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Exame mental aplicado à Terapia Ocupacional

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1. Exame mental aplicado à Terapia Ocupacional.
1.1 Entrevista com usuários de serviços de saúde mental.
A entrevista é um contato entre dois seres humanos, que devem compartilhar conhecimentos e respeito para que aconteça a convivência terapêutica (CANDEIAS, 2016) Dessa forma, tem um papel essencial para o conhecimento da dinâmica efetiva do paciente, para o planejamento terapêutico e a criação do vínculo.
Para a realização da entrevista com os usuários de serviços de saúde mental, o entrevistador deve possuir conhecimentos para quais perguntas irá formular, que deve evitar e quando e como irá falar ou se deve apenas calar e ouvir. Também, é necessário a empatia, paciência, respeito e que esteja em condições de acolher o sofrimento para escutar as dificuldades do paciente. Além disso, é preciso adaptar as estratégias durante a entrevista de acordo com cada paciente, algumas vezes será conduzida com um entrevistador mais ativo e em outras mais ouvinte (DALGALARRONDO, 2008).
Há três regras de ouro para a realização da entrevista (DALGALARRONDO, 2008):
· Com pacientes organizados mentalmente, inteligência normal e fora de um estado psicótico devem ser realizadas entrevistas abertas, que permitam que ele se expresse e fale com poucas falas do entrevistador.
· Com pacientes desorganizados, com nível intelectual baixo e em estado psicótico ou paranoide devem ser entrevistas estruturadas que o entrevistador faça perguntas simples e de fácil compreensão.
· Com pacientes tímidos, ansiosos ou paranoides é preciso que se inicie com perguntas neutras para gradativamente ser aumentado o nível de complexidade.
1.2 Aspectos que devem ser observados pelos terapeutas ocupacionais para avaliação de exame psíquico. 
· Consciência: É o estar ou não desperto, o grau de clareza do sensório. Há as alterações normais da consciência como o sono ou o sonho. Também, há as alterações patológicas que são as Obnubilação da consciência (o paciente dorme e acorda, alterando entre sopor e vigilância), sopor (o paciente está no sono profundo, mas apresenta reposta reflexiva a dor) e o coma (o paciente não apresenta atividade reflexa e nem resposta). O teste utilizado para avaliar a consciência é o de Glasgow. O Terapeuta Ocupacional com os pacientes em coma e em sopor irá realizar alongamentos e posicionamentos para prevenção de escara e hipotrofia, estimulação sensorial, autocuidado e o teste de reflexos. Já nos casos de Obnubilação da consciência, nos momentos de consciência utilizar atividades que são significativas para a pessoa (DALGALARRONDO, 2008). 
· Atenção: É a direção da consciência, sendo impossível ter atenção com alteração da consciência. Existe os estados da atenção: Tenacidade, que é a capacidade do indivíduo de fixar a atenção; Vigilância, que permite o indivíduo de alterar a atenção de um objeto para outro e Distração, que é a superatenção sobre determinado objeto quando a vigilância está baixa. As anormalidades da atenção são a Hipoprosexia (rebaixamento do nível de atenção), Aprosexia (abolição do nível de atenção) e Hiperprosexia (estado de alerta constante). As atividades que o Terapeuta ocupacional irá realizar com os pacientes com distúrbios na atenção, devem ser de curta duração, simples, interesse da pessoa e com etapas bem estabelecidas e sendo relembradas durante a intervenção (DALGALARRONDO, 2008).
· Orientação: É a capacidade de se situar quanto a si mesmo e no ambiente. Com a orientação é possível verificar os níveis de consciência e pode ser um indicativo de um déficit de memória. Há dois tipos de orientação: Autopsíquica (saber informações sobre si mesmo) e Alopsíquica (existe a relacionada ao espaço e outra ao tempo) (DALGALARRONDO, 2008). 
· Sensopercepção: 
· Sensação: É um fenômeno gerado por estímulos físicos, químicos ou biológicos, necessita de algum estímulo e é através de órgãos receptores. 
· Percepção: É a tradução da sensação através da consciência.
A sensação da voz é no ouvido, a percepção é no pensamento. 
· Imaginação: É uma atividade psíquica, geralmente voluntária, não precisa de estímulos sensoriais para ocorrer e são produtos vivenciados da memória
· Fantasia: Produção imaginativo a partir de um estímulo, é uma imaginação organizada. 
As alterações da sensopercepção são de natureza quantitativa e qualitativa. A quantitativa pode ser a Hiperestesia (aumento da sensação) e Hipoestesia (diminuição da sensação). Na qualitativa a alteração é da entrada sensorial, que pode ser a Ilusão (quando é gerada por um objeto real), Alucinação (não tem objeto real, mas a percepção é clara e definida), Alucinose (há um distanciamento da pessoa com o sintoma, aparecendo duvidas e estranhamento diante as alucinações) e Pseudo alucinação (é vivenciada e projetada para o espaço interno, está associada a transtornos de personalidade). A diferença entre Delírio e alucinação, está no fato do Delírio ser uma alteração do julgamento e seu conteúdo é impossível e a Alucinação está associada a sensação e percepção, podendo ocorrer os dois juntos (DALGALARRONDO, 2008). 
· Memória: É a capacidade de registrar e está relacionada ao interesse afetivo, ao afeto, a consciência e a atenção. Há três tipos: Memória cognitiva, memória cultural e memória genética (DALGALARRONDO, 2008). 
· Afetividade: Há cinco tipos básicos de vivências afetivas: Humor (tônus afetivo, é transitório), Emoção (reações afetivas agudas, apresenta curta duração), Sentimentos (fenômeno mais mental do que somático, acontece só internamente), Afetos (qualquer estado de humor, sentimentos e emoções, pode ser acontecer de modo negativo ou positivo) e Paixão (transitório, extremamente intenso). As alterações na afetividade são: Distimia (a pessoa fica lentificada, irritada e rancorosa), Elação/ Mania (humor elevado), Deprimido (humor baixo) e Pluerilidade (um humor infantilizado) (DALGALARRONDO, 2008).
· Pensamento: É dividido em três partes (DALGALARRONDO, 2008): 
· Conteúdo: É o assunto em si
· Forma: É analisado pela fala se há fuga de ideias, dissociação de pensamentos, descarrilhamento do pensamento e desagregação do pensamento. 
· Curso: Como o pensamento flui

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