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Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 1 Farmacologia Farmacodinâmica (pt. 3) Receptores fisiológicos: 1. Canais Iônicos o Uma ou mais proteínas associadas, com múltiplos domínios transmembrana que formam poros permeáveis à íons específicos através da membrana. o Sua abertura permite o fluxo iônico seletivo a favor do seu gradiente de eletroquímico o Os seres humanos expressam cerca e 232 canais iônicos cuja permeabilidade (a íons específicos) e mecanismos de abertura variam. A abertura e fechamento dos canais iônicos pode ser regulada por: • Voltagem • Ligantes extracelulares • Ligantes intracelulares • Mecanicamente Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 2 • Temperatura - Canais regulados por voltagem: Seres humanos expressam várias isoformas de canais de Na+, Ca2+, K+ e Cl– dependentes de voltagem. Em neurônios e células musculares esses canais participam da geração e condução de potenciais de ação. Todos os canais voltagem dependentes têm, em sua estrutura proteica, segmentos que regulam a seletividade do canal para espécie iônica e segmentos sensíveis à voltagem → filtro de seletividade no interior do canal. Sensor de voltagem dos canais: Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 3 Basicamente, quando a voltagem de membrana muda, o reconhecimento dessas regiões altera sua conformação estrutural de modo a abrir esses canais iônicos e, assim, permitir o fluxo de íons. Canais de Ca2+ regulados por voltagem: Canais de cálcio voltagem-dependentes participam do potencial de ação de células musculares cardíacas. Em neurônios, controlam a fusão de vesículas de neurotransmissores ao terminal pré-sináptico. Na musculatura lisa, controlam o tônus vascular via MLCK/calmodulina. - Canais regulados por ligantes: Exemplo: acetilcolina (ACh) Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 4 A junção das subunidades gera receptores com canais diferentes. Os canais regulados por ligantes agem como verdadeiros receptores (receptores ionotrópicos), mediando o fluxo iônico em resposta à interação com um ligante extracelular. São responsáveis pela maioria das neurotransmissões rápidas no sistema nervoso. Receptores nicotínicos de ACh: Ativadas por glutamato Ativadas por ATP e ADP Presentes em neurônios e plaquetas Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 5 Receptor de potencial transitório (TRP): São subunidades com 6 domínios transmembrana que se arranjam formando tetrâmeros funcionais. São canais iônicos presentes em várias células, como neurônios. São canais bastante diversos e podem ser ativados por vários meios distintos. Por exemplo (↓): temperaturas (umas elevadas, outras baixas), capsaicina (molécula q causa dor e ardência à pimenta), mentol, etc. Receptores fisiológicos: 2. Receptores associados a enzimas ou à atividade enzimática o Receptores tirosina cinase o Receptor de citocina (Jak/STAT) o Receptores TGF-b (SMADs) o Toll like receptores o Receptores de TNF-a (IKK) o Receptores guanilil ciclase → fazem GMPc Quando o ligante se liga à porção extracelular, a porção intracelular tem atividade enzimática (atividade quinase, na maior parte das vezes envolvendo fosforilação) ou se associa diretamente a uma enzima. - Ligantes de receptores tirosina cinase: Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 6 Fatores de crescimento que se ligam aos receptores de tirosina cinase, e assim, levam seus efeitos às células – que muitas vezes são efeitos relacionados a crescimento e proliferação celular. Sendo assim, desregulações nessa via podem acarretar em formação de tumores. • Insulina • EGF – fator de crescimento epidermal • PDGF – fator de crescimento derivado de plaquetas • FGF – fator de crescimento de fibroblastos • NGF – fator de crescimento do nervo • IGF – fator de crescimento semelhante à insulina • VEGF – fator de crescimento do endotélio vascular Obs.: Fator de crescimento – polipeptídio extracelular envolvido com sinalização, que estimula uma célula a crescer ou se proliferar O mecanismo básico de ativação de um receptor enzimá.co envolve dimerização e fosforilação: Receptores de tirosina cinase: Na maior parte das vezes esses receptores são monômeros (passam uma vez só pela membrana). Geralmente, quando o ligante se liga na parte celular ele aproxima dois monômeros, o que forma um dímero. Essa conformação aproxima as subunidades (intracelular) dos monômeros, as quais têm atividade cinase. Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 7 Sendo assim, uma subunidade fosforila a outra, produzindo vários radicais fosfato (P) nesse receptor dímero. Isso é importante pois existem proteínas que reconhecem o receptor fosforilado (proteínas com domínio SH3) → recrutamento de proteínas → ativação da cascata intracelular. Quando essas proteínas se ligam ao receptor, essas proteínas recrutam outras proteínas que ativam vias de sinalização que, diretamente, levam ao crescimento celular → exemplo: proteína Ras. A Ras é uma proteína GTPase monomérica, e é ativada quando a proteína GEF interage com ela. Essa interação faz com que a Ras solte o GDP e se ligue ao GTP → Ras ativa → ativação de outras vias de sinalização. Quando a Ras está ativada ela induz a ativação de vias que induzem proliferação celular, por conseguinte, alguns tumores se dão em decorrência de alteração na proteína Ras → atua como um “acelerador” celular. Ativação de Ras por um receptor tirosina cinase: “Qual seria a via espontânea que inativa a Ras novamente?” A Ras é ativada a partir da sua interação com uma GEF, porém existem outras proteínas (GAP) que interagem com a Ras e fazem com que a Ras acelere o processo de fosforilação do GTP em GDP, o que a torna inativa novamente. Uma das vias ativadas pela Ras é a via das MAP cinases → proteína cinase ativada por mitógeno. A Ras, quando interage com a Raf (que é uma cinase), esta fosforila seu alvo (Mek), que por sua vez fosforila outra cinase (Erk). A Erk ativa pode fosforilar várias proteínas que, muitas vezes, em última instância, vão acarretar na proliferação celular → risco de formação de tumor em caso de desregulação. Ativação da via MAPK por receptores TK: Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 8 Via da PI3K/Akt → alvos farmacológicos Os receptores do tipo proteína cinase, por meio do recrutamento de proteínas para próximo do receptor, podem ativar uma proteína chamada PI3 cinase, a qual é responsável mor fosforilar lipídeo de membrana, o que acarreta na agregação de uma outra proteína cinase (Akt). A ativação de Akt atua fosforilando alvos intracelulares. A desregulação dessas vias, que estão muito relacionadas ao crescimento celular, pode levar ao aparecimento de tumores/câncer. A PI3K induz a ativação da via. Do contrário, a proteína PTEN inive essa via. Se por acaso se perde a PTEN, aumenta-se muito a ativação da via→ câncer. Ou seja, ambas atuam regulando a via de proliferação celular. Receptores de citocina (Jak/STAT) → não será cobrado Ligantes e receptores Jak/STAT compreendem: • Citocinas → ex.: interferon alfa • Fatores de crescimento → ex.: eritropoetina • Hormônios → ex.: GH e prolactina Receptores que estimulam a síntese de GMPc: → alvos farmacológicos Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 9 O GMPc é um segundo mensageiro produzido a partir de GTP por enzimas guanilil ciclase (GC). Existem as formas: GC solúvel e receptores do tipo Guanilil ciclase – são aqueles onde a própria proteína receptora tem atividade guanilil ciclase → são ativados por peptideos natriuréticos (ANP, BNP, CNP). Peptídeos natriuréticos reduzem a pressão arterial, via aumento de GMPc. Ou seja, alguns receptores de superfície (receptores de fatores natriuréticos) extracelular têm atividade guanilil ciclase, logo, quando o receptor muda de conformação e ativa sua atividade guanilil ciclase,que forma GMPc. O GMPc por sua vez ativa uma proteína chamada PKG (dependente de GMPc). Esse é um dos mecanismos que leva à regulação de pressão arterial – em resposta aos peptídeos natriuréticos → o GMPc leva ao relaxamento de alguns vasos sanguíneos. Além disso, existem guanilil ciclases que são solúveis – não são receptores – e são ativadas por óxido nítrico (NO). Fisiologicamente, o mecanismo pelo qual o NO induz o relaxamento da musculatura lisa é através da atividade da guanilil ciclase solúvel e da ativação de GMPc. A guanilil ciclase solúvel é ativada por óxido nítrico, que age como um fator parácrino quando produzido por células endoteliais. Quando a guanilil ciclase é ativada (seja solúvel ou receptor) ela aumenta a síntese de GMPc, que ativa uma proteína cinase PKG. No músculo liso vascular a PKG fosforila múltiplos alvos que levam ao relaxamento da musculatura e vasodilatação. Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 10
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