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A Percepção do Belo nos Dias Atuais: Um ensaio sobre a Arte Contemporânea para Arthur Danto e Marcel Duchamp

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Cauê Huler Ferreira
A Percepção do Belo nos Dias Atuais: Um ensaio sobre a Arte Contemporânea para Arthur Danto e Marcel Duchamp
São Paulo, 2021
Sumário
Sumário 
1.	Resumo	3
1.1.	Abstract	3
1.2.	Keywords	3
2.	Introdução	4
3.	Tese	5
4.	Referências	8
1. Resumo
Mesmo com o advento da Arte contemporânea e sua popularização, e especial em movimentos sociais, há de se notar igual repulsa à mesma por parte da sociedade, que em diversas ocasiões tentou censurar e criminalizar obras deste movimento. Ao analisarmos o pensamento de Arthur C. Danto sobre o artista Marcel Dushamp conseguimos esclarecimentos sobre as reais pautas e conceitos que o movimento Contemporâneo traz em relação aos movimentos artísticos que o antecederam. Ainda segundo Danto, é possível ver como boa parte, se não toda, a historia da arte teve como característica fundamental a apreciação, muitas vezes até moralista do belo na arte, mostrando como o repulsivo não era apenas evitado, mas também condenado por grande parte dos críticos e artistas ao longo da história. Questiona-se se o fim da arte realmente chegou, tendo em vista a repercussão negativa que certas obras ainda sofrem mesmo sendo contextualizadas ao grande público. 
1.1 Abstract
Even with the advent of contemporary art and its popularization, and especially in social movements, it is equally noticeable that society repulsed it, which on several occasions tried to censor and criminalize works from this movement. By analyzing Arthur C. Danto's thinking about the artist Marcel Dushamp, we can clarify the real guidelines and concepts that the contemporary movement brings in relation to the artistic movements that preceded it. Also according to Danto, it is possible to see how much, if not all, of an art history had as its fundamental characteristic the evaluation, often even moralistic, of beauty in art, showing how the repulsive was not only avoided, but also condemned by a large part of patterns and artists throughout history. It is questioned whether the end of art has really come, in view of the negative repercussion that certain works are still delivered even though they are contextualized to the general public.
1.2 Keywords
Contemporary. Art. Beauty.
2. Introdução
O trabalho tem como objetivo, através de uma análise histórica e comparativa, discutir a percepção atual do grande público sobre Arte Contemporânea e os por quês da resistência à esse movimento por parte da população, a fim de entender os processos conceituais e históricos que poderiam ter contribuído para tal percepção. A pesquisa trabalha com os conceitos e definições de Arte Contemporânea e de Arte Histórica (que no caso, seria a história da arte antes do período Contemporâneo), através do pensamento de Arthur C. Danto e dos trabalhos do artista Marcel Duchamp, comparando-os ao pensamento de Kant e do crítico de arte Jean Clair. Também são citados dois casos brasileiros sobre resistência e repudio do grande público à performances artísticas que vão na contramão do consenso de belo aos olhos das massas, e suas relações com os pensadores aqui citados. 
3. Tese
É notável a explosão de diversidade cultural que vem ocorrendo desde em torno da segunda metade do século XX para cá. A Arte Contemporânea vem ganhando cada vez mais adeptos e espaço nas mídias, tanto como nas grandes, como nas alternativas e redes sociais. No entanto, é perceptível que uma grande parcela da sociedade não reconhece muitas das obras deste movimento como sendo legitimamente arte. O crescente ataque e tentativas de censura, principalmente pelos setores ‘’conservadores’’ da sociedade mostram que, apesar de conceitualmente estarmos na ‘’era contemporânea’’ da arte, a sociedade de forma geral rejeita e até teme muitos de seus princípios. Mas por que isso acontece?
Durante o século XVIII a arte na Europa era avaliada principalmente por seus valores estéticos, onde o belo era extremamente valorizado entre os artistas, que buscavam recapturar, assim como no renascimento, a perfeição estética dos gregos. Não apenas isso, mas o gosto pelo belo era muitas vezes intrinsicamente associado ao prazer, conceito que para muitos é verdade até hoje, onde arte é apenas aquilo que traz uma satisfação visual, que induz o expectador à contemplação. Kant, na obra ‘’Crítica do Juízo’’, diz que embora o juízo de que algo é belo possa variar de pessoa para pessoa, o que é ‘’verdadeiramente belo’’ deveria ser de consenso de todos. Nota-se então que um dos mais influentes pensadores ocidentais, amplamente estudado nas escolas e universidades, pensava na arte (ou na beleza da arte) como algo universal, que todo humano deveria compreender, além de associar o juízo estético a um juízo moral, já que todos deveriam poder discernir o que é arte/belo e o que não é. A função da arte seria a de produzir um prazer estético, já que o repulsivo não estaria em conformidade com a natureza humana, e logo, não poderia ser verdadeiramente arte.
Em seu famoso texto ‘’ Marcel Duchamp e o fim do gosto: uma defesa da arte contemporânea’’, Arthur C. Danto (2008) discute sobre a percepção do belo na arte para outros críticos de arte, em especial Jean Clair, que assim como Kant, defende uma ideia do belo universal e é ávido crítico da Arte Contemporânea, no qual ele considera como a ‘’perversão da arte’’. Se considerarmos o contexto histórico do surgimento da Arte Contemporânea, que se deu na segunda metade do século XX, época de intensa atividade de movimentos sociais, onde se debatiam assuntos como igualdade de gênero, liberação das drogas, guerra, racismo, dentre outros temas, podemos imaginar o quanto o setor conservador se opôs a essas mudanças. No mundo da arte não foi diferente, pois se propunha socializar a arte. Ela não poderia ser mais algo destinado apenas às elites, ela deveria ser uma arte feita pelo povo para o povo. Não apenas isso, o fetiche, a sacralização do belo também foi algo que caiu para estes artistas. Observa-se uma preferencia pelo significado, pela mensagem que o artista traz, do que pela contemplação estética de antigamente. Nesse sentindo, houve de fato um fim da arte, como diz Danto (2006), ou a perversão da mesma (segundo os antigos moldes), segundo Jean Clair.
Mas foi Marcel Duchamp que incitaria o incomodo de Jean Clair e outros artistas e críticos modernistas. Em 1917 Duchamp, sob o pseudônimo ‘’R, Mutt’’, enviou para a Exposição dos Artistas independentes’’, em Nova Iorque sua obra, ‘’A Fonte’’, que era um urinol por ele assinado. Se o repulsivo era tido antes como algo a ser evitado na arte, nada mais icônico do que um urinol para representar a quebra de valores. Sua obra mostra com clareza a ruptura estética e conceitual que a Arte contemporânea propõe, como o uso de materiais não convencionais para a composição da obra, a ideia de que a mensagem da peça que era a verdadeira arte, e não a plasticidade dela em si. Numa tradição de materiais artísticos caros, anos de estudos e desenvolvimento de técnicas de desenho, pintura e escultura, A Fonte se apresenta como uma afronta a esses valores, não apenas por si só, mas dentro daquela exposição de artes específica. Duchamp não pretendia que seu urinol fosse comtemplado por suas curvas, plasticidade ou técnica, mas sim por sua ousadia, sua quebra do status quo. Nesse caso, a arte estaria não na obra em si, mas no sentimento e reflexão que ela poderia trazer. Isso não quer dizer, no entanto, que toda arte contemporânea deva seguir os mesmos padrões de irreverencia, repulsa ou utilizar materiais não convencionais nas obras. Como explica Danto (2008) ‘’Isso não significa que a era do gosto (goût) tenha sido sucedida pela era do mau gosto (degoût). Significa antes que a era do gosto tem sido sucedida pela era do sentido, e a questão central não é se algo é de bom ou mau gosto, mas sim o que significa. É verdade que Duchamp tornou possível usar formas e substâncias que realmente induzem ao repulsivo, que agora passou a ser uma opção’’. Para Danto (2008), Marcel Duchamp não apenas subverteuas expectativas do que poderia ser arte, mas como também legitimou e possibilitou futuros artistas a usarem diferentes objetos e materiais para fazer uma obra de arte. Danto segue: ‘’Após Duchamp, poderia-se em princípio fazer arte de qualquer coisa. A era da terebentina e do gosto tinha chegado ao fim. A era de encontrar uma definição de arte para substituir a baseada no prazer estético tinha começado’’.
Entretanto, como questionado anteriormente, o pensamento de Danto e dos contemporâneos está longe de ser homogêneo. Voltemos no tempo para a Parada Gay de 2015, onde a mulher trans Viviany Beleboni interpretou um Jesus crucificado, ensanguentado e com dor. Ao justificar a intenção da performance, disse: ‘’Usei as marcas de Jesus, que foi humilhado, agredido e morto. Justamente o que tem acontecido com muita gente no meio GLS, mas com isso ninguém se choca”. Viviany recebeu duras críticas e até ameaças de morte por sua interpretação, e mais uma vez o questionamento sobre se este tipo de obra era arte ou não. Para os religiosos, a interpretação de Jesus por uma mulher transexual foi visto como repulsivo, algo que não ‘’excitava a retina’’ como diria Duchamp. Ali não apenas os valores religiosos foram postos em jogo, mas como os antigos valores estéticos também. Valores que, como vimos, vem de uma longa tradição de autores, muitos deles renomados em diversos campos do saber, mas especialmente no campo da arte. Ora, se o pensamento contemporâneo no que diz respeito à arte estivesse realmente difundido, talvez essa controvérsia não tivesse ocorrido. Nota-se então que apesar da Arte Contemporânea se propor como mais acessível, ela ironicamente, ainda continua pouco popular entre a sociedade como um todo. A tradição da sacralização do corpo e do belo é algo que a religião cristã e as artes tem historicamente em comum, e que ainda resistem ao advento do pensamento contemporâneo, apesar deste se apresentar como mais acessível e popular. Outro exemplo de rejeição ao Contemporâneo pode ser visto no caso da performance ‘’La Bête’’ do artista Wagner Schwartz no Museu de Arte Moderna (MAM) em 2017. Lá, o artista posou nu deitado no chão. Foi então que uma criança de aproximadamente 4 anos se aproximou do artista e lhe tocou o pé. Apenas isso bastou para que uma cruzada acontecesse para o cancelamento da exposição, sendo o artista acusado até de pedofilia, mesmo existindo cartazes de sinalização de nudez no museu e o teor não erótico da obra.
Apesar de Danto, Duchamp, e outras tantas figuras terem sido defensores e divulgadores desses novos jeitos de se pensar a arte, é nítido que a antiga tradição do culto ao belo, do contemplativo e da técnica artística ainda permanece viva e forte em nossa sociedade, não via pensamento crítico, mas via tradição dogmática, ao menos pelo grande público. Talvez a arte esteja de fato acabando, mas para uma parcela considerável da população, ela continua viva.
4. Referências
DANTAS, Carolina. Veja a transexual 'crucificada' e outras polêmicas com símbolos cristãos. G1 SP. 09 de Jun. de 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2015/06/veja-transexual-crucificada-e-outras-polemicas-com-simbolos-cristaos.html>. Acesso em 02 jun 2021
DANTO, A. C. Marcel Duchamp e o fim do gosto: uma defesa da arte contemporânea. ARS (São Paulo), [S. l.], v. 6, n. 12, p. 15-28, 2008. DOI: 10.1590/S1678-53202008000200002. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/ars/article/view/3038. Acesso em: 6 jun. 2021.
DANTO, C. Arthur. Após o Fim da Arte: A Arte Contemporânea e os Limites da História. 1ª edição. EDUSP, 2006
IMBROISI, Margaret; MARTINS, Simone. Fonte, Marcel Duchamp. História das Artes.15 de Fev. de 2021. Disponível em: <https://www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/fonte-marcel-duchamp/>. Acesso em 05 Jun 2021.
Interação de criança com artista nu em museu de São Paulo gera polêmica. G1 SP. São Paulo, 29 de Set. de 2017. Disponível em: <https://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/interacao-de-crianca-com-artista-nu-em-museu-de-sp-gera-polemica.ghtml> Acesso em 03 Jun 2021.
WOLF, Eduardo. Filósofo Arthur Danto discorre sobre os conceitos que definem o que é arte. Veja. 26 de Nov. de 2020. Disponível em: <https://veja.abril.com.br/cultura/filosofo-arthur-danto-discorre-sobre-os-conceitos-que-definem-o-que-e-arte/>. Acesso em 02 Jun 2021

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