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acumulações sucessivas, cresce, tanto mais também cresce a soma de
valor que se cinde em fundo de consumo e fundo de acumulação. O
capitalista pode, por isso, viver mais prodigamente e, ao mesmo tempo,
“renunciar” mais. E, por fim, todas as molas da produção atuam com
tanto mais energia quanto mais se amplia sua escala com a massa do
capital adiantado.
5. O assim chamado fundo de trabalho
Verificou-se no decorrer desta investigação que o capital não é
uma grandeza fixa, mas uma parte elástica e, com a divisão da mais-
valia em renda e capital adicional, constantemente flutuante da riqueza
social. Viu-se ainda que, mesmo com a grandeza dada do capital em
funcionamento, a força de trabalho, a ciência e a terra (pela qual se
deve entender, economicamente, todos os objetos de trabalho preexis-
tentes na Natureza, sem interferência do homem) nele incorporadas
constituem potências elásticas do mesmo que, dentro de certos limites,
lhe permitem uma margem de ação independente de sua própria gran-
deza. Chegou-se a isso abstraindo todas as circunstâncias do processo
de circulação que proporcionam graus muito diferentes de eficiência à
mesma massa de capital. Uma vez que pressupomos os limites da
produção capitalista, portanto uma figura puramente natural do pro-
cesso social de produção, foi abstraída qualquer combinação mais ra-
cional, realizável de maneira direta e planejada, com os meios de pro-
dução e as forças de trabalho existentes. A Economia clássica sempre
gostou de conceber o capital social como grandeza fixa com grau fixo
de eficiência. Mas o preconceito só foi solidificado em dogma pelo ar-
quifilisteu Jeremias Bentham, o oráculo insípido, pedante e tagarela
do senso comum burguês do século XIX.488 Bentham é, entre os filósofos,
o que Martin Tupper é entre os poetas. Ambos só poderiam ter sido
fabricados na Inglaterra.489 Com seu dogma os fenômenos mais comuns
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488 Compare, entre outros: BENTHAM, J. Théorie des Peines et des Récompenses. Trad. Et.
Dumont, 3ª ed. Paris, 1826. v. II, Livro Quarto. Cap. II.
489 Jeremias Bentham é um fenômeno puramente inglês. Mesmo sem excetuar nosso filósofo,
Christian Wolf, em nenhum tempo e em nenhum país o lugar-comum mais comezinho
jamais se instalou com tanta auto-satisfação. O principio da utilidade não foi invenção de
Bentham. Ele só reproduziu, sem espírito, o que Helvetius e outros franceses do século
XVIII tinham dito espirituosamente. Se por exemplo se quer saber o que é útil a um
cachorro, precisa-se pesquisar a natureza canina. Essa natureza não se pode construir a
partir do “princípio de utilidade”. Aplicado ao homem, isso significa que se se quer julgar
toda a ação, movimento, condições etc. humanos segundo o princípio da utilidade, trata-se
primeiramente da natureza humana em geral e depois da natureza humana historicamente
modificada em cada época. Bentham não perde tempo com isso. Com a mais ingênua secura
ele supõe o filisteu moderno, especialmente o filisteu inglês, como o ser humano normal.
O que é útil para esse original homem normal e seu mundo é em si e para si útil. E por
esse padrão ele julga então passado, presente e futuro. Assim, por exemplo, a religião cristã
é “útil” porque reprova religiosamente os mesmos delitos que o código penal condena juri-
dicamente. A crítica da arte é nociva porque perturba o prazer que as pessoas honestas
encontram em Martin Tupper etc. Com lixo dessa espécie, o bom homem, cuja divisa é

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