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Apostila Cultura e Sociedade I

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Cultura e Sociedade
2016
Maria de Fátima Silva Porto
Copyright © Centro Universitário de Patos de Minas 2016
Centro Universitário de Patos de Minas - UNIPAM
Rua Major Gote, 808 - Bairro: Caiçaras
Patos de Minas - MG - CEP: 38702-054
Telefone: (34) 3823- 0300
www.unipam.edu.br
Reitor 
Prof. Me. Milton Roberto de Castro Teixeira
Vice-Reitor 
Prof. Dr. Fernando Dias da Silva
Pró-Reitor de Ensino, Pesquisa e Extensão
Prof. Me. Fagner Oliveira de Deus
Pró-Reitor de Planejamento, 
Administração e Finanças
Prof. Me. Renato Borges Fernandes
Diretor de Graduação
Prof. Me. Henrique Carivaldo de Miranda Neto
Diretor Executivo
Prof. João Wander Silva
Coordenadora de Pós-Graduação, 
Pesquisa e Extensão
Profª. Me. Adriana de Lanna Malta Tredezini
Coordenador de Educação a Distância
Prof. Me. Flávio Daniel Borges de Morais
Coordenador de Design Educacional
Prof. Me. Flávio de Paula Soares Carvalho
Designer Educacional
Profª. Adriene Sttéfane Silva
Equipe de Diagramação
Danilo Moreira Soares
Jéssica Carolina Silvério
Revisão de texto
Prof. PhD. Luís André Nepomuceno
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) – Brasil
 Catalogação na Fonte
P839c Porto, Maria de Fátima Silva.
 Cultura e sociedade / Maria de Fátima Silva Porto. -- Patos
de Minas: UNIPAM, 2016.
 316 p. : il.
 ISBN 978-85-62203-28-2
 1. Multiculturalismo. 2. Ética . I. Título
CDD 301
Prezado (a) estudante, seja bem-vindo à disciplina Cultura e Sociedade!
Vamos dar início a um estudo extremamente importante. Todo profissional, de qualquer área, deve ter um pouco do co-
nhecimento que essa matéria contempla. Essa disciplina objetiva proporcionar ao aluno a oportunidade de adquirir um 
conhecimento integralista, por meio da abordagem de diversos temas atuais, os quais fazem parte de sua vida e de seu 
cotidiano. Dessa forma, você terá uma visão mais crítica e reflexiva sobre sua própria realidade, seu contexto, seu entorno, 
enfim, sobre problemas que a sociedade brasileira apresenta todos os dias.
Assim, foram selecionadas temáticas, as quais são apresentadas a você, que, como aluno autônomo e disposto a ampliar 
seu conhecimento, poderá complementá-las com outras leituras relacionadas. Afinal, sabemos que o conhecimento é 
muito vasto e, se você o deseja, deve se esforçar, ter autonomia e iniciativa para buscá-lo.
Então, espero e desejo que você se dedique ao máximo para aproveitar o conteúdo desta disciplina, participando de 
todas as atividades e reflexões propostas. Acredito que, após sua conclusão, você será um (a) estudante com uma percep-
ção mais refinada sobre sua realidade e sua sociedade, por meio de um “olhar” mais detalhado, mais questionador, mais 
reflexivo e mais crítico. 
Bom proveito!
Apresentação
Professora
 Dra. Maria de Fátima Silva Porto
Ementa
O Homem e a cultura. O homem e os aspectos biológicos e culturais. Multiculturalismo e relações étnico-
raciais. História e cultura afro-brasileira. História e cultura indígena e Direitos Humanos. O conhecimento 
em seus diversos aspectos. Ética, moral e ideologia. Meios de comunicação de massa, tecnologia e novas 
mídias. Reestruturação produtiva. Globalização e Neoliberalismo. Trabalho, mercado e responsabilidade 
social. Grupos etários e conflitos de gerações. Lei Ambiental, ecologia e biodiversidade. Relações sociais de 
gênero. O feminismo no Brasil. Violência urbana e rural. 
Professora Dra. Maria de Fátima Silva Porto
Professora atuante no Centro Universitário de Patos de Minas-UNIPAM. Doutora em História e Culturas 
Políticas pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG; Mestre em História Social da Cultura pela 
Universidade Federal de Uberlândia - UFU; Pós-Graduação em Sociologia; Pós-Graduação em História 
Moderna e Contemporânea; Pós-Graduação em História do Brasil e Graduação em História. Professora 
aposentada na rede pública e experiência docente também em escolas particulares e confessionais. 
Atualmente é presidente do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Centro Universitário de Patos de Minas 
- UNIPAM.
Aula 1
O homem e a cultura
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Sumário
Aula 1 - O homem e a cultura
Considerações iniciais ..............................................................................................................................................................................................................7
1 O Homem e a cultura ...........................................................................................................................................................................................................7
1.1 As origens da palavra cultura ...........................................................................................................................................................................7
1.2 Os símbolos na cultura .......................................................................................................................................................................................8
1.3 Cultura: um conceito com várias definições ........................................................................................................................................... 10
Considerações finais .............................................................................................................................................................................................................. 13
Referências ................................................................................................................................................................................................................................ 14
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Objetivos
Ao final desta aula você será capaz de:
 ■ Conhecer as origens da palavra cultura;
 ■ Conceituar o termo cultura;
 ■ Entender o que são os símbolos culturais;
 ■ Refletir sobre os valores culturais na vida em sociedade. 
Considerações iniciais
Estudar e conhecer a cultura de nossa sociedade é de extrema importância, pois o homem é produto e 
produtor da cultura na qual foi e continua sendo socializado.
Assim, caro (a) aluno (a), você, como produto e produtor de sua cultura, reflete essa, por meio de seus 
valores, comportamentos, hábitos, costumes, sentimentos, gestos e tantas outras ações no seu dia a dia. 
Compreender as origens da palavra cultura e suas definições bem como o significado dos símbolos culturais 
são conhecimentos necessários e essenciais para que você entenda os motivos pelos quais você é como é.
Você já se perguntou por que toma banho todos os dias, come com talheres, ingere 
determinados alimentos e dorme em uma cama? Já se perguntou sobre a maneira 
de sentar, chorar, sorrir, casar, trabalhar, o modo de vestir, enfim, sobre tudo o que 
você pratica no seu cotidiano? Pois bem, o modo como você vive, sente e age 
reflete a sua cultura.
Reflexão
Por meio dessa reflexão, você, caro (a) aluno (a), pode entender por que estudar a cultura é tão importante, 
e é sobre ela que passaremos a tratar.
1 O Homem e a cultura
A cultura é parte integrante do homem. Suas origens, seus símbolos e seus significados traduzem a forma 
pela qual o ser humano foi formado ou socializado. 
1.1 As origens da palavra cultura
Segundo Laraia (2011), a palavra cultura está associada ao momento em que foi elaborada a primeira 
norma ou regra entre os homens. Essa seria a criação de um padrão de comportamento generalizado, isto 
é, comum para todas as sociedades humanas. Essa primeira norma foi a proibição do incesto.
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Incesto: proibição da “[...] relação sexual de um homem com certas categorias de 
mulheres (entre nós, a mãe, a filha e a irmã)” (LARAIA, 2011, p. 54).
Importante
Caro (a) aluno (a), você sabe que, em nossa sociedade, a prática do incesto é considerada crime; portanto, 
tornou-se uma norma, uma lei, criada pelos homens para normalizar ou padronizar o comportamentodos 
indivíduos, não somente na nossa, mas em outras sociedades também.
Para uma melhor compreensão do significado do termo incesto e sua proibição, 
acesse o link abaixo: 
<http://www.academia.edu/4776895/resenha_a_proibicao_do_incesto_para_
Levi-Strauss#>
Nesse endereço eletrônico você acessará uma resenha intitulada: “A proibição do 
incesto para Lévi-Strauss”.
Conectando Saberes
As origens da palavra Cultura não podem ser atribuídas a apenas um pensador ou autor. À medida que 
aprofundamos nossos estudos em qualquer área, percebemos que existem várias visões ou interpretações 
sobre o mesmo tema, conforme o ponto de vista de cada estudioso.
Nesse sentido, abordamos também o enfoque do antropólogo americano Leslie White (1955), citado por 
Laraia (2011), considerando que foi a criação dos símbolos que marcou a transição do estado animal para 
a condição do humano.
1.2 Os símbolos na cultura
A comunicação humana se dá por meio de uma rica e vasta simbologia.
Segundo White (1955 apud Laraia 2011, p. 55):
Todo comportamento humano se origina no uso de símbolos. Foi o símbolo que transformou nos-
sos ancestrais antropoides em homens e fê-los humanos. Todas as civilizações se espalharam e per-
petuaram somente pelo uso de símbolos [...] . Toda cultura depende de símbolos. [...] Uma criança do 
gênero Homo torna-se humana somente quando é introduzida e participa da ordem de fenômenos 
superorgânicos que é a cultura. E a chave deste mundo, e o meio de participação nele, é o símbolo.
Portanto, de acordo com White (1955 apud Laraia, 2011), foi a geração de símbolos que criou a cultura, que 
é também responsável por sua perpetuação. O que diferencia o ser humano do animal é o símbolo, o qual 
determina o comportamento simbólico do homem ao representar, por meio desse, o que é importante e 
o que possui significado para cada indivíduo.
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[...] um símbolo é alguma coisa que se apresenta no lugar de outra e presentifica 
algo que está ausente (CHAUI, 1996, p.294).
Reflexão
Observa-se, então, que, para conhecermos e para decifrarmos o significado do símbolo, precisamos 
conhecer a cultura que o criou, traduzido na prática do cotidiano das pessoas de uma determinada 
sociedade.
Cada cultura possui e cria os seus símbolos. Como exemplo de símbolos na 
sociedade brasileira, podemos citar o Hino Nacional; a Bandeira Nacional; o 
Brasão; a comunicação (palavras, escrita, sinais, gestos, os quais transmitem 
significados como o sinal da cruz, o dedo polegar levantado, dentre vários); 
o significado das cores para determinadas ocasiões, a exemplo da cor preta 
para o luto, da cor branca para a paz (cujo significado pode ser diferente para 
outras culturas); o trabalho; os desenhos (tatuagens); objetos e seres (os quais se 
tornaram sagrados ou transformaram-se em tabus, puros e impuros); emblemas; 
esculturas; monumentos; e tantos outros diversos e inúmeros exemplos.
Contextualização
Para ilustrar, além dos exemplos citados no quadro acima, acrescentamos que a cor branca na China 
representa o luto, e não a paz.
Para ampliar as informações sobre símbolos, acesse o link abaixo:
<http://periodicos.uesb.br/index.php/politeia/article/viewFile/572/568>. Acesso 
em 01/10/2014.
Nesse endereço eletrônico você acessará um texto intitulado “Os símbolos e o 
comportamento humano na antropologia de Leslie White”.
Conectando Saberes
Além das versões sobre as origens da cultura apresentadas até o momento, outros pensadores, como 
Roger Lewin (1981) e Richard Leackey (1981), atribuem o início da cultura às mudanças evolutivas do 
cérebro dos primatas; a uma visão que sobrepujou o faro, mas não perdeu o olfato; e à utilização das mãos, 
cuja capacidade não existe para nenhum outro mamífero. Outro autor, David Pilbeam (1973), destaca 
o bipedismo como uma diferença entre os primatas e os demais mamíferos, sendo, portanto, a posição 
ereta, a liberação das mãos, também reforçada pelo autor Kennetn P. Oakley, causas do desenvolvimento 
da inteligência do ser humano. Esses fatores provocaram um cérebro mais complexo e volumoso (LARAIA, 
2011).
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Como você pode observar, caro (a) estudante, as origens da palavra cultura possuem várias interpretações 
ou versões, e não apenas uma única explicação.
É preciso destacar ainda, a importância dos símbolos na cultura, por eles representarem aquilo que 
elegemos como valores em nossa sociedade e em nossa vida pessoal.
Após o conhecimento de várias versões sobre as origens da palavra cultura, pode-
se perguntar qual delas é a verdadeira, não é? Entretanto, apesar de o ser humano 
desejar sempre uma “resposta verdadeira”, essa não existe. O correto é buscarmos 
conhecer vários autores, várias interpretações ou versões (quanto mais, melhor e 
mais rico torna-se o nosso conhecimento), e depois, optarmos por aquela que nos 
convence mais, por meio de suas evidências.
Reflexão
Após essa explanação sobre as origens da palavra cultura, passaremos ao significado do termo cultura.
1.3 Cultura: um conceito com várias definições
Caro (a) estudante, assim como as origens da cultura nos apresentam várias versões, a definição do conceito 
de cultura também possui várias interpretações e, por isso, não é possível reduzir o seu significado a uma 
única interpretação.
A palavra cultura pode ser empregada em vários sentidos e é, ao mesmo tempo, contraditória. Ela pode 
significar a posse de conhecimentos, isto é, uma pessoa culta, um ser alfabetizado que conhece sobre 
arte, línguas, literatura. O contrário é ser inculto, ou seja, não ter cultura (conhecimento). Saindo da esfera 
pessoal, a cultura pode ser apropriada por uma coletividade, significando a cultura de uma determinada 
comunidade ou sociedade específica para distinguir os diversos e inúmeros tipos de cultura, como a 
brasileira, a italiana, a japonesa, a alemã, a francesa, a americana e todas as demais existentes. A cultura 
também designa as atividades artísticas como a dança, a música, o teatro, as artes e tantas outras (CHAUI, 
1996).
Pode-se usar a palavra cultura para designar uma plantação, ou seja, uma “cultura de feijão”, uma “cultura 
de arroz”, referente à agricultura. O termo, pode ser usado para nos referirmos a um conhecimento e a uma 
prática da medicina laboratorial, isto é, realizar um exame de “cultura fecal”, por exemplo.
Uma das pioneiras ou primeiras definições de cultura é atribuída a Taylor (apud TOMAZI, 2010, p.172), a 
qual se transcreve: “[...] cultura é o conjunto complexo de conhecimentos, crenças, arte, moral e direito, 
além de costumes e hábitos adquiridos pelos indivíduos em uma sociedade”.
Essa definição é bastante ampla, generalista e pretende traduzir a cultura universal.
Feitas essas abordagens, chamamos a atenção para os significados de cultura, segundo Chaui (1996, p. 
292), no quadro abaixo:
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1. “Vinda do verbo latino colere, que significa cultivar, criar, tomar conta e cuidar. 
Cultura significa cuidado do homem com a Natureza. Donde: agricultura. 
Significava, também, cuidado dos homens com os deuses. Donde: culto. 
Significava ainda, o cuidado com a alma e o corpo das crianças, com sua educação 
e formação. Donde: puericultura (em latim, puer significa menino; puera, menina)”.
Importante
Nesse sentido, Chaui (1996) enfatiza que a cultura referia-se à educação espiritual das crianças, ao cultivo 
das qualidades naturais como a índole, o temperamento, o caráter, para que essas crianças se tornassem 
indivíduos virtuosos. Nesse significado, natureza e cultura não se excluem, porque os homens, considerados 
seres naturais, são da primeira natureza; e os seres, formados e socializados pela educação, são da segunda 
natureza, e essa educação adquirida contribuiu para o aperfeiçoamento da natureza inata, ou seja, da 
primeira natureza. 
Além desse primeiro significado, Chaui (1996) ainda define cultura pormeio de uma segunda versão, a 
seguir: 
2. “A partir do século XVIII, cultura passa a significar os resultados daquela 
formação ou educação dos seres humanos. Resultados expressos em obras, 
feitos, ações e instituições: as artes, as ciências, a Filosofia, os ofícios, a religião e 
o Estado. Torna-se sinônimo de civilização, pois os pensadores julgavam que os 
resultados da formação-educação aparecem com maior clareza e nitidez na vida 
social e política ou na vida civil (a palavra civil vem do latim: cives, cidadão; civitas, 
a cidade-Estado)” (CHAUI, 1996, p. 292).
Importante
Observa-se, de acordo com a definição acima, que após o século XVIII, ocorre a separação entre natureza e 
cultura, pois a Natureza será considerada determinista, ou seja, mecânica, e a cultura ocorrerá no homem 
que possui liberdade, que é racional, que é capaz de agir por escolhas, conforme seus valores e princípios. 
Nesse momento, os homens passam a discernir as diferenças entre “[...] justo e injusto, sagrado e profano, 
belo e feio” (CHAUI, 1996, p. 293).
Nesse momento ainda, de acordo com a filósofa Chaui (1996), a cultura terá o sinônimo de História, 
caracterizada pela relação dos homens no tempo, com o tempo, com o espaço, com a natureza, e com 
os próprios seres humanos organizados em sociedade. As obras humanas passam a caracterizar e serem 
expressas numa dada civilização.
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Como já foi dito, caro (a) estudante, a cultura possui várias definições. Pela 
perspectiva histórica, explicitada no parágrafo acima, os pensadores que a 
defendem são Karl Marx e Hegel. Entretanto, a Antropologia define a cultura por 
meio de formas diferentes, quais sejam: pela “[...] criação da ordem simbólica da 
lei [...]”; pela “[...] criação de uma ordem simbólica da linguagem, do espaço, do 
tempo, do sagrado e do profano, do visível e do invisível”, e pelo “[...] conjunto 
de práticas, comportamentos, ações e instituições pelas quais os humanos se 
relacionam entre si e com a Natureza [...]” (CHAUI, 1996, p.294-5).
Contextualização
Por meio da visão antropológica, não se fala em cultura, e sim, em culturas, pelo fato de todos os elementos 
que a compõem variarem de uma organização social para outra, como as leis, as normas ou as regras, as 
crenças, os hábitos, os costumes, os instrumentos, os artefatos, as artes, as práticas e as instituições, entre 
outros. (CHAUI, 1996).
Podemos dizer, então, que os principais elementos identificadores da cultura estão ligados à vida material, 
às interações sociais, à linguagem, à estética, à religião, aos hábitos alimentares, entre outros.
Nota-se, portanto, que muitos aspectos da vida de uma sociedade ou de um indivíduo são abarcados pela 
cultura. Por meio do estudo desses elementos, conhece-se a cultura de qualquer grupo, comunidade ou 
sociedade ou identifica-se a cultura de qualquer pessoa, estando ela em qualquer lugar ou em qualquer 
grupo.
Para uma melhor compreensão do significado de cultura, acesse o link abaixo: 
<http://www.cdsa.ufcg.edu.br/portal/outras_paginas/arquivos/aulas/marcio_
caniello/introd_a_antropologia/GEERTZ_A_transicao_para_a_humanidade.
pdf>. Acesso em 01/10/2014.
Nesse endereço eletrônico você acessará um texto de autoria de Clifford Geertz, 
intitulado “Transição para a humanidade”, em que o autor discute o papel da 
cultura na humanização da sociedade.
Dica
Em qualquer sociedade, quando uma criança nasce, já está estabelecido o mundo cultural, pelo fato de 
já existir um sistema, um código de significados e de valores. Nesse mundo no qual a criança irá se situar, 
aprende-se a língua, a forma de se alimentar, o modo de como se sentar, brincar, correr, andar, sorrir, chorar, 
a entonação da voz nas conversas, em conformidade com o ambiente, as relações sociais e familiares, e 
tudo mais que se refere ao comportamento humano e social. As emoções e os sentimentos também são 
modelados conforme as normas, as regras de conduta, os valores e a forma como as relações entre os 
membros da sociedade é organizada (TOMAZI, 2000).
Portanto, prezado (a) estudante, desde a infância, a cultura norteia o seu modo de sentir, pensar e agir.
Além de a cultura ser composta por diversos elementos e abranger diversos aspectos, ela possui também 
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características próprias do contexto em que é produzida.
TUDO QUE É PRODUZIDO 
PELO SER HUMANO.
ESTABELECE OS LIMITES 
EM QUE SE DESENVOLVE A
AÇÃO SOCIAL.
APRESENTA ELEMENTOS
 TANGÍVEIS E INTANGÍVEIS.
MANIFESTA-SE POR MEIO 
DE DIVERSOS SISTEMAS.
VALORES
NORMAS
IDEOLOGIAS
CULTURA
CONSTRUÍDA E 
COMPARTILHADA PELOS 
MEMBROS
DE UMA SOCIEDADE.
Figura 1 Características que compõem a cultura
Fonte: DIAS, 2010, p.67. Adaptado pela autora.
DIFERENTES TIPOS DE CULTURA
Figura 2 Diferentes tipos de cultura
Fonte: freepik.com. Adaptado pela autora
Os elementos e as características da cultura se complementam, conseguindo, dessa forma, nos apresentar 
a grande abrangência da cultura na estrutura ou na organização de qualquer sociedade ou na vida de 
qualquer indivíduo. 
Como você pode verificar, estudante, as divergências e as discussões sobre a definição conceitual de 
cultura são muitas e continuam em curso.
Considerações finais
Após o estudo do tema “O homem e a cultura”, pode-se avaliar o quanto a cultura é inerente à vida de 
qualquer ser humano, pois este é produtor e produto daquela. É o conhecimento de suas origens, de seus 
hábitos e costumes, os quais são adquiridos pela cultura.
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As origens da palavra cultura são diversas e com interpretações diferentes pelos vários pensadores.
A existência dos símbolos na cultura representa o nosso imaginário, aquilo que está ausente e carregado 
de valores importantes para cada um (a) de nós.
Você aprendeu ainda que o termo cultura possui vários significados e que não existe apenas uma cultura, 
mas várias culturas, constituídas de elementos e de características que nos revelam que a cultura abrange 
todos os aspectos de nossas vidas, como também de qualquer grupo ou sociedade. Portanto, conhecer e 
estudar a cultura, suas origens, seus símbolos e suas definições assinala o ponto de partida para que você, 
estudante, possa refletir sobre sua própria cultura em sua existência humana.
Referências
CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1996.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Zahar, 2011.
TOMAZI, Nelson Dacio. Iniciação à sociologia. São Paulo: Atual, 2000.
___________________. Sociologia. São Paulo: Saraiva, 2010.
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O homem e os aspectos biológicos e 
culturais
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Sumário
Aula 2 - O homem e os aspectos biológicos e culturais
Considerações iniciais ..............................................................................................................................................................................................................3
2 O homem e os aspectos biológicos e culturais ...........................................................................................................................................................3
2.1 O homem: ser biológico e cultural .................................................................................................................................................................3
2.2 Endoculturação e aculturação .........................................................................................................................................................................4
2.3 Cultura popular e cultura erudita ...................................................................................................................................................................6
Considerações finais .................................................................................................................................................................................................................9Referências ...................................................................................................................................................................................................................................9
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Objetivos
Ao final desta aula você será capaz de:
 ■ Reconhecer a influência dos aspectos biológicos e culturais no processo humanização.
 ■ Diferenciar os aspectos biológicos dos culturais;
 ■ Reconhecer os impactos da endoculturação e da aculturação na vida do ser humano e refletir 
sobre eles.
 ■ Especificar o que é cultura popular e cultura erudita.
Considerações iniciais
Caro (a) estudante, até aqui você conheceu algumas versões da origem da palavra cultura, o significado de 
símbolo cultural, bem como algumas definições do termo cultura.
Nesta aula, você irá conhecer que existem aspectos humanos que são da natureza biológica ou fisiológica, 
ou seja, aspectos que estão presentes em todo ser humano, independentemente do lugar onde nasceu 
ou vive. Outros aspectos referem-se ao aprendizado, isto é, à maneira como o ser humano foi socializado, 
o que se refere ao aspecto cultural dos indivíduos.
Abordaremos os conceitos de endoculturação e aculturação como formas e processos de fusão entre as 
diferentes expressões culturais, criando-se, por meio dessa fusão, novas formas culturais.
Trataremos, também, das conceituações, diferenças e características da cultura popular e da cultura 
erudita. Veremos como esses dois tipos de cultura são importantes e fazem-se presentes no dia a dia de 
todos os indivíduos, bem como são partes da cultura nacional.
2 O homem e os aspectos biológicos e culturais
O homem possui aspectos que são de natureza biológica e cultural, sendo esses coexistentes em seu 
cotidiano. Por influência de outras culturas, sofre a endoculturação e a aculturação, convive também com 
culturas diferenciadas, isto é, com a cultura erudita e com a cultura popular.
2.1 O homem: ser biológico e cultural
Agora, você irá conhecer quais são os aspectos biológicos e culturais que caracterizam o ser humano.
O homem é um ser biológico e cultural, isto é, ele possui características que são universais, as quais são 
iguais para todos os homens. Esses aspectos são biológicos, como o ato de comer, de dormir, de andar, 
de respirar, de defecar. Qualquer ser humano, em qualquer parte do mundo, comunidade ou sociedade, 
precisa desses fatores biológicos ou fisiológicos para sobreviver. Concorda?
Por sua vez, os caracteres referentes à cultura, ou seja, aqueles elementos que a caracterizam, o que come, 
como dorme, como anda (ou como senta), como defeca, podem ser praticados de formas diferentes em 
lugares diversos, ou ser diferentes para pessoas que possuem utensílios ou estruturas diferentes para 
essas necessidades fisiológicas. Essas formas de práticas e de estruturas diferentes ocorrem de maneiras 
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diversas devido à educação, por influência do poder econômico da família, o que reflete em construções 
de moradias e nas condições de infraestrutura em que o indivíduo está inserido, dentre tantos outros 
fatores.
Qualquer criança normal pode ser educada em qualquer cultura, desde que tenha 
sido levada logo após o seu nascimento para outro país, ou sua cultura será sempre 
aquela do seu país de nascimento?
Reflexão
Segundo Laraia (2011, p.17), “[...] as diferenças genéticas não são determinantes das diferenças culturais.” 
Assim, as diferenças ocorrem pela história cultural de cada sociedade.
“O exército de Israel demonstrou que a sua eficiência bélica continua intacta, 
mesmo depois da maciça admissão de mulheres soldados.” 
[...]
“Margareth Mead (1971) mostra que até a amamentação pode ser transferida a 
um marido moderno por meio da mamadeira. E os nossos índios Tupi mostram 
que o marido pode ser o protagonista mais importante do parto. É ele que se 
recolhe à rede, e não a mulher, e faz o resguardo considerado importante para a 
sua saúde e a do recém-nascido” (LARAIA, 2011, p.19).
Contextualização
Nesse sentido, não é uma racionalidade biológica que determina as diferenças culturais.
2.2 Endoculturação e aculturação
Já foi citado, em passagens anteriores, que o comportamento do ser humano é produto de uma socialização, 
de uma educação ou de um aprendizado. Esse processo, de acordo com Laraia (2011), denomina-se 
endoculturação.
O termo endoculturação significa “[...] o processo que estrutura o condicionamento 
da conduta, dando estabilidade à cultura” (MARCONI; PRESOTTO, 2008, p. 47).
Contextualização
Não existe uma etnia superior à outra por conta de diferenças genéticas hereditárias. Esse tipo de 
pensamento, ao contrário, é o que leva ao preconceito, veiculado ainda por velhas e persistentes teorias 
que reforçam e conferem características específicas inatas às sociedades, umas com características de 
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superioridade, e outras, de inferioridade (LARAIA, 2011).
Uma menina e um menino agem de forma diferente devido a uma educação 
diferenciada ou é em função de seus hormônios? (LARAIA, 2011).
Reflexão
De acordo com o autor Laraia (2011), é a educação a responsável pelo comportamento das pessoas.
O biológico não interfere na cultura, mas a cultura interfere no biológico.
Importante
A cultura interfere na motivação, “[...] na satisfação das necessidades fisiológicas básicas. [...] ela pode 
condicionar outros aspectos biológicos e até mesmo decidir sobre a vida e a morte dos membros do 
sistema” (LARAIA, 2011, p.75).
Como exemplo de uma desmotivação, citamos a apatia que se sobrepõe aos valores de autoestima de um 
determinado grupo em um momento de crise. Outro exemplo pode ser a apatia e a tristeza que os africanos 
sofreram ao ser transportados de seu habitat, de seu mundo cultural para outro contexto cultural diferente 
do seu, nesse caso, para o Brasil. Essa tristeza foi denominada de banzo (saudade), levando, inclusive, à 
morte, além de muitos suicídios (LARAIA, 2011).
Outra área fértil para se verificar a influência da cultura sobre o biológico se refere às doenças psicossomáticas.
“Muitos brasileiros, por exemplo, dizem padecer de doenças do fígado, embora 
grande parte dos mesmos ignora até a localização do órgão. Entre nós são 
também comuns os sintomas de mal-estar provocados pela ingestão combinada 
de alimentos. Quem acredita que o leite e a manga constituem uma combinação 
perigosa, certamente sentirá um forte incômodo estomacal se ingerir 
simultaneamente esses alimentos” (LARAIA, 2011, p.77).
Contextualização
A presença, portanto, da força dos padrões culturais sobre o biológico fica muito evidente, não somente 
pelos exemplos citados anteriormente, mas também pelo nosso próprio conhecimento dessas influências 
em nosso dia a dia, com as quais vivenciamos.
Veja, prezado (a) aluno (a), outro campo em que se percebe a grande influência da cultura: as curas de 
doenças, que podem ser reais ou imaginárias. É comum acreditar que a fé cura e/ou faz milagres, por ser 
nossa sociedade formada pela influência da fé católica, adquirida pela aculturação.
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“Aculturação é a fusão de duas culturas diferentes que, entrando em contato 
contínuo, originam mudanças nos padrões da cultura de ambos os grupos” 
(MARCONI; PRESOTTO, 2008, p.45).
Importante
A fé é pessoal, é da esfera privada do indivíduo; e essa fé cultural que influencia a cura tem suas condições, 
conforme cita Laraia (2011, p.77-78): “Estas curas ocorrem quando existe a fé do doente na eficácia do 
remédio ou no poder dos agentes culturais”. 
Um agente de cura pode ser o xamã, o pajé, como pode recorrer às rezas das religiões diversas, às imagens 
de santas e de santos, às promessas, e a tantos outros meios que você, estudante, sabe que existem em 
nossas práticas diárias e na sociedade atual.
2.3 Culturapopular e cultura erudita
Caro (a) aluno (a), você já deve ter ouvido falar em cultura popular e cultura erudita, não é mesmo? Parece 
que as duas são separadas, mas não são.
De onde surgiu a ideia de que cultura popular e cultura erudita são opostas e/ou 
separadas?
Reflexão
Entre cultura popular e cultura erudita existem características ou divisões específicas a cada uma delas, 
mas essas singularidades nos servem para a compreensão mental dos termos, e não para separá-las.
Por ser a sociedade dividida em classes sociais, a cultura foi identificada conforme essa classificação, 
atribuindo a cultura popular às classes populares, e a cultura erudita às classes superiores ou à elite.
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“Originalmente, a expressão ‘cultura popular’ surge na Idade Média, na Europa, 
em oposição à cultura oficial, dominante ou das elites. A cultura popular passa 
a expressar uma visão de mundo diferente daquela oficial, representada pela 
nobreza e pelo clero. Assim, inicialmente, a cultura popular era não religiosa em 
virtude do papel cultural dominante da Igreja no período feudal. Desenvolve-se a 
princípio no ambiente das ruas e das praças da Idade Média, o ambiente público 
no qual se expressa o povo, diferente do ambiente palaciano em que convivem as 
elites. Sua lógica inicial se dirige para a inversão dos valores, das hierarquias, das 
normas e dos tabus religiosos, políticos e morais estabelecidos, opondo-se, assim, 
aos dogmas e à seriedade da cultura oficial” (DIAS, 2010, p.71).
Contextualização
Atualmente, percebe-se que a divisão rígida entre cultura popular e erudita que se colocava anteriormente 
está se desvaindo cada vez mais, pelo fato de os meios de comunicação terem tido uma expansão muito 
grande e veloz e, com isso, aumentando a possibilidade de uma difusão das culturas com mais rapidez e 
facilidade entre os diversos e inúmeros grupos de pessoas no mundo inteiro (DIAS, 2010).
Conforme Tomazi (2010, p.175), ”no decorrer do século XX, com o desenvolvimento das tecnologias de 
comunicação, o cinema, a televisão e a internet tornaram-se instrumentos de trocas culturais intensas [...]”.
Assim, os contatos entre pessoas e países diferentes impulsionaram as trocas culturais, com influências e 
ganhos para todos, inclusive apresentando à cultura mundializada formas e/ou elementos culturais pouco 
conhecidos ou pouco divulgados. 
“A cultura erudita abrangeria expressões artísticas como a música clássica de 
padrão europeu, as artes plásticas - escultura e pintura -, o teatro e a literatura de 
cunho universal” (TOMAZI, 2010, p.176). 
Importante
Todos esses produtos são colocados e/ou oferecidos no mercado global como mercadoria e consumidos 
por qualquer indivíduo que possa comprá-los. Existem objetos na área da cultura erudita que são deixados 
como herança, por conta de seu alto valor de mercado (TOMAZI, 2010).
Ainda, enfatiza Tomazi (2010, p. 175): “O mundo não era mais apenas o local em que um grupo vivia. 
Tornou-se muito mais amplo, assim como as possibilidades culturais”. 
Por isso, a ideia de que cultura popular e cultura erudita são consumidas separadamente é um grande 
equívoco, tendo em vista o grande processo de circulação das diferentes culturas. 
“A cultura nacional passou a ter determinada constituição e os valores e bens culturais de vários povos ou 
países cruzaram-se, com a consequente ampliação das influências recíprocas” (TOMAZI, 2010, p. 175).
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A cultura erudita pressupõe um conhecimento elaborado, adquirido nas instituições acadêmicas, 
bibliotecas e museus, advindo de um saber institucionalizado e intelectualizado. É um saber formal.
Por isso, os conceitos de cultura popular e cultura erudita camuflam ainda uma escala de valor, de valoração, 
como se o popular fosse inferior ao erudito.
“A chamada cultura popular encontra expressão nos mitos e contos, danças, 
música - de sertaneja a cabocla -, artesanato rústico de cerâmica ou de madeira e 
pintura; corresponde, enfim, à manifestação genuína de um povo” (TOMAZI, 2010, 
p.176).
Importante
Assim, caro (a) aluno (a), a cultura popular é aquela produzida pelo povo e consumida pelo povo.
É um produto de um conhecimento ou saber que não é institucional, isto é, não é aprendido na escola, nos 
colégios ou nas academias.
A cultura popular se manifesta de várias formas: pela arte, pelo folclore, pela religião (sincretismo 
religioso, como mistura de elementos africanos com o catolicismo), pela música, pelas canções e danças, 
pela culinária, pelos contos e fábulas, pela literatura de cordel, pelos provérbios, pela tradição e por outras 
formas mais.
“A palavra folclore (do inglês folklore, junção de folk, ‘povo’, e lore, ‘saber’) significa 
‘discurso do povo’, ‘sabedoria do povo’ ou ‘conhecimento do povo’ ” (TOMAZI, 
2010, p. 176).
Contextualização
O sincretismo religioso, segundo Marconi e Presotto (2008, p.46) é “[ ] a fusão de dois elementos culturais 
análogos (crenças e práticas), de culturas distintas ou não.”
Dessa forma, o sincretismo no Brasil apresenta-se com grandes fusões, com um número imenso de misturas 
de práticas até difíceis de conhecer e de citar. Como exemplo, registramos uma das práticas de sincretismo 
mais conhecidas, que é a umbanda, com misturas do catolicismo, de práticas dos africanos, dos indígenas 
e do espiritismo (MARCONI; PRESOTTO, 2008).
Considerando outras manifestações populares, você, prezado (a) estudante, já deve ter o conhecimento 
sobre os diversos movimentos e expressões urbanas atuais, como o hip-hop, o rap, o reggae, os grafites, e 
tantas outras.
A cultura popular acontece e ocorre tanto no meio rural quanto no urbano.
O surgimento de novos produtos e manifestações nos mostra que há uma constante renovação, criação e 
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recriação da cultura popular por meio do povo.
Segundo Bosi (1972), a cultura não é apenas um produto que se consome ou se adquire, mas é algo que 
se produz, que se faz, é um processo contínuo. Não se deve comparar ou separar cultura popular ou de 
cultura erudita. O fato de ter cultura não significa ser superior e não ter cultura não significa ser inferior. 
Essa ideia de posse de cultura foi apropriada injustamente para a diferenciação social e, por meio dela, 
houve a imposição de uma cultura superior que não é real, que não é verdade e que não existe.
Considerações finais
Após este estudo, caro (a) aluno (a), você percebeu que o ser humano possui aspectos biológicos e culturais. 
A cultura é tão influente na vida das pessoas que provoca mudanças no biológico e no aparecimento de 
doenças psicossomáticas nas pessoas, de acordo com seus valores e crenças. A cultura popular e a cultura 
erudita, apesar de características diferentes, não se sobrepõem uma à outra, ou seja, uma não é superior 
à outra. Por meio da grande expansão dos meios de comunicação e do crescente avanço tecnológico, 
estão disponíveis atualmente vários canais de divulgação entre e para todas as pessoas. Os países também 
tiveram e continuam a ter o mundo cultural ampliado. As trocas e as influências entre produtos, entre 
a cultura popular e a cultura erudita, cada vez mais influenciam-se reciprocamente e são absorvidas e 
consumidas no dia a dia pelas pessoas. A cultura popular e a erudita se complementam, coexistem em 
nossas vidas, sendo as duas partes integrantes da cultura brasileira.
Referências
BOSI, Ecléa. Cultura de massa e cultura popular: leituras de operárias. Petrópolis: Vozes, 1972.
DIAS, Reinaldo. Introdução à Sociologia. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Zahar, 2011.
MARCONI, Marina de Andrade; PRESOTTO, Zelia Maria Neves. Antropologia: uma introdução. São 
Paulo: Atlas, 2008.
TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia. São Paulo: Saraiva, 2010.
Aula 3
Multiculturalismo e relações étnico-raciais
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Sumário
Aula 3 - Multiculturalismo e relações étnico-raciais
Considerações iniciais ..............................................................................................................................................................................................................3
3 Multiculturalismo e relações étnico-raciais ..................................................................................................................................................................3
3.1 Multiculturalismo e pluriculturalismo ...........................................................................................................................................................3
3.2 Etnocentrismo .......................................................................................................................................................................................................5
3.3 Relativismo cultural .............................................................................................................................................................................................6
3.4 Relações étnico-raciais .......................................................................................................................................................................................7
3.5 Preconceito, discriminação, racismo, exclusão ....................................................................................................................................... 10
Considerações finais .............................................................................................................................................................................................................. 12
Referências ................................................................................................................................................................................................................................ 12
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Objetivos
Ao final desta aula você será capaz de:
 ■ Conceituar os termos multiculturalismo e pluriculturalismo;
 ■ Conceituar etnocentrismo e identificar as suas influências negativas entre os membros de uma 
comunidade ou sociedade;
 ■ Entender o que significa relativismo cultural e seus limites;
 ■ Refletir sobre as relações étnico-raciais existentes na sociedade brasileira e valorizá-las;
 ■ Discernir as diferenças entre os termos preconceito, discriminação, racismo e exclusão social.
Considerações iniciais
Caro (a) estudante, daremos sequência, nesta aula, ao tema da Cultura, por sua importância, por sua 
extensão e por sua profundidade.
O termo multiculturalismo busca entender e refletir sobre a imensa diversidade cultural que existe na 
sociedade brasileira e sobre a necessidade da prática da alteridade, isto é, o respeito ao outro, para que 
possamos construir uma sociedade menos injusta, desigual e violenta. Respeitar as diferentes etnias é 
combater o etnocentrismo e buscar estabelecer relações étnico-raciais sem preconceitos, discriminação, 
racismo e exclusão, entendendo que todos os indivíduos possuem os mesmos direitos, independentemente 
de sua cor, etnia, orientação sexual, opções de religião, opções políticas, classe social e quaisquer outras 
diferenças.
3 Multiculturalismo e relações étnico-raciais
A sociedade é complexa por apresentar uma grande diversidade multicultural e pluricultural, devido 
aos grupos étnicos que estabelecem relações diversas e ao relativismo cultural. Essas relações podem 
manifestar-se de várias formas, como o etnocentrismo, o preconceito, a discriminação, o racismo e a 
exclusão social.
3.1 Multiculturalismo e pluriculturalismo
A sociedade brasileira é composta por várias etnias, por isso, é uma sociedade que apresenta uma grande 
diversidade cultural. 
“No multiculturalismo, existe a convivência em um país, região ou local de 
diferentes culturas e tradições. Há uma mescla de culturas, de visões de vida e 
valores. O multiculturalismo é pluralista, [...] pois aceita diversos pensamentos 
sobre um mesmo tema, abolindo o pensamento único. Há o diálogo entre 
culturas diversas para a convivência pacífica e com resultados positivos para 
ambas” (http://www.senado.gov.br/senado/spol/pdf/ReisMulticulturalismo.pdf).
Contextualização
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Esse debate sobre as diversas minorias étnicas, raciais e culturais no Brasil tem início na década de 1980, 
quando esses grupos étnicos começam a buscar fortalecimento e maior visibilidade no cenário brasileiro, 
principalmente a partir da Constituição de 1988.
O pluralismo étnico brasileiro, portanto, tem seu registro e seus direitos reconhecidos somente a partir do 
texto da Constituição Brasileira de 1988, revelando-nos o quanto esse debate foi marginalizado e ainda 
continua sendo evitado.
Observe, caro (a) aluno (a), que usamos o conceito de pluralismo, diferente do multiculturalismo, mas 
ambos são convergentes.
 “O pluralismo é uma característica de sociedades livres, em que há a convivência 
pacífica e respeitosa entre pensamentos diferentes, atualmente encontrada nos 
Estados Democráticos de Direito. Não se pode falar em um pensamento melhor do 
que outro, pois todos são dignos de respeito. O pluralismo combate o pensamento 
único, o que contraria uma das tendências do processo de globalização” 
REIS, Marcus Vinícius. Disponível em: 
(http://www.senado.gov.br/senado/spol/pdf/ReisMulticulturalismo.pdf). Acesso 
em: 16 de agosto de 2014
Importante
O multiculturalismo apresenta-se na esfera da convivência entre as culturas ou etnias diferentes e é 
também pluralista, isto é, aceita pensamentos diferentes. Assim, enfatiza-se que o pluralismo refere-
se mais ao campo do pensamento, às ideias diferentes sobre um mesmo tema e, reforça-se, não a um 
pensamento único.
O pluralismo só é possível dentro do multiculturalismo.
Esses conceitos, ou seja, o multiculturalismo e o pluriculturalismo destacam a alteridade, isto é, pensar e 
respeitar o outro em sua dignidade humana, como um ser igual em direitos como qualquer um de nós e 
sendo, ao mesmo tempo, diferente de nós.
Infelizmente, caro (a) aluno (a), existe uma grande resistência e uma dificuldade entre as pessoas em aceitar 
o outro como um igual em direitos.
De acordo com Tomazi (2010, p.174) “[...] cada grupo ou sociedade considera-se superior e olha com 
desprezo e desdém os outros, tidos como estranhos ou estrangeiros.” E essa manifestação de negação em 
relação ao outro denomina-se etnocentrismo.
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3.2 Etnocentrismo
 “O etnocentrismo foi um dos responsáveis pela geração de intolerância e 
preconceito - cultural, religioso, étnico e político -, assumindo diferentes 
expressões no decorrer da história. Em nossos dias ele se manifesta, por exemplo, 
na ideologia racista da supremacia do branco sobre o negro ou de uma etnia 
sobre as outras” (TOMAZI, 2010, p.171).
Importante
Ao longo do processo histórico, existem inúmeros exemplos de etnocentrismo manifestados por meio de 
comportamento agressivo, de hostilidade, de atitudes de superioridade, de violência, de discriminação, 
de ofensas e de agressividade verbal e, também, por formas mais brutas, como as guerras, os massacres, 
o colonialismo, o imperialismo ou o neocoloniasmo, entre tantas outras formas e cenas de violência e de 
horror. Entre esses, no século XX, os mais conhecidos são o nazismo e o fascismo.
Atualmente, a título de ilustração, a ideia de que a cultura ocidental sempre foi e ainda continua sendo 
vista como superior é vigente, impondo sua cultura a outros povos. Por meio dessa ideia de superioridade, 
etnocêntrica, outras culturas diferentes, consideradas inferiores, foram ou são levadas a adotar os valores 
da cultura ocidental em detrimentode seus próprios valores, crenças, costumes, hábitos e normas; enfim, 
perderam ou perdem sua própria cultura. Essas diferenças tornavam ou tornam as sociedades diferentes, 
mas não inferiores (TOMAZI, 2010).
 “Os brasileiros, de modo geral, consideram repugnante o consumo de carne de 
cabra, de rato ou de gafanhotos, pratos considerados iguarias em muitos lugares 
do mundo. De outro modo, os muçulmanos e os judeus não compreendem como 
existem pessoas que consomem a carne de um animal imundo como o porco” 
(DIAS, 2010, p.79).
Contextualização
Caro (a) aluno (a), você aceitaria e entenderia a cultura do outro, diferente da sua cultura?
Pense, por exemplo, nos costumes da culinária citados no ícone acima.
Para resolver ou refletir sobre as diferenças culturais de cada sociedade ou grupo, em defesa de seus 
próprios valores, costumes, crenças, normas, hábitos, enfim, de seu universo cultural, surgiu a expressão 
relativismo cultural, em oposição ao etnocentrismo.
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3.3 Relativismo cultural
“A posição cultural relativista tem como fundamento a ideia de que os indivíduos 
são condicionados a um modo de vida específico e particular, por meio do 
processo de endoculturação. Adquirem, assim, seus próprios sistemas de valores 
e sua própria integridade cultural. [...] Por isso, o relativismo cultural não concorda 
com a ideia de normas e valores absolutos e defende o pressuposto de que as 
avaliações devem ser sempre relativas à própria cultura onde surgem” (MARCONI; 
PRESOTTO, 2008, p.32).
Contextualização
Explicando melhor, caro (a) aluno (a): 
Cada sociedade, por meio de sua cultura, seus padrões ou valores, decide o que é o bem, o mal, o certo, o 
errado, o justo ou o injusto para seus membros. O que pode ser correto para uma determinada sociedade 
pode ser errado para outra e, por isso, diz-se que é relativo, quando se pergunta o que é certo ou errado 
para uma determinada sociedade.
Caso alguém pergunte a você, aluno (a), se comer carne de vaca é crime, o que 
responderia?
Reflexão
Esperamos que você tenha refletido e respondido que é relativo, ou seja, depende da sociedade à qual 
estamos nos referindo. No Brasil, não é crime, pois a vaca é um animal criado para se abater e sua carne é 
consumida como alimento. Por outro lado, na Índia, exceto para as classes mais pobres, comer carne de 
vaca é crime, tendo em vista que na sociedade hindu a vaca é considerada um animal sagrado.
“No Brasil, come-se manteiga; na África, ela serve para untar o corpo. Pescoços 
longos (mulheres-girafas da Birmânia), lábios deformados (indígenas brasileiros), 
nariz furado (indianas), escarificação facial (entre aborígenes australianos), 
deformações cranianas (índios sul-americanos) são valores culturais para 
essas sociedades. Esses tipos de adornos significam beleza. O infanticídio e 
o gerontocídio*, costumes praticados em algumas culturas (esquimós), são 
totalmente rejeitados por outra(s)” (MARCONI; PRESOTTO, 2008, p.32).
* A prática do infanticídio e do gerontocídio são assassinatos em massa de crianças 
e velhos, respectivamente.
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Figura 3 Grupos étnicos
Fonte: freepik.com. Adaptado pela autora. 
Pelos exemplos sobre o relativismo cultural, observa-se, então, que muitos padrões de beleza, de costumes 
e de práticas, que são aspectos da cultura, são eleitos como corretos e comuns a determinadas comunidades 
e sociedades, enquanto que esses mesmos valores podem ser renegados por outra(s).
3.4 Relações étnico-raciais
Dentro da diversidade cultural brasileira, existem inúmeras culturas ou subculturas locais, todas elas 
integrantes da cultura nacional brasileira.
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Cultura Brasileira
Subculturas da
Cultura Brasileira
Feminina
Masculina
Nordestina
Figura 4 Cultura Brasileira
Fonte: Elaborado pela autora.
Para que essas culturas/subculturas sejam visíveis, conhecidas e valorizadas, não somente pelos próprios 
membros que as compõem, mas por toda a sociedade brasileira, foram criadas leis específicas para estudá-
las e divulgá-las nas instituições escolares.
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“O termo subcultura, em geral, significa alguma variação da cultura total. [...] a 
cultura é um agregado de subculturas. Subcultura pode ser considerada como 
um meio peculiar de vida de um grupo menor dentro de uma sociedade maior. 
Embora os padrões da subcultura apresentem algumas divergências em relação 
à cultura central ou à outra subcultura, mantêm-se coesos entre si” (MARCONI; 
PRESOTTO, 2008, p.37).
Contextualização
Por isso, caro (a) estudante, o termo subcultura pode ser empregado para denominar os diversos grupos 
étnicos locais, regionais, as classes sociais, dentre outros. Também não existe subcultura superior ou inferior, 
mas sim, diferente, conforme sua constituição, estrutura e organização (MARCONI; PRESOTTO, 2008).
O termo subcultura pode ser usado como sinônimo de cultura. Os dois termos 
estão corretos, mesmo tratando-se de um grupo menor localizado em qualquer 
território, região ou município.
Dica
Segundo o Selo UNICEF (2008), é de fundamental importância que jovens, crianças, adultos, enfim, todos 
os membros de uma determinada localidade conheçam as especificidades de sua subcultura ou cultura, o 
que leva à construção de uma identidade étnico-racial local e/ou regional.
Esses locais são diversos e inúmeros, incluindo bairros, quilombos, aldeias, terreiros, assentamentos e tantos 
outros, e não importa a cor da pele, a classe social, a opção religiosa, a orientação sexual e a etnia. Todos os 
indivíduos devem conhecer, reconhecer e valorizar sua subcultura ou cultura, por ser parte integrante da 
diversidade cultural brasileira.
O debate sobre as relações étnico-raciais, isto é, sobre a diversidade étnica 
e cultural, permite dar visibilidade às outras pessoas e a outros grupos que 
foram marginalizados, que sofreram e ainda sofrem com o preconceito e com a 
discriminação, a exemplo dos índios e dos negros, cujo estudo será abordado nas 
próximas aulas.
Reflexão
Ao tratarmos sobre as relações étnico-raciais nesta aula, você, prezado (a) estudante, pode estar se 
perguntando:
Mas o que é etnia e o que é raça?
A etnia, segundo Dias (2004), é o que diferencia os diversos grupos conforme seus padrões culturais, 
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preservando, de uma forma geral, os seus costumes antigos, seus antepassados. Os membros pertencentes 
a um determinado grupo étnico cultivam e preservam seus valores, costumes e práticas por meio de várias 
formas, como a comida, a música, a dança, os rituais, as datas comemorativas que lhes são significativas e 
outras tantas formas.
“No Brasil, entre outros, são considerados grupos étnicos: os pomerânios do 
Espírito Santo; os poloneses no Paraná; os italianos em São Paulo; os alemães em 
Santa Catarina; os xavantes em Mato Grosso do Sul; os ianomâmis em Roraima; os 
pataxós na Bahia etc.”(DIAS, 2008, p. 210). 
Contextualização
Os grupos étnicos se diferenciam, além da própria cultura (modo de vida, língua, hábitos e costumes), 
também pelas características físicas, ou seja, pela cor dos olhos e da pele, pelo tipo de cabelo, pelo formato 
dos olhos, pelos contornos do rosto, pela estatura, cujas características os tornam pertencentes a um 
determinado grupo e, ao mesmo tempo, os tornam diferentes de outro (DIAS, 2008).
E raça, o que significa? Você, estudante, já usou ou usa esse conceito?
A raça pura, por meio de explicações biológicas e científicas, não existe. Inicialmente, o conceito de raça 
foi usado para caracterizar o tipo físico; entretanto, esse uso já foi superado, pois as formas físicas como 
o nariz, os lábios, a cabeça (formato), o tipo de cabelo e até mesmo o tipo de sangue, por exemplo, não 
são tão diferentes entre os seres humanos para que se possa considerar que existem raças puras ou tão 
diferentes (DIAS, 2008).
Atualmente, o conceitode raça é usado socialmente, mas não biologicamente.
“Para os sociólogos, a importância do conceito de ‘raça’ não é sua precisão do 
ponto de vista biológico, mas sua realidade social, ou seja, se as pessoas acreditam 
e agem em função do que se entende do conceito de ‘raça’. Por essa razão, 
podemos falar em raça do ponto de vista social como uma população em que 
os membros compartilham certas características físicas herdadas. E é por meio 
dessas características que eles são socialmente identificados, ou seja, apresentam 
traços físicos idênticos e observáveis. Assim como a definição biológica de raça 
do ponto de vista social depende de um critério de escolha da sociedade” (DIAS, 
2008, p.210-1).
Contextualização
As classificações dos grupos raciais no Brasil são três: os brancos ou caucasoides, os asiáticos ou 
mongoloides e os negros ou negroides. Cientificamente, entre os grupos raciais, as semelhanças são muito 
mais significativas e em maior número do que as diferenças entre eles (DIAS, 2008).
Alguns grupos étnicos e raciais também são considerados grupos minoritários. Um grupo minoritário não 
se define pelo número de componentes, mas, sim, pela condição de subordinação e opressão em relação 
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a outro (s) grupo (s). Por suas diferenças físicas, despertam comportamentos e reações negativas por parte 
de outros indivíduos na sociedade, gerando o preconceito, a discriminação, o racismo e a exclusão.
3.5 Preconceito, discriminação, racismo, exclusão
Todos estes termos, ou seja, o preconceito, a discriminação, o racismo e a exclusão, geram atitudes, ações 
e comportamentos de agressividade, imorais, antiéticos e injustos, os quais devem ser denunciados e 
combatidos entre as relações humanas.
PRECONCEITO
“Atitude, ideia, pensamento ou opinião 
desfavorável que um indivíduo ou grupo 
demonstra de maneira emotiva e 
categórica com relação a outros 
indivíduos ou grupos.”
DISCRIMINAÇÃO
“Ação deliberada e intencional 
de tratar um grupo social de 
maneira injusta e desigual.”
RACISMO
RacismoEXCLUSÃO
“O preconceito e a discriminação [...] levam 
muitas pessoas pertencentes a minorias a ser 
excluídas dos direitos e dos privilégios que os 
demais membros da sociedade possuem, 
restringindo sua participação e sua integração 
como cidadão de pleno direito.”
“O racismo, [...] é uma ideologia baseada na 
crença de que características herdadas, como a 
cor da pele, são um sinal de inferioridade que 
justi�ca um tratamento discriminatório das 
pessoas com essa herança.”
PESSOAS COMO VOCÊ
NÃO SÃO BEM VINDAS 
AQUI!
Figura 5 Definições de termos
Fonte: DIAS, 2008, p. 213. Adaptado pela autora.
Prezado (a) aluno (a), reflita sobre o quanto o preconceito, a discriminação, o racismo e a exclusão são 
negativos e provocam tanta injustiça e desigualdade entre as pessoas de uma sociedade. 
Você percebeu a diferença entre preconceito e a discriminação?
Vejamos: Segundo Dias (2010), o preconceito é o juízo de valor preconcebido, estereótipo dado como 
padrão e não tem fundamentação. O preconceito é mais um comportamento do que a prática da 
discriminação, ou seja, um indivíduo pode ser preconceituoso sem exercer a discriminação.
Dessa forma, a discriminação é um ato, uma ação concreta do preconceito contra outra pessoa ou grupo, 
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de forma negativa, injusta e com desigualdade.
Já foi dito que a cultura é adquirida, por isso, o preconceito e a discriminação são também adquiridos e 
aprendidos por meio da socialização, da família, da escola, da igreja, pelos meios de comunicação, pelos 
livros, filmes e por tantos outros meios e formas.
“O apartheid foi um regime de discriminação institucionalizado que vigorou na 
África do Sul de 1948 a 1990. Nesse período, a constituição sul-africana incluía 
artigos discriminando as raças, mesmo sendo os negros maioria absoluta da 
população. [...] Prática condenada pelo mundo inteiro, a Organização das Nações 
Unidas (ONU) fazia pressões pelo fim da segregação racial. Em 1991, o regime sul-
africano terminou oficialmente com o apartheid e libertou vários presos políticos, 
entre eles Nelson Mandela, que estava na prisão desde 1962. Os negros adquiriram 
o direito de voto, e, em 1994, foram realizadas as primeiras eleições multirraciais 
na África do Sul, tornando-se presidente Nelson Mandela” (DIAS, 2010, p. 216).
Contextualização
O racismo é uma prática e um comportamento de discriminação por conta da cor da pele, justificado pelas 
pessoas preconceituosas como uma condição de inferioridade.
A exclusão também é uma forma da discriminação e do preconceito, privando pessoas ou grupos de 
exercerem seus direitos, de participação e de integração na sociedade (DIAS, 2010).
Existem várias formas de exclusão. As mais radicais são o genocídio, isto é, o 
extermínio de pessoas ou grupos (como os judeus pelo nazismo); a expulsão de 
um povo de seu território (como os palestinos, expulsos de sua região por Israel); 
a separação de grupos étnicos por meio de fronteiras políticas; a segregação, que 
é a criação de uma barreira social que separa as pessoas ou o grupo étnico que foi 
ou é rejeitado pela sociedade (DIAS,2010). 
Para uma melhor compreensão sobre esse tema, sugerimos que assista ao filme 
Hotel Ruanda (1994), que trata do genocídio, ocorrido em Ruanda e Burandi, de 
quase 300 mil pessoas, devido ao um conflito étnico entre Tutsis e Hutus. O filme 
é baseado em fatos reais.
Importante
 O que está sendo feito para minimizar essas injustiças e essas desigualdades?
Reflexão
Para tentar minimizar essas formas de exclusão e de discriminação no Brasil, foram criadas políticas públicas 
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e privadas também denominadas de ações afirmativas.
Como exemplo, podemos citar a instituição de cotas ou número de vagas nas universidades públicas para 
os negros, o número de vagas para as mulheres na política, a reserva de vagas em concurso público ou de 
trabalho para as pessoas especiais, e tantos outros.
Nessa perspectiva, as ações afirmativas implementadas procuram integrar, buscam uma convivência 
pacífica entre os grupos étnicos-raciais e lutam para combater a discriminação, o preconceito, o racismo e 
a exclusão presentes na sociedade brasileira.
Entretanto, existem muitas controvérsias nos debates quando estes se referem à reserva de vagas ou de 
cotas para os negros nas universidades públicas. Existem pessoas que concordam, como existem pessoas 
que não concordam.
Considerações finais
A sociedade brasileira apresenta uma diversidade cultural muito rica e complexa. Você percebe, caro 
(a) estudante, que essa diversidade cultural, essa mistura de tantas culturas diferentes é, ao mesmo 
tempo, um grande exemplo de convivência entre as etnias. Entretanto, é também um campo repleto de 
comportamentos, de atitudes e de ações deliberadas negativas, injustas, desiguais e violentas, a exemplo 
do etnocentrismo, do preconceito, da discriminação, do racismo e da exclusão.
Por isso, estudar e conhecer as relações étnico-raciais torna-se fundamental para que você e todos nós 
possamos contribuir para a denúncia e a desconstrução dessas formas injustas de comportamento e de 
tratamento em relação aos grupos minoritários étnico-raciais, integrantes da sociedade brasileira.
Referências
DIAS, Reinaldo. Introdução à Sociologia. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.
MARCONI, Marina de Andrade; PRESOTTO, Zelia Maria Neves. Antropologia: uma introdução. São Paulo: 
Atlas, 2008.
REIS, Marcus Vinícius. Multiculturalismo e direitos humanos. Artigo. Disponível em:<http://www.senado.
gov.br/sf/senado/spol/pdf/ReisMulticulturalismopdf.>. Acesso em: 16 de agosto de 2014
TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia. São Paulo: Saraiva, 2010.
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História e cultura 
afro-brasileira
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Sumário
Aula 4 - História e cultura afro-brasileiraConsiderações iniciais ..............................................................................................................................................................................................................3
4 História e cultura afro-brasileira .......................................................................................................................................................................................3
4.1 Um pouco de história ..........................................................................................................................................................................................3
4.2 Miscigenação entre brancos, negros e índios ............................................................................................................................................4
4.3 Aculturação dos negros......................................................................................................................................................................................7
4.4 Herança da cultura negra ..................................................................................................................................................................................8
Considerações finais .............................................................................................................................................................................................................. 10
Referências ................................................................................................................................................................................................................................ 10
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Objetivos
Ao final desta aula você será capaz de:
 ■ Conhecer a história da cultura afro-brasileira como integrante da formação do povo brasileiro;
 ■ Valorizar a cultura afro-brasileira e suas contribuições na estruturação da sociedade brasileira;
 ■ Refletir sobre a marginalização e a exclusão dos descendentes afro-brasileiros;
 ■ Reconhecer as diversas e inúmeras heranças culturais deixadas pelos negros africanos.
Considerações iniciais
A formação do povo brasileiro tem em seu cerne a história e a cultura dos africanos vindos para o Brasil 
desde o início de nossa colonização, a partir do século XVI (1500). Apesar dessa importância na própria 
história do Brasil, a visão sobre os afro-brasileiros é preconceituosa, repleta de injustiças, desigualdades, 
discriminação, racismo e exclusão, termos esses já conhecidos e vistos na aula anterior. Por serem os 
afro-brasileiros um grupo-étnico minoritário que sofreu e ainda sofre todas essas formas de injustiças, de 
violência cultural e física, criou-se uma lei específica para garantir e para valorizar a história e a cultura afro-
brasileira no território nacional.
Vamos conhecer um pouco sobre esse grupo étnico-racial?
4 História e cultura afro-brasileira
A história dos negros africanos reflete uma grande miscigenação, uma aculturação e uma grande 
contribuição na formação da nação brasileira, traduzida nos diversos e inúmeros legados deixados por 
esse grupo étnico.
4.1 Um pouco de história
A partir de 10 de março de 2008 entrou em vigor a Lei nº 11.645, com o seguinte texto:
Altera a Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 
2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da 
rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro Brasileira e Indígena (BRASIL, 
2008)1.
Por meio dessa lei houve uma mudança no sistema educacional brasileiro, determinando a obrigatoriedade 
do estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena na rede pública, privada, e nas Instituições de 
Educação Superior, principalmente naqueles cursos que atuam na formação inicial e continuada de 
professores.
Caro (a) estudante, nesta aula de número 4 abordamos a história e a cultura afro-brasileira e, na aula 5, 
abordaremos a história e a cultura indígena, devido à extensão e à grande produção de cada um dos 
temas.
A partir do século XVI, início da colonização brasileira, os portugueses deram início ao comércio negreiro, 
1- Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11645.htm. >Acesso em: 20 ago. 2014.
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trazendo aproximadamente entre 3,5 a 4 milhões de negros africanos para o Brasil e os fazendo escravos. 
Esse tráfico de negros africanos só terminou em 1850, século XIX, com a Lei Eusébio de Queirós, que 
proibia o tráfico de escravos. Entretanto, a abolição da escravidão ocorreu oficialmente em 1888, com a 
denominada “Lei Áurea”, assinada pela princesa Isabel.
“A primeira lei que contribuiu para o final da escravidão foi a Lei Eusébio de 
Queirós, decretada em 1850, que extinguia o tráfico negreiro em nosso país” 
(COSTA; MELLO, 1992, p.173).
Contextualização
Antes de virem para o Brasil como escravos, os negros africanos viviam em seus países de origem, com suas 
culturas, organização, modo de vida, costumes, língua, religião, enfim, com seus estilos de vida, conforme 
as características dos inúmeros grupos e tribos. Possuíam níveis de cultura diferenciados, uns mais simples, 
outros mais elevados.
Com a apreensão dos negros para fomentar a mão de obra colonial brasileira, os portugueses modificaram 
e destruíram inúmeros grupos de africanos em seu próprio país.
Os negros africanos vieram do litoral e do interior da África, principalmente da Guiné, de Angola, do Congo 
e da Costa da Mina.
Chegaram ao Brasil [...] negros africanos de diferentes lugares e culturas. Havia 
criadores e agricultores, habitantes das florestas e das savanas, moradores de 
casas redondas ou retangulares, artesãos, técnicos de mineração e de trabalhos 
com ferro, pessoas pertencentes a grandes reinos ou a pequenas organizações 
tribais, a sistemas religiosos politeístas ou monoteístas, totêmicos ou adoradores 
de ancestrais de linhagem (MARCONI; PRESOTTO, 2008, p. 275).
Importante
Verifica-se, portanto, a grande diversidade das atividades que os negros africanos exerciam em seu país 
de origem, bem como as diferentes formas de conhecimento, de práticas e de crenças religiosas, de 
organização e de estruturação social, política e cultural de seus grupos e tribos.
4.2 Miscigenação entre brancos, negros e índios
O Brasil apresenta-se como um país de grande miscigenação, ou seja, o seu povo foi formado pela união 
ou mistura de etnias diferentes.
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“A sociedade e a cultura brasileiras são conformadas como variantes da versão 
lusitana da tradição civilizatória europeia ocidental, diferenciadas por coloridos 
herdados dos índios americanos e dos negros africanos. O Brasil emerge, assim, 
como um renovo mutante, remarcado de características próprias [...]. O que tenham 
os brasileiros de singular em relação aos portugueses decorre das qualidades 
diferenciadoras oriundas de suas matrizes indígenas e africanas; da proporção 
particular em que elas se congregaram no Brasil; das condições ambientais que 
enfrentaram aqui e que as engajou e reuniu” (RIBEIRO, 1995, p. 20).
Contextualização
Dessa forma, caro (a) aluno (a), você percebe que o povo brasileiro tem em sua gênese a miscigenação ou 
mistura de três etnias: a branca, representada pelo português europeu; a negra, representada pelos negros 
africanos; e a índia, representada pelos índios do Brasil.
Entretanto, apesar da miscigenação, o racismo não foi eliminado nem melhorou ou abrandou a violência 
praticada contra os negros e os índios. Essas práticas nos revelam a grande opressão, dominação e violência 
que caracterizam e marcam a história da constituição do Brasil.
As três etnias são culturas e povos tão diferentes em suas origens e entre si,mas que, devido à fusão 
multicultural e multirracial, conforme Ribeiro (1995), são os elementos formadores da sociedade brasileira.
Dessa forma, por meio de uma visão mais generalizada, distinguem-se os sertanejos (Nordeste); os 
caboclos (Amazônia); os crioulos (do litoral); os caipiras (Sudeste e Centro do país); os gaúchos (sul).
Segundo Coimbra (1997), o fenômeno da miscigenação no Brasil é algo que não se observa em nenhuma 
outra realidade histórica, com imensas influências e consequências no surgimento de um novo homem 
para a formação do povo brasileiro.
Como consequência dos cruzamentos das etnias, de acordo com Marconi e Presotto (2008), surgiram 
outros mestiços, citados a seguir, conforme suas procedências e resultados étnicos:
 ■ Mulato: branco e negro
 ■ Mameluco: branco e índio
 ■ Crioulo: negro e negro
 ■ Cafuzo, curiboca ou Caboré: negro e índio
 ■ Cabra: negro e mulato
 ■ Caboclo: índio e índio
 ■ Pardo: mulato e mulato; crioulo e crioulo; mulato e mameluco
Ao longo do processo histórico de formação, somaram-se a esses também diversos imigrantes que vieram 
para o Brasil, como os italianos, alemães, espanhóis, holandeses, franceses, ingleses, suíços, finlandeses, 
poloneses, árabes, judeus, japoneses, coreanos e tantos outros, em menor número.
Os elementos de todas as etnias e de suas diferentes culturas foram incorporados, reelaborados ou 
reinterpretados e tornaram-se parte da cultura e da sociedade brasileira.
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A miscigenação durante o processo de formação do povo brasileiro encontrou um ambiente próprio 
devido à presença de práticas permissivas nas relações sexuais entre os grupos étnicos.
“O intercruzamento social tornou-se possível, desde o início, graças à liberdade 
sexual que permitia as relações extraconjugais e o amancebamento do português 
com a mulher índia e também com a negra, malgrado o protesto missionário que 
defendia o casamento legal” (MARCONI; PRESOTTO, 2008, p. 283).
Contextualização
Mesmo a Igreja Católica, com a imposição de seus dogmas e valores, incluindo as relações monogâmicas 
para as diversas etnias por meio do casamento oficial, as práticas sexuais ocorriam com grande liberdade 
e permissividade, possibilitando aos homens, inclusive aos casados, a prática de relações extraconjugais.
Além disso, a sociedade brasileira foi construída na base da desigualdade cultural, social, política e 
econômica, com uma hierarquia rígida, com uma divisão de classes e poder econômico muitos distintos, 
sem possibilidade de mobilidade social. O poder político e econômico era exercido pelo senhor da casa 
grande, dono das grandes propriedades rurais, dos engenhos e dos escravos.
Dessa forma, a sociedade brasileira, em sua formação, teve como características também o patriarcalismo 
e o machismo. 
 No patriarcalismo, o chefe ou o senhor da casa grande era quem detinha o poder, mandava em todos os 
aspectos, era o páter famílias, provedor e controlador de todos os membros sob seu domínio , incluindo a 
família (mulher e filhos).
O machismo é caracterizado pelo preconceito e pela discriminação, exercido com a ideologia da 
superioridade do homem macho e branco sobre todas as pessoas que não se encaixavam ou não se 
encaixam nesse modelo padrão ou estereótipo construído.
Nessa perspectiva, é que todas as diferenças das diversas etnias-raciais foram consideradas inferiores. 
Inverteu-se a diferença dos negros, dos mulatos, dos índios, das mulheres, dos homoafetivos (gays) 
masculinos e femininos, dos pobres, e de tantos outros grupos étnico-raciais, em condição de inferioridade.
“A negra-massa, depois de servir aos senhores, provocando às vezes ciúmes nas 
senhoras que lhes mandavam arrancar todos os dentes, caía na vida de trabalho 
braçal dos engenhos e das minas em igualdade com os homens. Só a essa negra, 
largada e envelhecida, o negro tinha acesso para produzir crioulos” (RIBEIRO, 
1995, p. 163).
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4.3 Aculturação dos negros
A miscigenação entre os grupos étnicos-raciais provocou uma aculturação por meio da mistura ou do 
cruzamento, acarretando mudanças nos próprios padrões originais.
“Aculturação é a fusão de duas culturas diferentes e que, entrando em contato 
contínuo, originam mudanças nos padrões da cultura de ambos os grupos. Pode 
abranger numerosos traços culturais, apesar de, na troca recíproca entre as duas 
culturas, um grupo dar mais e receber menos. Dos contatos íntimos e contínuos 
entre culturas e sociedades diferentes resulta um intercâmbio de elementos 
culturais. Com o passar do tempo, essas culturas fundem-se para formar uma 
sociedade e uma cultura nova” (MARCONI; PRESOTTO, 2008, p. 45).
Contextualização
Nesse sentido, portanto, é que, havendo a fusão entre as culturas europeia, africana e indígena, constitui-
se a sociedade do povo brasileiro.
Também nesse processo de aculturação, tratando-se especificamente da cultura negra ou afro-brasileira, 
ressalta-se que houve uma grande perda de valores pelas tribos negras, mas, ao mesmo tempo, a 
persistência para preservarem suas culturas, deixando grandes contribuições para a formação da nova 
sociedade que se constituía.
Segundo Marconi e Presotto (2008), os negros africanos, ao chegarem ao Brasil, caso constituíssem famílias 
inteiras, essas eram propositalmente separadas (marido, mulher, filhos (as), pais ou demais parentes 
mais próximos), para que não ficassem juntos na propriedade para a qual seriam levados. Essa forma de 
violência facilitava a aculturação, ou seja, a imposição de outros valores e de normas pelo poder senhorial, 
e dificultava a fuga entre eles, pois a diversidade da língua entre as tribos africanas sempre foi muito rica 
e complexa.
“Jovens, adultos e velhos eram arrancados de suas famílias, terras, costumes, 
atividades econômicas e culturais, quando de sua captura; uma vez no Brasil, os 
compradores ou fazendeiros adquiriam apenas aqueles que lhes interessavam 
para substituir os mortos ou ampliar sua produção. Assim, o tráfico dispôs o campo 
para o intercâmbio cultural e biológico do negro” (MARCONI; PRESOTTO, 2008, p. 
275).
Reflexão
Desse modo, a sociedade brasileira é resultado também desse processo de aculturação, no qual a etnia 
e as culturas negras perdem parte de suas características originais. Esse processo de perda de parte da 
cultura étnico-racial é denominado também de destribalização e deculturação.
Essas “[...] provocaram a perda de suas características puras [...], mas em grande parte perpetuadas [...], 
quando se consideram os conteúdos religiosos africanos impregnados na cultura brasileira” (MARCONI; 
PRESOTTO, 2008, p. 284).
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Assim, mesmo perdendo suas características originais, a etnia afro-brasileira lutou, resistiu e soube 
preservar grande parte de sua cultura.
Observa-se e conhece-se esse legado por meio das grandes contribuições deixadas como herança pelos 
negros africanos na formação do povo brasileiro. É o que veremos a seguir.
4.4 Herança da cultura negra
O universo das contribuições deixadas como herança pela etnia negra na contribuição do povo brasileiro é 
imenso, sendo impossível uma abordagem completa. Por isso, faremos uma discussão, apontando apenas 
algumas, dentre inúmeras contribuições. 
Aluno (a), você, no seu dia a dia, tem contato com muitas práticas deixadas pelos negros africanos, pois a 
herança deles é inquestionável e é parte da cultura da nação brasileira. 
De acordo com Ribeiro (1995), a vida dos negros africanos era dura e desumana. Esses foram submetidos à 
imposição da mão de obra escrava, e mesmo assim, conseguiram permanecer humanos. A violência crua, 
os castigos e as torturas humilhantes, a solidão, a destituição da família e do sexo, provocaram muitos 
movimentos de resistência, por meio de fugas e de suicídios.
Dentre tantas fugas para os negros se protegerem dos maus tratos, da brutalidade e do terrível destino 
da escravidão,

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