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Historia da Arte Contemporanea - UNIDADE 2

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HISTÓRIA DA ARTE CONTEMPORÂNEA
UNIDADE 2 – ARTE MODERNA E ESTÉTICA 
DE TRANSIÇÃO
Autoria: Márcia Merlo - Revisão técnica: Leandro da Conceição Cardoso
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Introdução
Caro(a) estudante, avançando em nossos estudos da disciplina, agora o foco será a arte moderna a partir dos pós-
impressionistas até a Segunda Guerra Mundial, período em que se instaura a arte contemporânea. Assim, nesta
unidade, iremos estabelecer um diálogo entre as concepções teóricas e artísticas modernas, alguns artistas e
seus reflexos na arte contemporânea.
Para tanto, seguiremos abordando uma questão relevante: o que é arte? E ainda traremos à tona outras
perguntas importantes: qual é a crítica à história do passado da arte? Quais são as estéticas de transição?
O texto e a perspectiva histórica aqui apresentados estão permeados por pluralidade metodológica e escrita
dialógica, pois ao abordar as linguagens da arte moderna é preciso trazer uma bibliografia básica que consiga
alargar os conceitos e exemplificar os feitos artísticos. Dessa forma, na atualidade, podemos nos pautar em uma
arte dinâmica que dialogue, de fato, com nossas questões mais urgentes e que, na área da educação, seja uma luz
para que ensino e pesquisa se deem de forma mais criativa e reflexiva.
Acompanhe o conteúdo a seguir com atenção.
Bons estudos!
2.1 Teorias artísticas: o que é arte?
Analisar o fazer artístico é uma tarefa complexa. Criar leis gerais que o definam abarca apenas uma parte do que
é feito, mas orienta algumas reflexões. Eis a questão: mais do que colocar as artes e os artistas em teorias
engessadas, o que se propõe é pensar a arte dentro de uma dinâmica própria de tentar compreender em seu
tempo e para além dele, em busca dos sentidos na atualidade, sem deixar de considerar que olhar para o passado
é sempre partir do presente e daquilo que inquieta-nos.
Em se tratando de , o que se coloca em dúvida é o próprio da teoria da arte de teorias artísticas objetivo
. Como quase tudo na contemporaneidade, não existe uma teoria que dê conta deexplicar a natureza da obra
explicar e por isso o próprio termo é colocado . Portanto, pensar e suas teorias oua arte no plural as artes
teóricos, focando o fazer artístico e seus contextos, é mais abrangente porque a arte é um fenômeno
diversificado por si só e a discussão de uma essência ou algo fixo é coisa do passado – de um passado iluminista,
inclusive, que pensava uma identidade fixa e imutável, algo que os contemporâneos derrubaram, mostrando que
se vive a fragmentação das identidades. Seus deslocamentos geraram crises que nos apontaram para a
negociação destas e esse processo perpassa todas as instâncias da vida moderna.
Assim, se considerarmos as teorias mais antigas sobre arte, apoiadas em Platão e Aristóteles, identificaremos a
ideia de representação da natureza ou de algo; , ou mimese. Aqui, oarte como imitação da vida
representativismo coloca que a arte deve ser fiel à realidade. Algo que identificamos no Classicismo ou
Neoclassicismo: o . Porém, sempre há uma eletividade do que se deve representar.Trompe D'oeil
Devemos nos ater ao fato de que a passou a abranger outro movimento que vaiteoria representacional da arte
além da pura imitação da natureza ou de uma situação qualquer que considere o simbólico dentro desse fazer.
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A ideia da teoria neorepresentacional traz o valor do olhar e do que a obra apresenta acima do que aquilo que
representa, assim podemos considerar. Ou seja, a obra de arte não precisa representar nada. Precisa, sim,
apresentar um tema, referir-se a algo, ter algum conteúdo. Dito de outra forma, a obra é avaliada por seus 
 e semiológicos, que levam em conta o desta e da vida. Qual seria,conteúdos semânticos caráter polissêmico 
então, o crivo da análise de uma obra de arte dentro desse quadro teórico? Trata-se do fato de que a análise ou a
interpretação da obra será feita de qualquer modo, porque toda obra tem e produz um conteúdo semântico e,
assim, precisaria produzir esse efeito. Portanto, no neorepresentacionalismo, a obra de arte não precisa ter um
significado preestabelecido, convencionado, porque o pressuposto é de que toda obra tem um conteúdo e,
inevitavelmente, mesmo que não seja o objetivo do artista, acabará tematizando sobre algo, favorecendo o
contexto da obra de arte e a experiência com a contemplação desta.
Outra teoria que tenta abarcar o fazer artístico e como se define a arte, é o : a teoria da forma. Nesseformalismo
caso, o que importa ao se analisar uma obra é sua forma, o que ela significa por meio da forma, a forma 
significante. Mas o que é isso? A forma significante de uma obra está em sua capacidade de produzir emoção
estética a quem a contempla, conforme percebido em conteúdos abstratos, por exemplo. Ou seja, ao se apoiar na
forma, o que se considera aqui é mais a experiência estética da obra, o sentimento que ela provoca, do que a
representação de algo que se identifica e se simboliza, conforme visto em obras impressionistas.
Ainda há a e as teorias expressionistas, que consistem em pensamentos mais atualizadosteoria institucional
sobre o mundo da arte (não que as teorias da representatividade ou da forma não sejam ainda utilizadas). As
teorias revelam a relação e o processo de identificação com a arte, seja do artista, seja de quem procura definir
ou contemplar a obra de arte. É no quesito “quem analisa e entende de arte” que se encaixa a teoria artística
institucional. E quem pensa a arte? É aquele que a entende, ou seja, o sujeito do conhecimento da arte, instituído
de poder de análise. É claro que essa teoria reforça a e dá a ela um status deinstitucionalização da arte
reconhecimento em instâncias como galerias, museus, academias de arte ou das belas artes. Assim, o crivo da
valorização da arte se dá por meio de institutos ou instituições destinados a esse saber e fazer. Essa teoria
coincide, é claro, com o momento das exposições de arte, sobretudo no século XIX, perdurando até os dias atuais
e redefinida por novas tendências, que estudaremos em outra unidade.
Em relação às (COSTA, 2009), podemos elencar as , em que a arte é vista comoteorias artísticas expressivistas
um veículo de expressão das emoções humanas. A catarse provocada por uma obra de arte, seja qual for sua
natureza artística, parece ser uma boa representação do que propõe definir e analisar essas teorias. A questão
aqui é que a emoção ou experiência estética causada pela obra de arte deve se relacionar com o que o artista quis
exprimir ao realizar a obra. De qualquer modo, estamos diante de um universo muito mais amplo, o das
subjetividades, sejam do artista ou do público que contempla a obra.
Será em Arthur Danto (2006, p. 14) que encontraremos uma teorização que explora duas grandes vertentes
teóricas da arte, segundo o autor:
Na ciência, como alhures, frequentemente acomodamos novos fatos a teorias antigas por meio de
CASO
A teoria representacional não consideraria arte obras como , de Marcel Duchamp (1887-Fonte
1968), ou algumas pinturas de Jackson Pollock (1912-1956). E muito menos seria considerada
arte , de Nelson Leirner (1932-2020). Estas seriam consideradas arte, ou seriaO Porco
identificado algum valor, dentro do contexto em que a obra foi realizada ou dentro da crítica
estabelecida a um tipo de arte feita anteriormente.
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Na ciência, como alhures, frequentemente acomodamos novos fatos a teorias antigas por meio de
hipóteses auxiliares, um conservadorismo suficientemente perdoável quando a teoria em questão é
considerada por demais valiosa para ser descartada de uma vez. Mas a Teoria Imitativa da Arte (TI)
é, se se pensa detidamente, uma teoria excessivamente poderosa, explicando grande quantidade de
fenômenos ligados à causação e à avaliação de obras de arte, trazendo uma surpreendente unidade a
um domínio complexo. Além do mais, é simplesmente uma questão de sustentá-la contra muitos
pretensos contra-exemplos, através de tais hipóteses auxiliares, segundo as quais o artista que se
afasta da mimeticidade é perverso, ineptoou louco.
Ao tratar da teoria imitativa da arte, o filósofo da arte traz a abrangência e o valor da interpretação de uma obra
até o momento em que os artistas e parte da sociedade moderna e pós-moderna começam a olhar a realidade
das coisas e da vida de outra maneira. Isso não quer dizer que a arte, ainda, não seja pensada e produzida dentro
de parâmetros da figuração.
O que se coloca aqui e deve ser levado em consideração, dentro de uma perspectiva histórica, inclusive, é o fato
de que a modernidade impôs mudanças bruscas não só na organização produtiva econômica da sociedade
vigente, como instituiu novos valores que precisavam acompanhar a velocidade das transformações em geral. E
não poderia ser diferente com as ciências e as artes. Novos valores exigiam novos modos de olhar, de pensar e de
expressão.
Danto (2006) também traz uma reflexão pontual ao tratar das pinturas (ou arte em geral) pós-impressionistas
que criticavam abertamente a , lembrando que são as vanguardas artísticas, no finalarte imitativa/figurativa 
do século XIX e início do século XX, que colocaram à prova o movimento anterior da arte como tradição e
mimetismo.
Em termos da teoria artística em vigor (TI), era impossível aceitá-las como arte, salvo como arte
inepta. De outro modo, elas poderiam ser dispensadas como imposturas, autopromoção ou a
contrapartida visual de delírios de pessoas loucas. Assim, para que elas fossem aceitas como arte,
numa espécie de transfiguração, requereu-se não tanto uma revolução no gosto quanto uma revisão
teórica de proporções muito consideráveis, envolvendo não apenas a adoção artística desses objetos,
mas também uma ênfase sobre características recentemente significantes de obras de arte aceitas,
de modo que abordagens muito diferentes de seu status como obras de arte teriam agora que ser
feitas. Como um resultado da aceitação da nova teoria, não apenas as pinturas pós-impressionistas
foram aceitas como arte, mas vários objetos (máscaras, armas etc.) foram transferidos de museus
antropológicos (e outros lugares heterogêneos) para [...]. (DANTO, 2006, p.musées des beaux-arts 
15)
Em suma, as teorias artísticas nos revelam as tentativas de definir a arte, assim como de distinguir o que está
entre uma crítica de arte, a história da arte e uma história crítica da arte, e ressignificam o lugar da arte, como
exposto por Danto (2006), por exemplo, ao tratar dos rearranjos dos objetos de artes nos museus, de acordo com
as novas teorias.
Outro aspecto a ser considerado é que há, no senso comum, a ideia de que o historiador está mais voltado para a
análise e a interpretação do passado por meio de registros históricos, enquanto o crítico da arte está mais
apoiado em analisar a obra de arte produzida dentro do seu tempo. O que se coloca é que nem sempre a
distinção entre esses campos se dá dessa maneira. A abarca o seguinte: qualquer fazer éhistória crítica da arte
histórico, assim como o seu juízo de valor e estético. Ou seja, a história da arte compreende, também, a história
da crítica; objetiva constituir bases conceituais, históricas e teóricas em relação aos objetos da arte. A história
não diz respeito somente ao passado, ela é o que estamos fazendo aqui e agora, porém o historiador olha para o
passado para compreender o futuro do presente ou o presente do futuro. A arte entrelaça muito bem tais
temporalidades.
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O que queremos afirmar aqui é que não dá para se não for por meio de uma epensar arte polissemia analítica 
uma . As áreas do conhecimento interagem e complementam-se, ainda que estejamos olhando para um polifonia
passado, cada artista viveu o seu tempo e fez arte. Olhando para trás, vemos a arte e tentamos a definir fora do
seu tempo, porque o tempo da arte é aquele em que ela apresenta-se.
Uma primeira e fundamental crítica dos modernos é a repulsa ao passado, configurando-se em uma a negação do
século XIX, por este ter se alimentado quase que exclusivamente da história. Os modernistas propunham a
, alinhando-se, de certa forma, ao processo técnico e industrial promovido pelo desenvolvimento dainovação
sociedade capitalista moderna. Uma característica notável dessa busca pelo novo é a abstração como oposição às
formas históricas. Assim, os artistas modernos imprimiam em seus trabalhos elementos que exacerbassem
sutileza, sensibilidade e novidade associadas à liberdade criativa.
Podemos sintetizar como elementos característicos da arte moderna:
• liberdade de criação, que trouxe mais flexibilidade na escolha do artista ao desenvolver sua proposição 
de arte;
• nova concepção de espaço (em relação a ele), já que não havia mais a preocupação em representar ou 
retratar a realidade na obra, o que deu ao artista, também, a liberdade de explorar outras possibilidades 
técnicas e expressivas em sua obra;
• novos materiais, novas técnicas e outros temas são inseridos no fazer artístico, assim se identifica uma 
valorização do novo e da criação independentemente do que se retrata, valorizando o que se cria em 
termos artísticos e abrindo espaço para outras experimentações do artista;
• busca de novas referências artísticas em povos não ocidentais: um olhar para africanos, nativos de 
outros continentes e orientais passa a compor o trabalho de uma parcela dos artistas modernos, 
reiterando a quebra com os parâmetros do passado e do historicismo ocidental nas artes da modernidade;
• nova relação com o tempo e o conceito de arte.
Dito de outra forma, elementos como a ordem, a harmonia e o equilíbrio, que normatizavam as artes até meados
do século XIX, não eram mais os parâmetros desejados pelos novos artistas, principalmente para os modernistas
do início do século XX. Foi a busca de uma liberdade total para criações artísticas e de estar à frente de seu tempo
que motivaram os movimentos dos vanguardistas.
Observa-se, ao estudar a modernidade, que várias situações e atores sociais já mostravam a insatisfação com o
“estado da arte” do período que precedeu o das vanguardas do início do século XX. Basta voltarmos nossa
atenção para a definição e encontrada na análise de (1821-1867)crítica da modernidade Charles Baudelaire
sobre o “pintor da vida moderna”, ao se referir à obra de Constantin Guys (1802-1892). Em Agra (2004, p. 21)
encontra-se uma passagem elucidativa e rica para contemplar isto:
Caminhando contra a multidão, o saboreia a experiência de observar o que Baudelaireflâneur
qualificou de “floresta de símbolos” onde os sons, as cores, os aromas “se correspondem”. O flâneur
arma-se do exato espírito necessário à absorção das formas do mundo moderno, e vai acumulando-
as na memória para que, ao fim da jornada, possa deitá-las ao papel. É sintomático que Baudelaire
tome como personagem um artista plástico – e não um escritor, muito embora suas observações
também possam valer nesse sentido – pois trata-se da captura de fragmentos da realidade que,
devido à multiplicação de estímulos, precisam ser depois depurados, tratados, repensados, a fim de
VOCÊ QUER LER?
Para saber mais a respeito das teorias artísticas, leia as reflexões de Arthur Coleman Danto
(1924-2013), na (2006). Esse filósofo e crítico de arte americanoRevista Artefilosofia
desenvolveu vários artigos a respeito da teoria institucional da arte e da estética. Concentre-se
nessa leitura que agregará muita informação aos seus estudos!
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também possam valer nesse sentido – pois trata-se da captura de fragmentos da realidade que,
devido à multiplicação de estímulos, precisam ser depois depurados, tratados, repensados, a fim de
dar forma à criação moderna. Mas esse trabalho é difícil e surge aí a figura do esgrimista, a lutar com
os meios de que dispõe para sua expressão. O pincel não lhe responde, sua mente exige mais rapidez,
enfim, trata-se em tudo e por tudo de uma batalha cujo resultado reflete esse movimento sôfrego.
Percebem-se, no pensamento do historiador de arte Lucio Agra (2004), reflexos do que se vivia no mundo da
arte em relação às transformações provenientes da , da , da e demodernidadeindustrialização urbanização
como isso impactava as pessoas e, sobretudo, os . É possível afirmar que as ideias e reflexões queartistas
provocaram o rompimento com o passado e a libertação de certas tradições, que impediam novas
experimentações, já vinham desde o impressionismo, passaram pelo movimento e seArts and crafts 
aprofundaram pelo expressionismo, na Alemanha, Itália, França, Rússia e outros mais tarde, incluindo o Brasil.
Na literatura, destacaram-se, inicialmente, alguns nomes como Stéphane Mallarmé (1842-1898), poeta e crítico
literário francês, entre os “decadentistas”, que inauguraram na literatura uma poesia com a proposta de
concretizar uma arte sensível, apoiada em temas como pessimismo, tédio, descrédito no ser humano ou nas
instituições sociais e políticas, exacerbando sua decadência, ou ainda o pós-simbolismo do escritor Guillaume
Apollinaire (1880-1918), que optou por temas mais libertinos, voltados aos prazeres sensuais, e ainda o poeta,
músico e crítico literário americano Ezra Pound (1885-1972), que utilizava recursos como precisão de imagem e
uma nova estetização gráfica nos seus poemas. No Brasil, a poesia concreta despontou bem mais tarde, em
meados da década de 1950, em São Paulo, durante a “Exposição Nacional de Arte Concreta”, que aconteceu no
Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 1956. Os nomes mais conhecidos do concretismo no país foram Décio
Pignatari (1927-2012), Haroldo de Campos (1929-2003) e Augusto de Campos (1931).
2.1.1 Prelúdio das vanguardas artísticas e históricas
O grande passo para a explosão dessas vanguardas foi o , de 1909, criado pelo poeta italianoManifesto Futurista
Filippo Tommaso Marinetti (1876-1944). O movimento futurista criticava a forte carga histórica na arte do
período e manifestou o desprezo por todas as coisas do passado, enaltecendo o novo, valorizando qualquer
forma de inovação técnica e tecnológica a partir das máquinas e da velocidade. Assim, a modernidade era a
velocidade da transformação das coisas e o manifesto declarava uma “guerra” a tudo que não representasse o
novo e a inovação. O movimento foi muito aceito por propor algo totalmente diferente e trouxe uma visão de
futuro, clamando a todos para realizá-lo, o que garantiu forte adesão e uma estética militarizada/militante.
VOCÊ SABIA?
O foi um movimento estético e social originado na Inglaterra, na segundaArts and crafts
metade do século XIX, que defendia o artesanato feito de modo criativo e valorizava o trabalho
manual como recuperação da dimensão estética dos objetos produzidos industrialmente. Foi
idealizado pelo crítico de arte John Ruskin (1819-1900) e pelo medievalista Augustus W.
Northmore Pugin (1812-1852). Foi apoiado pela Escola de Design Alemã - Bauhaus. A
aproximação entre arte, artesanato e design marcou várias gerações de artistas e designers,
sendo motivo de reflexão ainda hoje.
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2.2 O moderno, a produção e as estéticas de transição
Para Agra (2004), o impressionismo pode ser considerado o primeiro “ismo” da , mas são os arte moderna pós-
 que abriram as portas para o expressionismo e o início do cubismo. E, assim, Édouard Manetimpressionistas
(1832-1883) trilhou o caminho para os pós-impressionistas. Claude Monet (1840-1926) ganhou notoriedade,
mas foram Vincent van Gogh (1853-1890), Paul Gaugin (1848-1903) e Henri Toulouse-Lautrec (1864-1901) que
marcaram as novas expressões da arte moderna vanguardista por suas formas e intencionalidades artísticas e
sensíveis. A partir disso, observam-se vários movimentos acontecendo ao mesmo tempo e que explodiram novas
ideias e formatos, métricas e composições, fazendo implodir a arte pensada como imitação da realidade, pois o
que as vanguardas apresentaram foram outros pensamentos e ações ao se depararem com o mundo moderno. O
mais marcante é que, um a um, os iam dando um toque pessoal em suas obras,artistas pós-impressionistas 
trazendo à tona suas subjetividades em expressões singulares.
Dito isto, iniciaremos uma breve incursão em algumas obras de artistas vanguardistas, no sentido de
observarmos mudanças em técnicas e inovações aplicadas a essa nova arte do século XX. Iniciaremos por um
quadro de Paul Cézanne (1839-1906), considerado um dos primeiros a instituir a luz em movimento em suas
obras.
Figura 1 - , Cézanne, 1904Château Noir
Fonte: Everett Collection, Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: a imagem apresenta uma das pinturas de Cézanne, com tons fortes e escuros. Em primeiro plano, 
é possível identificar árvores e folhas, como uma mata densa. Logo atrás, há um castelo, sem grande destaque,
sendo possível identificar apenas algumas janelas e um muro pintados em cores terrosas.
Essa obra já é considerada dentro de uma vertente cubista, sendo o artista classificado como pós-impressionista.
É possível captar a fragmentação, a luz no quadro, as pinceladas fortes, delineando outros cenários da arte
expressionista/cubista. É interessante ressaltar que Cézanne foi considerado um dos primeiros pintores
modernos a assumir uma atitude analítica diante do que iria realizar, compondo a materialidade da pintura com
o princípio de uma construção uniforme. No quadro apresentado, porém, observa-se uma vertente cubista por
meio da fragmentação da composição da imagem, das cores e da incidência da luz.
O da primeira década do século XX foi um movimento artístico que explorou as formas geométricas. Aocubismo
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O da primeira década do século XX foi um movimento artístico que explorou as formas geométricas. Aocubismo
fragmentá-las, os artistas cubistas compunham figuras que possibilitavam a visualização simultaneamente de
diversas perspectivas. Pablo Picasso (1881-1973) e Georges Braque (1882-1963) são considerados seus mais
importantes expoentes.
No cubismo ainda se encontra a questão dos múltiplos pontos de vista, da influência das estruturas geométricas
e de princípios da visualidade, bastante explorados pelos artistas cubistas em suas obras. Houve também uma
forte influência das descobertas da física, como a Lei da Relatividade, de Albert Einstein (1879-1955), que
causou impacto no fazer artístico da época. Segundo Agra (2004, p. 45):
[...] versões mais popularizadas dessa teoria davam conta da descoberta do que já se especulava
desde o século anterior: a quarta dimensão. O assunto tornou-se moda no período e também a
versão corrente de que a quarta dimensão consistia no vetor tempo. Foi o suficiente para que muitos
artistas buscassem interpretar esse novo elemento em consonância com o espaço. [...] Os cubistas
são certamente os primeiros a revelar esse impacto, argumentando que seus trabalhos buscavam
múltiplos pontos de vista, tentando apreender a duração da percepção tridimensional – e
tetradimensional – na bidimensionalidade do quadro.
O cubismo é considerado dentro de duas vertentes, a analítica e a sintética. Acompanhe a definição detalhada a
seguir.
• Cubismo analítico
É entendido como o movimento que se caracterizou pela desestruturação da obra em todos os seus
elementos. A decomposição se dá pelos planos sucessivos e superpostos, em que se pode ter uma visão
total da figura por meio de vários ângulos ao mesmo tempo, ou seja, por meio de sua fragmentação.
• Cubismo sintético
Foi um movimento dentro do cubismo que procurou trabalhar as figuras em formas reconhecíveis,
novamente em virtude da fragmentação dos objetos e destruição da estrutura do cubismo analítico.
Também introduziu um novo elemento à obra de arte, a colagem, por meio de palavras, números, letras,
pedaços de madeira, vidro, metal. Alguns artistas chegaram a colocar objetos inteiros nas pinturas.
Dentro dessas novas experimentações artísticas e suas expressividades, os artistas intencionavam despertar
sensações no observador, produzir efeitos plásticos e criar novas formas visuais, tornando claro que a arte não
era mais mera imitação da natureza ou uma figuração da vida. O mesmo se deu na poesia, literatura e outras
artes, como design e cinema, mas a pintura se mostrou uma expressão visual forte para exibir as mudançase
proposições artísticas da época e seus impactos na vida moderna.
As vanguardas artísticas ficaram famosas por seus manifestos, formas de se posicionarem diante do mundo e
divulgarem seus propósitos, assim como por suas críticas à arte, em particular, e à sociedade em geral.
Outros artistas também sofreram influências de culturas não europeias em sua arte e acabaram por trazer novas
referências. , por exemplo, cansado da Europa, apesar de ter vivido parte de sua vida no Peru, mudou-seGauguin
para o Taiti em busca de outros temas, o que trouxe uma visão nova, “primitiva” ou “exótica”, para sua obra que
começou a penetrar e ganhar destaque na arte europeia. Um exemplo é a pintura a seguir, na qual o
artistaretrata os habitantes da Polinésia Francesa.
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Figura 2 - , Gauguin, 1893Woman Holding a Fruit
Fonte: Rook76, Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: a imagem representa uma pintura com cores vivas, em tons de vermelho, laranja e verde,
principalmente. Em primeiro plano, há uma mulher vestindo apenas uma saia e segurando uma fruta semelhante
a um coco verde. Ao fundo, há outras mulheres, duas sentadas no chão e uma terceira segurando um bebê.
Também há casas com telhados de palha, além de troncos de árvores com folhas verdes e laranjas.
No Brasil, o ganha corpo no trabalho da artista Anita Malfatti, que conheceu de perto essesexpressionismo
movimentos da arte em suas viagens e estudos na Europa. A artista brasileira é uma das primeiras a trazer o
cubismo para o Brasil. Foi uma mulher vanguardista na arte, destacando-se em um movimento mais engajado,
algo que não foi uma tarefa fácil.
Assim como Malfatti, outros artistas da Semana de Arte Moderna se manifestaram por uma nova arte em
oposição à cultura e à arte de teor conservador que predominavam desde o século XIX no país. A artista, em seu
quadro , por meio das técnicas, traços e cores contundentes, apresenta uma expressãoO Homem de Sete Cores
VOCÊ O CONHECE?
Anita Catarina Malfatti (1889-1964), paulista, filha de artistas, desenvolveu suas habilidades
como pintora, desenhista, gravadora, ilustradora, mesmo possuindo uma atrofia congênita no
braço e na mão direita, que forçava o uso da mão esquerda para exercer sua profissão. Viveu
muito tempo na Europa, sobretudo na Alemanha, entre 1910 e 1914, onde teve contato com o
expressionismo alemão. De volta ao Brasil, participou da Semana de Arte Moderna, de 1922,
expondo 20 trabalhos. Foi uma das primeiras mulheres a expor seus trabalhos vanguardistas,
estando à frente de seu tempo.
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quadro , por meio das técnicas, traços e cores contundentes, apresenta uma expressãoO Homem de Sete Cores
própria de seu fazer artístico, característica da teoria de arte de seu tempo. Não se tratava de imitação, nem
figuração, mas, sim, de uma brasilidade que foi surgindo em sua obra.
Foram muitos os artistas de diversas áreas da cultura que criaram a atmosfera para uma mudança no ideário
artístico brasileiro e que deram um novo teor e identidade à arte feita aqui. Entre os mais conhecidos, temos Di
Cavalcanti (1897-1976), Victor Brecheret (1894-1955), Graça Aranha (1868-1931), Mário de Andrade (1893-
1945), Menotti Del Picchia (1892-1988), Oswald de Andrade (1890-1954), Villa-Lobos (1887-1959), Tarsila do
Amaral (1886-1973), entre outros.
Voltando para a Europa, Toulouse-Lautrec foi um pintor pós-impressionista e litógrafo francês, que mergulhou
no submundo dos cabarés e cafés parisienses, assim como vivenciou e pintou vários palcos, trazendo às suas
obras outra percepção da realidade, expondo um mundo boêmio por meio da “luz noturna” em seus quadros,
captada por seu olhar e expressada por seus sentimentos. Sua obra se aproximou do design gráfico, em função da
litografia e de seu traço “nervoso”, como observou Agra (2004).
Figura 3 - , Toulouse-Lautrec, 1892La Goulue Arriving at the Moulin Rouge with Two Women
Fonte: Everett Collection, Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: a imagem consiste na pintura de uma cena de salão de cabaré. Em primeiro plano, há uma mulher
dançando, com um vestido longo e volumoso, bastante decotado, e usando grandes enfeites na cabeça. Ao fundo,
há diversos homens e mulheres a observando. É possível concluir que pertencem à realeza, pois uma das figuras
pintadas é um homem usando uma coroa.
O artista foi um frequentador assíduo do cabaré , trazendo como tema central a própria boemiaMoulin Rouge
parisiense. Sua composição foi influenciada pela fotografia e pelas gravuras japonesas, dois fatores de grande
importância cultural no fim do século XIX, além de trazer cenas da noite, pessoas e situações vivenciadas.
Contudo, torna-se difícil enquadrar alguns artistas, como , por exemplo, em uma tipologia artística:Van Gogh
pós-impressionismo, cubismo ou expressionismo? Todos eles, parece.
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Figura 4 - , Van Gogh, 1888O Par de Sapatos
Fonte: Everett Collection, Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: a imagem representa a pintura de velhos sapatos, com cadarços desamarrados, sob um piso de
lajotas retangulares. A cor que predomina no quadro é o amarelo, com variações de tons se aproximando do
marrom e do laranja.
Considerada uma obra pós-impressionista, os sapatos usados foram pintados no chão de pisos vermelhos da
casa amarela, sua residência e estúdio em Arles, na França.
O trabalho de foi estarrecedor, . No entanto, tornou-se um dos pintores mais reproduzidos.Van Gogh sui generis
O artista holandês produziu muitas obras em pouco tempo, como apresentam suas mais variadas biografias. O
leque temático é extenso e vai desde paisagens até autorretratos, caracterizando-se por cores vibrantes e
pinceladas únicas que expressavam sua individualidade e tenacidade artísticas. Esses elementos deram a ele
uma condição peculiar na arte vanguardista moderna, transformando-o em um ícone do expressionismo.
Sobre o , Agra (2004, p. 38-39) traz uma definição objetiva, expondo o seguinte:expressionismo
[...] a vanguarda anterior buscava as impressões da luz (de fora para dentro), esta procurará a
expressão do artista (de dentro para fora). É inevitável, portanto, que algo do Romantismo atravesse
o século e novamente vá produzir influxos nos jovens artistas. E, mais uma vez, a Alemanha é o país
onde a revolução se inicia. O expressionismo é um movimento cujas marcas ainda hoje repercutem
na cultura de massas, na mídia e mesmo na criação artística recente. E o termo “expressar” entrou,
definitivamente, para o léxico da Arte Moderna e tornou-se quase banal.
Diante desse pensamento, a própria concepção de expressionismo e sua teorização se ampliam e nos auxiliam a
compreender como alguns artistas e movimentos vanguardistas marcaram seu tempo e deixaram um legado
para a posteridade. Suas obras ainda expressam emoções, porém a reprodutibilidade técnica, como uma
característica da sociedade moderna industrial, também pode banalizar obra, artista e conceito por meio da
cultura de massas.
Ainda em relação ao expressionismo europeu, é preciso falar dos jovens artistas da Escola de Arte de Munique.
Impossível não citar o norueguês Edvard Munch (1863-1944), conhecido como um dos precursores do
impressionismo e expressionismo alemães, e o artista russo Wassily Wassilyevich Kandinsky (1866-1944), que 
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impressionismo e expressionismo alemães, e o artista russo Wassily Wassilyevich Kandinsky (1866-1944), que 
foi professor na Bauhaus, pertenceu ao grupo de artistas da Escola de Belas Artes de Munique, foi reconhecido
por introduzir a “abstração” no campo das artes visuais e considerado um dos pioneiros da arte abstrata. Munch,
com a famosa obra , de 1895, e Kandinsky, com suas composições abstratas, por exemplo, fazem explodirO Grito
sentimentos, seja de pânico, medo, incompreensão ou inquietação.
O trabalho de Munch teve repercussão na época por engendrar o , referenciando no cinema abinômio arte/vida
temática do terror: personagens com traços psicológicos marcantes. A era outra vertente quepsicanálise
influenciava as artes e as ciências.
Figura 5 - , Munch, 1895O Grito
Fonte: Everett – Art,Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: a imagem em preto e branco representa a famosa pintura de Munch. Em primeiro plano, há uma
figura humanoide, com expressão horrorizada: as duas mãos estão espalmadas nas laterais da face, os olhos
estão arregalados e a boca aberta, como se estivesse gritando. Ao fundo, é possível identificar uma ponte à frente 
de um cenário natural, além de duas silhuetas humanas.
A obra simboliza uma impressão expressionista, se assim podemos dizer, trabalhando a litografia. O crânio como
cabeça humana tem uma única dimensão psicológica e demonstra horror.
Em Kandinsky, revela-se a influência cubista e expressionista. Muito do seu feito artístico foi mais tarde
reconhecido como construtivismo, mas também há quem aponte elementos do suprematismo. Além disso, como
poderemos observar nas obras do artista, há fortes traços do abstracionismo em seu trabalho, o que corrobora a
ideia de que nem sempre há uma linha tão clara e objetiva entre uma estética e outra nas obras de vanguarda.
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Figura 6 - , Kandinsky, 1922.Kleine Welten I
Fonte: Everett Collection, Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: a imagem representa uma pintura com formas abstratas. O fundo branco destaca cores vibrantes,
como rosa, vermelho, azul, verde e amarelo. Há formas indefinidas, algumas arredondadas, outras alongadas
com linhas retas, alguns rabiscos e pontos, tudo colorido e sobreposto.
Em suma, o expressionismo, com toda sua variação artística, valorizou a subjetividade e produziu a deformação
intencional da realidade. Esse movimento artístico buscou elementos técnicos e novas formas para “deformar”,
no sentido de explicitar, expor, criticar algumas situações sociais daquela época, como, por exemplo, a angústia e
a solidão, sobretudo em um momento que uma profunda crise promovia a Primeira Guerra Mundial.
Na França, dentro do que se designou expressionismo, outra vertente aparecia, por meio, por exemplo, das obras
do artista James Ensor (1860-1949). Sua pintura, entre outras da época, foi denominada de . Os fauvistasfauve
“[...] revoltaram-se contra a própria arte como artesanato competente” (AGRA, 2004, p. 41) e entre pinturas
rústicas, toscas, “primitivas e selvagens”, abriram espaço para o dadaísmo.
Entre os dadaístas mais conhecidos, temos o provocativo Marcel Duchamp, famoso por sua obra , de 1917.Fonte
Duchamp, assim como outros dadaístas, criou espaços e contextos para expor suas obras: as instalações, como
ficaram conhecidas. Estas foram muito utilizadas por artistas contemporâneos que retomaram os princípios do 
 do artista. ready-made Trata-se de uma manifestação radical que rompe com uma certa operação artística ao se
apropriar de algo que tem apenas uma finalidade prática, entretanto, ao ser levado para o espaço do museu ou
da galeria, consagra-se como objeto de arte.
O dadaísmo de Tristan Tzara (1896-1963) marcou uma geração de artistas que criticava os avanços do
capitalismo e situações que levavam à guerra, além de fazer duras críticas ao passado. De acordo com o crítico
Giulio Carlo Argan (1992), o dadaísmo foi considerado antiarte, apresentando-se como uma “vanguarda
negativa” entre aquelas do início do século XX, por demonstrar uma impossibilidade de estabelecer a relação
entre arte e sociedade, ou seja, a arte dadaísta era a verdadeira antiarte porque as instalações inusitadas criaram
uma arte perturbadora para a sociedade de então. E era proposital.
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2.3 Vanguardas russas
Falar em arte e vanguardas russas é praticamente adentrar a perspectiva histórica da Revolução Russa de 1917,
já que esta engendrou, de fato, um dos movimentos culturais e artísticos mais polêmicos, surpreendentes e ricos
em conteúdos, formas e discussões teóricas da história da arte moderna, inclusive porque, ao se observar estas
vanguardas, entendemos muito dos conflitos vividos entre arte e vida, artistas-cultura-poder. Segundo a
pesquisadora Cavaliere (2017, p. 20):
Nas primeiras décadas do século XX a Rússia experimenta uma extraordinária atmosfera de
inquietude e renovação nos campos social, político e cultural. A revolução de 1905 marcaria o
primeiro passo de uma efervescência geral, que se faria recrudescer na década posterior. No campo
artístico e cultural, há uma vaga de agitação em grande parte oriunda da juventude intelectualizada,
que produzirá os seus frutos em praticamente todos os ramos da criação artística. Esses jovens
artistas manifestam uma tendência acentuada em direção a novos procedimentos estéticos e ao
descontentamento em relação à linguagem convencional e passadista. Essa revolta vem
acompanhada, ao mesmo tempo, da exigência de um retorno às origens, às fontes primeiras da
cultura russa e da negação de valores considerados ultrapassados.
Os artistas modernos russos aderiram quase incondicionalmente à revolução socialista e levantaram a bandeira
da construção da sociedade por meio da “arte em construção”, da arte engajada, mas também de uma arte
abstrata bastante singular. Contudo com a escalada do stalinismo, notou-se que se perdia a liberdade criativa e a
arte teria outra função, assim como na Alemanha nazista e na Itália fascista. A tão almejada liberdade expressiva
dos artistas modernos começava a terminar: o longo período entre as guerras mundiais marcou definitivamente
as artes em geral, mas os russos têm uma história particular.
Segundo Gompertz (2013), o suprematismo russo dizia que a arte possuía um sentido oculto e universal, assim
como o artista estava envolto de um especial talento e intuição em uma noção de arte pouco objetiva. Porém, o
construtivismo colocava as obras de arte dentro de um contexto de pesquisa da qualidade dos materiais, algo
mais concreto e objetivo.
O impacto e o legado duradouro do cartaz de Lissitzky demonstram o poder da arte não objetiva. Nas
mãos de grandes artistas ela alcança seu objetivo: atravessar a confusão da vida moderna e
descrever algo mais intenso, mais profundo. É por isso que ela nos afeta. Há na simplicidade dessas
formas rígidas adornadas com cores primárias algo de magnético e atraente que é impossível
explicar ou racionalizar. De alguma maneira, aqueles artistas russos foram capazes de reduzir tudo a
nada de modo a expor mais do que sabíamos estar lá. É uma questão de equilíbrio e óptica, tensão e
textura. Mais do que isso, porém, é uma questão do inconsciente. Uma arte de que gostamos, mas não
sabemos ao certo por quê. Malevich, Tatlin, Rodchenko, Popova e Lissitzky foram visionários
brilhantes, os pioneiros da primeira arte totalmente abstrata. (GOMPERTZ, 2013, p. 201)
De qualquer modo, houve momentos de criação dentro dessas vanguardas, de acordo com o desenrolar do
regime socialista e do mundo em guerra.
Conforme Gompertz (2013) aponta em relação às vanguardas russas, estas deixaram um grande legado e
politizaram a arte, sem sombra de dúvida, dando o status às vanguardas de esquerda, inclusive. O que podemos
concluir é que desenvolveram a arte de agitação – ; uma arte socialmente engajada e de cunhoagitprop
panfletário, mas que, acima de tudo, foi pioneira ao criar uma arte totalmente abstrata.
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2.4 Guerra e surrealismo
As artes foram impactadas com o revés promovido pelos regimes totalitaristas e suas ideologias de guerra: ou se
tornaram arte panfletária de guerra, ideologizada pelos governos ditatoriais, ou procuraram novas formas de se
manifestar em outros lugares.
O surrealismo, surgido no período pós-guerra, também atacou o passado e buscou explorar o inconsciente dos
homens, os sonhos e as fantasias, de forma a criticar um estado de espírito, um estado de coisas que deveriam
ser retratadas e questionadas. 
Ainda, o surrealismo pode ser considerado um dos últimos movimentos das chamadas vanguardas históricas. O
interessante é que há indícios de que tenha surgido de um escritor nascido em terras latino-americanas – o
uruguaio Isidore Ducasse (1846-1870). O que faz sentido, pois muitos artistas europeus saíram do continente
em busca de maior liberdade nos Estados Unidos da América, abrindo-se, assim, umanova situação para os
países não envolvidos ou atingidos diretamente pela guerra. Nesse sentido, Agra (2004) é contundente ao
afirmar que, em anos posteriores a 1937, uma arte inovadora de fato não poderia prosperar fora dos "ditames do
partido" (da esquerda) e do "tacão neoclassista" (da direita). Somente a partir de 1945 o experimentalismo
"varreu" o ocidente. Entretanto, essa é outra página da história da arte contemporânea. Agora, chegamos ao final
desta unidade. Não deixe de conferir com atenção o resumo conclusivo a seguir. 
Conclusão
Ao longo de nossos estudos, pudemos compreender que a arte moderna respirou a crítica e o conflito, mas fez
disso o seu lema criativo. Expressionistas de diferentes vertentes, dadaístas questionando o que é arte,
surrealistas colocando em cheque o próprio tempo e espaço, suprematistas e abstracionistas usando física,
matemática e geometria em seu estado mais abstrato e peculiar, dizem-nos que a arte não precisa ser lógica,
precisa, figurativa, imitativa e muito menos deve ser ilusionista. Em outras palavras, arte é arte, seja conceitual
ou engajada.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• perceber que o estudo da arte moderna não segue uma cronologia precisa e linear, uma vez que os 
movimentos artísticos, em suas múltiplas linguagens, interconectam-se e nos apresentam uma realidade 
multifacetada, assim como muitos artistas e obras de arte não “representam” uma única escola ou 
expressão artística;
• identificar a complexidade das definições e conceitos de arte, pois a arte se faz no seu tempo e espaço, 
VOCÊ QUER VER?
Meia Noite em Paris, de Woody Allen (2011), é um filme divertido e instrutivo. Trata-se uma
comédia em que os personagens passeiam pelos anos áureos da criatividade francesa de
maneira inovadora e bem didática. Ou seja, o personagem principal “viaja” para os anos 1920
e, em Paris, janta com intelectuais como Gertrude Stein (1874-1946), Ernest Hemingway
(1899-1961) e Salvador Dalí (1904-1989), fazendo uma incursão divertida pela arte e ideias
vanguardistas daquela época. Não deixe de assistir!
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expressão artística;
• identificar a complexidade das definições e conceitos de arte, pois a arte se faz no seu tempo e espaço, 
mas também pode ser visionária e contribuir para a compreensão das transformações sociais e políticas 
enfrentadas na modernidade e em sua passagem para a contemporaneidade;
• conhecer um pouco dos movimentos artísticos que mudaram a história da arte do século XX, entre eles: 
futurismo, cubismo, expressionismo, fauvismo, dadaísmo, surrealismo, abstracionismo, construtivismo, 
suprematismo;
• conhecer um pouco da produção de artistas e de algumas obras emblemáticas dentro das chamadas 
vanguardas históricas do século XX, sobretudo por meio da pintura, por esta trazer uma visualidade mais 
objetiva do que se quer expressar em termos conceituais.
Bibliografia
AGRA, L. : ideias e movimentos. São Paulo: Anhembi Morumbi, 2004.História da arte do século XX
ARGAN, G. C. . São Paulo: Companhia das Letras, 1992.Arte moderna
CAVALIERE, A. Vanguardas russas: a arte revolucionária. São Paulo, v. 8 n. 10, RUS, , p. 19-35, 2017. Disponível
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CÉZANNE, P. . 1904. Pintura, óleo sobre tela, 73.7 x 96.6 cm.Château noir
COSTA, C. F. O que é ‘arte’? , Ouro Preto, n. 6, Artefilosofia p. 194-199, abr. 2009. Disponível em: 
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DANTO, A. O mundo da arte. , Ouro Preto, n. 1, Artefilosofia p. 13-25, jul. 2006. Disponível em: https://periodicos.
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GAUGUIN, P. . 1893. Pintura, óleo sobre tela, 92.5 x 73.5 cm.Woman holding a fruit
GOGH, V. V. . 1888. Pintura, óleo sobre tela, 37.5 x 45 cm.O par de sapatos
GOMPERTZ, W. 150 anos de arte moderna. Do Impressionismo até hoje. Rio de Janeiro: Zahar, 2013.Isso é arte?
LEINER, N. . 1966. Instalação, porco empalhado em engradado de madeira, O porco 83 x 159 x 62 cm.
KANDINSKY, W. . 1922. Pintura, litografia, 24.8 x 21.8 cm.Kleine Welten I
MEIA Noite em Paris. Direção: Woody Allen. Produção: Letty Aronson; Raphael Benoliel; Eva Garrido et. al.
França: Mediapro; Versátil Cinema; Gravier Productions ., 2011. 1 DVD (96 min.).et. al
MUNCH, E. . 1893. Pintura, óleo sobre tela, 91 x 73 cm.O grito
TOULOUSE-LAUTREC, H. La Goulue arriving at the Moulin Rouge with two women. 1892. Pintura, óleo sobre
tela, 79.4 x 59 cm.
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http://www.revistas.usp.br/rus/article/view/141312/137249
https://periodicos.ufop.br:8082/pp/index.php/raf/article/view/706/662
https://periodicos.ufop.br:8082/pp/index.php/raf/article/view/791/746
https://periodicos.ufop.br:8082/pp/index.php/raf/article/view/791/746
	Introdução
	2.1 Teorias artísticas: o que é arte?
	2.1.1 Prelúdio das vanguardas artísticas e históricas
	2.2 O moderno, a produção e as estéticas de transição
	Cubismo analítico
	Cubismo sintético
	2.3 Vanguardas russas
	2.4 Guerra e surrealismo
	Conclusão
	Bibliografia

Outros materiais