Buscar

PMSUS 1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

OFICINA 1 |A SAÚDE MENTAL E REFORMA PSIQUIÁTRICA NO BRASIL
1. Compreender a reforma psiquiátrica no Brasil, seus princípios, diretrizes e desafios. 
Para que haja uma melhor compreensão da reforma psiquiátrica é necessário atentar para dois pontos marcantes nesse processo. Inicialmente a desconstrução da ideia de que o louco é uma ameaça para sociedade e não pode ter convívio com as pessoas consideradas normais, por isso deveria ter um lugar para abarcar o indivíduo no seu decurso de loucura. E posteriormente precisamos compreender o fortalecimento dos serviços substitutivos, ou seja, substituir a lógica manicomial de que existe um lugar específico para esses loucos, o manicômio e somente a psiquiatria poderia tratar esses problemas. 
Melo (2012) cita Amarante (2007) em seu texto, onde ele afirma que a reforma psiquiátrica é um processo amplo que se utilizou de diversas estratégias na remodelação e avanços dos cuidados a saúde mental. Abrangendo 4 dimensões principais: Teórico -conceitual, onde a saúde é entendida como um processo saúde-doença; desinstitucionalização; Técnico assistencial que é a construção de serviços substitutivos ao manicômio CAPS /NAPS, livre de isolamento, repressão e disciplina; Jurídico-política que são as mudanças na legislação, sanitária, civil e penal que vinculavam a loucura com periculosidade, incapacidade social e irresponsabilidade; Sócio-cultural onde há a construção de um novo lugar social para abrigar o sujeito na sua insanidade, trabalhando no imaginário social e o conceito de loucura construído a anos. 
A Reforma Psiquiátrica se consolida como marco fundamental da política de assistência à saúde mental oficial com a virada do século, a influência de suas ideias vem -se expandindo no campo social, jurídico, e nos meios universitários que formam os profissionais da saúde. Apesar das dificuldades enfrentada pelo sistema de saúde pública do Brasil, o cenário psiquiátrico vem mudando, os mais de mil Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) espalhados pelo país vem modificando rapidamente a estrutura da assistência à saúde mental. 
 A proposta da criação do CAPS é de substituir o modelo hospitalocêntrico e manicomial, de características opressivas, excludentes e reducionista ao invés desse modelo antigo, vem sendo construído com base nos princípios fundamentais do Sistema Único de Saúde (SUS) sendo eles a equidade, universalidade e integralidade, cujo alcance ultrapassa as práticas de saúde e atinge o social e as formas culturalmente validadas de compreensão da loucura. 
 A proposta da Reforma Psiquiátrica se desdobra em vários planos, situados em diversos campos: Plano Assistencial, pensar em modelos e intervenções, além de inovadores, adequados e mais abrangentes, sem se fixar em apenas um modelo, pois há diversas culturas e contextos, compondo a sociedade brasileira; Formação de Recursos Humanos, por se tratar de pessoas jovens a maior parte dos novos profissionais, não foi vivido por eles o processo da luta antimanicomial, de um lado é preciso dar -lhe uma formação teórica e técnica sólida, por outro, é necessário que fomente uma vocação crítica e criativa para atender aos desafios que surge no processo de transformação contínua; nos planos Jurídico e Político, o tema de direitos humanos e defesa da dignidade da pessoa, tem sido acrescido de iniciativas que avançam na discussão dos direitos civis e sociais dos indivíduos portadores de transtornos mentais; no Plano Sociocultural, transformar a loucura e o sofrimento numa questão que ultrapasse discursos técnicos e do saber psiquiátrico, insistindo na dimensão existencial e humana que é facilmente deixada para trás da fala e protocolos médicos-psicológicos. 
Após toda uma trajetória de movimentos sendo o resultado de um árduo processo científico-político-social, iniciado na década de 1950 nos países europeus e no final da década de 1970 se enquadrando no contexto brasileiro, deu-se início às mudanças do modelo hegemônico no Brasil, para o modelo de atendimento psiquiátrico comunitário, baseados em serviços de saúde mental descentralizados, multiprofissionais e diversificados que visavam acabar com as condições precárias e trazer a humanização no tratamento existente antigamente em manicômios, os protestos que aconteciam fizeram com que a reforma fosse ganhando consolidação. 
A retomada de uma das conquistas mais importantes para a reforma psiquiátrica brasileira foi quando a Lei 10.216 foi posta em vigor, no dia 6 de abril de 2001. Houve início o processo ao qual se tinham uma atenção mais abrangente, incluindo prevenção, promoção, recuperação e ressocialização das pessoas com transtornos psiquiátricos, substituindo os descasos existentes no principio. Com o passar do tempo também foi exigido à existência de equipes multiprofissionais, acomodações adequadas, espaços para recreação e terapias complementares para o tratamento dos pacientes institucionalizados. Há muitos obstáculos a serem vencidos. 
As dificuldades na reforma antimanicomial vai desde a extensão demográfica do país até a resistência por parte de alguns médicos do sistema, que visam manter a hegemonia e o tratamento estritamente biológico. Por fim, o processo de reforma psiquiátrica brasileiro acontece de forma contínua, a desinstitucionalização ocorrida ainda é vista em andamento, gerando questionamentos e enfrentando dificuldades. Todavia, vem constituindo um desenvolvimento muito importante para a garantia dos direitos humanos e a cidadania das pessoas com transtornos mentais, visando sempre o aprimoramento dos serviços de saúde mental.
2. Entender o processo de desinstitucionalização da reforma psiquiátrica no Brasil. 
Assim, a Reforma Psiquiátrica brasileira tem como eixos: a) processo de desinstitucionalização como desconstrução dos aparatos manicomiais; b) a descentralização da atenção na internação hospitalar em manicômios para o cuidado comunitário e c) rede diversificada de Atenção à Saúde Mental, implicando a reconstituição da complexidade das necessidades sociais subjacentes à enfermidade e à intersetorialidade.
O processo de desinstitucionalização caracteriza-se por implicar novos contextos de vida para as pessoas com transtorno mental, bem como para seus familiares e “pretende mobilizar como atores os sujeitos sociais envolvidos, modificar as relações de poder entre os usuários e as instituições e produzir diversas ações de saúde mental substitutivas à internação no hospital psiquiátrico”
Nesse novo contexto, foi proposta a organização da Rede de Atenção à Saúde Mental, sendo esta conceituada como “uma teia que engloba todos os serviços de saúde, mecanismo que pode promover autonomia e cidadania das pessoas com transtornos mentais”
Contribuíram para tal organização as portarias que, juntamente com a Lei n. 10.216/2001, instituíram as experiências institucionais, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Serviços de Residências Terapêuticas (SRT); o Programa de Volta para Casa, centros de convivência e outros, além de equipamentos voltados para potencializar o cuidado comunitário e a produção de laços sociais da pessoa com transtorno mental na sociedade.
3. Discutir a mudança na concepção acerca da saúde mental no Brasil e no mundo. 
4. Estudar o movimento antimanicomial no Brasil e sua relação com os direitos humanos. 
O responsável pelo início da origem da reforma do sistema de saúde mental foi o psiquiatra Franco Basaglia. Nascido em Veneza, durante os anos 60 foi o diretor do Hospital Psiquiátrico deGorizia, onde presenciou diversos abusos no tratamento de problemas mentais.
Por esse motivo, Basaglia resolveu fazer mudanças nas práticas no tratamento dos pacientes. Esse movimento ficou conhecido como “negação à psiquiatria”, responsável por dar origem à luta antimanicomial.
Franco percebeu que a internação em manicômios e o isolamento só agravavam ainda mais a condição dos pacientes. Em razão disso, seria preciso mudar totalmente a estrutura psiquiátrica que até então era conhecida.
Assim, o tratamento manicomial deveria ser através atendimentos terapêuticos, que poderiam ser realizados em centros de convivências, comunitários ou até em ambulatórios. Basaglia revolucionou ao propor que o paciente não fosse mais tratado como objeto, sem direitos enquanto humano e cidadão.
Em 1968, ele publicou o livro “A instituição Negada”, onde revelou uma grande parte das suas estratégias que foram feitas no Hospital Psiquiátrico de Gorizia. Depois de feita a reformulação no tratamento psiquiátrico, Basaglia ficou responsável por dirigir o Hospital Psiquiátrico de Trieste, que se tornou referência na luta antimanicomial.
No entanto, apenas em 1978 foi aprovada, na Itália, a Lei da Reforma Italiana, conhecida como Lei 180, que serviu como modelo para a reformulação do sistema Psiquiátrico no Brasil.
A LUTA ANTIMANICOMIAL NO BRASIL
No final da década 70, diversos movimentos relacionados à saúde mental fizeram denúncias de abusos que eram feitos em instituições psiquiátricas. A partir disso, nasceram vários movimentos de profissionais da saúde mental que evidenciaram a necessidade de uma reforma psiquiátrica no Brasil.
Um dos principais responsáveis pela iniciativa foi o Movimento Sanitário e o Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental, que tinha a participação populacional e de familiares de pacientes.
Apenas em 18 de maio de 1987 foi realizado um encontro com grupos coniventes às políticas antimanicomiais. Inclusive, foi nesse mesmo encontro que nasceu a proposta de reforma no sistema psiquiátrico brasileiro e foi estabelecido que aquela data fosse o dia da Luta Antimanicomial.
PRINCIPAIS PONTOS DA REFORMA PSIQUIÁTRICA NO BRASIL
Com o principal objetivo de acabar com os manicômios, a reforma psiquiátrica no Brasil tinha o intuito de substituir de forma progressiva o tratamento por serviços comunitários. Sendo assim, o paciente com problemas mentais seria estimulado a um exercício de cidadania, visando fortalecer os laços familiares e sociais e nunca se isolado, como antes era feito.
Com essa reforma, então, o Estado era proibido de construir hospitais de serviços psiquiátricos e, substituindo as internações, os pacientes passariam a ter acesso ao atendimento psicológico e atividades alternativas – são tratamentos bem menos invasivos.
Além disso, a família teria um papel imprescindível na recuperação do paciente.
Inclusive, o movimento da luta antimanicomial precisou conscientizar a sociedade que as pessoas portadoras de transtornos mentais não representavam uma ameaça.
Assim, era necessário compreender os problemas mentais não como um estigma, mas como um modo alternativo de enxergar e estar no mundo e que precisavam de atenção especial e não de punição.
Portanto, o respeito e a educação seriam os principais meios para revolucionar o modo como os pacientes eram tratados até então, dentro e também fora das instituições psiquiátricas.
É válido lembrar ainda que a reforma psiquiátrica no Brasil teve início nos anos 80, mas ainda hoje não foi complementada.
REDE DE ATENÇÃO À SAUDE MENTAL E OS CENTROS DE AÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS)
Na década de 90, novas soluções foram aplicadas para a saúde mental. Aos poucos, o Ministério da Saúde substituiu o tratamento em hospitais por atendimentos comunitários.
Através das Leis Federais 8.080/1990 e 8.142/90, foi instituída a rede de atenção à saúde mental, junto com a criação do SUS (Sistema Único de Saúde). As leis atribuíram ao Estado a responsabilidade de promover um tratamento em comunidade, possibilitando a livre circulação dos pacientes e não mais a internação e o isolamento, contando com os serviços de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS); os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT); os Centros de Convivência e Cultura, as Unidade de Acolhimento (UAs), e os leitos de atenção integral (em Hospitais Gerais, nos CAPS III).
Os CAPS, que foram criados em 1992, são serviços públicos oferecidos em unidades regionais, que oferecem tratamentos intensivos, semi-intensivos e não intensivos. No tratamento intensivo, são oferecidos atendimentos diários com objetivo de reinserir o paciente na sociedade. Havendo necessidade de internação, é o próprio CAPS que encaminha o paciente para leitos de saúde mental em hospitais que oferecem internação de curto prazo. Esses serviços de internação fazem parte da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), que têm como função substituir a internação em asilos, priorizando um tratamento que visa a autonomia do paciente e o respeito à cidadania.
Fruto do movimento pelo fim das internações compulsórias, o CAPS tem como ferramentas o atendimento individualizado, com rodas de conversa, oficinas artísticas e o tratamento terapêutico individual e em grupo. Busca-se oferecer um tratamento ambulatorial mais humanizado, no lugar de hospitais psiquiátricos e longas internações.
LEI PAULO DELGADO (10.216/2001)
A Lei Paulo Delgado faz parte da Reforma iniciada na década de 70. Ela foi promulgada apenas em 2001, com o intuito de garantir os direitos de pacientes portadores de transtornos mentais a receberem atendimentos menos invasivos e priorizando o tratamento através da reinserção na família, no trabalho e na comunidade. Os pacientes passam a ter direito a informações a respeito de sua condição e sobre os tratamentos possíveis, além de estar protegidos contra qualquer abuso e exploração.
A lei também impede que sejam feitas internações compulsórias, ou seja, feitas sem o consentimento do paciente ou de terceiros (familiares e responsáveis). Estas devem feitas apenas após laudo médico, em casos de extrema urgência, quando o paciente é tido como uma ameaça para si e para terceiros. Nesses casos, o médico é obrigado a notificar o Ministério Público sobre a internação e depois sobre a alta do paciente.
5. Debater sobre a história da loucura e seus marcos importantes. 
PRIMÓRDIOS: Transtornos eram considerados episódios sobrenaturais, que podiam variar de possessões demoníacas ate a reação da fúria dos deuses. As explicações para comportamentos estranhos ou desviantes se baseavam em crenças mitológicas ou religiosas, e muitas vezes resultavam em exílio ou perseguição.
RENASCIMENTO: Transtornos deixam de ser relacionados com forças divinas e passam a ser entendidos como falhas das faculdades mentais, possuindo caráter perigoso por representarem falta de controle. São criadas instituições para manter essas pessoas afastadas da sociedade, onde ficavam acorrentadas e em condições desumanas. 
REVOLUÇÃO FRANCESA: com a proposta de “libertar a loucura dos grilhões”, o medico francês Philipe Pinel inaugurou uma nova abordagem em relação ao tratamento das doenças mentais, que passaram a ser vistas como uma questão médica. Propôs a criação de asilos para abrigar os que sofriam de alienação mental, em cuidados baseados numa reeducação moral.
1918: as mudanças na forma de entendimento dos transtornos mentais alteraram também o foco de estudo, que se voltou aos comportamentos dos pacientes. Crescem as metodologias de classificação das patologias. Surge o manual estatístico para o uso de instituições de insanos, que inclui 22 diagnósticos. 
1952: publicada a primeira versão do DSM, elaborado pela associação americana de psiquiatria. Com uma lista de sintomas de cada doença, na época com mais de 100 distúrbios, o libro servia de base e referencia para indicação de tratamento e é atualizado ate hoje.
1987: no Brasil é realizada a primeira conferencia nacional de saúde mental onde médicos e enfermeiros lutavam contra o método de assistência voltado nas internações em hospitaispsiquiátricos, numa tentativa de repensar o cuidado e humanizar o tratamento.
1993: a OMS também passou a compilar dado e diretrizes diagnosticas para colaborar com o trabalho de médicos e demais agentes de saúde, que resultou na publicação da Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID-10 no pais.
Dias atuais: com a melhoria dos diagnósticos, as estatísticas de pessoas com problemas mentais aumentaram, o que significa maior procura em busca de tratamento e de qualidade de vida. Há mais informação adequadas sobre os quadros e os sintomas, o que além de reduzir os estigmas, estimula a conscientização da importância de falar sobre esse tipo de problema.

Continue navegando