerações apresentadas são válidas para 
quaisquer crenças religiosas. Não se pode compreender o ser humano – nem ontem, nem hoje, nem 
nas sociedades mais simples, nem nas mais complexas – sem refletir sobre o fenômeno religioso. 
Nem se pode viver plenamente a condição humana sem fazer, em algum grau, a experiência religiosa.
15Estudo do Ser Humano Contemporâneo
UNIDADE DE ESTUDO 1
A MODERNIDADE: SURGIMENTO E TRANSFORMAÇÕES 
INTRODUÇÃO
Nesta Unidade de Estudo, veremos que o surgimento e desenvolvimento de um período 
histórico específico e importantíssimo, chamado modernidade, atinge a todos nós de maneiras 
diversas, desde a organização de nossas instituições sociais mais básicas como família, religião 
etc. às nossas concepções políticas. A todos aqueles e aquelas que desejam formar consciência 
crítica e reflexiva sobre suas vidas e os contextos sociais, econômicos, culturais e políticos em 
que estamos submersos, recomendamos a leitura atenta desta Unidade de Estudo. Estudaremos 
a modernidade, com suas características marcantes, acontecimentos principais e, como sempre, 
suas idiossincrasias fundamentais. 
Assim, apresentaremos logo no início algumas das transformações históricas cabais para definir 
este período, como o Renascimento e a Revolução Industrial. Longe de serem apenas fatos históricos, 
esses dois eventos marcam o surgimento de uma nova mentalidade social: surge um novo modo 
de vida, de produção, de se relacionar e conhecer o mundo. A relevância do renascimento e da 
revolução industrial é inegável para entendermos as transformações pelas quais passou o mundo. 
De maneira definitiva, nada mais será como antes após estes acontecimentos.
Em seguida, para nos aprofundarmos e entendermos ainda mais sobre os efeitos da 
modernidade, essa interessante época histórica, apresentaremos algumas ideias de um importante 
sociólogo inglês chamado Anthony Giddens. Este pensador é responsável por um dos mais 
relevantes estudos sobre o tema; suas ideias são apresentadas em seu livro As Consequências 
da modernidade, de 1991. Conhecer um pouco das ideias trabalhadas neste livro contribuirá, e 
muito, para ampliar as possibilidades de entendimento do período denominado modernidade.
O objetivo desta Unidade de Estudo é modesto: esperamos que você possa aguçar seu 
olhar para as transformações sociais que o envolve e circunda muitas vezes de maneira invisível e 
natural, mas, mesmo assim, irreversível. Esperamos, ainda, que a leitura aqui proposta aguce suas 
indagações e desperte seu olhar para as principais consequências da modernidade. Bons estudos!
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16 Camila de Oliveira Casara
1 A MODERNIDADE: SURGIMENTO E TRANSFORMAÇÕES
O período que se convencionou denominar como “modernidade” envolve uma série de 
acontecimentos no campo da política, da cultura, da religião etc. Entre os historiadores, não há 
consenso quanto a datas formais para o início deste período. O que se pode afirmar, portanto, é 
que o início da modernidade engloba uma série de transformações que modificam radicalmente 
a vida de uma parte do mundo, mais especificamente, a Europa. 
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A caracterização da história em períodos, como Antiguidade, Idade Média e Modernidade, 
sempre foi assinalada por determinados acontecimentos, que engendram certas rupturas 
com a ordem anterior, faz sentido quando se pensa em modificação da vida social, 
política, cultural, religiosa em uma parte do mundo, isto é, na Europa.
Continentes como Ásia, Oceania e América foram posteriormente influenciados pelo 
modo de vida europeu; isto quer dizer que outras partes do mundo, embora já conhecidas, 
mantinham estruturas de pensamento, organização social, política e religiosa diversas.
Portanto, as transformações aqui narradas só farão sentido 
para o continente europeu, o que não invalida a curiosidade e a 
necessidade de conhecimento sobre este tema. Esta parte do globo 
foi e será continente de irradiação de um modo de organização 
social, política, econômica que arrebata todos os outros. Será em 
função da importância e da influência deste continente na constituição 
das outras partes do mundo que apresentaremos as características 
principais dachamada modernidade.
A despeito das diversas possibilidades de entendimento sobre o surgimento da modernidade 
pelos historiadores, o Renascimento e a Revolução Industrial representam marcos históricos 
importantes e contribuem para solapar um modo de vida e possibilitar a irrupção de outro. 
17Estudo do Ser Humano Contemporâneo
1.1 RENASCIMENTO
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ens 123rfVista de Florença/Itália. Praça Piazzale Michelangelo.
O período que será agora tratado representou uma transformação importantíssima para a 
humanidade. O Renascimento irá inaugurar uma nova fase de conhecimento e descoberta que 
influenciará decisivamente o ocidente. Vamos entender por quê.
O Renascimento, mais do que a maioria dos diversos momentos históricos suscita grandes 
controvérsias. Há quem veja nesse movimento filosófico e artístico o momento de ruptura entre 
o mundo medieval – com suas características de sociedade agrária, estamental, teocrática e 
fundiária – e o mundo moderno urbano, burguês e comercial. (COSTA, 2005, p. 28)
Isso pode ser afirmado porque muitas mudanças importantes ocorreram na Europa a partir 
do século XV; e estas mudanças serão as bases para a estrutura das sociedades contemporâneas. 
Estrutura feudal: A estrutura da sociedade feudal já não dava mais 
conta das transformações sociais, econômicas e políticas que assolavam 
a Europa. Esta estrutura, agrária em sua essência, mantinha nas mãos da 
nobreza e do clero o poder econômico e político. 
Expansões marítimas: Foram as expansões marítimas (com a circum-
navegação da África e o descobrimento da rota para as Índias e América), os 
excedentes de produção e o desenvolvimento de atividades comerciais, que 
contribuíram fortemente para que este sistema entrasse em colapso. Assim, 
tornou-se cada vez mais presente uma nova mentalidade: mais laica e mais 
centrada em preocupações materiais e, principalmente, no homem.
18 Camila de Oliveira Casara
Doutrinas religiosas: Novas doutrinas religiosas, que propuseram leituras 
interpretativas dos textos sagrados, surgiram como forte contribuição às 
mudanças e ao estabelecimento de outra mentalidade. A partir do século 
XVI o movimento denominado de Reforma Protestante questionava 
o poder clerical. Este movimento foi fundamental para que o “novo 
homem” redescobrisse a possibilidade do questionamento baseado 
na própria razão. “O conhecimento deixa de ser encarado como uma 
revelação, resultante da contemplação e da fé, para voltar a ser, como 
o fora para os gregos e romanos, o resultado de uma bem conduzida 
atividade do pensamento” (COSTA, 2005, p. 30).
Desenvolvimento da ciência: O desenvolvimento das ciências, 
portanto, pode ser entendido como resultado destas transformações 
em curso na Europa renascentista.
Crescimento das cidades: O crescimento das cidades, do comércio, e, 
sobretudo, das transações comerciais engendradas pelas terras recém-
descobertas na América obrigaram o homem medieval a “abrir mão” 
de velhas estruturas explicativas e dar lugar ao novo e surpreendente 
mundo que agora se estabelecia. Foi neste cenário que a forma de 
produção e organização política se modificou para sempre.
19Estudo do Ser Humano Contemporâneo
1.2 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL – O PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO
Os séculos subsequentes às mudanças iniciais 
não foram menos turbulentos. Uma nova maneira de 
se produzir, a partir do século XVII foi inaugurada: a 
riqueza passou a ser oriunda de indústrias e grandes 
máquinas, estas estavam geralmente alocadas em 
cidades grandes e superpopulosas; pertenciam a uma 
nova classe economicamente poderosa denominada 
burguesia industrial, ao passo que eram operadas 
por uma também recente classe social, denominada 
proletariado. Neste período, chamado de Revolução 
Industrial, o trabalho e a estrutura social ganharam 
contornos radicalmente novos.
O conhecimento científico aperfeiçoou as 
técnicas de produção: aumentando a produtividade 
das máquinas e os lucros, e diminuindo o uso da mão 
de obra. Este período ficou marcado pelo fenômeno 
da maquinofatura.
O que era produzido manualmente 
pelos artesãos passou a ser feito 
por máquinas, aumentando muito o 
volume de produção de mercadorias.
Anthony Giddens, um importante pensador inglês sobre o tema da modernidade, pode nos 
ajudar a entender melhor esta fase histórica por meio da seguinte afirmação:
A Revolução Industrial do final do século XVIII e do XIX transformou radicalmente as 
condições materiais de vida e os modos de ganhar dinheiro para sempre, trazendo com 
isso, pelo menos inicialmente, muitos problemas sociais novos, como a superlotação urbana, 
a falta de saneamento e as doenças que a acompanham, e a poluição industrial em uma 
escala sem precedentes. (GIDDENS, 2012, p. 63)
Como podemos perceber, Giddens nos esclarece sobre a radicalidade da mudança trazida 
pela nova forma de viver e se organizar da Europa. Esta nova fase trouxe também consequências 
importantes para os séculos seguintes. Será com base nas principais ideias deste autor sobre as 
caracterizações e perigos trazidos pela modernidade, que iniciaremos o segundo tópico desta Unidade.
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20 Camila de Oliveira Casara
2 OS EFEITOS DA MODERNIDADE
Em seu livro de 1991 chamado As Consequências da modernidade, Anthony Giddens 
caracteriza este período histórico e apresenta os principais efeitos da modernidade para o mundo 
ocidental. O autor a define da seguinte maneira: 
“modernidade refere-se a estilo, costume de vida ou organização social que emergiram na 
Europa a partir do século XVII e que ulteriormente se tornaram mais ou menos mundiais na 
sua influência” (GIDDENS, 1991).
Isto é, um período em que a maneira de organização das instituições sociais, políticas e 
econômicas passam a operar diferentemente da anterior e paulatinamente vão sendo incorporadas 
por todo o mundo.
As principais características das novas instituições da modernidade que se diferenciam do 
período anterior, segundo Giddens, serão: o ritmo de mudança, o escopo da mudança e a natureza 
intrínseca das instituições modernas.
Vamos entender mais especificamente cada uma delas:
O ritmo de mudança 
A rapidez com que as mudanças acontecem na modernidade é extrema; 
isso pode ser entendido como resultado do desenvolvimento da tecnologia, 
porém esta movimentação também é observada em outras esferas.
Escopo da mudança
Isto é, o alvo das mudanças trazidas pela modernidade. Por meio do 
uso da tecnologia mais incisivamente, partes do globo são colocadas em 
conexão e as transformações sociais acontecem em todo o planeta.
Natureza intrínseca das instituições modernas
Segundo Giddens (1991), alguns tipos de organização social não 
se encontram em outras épocas históricas, apenas na modernidade. É o 
caso do estado-nação, a necessidade de grandes fontes produtoras de 
energia, o surgimento da mercadoria e do trabalho assalariado.
FONTE: Giddens (1991)
Prosseguindo em sua caracterização da modernidade, Anthony Giddens ressalta a importância que 
alguns debates adquirem neste período. As preocupações com o meio ambiente e a instrumentalização 
da natureza como fonte geradora de riqueza econômica são discussões que só farão sentido no contexto 
moderno. O autor entende que foi somente neste contexto histórico específico que as “forças de 
produção” adquiriram um potencial tão destrutivo em relação ao meio ambiente.
21Estudo do Ser Humano Contemporâneo
Outro tema de relevância para entender a modernidade será a ascensão de episódios de 
totalitarismo. 
“O governo totalitário combina poder político, militar e ideológico de forma mais 
concentrada do que jamais foi possível antes da emergência dos estados-nação modernos” 
(GIDDENS, 1991, p. 18).
Ainda no que diz respeito ao ineditismo do poderio e desenvolvimento das forças militares 
na modernidade, Anthony Giddens afirma que a junção entre inovação industrial e poder militar 
remete à própria origem da industrialização moderna. Isto é, tendo a indústriae as inovações 
tecnológicas neste período se desenvolvido de maneira tão eficiente e complementar, tais inovações 
não deixariam de se estender às forças militares da modernidade.
Neste sentido, este autor sugere que as análises que se empreendam sobre a modernidade 
se esforcem para abarcar não somente as mudanças e avanços da modernidade, como também os 
perigos e riscos que este período carrega no seio de suas características mais essenciais. 
CONCLUSÃO
Nesta Unidade de Estudo, vimos que o período que chamamos de modernidade se refere 
a transformações importantes em todas as instituições sociais: desde as relações de trabalho, até 
a política e economia. O Renascimento, como fato importante e cabal traz uma nova maneira 
de o homem enxergar a si e o mundo em que vive, enquanto que a Revolução Industrial muda 
radicalmente a ordem produtiva da vida econômica e altera para sempre os modos de produção.
Vimos ainda que autores importantes da sociologia, como Anthony Giddens e Cristina 
Costa, elaboram reflexões sobre este período histórico e o caracterizam a partir da rapidez das 
mudanças e o alvo destas. 
Também foi tópico importante abordado a natureza característica das instituições modernas. 
Para o inglês Anthony Giddens, é preciso estar atento para as consequências que a modernidade 
acarreta para vida do planeta como um todo, como o impacto das transformações no meio 
ambiente, o totalitarismo e a associação entre poder militar e industrial.
22 Camila de Oliveira Casara
REFERÊNCIAS
COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. São Paulo: Moderna, 2005.
GIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto Alegre: Penso, 2012.
______. As consequências da modernidade. São Paulo: Unesp, 1991. 
25Estudo do Ser Humano Contemporâneo
UNIDADE DE ESTUDO 2
A QUESTÃO DA PÓS-MODERNIDADE: A SOCIEDADE PÓS-INDUSTRIAL 
E A CULTURA PÓS-MODERNA
INTRODUÇÃO
Nesta Unidade, abordaremos um dos temas mais fascinantes e envolventes da 
contemporaneidade: a pós-modernidade. Compreender o que a constitui e quais as suas 
consequências para o mundo de hoje é uma das tarefas que aqui nos propomos.
Esta Unidade de Estudo requer de você capacidade reflexiva e leitura atenta, não só dos textos 
obrigatórios, mas do mundo que o cerca.
No início dos nossos estudos, iremos caracterizar a pós-modernidade. De onde surgiu e 
qual o seu campo de estudos originário serão alguns dos dados importantes para entendê-la. Em 
seguida, apresentaremos as principais transformações que possibilitaram a pós-modernidade: o 
desenvolvimento das tecnologias da informação e a consequente sociedade em rede. 
Você poderá enxergar claramente que a realidade que o cerca está permeada pelos efeitos 
da pós-modernidade, pois as consequências da sociedade em rede nas relações de produção e 
nos movimentos sociais fazem parte, mesmo que de maneira indireta, da vida de qualquer cidadão 
do século XXI.
Não poderíamos deixar de apontar para a questão da desterritorialização como um dos 
grandes temas da pós-modernidade. Uma das suas principais transformações, a redefinição de 
fronteiras e territórios, será nesta Unidade esclarecida e debatida como manifestação das novas 
relações sociais, políticas e econômicas que a pós-modernidade trouxe para o mundo. Esperamos 
que ao finalizar esta Unidade de Estudo, você esteja ainda mais instigado a pensar e refletir sobre 
as transformações do mundo ao seu redor. Bons estudos! 
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26 Camila de Oliveira Casara
1 A PÓS-MODERNIDADE: CARACTERIZAÇÃO 
Definir pós-modernidade exige 
um esforço bastante grande, pois este 
termo não se originou no campo das 
ciências humanas e filosofia; ele começa 
a ser empregado primeiramente no 
campo das artes visuais.
A partir da perspectiva pós- 
-moderna, já não se buscariam mais 
critérios universalmente válidos para a 
arte (como por exemplo, as formas, cores e texturas consideradas boas ou más, belo ou feio); regras 
ou normas não poderiam ser entendidas para toda a produção artística mundial. Esta proposta de 
entendimento dos fenômenos da realidade, nascida nas artes visuais, expande-se rapidamente para 
outras áreas do conhecimento como uma nova forma de compreensão do mundo e das relações 
sociais; um novo paradigma para caracterizar as sociabilidades contemporâneas e as modificações 
profundas trazidas pelas transformações do século XXI. 
“A pós-modernidade passou a designar uma nova proposta de produção artística que, por 
sua ideologia contestadora, associou-se à quebra de valores e de normas de comportamento 
que caracterizou o homem contemporâneo, especialmente nos grandes centros urbanos.” 
(COSTA, 2005, p. 232).
A pós-modernidade passa a ser o termo usado, então, 
para denominar rupturas com modelos e padrões de 
entendimento que são postos em xeque no momento em 
que o mundo passa a conviver com intensas e profundas 
mudanças. Para Jurgen Habermas, havia um “projeto da 
modernidade” que consistia:
a) na crença inquestionável à ciência; 
b) na libertação do homem por meio do domínio total da natureza; 
c) no desenvolvimento da racionalidade a ponto de superar mitos, religião e superstição. 
FONTE: Harvey (2007)
O período denominado pós-moderno, seria, portanto, 
o momento em que o “projeto da modernidade” passa a 
ser questionado e superado (HARVEY, 2007, p. 23).
Sendo assim, a pós-modernidade, tendo nascido nas 
artes visuais, pode ser empregada para entendermos os 
novos hábitos, costumes, formas de vida e movimentos 
sociais impregnados pelas mudanças sociais, econômicas, 
políticas e tecnológicas do século XXI.
O conceito de pós- 
-modernidade, para esta 
área do conhecimento, 
caracterizava uma nova 
forma de entendimento 
das produções artísticas 
pautada no rompimento de 
paradigmas da Modernidade.
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Exemplos são Robert Venturi, 
Aldo Rossi, James Corbett, 
entre outros.
27Estudo do Ser Humano Contemporâneo
Para muitos estudiosos da contemporaneidade, entre eles o sociólogo inglês Anthony Giddens 
(2012), estamos diante de uma nova sociedade: mais plural e diversificada. Isso se deve, em grande 
parte, ao poder dos meios de comunicação incidindo na vida dos seres humanos, trazendo-lhes 
informações, valores e ideias de várias partes do mundo muito rapidamente. 
Em uma quantidade incontável de filmes, vídeos, programas de televisão e sítios da internet, 
as imagens circulam ao redor do mundo. Temos contato com muitas ideias e valores, mas 
eles têm pouca conexão com a história das áreas em que vivemos ou, de fato, com nossas 
próprias histórias pessoais. Tudo parece constantemente em fluxo. (GIDDENS, 2012, p. 81)
O pensador inglês chama a atenção para o fato de que na pós-modernidade os meios 
de comunicação permitem a troca de informações e imagens com rapidez e eficiência jamais 
experimentadas. Isso incide decisivamente em diversos aspectos das relações sociais, da economia 
e da política do século XXI.
Para que essa transformação toda fosse possível, alguns acontecimentos foram cruciais no 
decorrer do século XX. Entenderemos melhor do que estamos falando nos tópicos seguintes, ao 
abordarmos as transformações fundamentais que possibilitaram o advento da pós-modernidade.
2 A SOCIEDADE EM REDE
O desenvolvimento dos meios de co-
municação, da informática e da automação 
impactou definitivamente a maneira tradi-
cional de articulação e cooperação em todo 
o planeta. A rapidez na produção, nas trocas 
comerciais e nos fluxos financeiros, nos diz 
Cristina Costa (2005, p. 234), “deu à econo-
mia um ritmo impensável anteriormente”, 
transformando em mercadoria aquilo que 
passa a circular pelas redes de comunicação: a informação. 
Para o sociólogo espanhol Manuel Castells (2013), o desenvolvimento das tecnologias da 
informação e da internet fortaleceu as redes entre diferentes pessoas e organizações em lugares 
extremamente distantes no globo terrestre. Para ele, as redes sãoas formas de organização que 
definem nossa era; informações podem ser recebidas imediatamente em qualquer parte do mundo, 
não existindo necessidade da presença física dos envolvidos (GIDDENS, 2012, p. 579).
O impacto da tecnologia da informação e sua consequente 
transformação nas relações sociais pode ser sentido em diferentes 
espaços e maneiras. Desde as novas formas e processos de 
produção, isto é, na organização das estruturas de trabalho na 
contemporaneidade, chegando até aàs reivindicações sociais, ou 
seja, na maneira como os novos movimentos sociais se articulam 
e tomam corpo, a pós-modernidade exerce sua influência.
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28 Camila de Oliveira Casara
A pós-modernidade permeia a maneira de se produzir: muito mais rápida e descartável; 
suscetível aos fluxos do mercado e das influências culturais distantes; desterritorializada e 
segmentada em diferentes espaços e países. 
Como também permeia as formas de reivindicação e afirmação de desejos e identidades, 
isto é, os movimentos sociais. Nos tópicos seguintes, abordaremos melhor esses dois impactos.
2.1 A INFLUÊNCIA DAS REDES NOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO
Uma das consequências de tal transformação pode 
ser sentida nos processos produtivos, isto é, na maneira de 
se produzir sob a influência da informática e da automação 
que passa a ser radicalmente diferente. O resultado 
disso aparece nas novas estruturas organizacionais, mais 
descentralizadas e flexíveis. Cada vez mais, empresas estão 
ligadas em redes e se relacionam com a economia global; 
esse processo torna mais difícil a sobrevivência de uma 
organização comercial – seja pequena ou grande – se não 
fizer parte de uma rede.
O grande catalisador dessa transformação são os 
meios de comunicação, mais especificamente, a internet. 
“A introdução da nova tecnologia permitiu que muitas empresas ‘reprojetassem’ sua estrutura 
organizacional, tornando-se mais descentralizadas, e reforçando a tendência para tipos 
menores e mais flexíveis de empresas, inclusive o trabalho em casa” (GIDDENS, 2012, p. 579).
David Harvey (2007), geógrafo britânico e um dos grandes estudiosos do impacto da tecnologia 
da informação nos processos produtivos, afirma que as transformações no processo produtivo sob 
a influência dos avanços tecnológicos caracteriza o período denominado de acumulação flexível. 
Esse novo modo de organizar a produção se caracteriza pela flexibilização dos processos de 
trabalho, dos mercados de trabalho, dos produtos produzidos e dos padrões de consumo.
Surgem nesse contexto muitos outros setores de produção, bem como novas maneiras de 
fornecimento dos serviços financeiros, novos tipos de mercados, e, principalmente, muita inovação 
comercial, tecnológica e organizacional, nos explica Harvey (2007, p. 140). 
A acumulação flexível traz como resultados imediatos o aumento dos empregos e oportunidades 
de empreendimentos no chamado “setor de serviços”, assim como parques industriais em países 
de industrialização tardia ou capitalismo periférico, como Brasil, Índia e África do Sul. Como 
consequência do aumento da produção pelas novas tecnologias, a maneira de explorar o mercado 
e oferecer mercadorias também se modifica. 
A acumulação flexível confere “uma atenção muito maior às modas fugazes” e mobiliza “todos 
os artifícios de indução de necessidades e de transformação cultural” para induzir o consumo a uma 
forma efêmera e descartável. Atrelado a esse processo, o relacionamento com os produtos (com 
significativa vida útil menor) produzidos passa a ser mais fugaz e caracteriza, portanto, uma “estética 
pós-moderna que celebra a diferença, a efemeridade, o espetáculo, a moda e a mercadificação de 
formas culturais” (HARVEY, 2007, p. 148). 
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Cristina Costa (2005, p. 235) corrobora a visão de Harvey e salienta que “a informatização 
acabou gerando modificações radicais nos processos produtivos, levando a uma reengenharia 
industrial com a adoção crescente de sistemas automatizados”. 
2.2 A INFLUÊNCIA DAS REDES NAS MOVIMENTAÇÕES SOCIAIS
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Outra face da influência das redes no mundo contemporâneo pode ser sentida na maneira 
de organização das mais recentes movimentações sociais. Manuel Castells, em seu livro Redes 
de indignação e esperança – movimentos sociais na era da internet (2013) analisou o impacto 
das novas tecnologias da comunicação em protestos recentes da primeira década do século XXI, 
especialmente aqueles acontecidos no mundo árabe e alguns países da Europa. Para este autor, 
as redes sociais na contemporaneidade se constituíram como espaços de autonomia, capazes de 
levar os sujeitos além do controle de governos e empresas. Com a intensificação da comunicação 
em redes trazida pelas novas tecnologias da informação, há a consequente produção de novos 
entendimentos sobre fatos, eventos, políticas, relações sociais etc.
Nesse sentido, Castells afirma que as redes de comunicação (as famosas redes sociais) são, 
em certa medida, temidas por governos e instituições de poder, pois são capazes de construir 
novas formas de pensamento, direcionar atitudes, construir significados e mobilizar agentes sociais, 
sejam eles individuais ou coletivos. Portanto, nos esclarece este autor, as modificações nas formas 
de comunicação afetaram definitivamente as relações de poder. 
“As rede de poder o exercem sobretudo influenciando a mente humana (mas não apenas) 
mediante as redes multimídia de comunicação de massa. Assim, as redes de comunicação 
são fontes decisivas de construção do poder” (CASTELLS, 2013, p. 12).
30 Camila de Oliveira Casara
Capazes de operar novos significados sobre as mais 
diferentes relações e provocar reações inesperadas e irreversíveis, 
os movimentos sociais são definitivamente fomentados pelas 
informações mais imediatas e diversificadas possíveis, aptos a 
articular ações conjugadas nos mais distantes lugares do globo 
ao mesmo tempo.
Não se faz mais necessário que as novas movimentações sociais sejam alocadas em uma sede 
física, com uma escala hierárquica definida entre indivíduos e encontros periodizados entre seus 
membros. Basta que os manifestantes estejam organizados em rede e se identifiquem em suas 
dificuldades e reivindicações. 
“A autonomia da comunicação é a essência dos movimentos sociais, ao permitir que o movimento 
se forme e possibilitar que ele se relacione com a sociedade em geral, para além do controle dos 
detentores do poder sobre o poder da comunicação” (CASTELLS, 2013, p. 16).
Ainda nas considerações de Manuel Castells sobre a influência das redes nas novas 
movimentações sociais, o pensador espanhol afirma que o poder pode estar se deslocando 
dos Estados-Nações para novas alianças e coalizões não governamentais. Estas relações não 
pertencentes a nenhum território, mais fluidas e inconstantes, podem ser lidas como resultantes 
da sociabilidade típica da pós-modernidade. 
A influência da tecnologia nas relações sociais, econômicas e políticas dá origem a uma sociedade 
muito mais integrada e diversificada. Este fenômeno, aqui chamado de desterritorialização, será 
fundamental para entender o que é e quais as consequências da pós-modernidade nas relações 
sociais do século XXI, que abordaremos a seguir.
3 A DESTERRITORIALIZAÇÃO
Se uma das características marcantes da pós-modernidade se faz sentir nos novos movimentos 
sociais, os quais passam a não necessitar mais de encontro físico entre todos os seus participantes, 
então entendemos que a desterritorialização é uma das faces da pós-modernidade. 
Segundo Cristina Costa (2005, p. 237), a desterritorialização seria “a perda da importância do 
território nacional e a transnacionalização da economia”, bem como “as novas alianças que unem 
blocos regionais mais amplos, enfraquecendo as fronteiras nacionais e a circunscrição do Estado” 
(COSTA, 2005, p. 237). 
Nesta perspectiva, osterritórios, as fronteiras e as vizinhanças necessitam de constante 
redefinição. São típicas desse processo, as constantes migrações humanas ao redor do globo 
terrestre, motivadas pelas mais diferentes causas: guerras, desastres naturais, alianças políticas, 
atividades econômicas etc. 
Anthony Giddens (2012, p. 467) rotula o século XXI como “a era da migração”, isto porque 
a intensificação da migração global após a Segunda Guerra Mundial, e especificamente em anos 
mais recentes, trouxe questões políticas e de governança muito sérias para todo o mundo. Inegável, 
portanto, é a multiplicidade de dados culturais e influências étnicas que permeiam as sociedades 
atingidas por este processo. 
31Estudo do Ser Humano Contemporâneo
Tanto os países alvos de imigrantes – geralmente pela prosperidade econômica (como 
Alemanha, França, Inglaterra) – quanto aqueles que “cedem” seus indivíduos a outros espaços 
(como Síria ou Haiti) – mais prósperos ou menos violentos e intolerantes – veem no fenômeno da 
desterritorialização uma mescla de culturas e tradições que atingem em cheio os sujeitos e definem 
novas identidades e relações sociais. 
Constituem exemplos de alguns desses espaços de desterritorialização os campos de refu-
giados, as colônias de imigrantes, multinacionais e empresas de capital misto, nos esclarece 
Cristina Costa (2005, p. 237).
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ens 123rfCampo de refugiados em Domeez, Iraque.
Fronteira entre Grécia e a FYRON (antiga República 
Iugoslava da Macedônia).
A partir de agora, mais abstratos e difíceis de definir, os territórios nacionais, as fronteiras, os 
nacionalismos e as idiossincrasias culturais passam a ser constantemente reelaboradas sob uma 
perspectiva diversificada, múltipla e transnacional que traz a pós-modernidade. Entender esse 
fenômeno contemporâneo irreversível se faz uma das tarefas mais instigantes e complexas do 
pensamento social.
CONCLUSÃO
Evidentemente todos nós já ouvimos o termo pós-modernidade, vida pós-moderna, amores 
pós-modernos em algum momento de nossas conversas mais banais. No entanto, a Unidade 
de Estudo apresentada forneceu aspectos e características desse fenômeno de modo mais 
complexo e aprofundado.
Passamos pelas principais faces da pós-modernidade: suas características, a importância das 
tecnologias da informação e a consequente sociedade em rede, e a ideia de desterritorialização. 
Ao abordarmos a questão das redes, não pudemos nos furtar do impacto disso nas relações 
de produção e nas movimentações sociais.
Todos esses aspectos se dispuseram a agregar dados e possibilidades de entendimento 
da realidade do século XXI a você que está disposto a captar de maneira crítica e reflexiva a 
realidade em que estamos todos inseridos. 
32 Camila de Oliveira Casara
REFERÊNCIAS 
CASTELLS, Manuel. Redes de indignação e esperança: Movimentos sociais na era da internet. 
Rio de Janeiro: Zahar, 2013.
COSTA, Cristina. Sociologia: Introdução à ciência da sociedade. São Paulo: Moderna, 2005.
GIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto Alegre: Editora Penso, 2012.
HARVEY, David. Condição pós-moderna. São Paulo: Loyola, 2007.
35Estudo do Ser Humano Contemporâneo
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UNIDADE DE ESTUDO 3
A GLOBALIZAÇÃO E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
INTRODUÇÃO
Esta Unidade trata de uma das questões mais comentadas e polêmicas da contemporaneidade: 
a globalização. Tema profícuo entre filósofos, sociólogos, economistas entre outros profissionais 
interessados em entender os meandros que regem a vida social, política e cultural do século XXI, 
este assunto sempre traz posições contrárias e favoráveis capazes de despertar as discussões mais 
acaloradas.
O intuito desta Unidade é apontar as principais características da globalização: como surge, por 
que se intensifica, os elementos mais importantes responsáveis pela sua intensificação a partir dos 
anos 1980, e as consequências desse processo na definição de novas identidades serão algumas 
das abordagens do primeiro tópico da Unidade.
Em seguida, ainda no intuito de lhe fornecer maior subsídio para as discussões e 
problematizações acerca do tema, propomos uma investigação sobre a questão da ampliação das 
fronteiras, processo inevitável da globalização. Abordaremos a formação dos blocos econômicos 
e a consequente e dramática questão da imigração no século XXI.
Finalizamos nosso debate apresentando a proposta de uma governança global como saída 
pensada por alguns estudiosos para os problemas gerados em função de uma internacionalização 
das fronteiras. Esperamos, com esta Unidade, contribuir para o despertar de uma consciência 
crítica e reflexiva acerca do tema e levantar ainda mais possibilidades de discussões que busquem 
a construção de um mundo mais justo e humano para todos. 
Bons estudos!
36 Camila de Oliveira Casara
1 GLOBALIZAÇÃO: CARACTERIZAÇÕES
Nos noticiários, artigos de jornais, conversas informais e tantos outros espaços que permeiam 
nosso cotidiano ouvimos falar sobre a globalização. Esse termo se tornou palavra-chave para definir 
as novas relações no mundo contemporâneo, tanto para os debates sociológicos e filosóficos quanto 
para os econômicos e políticos. 
De uma maneira geral, o termo “global” se refere aos caminhos que as políticas econômicas 
e sociais do mundo capitalista vêm trilhando a partir da década de 1980. 
“A globalização refere-se ao fato de que estamos cada vez mais vivendo em um mesmo 
mundo, de modo que os indivíduos, grupos e nações, se tornaram cada vez mais 
interdependentes”. (GIDDENS, 2012, p. 102).
Muitos estudiosos do assunto tratam da globalização como uma significativa perda de poder do 
Estado Nacional e do mercado interno, o que acarreta trocas comerciais e financeiras internacionais 
intensas e confere muito poder às instituições supranacionais, isto é, corporações, bancos e empresas 
multinacionais. No entanto, podemos afirmar que, relacionada às profundas transformações 
econômicas, acompanhamos uma reviravolta nas relações culturais, sociais e tecnológicas entre os 
países a partir dessa época. Giddens (2012) corrobora essa ideia ao afirmar que:
“Embora as forças econômicas sejam uma parte integral da globalização, seria errado sugerir 
que elas a produzem sozinhas. A união de fatores políticos, sociais, culturais e econômicos 
cria a globalização contemporânea” (GIDDENS, 2012, p. 102). 
Assim, a globalização não se restringe às novas dinâmicas econômicas e políticas, ela envolve 
outros tantos aspectos sociais capazes de alterar profundamente sociedades inteiras. Somos 
levados a crer, portanto, que a globalização é processo multidimensional, ou seja, seus impactos 
e consequências podem ser sentidos em diversos âmbitos da vida dos indivíduos no século XXI.
Tendo em vista a possibilidade de entendermos melhor essas transformações, propomos uma 
reflexão sobre o funcionamento atual e as possibilidades futuras da globalização enquanto nova 
forma de ordenação das relações sociais, econômicas e políticas da atualidade.
Para isso, explicaremos a seguir alguns dos fatores que contribuíram para a globalização.
1.1 A TECNOLOGIA DAS COMUNICAÇÕES E DA INFORMAÇÃO
O desenvolvimento das tecnologias da comunicação e da informação pode ser apontado como 
um dos aspectos fundamentais para a intensificação da globalização na contemporaneidade. Isto 
porque elas aumentaram, em muito, a velocidade e o alcance das trocas sociais entre os indivíduos 
por todo o mundo.
Nos anos seguintes à Segunda Guerra Mundial, esta disseminação da informação sofreu 
grande transformação. Ela foi facilitada por vários avanços na estrutura das telecomunicações 
do planeta como o desenvolvimento de um sistema de cabos mais eficiente e menos caro e o 
37Estudo do Ser Humano Contemporâneo
desenvolvimento tecnológico dos satélites de comunicações, que a partir da década de 1960 
expandem as comunicações internacionais. A partirde então, grandes quantidades de informação 
podem ser comprimidas e transferidas por meio digital. 
Nos lares, empresas, escritórios de qualquer país com infraestrutura de comunicações mais 
desenvolvida, as pessoas estão interconectadas, recebendo e mandando informações em tempo 
real para qualquer indivíduo ao redor do globo terrestre. Isso acarreta uma transformação na 
concepção do tempo e do espaço substancial aos envolvidos nesses processos. 
Um indivíduo em Tóquio recebe documentos, envia imagens e vídeos em tempo real a outro em 
São Paulo, graças ao desenvolvimento da tecnologia dos satélites.
1.2 OS FLUXOS INTERNACIONAIS E TRANSFORMAÇÕES DAS IDENTIDADES
As trocas de informações possibilitadas pela tecnologia da comunicação permite a interconexão 
entre indivíduos no mundo todo. Esse fenômeno, para além das trocas já mencionadas, faz com 
que as pessoas estejam mais conscientes e se identifiquem mais umas com as outras em problemas 
globais do que no passado.
Um exemplo claro das possibilidades trazidas pela tecnologia da comunicação está na mo-
bilização de milhares de pessoas em manifestações políticas e culturais. Movimentos como a 
chamada Primavera Árabe (grandes insurreições nos países árabes, a partir de 2009, quando 
milhares de pessoas saíram às ruas contra governos ditatoriais, inicia-se na Líbia e se expande 
para vários países vizinhos); ou o Greenpeace (importante Organização Não Governamental 
que luta pelas questões ambientais), entre outros, podem ser classificados como ações que 
buscam agir para além de seus territórios nacionais e são possíveis graças à internet.
Explicaremos o fato das trocas de informações facilitadas pela tecnologia a partir de duas dimensões.
A primeira é que indivíduos no mundo todo passam a entender que suas 
responsabilidades vão além de suas fronteiras nacionais. Desastres naturais, guerras, 
fome e injustiças de toda ordem passam a ser vistas como problemas de alçada 
internacional, dignos de ação e intervenção. 
A segunda diz que indivíduos no mundo todo buscam, cada vez mais, forjar 
sua identidade em fontes além de seu Estado-Nação. As identidades culturais locais 
passam por transformações profundas, e um habitante da Irlanda do Norte, por 
exemplo, pode se identificar culturalmente com um da França. A ideia da identificação 
patriótica dos indivíduos com seu Estados-Nação está em xeque à medida que as 
políticas em níveis globais e regionais se orientam para além das fronteiras geográficas.
Anthony Giddens (2012) afirma que, embora a globalização seja fomentada por grandes trocas 
econômicas e desenvolvimento tecnológico, ela pode ser sentida nas relações mais cotidianas. As 
transformações são vistas nas formas como as instituições sociais mais elementares, como família, papéis 
sociais, identidades pessoais, relações de trabalho, sexualidade etc., são afetadas e reconfiguradas. 
Neste sentido, para o autor, a globalização inaugura um período de ascensão do individualismo. 
38 Camila de Oliveira Casara
“Em condições de globalização, enfrentamos uma tendência a um novo individualismo, no 
qual as pessoas devem agir ativamente para construir suas próprias identidades” (GIDDENS, 
2012, p. 116). 
À medida que nos deparamos com transformações profundas nos mais elementares pilares 
de sustentação da vida em sociedade, e tradições e costumes antigos já não fazem mais sentido, é 
preciso que sejamos capazes de alterar a maneira como pensamos a nós mesmos e surjam novos 
padrões identitários.
1.3 OS FATORES ECONÔMICOS 
Dada a importância que a tecnologia da informação confere às identidades individuais e a 
promoção de novas formas de comunicação, não podemos deixar de salientar que os processos 
econômicos são cruciais para que a globalização atinja os patamares do século XXI. Cada vez 
mais a economia global se orienta para as atividades ligadas à tecnologia da informação, isto é, 
softwares de computador, mídia, produtos do entretenimento e serviços baseados na internet. 
Segundo Anthony Giddens (2012, p. 106), a globalização é orientada “por atividades que não têm 
peso e são intangíveis”. 
A forma predominante da economia contemporânea passa a ser a rede entre diversas atividades 
que cruzam as fronteiras geográficas, tornando as empresas cada vez mais flexíveis e dispersas 
em suas hierarquias e atividades. É necessário fazer parcerias e participar de redes de distribuição 
mundial para estar presente nos negócios do mundo globalizado.
2 A AMPLIAÇÃO DAS FRONTEIRAS
Os processos de integração regional que se delinearam em 
meados do século XX estão diretamente ligados ao desenvolvimento 
do capitalismo globalizado. Novos blocos econômicos surgiram e um 
novo patamar de integração entre os países foi possível.
Nesse tópico, abordaremos as características principais da 
formação de blocos econômicos e suas principais consequências; 
assim como abordaremos a imigração. 
2.1 OS BLOCOS ECONÔMICOS
Dentro do sistema internacional de comércio na contemporaneidade, a formação de blocos 
econômicos passa a ser assunto de primeira ordem para os países que desejam estar inseridos na 
economia mundial. Esse fenômeno pode ser definido como um processo político entre dois ou mais 
países para limitar, total ou parcialmente, as barreiras comerciais entre eles. Esse fato contribui muito 
para a internacionalização das economias, e, consequentemente, para o processo globalizador. 
39Estudo do Ser Humano Contemporâneo
A constituição de um bloco econômico é a principal política de integração regional para 
criar e ampliar espaços inter ou supranacionais que permitam maior complementaridade, 
intercâmbio e incremento da capacidade competitiva dos países-membros em relação ao 
resto do mundo. (SILVA, 2013, p. 294)
No entanto, o processo integrador das economias globais assume também as diferenças 
econômicas e políticas entre os países. Serão justamente essas diferenças entre os envolvidos que 
representará um dos principais problemas enfrentados pela formação dos blocos econômicos (por 
exemplo: União Europeia, Mercosul, Nafta, entre outros), símbolos da globalização. 
2.2 A IMIGRAÇÃO
No contexto dos blocos econômicos, as fronteiras são bastante livres e sem impedimentos 
quando o que circula são as mercadorias. No entanto, quando se trata de pessoas, especialmente 
aquelas vindas dos países de economias periféricas, como África, América Latina e Ásia, as fronteiras 
já não são tão desimpedidas. 
Restrições à entrada de imigrantes e políticas restritivas são 
formas contemporâneas de segregação espacial e consequente 
elemento fundamental de distinção social. 
Idomeni, Grécia. Fronteira entre a Grécia e a FYROM.
“A possibilidade de se deslocar tornou-se um elemento fundamental para distinguir as classes 
sociais em nível global, não só pelos meios com os quais se movimentam, mas também, 
ou principalmente, pelas segregações e restrições espaciais que isso acarreta”. (BAUMAN 
apud SILVA et al., 2013, p. 295).
Atrelada à face positiva e transformadora das relações sociais que a globalização promete, 
está sua face perversa e excludente. Para que o ideal de integração da globalização se realize, é 
necessário abandonar antigas tradições e posições nacionalistas. 
“O nacionalismo tranca as portas, arranca as aldravas e desliga as campainhas, declarando 
que apenas os que estão dentro têm direito de aí estar e acomodar-se de vez” (BAUMAN, 
2001, p. 203).
Neste sentido, podemos afirmar que um dos grandes desafios que se impõem às novas 
relações entre os países é a questão da imigração e circulação de pessoas em busca das promessas 
e benefícios do capitalismo globalizado.
40 Camila de Oliveira Casara
3 UMA GOVERNANÇA GLOBAL É NECESSÁRIA
No processo da globalização, o avanço tecnológico serve para a promoção da circulação de 
capitais e mercadorias, no entanto, este processo não é homogêneo e igualitário. Àqueles países 
em que o capitalismo ainda é subdesenvolvido (por exemplo: Brasil, Índia, Chile), sobra apenas a 
transferênciados lucros aos países do capitalismo central (por exemplo: Estados Unidos, Inglaterra). 
Já a circulação humana é restrita e problemática, como visto no tópico anterior. 
É por isso que os efeitos negativos da globalização podem ser sentidos principalmente nas 
regiões de capitalismo periférico onde a instalação de grandes multinacionais explora a força de 
trabalho regional muitas vezes de maneira injusta, como por exemplo, pagando salários cada vez 
mais baixos, por muitas vezes mantendo os trabalhadores em condições análogas à escravidão, 
aproveitando-se da pouca organização sindical dos trabalhadores desses países, e ainda, valendo-se 
das isenções fiscais oferecidas por líderes desses países para que instalem suas fábricas nesses locais. 
Também é possível sentir os efeitos negativos da globalização nas consequências ao meio ambiente 
desses países, em que o processo de dilapidação dos recursos naturais se mostra insustentável. 
Por esses motivos, muitos estudiosos da globalização falam em estabelecer uma governança 
global. Esta proposta visa abordar de maneira global problemas que são criados e têm consequências 
num nível global. 
Os efeitos do aquecimento do planeta, da 
disseminação de doenças, da regulamentação 
de mercados financeiros instáveis e dependentes 
internacionalmente, são exemplos de problemáticas 
que surgem em função de uma nova ordem 
econômica, política e social que é a globalização.
FONTE: Banco de Imagens 123rf
Para a resolução destes entraves gerados pela internacionalização das relações, cada vez 
mais se propõe que as soluções para estes se dê num nível global. Segundo Giddens (2012, p. 
117), o estabelecimento de uma governança global pode ajudar “a promover uma ordem mundial 
cosmopolita, na qual regras e padrões transparentes para o comportamento internacional, como 
a defesa dos direitos humanos, sejam estabelecidos e observados”. 
41Estudo do Ser Humano Contemporâneo
CONCLUSÃO
Ao longo desta Unidade, procuramos elucidar aspectos importantes acerca do tema 
da globalização. Passamos pelas suas características principais, pelos fatores cruciais para 
que alcançasse os níveis do século XXI, pela importância da tecnologia da informação e do 
desenvolvimento da internet nesse processo. Também salientamos o papel da economia e 
a formação dos blocos econômicos como grandes catalizadores da globalização tal como 
temos hoje. Tratamos do problema da imigração e de como a globalização pode ser perversa 
com aqueles países considerados como capitalismo periférico. Por fim, apontamos como 
saída para estes entraves o sonho da governança global, que, para muitos estudiosos, é a 
possibilidade mais plausível para os problemas criados pela internacionalização das fronteiras.
Esperamos que os elementos aqui apresentados tenham fomentado uma nova e mais 
complexa maneira de enxergar o fenômeno que atinge a todos os cidadãos e todas as 
cidadãs do mundo contemporâneo, a globalização.
42 Camila de Oliveira Casara
REFERÊNCIAS 
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
GIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto Alegre: Editora Penso, 2012. 
SILVA, Afrânio et al. Sociologia em movimento. São Paulo: Moderna, 2013.
45Estudo do Ser Humano Contemporâneo
UNIDADE DE ESTUDO 4
CRÍTICA DO CONHECIMENTO I
INTRODUÇÃO
Na época em que vivemos, diferentemente das anteriores, abundam informações. Chegam 
até nós turbilhões diários de informações. Nem todas são exatas, verdadeiras e relevantes. Muitas 
vezes temos a sensação de que recebemos informações em excesso, que mais nos confundem 
que esclarecem. Muitas delas truncadas, grosseiramente simplificadas, cuja fonte não é conhecida, 
que podem ter sido divulgadas com a intenção de iludir as pessoas, não com a intenção de lhes 
auxiliar a conhecer e compreender a realidade em que vivem. Outras tantas vezes as informações 
nos chegam apenas como entretenimento, modeladas (e distorcidas) para provocar emoções e 
divertimento, não para ajudar elaborar conhecimentos. 
Você já deve ter experimentado isso e provavelmente percebeu que a dificuldade é separar 
informações verdadeiras e não verdadeiras, informações relevantes e meros truísmos que nos ocupam 
a mente e o tempo. Cada vez mais, é necessário podermos discernir entre as informações que 
podem nos ser úteis e as que podem nos iludir. Nesta Unidade, queremos trabalhar alguns conceitos 
e distinções que podem nos ajudar na tarefa de filtrar informações e construir conhecimentos.
FONTE: Banco de Imagens 123rf
46 Paulo Moacir Godoy Pozzebon
1 INFORMAÇÕES E CONHECIMENTOS
Informações não são conhecimentos. Essa é a primeira distinção que devemos fazer. Informações 
são registros de algumas características de fatos, objetos ou processos que detectamos no mundo. 
Conhecimentos são conjuntos de informações organizadas, articuladas e interpretadas, que nos 
ajudam a compreender uma parte da realidade natural, social ou cultural do mundo em que vivemos.
Pense numa lista telefônica (daquelas antigas, enormes e 
impressas em papel fininho). Você tem nela uma grande quantidade 
de informações, mas, por si só, a lista não representa conhecimento. 
Para transformar aquelas informações em conhecimentos sobre 
a cidade a que se refere essa lista, você precisa analisar essas 
informações, estabelecer relações entre elas e interpretar seu 
significado. Só assim você saberá se a cidade é populosa ou não, se 
é rica ou pobre, antiga ou jovem, que tipos de empresas possui, se seus 
serviços de saúde e de educação estão bem distribuídos ou não. 
Todos os dias somos bombardeados por uma enorme quantidade de informações. Jornais, 
revistas, TV, Internet, rádio, redes sociais... Não nos faltam informações. Na verdade, as temos em 
excesso. Isso cria um dos grandes desafios de nosso tempo: filtrar essas informações, separando 
relevantes e irrelevantes, verdadeiras e falsas, úteis e inúteis. 
A análise das formas de conhecimento, que empreenderemos nesta Unidade, apresenta algumas 
ferramentas para ajudá-lo a enfrentar o desafio de fazer o exame crítico das informações que recebemos.
2 AS FORMAS DO CONHECIMENTO
Ao longo da História, os seres humanos criaram variadas formas de conhecer. São modos diferentes 
de usar sua capacidade intelectual, de articular ideias, imagens, raciocínios, sentimentos. Todas as 
formas de conhecimento – senso comum, mito, ideologia, ciência, tecnologia, filosofia, religião, arte, 
entre outras – atendem de maneiras diferentes à necessidade humana de conhecer e compreender o 
mundo e o próprio ser humano. Analisaremos nesta Unidade apenas algumas dessas formas.
2.1 SENSO COMUM
O senso comum pode ser entendido de duas formas distintas, mas que são complementares:
Como Fenômeno Social: Em todos os grupos sociais percebemos a existência de informações que 
circulam continuamente entre seus membros, formando um cabedal comum, isto é, conhecido por todos. 
Esse cabedal contém normas de comportamento social, fatos históricos, lendas, superstições, informações 
científicas popularizadas, valores morais, crenças religiosas, modos de fazer coisas e organizar a vida, 
mitos, ideologias políticas, representações do que seja o mundo e a sociedade etc. Tudo isso misturado, 
num conjunto pouco organizado e muitas vezes contraditório. Esse cabedal, entretanto, é da máxima 
importância, pois permite a comunicação entre os membros do grupo social e, consequentemente, 
facilita a interação e a cooperação entre eles. O senso comum forma uma visão de mundo, isto é, uma 
representação, uma imagem de como é o mundo, que é a primeira referência que temos do mundo 
que nos cerca e é a referência que as pessoas usam como orientação para a vida cotidiana.
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47Estudo do Ser Humano Contemporâneo
Como forma de organizar os conhecimentos: Numa outra abordagem, o senso comum é também 
uma maneira de conhecer, isto é, um modo de lidar com informações e elaborar conhecimentos. O 
senso comum elabora conhecimentos de modo assistemático, fragmentário e superficial.Isso porque 
o senso comum é muitas vezes portador de uma atitude crédula e acrítica, que se satisfaz com as 
aparências, que aceita opiniões somente porque foram emitidas por supostas autoridades do saber, 
que admira as opiniões mais chocantes. Podemos resumir afirmando que o senso comum não examina 
seus conhecimentos: não pergunta pela origem das informações, não pergunta por sua veracidade, 
ou pelos interesses que eventualmente podem promover a divulgação de fatos distorcidos.
02
O que vou comer na lanchonete, se levarei ou não agasalho ao sair de casa, se é moralmente 
certo ou errado o gesto que pretendo realizar para uma pessoa, em que candidato pretendo 
votar, tudo isso é geralmente avaliado por meio de critérios extraídos do senso comum.
Vale atentar para esta característica do senso comum: toda informação que se torna senso 
comum, isto é, que se dissemina na sociedade e é repetida em toda parte, começa a ser tomada 
como verdadeira. É como um boato maldoso: depois que se difunde, ninguém mais se lembra de 
onde veio, quem o proferiu e com que interesse. Tornou-se senso comum, todos o repetem como 
se fosse verdadeiro. 
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Podemos resumir afirmando que o senso comum não examina seus conhecimentos: 
não pergunta pela origem das informações, não pergunta por sua veracidade, ou pelos 
interesses que eventualmente podem promover a divulgação de fatos distorcidos. 
O exame do conhecimento é tarefa constante para todos aqueles que não se satisfazem com 
aparências e buscam a verdade. Por isso, apesar de sua enorme importância na vida cotidiana de 
indivíduos e coletividades, não podemos nos limitar a aceitar e reproduzir os conteúdos superficiais 
do senso comum.
2.2 MITO
Mitos são também uma maneira de conhecer, que a humanidade vem utilizando desde a mais 
remota antiguidade até hoje. Trata-se de uma forma de conhecimento baseada fundamentalmente 
na compreensão intuitiva dos fatos, que é apresentada, em geral, sob o formato de uma história. 
Essa narrativa apresenta, muitas vezes a saga de um herói, a origem do cosmos ou dos deuses, a 
origem do ser humano, das raças e dos povos, entre outros temas. 
Os mitos são criados, anônima e coletivamente, para explicar o mundo em que vivemos, 
especialmente os acontecimentos que nos amedrontam. Essa explicação não segue critérios racionais, 
muito menos científicos, mas ensinam, por meio do comportamento dos personagens da narrativa, 
a solução dos enigmas da vida, a identidade do grupo social e o modo correto de se conduzir.
48 Paulo Moacir Godoy Pozzebon
Todos os povos criam seus mitos e os utilizam para compreender os mistérios da vida e do mundo. 
No cinema americano encontramos, onipresente, o mito do herói. Na história política brasileira 
é recorrente o mito do salvador da pátria. Nas tradições religiosas de origem hebraico-cristã, 
em papel fundante o mito da origem do povo. Nas tradições indígenas muitas vezes encon-
tramos mitos da origem dos alimentos e das ferramentas.
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É importante observarmos que os mitos estão presentes em nossa vida, mesmo que 
não os percebamos. Nós os tomamos como explicações válidas, até o momento 
em que novas informações nos fazem adotar outras explicações, mais afeitas às 
ciências ou à racionalidade pragmática. Apenas quando as primeiras explicações 
são recusadas como inválidas, percebemos que são explicações míticas. O exemplo 
a seguir apresenta um caso assim.
UM MITO CONTEMPORÂNEO
Alguém já lhe contou a história seguinte? Ela já foi muito difundida no Brasil há algumas décadas. 
Apesar de ser uma explicação mítica, foi aceita como válida por amplos setores da sociedade brasileira:
“O Japão é um país muito pequeno, que fica do outro lado do mundo. Durante a Segunda Guerra 
Mundial, foi inteiramente destruído. Mas os japoneses foram tão esforçados, disciplinados e trabalhadores, 
que rapidamente reconstruíram tudo e ainda se tornaram um dos países mais ricos do mundo”.
Essa narrativa surgiu nos anos 1960, quando o Japão experimentou um crescimento econômico muito 
forte e impressionou o mundo todo com seus trens-bala, automóveis baratos e aparelhos eletrônicos. 
Visto a partir do Brasil, o “milagre econômico japonês” parecia incompreensível e, sobretudo, 
assustador. O Japão não tinha sido inteiramente destruído, inclusive por duas bombas atômicas? Como 
os japoneses conseguiram essa façanha? O que eles faziam de especial para chegar tão longe? 
Desconhecendo os fatores econômicos e geopolíticos que favoreceram a reconstrução do Japão, 
inclusive a enorme cooperação norte-americana, os brasileiros recorreram à consciência mítica, que 
forneceu uma explicação – intuitiva, mas fundamentada na realidade: a tradição japonesa de valorização 
do esforço, do trabalho e da disciplina. 
E o que os brasileiros têm a ver com esse mito? 
Como essa narrativa, criada por brasileiros, pode se referir à identidade dos brasileiros? 
A resposta parece estar em uma espécie de contraposição muda: 
 ▪ o Japão é um país muito pequeno, o Brasil é um país com imenso território; 
 ▪ o Japão foi inteiramente destruído durante a Segunda Guerra Mundial, o Brasil sempre se ufanou 
por não ter guerras em seu interior; 
 ▪ o Japão foi reconstruído e se tornou rico por meio do trabalho e do esforço de seus cidadãos, o 
Brasil ainda não chegou lá.
49Estudo do Ser Humano Contemporâneo
2.3 IDEOLOGIA
Desde Destutt de Tracy e Karl Marx, no século XIX, o fenômeno da ideologia tem despertado 
interesse e inúmeros teóricos já se manifestaram sobre o tema, formulando concepções das mais variadas. 
Com base nas ideias do filósofo polonês Adam Schaff (1913-2000), apresentamos uma concepção ampla 
de ideologia, que nos fornece uma interessante ferramenta para elaborar a crítica do conhecimento.
De acordo com esse pensador, podemos definir ideologia 
como um conjunto de opiniões, baseadas em um conjunto de 
valores admitidos, pelo qual um grupo organizado afirma sua 
identidade e seus interesses (SCHAFF, 1968).
A ideologia é concebida, então, como uma visão de mundo sistematizada (ao contrário do 
senso comum, que é uma visão de mundo desorganizada), modelada pelos interesses do grupo 
que a elaborou, que atua afirmando a identidade do grupo, controlando as divergências de seus 
membros e difundindo por toda a sociedade a visão de mundo desse grupo.
A ideologia pode atuar como instrumento crítico de desvelamento da realidade, num contexto 
em que o grupo que a formula se encontra em situação de subordinação ou de oposição ao grupo 
dominante. Contudo, a ideologia se torna falsa consciência e obstáculo à compreensão da realidade 
sempre que está a serviço da dominação e, por conseguinte, dos interesses de ocultação do real.
Os mecanismos utilizados pela ideologia para ocultar a realidade foram estudados por Marilena 
Chauí (2008. p. 113.). Os principais são:
FONTE: Aranha e Martins (1993, p. 37)
Naturalização – faz com que os processos provocados pela 
intervenção humana sejam interpretados como resultantes de 
fenômenos naturais;
Inversão de causa e efeito – em geral faz com que as 
vítimas de um processo social violento ou excludente 
apareçam como seus causadores;
Universalização de interesses – maneira pela qual os interesses 
do grupo dominante são apresentados como interesses de todos 
os membros da sociedade;
Ocultação de informações – informações que, se 
reveladas, destroem a coerência do discurso ideológico e 
evidenciam seu propósito ocultador.
50 Paulo Moacir Godoy Pozzebon
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Na vida cotidiana e na vida civil, em todos os debates de cunho político, econômico social ou 
cultural, estão presentes as ideologias, ora ocultando a realidade, ora forçando seu desvelamento.
Não existe um “lugar” ou um tipo de discurso ideologicamente neutro. A ideologia só 
pode ser vencida pelo esforço crítico de perceber, em cada caso, em cada ponto de 
discussão, os interesses que estão moldando o discurso e deformando a percepção da 
realidade. É uma tarefaindispensável e permanente. 
CONCLUSÃO
Em nossa vida cotidiana, na interação social, no trabalho e mesmo nos estudos, 
recebemos uma enorme quantidade de informações, estruturadas sob diferentes formas de 
conhecimento, sem indicação de sua origem nem dos interesses de quem a veicula. É um 
desafio constante buscar distinguir informações verdadeiras e falsas, relevantes e irrelevantes, 
descritivas ou ideológicas, objetivas e subjetivas. Por isso, a crítica do conhecimento é uma 
tarefa permanente, que deve se tornar, para nós, um verdadeiro hábito. 
Reconhecer as diferentes formas do conhecimento com as quais convivemos – senso 
comum, mito, ciência, tecnologia, filosofia, ideologia e outras – e entender suas respectivas 
dinâmicas, constitui uma importante ferramenta de análise. A busca de informações 
complementares e de aprofundamento dos conhecimentos permitem avançar na tarefa crítica. 
A recompensa? Uma compreensão mais adequada da realidade em que vivemos. Quem 
conhece mais escolhe melhor e mais livremente.
51Estudo do Ser Humano Contemporâneo
REFERÊNCIAS
ARANHA, Maria Lúcia Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. 2. ed. 
São Paulo: Moderna, 1993.
CHAUÍ, Marilena. O que é ideologia. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 2008. p. 113.
SAVIANI, Dermeval. Educação: do senso comum à consciência filosófica. São Paulo: Cortez, 1983.
SCHAFF, Adam. A definição funcional de ideologia e o problema do “fim do século da ideologia”. 
L’Homme et la societé: Revista Internacional de Pesquisas e Sínteses Sociológicas, Série Documentos, 
São Paulo, n. 2, Ed. Documentos, 1968.
55Estudo do Ser Humano Contemporâneo
UNIDADE DE ESTUDO 5
CRÍTICA DO CONHECIMENTO II
INTRODUÇÃO
Nesta Unidade daremos continuidade ao estudo da Crítica do Conhecimento, com ênfase 
para uma das formas de conhecimento mais prestigiosa dos últimos séculos: a ciência. Dela se 
esperam conhecimentos verdadeiros e uma explicação científica tende a ser aceita como verdadeira 
e incontestável.
Veremos como surgiu a tecnologia, seu papel na sociedade e como ela atua com a ciência 
para desenvolver o conhecimento.
Estudaremos também o papel da Filosofia na construção do conhecimento e como se dá o 
diálogo entre ela e outras formas de saber.
Bons estudos! 
1 CIÊNCIA
A ciência foi buscada, desde a antiguidade 
Clássica, como um ideal de conhecimento certo e 
seguro, que permitisse superar as limitações do senso 
comum e do mito. Contudo, somente a partir da 
Revolução Científica do Século XVII (protagonizada 
por Galileu Galilei, entre outros), estruturou-se o tipo 
de saber que hoje denominamos ciência. Sendo assim, 
na escala de tempo da história da humanidade, esse é 
um acontecimento recente. Seu enorme sucesso e suas 
conquistas se devem à adoção de um método baseado 
na experimentação. Com ele, a ciência moderna foi 
mais longe e mais fundo que a maior parte das formas 
de conhecimento. Atualmente, a ciência abrange os 
estudos da natureza, do ser humano, da sociedade e 
da cultura.
A ciência tem limitações, contudo. Sua capacidade de conhecer vai somente até onde é 
possível fazer experimentações, ou constatações empíricas. Muitas coisas importantes ficam de 
fora do conhecimento científico: 
O campo dos valores éticos e estéticos: pois a ciência não discute valores (o cientista 
é quem deve ter valores éticos);
A arte: que é também uma forma válida (e indispensável) de interpretar a realidade; 
O campo da fé: que continua a mover a humanidade; 
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56 Paulo Moacir Godoy Pozzebon
As profundezas da alma humana: reveladas nos mitos e na arte; 
E os voos mais altos da razão: em que a filosofia ultrapassa a ciência e tematiza a 
própria razão.
Dessa forma, o formidável poder explicativo da ciência nunca será capaz de esclarecer toda a 
realidade, nem de afirmar a existência ou inexistência de Deus, a justiça, a beleza e muitos outros 
temas. Não poderá substituir outras formas de conhecimento, como a filosofia, ou a experiência 
religiosa, mas poderá conviver com elas e mesmo cooperar, pesquisando em seu campo próprio 
e com seus métodos específicos os aspectos básicos dos fenômenos que interessam também a 
essas formas de saber. 
1.1 COMO PODEMOS CARACTERIZAR O CONHECIMENTO CIENTÍFICO?
O conhecimento produzido pela ciência pretende ser, acima de tudo, objetivo. Objetivo é o 
conhecimento que traduz as características do objeto (a coisa) que está sendo conhecido. É, portanto, 
um conhecimento fiel à realidade, evitando distorções introduzidas pela subjetividade do cientista. 
O conhecimento científico é também organizado e coerente, sem contradições nem lacunas que 
o invalidem. Nisto difere do senso comum, que é um conjunto desorganizado de opiniões. É também 
metódico, isto é, segue com rigor um método científico, evitando saltos, “chutes” e “achologia”. É 
racional, isto é, exprime-se em conceitos e relações lógicas e pode ser compreendido por meio da 
razão humana. É testável, isto é, pode ser submetido à experimentação e, por meio dela, corroborado 
ou refutado.
O conhecimento científico pretende ser válido, isto é, capaz de descrever e explicar fenômenos 
com objetividade, sem pretender constituir verdade definitiva. De fato, os cientistas sabem que 
seu conhecimento é falível e, frequentemente, uma teoria deve ser abandonada em favor de outra 
porque aquela permite explicar fenômenos que a primeira não explica. 
O que são, então, as teorias científicas? 
São modelos que pretendem descrever o funcionamento dos fenômenos, isto é, são maquetes 
da realidade, que nos ajudam a compreendê-la. Nunca são, porém, representações completas 
e infalíveis da realidade.
2 TÉCNICAS E TECNOLOGIA
Técnicas são as formas que a humanidade foi criando, ao longo da história, para transformar 
materiais naturais nos bens de que tinha necessidade. 
Foram assim inventados, por exemplo, a agricultura e a pecuária; alimentos 
como o pão, os queijos, o vinho e demais bebidas alcoólicas; a fundição de 
metais; a edificação com madeira e/ou pedra etc.
Por sua vez, a tecnologia surgiu com a ascensão da ciência moderna, no final do século 
XVIII. Os cientistas da época procuravam explicar com ajuda da ciência o funcionamento das 
57Estudo do Ser Humano Contemporâneo
técnicas tradicionais. Com isso, abriram caminho para o aperfeiçoamento dessas técnicas por 
meio do conhecimento científico e para sua utilização na indústria. Surgiu assim a eletrônica e a 
microeletrônica, a informática e todo o aparato que hoje utilizamos nas telecomunicações e no 
processamento de informações. 
Ciência e tecnologia atuam em mão dupla: o conhecimento científico abre caminho para o 
desenvolvimento de tecnologias e a tecnologia dá meios à ciência para o aprofundamento das 
pesquisas. Essa relação é tão profunda que atualmente alguns setores preferem usar o termo 
“tecnociência”, ao invés de “ciência e tecnologia”.
A tecnologia desempenha papéis fundamentais em nossa 
sociedade. O mais nobre é com certeza a criação de novos 
medicamentos e aparelhagens que facilitam o diagnóstico e o 
tratamento de doenças. Entretanto, os produtos de uso doméstico 
(eletroeletrônicos, químicos, alimentícios), do setor automobilístico 
ou de transportes, do setor agropecuário, entre outros, transformam 
incessantemente a economia, pois ora dão maior eficiência e 
produtividade aos métodos de produção, ora criam produtos que 
introduzem facilidades novas e disseminam novos comportamentos. Isso 
sem mencionar a área militar, onde novas tecnologias bélicas (armas, comunicação 
e transporte) tendem a ser decisivas na guerra. Por essa razão, o desenvolvimento 
de novas tecnologias é preocupação constante de muitos países.
Dessa maneira, é fácil entender que o principal papel da tecnologia tem sido o de estimular 
a economia com novos e melhores produtos, cujo surgimento leva à substituição de produtos 
anteriores e força

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