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Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 1 Farmacologia Farmacodinâmica (pt. 2) Mecanismos gerais da ação dos fármacos: • Receptores fisiológicos • Enzimas • Carreadores de membrana • Canais iônicos • Ácidos nucleicos - Receptores fisiológicos: Canal iônico Receptores enzimáticos Proteína G Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 2 Lembrando: receptores fisiológicos são moléculas proteicas que já atuam como receptores endógenos. 1. Receptores acoplados à proteína G (receptores metabotrópicos): o Apresentam 7 domínios transmembrana → atravessam a membrana 7 vezes (imagem). o Constituem uma grande família (superfamília) com mais de 825 GPCRs o Cerca de 30% dos fármacos agem em GPCRs o Diversos ligantes: neurotransmissores, hormônios, eicosanoides, lipídeos, receptores peptídeos, etc → ex.: dopamina, adrenalina, norepinefrina, diversos receptores de serotonina, glutamato. o Grande parte dos alvos da proteína G são receptores porque eles participam de uma infinidade de respostas e, a mioria desses receptores de dimerizam. Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 3 A proteína G é uma proteína ligadora de GTP composta por 3 subunidades (proteína trimérica), chamadas alfa, beta e gama. A subunidade alfa contém um sítio de ligação com o receptor (reconhece quando ele está ativado) e um outro sítio com atividade GTPase (quebra do GTP). Quando a proteína G está ligada no GDP, ela se encontra inativa. Quando o receptor está ativado por um ligante, ele muda de conformação e interage com a proteína G, a qual libera o GDP e se liga no GTP. Com essa ligação, a proteína G se dissocia → subunidade alfa ligada ao GTP // subunidade beta- gama. Essas duas subunidades podem, cada uma, ter alvos intracelulares. Muitas vezes a resposta é mediada pela subunidade alfa, que ativa seus alvos intracelulares. Só que, essa subunidade alpha é uma proteína que quebra GTP em GDP. Quando a alfa se encontra associada ao GDP ela fica inativa, e por isso se associa novamente à subunidade beta-gama → proteína G inativa. “Quando a proteína G é ativada ela fica no citosol para realizar a atividade biológica?” Há uma interação da proteína G com algum lipídeo de membrana (um ácido graxo), assim, ela se movimenta, mas sempre no plano da membrana. Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 4 Principais classes de Proteínas G e seus efetores: A sinalização via proteína G envolve a produção ou degradação de segundos mensageiros intracelulares. Segundos mensageiros são moléculas sinalizadoras intracelulares de baixo peso molecular. Essas moléculas sinalizadoras disparam rápida alteração na atividade de uma ou mais enzimas ou proteínas não enzimáticas. O receptor acoplado a proteína Gs aumenta o AMP cíclico, enquanto o receptor acoplado a Gi diminui o AMP cíclico. O receptor da transducina diminui o GMP cíclico. O receptor do tipo Gq irá regular diacilglicerol, IP3 e íons de cálcio. Obs.: “Não necessariamente os segundos mensageiros exercem as mesmas ações em tecidos diferentes.” → Uma mesma via, sendo ativada em sua origem, pode levar à ativação ou inibição de efetores muito diferentes. Por exemplo, uma proteína quinase é ativada; na célula do adipócito essa proteína vai fosforilar Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 5 A, B e C, já no neurônio ela irá fosforilar D e F. A mesma proteína quinase nos hepatócitos (fígado) pode regular degradação de glicose, já no neurônio, essa mesma via, pode levar à plasticidade sináptica. Sinalização por receptor acoplado à proteína G do tipo Gs (ex.: β-adrenérgico): Quando o receptor beta-adrenérgico é ativado por um ligante, ele ativa a proteína G. A subunidade alfa da proteína G, então, ativa uma enzima chamada adenilil ciclase por meio da interação física. A adenilil-ciclase sintetiza AMPc através desforsforilação da adenosina trifosfato por meio de um ATP, o que gera um fosfato cíclico – AMPc, o qual é um segundo mensageiro que vai interferir na atividade de outras enzimas/proteínas de outras células. → Adenil ciclase sintetiza AMPc. Um dos principais alvos do AMPc é a ativação de uma proteína quinase (PKA – proteína quinase dependente de AMPc). A proteína PKA tem subunidades regulatórias e catalíticas, que quando estão juntas, a proteína PKA está inativa. Quando o AMc se liga na subunidade regulatória, esta perde sua afinidade com a subunidade catalítica e a libera. A catalítica, por sua vez, então, vai fosforilar seus alvos intracelulares. Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 6 Sinalização intracelular → Fosforilação de proteínas: A fosforilação de proteínas (adição de um grupamento fosfato) promove uma mudança conformacional na estrutura que pode permitir, por exemplo, a ativação ou a inativação desta proteína, mudança de afinidade com outros alvos intracelulares, etc. Pode servir, portanto, como um “interruptor molecular” ativando ou inibindo proteínas em uma cascata. A fosforilação é catalisada por proteínas quinases (ou cinases) e a defosforilação por proteínas fosfatases. Via de sinalização por proteína Gs (cascata de sinalização): 1. O ligante se liga ao receptor metabotrópico no lado extracelular; 2. Essa ligação altera a conformação do receptor que passa então a interagir com a proteína G (s) na sua face citoplasmática; 3. A proteína G (subunidade alfa) desliga do GDP e liga ao GTP; 4. A subunidade alfa desliga da beta-gama; 5. A subunidade alfa interage com a proteína adenilil ciclase que se torna ativada; 6. A adenilil ciclase catalisa a formação de AMP cíclico; 7. O AMP cíclico (segundo mensageiro) se liga à ativa a proteína quinase A (PKA); 8. A PKA ativa fosforila diversos alvos intracelulares ativando gerando assim uma resposta na célula-alvo; 9. PKA pode fosforilar CREB alterando a transcrição gênica; 10. AMPc pode ainda ativar EPAC e gerar respostas independentes de PKA. Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 7 Então, se uma mesma célula possui dois receptores, um associado à proteína GI e outro à proteína GS, muito provavelmente esses receptores terão respostas opostas. A sinalização via proteína G envolve a produção ou degradação de segundos mensageiros intracelulares. O receptor do tipo Gq irá regular a produção de outros segundos mensageiros: o diacilglicerol (DAG) e o IP3, o que aumenta a concentração de íons de cálcio intracelular. Via de sinalização por proteína Gq (via fosfolipase C): A subunidade alfa da Gq ativa a enzima PLC (fosfolipase C). A PLC quebra o lipídeo de membrana (inusito bifosfato) → catalisa a formação de PIP3 e DAG a partir de fosfatidil inusitol bifosfato. Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 8 Via de sinalização por proteína Gq (via IP3 e DAG): Adaptação e receptores acoplados à proteína G: Uma propriedade comum a todos os receptores acoplados à proteína G é que eles podem ser dessensibilizados, podem sofrer processos de adaptação. As células-alvo se adaptam ou dessensibilizam, onde uma exposição prolongada a um estímulo reduz a resposta celular. - Sequestro do receptor: envolve a endocitose do receptor, junto ao seu ligante. = PKC Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 9 - Retrorregulação do receptor: modula a resposta do receptor o internalizando e o degradando → processo definitivo. A insulina pode sofrer internalização, por exemplo. - Inativação do receptor: as vezes, a própria cascata desencadeada pelo receptor o inativa → processo reversível. - Inativação do receptor por interação com outras proteínas intracelulares - Inativação por intermédio de proteína inibidora
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