Buscar

Direito Penal I

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Direito Penal I 
 
 
O Direito Penal é o ramo jurídico responsável por gerar uma pacificação social em casos de conflitos. Sua atuação deverá 
ocorrer em casos extremos. Desse modo diz-se que o Direito Penal é a ultima racio, ou seja, age quando os demais ramos do 
Direito não puderam gerar a paz social. 
 
Segundo as premissas Constitucionais e Penais o Direito Penal se efetiva no respeito aos princípios a que lhe são atribuídos. 
Desse modo, os princípios serão objeto de estudo nesse presente momento. 
 
 
 
Princípios Limitadores do Poder Punitivo do Estado 
 
 
 
1 - PRINCÍPIO DA LEGALIDADE OU RESERVA LEGAL 
 
 
 
O princípio da legalidade está ex presso no artigo 1º do Código Penal e artigo 5º da Constituição Federal, inciso XXXIX, em 
que respectivamente versam: “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”. Alguns 
doutrinadores atribuem a esse princípio como o mais elementar no ordenamento jurídico penal. A proteção do cidadão entra 
em voga, a partir do momento que, não pode esse ser julgado segundo um fato criminoso, não previsto em lei. 
 
O princípio da legalidade, como já dito anteriormente, pune o infrator segundo as penas previstas na lei, dessa forma, o agente 
pode possuir prévio conhecimento das consequências penais da prática delituosa. Esse recurso pode, dentre outras formas, 
impedir a ação arbitrária do Estado na privação do seu direito. Segundo, Mirabete, (2008, p.37), “pelo princípio da legalidade 
alguém só pode ser punido se, anteriormente ao fato por ele praticado, existir uma lei que o considere como crime”. A lei, 
brasileira, por sua vez, só pode valer quanto está ela escrita, promulgada e com base nas previsões constitucionais. O costume 
dessa forma não tem poder de criar leis. Batista, (2005, p.71), “Podemos, assim, concluir que o princípio da legalidade proíbe a 
intervenção dos costumes apenas - porém incondicional e totalizantemente - no que concerte à criação (definição ou 
agravamento) de crimes e penas”. 
 
Existem outros princípios que são relacionados ao princípio da legalidade. Vejamos: 
 
 
 
1.1 - Princípio da Reserva Legal 
 
 
 
Refere-se ao ato, de que somente, os crimes previstos em lei podem cominar penas. Não pode também derrogar ou ab-rogar a 
norma penal. Ainda que disposições incriminadoras da lei não sejam aplicadas durante longo tempo, como acontecia com o 
duelo, na legislação passada, e sucede com o adultério, na atual, é óbvio que elas permanecem com toda a sua força 
repressiva, tão logo o ofendido as invoque. 
 
 
 
O princípio da reserva legal dá lugar a uma série de garantias e conseqüências em que se manifesta o seu aspecto material – 
não simplesmente formal –, o que importa em restrições ao legislador e ao intérprete da lei penal. Daí ser traduzido no sintético 
apotegma nullum crimen, nulla poena sitie lege praevia, scripta et stricta. Esse postulado apodítico cumpre funções 
reciprocamente condicionadas: limitação das fontes formais do Direito Penal e garantia da liberdade pessoal do cidadão. Faz-
se, também, distinção entre a mera legalidade, que tem na lei condição indispensável do delito e da pena (nulla poena, nullum 
crimen sine lege), e o postulado da estrita legalidade, como modelo regulativo, que exige as demais garantias como 
fundamento da legalidade penal (nulla lex poenalis sine necessitate, sine iniuria, sine actione, sine culpa, sine iudicio, sine 
accusatione, sine probatione, sine defensione). (PRADO, 2002, p.112). 
 
 
 
O princípio da reserva legal, no plano penal, diz que não há crime sem lei anterior que o defina nem pena sem prévia 
cominação legal. Daí podemos concluir que na vida social o particular está livre para fazer tudo o que quiser, desde que sua 
conduta não seja prevista na legislação como infração penal. (GRECO, XX, p. 05). 
 
 
 
Embora a conduta do agente possa ser até socialmente reprovável, se não houver tipo penal incriminador proibindo-a, não 
poderá sofrer qualquer sanção ao praticá-la. Pode haver até uma sanção da própria sociedade, uma sanção moral, mas nunca 
jurídica. 
 
Como extensão do princípio da reserva legal tem-se ainda: 
 
 
 
a) Reserva absoluta de lei 
 
 
 
A lei penal apenas pode ser criada pelo poder legislativo em um processo formal, escrito e com procedimentos relativos a 
ação. A medida provisória não é lei, logo, não pode o poder executivo criar matérias penais, criar crimes o cominar penas. A 
primeira vista parece haver aí uma controvérsia, uma vez que a própria constituição atribui a Medida Provisória força de lei. 
Entretanto, se elucida esse fato na análise critériosa dos requisitos necessários para elaboração das leis penais. A Constituição 
Federal no seu artigo 62, § 1º, I, b) diz: “É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: I - relativo à: b) direito penal, 
processual penal e processual civil. Nesse sentido observa-se que uma positivação interpreta a própria lei, quanto refere-se 
aos atributos da Medida Provisória. 
 
Segundo às leis delegas também não pode veicular-se sobre matéria penal. 
 
 
 
No que diz respeito às leis delegadas, ou seja, àquelas elaboradas pelo próprio Presidente da República, mediante prévia 
solicitação ao Congresso Nacional, não poderão elas veicular matéria penal, uma vez que a Constituição Federal dispõe 
expressamente que não será objeto de delegação a matéria relativa a direitos individuais, entre os quais se incluem os 
atingidos pela esfera penal. (CAPEZ, 2005, p. 44) 
 
 
 
 
 
b) Princípio da Taxatividade e vedação ao emprego da Analogia 
 
 
 
Essse princípio determina que a lei penal deve ser precisa, ou seja, um fato para ser criminoso deverá estar em acordo prévio 
com a lei penal. 
 
Para que a lei penal possa motivar o comportamento humano, deve ser facilmente acessível a todos, não só aos juristas. 
Exige-se, portanto, uma “lei certa” que diz respeito com a clareza dos tipos de ilícito, restringindo-se a elaboração dos tipos 
abertos que acarretam insegurança jurídica. A doutrina esclarece que, enquanto o princípio da anterioridade da lei penal se 
vincula às fontes do Direito Penal, o princípio da taxatividade preside a formulação técnica da lei penal e indica o dever imposto 
ao legislador de proceder, quando redige a norma, de maneira precisa na determinação dos tipos legais, para se saber, 
taxativamente, o que é penalmente ilícito e o que é penalmente admitido. Tal exigência implica em outra situação: o da 
necessidade prévia da lei ser escrita. O princípio nullum crimen nulla poena sine lege scripta veda a incriminação através do 
costume e proíbe a aplicação analógica de normas incriminadoras. 
 
 
 
O princípio da taxatividade se opõe aos tipos penais abertos. A opinião dominante rechaça a teoria dos tipos abertos e reprova 
o abuso que o legislador comete ao se exceder na previsão de tais normas, sustentando que “el tipo del injusto há de ser 
siempre cerrado, en el sentido de que há de contener todas las características determinantes del injusto” (DOTTI, apud, 
RODRIGUEZ DEVESA, p. 422/423). 
 
 
 
Em todas as hipóteses dos tipos penais abertos o preenchimento da tipicidade depende do reconhecimento, feito pelo juiz, de 
que a conduta (ação ou omissão), desobedeceu aos deveres objetivos de cautela impostos pela vida comunitária nas variadas 
formas de atividade humana. 
 
 
 
A lei penal delimita uma conduta lesiva, apta a pôr em perigo um bem jurídico relevante, e prescreve-lhe uma consequência 
punitiva. Ao fazê-lo, não permite que o tratamento punitivo cominado possa ser estendido a uma conduta que se mostre 
aproximada ou assemelhada. É que o princípio da legalidade, ao estatuir que não há crime sem lei que o defina, exigiu que a 
lei definisse (descrevesse) a conduta delituosa em todos os seus elementos circunstânciais, a fim de que somente no caso de 
integral correspondência pudesse o agente ser punido. (CAPEZ,2005, p. 45). 
 
 
 
Ainda falando sobre essa prerrogativa de o crime só ser punível estando pautado na lei, é possível observar que a analogia em 
matéria penal não pode ser utilizada, pois não encontra-se ao caso concreto respaudo legal. Logo, pode-se compreender, que 
o princípio da reserva legal proibe o uso da analogia, agindo de contrário ao previsto na Lei de Introdução ao Código Civil no 
seu artigo 4º. 
 
 
 
c) Taxatividade e Descrição Genérica 
 
 
 
Com relação a esse princípio as normas penais devem ser descritas de forma detalhadas e específicas. Não se pode, portanto, 
haver na lei penal conteúdo dúbio, sentido equívocado, geradores de uma dupla interpretação. Caso haja preceito o citado, 
resultará esse, uma definição legal em estado de insegurança jurídica e social capaz de gerar um caos ao próprio ordenamento 
jurídico. Entretanto, deve-se lembrar que há exceções, conforme explica Capez (2005, p.46), “A proibição de cláusulas gerais 
não alcança, evidentemente, os crimes culposos, porque neles por mais atento observador que possa ser o legislador, não terá 
condições de pormenorizar todas as condutas humanas ensejadoras da composição típica”. 
 
 
 
d) Conteúdo Material do Princípio da Reserva Legal 
 
 
 
Esse preceito refere-se a importância da ação penal ante a lesividade do bem jurídico, segundo um critério de lesividade da 
coletividade. Dessa forma, um ato para ser considerado delituoso é necessário ser composto por requisitos que venham a 
gerar um certo “temor” e desordem a sociedade. 
 
 
 
... Suponhamos, por exemplo, fosse criado um tipo penal definindo como criminoso o ato de sorrir, nos seguintes moldes: 
“sorrir abertamente, em momentos de alegria, nervosismo ou felicidade - pena de seis meses a um ano de detenção. (CAPEZ, 
2005, p.47) 
 
 
 
Segundo Capez, tal preceito, acima, estaria enquadrado formalmente na reserva legal caso houvesse tal lei. Entretanto, tal fato 
não teria aplicabilidade, uma vez que, não fere o bem jurídico coletivo, não causa lesividade a ordem pública, ou seja, seria 
inconstitucional pois a conduta não representa qualquer ameaça a sociedade. 
 
 
 
1.2 - Princípio da Anterioridade da Lei Penal 
 
 
 
O princípio da anterioridade da lei penal é decorrente do princípio da reserva legal. Ele afirma que para um fato criminoso, 
deve-se haver uma lei que o corresponda anterior ao fato praticado. Diz Capez, (2005, p.47), “Dado o princípio da reserva 
legal, a relação jurídica é definida pela lei vigente à data do fato. Tempus regit actum”. 
 
Um outro princípio decorrente deste citado é o da Irretroatividade da lei, veremos ele com mais detalhe logo abaixo. 
 
 
 
2 - PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL 
 
 
 
Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os 
efeitos penais da sentença condenatória. 
 
Parágrafo Único. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos 
por sentença condenatória transitada em julgado. (CÓDIGO PENA, Art. 2º). 
 
 
 
a lei penal não retroagirá, salvo para beneficar o réu.( CF - Art. 5º XL). 
 
 
 
A lei acima faz referência ao princípio da Irretroatividade da Lei, com uma importante ressalva, apenas para beneficiar o 
agente. Daí ninguém poder ser punido por cometer um fato que, à época, era tido como um indiferente penal. 
 
Entretanto, na lei Processual Penal essa referência não será válida, uma vez que, conforme inscrito no artigo 2º do Código 
Processual Penal -“A lei processual penal será aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a 
vigência da lei anterior” - a nova lei terá vigência imediata a todos os processos em andamentos. Deve-se resalvar que apenas 
nas categorias processuais esse dispositivo se faz presente, pois não está em voga aqui o caráter punitivo do Estado - jus 
puniendi - mas os trâmites do próprio processo. 
 
As normas responsáveis pela execução de natureza penal são beneficiadas pelo princípio da irretroatividade da lei penal. 
Existem casos, como por exemplo, o regime disciplinar diferenciado, que não tem natureza penal, que pode fazer a norma 
retroagir. Nesses casos não há ampliação da punição, apenas tratam das questões procedimentais. Dessa forma, 
independente do tempo do ato a medida que for imposta a lei deverá essa ser aplicada, tendo em vista a manutenção da 
segurança e da ordem social. 
 
 
 
 
 
3 - PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA OU BAGATELA 
 
 
 
Originário do Direito Romano esse princípio busca a não preocupação com bagatelas, ou seja, não se admite incriminação 
cujas condutas não sejam capazes de lesar o bem jurídico. 
 
 
 
A tipicidade penal exige um mínimo de lesividade ao bem jurídico protegido, pois é inconcebível que o legislador tenha 
imaginado inserir em um tipo penal condutas totalmente inofensivas ou incapazes de lesar o interesse protegido. 
 
Se a finalidade é tutelar um bem jurídico, sempre que a lesão for insignificante, a ponto de se tornar incapaz de lesar o 
interesse protegido, não haverá adquação típica. É que no tipo não estão descritas condutas incapazes de ofender o bem 
tutelado, razão pela qual os danos de nenhuma monta devem ser considerados fatos atípicos. (CAPEZ, 2005, p.14). 
 
 
 
 
 
A insignificância ou bagatela é vista segundo o interesse social cuja finalidade deve ser justificável quando de sua ação lesiva 
ou não. 
 
Não se pode contudo criar uma convergência entre o delito insignificante com o crime de menor potencial ofensivo. Os crimes 
de menor potencial ofensivo são positivados no artigo 61 da lei n. 9.099/95 - “Consideram-se infrações penais de menor 
potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não 
superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.” - em que versam sobre um menor potencial agresivo à sociedade. 
Deve-se ressaltar que, conforme a lei descreve que as contravenções são de menor potencial ofensivo, não pode ser elas vista 
de forma absoluta, pois isso será enquadrado conforme o caso concreto. Logo, nem toda conduta ilícita é insignificante, sendo 
umas sim, outras não, conforme afima Capez, (2005, p.15), “é um princípio aplicado ao plano concreto”. 
 
Batista, (1990, p. 86), "se o fim da pena é fazer justiça, toda e qualquer forma de ofensa ao bem jurídico deve ser castigada; se 
o fim da pena é evitar o crime, cabe indagar da necessidade, da eficiência e da oportunidade de cominá-la para tal ou qual 
ofensa." 
 
 
 
4 - PRINCÍPIO DA ALTERIDADE OU TRANSCENDENTALIDADE 
 
 
 
Esse princípio proíbe a incriminação de atitude meramente interna, ou seja, ações que sejam capazes de lesionar o bem 
jurídico próprio. Para que seja o agente enquadrado no princípio da alteridade é necessário que o fato típico não alcance 
terceiros, pois ninguém pode ser punido por fazer algo a si mesmo. 
 
 
 
Proíbe a incriminação de atitude meramente interna, subjetiva do agente e que, por essa razão, revela-se incapaz de lesionar o 
bem jurídico. O fato típico pressupõe um comportamento que transcenda a esfera individual do autor e seja capaz de atingir o 
interesse público do outro (altero). (CAPEZ , 2005, p.15). 
 
 
 
Segundo Capez, esse princípio foi desenvolvido por Claus Roxin, ele afirmava que alguém só poderia ser castigada por 
comportamento que lesionasse o direito de outrem. A conduta ocorrida apenas na esfera do ser pessoal, ou individual, seja ela 
pecaminosa, imoral, escandalosa ou diferente não deve ser imposta ao ser uma sanção penal. Assim, pode-se inferir que: a 
autolesão não é crime, salvo quando houver intenção de prejudicar alguém. 
 
 
 
De acordo com o STF “não constitui delito de posse de droga para uso próprio a conduta de quem, recebendo de terceiro a 
droga, para uso próprio, incontinente a consome”. Nestecaso não houve detenção, nem perigo social, mas simplesmente o 
uso. Se houvesse crime, a pessoa estaria sendo castigada por ter feito mal à sua saúde e a de mais ninguém. (CAPEZ, 2005, 
p. 16). 
 
 
 
O fator impulsionador da ideologia deste princípio seria, portanto, a lesão a terceiros. Dessa forma, fica evidente que seria 
impossível punir alguém que faz mal a si mesmo, tal como um suicida. 
 
 
 
 
 
 
 
5- PRINCÍPIO DA CONFIANÇA 
 
 
 
O princípio da confiança refere-se ao fato de uma pessoa não poder ser relegada a culpabilidade, quando nela não se impõe o 
dever da prática ou omissão do ato ilícito. 
 
É no pressuposto real de que todo ser humano deve agir conforme a licitude que o princípio da confiança se manifesta. O 
agente que decorre de um fato espera sempre de outrem uma ação correspondente com os princípios norteadores da 
sociedade para viver em harmonia e ordem. É um sistema de confiança recíproca invocada pelo ser humano na prática dos 
atos afins. Esse princípio mantém certa comparação com a proteção da confiança depositada pelos sujeitos no tráfego jurídico. 
As relações jurídicas decorrentes deste princípio está na certeza de que há veracidade nos atos de outrem. Ou seja, o princípio 
da confiança promove a previsibilidade do Direito a ser cumprido, assegurando que a fé na palavra dada não é infundada. 
 
O princípio da confiança encontra-se coligado com os elementos e aspectos subjetivos da segurança, ou seja, relaciona-se 
com a calculabilidade e a previsibilidade dos indivíduos no que tange aos efeitos jurídicos de atos dos poderes públicos, tanto 
nas esferas do Legislativo e Judiciário, como também no âmbito do Poder Executivo. 
 
Não se pode punir alguém quando esse tem de depositar confiança em outrem, e esse outrem, não o corresponde. Um 
exemplo, claro, seria o caso de um motorista que trafegando pela preferencial, passa por um cruzamento, na confiança de que 
um veículo em sentido secundário o aguardará na passagem. Se houver acidente, o motorista do veículo que estava na 
preferencial não terá agido com culpa. Capez, (2005, p.18), “Em suma, se o comportamento do agente se deu dentro do que 
dele se esperava, a confiança é permitida, quando há abuso de sua parte em usufruir da posição que desfruta incorrerá em 
fato típico”. 
 
 
 
6 - PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL 
 
 
 
O princípio da adequação social considera criminoso tudo aquilo que a sociedade não considera justo, ou seja, tem como 
afronta apenas os atos lesivos que ferem o sentimento social de justiça. Para essa teoria somente será tipificado as condutas 
que possuirem certa agressão a ordem social. Nesse sentido o tipo penal vai pressupor uma atividade seletiva de 
comportamento, enquadrando-se apenas os casos cujo o interesse público, seja lesionado. Assim, as condutas aceitas pela 
sociedade e consideradas normais não podem sofrer qualquer tipo de punição. Algumas pessoas confudem esse princípio com 
o da insignificância, ocorrendo em mero erro, uma vez que, no princípio ora comparado, existe uma lesividade real aceita pela 
sociedade, porém de grau pouco valorativo, e no princípio da adequação social, não existe lesividade ou ato ilícito. Capez 
(2005, p. 19), ainda salienta: “Na adequação social, a conduta deixa de ser punida por não mais ser considerada injusta pela 
sociedade; na insignificância, a conduta é considerada injusta, mas de escassa lesividade”. 
 
Existe contudo uma certa discussão sobre o veracidade desse princípio, uma vez que, o costume ora em prática não revoga lei 
e o juiz não pode substituir-se como legislador e dar por revogada uma lei incriminadora em plena vigência, sob pena de negar 
os princípios constitucionais. 
 
O princípio da adequação social possui ainda uma dupla função: 
 
 
 
a) restringe o âmbito de aplicação do direito penal, limitando a sua interpretação, e dele excluindo as condutas consideradas 
socialmente adequadas e aceitas pela sociedade; 
 
b) orienta o legislador na eleição das condutas que se deseja proibir ou impor, com a finalidade de proteger os bens 
considerados mais importantes, seja incluindo novas condutas, seja excluindo condutas não mais inadequadas à convivência 
em sociedade. 
 
 
 
Observa-se que o princípio da adequação social não se presta a revogar tipos penais incriminadores. Mesmo que sejam 
constantes as práticas de algumas infrações penais, cujas condutas incriminadas a sociedade já não mais considera 
perniciosas, não cabe, aqui, a alegação, pelo agente, de que o fato que pratica se encontra, agora, socialmente adequado. Isto 
ocorre, por exemplo, com o “jogo do bicho”, que porquanto não seja socialmente inadequado, permanece contravenção penal. 
 
Enfim, podemos concluir que esse princípio é ainda muito discutido na esfera doutrinal. Tal fato se dê, por haver uma certa 
imprecisão e insegurança nesse princípio, logo ser imprescíndivel que seja observado sempre com análise critériosa do caso 
concreto e com muitas ressalvas. 
 
 
 
7 - INTERVENÇÃO MÍNIMA 
 
 
 
O princípio da intervenção mínima foi desenvolvido no contexto do grande movimento social que culminou a ascensão da 
burguesia no período do Estado Moderno. Segundo a linha ideológica de Montesquieu - de que o povo para viver 
virtuosamente bastavam a eles poucas leis - vários levantes revolucionários defenderam a idéia da utilização da pena apenas 
em casos extremados. 
 
Batista, apud, Tobias Barreto (2004, p. 84), afirmava que “a pena é um meio extremo e como tal é também a guerra”. É 
possível observar nessa comparação o grau de privação ou punição que pode causa o ramo do Direito Penal. Esse ramo tem 
como uma de suas características o poder de coativamente fazer o ser humano, que cometeu certos delitos, ser privado de sua 
liberdade, sendo então imposto a ele uma sanção extremamente severa. Com base na proteção do indíviduo e na ação 
arbitrária do governante a burguesia colocou o Direito Penal apenas em casos que outros ramos do direito não lhe impregasse 
solução. Temos, portanto, a chamada utima ratio. 
 
 
 
... firmou a concepção da pena como ultima ratio: o “direito penal só deve intervir nos casos de ataques muito graves aos bens 
jurídicos mais importantes, e as perturbações mais leves da ordem jurídica são objeto de outros ramos do direito”. O princípio 
da intervenção mínima não está expressamente inscrito no texto constitucional (onde permitiria o controle judicial das 
iniciativas legislativas penais), e no código penal, integrando a política criminal. (BATISTA, 2004, p. 85). 
 
 
 
Se o princípio da intervenção mínima não está patente no contexto constitucional poderia-se pensar ser ele incoerente, fato 
não configurado verdade. O princípio máximo da própria constituição está na dignidade da pessoa humana e como tal não 
pode ela ser privada de sua liberdade, a menos que, tenha recorrido a todos os outros meios de punição. Logo, caberá ao 
legislador e ao intérprete da lei fazer-se valer dos princípios fundamentais imposto na Carta Magna e ainda aos demais 
operadores do Direito proceder no enquadramento típico, quando notar que, o caso ora em voga está a ser resolvido depois de 
já ter esgotado todas outras formas de solução. 
 
Enfim, age o Direito Penal para proteger os bens jurídicos não suficientemente protegidos pelos outros ramos do Direito, bens 
que, por sua vez, sejam salutares à vida em sociedade. Outra característica importante desse princípio é o fator limitador do 
poder de punir do Estado. O poder punitivo do Estado deve estar regido e limitado pelo princípio da intervenção mínima. O 
Direito Penal somente deve intervir nos casos de ataques muito graves aos bens jurídicos mais importantes. As perturbações 
mais leves do ordenamento jurídico são objeto de outros ramos do Direito. 
 
O princípio da intervenção mínima, ou ultima ratio, (como já foi dito) possui o poder de identificar os bens jurídicos mais 
relevantes,merecedores de proteção pelo Direito Penal da mesma forma que é responsável pelo movimento oposto, ou seja, 
identificar quais os bens jurídicos carecedores de importância à luz do Direito Penal. A esse fenômeno dá-se o nome de 
descriminalização. Batista, (2004, p.86), “De fato, se o fim da pena é fazer justiça, toda e qualquer ofensa ao bem jurídico deve 
ser castigada; se o fim da pena é evitar o crime, cabe indagar da necessidade, da eficiência e da oportunidade de cominá-la 
para tal ou qual ofensa”. 
 
Ao princípio da intervenção mínima corrobora ainda duas características principais: a fragmentariedade e a subsidiariedade. 
 
 
 
Da intervenção mínima decorre, como corolário indestacável, a característica de subsidiariedade. Com efeito, o ramo penal só 
deve atuar quando os demais campos do Direito, os controles formais e sociais tenham perdido a eficácia e não sejam capazes 
de exercer essa tutela. Sua intervenção só deve operar quando fracassam as demais barreiras protetoras do bem jurídico 
predispostas por outros ramos do Direito. (CAPEZ, 2005, p.22). 
 
 
 
O caráter fragmentário do direito penal significa, em síntese, que uma vez escolhidos aqueles bens fundamentais, comprovada 
a lesividade e a inadequação das condutas que os ofendem, estes bens fazerão parte de uma pequena parcela que é 
protegida pelo direito penal, originando-se assim, a sua natureza fragmentária. O Princípio da Fragmentariedade se 
consubstanciará, portanto, no plano abstrato, antes da criação dos tipos penais. Segundo, Batista, o caráter fragmentário foi 
observado pela primeira vez no Direito Penal por Binding, em seu Tratado de Direito Penal Alemão Comum, e desde sua 
propagação esse tema se faz presente na parte especial do código penal. Nos últimos anos esse princípio tem recebido um 
acréscimo no seu conceito. Esses são referentes a uma análise mais relativa do princípio da fragmentáriedade. Um 
interessante questionamento é levantado por Batista (2005, p.86), “De fato se o fim da pena é fazer justiça, toda e qualquer 
ofensa ao bem jurídico deve ser castigada; e se o fim da pena é evitar o crime, cabe indagar da necesdidade, da eficiência e 
da oportunidade de cominá-la para tal ou qual ofensa”. Nesse sentido é possível observar que segundo um caráter relativo o 
crime e a punição vai se dar segundo os critérios composto pelo bem verdadeiramente lesado. A fragmentariedade tem um 
papel ímpar a partir do momento que tutela os bens permissíveis a uma ação extremada de punição, desse modo, sendo o 
Direito Penal a forma mais drástica de intervenção na vida social, seu caráter fragmentário, antes de representar um defeito, se 
apresenta como uma virtude, na medida em que impõe o limite imprescindível a um totalitarismo da proteção estatal, este sim 
prejudicial dentro de um Estado Democrático de Direito. Assim é que a natureza da fragmentariedade do Direito Penal trata de 
um limite material do ius puniendi, de natureza político-criminal, que tem a sua origem no princípio da intervenção mínima. 
 
A subsidiariedade põe em debate o caráter autônomo do Direito Penal, sobre sua natureza constitutiva ou sancionadora. 
Nessa teoria a ação penal se dá unicamente por ineficácia dos demais ramos em fazer-se cessar a turbação da ordem. Para, 
tal ato, do Direito Penal deveria-se aplicar uma pena severa tal que não contradizesse com o real fim. 
 
 
 
A subsidirariedade coloca a questão da autonomia do direito penal, que se resolve em saber se é ele constitutivo ou 
sancionador. Predomina no Brasil o entendimento de ser ele constitutivo, afirmando Fragoso que, “mesmo quando o direito 
penal tutela bens e interesses jurídicos já tutelados pelo direito privado, o faz de forma peculiar e autônoma”. (BATISTA, 2004, 
p.88). 
 
 
 
Quanto aos argumentos se seria a subsidiareidade, no Direito Penal, constitutivo, temos: 
 
 
 
a) No caráter original do tratamento penal; 
 
 
 
b) Na conveniência de conceitos jurídicos com distintos conteúdos - esse argumento se baseia na existência de conceitos 
jurídicos distintos no próprio direito penal; 
 
 
 
c) Na existência de matéria só versada pelo Direito Penal - esse argumento se refere as hipóteses exóticas, como crueldade 
contra animais, ou, recorrente ao crime de omissão de socorro. 
 
 
 
Exemplo de Aplicação da Intervenção Mínima 
 
 
 
Uma parcela da Doutrina discute, atualmente, a possibilidade de criminalização do fato de se emitir cheques sem provisão de 
fundos, com o intuito de dimuir os maus pagadores. Entretanto, Rogério Greco adverte que: "Esse raciocínio, feito com base no 
príncípio da intervenção mínima levará o legislador a refletir e a sopesar a eficiência e aplicação de outras medidas para inibir a 
mencionada conduta, e, se, entender que são sufucientes, não mais haverá necessidade de intervenção do direito penal, cuja 
aplicação se mostrou desnecessária". 
 
 
 
8 - PRINCIPIO DA PROPORCIONALIDADE 
 
 
 
Segundo Greco, (2005, p.21) O Princípio da Proporcionalidade veio a lume em 1764, na obra Dos delitos e das penas, na qual 
Cesare Bonessana (Marquês de Beccaria) ou Cesare Beccaria afirmava que “para não ser um ato de violência contra o 
cidadão, a pena deve ser, de modo essencial, pública, pronta, necessária, a menor das penas aplicável nas circunstâncias 
referidas, proporcionada ao delito e determinada pela lei”. 
 
O princípio da proporcionalidade exige que se faça um juízo de ponderação sobre a relação existente entre o bem que é 
lesionado ou posto em perigo (gravidade do fato) e o bem de que pode alguém ser privado (gravidade da pena). Toda vez que 
existir, nessa relação, um desequilíbrio acentuado, estabelecido em conseqüência de inaceitável desproporção, entra em ação 
o princípio da proporcionalidade. Esse responsável por rechaçar, portanto, o estabelecimento de cominações legais 
(proporcionalidade em abstrato) e a imposição de penas (proporcionalidade em concreto) que careçam de relação valorativa 
com o fato cometido considerado em seu significado global. 
 
O princípio da proporcionalidade está patente no texto constitucional sob diversar formas, a saber: 
 
 
 
XLVII - Não haverá pena: 
 
a) de morte, salvao em caso de guerra declarada, nos termos do artigo 84, XIX; 
 
b) de caráter perpétuo; 
 
c) de banimento; 
 
d) cruéis; (CF, art. 5º) 
 
 
 
XLVI - A lei regulará a individualização da pena e adortará, entre outras, as seguintes: 
 
a) privação ou restrição da liberdade; 
 
b) perda de bens; 
 
c) multa; 
 
d) prestação social alternativa; 
 
e) suspensão ou interdição de Direitos. (CF, art. 5º) 
 
 
 
No primeiro texto, acima, temos a restrição a certos tipos de punição, como forma de manter uma certa distribuição equilibrada 
da justiça segundo a relação custo-benefício. Privar o indíviduo de uma futura liberdade é uma privação demasiadamente 
onerosa, gera-se um custo muito alto para a sociedade, talvez nesse sentido não adotar, por exemplo, a pena de caráter 
pérpetuo. 
 
No segundo texto, a pena a ser aplicada deve ser individualizada, não compromentendo assim terceiros que injustamente 
poderia a vir a ser punido. Os atos mencionados não exclui a aplicação da pena em casos de grande gravidade social, daí 
estar inscrito na Constituição Federal o seguinte texto: 
 
 
 
XLII - A prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; 
 
XLIII - A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de 
entropecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os 
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; 
 
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e 
o Estado Democrático; (CF, art. 5º). 
 
 
 
 
 
Como tambémé brando para ações lesivas de menor potencial de ofensa. 
 
 
 
A união, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: 
 
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para conciliação, o julgamento e a 
execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os 
procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por 
turmas de juízes de primeiro grau; (CF, art. 98). 
 
 
 
A criação de um novo delito supõe a aplicação de um ônus a sociedade e, esse por sua vez, a priva, em certos casos, o ser da 
sua liberdade. Entra em voga a coação Estatal como forma de punir o infrator, entretanto, a sociedade não pode sentir-se 
plenamente coagida, acuada, a todos os tipos penais que sem o princípio da proporcionalidade venham a vigorar. 
 
A segurança é um dos objetivos almejados pelo homem e Rousseau já falava isso quando escreveu o contrato social. Ao 
abdicar da liberdade, em prol de segurança e harmonia, a pessoa se vê limitada a certos atos, logo essa limitação não pode 
ser demasiada. Entra-se em pauta uma ideologia que ressoa como uma faca de dois gumes, em que se pederá o abusivo do 
brando. 
 
 
 
Uma sociedade incriminadora é uma sociedade invasiva, que limita em demasia a liberdade das pessoas. 
 
Por outro lado, esse ônus é compensado pela vantagem de proteção do interesse tutelado pelo tipo incriminador. A sociedade 
vê limitados certos comportamentos, ante a cominação da pena, mas também desfruta de uma tutela a certos bens, os quais 
ficarão sob a guarda do Direito Penal. (CAPEZ, 2005, p.23-24). 
 
 
 
Enfim, pelo princípio da proporcionalidade, quando o custo for demasiadamente oneroso e que ponha em xeque a vantagem 
em aplicá-lo, será essa ação inconstitucional, pois fere o Estado Democrático de Direito. 
 
 
 
 
 
9 - PRINCÍPIO DA HUMANIDADE 
 
 
 
O princípio da humanidade está expresso na Constituição Federal do Brasil de 1988 e na Declaração Universal dos Direito 
Humanos. 
 
A idéia de humanização das penas criminais tem sido uma reivindicação constante no ao longo da história e da prática do 
Direito Penal. Das penas de morte e corporais, passa-se, de modo progressivo, às penas privativas de liberdade e destas às 
penas alternativas, como por exemplo: multa, prestação de serviços à comunidade, interdição temporária de direitos, limitação 
de fim de semana. Em um Estado de Direito democrático vedam-se a criação, a aplicação ou a execução de pena, bem como 
de qualquer outra medida que atentar contra a dignidade humana. Importa ressaltar que, historicamente, a noção de atos 
humanos, como princípio jurídico, já se fazia presente no século XVII, no ideário do Direito natural racional, 
 
 
 
Nesse passo, têm-se apontado, como exemplos de previsão explícita do princípio da razoabilidade pela Carta Constitucional 
brasileira, em sede penal, os princípios da personalidade (art. 50, XLV) e da individualização da pena (art. 5.0, XLVI); a 
proibição de penas de morte, de prisão perpétua, de trabalhos forçados, de banimento e cruéis (art. 5..0, XLVII); o cumprimento 
da pena em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado (art. 5..0, XLVIII); a 
garantia de respeito à integridade física e moral do preso (art. 5..0, XLIX) e a dispensa de identificação criminal para o 
civilmente identificado (art. 5..0, LVIII). (PRADO, 2002, p.123). 
 
 
 
O princípio da humanidade é o reflexo da segurança e da defesa do cidadão contra a ação do Estado, ela por sua vez, 
estabelece a ordem material e restritiva da lei penal, verdadeira salvaguarda da dignidade pessoal, relacionando-se de forma 
estreita com os princípios da culpabilidade e da igualdade. 
 
 
 
A Constituição estabele-ce como fundamento do Estado de Direito democrático a dignidade da pessoa humana (art.1º, III, CF), 
dispondo, ainda, expressamente, que: "a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais" 
(art.5º, XLI, CF); "não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art.5º, XLVII, a e 84, XIX; 
b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis" (art. 5.°, XLVII, CF); "é assegurado aos presos o 
respeito à integridade física e moral" (art. 5.0, XLIX, CF). Também a Lei de Execução Penal dispõe que "ao condenado e ao 
internado serão assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei. Não haverá qualquer distinção de 
natureza racial, social, religiosa e política" (art. 3.° e parágrafo único). (PRADO, 2002, p. 123). 
 
 
 
O princípio da humanidade é um importante ferramenta para o cidadão, ela protege a sociedade de ter imposta sobre si um 
tipo penal ou cominação de uma pena que atente contra a incolumidade física ou moral. A pena imposta a um infrator não 
passará de sua pessoa, diz Capez: 
 
 
 
“Do princípio da humanidade decorre a impossibilidade de a pena passar da pessoa do deliquente, ressalvados alguns dos 
efeitos extrapenais da condenação, como obrigação de reparar o dano na esfera cível, que podem atingir os herdeiros do 
infrator até os limites da herança (CF, art. 5º, XLV). (CAPEZ, 2005, p. 24). 
 
 
 
 
 
Podemos diante do exposto compreender que o princípio da humanidade foi criado segundo uma trajetória histórica em que a 
sociedade se viu desprotegida e coagida, além do que seu direito natural poderia suportar. A pena não deve por em sofrimento 
o condenado, nem tampouco deixar de desconsiderar o ato lesivo causado pelo criminoso. Para que haja justiça deve-se haver 
um mínimo de equilíbrio, esse, praticado segundo o abandono das paixões sociais de justiça em prol do mérito da 
razoabilidade e proporcionalidade, pois a vingança não gera benefício algum. 
 
 
 
10 - PRINCÍPIO DA NECESSIDADE E IDEONEIDADE 
 
 
 
O princípio da idoneidade refere-se ao processo pelo qual uma incriminação penal só pode ser tipificada se realmente for 
comprovada, empiricamente, que os demais ramos do direito não pode fazê-lo. 
 
Esse dispositivo tem o objetivo de dar proteção real e concreta ao bem jurídico. Sendo assim, nenhuma incriminação subsistirá 
quando a definição legal se mostrar ineficiente, quer seja pelo excessivo rigor, ou, pela afronta a dignidade humana. Capez, 
(2005, p.24), diz: “A incriminação de determinada situação só pode ocorrer quando a tipificação revelar-se necessária, idônea e 
adequada ao fim a que se destina, ou seja, à concreta e real proteção do bem jurídico”. 
 
Diante deste princípio é imprescindível uma definição mais absoluta possível do bem jurídico, pois, nas palavras de Capez, 
(2005, p.24) “um tipo sem bem jurídico para defender é como um processo sem lide para solucionar, ou seja, um nada”. 
 
 
 
11 - PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE, PRINCÍPIO DO FATO E DA EXCLUSIVA PROTEÇÃO DO BEM JURÍDICO 
 
 
 
O princípio da ofensividade tem por escopo afirmar que não há crime quando a conduta não tiver oferecido um mínimo de 
perigo concreto, real e comprovado ao bem jurídico. 
 
No Direito Penal, o delito deve ser compatível com a legalidade, e em conseqüência disso seu resultado é a proteção de bens 
jurídicos. O delito estruturado como ofensa concreta a esses bens jurídicos, na forma de lesão ou perigo concreto de lesão, 
destoa a estrutura constitucional responsável por defender os bens tutelados pelo Estado. Qualquer teoria do fato punível 
fundada no mero desvalor da ação não resultará em delito sem desvalor do resultado, ou seja, sem afetação de bens jurídicos 
de terceiras pessoas. 
 
 
 
Conceber o Direito Penal como um adequado instrumento de tutela dos bens jurídicos de maior relevância para a pessoa e, 
por outra parte, entender que sua intervenção somente se justifica quando esse mesmo bem jurídico se converte em objeto de 
uma ofensaintolerável implica, sem dúvida, repudiar os sistemas penais autoritários ou totalitários, do tipo opressivo, fundados 
em apriorismos ideológicos ou políticos radicais, como os que já, historicamente, vitimizam tantos inocentes. * 
 
 
 
O Direito Penal inspirado no paradigma da ofensividade guarda consonância com a concepção de que a pena – tal como 
assinalam os doutrinadores da filosofia das Luzes: Montesquieu, Beccaria, Romagnosi, Betham, etc. – deve ser a necessária e 
a mínima das possíveis e se justifica para a prevenção de novos delitos. 
 
O princípio em análise considera ser inconstitucional todos os chamados “delitos de perigo abstrato”, pois não poderá haver 
crime sem compravada lesão do perigo a um bem tutelado juridicamente. Na ofensividade somente é considerado a existência 
de uma infração penal quando houver efetiva lesão ou real perigo de lesão ao bem jurídico. Dessa forma, Capez, apud, Luiz 
Flávio Gomes, diz: 
 
 
 
“A função principal do princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos é a de delimitar uma forma de direito penal, o direito 
penal do bem jurídico, daí que não seja tarefa sua proteger a ética, a moral, os costumes uma ideologia, uma determinada 
religião, estratégias sociais, valores culturais como tais, programas de governo, a norma penal em si, etc. O direito penal em 
outras palavras, pode e deve ser conceituado com um conjunto normativo destinado à tutela de bens jurídicos, isto é, de 
relações sociais conflitivas valoradas positivamente na sociedade democrática. O princípio da ofensividade, por sua vez, nada 
diz diretamente sobre a missão ou forma do direito penal, senão que expressa uma forma de compreender ou de conceber o 
delito: o delito como ofensa a um bem jurídico. E disso deriva, como já afirmamos tantas vezes, a inadmissibilidade de outras 
formas de delito (mera desobediência, simples violação da norma imperativa, etc). Em face do exposto impende a conclusão 
de que não podemos mencionar tais princípios indistintamente, tal como vêm fazendo alguns setores da doutrina e da 
jurisprudência estrangeira. (CAPEZ, apud, GOMES, 2005, p.25-26). 
 
 
 
A função principal da ofensividade é a de limitar a pretensão punitiva estatal, fazendo-se pautar em um conteúdo claro, isso, 
quando se refere a lesão do bem jurídico. Conclui Capez, (2005, p.26), “Sem afetar o bem jurídico, não existe infração penal”. 
 
 
 
12 - PRINCÍPIO DA AUTO RESPONSABILIDADE 
 
 
 
O princípio da auto-responsabilidade decorre da prerrogativa de apenas o agente ser penalizado pelo fato ocorrido. Esse 
princípio tem sinônimo de princípio da responsabilidade pessoal, ou, princípio da intranscendência da pena, somente a pessoa 
do condenado é que terá que se submeter à sanção que lhe foi aplicada pelo Estado. 
 
Capez, cita um exemplo, muito satisfatório para dar referência a esse princípio: 
 
 
 
“O sujeito, aconselhado por outro a praticar esportes mais “radicais”, resolve voar de asa-delta. Acaba sofrendo um acidente e 
vindo a falecer. O resultado da morte não pode ser imputado a ninguém mais além a vítima, pois foi sua vontade livre, 
consciente e responsável que a impeliu a correr riscos”. (CAPEZ, 2005, p.27). 
 
 
 
 
 
13 - PRINCÍPIO DA RESPOSABILIDADE PELO FATO 
 
 
 
O fato típico comprovado na legalidade é o único meio de responsabilização do agente que veio a cometer um delito. O direito 
penal, nesse sentido, antes de implicar uma sanção o faz com respaldos legais em fatos ultrapassados além da própria 
pessoa. 
 
O pensamento, idéias, ideologias ou personalidade pessoal de uma pessoa que não tenha caráter exteriorizador não podem 
ser punidos pelo Direito Penal. 
 
 
 
A função do Estado consiste em proteger bens jurídicos contra comportamentos externos, efetivas agressões previamente 
descritas em lei como delitos, bem como estabelecer um compromisso ético com o cidadão para o melhor desenvolvimento das 
relações intersociais. (CAPEZ, 2005, p.27). 
 
 
 
O argumento de Capez, ante esse princípio, é que o ser humano, segundo a legislação brasileira, não pode ser condenado por 
pesar algo contrário a outrem, por possuir uma ideologia diversa da maioria, ter uma opção partidária contraria ao órgão 
legiferante. Logo, não se pode existir um Direito Penal voltado ao sentido abstrato da ação e subjetivo da ação, mas deve-se 
pautar a sanção numa prática concreta e objetiva do fato. 
 
 
 
14 - PRINCÍPIO DA IMPUTAÇÃO PESSOAL 
 
 
 
A imputação pessoal é o dispositivo utilizado pelo Direito Penal para punir ou castigar aquele que transgride a lei. 
 
O princípio da imputação penal tem o objetivo de criar um conjunto de características que serão analisadas antes de punir 
alguém. Dessa forma, não se poderá punir aquele que não possuir pleno discernimento do ato cometido. O artigo 26, do 
Código Penal, trata dos inimputáveis. 
 
 
 
É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação 
ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse 
entendimento. (CP. Art. 26) 
 
 
 
Enfim, o Direito Penal não pune os inimputáveis. 
 
 
 
15 - PRINCÍPIO DA PERSONALIDADE 
 
 
 
Segundo Capez, esse princípio afirma que ninguém poderá se responsabilizado por fato cometido por terceiros. A pena não 
pode passar da pessoa do condenado. 
 
 
 
Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de 
bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio 
transferido. (CF. Art. 5, XLV). 
 
 
 
 
 
16 - PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE SUBJETIVA 
 
 
 
No Direito Penal o fato típico é o elemento caracterizador da ação. Entretanto, a punição a sua violação não se dá por mera 
manifestação contrária a lei, é preciso que haja elementos atribuidores de responsabilidade ao dano causado. Dessa forma, 
ninguém poderá ser penalizado por não haver no fato uma culpa ou o dolo. 
 
 
 
Nenhum resultado objetivamente típico pode ser atribuido a quem não o tenha produzido por dolo ou culpa, afastando-se a 
responsabilidade objetiva. Do mesmmo modo ninguém pode ser responsabilizado sem que reúna todos os requisitos da 
culpabilidade. (CAPEZ, 2005, p. 28). 
 
 
 
O artigo 19 do Código Penal diz: “Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver 
causado ao menos culposamente”. 
 
 
 
17 - PRINCÍPIO DA CO-CULPABILIDADE OU CO-RESPONSABILIDADE 
 
 
 
Esse princípio não é adotado no Brasil. Ele diz referências a prática de uma infração penal que deve ser compartilhada entre o 
agente e a sociedade, para ocorrer sanção. 
 
 
 
18 - PRINCÍPIO DA LESIVIDADE 
 
 
 
Intimamente relacionado com o princípio da intervenção mínima (ultima ratio), o princípio da lesividade esclarece quais são as 
condutas passíveis de serem incriminadas pela lei penal. Aliás, o princípio o faz de forma negativa, ou seja, indicando quais 
condutas não podem ser incriminadas. 
 
 
 
A Doutrina enumera quatro principais funções do princípio da lesividade: 
 
 
 
a) proibir a incriminação de uma atitude interna (se é que existem “atitudes” internas); 
 
 
 
As idéias e convicções, os desejos, aspirações e sentimentos dos homens não podem constituir o fundamento de um tipo 
penal, nem mesmo quando se orientam para a prática de um crime: o projeto mental do cometimento de um crime (cogitação) 
não é punível (cogitationis poenam nemo patitur). Isso não significa absolutamente que o direito penal se desinteresse da 
atitude interna do homem, como já se verá ao tratarmos da culpabilidade. Antes da perspectiva da culpabilidade, 
encontraremos esse interesse no dolo (isto é, na consciência e vontade do autor acerca da conduta objetiva na consciência e 
vontade do autor acerca da conduta objetivaproibida), bem como em intenções, motivos e certos estados especiais e ânimo. 
Em qualquer hipótese, todavia, é imprescindível que a atitude interna esteja nitidamente associada a uma conduta externa. 
(BATISTA, 2004, p. 92). 
 
 
 
 
 
b) proibir a incriminação de uma conduta que não exceda o âmbito do próprio autor (daí não se punir a tentativa de suicídio); 
 
 
 
Iniciar uma conduta para a prática de um crime e não fazê-lo não constitui crime. O artigo 14 descreve o que venha ser crime e 
o não cometimento resulta numa não consumação. O artigo 31 do Código Penal, diz: “O ajuste, a determinação ou instigação e 
o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado”. 
 
O mesmo fundamento veda a punibilidade de autolesão. 
 
 
 
c) proibir a incriminação de simples estados ou condições existenciais (impede que seja erigido um direito penal do autor); 
 
 
 
Segundo, Batista, apud, Zaffaroni, um direito que não reconheça e ao mesmo tempo respeite a autonomia da moral da pessoa 
jamais pode apenar a pessoa. O direito penal só pode ser um direito penal de ação, e não um direito penal do autor, como 
eventualmente se pretendeu. 
 
O princípio da lesividade tenta impedir a imposição arbítria da pena e essa não pode infringir esse princípio tentando incriminar 
uma pessoa pelo seu simples estado pessoal. Sendo assim, exclui-se do campo do direito penal as medidas de segurança, 
uma vez que, como diz Batista (2004, p.94), apud, Zaffaroni, “um direito penal fundamento na perigosidade é um direito penal 
do autor”. 
 
 
 
d) proibir a incriminação de condutas desviadas que não afetem qualquer bem jurídico (não incriminação do que não toma 
banho, do homossexual). 
 
 
 
O princípio da incriminação de condutas desviadas refere-se ao ato de uma pessoa cometer qualquer ação que traga uma 
reprovação da coletividade, ou seja, desdobrar-se no assunto referente a diferença de práticas grupais ou individuais que 
podem ou não ser incriminadoras. 
 
 
 
Não se pode castigar ninguém porque use barba ou deixe de usá-la, porque corte ou não o cabelo, pois com isso não se 
ofende qualquer bem jurídico, e o direito não pode pretender legitimamente formar cidadãos com ou sem barba, cabeludos ou 
tonsurados, mais ou menos vestidos, mas tão só cidadãos que não ofendam bens jurídicos alheios”. (Batista 2004, p.94, apud, 
Zaffaroni). 
 
 
 
 
 
O bem jurídico é o elemento principal desse princípio e quando ele é perturbado tem-se o crime. Essa materialização da 
ofensa, de um lado, contribui para a limitação legal da intervenção penal, e de outro a legitima. Dessa forma, ela dá vida a 
existência do crime, e sua substância guarda a mais estrita dependência daquilo que o tipo ou tipos penais criados possam 
informar sobre os objetivos do legislador. 
 
O princípio informa o instituto do crime impossível, em que não existe a possibilidade de lesão ao bem jurídico penalmente 
protegido seja pela absoluta ineficácia do meio utilizado ou pela absoluta impropriedade do objeto. 
 
Conclui-se, portanto, que o princípio da lesividade informa o que exatamente foi perturbado na sociedade e segundo o objeto 
infringido pode-se acarretar sanções penais. 
 
 
 
19 - PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE 
 
 
 
Postulado basilar de que não há pena sem culpabilidade (nulla poena sine culpa) e de que a pena não pode ultra-passar a 
medida da culpabilidade — proporcionalidade na culpabilidade. 
 
Segundo o ilustre professor Dámasio de Jesus, (2004, p.03), “A pena só pode ser imposta a quem, agindo com dolo ou culpa, 
e merecendo juízo de reprovação, cometeu um fato típico e antijurídico”. Seria, portanto, um fenômeno individual em que o 
juízo de reprovabilidade recairia sobre o ser imputável que, podendo agir de maneira diversa, tinha condições de alcançar o 
conhecimento da ilicitude do fato. 
 
 
 
O princípio da culpabilidade deve ser entendido, em primeiro lugar, como repúdio a qualquer espécie de responsabilidade pelo 
resultado, ou responsabilidade objetiva. Mas deve igualmente ser entendido como exigência de que a pena não seja infligida 
senão quando a conduta do sujeito, mesmo associada causalmente a um resultado, lhe seja reprovável. (BATISTA, 2004, 
p.103). 
 
 
 
Ademais, o princípio da culpabilidade possui uma subjetividade da responsabilidade penal. Em caso de conduta lesionadora 
dos preceitos penais é imprescindível a caracterização do elemento culpa ou dolo. 
 
Podemos, assim sintetizar esse princípio como caracterizador de culpabilidade por aquele que transgride as normas legais. 
 
 
 
20 - PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA 
 
 
 
A Constituição declara o princípio da individualização da pena (art. 5°, XLVI) que é regulado pela legislação ordinária (CP art. 
59 e s. e CPP art. 387, I e II). 
 
A palavra individualização refere-se apenas ao indivíduo , no sentido natural de solitário, vale dizer, cada ser humano em 
relação à sua espécie. Não se aplica às coisas, mas somente ao homem que ocupa um lugar na natureza. Dessa forma, o 
julgador deve fixar a pena conforme a cominação legal e determinar a forma de sua execução. 
 
Para os efeitos penais, o termos individualização refere-se exclusivamente à pessoa física e que atua como sujeito ativo das 
infrações. 
 
Alguns autores como Rogério Greco define esse princípio em duas partes, vejamos: 
 
 
 
1. FASES DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA 
 
 
 
O primeiro momento da individualização da pena ocorre com a seleção feita pelo legislador, quando escolhe as modalidades 
de penas a serem aplicadas. 
 
 
 
a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: 
 
a) privação ou restrição da liberdade; 
 
b) perda de bens; 
 
c) multa; 
 
d) prestação social alternativa; 
 
e) suspensão ou interdição de direitos; (CF, Art. 5º XLVI) 
 
 
 
A segunda fase é a atribuição de uma pena a determinados crimes de acordo com sua lesividade ao bem jurídico protegido, 
levando em consideração, também, a intenção do agente (se agiu com dolo ou culpa). A essa fase dá-se o nome de 
cominação. É levada a efeito pelo poder legislativo, em uma atividade anterior ao fato criminoso. 
 
A terceira fase é a denominada aplicação da pena, na qual o julgador deve atentar às determinações contidas no Código 
Penal, (circunstâncias judiciais): 
 
 
 
O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às 
circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário o 
suficiente para reprovação e prevenção do crime: 
 
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; 
 
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; 
 
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; 
 
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. (CP, Art. 59). 
 
 
 
A fixação da pena-base, de acordo com o critério trifásico determinado pelo artigo 68 do Código Penal: 
 
 
 
- circunstâncias judiciais; 
 
- circunstâncias atenuantes e agravantes; 
 
- causas de diminuição e de aumento de pena. 
 
 
 
A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do artigo 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias 
atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento. 
 
Parágrafo único. No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um 
só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua. (CP, Art. 68). 
 
 
 
Por fim, ocorre também a individualização na fase de execução penal, de acordo com o artigo 5o, da Lei 7.210/84 (Lei de 
Execução Penal), “Os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientara 
individualização da execução penal”. 
 
 
 
2. INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA E A LEI N.o 8.072/90 
 
 
 
Com o advento da lei n.o 8.072/90, começou uma discussão acerca da constitucionalidade do §1o do artigo 2o da referida lei, 
tendo em vista que impunha o total cumprimento da pena em regime fechado, seja qual a modalidade de crime praticado, 
desde que hediondo, em possível afronta ao princípio da individualização da pena. O STF e STJ têm opiniões divergentes. 
Enquanto o STJ diz ser impossível à legislação ordinária impor regime único, inflexível, visto que o princípio da individualização 
da pena obrigava o juiz a atender a 3 fases na sua aplicação, o STF diz não haver inconstitucionalidade, visto ter o constituinte 
atribuído ao legislador originário a competência para fixar os parâmetros dentro dos quais o julgador poderá efetivar a 
concreção ou a individualização da pena. 
 
Conclui-se que o princípio da individualização da pena enquadra apenas o homem como ser passível de cometimento de crime 
dentro das preposições legais. 
 
 
 
21 - PRINCÍPIO DA EXCLUSIVA PROTEÇÃO DO BEM JURÍDICO 
 
 
 
O princípio do bem jurídico, refletido por diversas normas constitucionais (arts. 5°, 6°, 14, 144, 17o e s.) deve integrar todo o 
sistema penal moderno, afeiçoado às exigências de um Estado Democrático de Direito e composto por um vasto repertório de 
fatos ilícitos. Não é admissível a incriminação de condutas que não causem perigo, ou dano, aos bens dos indivíduos e da 
coletividade. 
 
O art. 13 do Código Penal - “O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. 
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido” - estabelece a relação de causalidade entre 
a conduta humana e o evento típico, afirmando que a existência do crime depende de um resultado, ou seja, de um dano ou 
um perigo de dano a um bem tutelado pelo Direito Penal. 
 
O sistema constitucional e penal brasileiro consagra o direito penal do fato e reprova o chamado direito penal da vontade, com 
base na periculosidade do sujeito. 
 
Não existe incriminação fora dos limites do fato típico, ilícito e culpável. 
 
O art. 2° do CP -“Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a 
execução e os efeitos penais da sentença condenatória” - indica expressamente o fato (humano) como requisito do crime e 
pressuposto da pena. Em várias outras passagens do diploma assim também ocorre, ora com referência à ação, ou, omissão 
ora com a menção da palavra fato, ou, de uma situação que o identifique. Pode-se concluir que fora do fato não há crime e 
sem a conduta não existe pena. 
 
 
 
22- PRINCÍPIO DA EXTRA-ATIVIDADE PENAL 
 
 
 
Extra-atividade é a possibilidade de a lei penal, depois de revogada, continuar a regular fatos ocorridos durante a vigência 
(ultra-atividade) ou retroagir para alcançar fatos ocorridos antes de sua entrada em vigor (retroatividade). 
 
A regra geral, trazida pela CF, é a proibição da retroatividade in pejus (para prejudicar o agente), permitindo somente a 
retroatividade in melius (para beneficia-lo). De acordo com o inciso XL do artigo 5o, “a lei penal não retroagirá, salvo para 
beneficiar o réu”. 
 
Com relação a reatroatividade da lei é importante adentrar um pouco no tempo do crime e nos seus corolários. 
 
 
 
Tempo do Crime 
 
 
 
Tempo do crime é o momento em que se considera o crime praticado. Essa noção é necessária para resolver problemas de 
confronto de leis que se sucedem no tempo. Várias teorias procuram identifica-lo: 
 
 
 
a) teoria da atividade – tempo do crime é o da ação ou da omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. 
 
b) teoria do resultado – o tempo do crime é o da ocorrência do resultado, não importando o tempo da conduta comissiva ou 
omissiva 
 
c) teoria mista ou da ubiqüidade – considera os dois fatores. O tempo do crime será o da ação ou omissão, bem como o do 
momento do resultado. 
 
 
 
O artigo 4o, do Código Penal, dispõe - “Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja 
o momento do resultado”. 
 
Disso podemos concluir que o nosso Código Penal adotou a teoria da atividade para explicar o tempo do crime. 
 
 
 
Extra-atividade da lei penal - espécies 
 
 
 
A extra-atividade pode se desdobrar no tempo para frente ou para trás, dando origem, respectivamente à ultra-atividade ou à 
retroatividade. 
 
 
 
Ultra-atividade – ocorre quando a lei, mesmo depois de revogada, continua a regular os fatos ocorridos durante a sua vigência; 
 
Retroatividade – possibilidade conferida à lei penal de retroagir no tempo, a fim de regular os fatos ocorridos anteriormente à 
sua entrada em vigor. 
 
A ultra-atividade e a retroatividade da lei penal serão realizadas, sempre, em benefício do agente, e nunca em seu prejuízo, e 
pressupõem, necessariamente, a sucessão de leis no tempo. 
 
 
 
Novatio legis in mellius e novatio legis in pejus 
 
 
 
O parágrafo único do artigo 2º do Código Penal determina que: “Parágrafo único. A lei posterior, que de qualquer modo 
favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado”. 
 
A lei nova, editada posteriormente à conduta do agente, pode conter dispositivos que beneficiem ou que prejudiquem o 
mesmo. Se beneficiá-lo, será considerada uma novatio legis in mellius. Se prejudicá-lo será considerada uma novatio legis in 
pejus. 
 
A novatio legis in mellius terá sempre efeito retroativo, sendo aplicada aos fatos ocorridos anteriormente à sua vigência, ainda 
que, já tenha havido sentença com trânsito em julgado. 
 
 
 
Aplicação da novatio legis in pejus nos crimes permanentes e continuados 
 
 
 
Crime Permanente – é o crime cuja execução se prolonga, se perpétua no tempo. Existe uma ficção jurídica de que o agente, a 
cada instante, enquanto durar a permanência, está praticando atos de execução. Na verdade, a execução e a consumação do 
delito acabam se confundindo. 
 
 
 
Crime Continuado – ocorre quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma 
espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os crimes subseqüentes ser 
havidos como continuação do primeiro. 
 
 
 
Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições 
de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do 
primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, 
de um sexto a dois terços. (art. 71, do CP). 
 
 
 
Como será feita a aplicação de uma lei posterior ao início da execução do crime – seja ele continuado ou permanente – 
quando essa lei posterior agrava a situação do agente? De acordo com a Súmula 711, do STF, a lei penal mais grave aplica-se 
ao crime continuado ou ao crime permanente, se sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. 
 
Portanto, tanto no crime permanente quanto no crime continuado será aplicada a lei mais grave, desde que não cessadas a 
permanência ou continuidade quando da entrada em vigência dessa lei. 
 
 
 
Abolitio criminis 
 
 
 
É o fenômeno pelo qual o legislador, atento às mutações sociais, resolve não mais incriminar determinada conduta, retirando 
do ordenamento jurídico-penal a infração que a previa. No CP, Art. 2º: “Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior 
deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória”. 
 
O efeito da descriminalização de uma conduta é a extinção de sua punibilidade. A extinção da punibilidade pode ocorrer na 
fase de inquérito ou já no processo. Se duranteo inquérito, a autoridade policial deve remetê-lo ao Ministério Público, que 
solicitará seu arquivamento. Se a denúncia já tiver sido recebida, o juiz, com base no artigo 61, do CPP, deverá declarar a 
extinção da punibilidade de ofício. 
 
 
 
Efeitos da abolitio criminis 
 
 
 
A abolitio criminis faz cessar todos os efeitos penais da sentença condenatória, subsistindo os efeitos civis. 
 
Quando existe uma sentença penal condenatória, ela serve de título executivo judicial para que a vítima ou seu representante 
ajuíze ação de execução contra o réu para a reparação dos prejuízos por ela (a vítima) experimentados em decorrência do 
crime. Esse título será mantido válido e eficaz mesmo se ocorrer a descriminalização da conduta. 
 
 
 
Sucessão de leis no tempo 
 
 
 
Entre a data do fato praticado e o término do cumprimento da pena pelo réu podem surgir várias leis penais que, de alguma 
maneira, tenham aplicação ao fato praticado pelo agente. Se a lei nova for benéfica, será retroativa. Se a lei anterior for mais 
benéfica, será ultra-ativa. 
 
 
 
Lei Intermediária 
 
 
 
A lei intermediária é aquela que não era vigente à data do fato nem à data da prolação da sentença. Deve ser aplicada sempre 
que, comparativamente a ambas, for mais benéfica, o que faz surgir uma retroativiade em relação à lei anterior e uma ultra-
atividade em relação a uma lei mais nova. 
 
 
 
Sucessão de leis temporárias ou excepcionais 
 
 
 
De acordo com o artigo 3o do Código Penal: “A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou 
cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência”. 
 
 
 
1. TEMPORÁRIA – a lei traz expressamente em seu texto o dia do início, bem como o dia do término de sua vigência. 
 
2. EXCEPCIONAL – editada em virtude de situações também excepcionais, cuja vigência é limitada pela própria duração da 
excepcionalidade. 
 
A ultra-atividade dessas leis visa a frustrar o emprego de expedientes tendentes a impedira a imposição de suas sanções a 
fatos praticados nas proximidades de seu termo final de vigência (lei temporária) ou da cessação das circunstâncias 
excepcionais que a justificaram (lei excepcional). 
 
Existe incompatibilidade entre a ultra-atividade dessas espécies de lei e o princípio da retroatividade da lex mitior? Para os que 
entendem que não, a lei ordinária, ao retomar seu vigor após a vigência da lei excepcional ou temporária, não tem o condão de 
mudar a concepção jurídica do fato. Com a nova situação não se pode dizer da exclusão da relação penal, mas da ausência de 
elementos do tipo. As situações punidas pelas leis excepcionais ou temporárias e aquelas punidas pela lei ordinária são 
completamente diferentes. Naquelas existe a contribuição do tempus como elemento de punibilidade na estrutura da norma 
incriminadora. 
 
Para os que entendem que sim, no momento em que o constituinte de 88 consagrou o princípio da irretroatividade da lei 
prejudicial ao agente sem fazer qualquer ressalva, só se poderia concluir que as leis penais temporárias e excepcionais não 
possuem ultra-atividade em desfavor do réu. O legislador não pode abrir exceção em matéria que o constituinte erigiu como 
garantia individual. 
 
 
 
Combinação de leis 
 
 
 
Ocorre quando, para atender ao princípio da extra-atividade in mellius, é dado ao julgador extrair das normas conflitantes 
fragmentos que atendam aos interesses do agente, desprezando os dispositivos que o prejudiquem. 
 
A Doutrina é dividida quanto à admissibilidade da combinação de leis em matéria penal. 
 
 
 
PRIMEIRA CORRENTE – IMPOSSIBILIDADE 
 
 
 
De acordo com essa corrente, o julgador não possui a faculdade de combinar dispositivos de leis diferentes tendo em vista 
que, se assim procedesse, estaria criando um terceiro gênero de lei, o que lhe é vedado. 
 
 
 
SEGUNDA CORRENTE – POSSIBILIDADE 
 
 
 
Em sentido oposto, alguns doutrinadores, Rogério Greco, são da opinião que em matéria de direito transitório não se pode 
estabelecer dogmas rígidos como esse da proibição da combinação de leis. Se de um lado estão tais dogmas absolutos, de 
outro estão os princípios da ultra-atividade e da retroatividade benéficas. 
 
 
 
Competência para aplicação da lex mitior 
 
 
 
Se uma lei nova, mais benéfica ao agente, surge durante a fase investigatória, o Ministério Público, ao receber os autos do 
inquérito, já deverá oferecer a denúncia com base no novo texto legal. 
 
Se a lei nova surge durante o curso da ação penal, o juiz ou tribunal poderão aplicar, imediatamente, a lex mitior. 
 
Se já houve o trânsito em julgado da sentença na ação penal, de acordo com o artigo 66, I, da Lei de Execução Penal, caberá 
ao juiz da execução aplicar o novo regramento. “Art. 66. Compete ao juiz da execução: I - aplicar aos casos julgados lei 
posterior que de qualquer modo favorecer o condenado; 
 
Contudo, é de se observar que o juiz da execução só será competente para dar efetividade à nova lei caso as alterações no 
processo se resumirem a cálculos matemáticos, ou seja, conquanto não tenha que realizar uma nova apreciação do mérito da 
ação penal de conhecimento. Caso contrário, a competência será do respectivo Tribunal, que deverá aplicar a nova legislação 
em grau de recurso, via ação de revisão criminal. 
 
Em síntese podemos concluir, diante do exposto, que a Extra-atividade tem o poder de tornar a lei revogada a entrar em vigor 
para beneficiar o reú no aso concreto. Esse procedimento se dá pela eficácia da lei momento posterior a sua revogação. 
 
 
 
 
 
23 - PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE 
 
 
 
A regra da territorialidade está insculpida no artigo 5o, do Código Penal: 
 
 
 
Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território 
nacional. 
 
§ 1º. Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de 
natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações 
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em 
alto-mar. 
 
§ 2º. É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de 
propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas 
em porto ou mar territorial do Brasil. (CP. 5º, §1 e 2). 
 
 
 
O Brasil não adotou a teoria absoluta da territorialidade, mas sim a teoria da territorialidade temperada, tendo em vista que o 
Estado pode abrir mão de sua jurisdição em atendimento a convenções, tratados e regras de direito internacional. 
 
 
 
24 - PRINCÍPIO DA EXTRA-TERRITORIALIDADE 
 
 
 
O Princípio da Extraterritorialidade se preocupa com a aplicação da lei brasileira fora dos limites territoriais do país, ou seja, às 
infrações penais cometidas além de nossas fronteiras, em países estrangeiros. 
 
A extraterritorialidade pode ser incondicionada (inciso I do artigo 7o) ou condicionada (inciso II, do mesmo artigo): 
 
 
 
INCONDICIONADA – traduz a possibilidade de aplicação da lei penal brasileira a fatos ocorridos no estrangeiro, sem que, para 
tanto, seja necessário o concurso de qualquer condição. 
 
 
 
Art. 7º. Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
 
I - os crimes: 
 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, 
sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; 
 
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 
 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliadono Brasil; (CP. Art. 7). 
 
 
 
Nessas hipóteses, o agente será punido segundo a lei brasileira, ainda que tenha sido condenado ou absolvido no estrangeiro. 
Vale dizer que, caso houver condenação no estrangeiro, deverá ser observado o artigo 8o do Código Penal: “A pena cumprida 
no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas”. 
 
 
 
CONDICIONADA – algumas condições têm de ser adimplidas para que o agente possa sujeitar-se à lei brasileira. 
 
 
 
Art. 7º. Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
 
II - os crimes: 
 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; 
 
b) praticados por brasileiros; 
 
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercante ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro 
e aí não sejam julgados. (CP. Art. 7) 
 
 
 
Podemos concluir que o princípio da extra-territorialidade tem o poder de versar sobre os fatos ocorrido fora do âmbito nacional 
seguindo determinados pressupostos legais.

Outros materiais