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Medidas socioeducativas - adolescência e a vulnerabilidade para o ato infracional e outro falso self

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Prévia do material em texto

Maíra Bonafé Sei 
Maria Elizabeth Barreto Tavares dos Reis 
(Organizadoras) 
 
 
 
 
 
 
 
 
Diálogos em Psicanálise - Anais da III 
Jornada do LEPPSI e II Seminário do curso 
de especialização em Clínica Psicanalítica 
da UEL 
 
 
 
 
 
 
 
 
1ª. Edição 
Londrina/PR 
Universidade Estadual de Londrina 
2017 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Catalogação na publicação elaborada pela Divisão de Processos Técnicos da 
 Biblioteca Central da Universidade Estadual de Londrina. 
 
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) 
 
 
 
 
J82a Jornada do LEPPSI (3. : 2017 : Londrina, PR) 
Anais da III Jornada do LEPPSI e [do] II Seminário do Curso de 
Especialização em Clínica Psicanalítica da UEL [livro eletrônico] : Diálogos 
em psicanálise / Organizadoras: Maíra Bonafé Sei, Maria Elizabeth Barreto 
Tavares dos Reis. – Londrina : UEL, 2017. 
1 Livro digital. 
 
Inclui bibliografia. 
Disponível em: 
http://www.uel.br/projetos/leppsi/pages/eventos/iii-
jornada-leppsi.php. 
 
 
Sumário 
 
Apresentação ............................................................................................................................................................................................. 1 
Estudos e Pesquisas em Psicanálise: um caminho a seguir ............................................................................................ 2 
Maria Elizabeth Barreto Tavares dos Reis ........................................................................................................................ 2 
Palestra ......................................................................................................................................................................................................... 4 
Breve apresentação de Sándor Ferenczi ................................................................................................................................. 5 
Daniel Polimeni Maireno .......................................................................................................................................................... 5 
Resumos expandidos............................................................................................................................................................................ 10 
O manejo da transferência na relação terapêutica com adolescentes: relato de experiência ....................... 11 
Amanda Lays Monteiro Inácio; Maria Elizabeth Barreto Tavares dos Reis ..................................................... 11 
A contratranferência na clínica atual ...................................................................................................................................... 17 
Jéssica Gehring Palladino de Souza Dutra1; Maria Elizabeth Barreto Tavares dos Reis ............................ 17 
Dificuldades afetivo-emocionais na infância: a psicoterapia psicanalítica frente à medicalização ............ 22 
Juliana Mistrini Veríssimo; Maria Elizabeth Barreto Tavares dos Reis ............................................................. 22 
Um estudo da relação parental na adolescência sob o ponto de vista psicanalítico .......................................... 27 
Marisa de Cássia Domingues Subtil de Almeida; Maria Elizabeth Barreto Tavares dos Reis .................. 27 
Um olhar para o masculino na clínica psicanalítica .......................................................................................................... 32 
Solange Gomes de Melo Viol; Maria Elizabeth Barreto Tavares dos Reis ......................................................... 32 
Medidas socioeducativas: adolescência e a vulnerabilidade para o ato infracional .......................................... 37 
Anderson José Rodrigues; Rosemarie Elizabeth Schimidt Almeida .................................................................... 37 
Algumas expressões do falso self a partir de um caso clínico com adolescente .................................................. 42 
Isabella Suttini Ferreira; Rosemarie Elizabeth Schimidt Almeida ....................................................................... 42 
As contribuições da Psicanálise para o tratamento de adictos na clínica psicanalítica ................................... 48 
Márcia Camacho da Silva Cordér; Rosemarie Elizabeth Schimidt Almeida; Mauro Fernando Duarte 48 
Em se tratando de atendimento infantil, quem é o paciente? ...................................................................................... 52 
Maristela Helfenstein; Rosemarie Elizabeth Schimidt Almeida; Paulo Victor Bezerra .............................. 52 
Depressão na contemporaneidade: uma análise do filme “Entre Abelhas” ........................................................... 57 
Mayra Ramalheira de Almeida; Rosemarie Elizabeth Schimidt Almeida; Paulo Victor Bezerra ............ 57 
Possibilidades da psicanálise em casos de alienação parental .................................................................................... 62 
Naiara Calvi Oliveira; Rosemarie Elizabeth Schimidt Almeida .............................................................................. 62 
Psicossomática: contribuições de Winnicott e Joyce McDougall ................................................................................ 67 
Rosilene Devechi; Rosemarie Elizabeth Schimidt Almeida; Mauro Fernando Duarte ................................ 67 
A mãe que não se torna desnecessária e suas possíveis consequências para o amadurecimento do seu 
filho nos estágios iniciais da vida .............................................................................................................................................. 72 
Vanessa Cristina Paviani; Rosemarie Elizabeth Schimidt Almeida ..................................................................... 72 
A função paterna: uma relação direta a partir do complexo de Édipo masculino sob um enfoque 
psicanalítico........................................................................................................................................................................................ 77 
Cristiano Domingues da Silva; Ricardo Justino Flores .............................................................................................. 77 
Repetição e relacionamentos amorosos ................................................................................................................................ 81 
Homero Artur Belloni Silva; Ricardo Justino Flores ................................................................................................... 81 
As saídas possíveis do Édipo e suas implicações nos (des)encontros do amor ................................................... 86 
Mariana Mota Mesquita; Ricardo Justino Flores .......................................................................................................... 86 
Resumos ..................................................................................................................................................................................................... 92 
A teoria winnicottiana e o falso self: um estudo de caso ................................................................................................ 93 
Amanda Lays Monteiro Inácio; Maria Elizabeth Barreto Tavares dos Reis ..................................................... 93 
Implicações dos aspectos psicológicos em uma avaliação com finalidade de mudança de sexo ................. 94 
Amanda Lays Monteiro Inácio; Amália Clivati Cauduro; Eduardo Yudi Huss; Katya Luciane de 
Oliveira; Patrícia Silva Lúcio; Patricia Emi de Souza .................................................................................................. 94 
Reflexões atuais sobre o processo de individualização em gêmeos ......................................................................... 95 
Beatriz CristinaGallo; Maria Elizabeth Barreto Tavares Dos Reis; Silvia Nogueira Cordeiro ................. 95 
Grupo de Dinâmicas: Conversando sobre a Adolescência ............................................................................................. 96 
Beatriz Cristina Gallo; Lara Balera; Daniel Polimeni Maireno ............................................................................... 96 
Congresso nacional sobre relacionamento familiar (conaref) .................................................................................... 97 
Cristiane Castilho Cadan ......................................................................................................................................................... 97 
Os atravessamentos institucionais no atendimento com crianças a partir de um viés psicanalítico ........ 99 
Debora Lydines Martins Corsino; Maíra Bonafé Sei ................................................................................................... 99 
Malandramente, uma menina inocente: reflexões sobre o manejo da psicoterapia com adolescentes . 101 
 
Felipe de Souza Barbeiro; Maria Elizabeth Barreto Tavares dos Reis ............................................................ 101 
Os processos de saúde-doença em mulheres: um estudo a partir da Escala Diagnóstica Adaptativa 
Operacionalizada Redefinida (EDAO-R). ............................................................................................................................ 102 
Flávia Angelo Verceze; Silvia Nogueira Cordeiro ...................................................................................................... 102 
Pulsão de morte articulada ao corpo: sintoma? .............................................................................................................. 103 
Isadora Nicastro Salvador; João Pedro Gomes Previdello; Claudia Maria de Sousa Palma ................... 103 
Atividades dos projetos de Extensão e Pesquisa que lidam com a Adolescência e Escolha Profissional - 
aplicação do EMEP e outras técnicas psicológicas ......................................................................................................... 104 
Rosemarie Elizabeth Schmidt Almeida; Jádia Cristina Dos Santos; Giovanna Sandoval Fioresi; 
Geovanna Moreno Cianca; Jéssica Cardoso Roque; Rafaela Grumadas Machado ...................................... 104 
A Clínica Dermatológica e a sua articulação com o Serviço de Psicologia ........................................................... 106 
Leonardo Piva Botega; Paula Medri; Claudia Maria de Sousa Palma ............................................................... 106 
Subjetividade e maternidade: um caso clínico ................................................................................................................. 108 
Luciane Cristina de O. Carnaúba; Maíra Bonafé Sei ................................................................................................. 108 
Aplicando o “Holding” em uma clínica psicológica universitária ............................................................................ 109 
Luciane Cristina de O. Carnaúba; Maíra Bonafé Sei ................................................................................................. 109 
Modalidades de Intervenção em Orientação Profissional .......................................................................................... 110 
Rosemarie Elizabeth Schimidt Almeida; Manuela dos Reis Parenti; Geovanna Moreno Cianca; 
Giovanna Sandoval Fioresi .................................................................................................................................................. 110 
Transferência no atendimento clínico de crianças autistas ....................................................................................... 111 
Márcia Camacho da Silva Cordér; Maristela Helfenstein; Rosemarie Elizabeth Schimidt Almeida ... 111 
O serviço de Plantão Psicológico da UEL como dispositivo da Atenção Básica de Saúde: Psicologia, 
políticas públicas e a rede de saúde mental ...................................................................................................................... 112 
Maria Lúcia Mantovanelli Ortolan; Gabriel Candido Paiva; Paulo Victor Bezerra; Maíra Bonafé Sei 112 
Psicanálise, instituição e grupos: a escuta psicanalítica nos Grupos de Dinâmicas do serviço-escola de 
Psicologia da UEL .......................................................................................................................................................................... 113 
Maria Lúcia Ortolan; Gabriel Candido Paiva; Daniel Polimeni Maireno; Maíra Bonafé Sei ................... 113 
A psicoterapia psicanalítica com adolescentes e uso de jogos nas sessões ........................................................ 114 
Maristela Helfenstein; Maíra Bonafé Sei ....................................................................................................................... 114 
O setting e o manejo da clínica winnicottiana .................................................................................................................. 116 
Maristela Helfenstein; Rosemarie Elizabeth Schimidt Almeida ......................................................................... 116 
Abuso sexual: função materna, proteção e (des)proteção na perspectiva da psicanálise ........................... 117 
Simone Paula A. Rodrigues; Gabriela Lorena Massardi ......................................................................................... 117 
Abuso sexual e trauma na constituição do psiquismo sob o ponto vista da psicanálise............................... 118 
Simone Paula A. Rodrigues; Gabriela Lorena Massardi ......................................................................................... 118 
O ineditismo da psicanálise na exploração da psique .................................................................................................. 119 
Vinícius Xavier Cintra Marangoni; Mary Yoko Okamoto ....................................................................................... 119 
Os limites do pronto atendimento psicológico e a questão do encaminhamento............................................ 120 
Ana Letícia Alves Morais; Gabriel Candido Paiva; Paulo Victor Bezerra; Maíra Bonafé Sei .................. 120 
A psicoterapia familiar na adoção: cuidado em Saúde Mental ................................................................................. 122 
Caroline da Silva Fantini; Maíra Bonafé Sei ................................................................................................................. 122 
A Psicose na infância a partir do viés winnicottiano, e o setting no dispositivo de saúde mental pós 
reforma psiquiátrica: relato de experiência de um Caps Infantil ............................................................................ 123 
Caroline da Silva Fantini; Maíra Bonafé Sei ................................................................................................................. 123 
A função simbolizante da creche no processo de subjetivação do bebê .............................................................. 125 
Cleide Vitor Mussini Batista ............................................................................................................................................... 125 
Crianças autistas e psicóticas: por uma construção de uma escola ........................................................................ 126 
Cleide Vitor Mussini Batista ............................................................................................................................................... 126 
Do “quintal” da escola: ................................................................................................................................................................ 127 
Por um protocolo de observação dos brincares da criança ...............................................................................................127 
Cleide Vitor Mussini Batista; Paloma de Campos Ale Pereira ............................................................................. 127 
Breve discussão sobre a atuação em psicologia hospitalar ....................................................................................... 129 
Daiane Franciele Costa; Estela Parrilha Casemiro da Silva; Jaqueline Bezerra Ferreira; Luana Dias da 
Silva; Maria Gabriela Lima Gomes; Daniela Maria Maia Veríssimo .................................................................. 129 
Breves considerações sobre o vínculo professor-aluno: Um olhar Psicanalítico ............................................. 131 
Daniella de Souza Balduino; Rosemarie Elizabeth Schimidt Almeida ............................................................. 131 
A oferta de atendimento na Clínica Psicológica da UEL a partir de um programa de Extensão ................ 132 
Debora Lydines Martins Corsino; Felipe Montes Trevisan; Maíra Bonafé Sei ............................................. 132 
Projeto de intervenção com adolescentes em processo de medida socioeducativa ....................................... 134 
 
Estela Parrilha Casemiro da Silva; Maria Gabriela Lima Gomes; Thaís Yazawa ......................................... 134 
A escuta como ferramenta de trabalho no pronto atendimento psicológico ..................................................... 135 
Gabriel Candido Paiva; Paulo Victor Bezerra; Maíra Bonafé Sei ........................................................................ 135 
Adolescência e a escolha profissional: o tempo do devir ............................................................................................ 137 
Rosemarie Elizabeth Schimidt Almeida; Geovanna Moreno Cianca................................................................. 137 
Atendimento familiar em clínica-escola: algumas reflexões sobre a resistência no processo terapêutico 
em famílias encaminhadas pelo sistema judiciário de Londrina ............................................................................. 139 
Hellen Lima Buriolla; Hévila de Fátima P. Pereira; Maíra Bonafé Sei .............................................................. 139 
Relato de Caso: Avaliação psicológica de uma criança encaminhada por suspeita de deficiência 
intelectual: divergências entre a avaliação formal e informal .................................................................................. 140 
Hellen Lima Buriolla; Jaqueline Alvernaz de Miranda; Eduardo Yudi Huss; Patrícia Silva Lúcio; Katya 
Luciane de Oliveira ................................................................................................................................................................. 140 
A ansiedade a partir dos conceitos de Freud .................................................................................................................... 142 
Hévila de Fátima P. Pereira; Jéssica Guirardelli; Mauro Fernando Duarte.................................................... 142 
Adolescência e Escolha Profissional de Adolescentes do Ensino Médio na cidade de Londrina –PR. .... 144 
Rosemarie Elizabeth Schmidt Almeida; Jádia Cristina Dos Santos; Giovanna Sandoval Fioresi; 
Geovanna Moreno Cianca; Jéssica Cardoso Roque; Rafaela Grumadas ......................................................... 144 
Uma articulação entre a psicanálise e a arte na saúde mental ................................................................................. 146 
Josemar Santos de Matos; Rosemarie Elizabeth Schimidt Almeida ................................................................. 146 
A transmissão transgeracional na trilogia tebana.......................................................................................................... 147 
Josemar Santos de Matos; Rosemarie Elizabeth Schimidt Almeida ................................................................. 147 
Os casos de histeria no Plantão Psicológico da UEL: a importância das supervisões para o 
desenvolvimento de raciocínio diagnóstico e manejo clínico do psicólogo ....................................................... 148 
Maria Lúcia Mantovanelli Ortolan; Ana Letícia Alves Morais; Gabrieli Zaros Granusso; Paulo Victor 
Bezerra......................................................................................................................................................................................... 148 
Maíra Bonafé Sei ...................................................................................................................................................................... 148 
Ansiedade em psicanálise: um recorte clínico. ................................................................................................................ 150 
Mayra Cristina Teixeira Batista; Carolina Caires Motta ......................................................................................... 150 
Atenção à saúde da mulher: relato de experiência ........................................................................................................ 151 
Nathália Tavares Bellato Spagiari; Sílvia Nogueira Cordeiro; Maria Elizabeth Barreto Tavares dos 
Reis ................................................................................................................................................................................................ 151 
Percepções do psicólogo-observador sobre a relação mãe-bebê e equipe de saúde na visita puerperal: o 
método Bick ..................................................................................................................................................................................... 152 
Nathália Tavares Bellato Spagiari; Maria Elizabeth Barreto Tavares dos Reis; Sílvia Nogueira 
Cordeiro....................................................................................................................................................................................... 152 
Impactos cognitivos da depressão infantil sob a ótica da avaliação psicológica .............................................. 154 
Patricia Emi de Souza; Amanda Lays Monteiro Inácio; Larissa Botelho Gaça ............................................. 154 
Aspectos cognitivos e atencionais em uma avaliação psicológica no contexto de trânsito ......................... 155 
Patrícia Emi de Souza; Eduardo Yudi Huss; Amanda Lays Monteiro Inácio; Katya Luciane de Oliveira
 ......................................................................................................................................................................................................... 155 
A avaliação psicológica e a influência de questões emocionais em um caso de dificuldade de 
aprendizagem ................................................................................................................................................................................. 156 
Patricia Emi de Souza; Lana Raquel Piassa; Amanda Lays Monteiro Inácio; Patrícia Silva Lúcio; Katya 
Luciane de Oliveira ................................................................................................................................................................. 156 
Relato de experiência de atendimento clínico à pessoa idosa .................................................................................. 158 
Vanessa Cristina Paviani; Rosemarie Elizabeth Schimidt Almeida .................................................................. 158 
Manejo da técnica em um caso de paciente com tentativas de suicídio ............................................................... 159 
Vanessa Cristina Paviani; Rosemarie Elizabeth Schimidt Almeida .................................................................. 159 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Comissões 
 
 
Comissões 
 
Comissão Científica 
 
Maíra Bonafé Sei 
Maria Elizabeth Barreto Tavares dos Reis 
RicardoJustino Flores 
Rosemarie Elizabeth Schimidt Almeida 
Sílvia Nogueira Cordeiro 
 
 
Organização dos Anais 
 
Maíra Bonafé Sei 
Maria Elizabeth Barreto Tavares dos Reis 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Programação 
 
 
Programação 
27 de abril /2017 
Horário Atividade 
8h00 – 8h30 Credenciamento 
8h15 – 8h30 Abertura 
08h30 – 9h30 Conferência de Abertura: Clínica Psicanalítica na Infância 
Coordenadora: Profa. Dra. Maria Elizabeth Barreto Tavares dos Reis 
Palestrante: Psicanalista Niracema Kuriki 
9h30 – 10h00 Coffee break e Apresentação de pôsteres e lançamentos de livros 
10h00 – 12h00 Mesa 1: Contribuições teórico-práticas à clínica psicanalítica na 
atualidade 
Coordenadora da mesa: Profa. Dra.Maíra Bonafé Sei 
Sandor Ferenczi – Prof. Dr. Daniel Polimeni Maireno 
Thomas Ogden – Prof. Dr. Cleto Rocha Pombo Filho 
13h00-14h00 Roda de conversa sobre o mestrado o Mestrado de Psicologia na UEL 
14h00 – 15h30 Mesa 2: Os desafios da Psicanálise no contexto hospitalar 
Coordenadora da mesa: Profa. Dra.Sílvia Nogueira Cordeiro 
Palestrantes: 
Ana Lilian Marchesoni Parrelli (HU/UEL) 
Patrícia Maria Fassina Lepri (HU/UEL) 
Maria Terezinha Meira Lopes Monteiro (HU/UEL) 
 
 
15h30 – 16h00 Coffee break, Apresentação de pôsteres e lançamentos de livros 
16h00 – 18h00 Supervisão pública de caso clínico 
Coordenadora: Profa. Dra. Rosemarie Elizabeth Schmidt Almeida 
Supervisora: Psicanalista Lucia A. Barreto Osti 
 
Seminário especialização em Clínica Psicanalítica 
28 de abril /2017 
Horário Atividade 
8h00 – 9h30 Sessão de Apresentação Oral 1 Sessão de Apresentação Oral 2 
9h30 – 10h00 Coffee break 
10h00 – 12h00 Sessão de Apresentação Oral 3 Sessão de Apresentação Oral 4 
12h00 - 14h00 Almoço 
14h00 – 15h30 Sessão de Apresentação Oral 5 Sessão de Apresentação Oral 6 
15h30 – 16h00 Coffee break 
16h00 – 18h00 Sessão de Apresentação Oral 7 Sessão de Apresentação Oral 8 
 
Diálogos em Psicanálise - Anais da III Jornada do LEPPSI e II Seminário do curso de especialização em 
Clínica Psicanalítica da UEL 
ISBN 978-85-7846-424-0 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Apresentação 
 
Diálogos em Psicanálise - Anais da III Jornada do LEPPSI e II Seminário do curso de especialização em 
Clínica Psicanalítica da UEL 
ISBN 978-85-7846-424-0 2 
Estudos e Pesquisas em Psicanálise: um caminho a seguir 
Maria Elizabeth Barreto Tavares dos Reis 
 
O Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicanálise (LEPPSI) visa o estudo, o 
ensino, a pesquisa, a extensão e a difusão da psicanálise no contexto universitário 
nacional e internacional, tendo como uma das atividades a realização de Jornadas 
científicas. 
A III Jornada do Laboratório de Estudo e Pesquisa em Psicanálise (LEPPSI) 
teve como objetivo estabelecer Diálogos em Psicanálise, com o intuito de fomentar o 
estudo e aplicação da Psicanálise nos diversos pilares da academia – ensino, pesquisa e 
extensão, bem como incentivar na comunidade o interesse pelo estudo e aplicação da 
psicanálise tanto na clínica quanto nos serviços de saúde. 
Os Diálogos em Psicanálise iniciaram com a conferência “Clínica Psicanalítica na 
Infância”, onde foi possível refletir sobre a temática frente às novas configurações da 
família e cuidados destinados à infância. Na mesa redonda “Contribuições teórico-
práticas à clínica psicanalítica na atualidade”, foram apresentadas as contribuições de 
Sandor Ferenczi e Thomas Ogden à clínica psicanalítica na contemporaneidade. Na mesa 
sobre “Os desafios da Psicanálise no contexto hospitalar” foi possível dialogar sobre a 
atuação do serviço de Psicologia no Hospital Universitário da UEL, demonstrando as 
dificuldades encontradas na realização das atividades e principalmente os benefícios 
vivenciados pelos usuários atendidos. Finalmente, através do “Seminário Clínico” foi 
possível dialogar a respeito da psicoterapia psicanalítica na atualidade. 
O evento contou com a participação de pós-graduandos através do “II Seminário 
de Pesquisa do Curso de Especialização em Clínica Psicanalítica” que contribuíram com a 
apresentação oral de 18 trabalhos científicos que estão sendo elaborados pelos 
acadêmicos do referido curso. Além disso, 50 trabalhos no formato pôster, elaborados 
por graduandos, pós-graduandos, psicólogos e educadores provenientes de 
universidades do Paraná e São Paulo. 
As atividades realizadas contribuíram para a divulgação e atualização de 
atividades teórico-práticas tanto no contexto do ensino da Psicanálise quanto na atuação 
dos psicólogos na clínica e nos serviços de saúde. 
Diálogos em Psicanálise - Anais da III Jornada do LEPPSI e II Seminário do curso de especialização em 
Clínica Psicanalítica da UEL 
ISBN 978-85-7846-424-0 3 
Agradecemos aos profissionais que aceitaram o convite e certamente 
contribuíram para o sucesso do evento, à comissão organizadora e científica pela 
elaboração da proposta e participação efetiva nas diversas etapas da realização da 
Jornada, aos monitores e à Empresa Elo pelo auxílio logístico tanto do evento quanto 
desta publicação. 
 
Diálogos em Psicanálise - Anais da III Jornada do LEPPSI e II Seminário do curso de especialização em 
Clínica Psicanalítica da UEL 
ISBN 978-85-7846-424-0 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Palestra 
 
Diálogos em Psicanálise - Anais da III Jornada do LEPPSI e II Seminário do curso de especialização em 
Clínica Psicanalítica da UEL 
ISBN 978-85-7846-424-0 5 
Breve apresentação de Sándor Ferenczi 
Daniel Polimeni Maireno 
 
Um dos mais criativos e audazes colaboradores de Freud, certamente aquele com 
quem o pai da psicanálise estabelecera maior intimidade, Ferenczi foi um defensor e 
propagador incansável da doutrina freudiana. Escreveu excelentes textos de introdução 
à psicanálise, equiparáveis aos escritos por Freud com o mesmo objetivo. Dentre todos 
os seus discípulos, era Ferenczi quem Freud mais acionava para publicamente 
questionar as teorias de dissidentes como Adler e Jung, bem como para responder às 
críticas vindas de diversas autoridades acadêmicas da época. Compreensível, então, 
porque Freud orgulhosamente referiu-se a ele como um colaborador "que equivale a 
uma sociedade inteira" (1914/2012, p. 281). 
Paradoxalmente, Ferenczi foi também um crítico perspicaz – e, para muitos de 
seus contemporâneos, bastante incômodo – de determinados pontos dessa mesma 
teoria que tanto defendia e propagava, especialmente nos pontos que dizem respeito 
diretamente à terapêutica psicanalítica, à performance do psicanalista, à sua 
disponibilidade intelectual e emocional etc. Compreensível, então, porque Freud 
reservadamente referiu-se a ele como o "padrinho de toda técnica transgressiva" (cf. 
Sanches, 1993, p. 91). 
Tais questionamentos, no entanto, jamais fizeram com que Ferenczi se tornasse 
mais um dissidente do movimento psicanalítico. Segundo Green, Ferenczi poderia ser 
legitimamente chamado de "o pai de grande parte da psicanálise contemporânea" (cf. 
COELHO JUNIOR, 2004, p. 80). No mesmo sentido, Kezem afirma que "[...] as 
controvérsias entre os dois expoentes da psicanálise é um divisor de águas entre a fase 
clássica e a fase contemporânea da psicanálise." (2010, p. 23) – o que justifica, enfim, 
falar de Ferenczi neste evento promovido pelo Laboratório de Estudos e Pesquisa em 
Psicanálise da UEL, numa mesa que pretende discutir a psicanálise na 
contemporaneidade. 
Com Ferenczi vê-se surgir um real entusiasmo em encarar clinicamente 
modalidades de sofrimento estranhas àquele funcionamento neurótico que marcara as 
primeiras descobertas freudianas, formas de sofrimento que pareciam implicar 
mecanismos defensivos diferentes do recalque, e cujos movimentos pulsionais 
Diálogos em Psicanálise - Anais da III Jornada do LEPPSI e II Seminário do curso de especialização em 
Clínica Psicanalítica da UEL 
ISBN 978-85-7846-424-0 6 
percorriamcaminhos outros que não os do sintoma neurótico. Situações clínicas, enfim, 
que pareciam demandar uma atuação terapêutica diferente da utilizada na lida com as 
neuroses de transferência. 
Não há dúvidas de que tais diversidades clínicas atraíam a atenção de muitos à 
época, incluindo o próprio Freud. Mas foi Ferenczi quem de forma mais substanciosa 
promoveu experimentações terapêuticas com tais pacientes. Segundo Mezan, 
Freud se torna mais sensível aos diversos fatores que, na vida psíquica, parecem 
colocar fora de circuito o princípio do prazer e as organizações neuróticas que 
dele dependem. Traumatismos devastadores, sentimentos de culpa acachapantes, 
masoquismos gravíssimos, reações terapêuticas negativas, vivências catastróficas 
de desorganização, dor psíquica insuportável, inércia ou viscosidade da libido – 
toda esta gama de fenômenos, qualitativamente diferentes daqueles a que a 
psicanálise se dirigira até então, passa a receber mais atenção teórica por parte 
dele, e mais atenção clínica por parte de seus discípulos, em particular Ferenczi 
(2014, p. 199, grifo nosso). 
Dessas incursões pelos casos mais desafiadores surgiram noções que marcaram 
especialmente os últimos anos de sua vida, tais como a de elasticidade, tato, neocatarse, 
mutualidade, entre outras, e que têm sido revisitadas pelos psicanalistas de hoje por sua 
capacidade de nos fazer pensar os limites e as potencialidades da ação psicanalítica em 
nossa época, tão marcada por formas de sofrimento que transbordam qualquer 
enquadre inflexível. 
Segundo Fédida, é em Ferenczi que se encontra de uma maneira mais 
transparente um questionamento do ofício psicanalítico em que viu-se o "[...] abandono 
crescente de qualquer expectativa de 'uniformização objetiva' da técnica [...] a des-
objetivação da técnica, com a maior ênfase dada ao funcionamento psíquico do analista 
[...]" (1988, p. 11), o que aumentou ainda mais o alerta ferencziano quanto à necessidade 
peremptória da segunda regra fundamental da psicanálise: a análise pessoal do analista. 
Ao nomear esta última de "análise autêntica", Ferenczi pretendia criticar a "análise 
didática" que, em seu entendimento, permanecia em geral numa superficialidade estéril, 
coadunando na formação de analistas carregados de um excesso de saber intelectual, 
mas com uma escassa assunção de suas próprias subjetividades. Trata-se de uma crítica 
que se afina com o ulterior questionamento lacaniano sobre a formação nos institutos 
tradicionais de psicanálise, bem como suas formulações sobre o desejo do analista: 
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segundo Kupermann, "[...] os problemas suscitados por Lacan (1964) através da noção 
de 'desejo do analista' não são estranhos aos problemas tratados por Ferenczi em seu 
Diário Clínico." (2003, p. 48, nota de rodapé) 
Vem também dessa última fase de sua vida as críticas mais contundentes ao 
"fanatismo da interpretação" (FERENCZI, 1928/2011, p. 38), bem como às diversas 
formas de resistência do analista: 
Uma espécie de fé fanática nas possibilidades de êxito da psicologia da 
profundidade fez-me considerar os eventuais fracassos menos como 
consequência de uma 'incurabilidade' do que da nossa própria inépcia, hipótese 
que me levou necessariamente a modificar a técnica nos casos difíceis em que era 
impossível obter êxito com a técnica habitual. [...] a causa do fracasso será sempre 
a resistência do paciente, não será antes o nosso próprio conforto que desdenha 
adaptar-se às particularidades da pessoa, no plano do método? (1931/2011, p. 
81) 
O que lembra a famosa provocação de Lacan – novamente! – segundo a qual "[...] 
não há outra resistência à análise senão a do próprio analista" (1958/1998, p. 601). Não 
é coincidência, portanto, que Ferenczi e Lacan tenham sido marginalizados, cada um em 
sua época, pelas forças políticas mais tradicionais do campo psicanalítico. 
Ferenczi avançou sobre um tema problematizado, porém pouco discutido, por 
Freud: a contratransferência. Segundo Haynal, "todo o assunto [sobre a 
contratransferência] se tornou um fardo muito pesado e um grande problema, era 
considerado um segredo sobre o qual não se poderia falar abertamente. Ferenczi foi 
aquele que teve que trazê-lo à luz do dia [...]" (2004, p. 14, tradução nossa). 
Avançou também em outro tema que, este sim, receberia também de Freud 
crescente dedicação, especialmente a partir de 1920: a constituição do Eu. O artigo O 
desenvolvimento do sentido de realidade e seus estágios, segundo Balint (1968/2011), foi 
"sem dúvida o primeiro artigo que se escreveu sobre o desenvolvimento do ego" (cf. 
FERENCZI, 2011, v. II, p. XI), uma tentativa de Ferenczi de complementação das noções 
sobre o desenvolvimento da libido avançadas por Freud. 
Por outro lado, Ferenczi também foi um precursor da escola das relações de 
objeto: especialmente seus últimos trabalhos permitem concebê-lo, segundo Mezan, 
como 
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ISBN 978-85-7846-424-0 8 
[...] o ponto de partida de uma corrente que irá valorizar o ambiente familiar e 
social no qual se desenvolve o sujeito, e, do ponto de vista técnico, recomendar 
uma postura conforme a esta perspectiva genética, diferente da clássica, que seria 
demasiado rígida: a escola das relações de objeto. (2014, p. 349) 
Uma leitura dos textos de Ferenczi evidencia a antecipação de muitas outras 
noções que se tornariam fundamentais em determinadas correntes do pensamento 
psicanalítico, que podem apenas ser mencionadas aqui. É o caso, por exemplo, da noção 
de regressão terapêutica, cujos desenvolvimentos alcançaram importância notória na 
obra de Winnicott, como estratégia alternativa à clínica da interpretação: "[...] em vez de 
falar da criança que habita o analisando através do instrumento interpretativo, seria 
preciso voltar a falar com a criança que se expressa em cada paciente em análise." 
(KUPERMANN, 2008, p. 83, grifos do autor). Ainda segundo este autor, haveria em 
Ferenczi uma passagem da clínica fundamentalmente freudiana balizada pela tríade 
associação livre - princípio de abstinência - interpretação para uma clínica balizada pela 
tríade associação livre - regressão - jogo – este último elemento influenciado pelas 
primeiras tentativas na história da psicanálise de realizar psicanálise com crianças. 
Falando em Winnicott, cabe mencionar que as noções ferenczianas de clivagem 
narcísica e progressão traumática antecipam de forma surpreendente a noção de falso 
self tão cara ao pensamento winnicottiano. 
Ferenczi também pode ser uma instigante referência para os interessados na 
abordagem psicanalítica de fenômenos somáticos, pois seus escritos sobre tiques, 
convulsões epilépticas, gagueira, impotência sexual, ejaculação precoce, entre outros 
temas, contribuíram para embaçar as fronteiras entre soma e psique, tornando 
imprecisas suas delimitações. 
Para finalizar, espera-se que esta diversidade de temas e linhas de raciocínio 
possa favorecer uma aproximação a esta figura fundamental da história da Psicanálise 
que, apesar de cronologicamente distante, parece ter muito com o que contribuir para os 
desafios da psicanálise na contemporaneidade. E que esta aproximação se dê 
independente das preferências teóricas e metodológicas de cada um, pois a obra de 
Ferenczi – aliás, como a de Freud – permite-se ser apreciada pelos mais diversos ângulos 
e interesses. Pensando a partir dessa diversidade, talvez Freud estivesse mesmo certo 
quando escreveu que os trabalhos de Ferenczi "converteram todos os analistas em seus 
discípulos" (1933/2010, p. 467) 
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Resumos expandidos 
 
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O manejo da transferência na relação terapêutica com adolescentes: 
relato de experiência 
Amanda Lays Monteiro Inácio 1; Maria Elizabeth Barreto Tavares dos 
Reis2 
 
Palavras-chave: Adolescência. Atendimento Clínico. Relato de Experiência. 
Transferência. 
 
Introdução 
A transferência é um fenômeno humano natural que ocorre em nosso cotidiano e 
se aplica a diversas situações. No entanto, possui um valor único, sendo considerada 
como um conceito fundamental utilizado em todo tratamento psicanalítico, tendo 
características particulares dentre os teóricos, como Freud (1912) e Winnicott (1971), 
abordados, no presente estudo. A transferência, juntamente com a resistência e 
interpretação são considerados o tripé fundamental da prática psicanalítica (Zimerman, 
2004). 
Laplanche e Pontalis (2001) definem transferência como “processo pelo qual os 
desejos inconscientes se atualizam sobre determinados objetos no enquadre de um 
certo tipo de relação estabelecida com eles e, eminentemente, no quadro da relação 
analítica” (p.514). Nesse sentido, a transferência pode ser compreendida como a 
repetição dos moldes infantis, substituindo aquilo que não pode ser lembrado, a partir 
do deslocamento de afeto de uma representação para outra. Assim, a relação do 
indivíduo com as figuras de sua infância é revivida na relação com o analista (Martins, 
2014). 
Por meio da análise do caso Dora, Freud (1905) descobriu a importância da 
transferência para a psicanálise, afirmando que o tratamento psicanalítico, não cria a 
transferência, mas releva sua existência. Desde então, o autor observa que a 
transferência pode ser um importante aliado ao trabalho em psicanálise (Sato, 2010). 
 
1 Psicóloga, pós-graduanda do curso de especialização em Clínica Psicanalítica e mestranda do programa 
de pós-graduação em Educação pela Universidade Estadual de Londrina –UEL. E-mail: 
amandalmonteiroo@gmail.com. 
2 Professora Doutora do Departamento de Psicologia e Psicanálise da Universidade Estadual de Londrina – 
UEL. E-mail: bethtavaresreis@gmail.com. 
mailto:amandalmonteiroo@gmail.com
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Sendo assim, afirma que “a transferência, destinada a constituir o maior obstáculo à 
psicanálise, converte-se em sua mais poderosa aliada quando se consegue detectá-la a 
cada surgimento e traduzi-la ao paciente” (Freud, 1905, p. 112). 
A relação transferencial para Winnicott se baseia no paradigma da relação mãe e 
bebê, pois a própria relação analítica pode ser vista como uma forma de reviver essa 
relação primitiva. Nesse sentido, faz-se alusão ao papel da “mãe suficientemente boa”, 
como aquela que por meio de sua sensibilidade exacerbada, consegue identificar 
consciente e inconscientemente as necessidades do seu bebê, processo necessário para 
seu bom desenvolvimento. Winnicott se baseia no conceito da "mãe suficientemente 
boa" como norteador da transferência, para evidenciar a importância do terapeuta estar 
identificado com o paciente e ao mesmo tempo permanecer atento a realidade externa, 
nomeada como espaço potencial, uma área intermediária subjetiva e objetiva da qual o 
terapeuta faz uso no contexto da psicoterapia (Januário & Tafuri 2010). 
Diante do enfoque da transferência enquanto elemento fundamental presente na 
prática clínica psicanalítica surge a necessidade de compreendê-la na clínica com 
adolescentes, haja vista que essa faixa etária possui especificidades importantes a serem 
consideradas. A adolescência, bem como a infância por si própria, pode ser considerada 
como uma invenção moderna em nossa sociedade, sendo tema recorrente há cerca de 
um século na história (Calligaris, 2000). 
A teoria psicanalítica postulada por Freud sobre a importância das questões 
relativas à infância na vida adulta dos indivíduos contribuiu de maneira geral também 
para a compreensão da adolescência e suas vicissitudes. Nesse sentido, o complexo de 
Édipo pode ser entendido como o campo central da vida sexual relativa à primeira 
infância (Freud, 1924). Domingues, Domingues & Baracat (2009), ao discorrerem sobre 
o período de latência, o caracterizam como o período após a dissolução do complexo de 
Édipo, onde a criança deixa de sentir toda a excitação sexual em seu corpo e volta-se ao 
seu desenvolvimento social e cognitivo. Com a chegada da puberdade, as exigências 
pulsionais adquirem uma força maior e os objetos incestuosos da infância são 
retomados. 
Aberastury e Knobel (1981) remetem o período da adolescência à vivência de 
lutos importantes, o luto pelo corpo infantil perdido, considerado a base biológica da 
adolescência, o luto pelo papel e identidade infantis, onde ocorre a perda da 
dependência e inserção das responsabilidades e o luto pelos pais da infância. Nesse 
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sentido, o adolescente paira entre a dependência e a independência extremas, de modo 
que somente a maturidade desenvolvida no final desse período lhe permitirá 
compreender a necessidade dos limites. Sendo assim, esse período de caracteriza pelas 
diversas contradições, fragilidades e ambivalências no contexto familiar e social, pois 
todas as mudanças incontroláveis pelas quais estãopassando dolorosamente são tidas 
como uma invasão, motivo pelo qual o adolescente costuma de fechar em seu mundo 
interno, a fim de reviver seu passado para conseguir então enfrentar o futuro. 
O amadurecimento se mostra como uma questão central na adolescência, motivo 
pelo qual a teoria de Winnicott sobre o amadurecimento pessoal representa grande 
importância para o entendimento do tema proposto. Para o autor todo indivíduo é 
dotado de uma tendência inata ao amadurecimento, essa tendência, no entanto, depende 
fundamentalmente de um ambiente facilitador ao bebê que lhe forneça os cuidados 
necessários e primordiais (Dias, 2008). 
Se faz presente na adolescência o desejo de uma nova adaptação da realidade, 
motivo pelo qual surge a arrogância, hostilidade, mentira, ironias e a necessidade de 
confronto com a sociedade de modo geral. Desse modo, não há como evitar que o 
adolescente passe por esse processo até chegar a maturidade, no entanto, é 
imprescindível a existência de uma boa provisão ambiental por parte dos pais ou 
responsáveis (Oliveira & Fulgencio, 2010). 
Pode-se considerar que a adolescência possui um caráter universal permeado por 
singularidades das quais a clínica psicanalítica atual possa abarcar através da escuta das 
dores, lutos e fragilidades do adolescente. Esse papel é importante à medida que auxilia 
no processo de subjetivação dos mesmos (Ayub & Macedo, 2011). A psicanálise de 
adolescentes possui especificidades importantes a serem consideradas, sendo 
necessário ao analista “sobreviver” às necessidades, pulsões e fantasias do adolescente 
(Outeiral, 2012). Partindo desses pressupostos, o presente estudo tem por objetivo 
analisar o tipo de manifestação transferencial que ocorre entre paciente e terapeuta na 
clínica com adolescentes. Para tanto, serão utilizados fragmentos de um caso clínico. 
 
Método 
Trata-se de um estudo de caso de psicoterapia psicanalítica atendido em uma 
clínica escola de Psicologia de uma universidade pública, com uma adolescente do sexo 
feminino, denominada no presente estudo como Raquel. Os dados apresentados foram 
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obtidos por meio de cerca de 15 sessões de atendimento psicanalítico realizadas 
semanalmente com a adolescente. Para a realização do estudo foi feita análise do 
discurso, utilizando uma metodologia qualitativa de análise de dados. A metodologia 
qualitativa, segundo Turato (2005) direciona o pesquisador para o significado das 
coisas, ou seja, não se busca compreender como ocorre determinado fenômeno, mas 
sim, compreender seu significado e importância para a vida das pessoas. 
 
Resultados e Discussão 
O presente estudo ainda se encontra em desenvolvimento, no entanto já foi 
possível identificar no material clínico advindo do caso de psicoterapia psicanalítica a 
presença de manifestações tanto de transferência positiva quanto negativa, 
influenciando o estabelecimento de vínculo paciente–psicoterapeuta no início do 
tratamento. Ao longo do trabalho, pretende-se apresentar vinhetas dos atendimentos 
realizados e analisa-las a partir da literatura psicanalítica sobre a temática da 
transferência. 
Durante as análises preliminares encontrou-se uma sessão onde a adolescente 
relatou para a terapeuta, logo no início, que não gostaria de estar ali, tendo vindo contra 
sua vontade e, no final da mesma sessão, informou que na próxima semana iria efetuar o 
pagamento, enfatizando que pagaria com seu próprio dinheiro e não dos familiares por 
ela responsáveis. Essa pequena vinheta ilustra um dos diversos momentos em que a 
paciente faz um jogo com a terapeuta, de modo que ora se apresenta como uma pessoa 
fechada, ora demonstra estar aberta ao trabalho da psicoterapia. 
De acordo com Outeiral (2012), é comum ao adolescente a presença de oscilações 
entre movimentos progressivos e regressivos, passando rapidamente por movimentos 
transferenciais de amor e ódio, por meio de várias “idades” transferenciais. Desse modo, 
durante uma mesma sessão pode-se observar uma adolescente determinada a agredir a 
terapeuta e uma adolescente responsável que demanda pela continuidade do trabalho. 
 
Considerações Finais 
Até o momento, o presente estudo possibilitou uma melhor compreensão acerca 
das características próprias do período da adolescência, principalmente no que se refere 
ao âmbito da psicoterapia psicanalítica. Espera-se posteriormente contribuir para uma 
melhor compreensão dos casos clínicos atendidos na adolescência, bem como analisar o 
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tipo de manifestação transferencial que ocorre entre paciente e terapeuta na clínica com 
adolescentes. 
 
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Diálogos em Psicanálise - Anais da III Jornada do LEPPSI e II Seminário do curso de especialização em 
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ISBN 978-85-7846-424-0 17 
A contratranferência na clínica atual 
Jéssica Gehring Palladino de Souza Dutra 31; Maria Elizabeth Barreto 
Tavares dos Reis4 
 
Palavras-chave: contratransferência, atendimento clínico, psicanálise. 
 
Introdução 
De acordo com Laplanche & Pontalis (2001, p. 102) a contratransferência é o 
“Conjunto das reações inconscientes do analista à pessoa do analisando e, mais 
particularmente, à transferência deste”. Segundo Etchegoyen (2004) e Minerbo (2012), 
Freud apresentou o termo contratransferência no texto: “As perspectivas futuras da 
terapia psicanalítica” em 1910, no II Congresso Internacional de Psicanálise em 
Nurenberg, onde descreveu a contratransferência como “a resposta emocional do 
analista aos estímulos que provêm do paciente, como resultado da influência do 
analisando sobre os sentimentos inconscientes do médico” (Etchegoyen, 2004, p. 156). 
Nesse sentido, a contratransferência ocorre em função do paciente e constitui um 
obstáculo a ser superado, já que se espera que o analista tome consciência de seus 
sentimentos e os supere em prol do trabalho de análise. Para isso, Freud entendia ser 
necessário um trabalho apurado de autoanálise, sendo esta indispensável para a prática 
de um bom analista. Com exceção do caso Dora (Freud, 1905/1996), em que Freud 
indica uma possível atitude contratransferencial quando o tratamento não mostra 
progressos, o conceito não foi objeto específico de estudo na obra freudiana. 
Segundo Etchegoyen (2004), em meados do século XX, quando a 
contratransferência despertou a atenção de estudiosos da área, um esboço do conceito 
apareceu nos estudos de H. Racker em 1953, analisando as experiências intuitivas de A. 
Reich em 1933, sobre o caso de um paciente que não apresentava melhoras. A conclusão 
de Racker no referido caso é que, determinados conteúdos relativos às frustrações do 
paciente foram transferidos para o analista exercendo certa força castradora em sua 
atuação, o fazendo sentir-se também impotente. Essa situação consistiria numa 
 
3 Psicóloga, pós-graduanda do curso de especialização em Clínica Psicanalítica pela Universidade Estadual 
de Londrina – UEL. E-mail: jssica.dutra@yahoo.com.br 
4 Professora Doutora do Departamento de Psicologia e Psicanálise da Universidade Estadual de Londrina – 
UEL. E-mail: bethtavaresreis@gmail.com. 
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experiência contratransferencial. 
Minerbo (2012) ao comentar sobre o mesmo artigo de Racker, ressaltou aspectos 
importantes sobre a posição do analista no fenômeno da contratransferência, explicando 
que, mesmo fazendo sua análise, está sujeito as influências de seus aspectos neuróticos 
na prática de seu ofício, tendo em vista a característica atemporal do inconsciente e suas 
manifestações. A contratransferência deixa de ser considerada um evento isolado na 
sessão, e percebido como uma relação (Laplanche & Pontalis (2001). Nesse sentido, a 
contratransferência não é mais considerada um problema a ser resolvido, porém como 
uma oportunidade de trabalho analítico resultante da relação analista-paciente. A 
contratransferência “já não é mais vista apenas como um perigo, mas também como um 
instrumento sensível, que pode ser muito útil para o desenvolvimento do processo 
analítico. (...) configura, de certo modo, o campo no qual se dará a modificação do 
paciente” (Etchegoyen, 2004, p. 159). Por isso a contratransferência, atuaria de 
maneiras diferentes e complementares: sendo um obstáculo, constituindo os pontos 
cegos do analista, mas também entendida como um instrumento, visando identificar o 
que acontece com o paciente, sobretudo quando se torna uma espécie de campo no qual 
o paciente experimentará vivências diferentes das originárias. (Etchegoyen, 2004). 
Laplanche & Pontalis (2001) explicam que, do ponto de vista técnico, três 
orientações sobre contratransferência se fazem necessárias: a primeira diz respeito ao 
analista conter consideravelmente as manifestações contratransferenciais pela análise 
pessoal, de maneira que a situação analítica seja estruturada apenas pela transferência 
do paciente; a segunda orientação consiste em utilizar a contratransferência no trabalho 
analítico conforme a indicação de Freud, tendo em vista que todos possuímos 
inconscientemente instrumentos que nos permitem interpretar as expressões 
inconscientes dos outros (Freud, 1913); e a terceira afirma a necessidade do analista, na 
formulação das interpretações, orientar-se pelas suas próprias reações 
contratransferenciais, muitas vezes assimiladas, nesta perspectiva, às emoções sentidas. 
Essa postura reafirma uma ideia autenticamente psicanalítica: a ressonância de 
“inconsciente a inconsciente” como verdadeira comunicação. 
A partir do entendimento do conceito de contratransferência como uma relação 
entre pares – uma relação bipessoal e recíproca, Laplanche & Pontalis (2001) explanam 
que as diferentes variações na conceituação do fenômeno levam em conta dois aspectos 
relativos ao analista: a contratranferência seria qualquer intervenção no processo 
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analítico resultante de características da personalidade do analista, ou, a 
contratransferência seria uma produção inconsciente do analista consequência da 
transferência do paciente. 
Assim, para Minerbo (2012) a contratransferência é caracterizada por uma dupla 
perspectiva, ela diz respeito aos sentimentos do analista, mas sobretudo às ações do 
mesmo concernente ao processo analítico. A contratransferência seria o resultado da 
transferência em um sentido mais abrangente, mais produtivo do ponto de vista da 
elaboração e da resolução dos conflitos do paciente. 
Com esses princípios de compreensão, diversos analistas desenvolveram sua 
maneira de trabalho. A divergência pode surgir enquanto técnica, mas é certo que o 
fenômeno da contratransferência se impõe e precisa ser manejado. Considera-se assim 
que a contratransferência está presente na relação terapêutica e que a mesma tem como 
referência a carga transferencial do paciente. Por conseguinte, a contratransferência do 
analista pode demonstrar a implicação deste no processo, bem como seu compromisso 
com o tratamento e a melhora do paciente, tendo sempre em vista a necessidade do 
reconhecimento e do manejo das situações contratransferenciais, pois que em um 
processo de análise entendido como relação, ambos participam e contribuem 
(Etchegoyen, 2004). Portanto, a noção de relação no conceito de contratransferência, 
extrapola a ideia dos sentimentos e das reações do analista para com o paciente. 
Em razão da mudança no paradigma da contratransferência, passando a ser 
entendida como um aspecto essencial na relação da dupla terapêutica, faz-se importantea realização de estudos sobre o tema em uma perspectiva mais atual, na tentativa de se 
compreender um pouco mais desse fenômeno no âmbito da clínica. Por isso o objetivo 
desse trabalho consiste em compreender como a contratransferência está sendo 
considerada atualmente na prática clínica. Nesse momento, a percepção que se tem é 
que a contratransferência esteja sendo conceituada a partir da relação psicanalítica, ou 
seja, como resultante da produção do par analítico, de maneira a levar em conta sua 
contribuição ao tratamento do paciente. 
 
Metodologia 
Será realizado um levantamento dos artigos científicos, que tratam da temática, 
disponíveis on line nos principais sites de busca, tais como SciELO, Pepsic. Bv saude, 
Google Academico, Lilacs e outros, no período de 2006-2016 de acordo com o seguinte 
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critério de inclusão: textos que abordem a contratransferência no contexto do 
atendimento clínico individual. 
O método utilizado será a revisão narrativa, a qual consiste em “uma revisão 
qualitativa que fornece sínteses narrativas, compreensivas, de informação publicada 
anteriormente” (Ribeiro, 2014, p. 07). A revisão narrativa pode ser utilizada em 
explorações iniciais de um problema, bem como para integrar temáticas diversas; 
consiste em recurso educativo e útil por reunir informações relevantes apresentadas 
sob um ponto vista coerente e amplo do tema a ser tratado, além disso a interpretação 
dos conteúdos coletados possibilita a manifestação da análise crítica a partir da 
subjetividade dos autores do trabalho a ser realizado. 
 
Resultados e Discussão 
A pesquisa encontra-se em andamento, logo, os resultados agora apresentados 
são ainda preliminares. 
De acordo com os artigos disponíveis on line que atendem aos critérios 
metodológicos, observou-se que a contratransferência é considerada aspecto 
fundamental do método psicanalítico, pois implica no compromisso inconsciente do 
analista com seu paciente e na disponibilidade subjetiva deste para atender às 
solicitações transferenciais. Esse aspecto da contratransferência a faz ocupar um lugar 
importante na relação do par analítico, quando se presta ao serviço de acatar a 
transferência com todas as suas peculiaridades, a partir da escuta analítica. 
Em oposição ao pensamento clássico psicanalítico, a contratransferência é 
atualmente concebida como componente atuante no processo analítico pois ela oferece 
maiores e melhores possibilidades de interpretação em razão do vínculo inconsciente da 
dupla analítica. Zambelli, Tafuri, Viana e Lazzarini (2013) explicam que o fato do analista 
se utilizar de sua vivência emocional criando um espaço subjetivo para a compreensão 
da condição psíquica do paciente constitui um enorme proveito, já que ele transforma 
sua subjetividade em aliada para o manejo da transferência. 
 
Conclusão 
Os estudos sobre a contratransferência, da mesma maneira que progrediram ao 
longo dos anos, ainda podem avançar e possibilitar formas de trabalho que favoreçam o 
acolhimento, manejo adequado, interpretações apropriadas e possibilidades de sucesso 
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na análise. Portanto, este trabalho não tem a pretensão de esgotar o assunto, mas 
realizar reflexões e apontamentos sobre o tema, além de contribuir para o entendimento 
de princípios essenciais para a prática clínica psicanalítica. 
 
Referências 
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enquadre psicanalítico em Pierre Fédida. Psicologia Clínica, 23(2), 221-231. 
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Edição Standard Brasileira. (Vol. 12, pp-133-143) Rio de Janeiro: Imago Editora. 
Freud, S. (1914/1996). Recordar, repetir e elaborar. In: Obras psicológicas completas de 
Freud. Edição Standard brasileira. (Vol. 12, pp-163-171) Rio de Janeiro: Imago Editora. 
Freud, S. (1915/1996). Observações sobre o amor transferencial. In: Obras psicológicas 
completas de Freud. Edição Standard brasileira. (Vol. 12, pp-177-188) Rio de Janeiro: 
Imago Editora. 
Laplanche, J. & Pontalis, J. B. (2001). Vocabulário da psicanálise. São Paulo: Martins 
Fontes. 
Minerbo, M. (2012). Transferência e contratransferência. São Paulo: Casa do Psicólogo. 
Ribeiro, J. L. P. (2014). Revisão de investigação e evidência cientifica. Psicologia, Saúde e 
Doenças, 15(3), 672-683. 
Zambelli, C. K., Tafuri, M. I., Viana, T. C., Lazzarini, E. R. (2013). Sobre o conceito de 
contratransferência em Freud, Ferenczi e Heimann. Psicologia Clínica, 25(1), 179-195. 
Recuperado em 30 de maio de 2017, de 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
56652013000100012&lang=pt 
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Dificuldades afetivo-emocionais na infância: a psicoterapia 
psicanalítica frente à medicalização 
Juliana Mistrini Veríssimo 5; Maria Elizabeth Barreto Tavares dos Reis 6 
 
Palavras-chave: Psicanálise; Infância; Medicalização. 
 
Introdução 
Muitas das demandas de psicoterapia infantil estão relacionadas às dificuldades 
de aprendizagem, no entanto, tem sido fator de inquietação o fato de a prescrição 
medicamentosa ser utilizada como primeiro procedimento adotado para tratamento por 
profissionais da saúde. 
A dificuldade de aprendizagem tem sido difundida de forma marcante pela mídia 
leiga, pelas capas de revista semanais, revistas dirigidas aos pais e nas páginas de jornal 
dedicadas a ciência. Nas escolas, o saber médico, difundido por essa mídia, faz com que 
professores e coordenadores professem diagnósticos diante da observação de certos 
comportamentos das crianças, principalmente de TDAH – Transtorno de Déficit de 
Atenção e Hiperatividade, e as encaminhem para avaliação psiquiátrica, neurológica 
e/ou psicológica (Guarido & Voltolini, 2009). 
Lacet (2014), ao tratar da escuta psicanalítica da criança diagnosticada de TDAH, 
aponta que de um lado tem-se a família e a escola que não conseguem controlar os 
comportamentos da criança, portanto, desejam silenciar a criança e sua “agitação”. Do 
outro se tem a criança que não é escutada. Tendo o saber médico como primeira escolha 
tem-se também a intervenção medicamentosa, e esta, atende à demanda dos pais, que 
não precisam questionar suas implicações nos sintomas do filho, e a escola que tende a 
se eximir do questionamento sobre as maneiras de lidar com a criança. A criança neste 
saber fica excluída do processo. Ao ser classificada como “doente” ou “portadora” de 
síndromes e transtornos deixa de ser autora do próprio sofrimento e passa a ser objeto 
de cuidados especializado (Marino, 2013). 
 
5 Psicóloga. Especialização em Psicomotricidade pela Faculdade de Tecnologia do Vale do Ivaí – FATEC, 
2015. Discente do curso de Especialização em Clínica Psicanalítica da Universidade Estadual de Londrina – 
UEL. E-mail: julianamistrini@gmail.com. 
6 Professora Doutora do Departamentode Psicologia e Psicanálise da Universidade Estadual de Londrina – 
UEL. E-mail: bethtavaresreis@gmail.com. 
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Além de excluir o olhar de outras disciplinas, é possível notar que por 
considerarem os sintomas como manifestações da bioquímica cerebral, a descrição do 
manual diagnóstico prevalece em detrimento a descrição dos sintomas apresentados 
pelo sujeito (Guarido, 2007). As propostas de avaliação e tratamento se dividem de 
maneira excludente entre o campo biológico e o campo subjetivo (Silva & Albertini, 
2016). 
As informações apresentadas pelo DSM IV acerca das disfunções da criança 
mostram-se pouco operacionais, pois enfatizam a função/disfunção e ignoram o sujeito, 
além de que as mesmas disfunções descritas no TDAH podem ser encontradas em 
diferentes estruturas clínicas e posições subjetivas, como na psicose, autismo ou 
debilidade intelectual, ou seja, “pode, por exemplo, diagnosticar a agitação psicomotora 
de uma criança psicótica como sendo transtorno de hiperatividade” (Legnani & Almeida, 
2009, p. 15). 
Desse modo, supõe-se que o processo diagnóstico, psiquiátrico e/ou neurológico, 
que antecede a prescrição medicamentosa tem sido realizado de modo impreciso, pois 
ao excluir em sua análise o olhar das diversas disciplinas, reduz questões amplas ao 
domínio do saber médico. Consequentemente, ao descrever um estado prévio ou 
constitutivo do sujeito, pode ser capaz de estagnar outras observações sobre a 
problemática (Guarido & Voltolini, 2009). 
Jerusalinsky (2011) aponta como um dos efeitos do uso inadequado de 
metilfenidato (medicamento com maior índice de consumo, aprovado para o tratamento 
do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH) a interrupção da 
espontaneidade, dos comportamentos de exploração, curiosidade, da socialização e do 
brincar, além da redução ou eliminação da expressão de sentimentos e emoções, 
principalmente da angústia associada ao conflito. Portanto seria possível pensar a 
medicalização das crianças, inibidora da ação espontânea, como uma intrusão ambiental 
referente à possibilidade de desenvolvimento emocional? Seria a medicalização a 
silenciadora da subjetividade da criança? 
Ao observar a teoria de Winnicott (1983) sobre processo de amadurecimento 
compreende-se que o ambiente facilitador é fundamental para o desenvolvimento do 
potencial intrínseco da criança. Neste sentido, o psicanalista precisará estar atento ao 
ambiente e aos aspectos somáticos, mas deve-se ocupar do indivíduo vivendo, e este 
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pode estar se defendendo das falhas do ambiente ou se desenvolvendo com o apoio do 
ambiente, ou seja, é preciso pensar os fatores pessoais e ambientais. 
Na relação terapêutica, o papel do psicanalista é permitir ao paciente criança, a 
comunicação de seus sentimentos sem presumir a existência de um fio decisivo para 
ideias e pensamentos aparentemente desconexos, ou seja, seu papel é favorecer o 
amadurecimento da criança, para que ela alcance o gesto espontâneo e desenvolva o self 
verdadeiro (Winnicott, 1975). 
Partindo da breve exposição sobre as questões de medicalização e patologização 
das queixas escolares, e a respeito da psicoterapia psicanalítica, levanta-se a hipótese de 
que o psicólogo que se utiliza dos fundamentos psicanalíticos pode contribuir para o 
debate sobre medicalização da infância a partir da prática clínica, uma vez que os 
fundamentos teóricos e as práticas neste campo questionam a utilização do instrumento 
médico organicista e propõem a criação de um espaço favorável para que os elementos 
criativos fundamentais que não se estabeleceram possam ser desenvolvidos. 
O objetivo deste trabalho é demonstrar a importância da psicoterapia 
psicanalítica como espaço de escuta e elaboração dos conflitos enfrentados pela criança 
em contrapartida à medicalização em função das queixas relativas ao contexto escolar. 
 
Método 
Será realizada revisão narrativa da literatura psicanalítica de autores clássicos, 
sobretudo a teoria de Donald Woods Winnicott, seguida de um levantamento dos artigos 
publicados no período de 2007 a 2016, em bases de dados eletrônicos, como Google 
Acadêmico, Pepsic e SciELO, relacionados ao assunto proposto, tendo como base os 
temas: medicalização na infância e psicanálise, psicanálise e educação, psicanálise e 
TDAH e psicoterapia psicanalítica infantil. 
 
Resultados e Discussão 
Para Lacet (2014), a nomeação diagnóstica reconhecida pelos pais e especialistas 
e a medicalização das questões subjetivas, impossibilitam a criança de acessar os 
aspectos de sua singularidade, o que afeta seu processo de subjetivação. 
Em Marino (2013) compreende-se que há uma supressão da criança como 
sujeito, que ao ser classificada como doente ou portadora de síndromes e transtornos, 
passa a ser objeto de cuidados especializados em detrimento do saber subjetivo. Em 
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contrapartida, ao receber o direito de fala na clínica psicanalítica, que vai além dos 
aspectos do desenvolvimento e da adaptação ao ambiente, a criança é tida enquanto 
sujeito de uma clínica do infantil, de uma estrutura que remete a fantasia, e passa a ser 
autora de sua própria história (Marino, 2013). 
Apesar de se tratar de um estudo em andamento, acredita-se que, através da 
articulação entre a teoria psicanalítica e a prática clínica das demandas escolares, terá 
como resultado uma resposta psicanalítica às questões de medicalização da infância, que 
considere a subjetividade da criança. 
 
Considerações Finais 
A psicoterapia psicanalítica na infância poderia ser melhor difundida e utilizada, 
tendo em vista que segue na contramão do proposto pela lógica médica de diagnósticos 
pautados no discurso biológico e vai de encontro com a necessidade de oferecer à 
criança um espaço de escuta e acolhimento de suas questões, sejam elas do âmbito 
familiar, social e individual, portanto proporciona um espaço onde a criança possa se 
sentir segura em falar sobre seus sentimentos e dificuldades. 
 
Referências 
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discurso psiquiátrico e seus efeitos na Educação. Educação e Pesquisa, 33(1), 151-161. 
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Guarido, R., & Voltolini, R. (2009). O que não tem remédio, remediado está?. Educação 
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Jerusalinsky, D. (2011) Trata-se de caçar o caçador? In: Jerusalinsky, J., & Fendrik, S. 
(Orgs). O livro negro da psicopatologia contemporânea. São Paulo, SP: Via Lattera 
Lacet, C. C. (2014). A escuta psicanalítica da criança e seu corpo frente ao diagnóstico de 
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Tese de Doutorado. 
Universidade de São Paulo, São Paulo. 
Legnani, V. N. & Almeida, S. F. C. de. (2009). Hiperatividade: o "não-decidido" da 
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