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3 - Análise do Discurso

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ANÁLISE DO 
DISCURSO
Laís Virgínia Alves Medeiros
Linguagem, discurso, sujeito 
e subjetividade
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Explicar a introdução da subjetividade nos Estudos da Linguagem.
 � Diferenciar as noções de sujeito e discurso, dentro da Análise do 
Discurso, entre os autores apresentados.
 � Identificar a relação entre sujeito e discurso.
Introdução
“Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou 
pronto! Digam ao povo que fico.”
“Eu tenho um sonho.”
“Saio da vida para entrar na história.”
Você deve ter reconhecido esses enunciados e talvez até saiba os 
nomes daqueles que os enunciaram. Será que eles teriam o mesmo 
sentido se fossem enunciados por você, agora, numa sala de aula ou 
numa reunião familiar? Ou eles só fariam sentido se remetidos aos 
sujeitos que os enunciaram inicialmente? Neste texto, você vai apren-
der como, do ponto de vista da Análise do Discurso, sujeito, língua e 
discurso se relacionam.
A subjetividade nos Estudos da Linguagem
Para pensar a noção de sujeito na Análise do Discurso, você deve retornar a 
Saussure e Benveniste. 
Saussure, ao estabelecer a dicotomia língua/fala, deixou as realizações 
individuais no terreno da fala, não abordando o sujeito em sua teoria.
Aqui vamos nos focar em Benveniste, que não está no escopo teórico da 
Análise do Discurso, mas que, ao propor a teoria da Enunciação, postulou 
que a língua apresentava em sua própria estrutura elementos que testemu-
nhavam a subjetividade como constitutiva. Você pode pensar, então, a teoria 
da enunciação de Benveniste como o marco que instaurou a subjetividade nos 
Estudos da Linguagem e, por isso, é importante revisá-la antes de pensar no 
sujeito da Análise do Discurso.
Analise_Discurso_U1_C3.indd 14 14/09/2016 16:37:51
Para Benveniste, a linguagem não pode ser comparada a uma ferramenta 
que se utilize, visto que as ferramentas foram criadas pelo homem, e a lin-
guagem, por sua vez, está na natureza do homem. O autor propõe que “é na 
linguagem e pela linguagem que o homem se constitui como sujeito” (BEN-
VENISTE, 2005, p. 286). Ao mesmo tempo, se a linguagem é condição para 
existência do sujeito, ela só é possível porque cada locutor, referindo-se a si 
mesmo como eu, apresenta-se como sujeito do seu discurso. É por essas pe-
culiaridades que Benveniste afirma que a condição do homem na linguagem 
é única, sem paralelo.
Sujeito e Discurso
O papel do sujeito, na Análise do Discurso, é bastante diferente do que na 
Enunciação. Você já viu que a Análise do Discurso é uma disciplina hetero-
gênea. Assim, diferentes autores trabalharão com diferentes noções de sujeito 
e de discurso. O que você pode identificar de semelhança entre eles, desde já, 
é que o sujeito é mais uma noção que repercute no sentido dos enunciados e 
dos discursos – o que é característico da Análise do Discurso como um todo e 
dialoga com a remissão dos enunciados às suas condições de produção.
Você vai conhecer aqui essas noções do modo como foram articuladas por 
Foucault e por Pêcheux.
Sujeito e discurso para Foucault
Para Fischer (2013), uma das dificuldades no estudo de Foucault é a de ana-
lisar noções separadamente, já que o próprio autor articulava conjuntamente 
diferentes campos de pensamento. Não é possível isolar, da concepção de dis-
curso para Foucault, as concepções de sujeito e de relações de poder. É por 
isso que você vai estudar essas noções de modo articulado.
Para Foucault, o discurso é controlado por minuciosas regras, e estas de-
finem quem pode ter acesso a certos discursos ou pode entrar na ordem do 
discurso. O autor enxerga os discursos como práticas que formam os objetos 
de que falam enquanto falam (FISCHER, 2013).
O que isso quer dizer? Que, na concepção de Foucault, não existe uma 
essência, uma verdade universal anterior à construção de um discurso sobre 
ela. O discurso é visto como uma luta, uma batalha, e não como um reflexo 
ou expressão de algo.
15Linguagem, discurso, sujeito e subjetividade
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No livro A arqueologia do Saber, Foucault afirma que “analisando os próprios dis-
cursos, vemos se desfazerem os laços aparentemente tão fortes entre as palavras e 
as coisas, e destacar-se um conjunto de regras, próprias da prática discursiva”. Assim, 
podemos pensar o discurso para Foucault em termos de regularidades, poderes e 
relações de forças.
E como o sujeito se relaciona com ele? A constituição dos sujeitos se dá 
justamente nesses jogos constantes entre o desejo de “ter” a verdade e o poder 
de afirmá-la (FISCHER, 2013).
Pense, por exemplo, no enunciado “É preciso escovar os dentes após cada 
refeição”. Você pode escutar isso de um dentista e dificilmente vai contestá-lo, 
afinal, a profissão dele confere ao seu discurso a legitimidade sobre alguns 
discursos, reproduzidos e aceitos como verdades. Mas e se esse mesmo enun-
ciado vier de um paciente diagnosticado com Transtorno Obsessivo Compul-
sivo, que escova os dentes quinze vezes por dia? E se vier de um representante 
de uma marca de produtos para higiene bucal?
É a isso que Foucault se refere quando afirma que o sujeito, em sua teoria, 
não é uma pessoa, mas uma posição que alguém assume diante de um certo 
discurso. E discurso, aqui, diz respeito ao conjunto de enunciados de determi-
nado campo de saber (FISCHER, 2013). Falar de sujeito do discurso significa 
multiplicar o sujeito, pensá-lo em suas possibilidades.
Fischer (2013, p. 133) apresenta as seguintes perguntas para complexificar 
o tema do sujeito numa concepção foucaultiana:
“Quem fala neste texto? E de que lugar fala? De que autoridade se investe 
alguém para falar aqui e não em outro espaço? Quem pode falar sobre isto? 
Quais as regras segundo as quais a alguém é permitido afirmar isto ou aquilo, 
neste ou naquele lugar?”
E como essas posições não são fixas, o sujeito não deve ser pensado como 
unidade, mas, sim, como dispersão. O sujeito não ocupará sempre a mesma 
posição frente ao mesmo discurso, e, para demonstrar isso, Fischer (2013) dá 
o exemplo da sala de aula. Em sala de aula, se assume que o professor ocupe o 
lugar de quem decide, de quem explica, de quem define, mas sua posição está 
sempre correndo o risco de ser desestabilizada pelo aluno, que pode contestá-
-lo ou desacreditá-lo.
Análise do discurso16
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É importante não confundir o sujeito do discurso, ou seja, uma posição ocupada, 
com a pessoa real, de carne e osso, que participa daquela interlocução. Nessa perspec-
tiva, não interessa o nome, o sobrenome e/ou o estado civil da pessoa (entre outras 
características comumente usadas para identificação), mas o lugar que ela ocupa 
enquanto sujeito de um discurso.
Sujeito e discurso para Pêcheux
Pêcheux, de base marxista-althusseriana, pensa o sujeito a partir do “efeito 
ideológico elementar” (conforme proposto por ALTHUSSER, 1985), e sus-
tenta que a constituição do sentido se une à constituição do sujeito. 
Como efeitos dessa interpelação ideológica, Pêcheux apresenta dois es-
quecimentos inerentes ao discurso:
 � O esquecimento número 1, relacionado ao inconsciente, que diz respeito 
ao fato de o sujeito não poder se situar fora de sua Formação Discursiva. 
 � O esquecimento número 2, que diz respeito ao fato de o sujeito poder 
selecionar dentro de sua Formação Discursiva dizeres e enunciados que 
se encontram em relação parafrástica, optando por um em detrimento de 
outro, ainda que este outro também esteja dentro do terreno de dizeres 
autorizados por aquela Formação Discursiva.
As noções de sujeito e discurso, na teoria pecheutiana, são pensadas relacionadas 
à noção de Formação Discursiva. Para Pêcheux (2009, p. 147), a Formação Discursiva 
é “aquilo que, numa formação ideológica dada, isto é, a partir de uma posição dada 
numa conjuntura dada, determinada pelo estado da luta de classes, determina o que 
podee deve ser dito”. Assim, pensar em sujeito implica pensar em inscrição numa For-
mação Discursiva.
É também de Althusser que Pêcheux toma a noção de forma-sujeito: a 
forma-sujeito reúne os saberes centrais de determinada Formação Discursiva, 
e é por seu viés que o sujeito se identifica com aquela Formação. 
17Linguagem, discurso, sujeito e subjetividade
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Essa identificação não se dá sempre do mesmo modo, e é para explicá-la 
que Pêcheux propõe as diferentes modalidades da tomada de posição do sujeito:
 � A identificação plena caracteriza o discurso do bom sujeito, que reduplica 
os saberes da Formação Discursiva sem questioná-los.
 � A contraidentificação caracteriza o discurso do mau sujeito, que contesta, 
duvida e se afasta dos saberes da Formação Discursiva com a qual está 
identificado. 
 � A desidentificação acontece quando o sujeito se desloca de uma Formação 
Discursiva a outra, deixando de se identificar com os saberes da antiga 
para se identificar com os da nova.
Nessa perspectiva, o sujeito está sempre inscrito em alguma Formação 
Discursiva: ou seja, deixar de se identificar com uma implica necessariamente 
se identificar com outra.
Ainda dentro da Análise do Discurso, é possível considerar a noção de sujeito para 
Charaudeau, definido como “sobredeterminado – mas somente em partes – pelos con-
dicionamentos de ordens diversas e livre para operar suas escolhas no momento de 
focalizar seu discurso”. Essa definição pode ser encontrada no Dicionário de Análise do 
Discurso, de Patrick Charaudeau e Dominique Maingueneau (2012).
1. Sobre a introdução da noção de sub-
jetividade nos Estudos da Linguagem, 
assinale a alternativa correta. 
a) A introdução da noção de 
subjetividade nos Estudos da 
Linguagem era contestada por 
Saussure.
b) A introdução da noção de sub-
jetividade nos Estudos da Lin-
guagem era pensada como alheia 
ao sistema da língua.
c) A introdução da noção de 
subjetividade nos Estudos da 
Linguagem dizia respeito à capa-
cidade de o homem se constituir 
como sujeito pela linguagem.
d) A introdução da noção de subjeti-
vidade nos Estudos da Linguagem 
foi proposta de modo metafórico, 
comparando a linguagem a uma 
espécie de ferramenta com a 
função de comunicar.
e) A introdução da noção de subjeti-
vidade nos Estudos da Linguagem 
Análise do discurso18
Analise_Discurso_U1_C3.indd 18 14/09/2016 16:37:51
ALTHUSSER, L. Aparelhos ideológicos de Estado: nota sobre os aparelhos ideológicos de 
Estado (AIE). 2. ed. Tradução de Walter José Evangelista e Maria Laura Viveiros de Castro. 
Rio de Janeiro: Edições Graal, 1985.
BENVENISTE, É. Problemas de linguística geral I. Tradução de Maria da Glória Novak e Ma-
ria Luisa Neri. 5. Ed. Campinas: Pontes Editores, 2005. 
CHARAUDEAU, P.; MAINGUENEAU, D. Dicionário de análise do discurso. 3. ed. São Paulo: 
Contexto, 2012.
FISCHER, R. M. B. Foucault. In: OLIVEIRA, L. A. (Org.). Estudos do discurso: perspectivas 
teóricas. São Paulo: Parábola, 2013. v. 1, p. 123-151.
FOUCAULT, M. A ordem do discurso: aula inaugural no Collège de France, pronunciada 
em 2 de dezembro de 1970. 11. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2004.
FOUCAULT, M. A arqueologia do saber. 4.ed. Tradução de Luiz Felipe Baeta Neves. Rio de 
Janeiro: Forense Universitária, 1995.
PÊCHEUX, M. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Tradução de Eni 
Puccinelli Orlandi, Lourenço Chacon Jurado Filho, Manoel Luiz Gonçalves Corrêa e Sil-
vana Mabel Serrani. Campinas: Ed. Pontes, 2009.
PÊCHEUX, M.; FUCHS, C. A propósito da análise automática do discurso: atualização e 
perspectivas. Tradução de Péricles Cunha. In: GADET, F.; HAK, T. (Orgs.). Por uma análise 
automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. 4. ed. Campinas: 
Editora da Unicamp, 2010.
Leitura recomendada
INDURSKY, F. Remontando de Pêcheux a Foucault: uma leitura em contraponto. Dispo-
nível em: http://www.analisedodiscurso.ufrgs.br/anaisdosead/1SEAD/Paineis/FredaIn-
dursky.pdf 
Análise do discurso20
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