Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FUNDAÇÃO PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS FACULDADE UNIPAC DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS DE BETIM CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO VIVIANE MORENO DE MAGALHÃES GOULART GESTÃO DA LIDERANÇA E SUAS RELAÇÕES COM OS RESULTADOS ECONÔMICOS E FINANCEIROS NAS EMPRESAS BETIM 2010 FUNDAÇÃO PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS FACULDADE UNIPAC DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS DE BETIM CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO VIVIANE MORENO DE MAGALHÃES GOULART GESTÃO DA LIDERANÇA E SUAS RELAÇÕES COM OS RESULTADOS ECONÔMICOS E FINANCEIROS NAS EMPRESAS Monografia apresentada ao curso de Administração da Faculdade UNIPAC de Educação e Ciências de Betim, como requisito parcial para obtenção de título de Bacharel em Administração. Orientador: Prof. Marcos Clayton de Oliveira BETIM 2010 FOLHA DE APROVAÇÃO VIVIANE MORENO DE MAGALHÃES GOULART GESTÃO DA LIDERANÇA E SUAS RELAÇÕES COM OS RESULTADOS ECONÔMICOS E FINANCEIROS NAS EMPRESAS Dissertação apresenta à Faculdade UNIPAC de Educação e Ciências de Betim, como requisito parcial para obtenção do grau de Graduação em Administração. BANCA EXAMINADORA ROSALI ANDREIA ALVES BATISTA UNIPAC BETIM LILIANE DE OLIVEIRA REZENDE UNIPAC BETIM MARCOS CLAYTON DE OLIVEIRA PROFESSOR ORIENTADOR MARCELO ÂNGELO ANDRADE COORDENADOR DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO UNIPAC BETIM Aprovada em ___/____/___ Ao meu avô, Airton Franca de Magalhães. Agradeço a Deus pela oportunidade de desenvolver este projeto. Aos meus pais Roberto e Glaucia, pela colaboração, amizade e incentivo. Aos meus amigos e familiares pela torcida. Às amigas da faculdade pelos momentos vividos. Aos professores e mestres, em especial o professor Marcos Clayton, pela orientação. As pessoas determinam o potencial da organização. Os relacionamentos determinam o moral da organização. A estrutura determina o tamanho da organização. A visão determina o resumo da organização. A liderança determina o sucesso da organização. MAXWELL, 2007. RESUMO O estudo faz uma abordagem sobre a Liderança, que é o processo de influenciar pessoas a trabalharem para um propósito. Nas organizações essa finalidade está relacionada ao alcance de metas e a realização de resultados. O líder, através dos relacionamentos e juntamente com a motivação, uma das suas grandes responsabilidades, constrói uma equipe coesa e envolvida com os valores e propósitos da empresa. Neste sentido, o estudo objetiva demonstrar as relações entre as políticas de liderança e a geração de melhores resultados financeiros nas organizações. Esta monografia de caráter descritivo foi orientada pela seguinte pergunta: existe relação entre as políticas de liderança adotadas por uma empresa com os seus resultados econômicos e financeiros? Para respondê-la e alcançar o objetivo deste estudo, selecionou-se como metodologia a pesquisa bibliográfica, para levantamento de referencial teórico, e a realização de uma pesquisa descritiva através do estudo de caso que possibilitou a inferência dos aspectos relacionados ao tema. Os resultados obtidos com o estudo demonstram que a Liderança pode ser uma ferramenta importante e se utilizada conjuntamente com outras estratégias pode possibilitar o alcance dos resultados organizacionais. Palavras-Chaves: Liderança; Gestão da Liderança; Liderança e Resultados. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Hierarquia das Necessidades Humanas de Maslow ___________________ 30 Figura 2 - Índice de Rotatividade dos Funcionários ___________________________ 36 Figura 3 - Comparativo de Rentabilidade ___________________________________ 38 LISTA DE QUADROS E TABELAS Quadro 1 - Resumo dos Estilos de Liderança _______________________________ 22 Quadro 2 - Diferença entre gestor e líder ___________________________________ 26 Tabela 1 - Riqueza Criada por Empregado __________________________________ 47 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ________________________________________________________ 10 1.1 Problema _______________________________________________________ 10 1.2 Hipóteses _______________________________________________________ 11 1.3 Objetivos _______________________________________________________ 12 1.3.1 Objetivo Geral _____________________________________________ 12 1.3.2 Objetivos Específicos ________________________________________ 12 1.4 Justificativa _____________________________________________________ 12 1.6 Metodologia _____________________________________________________ 13 1.7 Estrutura do Trabalho ____________________________________________ 14 2 ORIGEM _____________________________________________________________ 16 3 CONCEITO ___________________________________________________________ 18 3.1 Teorias da Liderança _____________________________________________ 19 3.1.1 Teoria dos Traços ___________________________________________ 19 3.1.2 Teoria Comportamental ______________________________________ 20 3.1.2.1 Estilo Autocrático _________________________________________ 20 3.1.2.2 Estilo Democrático ________________________________________ 21 3.1.2.3 .Estilo Liberal ____________________________________________ 21 3.2 Teoria Contingencial ou Situacional _________________________________ 23 4 LIDERANÇA SERVIDORA _____________________________________________ 23 5 O LÍDER _____________________________________________________________ 25 5.1 Motivação uma Estratégia de Líderes ________________________________ 28 5.2 Estilos de Líder __________________________________________________ 31 5.2.1 Líder Carismático _____________________________________________ 32 5.2.2 Líder Executivo _______________________________________________ 32 5.2.3 Líder Coercitivo ______________________________________________ 32 5.2.4 Líder Distributivo _____________________________________________ 32 5.2.5 Líder Educativo _______________________________________________ 32 5.2.6 Líder Inspirador _______________________________________________ 33 6 MITOS DA LIDERANÇA _______________________________________________ 34 7 OS BENEFÍCIOS DA LIDERANÇA ______________________________________ 35 7.1 Benefícios Financeiros ____________________________________________ 37 8 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL ________________________ 39 9 ESTUDO DE CASO – AMBEV ___________________________________________ 43 CONSIDERAÇÕES FINAIS _______________________________________________ 48 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _______________________________________ 50 10 1 INTRODUÇÃO A busca incansável por resultados organizacionais deu origens a diversas teorias que buscaram demonstrar como alcançá-los da forma mais eficaz. Se no início buscaram racionalizar e esquematizar todas as tarefas e controlá-las para que fossem executadas com o menor tempo e menor custo, hoje a busca ainda é pela otimização da produção, controle de custo, qualidade e alcance de metas e resultados, porém foi somada a estas buscas uma preocupação justa com o principal componente de uma empresa: as pessoas. Além de planejar, organizar e controlar as atividades e processos, estabelecer estratégias e a metas, todo executivo ainda tem como função dirigir e orientar as pessoas, ou seja, liderá-las. A liderança é um fenômeno social e surgiu com a interação de grupos. É um assunto amplamente discutido e presente em diversas áreas da sociedade, porém o foco deste artigo é a liderança verificada nas organizaçõesempresariais. Como resultado da interação de grupos a liderança é um processo que envolve relacionamentos de influência em duplo sentido, orientado principalmente para o atendimento de objetivos mútuos. Este trabalho de conclusão de curso tem como objetivo demonstrar que o alcance de resultados, principalmente os resultados financeiros, tem relação com a figura do líder - responsável por motivar, orientar e conduzir as pessoas, e as políticas de liderança adotadas pelas organizações. 1.1 Problema As pessoas nas organizações sempre foram consideradas despesas e/ou custos. Os altos encargos trabalhistas, que no Brasil variam entre 70% e mais de 100% da folha de pagamento (PADUAN; STEFANO, 2009, p. 91), pesam muito no bolso do empregador. Segundo uma pesquisa realizada pela FIESP, 79% dos empresários consideram as contribuições sociais trabalhistas um impacto muito alto sobre os 11 negócios (FIESP, apud PADUAN; STEFANO, 2009 p. 91). São valores que podem afetar a competitividade das empresas. Diante disso, por muito tempo, e ainda hoje, as pessoas foram e são consideradas custos onerosos demais para as organizações, mas sem elas nenhum empreendimento nasce, cresce ou se mantém. Atualmente, existe um movimento muito claro para a valorização e reconhecimento humano nas organizações. Os principais gestores sabem que a satisfação de um funcionário em relação ao trabalho afeta diretamente sua produtividade e seu envolvimento com a empresa, podendo compensar os altos custos trabalhistas. A liderança é uma das principais ferramentas utilizadas neste sentido. Através dela as organizações buscam manter uma equipe motivada, integrada e direcionada para os objetivos. É uma relação em que todos ganham: a empresa por obter o melhor que o funcionário pode oferecer e o funcionário por se manter motivado e satisfeito com o trabalho. Com a liderança diversos benefícios podem surgir como a melhoria na qualidade de vida, maior produtividade, menor rotatividade, entre outros. Alguns empresários acreditam que com a liderança é possível melhorar também os resultados, especialmente os financeiros. Diante do exposto, a questão que norteia a presente pesquisa é: Existe relação entre as políticas de liderança de uma empresa com os seus resultados financeiros? 1.2 Hipóteses a) Sim, existe relação entre as políticas de liderança e a geração de resultados financeiros, porém, as organizações pouco investem em indicadores capazes de medir os impactos da primeira na segunda. b) Sim, as políticas de liderança impactam sensivelmente os resultados das empresas, e estas estão medindo e avaliando tais impactos. 12 c) Não existe correlação possível de ser estabelecida entre as políticas de liderança e os resultados da empresa. 1.3 Objetivos 1.3.1 Objetivo Geral Demonstrar as relações, caso existam, entre as políticas de liderança e a geração de melhores resultados econômicos e financeiros nas empresas. 1.3.2 Objetivos Específicos Analisar como o conceito de liderança chegou até as organizações e se tornou uma importante ferramenta para a gestão; Apresentar a importância do papel do líder em grupos sociais para o alcance dos objetivos organizacionais; Verificar as relações da gestão da liderança com a melhoria dos resultados financeiros das empresas, a partir da análise de uma grande empresa. 1.4 Justificativa John C Maxwell é atualmente um dos mais renomados estudiosos sobre a liderança. Ele acredita tanto na liderança como forma de potencializar as pessoas que desde 1964 tem buscado refletir sobre o tema (MAXWELL, 2008). Para o autor liderança é “a capacidade de se importar com os outros e ao fazer isso liberar as ideias, a energia e a capacidade dessas pessoas” (2008, p. 14). O treinador lembra que liderança tem haver com pessoas e sem elas não há negócios (2008). Hunter (2006) defende uma única razão para as empresas existirem: atender à necessidade humana. 13 O sucesso de uma empresa pode ser determinado por diversos fatores como oportunidade, recursos ou até mesmo sorte. Ainda que esses fatores sejam importantes, boas organizações têm grandes líderes. Há uma corrente de pensamento nas organizações de que os líderes melhoram ou complicam a vida das pessoas e é a sua capacidade da liderança que determina a eficácia de uma pessoa, pois líderes podem promover o desenvolvimento de equipes e indivíduos, capacitar habilidades, ajudar as pessoas a se tornarem melhores e ao dar impulso ao crescimento das pessoas, promove também o crescimento da organização. Logo a gestão de liderança pode se tornar uma ferramenta relevante e fundamental para a geração de resultados financeiros. Todo líder deseja que seu negócio ou empreendimento cresça. Para isso um fator é determinante: o pessoal envolvido também precisa crescer, e o crescimento dessas pessoas depende do líder. Líderes buscam o melhor que as pessoas podem ser, pois tem foco no resultado. Liderança é conseguir que as coisas sejam feitas, as metas e os objetivos alcançados através das pessoas. Sendo as pessoas o principal meio para que as organizações alcancem seus resultados e concretizem suas missões, olhar para o capital humano como investimento e não mais como custo se faz necessário. A liderança é um grande investimento em pessoas e no que elas podem contribuir para que o empreendimento cresça e permaneça competitivo. Portanto, o presente estudo se mostra importante por fomentar e estimular a adoção pelas empresas da gestão da liderança, dentre várias outras existentes, como um instrumento para o alcance dos resultados financeiros e econômicos e para concretização dos objetivos coorporativos. Do ponto de vista acadêmico, o tema abre caminhos para novos estudos relacionados, e que podem contribuir para o enriquecimento do assunto e o surgimento de novas correntes e práticas que busquem através da liderança o alcance dos resultados nas organizações. 1.6 Metodologia Esta monografia é de caráter bibliográfico cujos dados foram levantados através de livros, artigos impressos e eletrônicos que abordam o tema. 14 Esta pesquisa é descritiva e através do estudo de caso realizado permitiu, através do método de inferência, inter-relacionar o que foi exposto nas referências bibliográficas e a aplicação nas organizações. No estudo de caso, os principais pontos observados foram os programas de liderança aplicados pela empresa selecionada - entenda programa de liderança como política motivacional, de comunicação ou qualquer outro meio que envolva valorização dos colaboradores e direcionamento dos mesmos para o alcance dos resultados – e como tais programas geram benefícios à empresa, principalmente no que tange a parte financeira. A avaliação foi feita através de indicadores como o de Turn-Over (rotatividade), riqueza gerada por empregado e índice de rentabilidades. O estudo ainda incluía análise das demonstrações financeiras e como as políticas de liderança impactam os resultados econômicos e financeiros da empresa selecionada. Seleciona-se como empresa para análise e avaliação a AmBev - Companhia de Bebidas da América. Tal escolha se justifica, pois a empresa foi eleita em 2008 destaque em liderança pelo Guia Você S/A EXAME e listada pelas revistas com uma das 150 melhores empresas para se trabalhar nos anos de 2008 e 2009. 1.7 Estrutura do Trabalho Para compreender melhor o tema, o trabalho foi estruturada da seguinte maneira. O Capítulo 2 aborda a origem do termo liderança e como sua aplicação chegou até as organizações e se tornou uma função gerencial. No Capítulo 3 o conceito de liderança é apresentado por diversos autores que defendem sua importância. O capitulo apresenta também as teorias que surgiram sobre o assunto. O Capítulo4 aborda um novo conceito: liderança servidora. Este novo conceito esclarece que uma das funções da liderança é servir as pessoas em busca do melhor de cada um. O Capítulo 5 define o líder, que é a pessoa responsável por colaborar e incentivar os funcionários na execução de suas tarefas. O capítulo apresenta as 15 principais características e funções do líder, dentre elas destaca-se a motivação. Neste capítulo abordam-se também os diversos estilos que um líder pode assumir. No Capítulo 6 discutem-se alguns mitos que surgiram em torno do tema e através da opinião de diversos autores busca-se quebrar os paradigmas sobre o assunto. O Capítulo 7 apresenta os benefícios oriundos das práticas da liderança, dentre eles os benefícios financeiros. O capítulo seguinte aborda as várias formas de avaliação do desempenho empresarial tendo como foco principal a avaliação financeira e econômica através de alguns indicadores citados no texto. Para exemplificar e alcançar o objetivo deste trabalho, o Capítulo 9 expõe um estudo de caso sobre a AmBev, empresa líder do mercado de bebidas no Brasil, a fim de mostra como a valorização do capital intelectual por meio de práticas de liderança, reconhecimento e incentivos podem contribuir com a geração de melhores resultados financeiros, ou seja, que a construção de uma empresa com espírito de equipe coesa e motivada pode trazer lucros. 16 2 ORIGEM A busca por resultados sólidos sempre foi um dos grandes objetivos na vida das organizações. Para César Bullara (2003) foi com esta razão que Taylor e Ford desenvolveram a Escola de Administração Científica, em que o foco basicamente era com a organização do trabalho, com os meios e métodos para racionalizar, organizar e esquematizar as tarefas. Para os dois, quanto mais organizado e racionalizado o trabalho mais os homens produziriam. A partir da década de 30 houve uma mudança de enfoque. Através de Elton Mayo e seu estudo de Hawtorne foram introduzidas novas variáveis no processo de administração, se preocupando com os aspectos humanos e suas necessidades. Passaram a acreditar que “homens felizes” eram mais produtivos (BULLARA, 2003). As Escolas posteriores buscaram entrelaçar essas duas teorias, procurado o equilíbrio entre a dinâmica humana e a estrutura formal da organização. Surge então a Psicologia Social e o fenômeno da Liderança. Na teoria das Relações Humanas houve a constatação da influência da liderança sobre o comportamento das pessoas e com a experiência de Hawtorne percebeu-se a existência do líder, que controlava o comportamento e ajudava os operários a atuarem como um grupo social coeso e integrado (ANTONELLO; PUJOL; SILVA, 2009). No século XX, Henri Fayol escreveu que todo executivo realiza cinco funções gerenciais: planejamento, organização, comando, coordenação e controle. Hoje, essas tarefas foram condensadas em apenas quatro: planejamento, organização, controle e liderança, pois além de definir metas, estabelecer estratégia, elaborar uma estrutura para a empresa e monitorar o desempenho organizacional, todo executivo também dirige e coordena pessoas, ou seja, liderá-las (ROBBINS, 2005). As tarefas de planejamento, organização e controle, são definidas como impessoais por Hampton (1992), porém a liderança exige interação, por isso envolve pessoas. Mas recentemente, o Japão mostrou como é importante estimular as pessoas (HUNTER, 2006). O estilo de gestão japonesa, através dos métodos Kaizen e Kaban, 17 além de incentivar a qualidade e a produtividade, mobilizava as pessoas, pois além de incentivos econômicos, um ambiente de trabalho agradável e desafios; é necessário buscar a identificação dos funcionários com os valores e com a missão da organização, ou seja, comprometer todos com o aquilo que a empresa faz (BULLARA, 2003). Para Jack Welch (2009) um dos papéis fundamentais do líder é convencer os funcionários a colocar sua inteligência a serviço da empresa. Todas as organizações englobam pessoas e é parte do trabalho do executivo dirigir essas pessoas. Essa é a função da liderança. Quando executivos motivam seus funcionários, conduzem as atividades dos outros ou resolvem conflitos entre as pessoas, eles estão exercendo sua liderança (ROBBINS, 2005). Peter Drucek citado por Maxwell (2008) lembra que as organizações existem para maximizar os pontos fortes e minimizar as fraquezas das pessoas. Para Maxwell (2008), a liderança determina o nível de eficácia de uma pessoa e é um dos segredos da lucratividade, pois o que determina o crescimento de uma organização são as pessoas, e o que determina o desenvolvimento das pessoas é o líder. 18 3 CONCEITO A liderança pode ser verificada em infinitas situações, é o que afirmam Limongi-França e Arellano (2002), estando presente na família, na escola, no esporte, na política, nas organizações públicas e privadas, pois liderança envolve pessoas. Os autores Rossetto e Brandalize (2009) lembram que a liderança é um fenômeno social e ocorre exclusivamente em grupos e organizações sociais. Chiavenato (2004) define liderança como a influência interpessoal exercida numa dada situação e dirigida através do processo de comunicação humana para consecução de um ou mais objetivos específicos. O autor completa ao dizer que liderança é um tipo de poder pessoal e através dela uma pessoa influencia outras em função dos relacionamentos existentes. A influência é uma transação interpessoal na qual uma pessoa age no sentido de modificar ou provocar o comportamento de outra, de maneira intencional. Para o professor Bullara (2003), liderança é liberar a capacidade criativa das pessoas visando objetivos de acordo com os valores da organização. Hunter (2006) segue o mesmo pensamento e define liderança como habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando objetivos comuns, inspirando confiança por meio da força do caráter. Significa ainda, conquistar pessoas e envolvê-las a serviço de um objetivo. De acordo com Hollander, citado por Limongi- França e Arellano (2002), liderança é um processo que envolve relacionamentos de influência em duplo sentido, orientado principalmente para o atendimento de objetivos mútuos. É conceber uma estratégia para mobilizar equipes e fazer alianças, criando uma cultura de empresa motivadora. Quando abordamos a gestão de pessoas, Gil (2003) afirma que é necessário que as pessoas se vejam como colaboradores e não mais como subordinados, pois é imprescindível que concordem com os objetivos, políticas e missão da organização, sendo isso possível somente quando gestores se tornam líderes, já que liderança, para o autor, nada mais é do que a forma de direcionar os subordinados através do prestígio pessoal e da aceitação. 19 A liderança introduz força, vigor e rumo direcionado nas organizações (CHIAVENATO, 2005), e é o reconhecimento de que as pessoas são o principal meio para aumentar a produtividade e levar a empresa ao sucesso. Maxwell, que é considerado o maior treinador de líderes da atualidade, define liderança como a disposição de assumir riscos e responsabilidades, o desejo de fazer a diferença, potencializar a vida das pessoas e se importar com elas. Ele introduz um conceito simples: “liderança é influência – nada mais, nada menos” (2008, p. 181). 3.1 Teorias da Liderança A liderança é uma dos assuntos mais pesquisados e estudados na área da Administração (ANTONELLO; PUJOL; SILVA, 2009). Essas pesquisas agrupam a liderança em três categorias: abordagem dos traços, perspectiva comportamental e a visão contingencial ou situacional (BOWDITCH; BUONO, 1992). 3.1.1 Teoria dos Traços As primeiras abordagens sobre a liderança concentravam nas características e atributos pessoais, físicos, mentais e culturais que diferenciavamo líder de seus seguidores (BOWDITCH; BUONO, 1992). De acordo com esta teoria, uma pessoa é líder por possuir características e qualidades pessoais como carisma, coragem e entusiasmo. Esta teoria baseia-se no pressuposto de que a liderança é uma característica nata. Porém, o fato de um indivíduo apresentar determinados traços e ser considerado um líder pelos demais, não significa necessariamente que ele será bem sucedido em liderar um grupo para o alcance de metas e objetivos (ROBBINS, 2005). Essa teoria, segundo Bowditch e Buono (1992) sugere que certas características culturais como educação superior e status social tem relação com a liderança. Porém, como as pesquisas que chegaram a estas conclusões foram conduzidas 20 de forma simplista não se pode chegar a uma relação entre as características pessoais e culturais com a liderança. 3.1.2 Teoria Comportamental Neste estudo, o enfoco foi os padrões de comportamento usados por diversos líderes para desempenhar suas funções (BOWDITCH; BUONO, 1992). Essa teoria acredita ser possível identificar comportamentos específicos e condicionantes ao um líder e, dessa forma a liderança pode ser ensinada. (ROBBINS, 2005) Segundo Rossetto e Brandalize, (2009) White e Lippitt foram os pioneiros no estudo da liderança para verificar o comportamento do líder em relação aos seus subordinados, sem se preocupar com características de personalidade. São três os estilos de liderança. 3.1.2.1 Estilo Autocrático O líder fixa as diretrizes sem a participação do grupo determinando as providências para a execução das tarefas e quem irá executá-las. A ênfase está no líder (ROSSETTO; BRANDALIZE, 2009). Muitos executivos atualmente criticam esse estilo de liderança. Para eles, numa época em que as informações são produzidas e comercializadas rapidamente, centralizar informações e decisões não é um comportamento competitivo, pois manter o monopólio pode impedir que novos processos e conhecimentos se desenvolvam. Carol Bartz, presidente mundial do Yahoo!, segue este pensamento e diz que: “A era digital tornou a liderança autoritária tão ultrapassada quanto a internet discada” (Editorial EXAME, 2009, p. 171). 21 3.1.2.2 Estilo Democrático As diretrizes são debatidas e decididas pelo grupo, que planeja as providências para atingir o objetivo e dividem as tarefas. O líder faz o papel de aconselhador. A ênfase é compartilhada entre o líder e os subordinados (ROSSETTO; BRANDALIZE, 2009). 3.1.2.3 Estilo Liberal O grupo tem total liberdade para tomar decisões e dividir as tarefas. O líder tem pouca participação e não avalia o grupo nem controla os acontecimentos. A ênfase está nos subordinados. (ROSSETTO; BRANDALIZE, 2009). O Quadro 1 apresenta um resumo comparativo entre os três estilos de liderança. 22 Quadro 1 - Resumo dos Estilos de Liderança Aspectos Liderança Autocrática Liderança Liberal Liderança Democrática Tomada de decisões Apenas o líder decide e fixa as diretrizes, sem nenhuma participação do grupo. Total liberdade ao grupo para tomar decisões, como mínima intervenção do líder. As diretrizes são debatidas e decididas pelo grupo, que é estimulado e orientado pelo líder. Programação dos trabalhos O líder dá ordens e determina providencias para a execução de tarefas, sem explicá-las ao grupo. Participação limitada do líder. Informações e orientações são dadas desde que solicitadas pelo grupo. O líder aconselha e dá orientação para que o grupo esboce os objetivos e ações. As tarefas ganham perspectivas com os debates. Divisão do trabalho O líder determina a tarefa a cada um e qual o seu companheiro de trabalho. A divisão das tarefas e escolhas dos colegas é do grupo sem nenhuma participação do grupo. O grupo decide sobre a divisão das tarefas e cada membro tem a liberdade para escolher os colegas. Comportamento do líder O líder é dominador e pessoal nos elogios e nas criticas ao grupo. O líder assume o papel de membro do grupo e atua somente quando é solicitado. O líder é objetivo e limita-se aos fatos nos elogios ou críticas. Trabalha como orientador da equipe. Fonte: Adaptado CHIAVENATO, p. 213, 2000. Rossetto e Brandalize (2009) explicam que na prática o administrador utiliza os três estilos de liderança de acordo com a tarefa a serem executadas, as pessoas e a situação. O desafio está em saber como aplicar cada estilo, com quem e em que circunstâncias. Existe ainda a liderança focada na execução das tarefas e em seus resultados e a liderança que se preocupa com o aspecto humano, ou seja, líderes que procuram compreender e ajudar os liderados a alcançar o desempenho desejado (CHIAVENATO, 2004). 23 3.2 Teoria Contingencial ou Situacional Segundo essa teoria a liderança sofre influências da situação (ROBBINS, 2005). Essa teoria integra a liderança e a gerência. Neste caso o líder orienta e direciona o grupo, oferece apoio sócio-emocional e os membros demonstram disposição em realizar certa tarefa ou função (BOWDITCH; BUONO, 1992). A relação entre os estilos de liderança e a eficácia sugere que sob uma condição A o estilo X pode ser mais adequado, enquanto o estilo Y pode ser mais apropriado na situação B (ROBBINS, 2005). 23 4 LIDERANÇA SERVIDORA James C. Hunter introduziu através de seu livro “O Monge e o Executivo – Uma história sobre a essência da liderança”, o conceito de liderança servidora. Para o autor, um líder deveria identificar e satisfazer as necessidades (físicas e psicológicas) de seus funcionários e servi-los, atendê-los. Esse é o papel da liderança, identificar as necessidades legítimas e oferecer aquilo que as pessoas realmente precisam (HUNTER, 2004). O autor cita ainda uma frase de Jesus Cristo, considerando o maior líder da historia: “Qualquer um que queira ser um líder deve primeiro ser servidor. Se você opta liderar, deve servir” (HUNTER, 2006, p. 40). Para Menezes (2009), a liderança servidora consiste em pensar coletivamente e doar-se em favor do grupo, aproximando-se das pessoas, estabelecendo laços de confiança, incentivo e cooperação. É inspirar pelo exemplo e contagiar os outros por sua credibilidade e atitudes. Hunter (2004) acredita que a liderança só pode ser exercida se baseadana autoridade e não no poder, e através do serviço e sacrifício, com amor e vontade (entenda amor como postura, respeito, paciência, abnegação e honestidade; e vontade como sincronia entre as intenções e ações tomadas). O autor cita Drucker e lembra que para o maior nome da Administração, a única definição de um líder é alguém que tem seguidores (HUNTER, 2006). Maxwell (2008) simplifica ao dizer que liderança é confiança, não um direito que se adquiri. Para ele, bons líderes são aqueles que entendem a necessidade de servir, na busca de encontrar o melhor nas pessoas, desenvolvendo-as para alcançar sua potencialidade. 25 5 O LÍDER Líder é aquele que sabe despertar o melhor de cada um em proveito de toda a organização. Limongi-França e Arellano (2002) definem líder como um catalisador de talentos para formar novas competências e garantir os resultados. Para os autores Rossetto e Brandalize (2009) o líder tem com papel incentivar, orientar, ensinar e colaborar com os subordinados. Todo líder causo um profundo impacto na vida das pessoas (CHIAVENATO, 2004). Possuir conhecimento do negócio, do produto, ter habilidades para analisar e reconhecer os problemas, inovar e ter iniciativa, é algumas das competências fundamentais de líder para John H. Zenger e Joseph Folkman (2008). Ainda segundo os autores, liderança envolve transformação e desenvolvimento de equipes. John C. Maxwell (2008) acredita que só existe um único motivo para ser líder: ajudar as pessoas e é sua missão agregar valor a elas. O professor Bullara (2003) afirma que: O líder não é aquele que consegue resultados através das pessoas, mas com as pessoas. Enquanto no primeiro caso, o resultado é o fim em si mesmo e as pessoas o instrumento; no segundo caso, o resultado é a conseqüência natural do processo de liderança e as pessoas estão em primeiro lugar. Hunter (2006) atribui ao líder o encargo pelo crescimento ou declínio de qualquer coisa e é sua função fazer seu pessoal vencer e ser bem sucedido. Não confunda líderes com gerentes. Para Hunter (2006) gerência é o que fazemos (planejamento, orçamento, organização, controle, estratégia e outros), liderança é quem somos. O autor completa dizendo que liderança não é sinônimo de gerência e sim de influência, afinal gerenciamos coisas e lideramos pessoas. Líder trata de assuntos impalpáveis no âmbito organizacional, como emoção, valores, comprometimento e aspirações, enquanto o gestor cuida de assuntos concretos como recursos físicos, capital, matéria – prima e tecnologia (ARAÚJO, 2008). Um bom administrador deve ser necessariamente um bom líder, mas nem todo líder é um bom administrador (CHIAVENATO, 2004). 26 A Quadro 2 é diferenciação de gestor e líder feita pelo autor Antonio Carlos Gil (2007, p. 220) Quadro 2 - Diferença entre gestor e líder Gestor Líder Administra Inova Imita Cria Mantém Desenvolve Aceita a realidade Investiga-a Enfatiza o sistema e a estrutura Foca nas pessoas Visão de curto prazo Visão de longo prazo Fonte: Adaptado. GIL, Antonio Carlos. Gestão de pessoas – enfoque nos papéis profissionais. 2007, p 220. Um líder executa diversas tarefas ao mesmo tempo, dentre elas ouvir, comunicar, melhorar os relacionamentos com os subordinados, aconselhar, resolver problemas, tomar decisões participativas, alocar trabalho, definir objetivos e os padrões de desempenho (CHIAVENATO, 2005). Diante das múltiplas tarefas, a liderança exige determinadas características, sejam elas natas ou adquiridas. Hunter (2006) acredita que liderança demanda paciência e controle, que são fundamentos do caráter. O caráter é pilar central da liderança segundo Zenger e Folkman (2008), para isso líderes precisam ser íntegros, cumprir com suas palavras, ser transparentes e tomar decisões coerentes que visem o bem de todos. O autor de “O Monge e o Executivo” acredita que um líder deve ainda demonstrar compromisso, possuir atitudes positivas e entusiásticas e gostar de pessoas. (HUNTER, 2004). Maxwell (2008) segue o mesmo pensamento e completa que é necessário ser sincero para estabelecer a confiança. Segundo o autor, a liderança começa com a capacidade de entender as pessoas, ou seja, conhecer o que se “passa no coração dos liderados” e envolve o cultivo de algumas características, como: percepção, paixão, intuição e carisma. Foco no resultado é uma competência que um líder deve possuir segundo os autores John H. Zenger e Joseph Folkman (2008). É necessário concentra-se nas metas da organização e assegurar que elas se tornem ações. Todo líder tem ainda a responsabilidade de inspirar as pessoas a se envolverem nesse processo. Para atingir 27 esse objetivo um líder deve possuir a habilidade de mudança. Para Araújo (2008) um líder é um agente de transformação, mas é preciso ter disposição e capacidade de alterar a rotina, fazer coisas novas e buscar novos desafios. Não existem líderes e seguidores se o objetivo é permanecer no mesmo patamar. É fundamental que todo líder seja inovador e crie na organização o espírito de que a mudança na verdade é a criação de novas oportunidades. Esse processo de envolver os colaboradores e alinhar os valores da organização à sua estratégia a fim de alcançar resultados faz parte do cotidiano da Accenture, uma empresa paulista de consultoria global de gestão, serviços de tecnologia e outsourcing. Sua gestão de valorização a meritocracia focada na liderança, o verdadeiro condutor de pessoas, busca o desenvolvimento de profissionais, a criação de valor e a operação de negócios. Uma das prioridades da empresa é continuar aumentando o comprometimento das pessoas com a organização e assim conquistar a entrega total de cada um dos seus 6.844 funcionários (MARI, 2009). Rossetto e Brandalize (2009) consideram que os elementos principais para exercer a liderança são a clareza e a exatidão da comunicação, pois através do processo da comunicação é possível afetar o comportamento e o desempenho dos liderados. A dificuldade de comunicação é uma deficiência que prejudica a liderança (CHIAVENATO, 2004). Zenger e Folkman (2008) reforçam essa ideia ao dizer que a comunicação é um dos pilares da liderança e acrescentam que para sua efetividade é necessário que ela seja intensa e produtiva e que direcione a equipe a um propósito. A consultora e professora Josiane Souza (2006) considera como características importantes para o líder a responsabilidade, a flexibilidade, a humildade para reconhecer que o mérito do sucesso é da equipe, a busca pela atualização constante, a ética nas ações, o respeito à individualidade, a criatividade, a capacidade de orientação e o autocontrole para superar as adversidades. Resiliência é outra característica importante de um líder. Para Jack Welch (2009) é natural cometer erros, tropeçar ou tomar uma decisão errada, o fundamental é aprender com o erro, se recompor mantendo a confiança e a convicção. Focar a liderança sobre o aspecto relacional tem uma justificativa simples para Hunter (2006). Para o autor é raro ver gerentes com problemas nas áreas técnicas, ao contrário, são por essas competências que eles são promovidos, porém suas fraquezas 28 de caráter e relacionamentos têm sido motivos para demissões e fracassos. Por isso a relevância de se desenvolver as habilidades interpessoais: “A chave para a liderança é executar as tarefas enquanto se constroem os relacionamentos” (HUNTER, 2004, p. 34). Para os autores Zenger e Folkman (2008) a capacidade de relacionamento é a habilidade que diferenciam grandes líderes. Para eles, líderes que queiram aprimorar seus relacionamentos precisam ajudar as pessoas a compreenderem como seu trabalho contribui para o alcance das metas, inspirarem o melhor do desempenho de cada um, estabelecer confiança e auxiliar no desenvolvimento daequipe através da cooperação. Maxwell (2008) completa este pensamento ao dizer que não é possível extrair o melhor das pessoas se não soubermos quem elas são, onde elas querem chegar, quais são seus pensamentos e que tipos de contribuições podem oferecer, e só é possível descobrir tais coisas através da disposição de ouvi-las. É através dos relacionamentos que as equipes se fortalecem e se tornam melhores. 5.1 Motivação uma Estratégia de Líderes “O dinheiro pode atrair e manter pessoas, mas raramente é o que as motiva para a excelência” (KATZENBACH, apud HUNTER, 2006, p. 112). Bergamini, citado pelas autoras Limongi-França e Arellano (2002), coloca como desafios centrais da liderança a inspiração, a sensibilidade, a comunicação e a motivação. Para Robbins (2005) motivação é o processo responsável pela intensidade, direção e persistência dos esforços de uma pessoa para o alcance de qualquer objetivo, ou seja, é o quanto de esforço uma pessoa depende para alcançar uma meta através de um caminho que beneficie a organização mantendo seu empenho até que seus objetivos sejam alcançados. O autor Hunter (2006) completa o conceito e diz que motivação é influenciar e inspirar à ação das pessoas, para isso é preciso mantê-las entusiasmadas, querendo agir e dar o melhor de si para a equipe. Ainda segundo ao autor não podemos mudar ninguém e sim influenciar suas escolhas. 29 Para fundamentar seu pensamento, Hunter cita Frederick Herberg, coordenador de uma pesquisa sobre motivação de comportamento no trabalho. Herberg diferenciou o que seria gratificação e motivação. Salários, benefícios, condições de trabalho e segurança são considerados fatores gratificadores, pois são incentivos para que as pessoas trabalhem satisfeitas. Atender esses fatores pode ser importante para o contentamento das pessoas, mas não as incentivam a colocar mais energia, esforço e entusiasmo em seu trabalho, pois isso só é alcançado através dos fatores motivadores como o reconhecimento, o elogio, a apreciação, a oportunidade de crescimento e os desafios. Vicenti Falconi (2010, p. 80) diz Nós, definitivamente, não trabalhamos somente pelo dinheiro que ganhamos. Nós gostamos de dar um significado maior a nossa vida. Nós gostamos de saber que nosso trabalho está direcionado para a construção de algo nobre ou de ideal em beneficio de nossos semelhantes. O autor Jeffrey Krames (2006) propõe três fatores motivacionais: mostrar como os esforços das pessoas contribuem para organização, liderar pela inspiração e enviar agradecimentos manuscritos para os colaboradores. O autor cita o modelo de liderança implementado por Jack Welch quando este se tornou presidente da General Electric. O modelo consistia em estimular a participação e a liberdade de expressão de todos os colaboradores, encorajar as contribuições de ideias e recompensá-las. Cada meta alcançada e toda demonstração de ousadia e vivência dos valores da empresa também eram recompensados. A melhor empresa para trabalhar, segundo o Guia Você S/A EXAME 150 melhores empresas para você trabalhar de 2009, acredita que a principal característica do líder é a motivação e sua capacidade de deixar um legado. Na Caterpillar, os colaboradores são incentivados a construir o futuro da empresa, através de sugestões e ideias de melhorias. Em 2008 foram 46.315 sugestões, das quais 79% foram aproveitadas. Tal comprometimento permitiu uma economia de 1 milhão de reais para a Caterpillar, uma fabricante de máquinas industriais e agrícolas de São Paulo (MARI, 2009). A teoria mais conhecida sobre motivação foi desenvolvida por Abraham Maslow (ROBBINS, 2005). Sua hierarquia das necessidades, como ficou conhecida, 30 identifica dentro de cada ser humano um conjunto de cinco categorias de necessidades, que vão das mais básicas às mais complexas. São elas: 1. Necessidades Fisiológicas: como fome, sede, sexo e outras necessidades do corpo. 2. Necessidade Segurança: segurança e proteção contra danos físicos e emocionais. 3. Necessidades Sociais: inclui afeição, aceitação, amizade e sensação de pertencer a um grupo. 4. Necessidade de Estima: inclui fatores como o respeito próprio, a realização e a autonomia, o status e a atenção. 5. Necessidade de Autorrealização: é a intenção de torna-se aquilo que se é capaz de ser, inclui crescimento, alcance do próprio potencial e autodesenvolvimento. Figura 1 - Hierarquia das Necessidades Humanas de Maslow Fonte: Adaptado. CHIAVENATO, Idalberto. Comportamento Organizacional – A Dinâmica do Sucesso das Organizações. 2 Ed.- Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. p. 253. O indivíduo move-se para dentro de cada categoria até atingir o topo. Essa teoria sugere que jamais uma necessidade será completamente satisfeita, pois uma necessidade substancialmente satisfeita extingue a motivação. À medida que cada uma das necessidades é atendida a próxima se torna dominante. Então para motivar alguém é Necessidade de Estima Necessidades Sociais Necessidade de Segurança Necessidades Fisiológicas Necessidade de Auto- Realização 31 preciso saber em que nível da hierarquia ela se encontra e focar a satisfação naquele nível (ROBBINS, 2005). As empresas mais bem sucedidas compreendem e se esforçam para satisfazer as necessidades mais profundas dos seres humanos, entre elas (HUNTER, 2006): Necessidade de grande liderança; Necessidade de significado e propósito; Necessidade de ser apreciado, reconhecido e respeitado; e Necessidade de fazer parte de alguma coisa especial. As pessoas querem trabalhar para líderes que as estimulem e não para os que as desmotivem. Querem que seus valores sejam descobertos e querem agregar valor a organização, aos clientes e aos colegas de trabalho. A questão da motivação é tão importante, pois varia tanto entre os indivíduos como dentro de cada um, dependendo da situação. Buscar entender o que move cada pessoa é fundamental para que ela possa alcançar suas metas e colaborar para os o alcance dos objetivos organizacionais. Em suma, remuneração e benefícios podem até gerar lealdade, porém demonstrar interesse e preocupação como os colaboradores, traz lucros. 5.2 Estilos de Líder De acordo com as abordagens a cerca a liderança, existem diferentes estilos de líder, a saber: 32 5.2.1 Líder Carismático Carisma é uma palavra grega que significa dom de inspiração divina, portanto, um líder carismático é aquele que inspira em seus liderados a confiança, aceitação incondicional, obediência espontânea e envolvimento emocional. O líder carismático é visto como alguém que possui qualidades excepcionais (FARIA, 2008). 5.2.2 Líder Executivo É aquele líder que surge da busca das organizações em obter ordem, são líderes que possuem muitas habilidades técnicas e grande competência (FARIA, 2008). 5.2.3 Líder Coercitivo É o líder que exerce sua liderança através da coerção e violência (verbal ou física). Neste estilo de liderança a relação entre líder e liderado é instável (FARIA, 2008). 5.2.4 Líder Distributivo Tipo de líder que delega tarefas, mas acompanha tudo de perto, controla e cobra resultados. É um líder que não constrói e nem destrói, mantendo um posicionamento formal (FARIA, 2008). 5.2.5 Líder Educativo 33 Liderança exercida pelo exemplo. Os liderados têm uma relação de responsabilidade com o trabalho e existe abertura para as trocas de conhecimentos, não apenas os técnicos, mas também os humanos (FARIA, 2008). 5.2.6 Líder Inspirador É o líder que raramente dar ordens a seus liderados, eles se sentem atraídos pela figura do seu líder e estão sempre dispostos a fazer o que é necessário (FARIA, 2008).Maxwell (2008) acredita, porém, que todos os líderes se encaixam em dois grupos: os ambiciosos e os que preferem as relações. Os líderes ambiciosos se concentram nos cargos, no poder, na sua ascensão pessoal e na sua própria imagem, enquanto os líderes relacionais se concentram na construção de parcerias, na cooperação, no trabalho em consenso e em equipe. 34 6 MITOS DA LIDERANÇA A maior discussão em torno da liderança é também uma questão antiga: nascemos ou nos tornamos líderes? O mito mais perigoso é o de que há um fator genético na liderança e que as pessoas simplesmente possuem ou não determinada qualidades carismáticas. Na verdade acontece o oposto. Os líderes são feitos, em vez de nascerem líderes. (BENNIS apud HUNTER, 2006, p. 24) Peter Drucker, também citado por Hunter (2006), segue o mesmo pensamento ao dizer que liderança é algo que adquirimos. Zenger e Folkman (2008) acreditam que apesar de algumas pessoas nascerem com determinadas características de liderança como a autoconfiança, a liderança possa ser desenvolvida, e é o que ocorre na maioria das vezes. Hunter (2004) completa este pensamento ao dizer liderança é uma questão de vontade, ou seja, aliar nossas intenções às nossas escolhas. Liderança demanda tempo e recurso, e por isso é difícil encontrar um líder pronto, pois a liderança é um processo de aprendizado e evolução diária. Para Maxwell (2007), um líder é composto por 10% de natureza, 5% de crise e 85% de influência de outro líder. Outro mito está relacionado ao empreendedorismo, conhecimento e posição hierárquica que junto com gerenciamento são confundidos como liderança. Maxwell e Hunter discordam, e ambos dizem que gerência não é sinônimo de liderança, pois por si só não exerce influência (MAXWELL, 2007; HUNTER, 2006). Liderança ainda é confundida com poder e este muitas vezes é utilizado para designar autoridade. Porém poder é a faculdade de forçar ou coagir alguém fazer sua vontade por causa da posição ou força, mesmo que a pessoa preferisse não fazer. Já a autoridade é a habilidade de levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que o líder quer, por causa de sua influencia pessoal (HUNTER, 2004) Como liderança é exatamente influência, por isso quem estar em uma posição de poder não é necessariamente um líder. 35 7 OS BENEFÍCIOS DA LIDERANÇA Através da liderança é possível aumentar a produtividade, melhorar o atendimento ao consumidor, estimular os colaboradores a se comprometer mais com o trabalho e reduzir a rotatividade dos funcionários (ZENGER; FOLKMAN, 2008). Para as autoras Limogi-França e Arelano (2002) a liderança permite manter equipes motivadas e identificadas com os valores da organização, permitindo ainda a autorrealização de cada membro. A consultora Joseane de Souza (2006) afirma que a liderança é necessária para assegurar o cumprimento da missão da organização. Maxwell (2008) explica que quando as pessoas ingressam numa organização é porque querem fazer parte da empresa, por se identificarem com a missão e visão, ou ainda, por acreditarem que terão grandes oportunidades. Mas quando elas saem, na maioria das vezes, buscam se afastar de alguém e geralmente são de seus líderes. As pessoas abandonam pessoas, não as empresas. Isso explica o grande fluxo de entradas e saídas de funcionários. A liderança quando bem conduzida tende a reduzir essa rotatividade. As melhores empresas para trabalhar, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados citado pelo Guia Você S/A EXAME 150 melhores empresas para você trabalhar de 2009, possuem níveis de turnover menores do que as do mercado, como mostra a Figura 2. 36 Figura 2 - Índice de Rotatividade dos Funcionários 43,20% 41,80% 41,30% 23,5% 19,6% 20,0% 13,9% 47,80% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 2008 2007 2006 2005 150 Melhores Empresa Para Trabalhar Mercado Fonte: Adaptado MARI -. Guia Você S/A EXAME 150 melhores empresas para você trabalhar. Edição Especial 2009. p. 20. A regra número um do mundo dos negócios é: se não atendemos as necessidades dos nossos clientes alguém o fará. O mesmo se aplica aos empregados (HUNTER, 2004). Isso explica a falta de comprometimento e a baixa auto-estima. Líderes eficientes compreendem que os relacionamentos com os empregados precisam ser saudáveis para que a cadeia de valor entregue ao cliente crie vínculos duradouros com a organização. A prática da liderança constrói relacionamentos de confiança e comprometimento, desenvolvendo e obtendo o melhor das pessoas, o que torna os resultados maiores e melhores (SANTOS, 2008). Mais do que relatórios financeiros favoráveis, o maior beneficio da liderança é o desenvolvimento de um legado, esse é o segredo da lucratividade: desenvolver novas lideranças. (MAXWELL, 2008). Zenger e Folkman (2008) analisaram os resultados de um estudo e concluíram que líderes extraordinários são 127% mais produtivos do que a média e geram resultados duas vezes maiores do que líderes razoáveis. Outro estudo apontou que uma empresa com um líder extraordinário tem uma valorização média de suas ações sete vezes maior do que o mercado em geral. 37 Investir em liderança é investir no futuro da organização, pois é um investimento nos colaboradores, e como feedback obtêm-se a qualidade de vida no trabalho. Rossetto e Brandaliza (2009) acreditam que essa é a chave para quem quer ser líder de mercado. Os autores consideram que essa seja uma equação simples: quando se investe em liderança e formação de líderes o resultado é a liderança de mercado. 7.1 Benefícios Financeiros Souza (2006) afirma que a ausência de liderança aumenta as despesas com custos indiretos, tais custos são pagos ser serem percebidos. Trata-se de pagamento de horas extras (do pessoal operacional e supervisão) para corrigir erros de tarefas e ineficiência, gastos com papel e outros matérias de escritório, gastos com falhas junto aos clientes e esforços perdidos para a correção de erros que poderiam estar sendo empregados em melhorias de produtos e/ou serviços, na elaboração de promoções, entre outras coisas. Ainda segundo a autora, a liderança auxilia a canalizar e potencializar as competências daqueles que ajudam a gerir o negócio: os funcionários, e assim tornar a empresa mais eficaz. Welch (2009) considera que a principal responsabilidade social de todo líder consiste em garantir o sucesso financeiro da empresa. Por isso a inspiração, motivação e influência exercida pelo líder estão direcionadas aos objetivos organizacionais e estes objetivos quase sempre estão entrelaçados ao aspecto financeiro. O desenvolvimento da liderança, além de potencializar as pessoas e canalizar seus esforços para o aumento da eficácia individual, também tem seus reflexos nas demonstrações financeiras. Segundo levantamento anual das revistas Você S/A e EXAME, que identificam as empresas que valorizam seus funcionários, as 150 melhores empresas para trabalhar rendem mais que as 500 melhores e maiores empresas do país, como mostra a Figura 3. Um dado que vai de encontro com a primeira hipótese desta pesquisa. 38 3,50% 12,70% 0% 2% 4% 6% 8% 10% 12% 14% 500 Melhores e Maiores 150 Melhores Empresas Para Trabalhar Figura 3 - Comparativo de Rentabilidade Fonte: Adaptado. MARI - Guia Você S/A EXAME 150 melhores empresas para você trabalhar. Edição Especial 2009. p. 20. 39 8 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL A avaliação do desempenho empresarial é considerada imprescindível para as organizações se manterem competitivas, pois com o aumento da concorrência, as empresas precisam reduzir custos e é necessário dados para fundamentar suas decisões (WERNKE; LEMBECK, 2004 apud BORTOLUZZI; LYRIO; ENSSLIN, 2008). Para Antunes e Martins (2000) citado por Bortoluzzi,Lyrio e Ensslin (2008), a avaliação do desempenho organizacional é algo abrangente e complexo, pois existem diversas metodologias e abordagens para realizar a análise. A área de Recursos Humanos pode avaliar, por exemplo, o desempenho empresarial através dos objetivos, em que o supervisor e o subordinado estabelecem metas e prioridades individuais e organizacionais e após acompanham em termos de resultados alcançados (MOURA, 2010). O Sistema Produtivo avalia o desempenho realizando comparação entre a evolução da própria empresa e de outras do mercado através de indicadores de competitividade como os de preço, custo e crescimento de exportações, indicadores de qualidade do produto, do processo produtivo e dos fornecedores e através de indicadores de produtividade, que permitem à organização avaliar e sincronizar a cadeia produtiva com sua estratégia (DURSKI, 2003). A área Marketing de uma empresa pode avaliar a organização através do nível de fidelidade e satisfação, elaborando relatórios estatísticos, aplicando questionários, realizando entrevistas ou simplesmente observando o comportamento do consumidor (BARRETO, 2007). Porém para o presente estudo considera-se como elemento relevante a avaliação econômico-financeira, também conhecida como análise das demonstrações contábeis como forma de avaliação empresarial, pois o objetivo deste trabalho consiste em demonstrar as relações entre as políticas de liderança e a geração de melhores resultados financeiros nas empresas. Iudícibus (1998, p. 20 apud SILVA, 2010) define a análise das demonstrações financeiras ou análise de balanços como “a arte de saber extrair relações úteis, para o 40 objetivo econômico que tivermos em mente, dos relatórios contábeis tradicionais e de suas extensões e detalhamentos, se for o caso”. Para Assaf Neto (2005, p. 54 apud SILVA, 2010): A análise de balanços visa relatar, com base nas informações contábeis fornecidas pela empresa, a posição econômico-financeira atual, as causas que determinam a evolução apresentada e as tendências futuras. Em outras palavras, pela análise de balanços extraem-se informações sobre a posição passada, presente e futura (projetada) de uma empresa. Por meio das demonstrações financeiras as empresas divulgam seus resultados aos diversos interessados e dão a eles a possibilidades de prever o futuro em relação ao lucro e o grau de endividamento da organização (BRIGHAM, 1999). É através delas que dados são coletados e transformados em informações para o diagnóstico do desempenho e situação financeira da empresa (SILVA, 2005). A análise das demonstrações financeiras, segundo Silva (2005), consiste em pensar na organização em um contexto operacional e estratégico. É a realização de um exame minucioso dos dados disponíveis e as condições endógenas e exógenas que afetam as finanças da empresa, obtendo-se subsídios que permitem a tomada de decisões, compreensão do desempenho organizacional, redefinição dos objetivos e antecipação do planejamento e ações estratégicas (SILVA, 2005). A análise das demonstrações permite ainda comparar o desempenho da empresa com outras e avaliar tendências do setor ou do mercado em longo prazo (BRIGHAM, 1999). A avaliação do desempenho organizacional é possível por meio dos índices econômico-financeiros que são inter-relações dos demonstrativos contábeis, de forma que cada um fornece a visão de um aspecto específico da situação ou desempenho da organização (SOUZA, 2005). Para auxiliar na análise dos resultados, Silva (1999) recomenda selecionar os indicadores que vão permitir conhecer o desempenho da empresa em um determinado período de tempo. Segundo Gitman (2004), através dos indicadores ou índices financeiros é possível além de monitorar o desempenho da organização, observar o caminho percorrido por ela para o alcance de suas metas e o quanto essa escolha foi eficiente. Os indicadores tradicionalmente usados são: 41 1) Retorno do Capital Próprio (ROE): mede o retorno obtido no investimento de capital dos acionistas ordinários da empresa (GITMAN, 2004). É calculado da seguinte maneira: ROE= Lucro líquido Patrimônio líquido 2) Retorno sobre Investimento (ROI): relaciona os rendimentos obtidos por um investimento com valor total dele (SILVA, 2010). A taxa de retorno sobre o investimento é calculada da seguinte forma: ROI= Resultado Líquido Investimento 3) Margem de Lucro Bruto: mede a porcentagem de cada unidade monetária de vendas que resta após o pagamento do custo dos produtos vendidos. Quando mais alta essa margem melhor, ou seja, menor o custo relativos dos produtos vendidos (GITMAN, 2004). É assim calculada: Margem de lucro bruto= Receita de vendas – Custo dos produtos vendidos Receita de vendas 4) Margem de Lucro Líquido: representa a proporção de cada unidade monetária de receita de vendas restante após a dedução de todos os custos e despesas, incluindo juros e dividendos de ações preferenciais. Quanto mais alta for essa margem, melhor (GITMAN, 2004). É calculada da seguinte maneira: Margem de lucro líquido= Lucro disponível aos acionistas ordinários Receita de vendas 5) EBITDA: é uma medida de desempenho operacional, que considera as receitas operacionais liquidas menos os custos e as despesas operacionais, exceto as depreciações e amortização. É também conhecido como LAJIRDA. Em estruturas parecidas o EBTIDA também é uma medida comparativa de desempenho da concorrência (SILVA, 2005). 6) EVA – Valor econômico adicionado: considera o custo de oportunidade do capital próprio. Segundo este conceito, uma empresa só gera valor para os acionistas se seus lucros forem superiores ao custo de todo capital utilizado em suas operações. 42 7) Evolução da Receita e Evolução Patrimonial: através deste indicador é possível acompanhar e avaliar o crescimento da empresa. A Evolução da Receita refere- se à Receita Operacional e a Evolução Patrimonial trata-se do patrimônio líquido, ambos declarados nas demonstrações financeiras das empresas. 43 9 ESTUDO DE CASO – AMBEV1 A Companhia de Bebidas das Américas - AmBev foi fundada em 1º de julho de 1999 com a fusão das cervejarias Brahma e Antarctica. É a maior indústria privada de bens de consumo do Brasil, maior cervejaria da América Latina e a quarta maior cervejaria do mundo. A empresa produz e comercializa cervejas, chopes, refrigerantes, outras bebidas não alcoólicas e malte. É a maior engarrafadora da PepsiCo fora dos Estados Unidos, vendendo e distribuindo os produtos Pepsi no Brasil e em outros países da América Latina (AMBEV). A AmBev opera em 14 países do continente americano e seu portfólio inclui marcas como Antarctica, Brahma, Bohemia, Skol, Guaraná Antarctica, Soda, Sukita e H2OH! (AMBEV). A empresa se destaca entre as maiores e melhores empresas no Brasil, por sua lucratividade, capacidade de criar riquezas e por ter um dos maiores patrimônio líquido do país (EXAME – Maiores & Melhores, 2008). A “Gente AmBev” é considerada pela empresa seu maior ativo de credibilidade e confiança no mercado. As equipes têm a garantia de que sua atuação eficiente será recompensada, seja por mérito individual ou em grupo (AMBEV). Somente os funcionários mais bem avaliados recebem bônus anual, o que se torna um incentivo para o esforço individual e coletivo (MARI, 2009). Os funcionários também passam por avaliações 360° graus para acompanhar o desenvolvimento e crescimento individual. Nestas avaliações são apontas as competências que precisam ser aprimoradas ou mantidas. Para desenvolver essas competências, a AmBev distribui bolsas em sua Universidade Coorporativa. A Universidade AmBev - UA, criada em 2002, tem como objetivo promover o aprendizado organizacional, associado à cultura, aos valores e às estratégias de negócios da Companhia,ou seja, criar os caminhos para o crescimento do seu pessoal e, consequentemente da Companhia. Somente em 2009 foram realizados 29 000 treinamentos na Universidade em 32 000 horas-aula de curso, 1 Os dados e informações utilizados da AmBev neste estudo são de domínio público, tendo como principais fontes o site institucional (www.ambev.com.br), o Guia Você S/A EXAME 150 melhores empresas para se trabalha de 2009 e o endereço eletrônico da Bovespa (www.bmfbovespa.com.br). 44 totalizando 17 milhões de reais em capacitação profissional (ONAGA, 2010). Um dos eixos temáticos da Universidade é o Programa Prática de Liderar, que segundo Michel Dimitrios Doukeris, Diretor de RefrigeNanc Brasil e padrinho do programa, é uma das ferramentas para o enfrentamento dos desafios de longo prazo da companhia. Ele diz: Os nossos sonhos são grandes, queremos ser “A melhor empresa de bebidas do mundo em um mundo melhor” e, para tanto, convivemos com a necessidade constante de evoluir, melhorar nossa performance e desenvolver dentro de casa soluções para problemas complexos que, na maior parte das vezes, são fruto da nossa vontade e determinação de superar desafios e romper barreiras. A Prática de Liderar, o desenvolvimento e a formação de líderes são condições fundamentais para o alcance dos nossos sonhos e a superação dos nossos desafios. Nossos programas são exemplos do investimento que a UA faz em nossa Gente e nos auxiliam no desenvolvimento e na formação dos nossos líderes. Mas é fundamental destacarmos que a liderança na prática é a maior alavanca de formação de líderes que existe nesta Cia. Lideramos pelo exemplo, investimos tempo e recursos na nossa Gente. Desta maneira estamos garantindo o futuro e preparando nossa Companhia para os desafios de longo prazo. (grifo nosso) Estímulos a uma competição saudável e a participação incisiva dos funcionários unidos a uma série de programas de incentivos e valorizações tornaram a AmBev uma das 150 melhores empresas para se trabalhar entre os períodos de 2007 a 2009, segundo levantamento anual das revistas Você S/A e EXAME. Em 2008, o estudo elegeu a fabricante de bebidas destaque na categoria liderança que avalia aspectos como treinamento e competências para a formação de novos líderes, além de incentivos na capacitação de seus funcionários. Em 2009, a empresa ficou apenas entre as 150 melhores empresas para se trabalhar, sem receber nenhum destaque. Segundo José Eduardo, jornalista responsável por visitar a empresa e apresentar suas impressões no Guia, o ambiente de trabalho é hostil e agressivo, o giro de gestores prejudica as relações chefe-subordinado e a comunicação não chega aos níveis inferiores. Os funcionários da Companhia recebem participação nos lucros e resultados e benefícios como: Planos médico e odontológico sob medida e extensivo aos dependentes; Plano optativo de previdência privada; Reembolso das despesas com a aquisição de material escolar para os funcionários e filhos de funcionários; Cesta de Natal e brinquedos para os filhos dos funcionários; Auxílio creche; Reembolso de 70% do custo mensal de cursos de graduação e pós-graduação; Reembolso de 100% do custo mensal de cursos técnicos; Check-up Médico; Convênio Medicamentos; 14º Salário e Seguro de Vida (AMBEV). 45 Os benefícios oferecidos aos funcionários são direcionados para que estes busquem o equilíbrio entre saúde, família, meio ambiente, trabalho, relações sociais, aprendizado e lazer de forma que seja sempre crescente a produtividade individual e coletiva. Um dos programas neste sentido é o “Programa Legal” que compreende ações que promovem a saúde, a prevenção de doenças e também o acompanhamento de males crônicos, através de campanhas de vacinação, higiene bucal e diagnóstico preventivo (AMBEV). Em sua declaração de cultura, a AmBev reconhece que a liderança é a chave para apresentar resultados, junto com a equipe e fazendo as coisas da maneira correta (AMBEV). Segundo dados do Guia Você S/A EXAME 150 melhores empresas para você trabalhar de 2009, a AmBev tem 24 573 funcionários, dentre eles 3 303 são executivos e que possuem tempo médio de empresa de oito anos. Em 2008 o número de funcionários era 21 928, a empresa contratou 6 985 novos funcionários, sendo a quarta maior contratante do país, e demitiu 3.569. Seu índice de rotatividade foi de 24% em 2008, abaixo da média do mercado e meio ponto percentual acima da média das 150 melhores empresas para se trabalhar (ver Figura 2 - Índice de Rotatividade dos Funcionários, p. 36). O gasto com salários, participações e encargos sociais em 2008 foi de 88 360 (mil), o que representa 0,27% das obrigações da empresa. Os programas sociais e os benefícios oferecidos aos funcionários, que representam forma de valorização e motivação e as políticas de liderança que estimulam o desenvolvimento, são gastos ou investimentos insignificantes nos valores globais da companhia. Os custos com assistência médica e os reembolsos com medicamentos para os aposentados representaram em 2007 0,32% das obrigações da empresa e em 2008 esse percentual de representação foi de 0,33%, uma variação nos valores reais de 1,09% devido os encargos financeiros (BM&F BOVESPA). O Instituto AmBev de Previdência Privada, que tem como principal objetivo complementar os benefícios de aposentadoria de seus empregados e administradores é superavitário, ou seja, seu resultado é excedente, aferiu mais ganhos do que gastos. Esse superávit dos ativos do Instituto representa menos de 1% do ativo total nos anos de 2007 e 2008 (BM&F BOVESPA). 46 Os demais benefícios oferecidos pela AmBev estão embutidos na conta “Imposto de Renda e Contribuição Social Diferidos”. Segundo notas explicativas das demonstrações de 2008, dos 2 060 080 (mil) que estão contabilizados no Realizável a Longo Prazo, 36 797 (mil) são de provisão para benefícios à empregados, menos de 0,11% do ativo total, valor 11,09% maior que em 2007. E dos 806 440 (mil) também em 2008, que estão contabilizados no Ativo Circulante, 2 366 (mil) são de provisão para participação de empregados. Valor em reais 91,97% menor que em 2007. Em 2006 o montante destinado a participação de empregados foi de 54 029 (mil), maior valor no período de 2005 a 2008 (BM&F BOVESPA) . Como política da empresa, até 10% do valor do lucro líquido do exercício é distribuído aos funcionários, porém essa repartição está condicionada ao alcance de metas individuais e coletivas e a forma de distribuição é fixado pelo Conselho de Administração. A redução nos valores de provisão para participação dos funcionarios no ano 2008 pode ser justificada pela crise financeira mundial que atingiu a economia no segundo semestre do mesmo ano. Dessa forma o alcance das metas da empresa podem ter sido prejudicadas, ocasionando um menor resultado e uma maior precaução da Administração aos distribuir seus lucros. A Fundação Antônio e Helena Zerremer, cuja finalidade é proporcionar a funcionários e administradores assistência médico-hospitalar e odontológica, auxiliar em cursos profissionalizantes e superiores, manter estabelecimento para auxílio e assistência a idosos, apresentou em 2008 um saldo de 236 243 (mil). Em 2002 este saldo era de 154 116 (mil), uma variação média de 7,41% entre os períodos de 2002 a 2008, não sendo reconhecido pela Companhia em suas demonstrações contábeis em virtude da impossibilidade de seu uso para outros fins que não pagamento de benefícios (BM&F BOVESPA). Os programas sociais de desenvolvimento e capacitação de pessoal com foco especial na liderança visam orientar os funcionários á execução de suas atividades, logo, contribui para que a produtividade da AmBev evolua. O indicador “Riqueza Criado por Empregado” da AmBev - que serve para indicar a produtividadedos trabalhadores e a contribuição de cada um na geração de riquezas da empresas, foi sempre maior que a média do seu setor no período de 2006 a 2008, como mostra a Tabela 1. 47 Tabela 1 - Riqueza Criada por Empregado Valores expressos em UDS (mil) Ano AmBev Média do Setor de Bens de Consumo 2006 313,5 160,9 2007 306,4 121,4 2008 248,1 73,8 Fonte: Adaptado. Melhores & Maiores - Portal EXAME. Disponível em: <http://mm.portalEXAME.abril.com.br/empresas/indicadores/tabela/2008/803>. Acesso em: 09 jan. 2010. O lucro da Companhia evolui 102,57% entre os períodos de 2002 a 2008 (BM&F BOVESPA) e a sua retabilidade em 2008 foi superior a 17%, segundo dados extraídos do site insititucional. Tal porcentagem de rentabilidade é maior que a média das 150 melhores empresas para trabalhar e das 500 maiores e melhores empresas do país (ver Figura 3 na página 38). Apesar dos investimentos em capacitação profissional, programas de benefícios e desenvolvimento de liderança, a AmBev não aperece entre as corporações que mais formam líderes no mundo. A primeira colocada na pesquisa realizada pela revista Fortune foi a IBM. Na América do Sul o destaque foi a empresa de cosméticos Natura (VITAL, 2010). 48 CONSIDERAÇÕES FINAIS O fenômeno da liderança surgiu com a necessidade de buscar o equilíbrio entre a dinâmica humana e a estrutura formal da organização com foco sempre no alcance de resultados. Portanto a liderança não é apenas um movimento puro de valorização dos funcionarios, é o reconhecimento de que somente através das pessoas uma empresa constroí sua história. Conforme visto, a liderança é a habilidade de influenciar pessoas a trabalharem entusiasiticamente visando objetivos comuns, é conquista-las e envolvê-las a serviço de um propósito. É uma das formas de reconhecer que as pessoas são o principal meio para aumentar a produtividade e levar a empresa ao sucesso. A liderança é uma ferramenta viva e integrada aos pressupostos de atuação da empresa, e assim os resultados são alcançados como consequência natural da gestão da liderança. Sendo a liderança um processo de liberar a capacidade criativa das pessoas em proveito da organização, é possível obter através das suas práticas uma equipe coesa e intregrada com os valores da organização, ou seja, pessoas e equipes capazes de assegurar o cumprimento da missão organizacional. De acordo com a opinião de diversos autores apresentados ao longo desta monografia, a gestão da liderança proporciona diversos benefícios, o grande desafio das empresas é encontrar a fígura certa que vai coordenar e direcionar os seguidores ao alcance das metas. Um dos benefícios destacados por autores como Jack Welch é o alcance de melhores resultados econômicos e financerios. Por isso a problemática que norteou esta monografia questiona justamente este aspecto: Existe relação entre as políticas de liderança de uma empresa com os seus resultados financeiros? Como método para responder tal problema foi realizado um estudo de caso sobre a AmBev - Companhia de Bebidas das Américas. O estudo compreendia o levantamento das demonstrações financeiras e pesquisas bibliográficas, usando como principal fonte os estudos realizados pelo Guia Você S/A EXAME sobre as melhores empresas para se trabalhar no país. Com o estudo realizado pela revistas foi possível 49 constatar que as empresas preocupadas em valorizar o seu capital intelectual e focadas em apectos da liderança apresentam níveis de rotatividade menores, níveis de produtivadade maiores - o que contribui para a geração de riquezas - e são mais rentáveis. Tais caracteríticas são observavéis também na AmBev que apresentou 24% de índice de rotatividade em 2008 e rentabilidade de 17% no mesmo ano. Os funcionarios da empresa são três vezes mais produtivos que a média do setor, um sinal de que a equipe que compõe a empresa se mantém motivada e capacitada. Todos os benefícios oferecidos pela AmBev e suas práticas de liderança, criou no mercado de trabalho a imagem de uma companhia com oportunidades de carreira e crescimento rápido, tanto que seu processo de selação de trainne atraiu quase 60 000 inscritos em 2009, o que torna o processo de seleção da AmBev o mais concorrido do país. Tal valorização é uma realidade declarada pela Companhia, seja em informativos publicitários ou na própria declaração de valores da empresa. Porém é passível questionar o quanto essa imagem criada ou assuimida pela organização é verdadeira. Na pesquisa realizada pela revista Fortune a empresa não é lembrada entre as corporações que mais formam líderes. A companhia carrega também uma fama de que no passado o ambiente de trabalho era muito hostil. Diante do que foi exposto ao longo desta monografia, a resposta para problemática que direciou esta pesquisa é que não é possível chegar a uma afirmativa concluisiva de que os programas corporativos de benefícios oferecidos aos funcionários, a valorização do capital intelecutual através do desenvolvimento e capacitação e principalmente a gestão de liderança praticada pelas empresas sejam os maiores responsáveis por melhorar o desempenho financeiro e econômico, e no caso específico da AmBev por tê-la colocada em posição de destaque no mercado brasileiro e mundial. Portanto não existe correlação possível de ser estabelecida entre as políticas de liderança e os resultados da empresa. Porém é relevante adminitir que a valorização dos funcionários e a liderança empregada são diretrizes fundamentais para apoiar e sustentar o crescimento da AmBev, como confirma a Companhia em um dos seus princípios norteadores, ao afirmar que liderança é a chave para alcançar os resultados. 50 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMBEV. Disponível em: < http://www.ambev.com.br/>. Acesso em: 20 mar. 2010. AMORIM, Lucas (Ed). [Editorial] EXAME. Gestão e Ideias. Ed. 958, dez. 2009. p. 171. ANTONELLO, Claudia Simone; PUJOL Enio Júnior; SILVA, Magda Valéria. Escola das Relações Humanas. Disponível em: <http://nutep.adm.ufrgs.br/adp/rh.html>. Acesso em: 11 ago. 2009. ARAÚJO, Luis César G. de. Gestão de pessoas. São Paulo: Atlas, 2008. BARRETO, Iná Futino. Avaliação de Resultados de Ações de Marketing de Relacionamento. 2007. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12139/tde-17102007-163419/>. Acesso em: 09 abr. 2010. BM&FBOVESPA. Relatórios Financeiros Cia Bebidas das Américas AmBev. Disponível em: < http://www.bmfbovespa.com.br/cias-listadas/empresas- listadas/ResumoDemonstrativosFinanceiros.aspx?codigoCvm=18112&idioma=pt-br>. Acesso em: jan. 2009. BORTOLUZZI, Sandro César; LYRIO, Mauricio Vasconcellos Leão; ENSSLIN, Leonardo. Avaliação de desempenho econômico-financeiro: uma proposta de integração de indicadores contábeis tradicionais por meio da metodologia multicritério de apoio à decisão construtivista (MCDA-C). 2008. Disponível em: < http://www.ieducorp.com.br/pdf/avaliacaoecon.pdf>. Acesso em: 03 abr. 2010. BOWDITCH, James L; BUONO, Anthony F. Elementos de Comportamento Organizacional. São Paulo: Pioneira, 1992. p 120-121; 127. BULLARA, Cesar Furtado de Carvalho. A evolução do Conceito de Liderança. Gazeta Mercantil, 2003. Disponível em: <http://www.ise.org.br/admin/upload/A%20evolutpo%20do%20conceito%20de%20líde
Compartilhar