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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ BRUNO RANGEL DOS SANTOS SEGURANÇA DO TRABALHO EM NAVIOS MERCANTES NITERÓI 2017 BRUNO RANGEL DOS SANTOS SEGURANÇA DO TRABALHO EM NAVIOS MERCANTES Projeto Final apresentado ao curso de Engenharia de Produção da Universidade Estácio de Sá como parte dos requisitos necessários para obtenção do título de Engenheiro de Produção Orientadora: Prof. D.Sc. Vera Lúcia da Cunha Lapa NITERÓI 2017 SEGURANÇA DO TRABALHO EM NAVIOS MERCANTES Autor: Bruno Rangel Orientadora: Prof. D.Sc. Vera Lapa ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Bruno Rangel dos Santos SEGURANÇA DO TRABALHO EM NAVIOS MERCANTES Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Estácio de Sá, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Engenharia de Produção. Aprovado em ____________________________ Banca Examinadora Prof. D.Sc. Vera Lúcia da Cunha Lapa Universidade Estácio de Sá Prof. D.Sc. Jesus Domech More Universidade Estácio de Sá Prof. M.Sc. Rodrigo Cardoso Universidade Estácio de Sá NITERÓI 2017 Dedico este trabalho a Deus, meu bem maior, ao meu companheiro Jean e minha amiga Fabiana por todo incentivo e apoio ao meu crescimento profissional. “O passado serve para evidenciar as nossas falhas e dar-nos indicações para o progresso do futuro”. (Henry Ford) RESUMO Os equipamentos de proteção individual (EPI’s) têm por finalidade proteger o trabalhador de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho, no entanto, seu uso é por vezes negligenciado pelos profissionais da área marítima, apesar de existir uma variedade de riscos intrínsecos nos navios mercantes. O estudo buscou analisar o ambiente de trabalho no qual estão inseridos os maquinistas, além de identificar quais as causas que impedem a utilização do EPI de forma correta. Para o desenvolvimento desse estudo foi aplicado um questionário a 38 tripulantes da seção de máquinas, com a finalidade de entender aspectos relacionados ao empregador/ gerência de bordo e a tripulação no que concerne a distribuição e uso do equipamento de proteção individual. Verificou- se que, apesar do empenho das companhias de navegação, há necessidade de um envolvimento maior no que se refere à segurança, devido a peculiaridade do ambiente em que esses profissionais estão inseridos. Palavras chave: Uso de EPI’s, seção de máquinas, navios mercantes ABSTRACT Personal protective equipment (PPE) is intended to protect workers from risks that may threaten safety and health at work, but their use is sometimes neglected by professionals in the maritime area, although there are a variety of intrinsic risks on merchant ships. The study sought to analyze the working environment in which the drivers are inserted, in addition to identifying the causes that prevent the use of PPE in the correct way. For the development of this study, a questionnaire was applied to 38 crew members in order to understand aspects related to the employer / board management and the crew regarding the distribution and use of personal protective equipment. It was verified that, despite the commitment of the shipping companies, there is a need for a greater involvement in the security, due to the peculiarity of the environment in which these professionals are inserted. Key words:Use of PPE, machinery section, merchant ships. LISTA DE FIGURAS Figura 1. Representação da gravidade e da cor correspondente ao risco ambiental....................................................................................................................24 Figura 2. Diversos tipos de riscos no mesmo ponto...................................................25 Figura 3. Risco afetando a seção inteira....................................................................25 Figura 4. Mapa de riscos da seção de máquinas.......................................................26 Figura 5. EPI’s para proteção da cabeça...................................................................32 Figura 6. EPI’s para proteção dos olhos....................................................................33 Figura 7. EPI’s para proteção auditiva.......................................................................33 Figura 8. EPI’s para as mãos.....................................................................................34 Figura 9. EPI’s para proteção dos membros inferiores..............................................35 Figura 10. EPI’s para proteção do corpo inteiro.........................................................36 Figura 11. Grau de escolaridade................................................................................40 Figura 12. Função exercida a bordo...........................................................................41 Figura 13. É fornecido pelo empregador os EPI’s? ...................................................41 Figura 14.Quais EPI’s são fornecidos pelo empregador? .........................................42 Figura 15. Existe troca de EPI’s quando os mesmos não se encontram em boas condições de uso? .....................................................................................................42 Figura 15. Você tem consciência da importância do uso de EPI’s? .........................43 Figura 16. Você usa o EPI em todas as manutenções realizadas na praça de máquinas?..................................................................................................................44 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. CLT- Consolidação das Leis do Trabalho. EPI - Equipamento de Proteção Individual. IMO - International Marine Organization (Organização Internacional Marítima). NR - Norma Regulamentadora. OIT - Organização Internacional do Trabalho. SST - Segurança e Saúde no Trabalho. SOLAS - Safety of Life at Sea (Segurança da vida no mar). DDS - Diálogo Diário de Segurança. OHSAS - Occupational Health and Safety Assessment Series PEL - Permissible Exposure Limit (Limite de Exposição Admissível) PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes SESMET- Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho SOBES - Sociedade de Engenharia de Segurança SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 11 2. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 13 2.1.- OBJETIVO GERAL ................................................................................................... 13 2.2 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................... 13 3. JUSTIFICATIVA ................................................................................................................. 13 4. REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 15 4.1 CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS DA SEGURANÇA DO TRABALHO ............ 15 4.2 SEGURANÇA DO TRABALHO EM EMBARCAÇÕES MERCANTES ............... 18 4.3 MARINHA MERCANTE E O DEPARTAMENTO DE MÁQUINAS...................... 20 4.4 RISCOS AMBIENTAIS ............................................................................................... 22 4.5 ACIDENTES DE TRABALHO ................................................................................... 27 4.6 CONDIÇÕES INSEGURAS E ATOS INSEGUROS .............................................. 28 4.7 NORMA REGULAMENTADORA NR-6 ................................................................... 30 4.8 TIPOS DE EPI’S UTILIZADOS NA SEÇÃO DE MÁQUINAS .............................. 31 4.8.1 EPI’s PARA PROTEÇÃO DA CABEÇA ........................................................... 31 4.8.2 EPI’s PARA PROTEÇÃO DOS OLHOS E DA FACE .................................... 32 4.8.3 EPI’s PARA PROTEÇÃO AUDITIVA ................................................................ 33 4.8.4 EPI’s PARA PROTEÇÃO DOS MEMBROS SUPERIORES ........................ 34 4.8.5 EPI’s PARA PROTEÇÃO DOS MEBROS INFERIORES ............................. 34 4.8.6 EPI’s PARA PROTEÇÃO DO CORPO INTEIRO ........................................... 35 4.9 A RESISTÊNCIA AO USO DO EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL .............................................................................................................................................. 36 5. METODOLOGIA ................................................................................................................ 38 6. RESULTADOS ................................................................................................................... 39 7. CONCLUSÃO .................................................................................................................... 45 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 46 9.ANEXOS .............................................................................................................................. 50 11 1. INTRODUÇÃO Segurança do Trabalho pode ser definida como uma coletânea de normas, estratégias e metodologias que visam prevenir as possíveis causas de acidentes de trabalho e suas respectivas consequências buscando manter a integridade física e saúde dos colaboradores. Indubitavelmente, trata-se de uma ciência valorosa na sociedade, tendo em vista que todo trabalho é passível de provocar acidentes e os riscos são inerentes às atividades diversas do âmbito laboral. Direcionando o enfoco para a Segurança do Trabalho no segmento da marinha mercante percebe- se que as condições de trabalho e os tipos de serviços realizados possuem periculosidade e insalubridade como características intrínsecas, sobretudo na praça de máquinas dos navios onde as altas temperaturas, a complexidade dos equipamentos e motores, ruído intenso, vazamentos de fluídos, entre outros, potencializam os riscos de acidentes no setor. Acidentes estes, que podem ser minimizados se houver conscientização dos empregadores e empregados acerca das leis relativas ao universo trabalhista e Normas Regulamentadoras que definem direitos e deveres de ambos padronizando medidas capazes de preservar a saúde e proteção física dos trabalhadores. Todavia, estatísticas demonstram que parte expressiva dos acidentes ocorre pelo não cumprimento de algumas normas, principalmente da NR -06 que se refere ao Equipamento de Proteção Individual. De acordo com Chibinski (2011) esta norma faz parte da rotina do trabalhador sendo os equipamentos determinados a partir das inovações tecnológicas e avanços dos setores produtivos devendo assim, ser utilizado quando a fonte iminente do risco não pode ser anulada. Vale ressaltar que a não utilização do EPI caracteriza-se como Ato Inseguro que segundo a NBR 14280 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) é toda ação consciente ou inconsciente capaz de provocar algum dano ao trabalhador, aos colegas e equipamentos estando diretamente ligado à falha humana. São esses os atos responsáveis pela maioria dos acidentes de trabalho no contexto atual. De acordo com o Manual de Segurança no Trabalho a bordo dos Navios a não utilização ou o uso inadequado dos equipamentos de proteção individual está entre as principais causas dos acidentes de trabalho no mar, pois 12 geram condições inseguras que são aquelas que colocam em risco a integridade física e saúde do colaborador no ambiente de trabalho, como exemplo pode-se citar a falta de EPI adequado ao tipo de atividade exercida em local com elevado ruído e vibração, pisos escorregadios, altas temperaturas, etc. Diante do explanado, o presente estudo surge com o desígnio de entender qual a origem da resistência dos marítimos com relação a não utilização do EPI mesmo sabendo de suas exposições a riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e etc. Há relatos de bordo que, na maioria das vezes, este ato falho ocorre porque, embora possuam eficácia no âmbito de segurança eles geram desconforto ao ser utilizados em ambientes em que as condições de trabalho não favorecem ao uso como é o caso de alguns locais do compartimento de máquinas. Todavia, essa resistência pode ser sanada com aplicações de medidas específicas, visando adequar os EPIs ao tipo de ambiente e atividade exercida, a partir de observações, reclamações, sugestões dos funcionários, principais interessados e beneficiados na resolução desse impasse. Para tanto, se faz necessária uma investigação abarcando fatores como as legítimas condições de trabalho que a sala de máquinas oferece, principais atividades desenvolvidas, políticas de bordo para mitigar os índices de acidentes e, acima de tudo esmiuçar o que de fato, inviabiliza o uso do EPI. A partir dos resultados, promover uma reflexão que contemple as possíveis soluções para tornar o equipamento de proteção individual mais atrativo e adequado ao uso. Partindo-se desse pressuposto é notória a relevância da abordagem de uma pesquisa com ímpares atribuições em um setor tão pouco explorado pela comunidade científica. Tomando como base o empirismo aliado à teoria através de análise quantitativa e entrevistas para traçar o perfil do maquinista mercante, como também avaliação geral da praça de máquinas do navio, além de levantamento bibliográfico de teóricos conceituados da área de Segurança do Trabalho por meio de leituras, fichamentos e resumos. 13 2. OBJETIVOS 2.1.- OBJETIVO GERAL Analisar as condições e normas relacionadas a segurança do trabalho em um navio mercante fazendo uma abordagem sobre os motivos que impedem a utilização correta dos Equipamentos de Proteção Individual no setor de máquinas. 2.2 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS Realizar um levantando através de um questionário individual aplicado sobre a distribuição e uso do EPI na seção de máquinas de um navio mercante. Analisar o posicionamento das empresas de navegação/gerência de bordo quanto à saúde e segurança dos empregados. Apontar as causas que impossibilitam a utilização de forma correta do EPI pelos funcionários. Sugerir melhorias para o trabalho na seção de máquinas referente ao uso do EPI. 3. JUSTIFICATIVA O interesse pelo tema surgiu a partir das observações realizadas no ambiente de trabalho de que a maioria dos acidentes ocorridos nos navios mercantes tenha sua origem na falta de utilização do Equipamento de Proteção Individual e/ou no uso inadequado do mesmo, embora haja o fomento à conscientização dos colaboradores sobre segurança por meio dos procedimentos realizados pela administração de bordo através de reuniões, treinamentos, etc. A partir de então, houve um norteamento do assunto ao estudar autores renomados da área de Segurança do Trabalho e na realização de leituras de artigos científicos aliando conceitos com a prática. 14 Diante disso, pôde-se constatar que o projeto proposto possui extrema relevânciano contexto atual, pois a área mercante abrange um vasto número de profissionais maquinistas que podem ser contemplados com as melhorias e reflexões propostas por esse estudo, já que pretende identificar problemas relacionados à segurança do trabalho na praça de máquinas de uma embarcação. Promovendo assim, a análise dos fatos e questionamentos através das perspectivas acadêmicas atreladas à prática buscando provocar um repensar a respeito da forma como se dá a resistência ao uso dos EPIs, assim como as possíveis e imprescindíveis adaptações que devem ser realizadas para incentivar a forma correta de usá-los e, por conseguinte, reduzir os índices de acidentes. De acordo com o exposto é notório que se trata de um projeto oportuno, pois visa trazer contribuições significativas no contexto social e acadêmico, haja vista que é um tema pouco explorado no âmbito científico. 15 4. REFERENCIAL TEÓRICO 4.1 CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS DA SEGURANÇA DO TRABALHO A Segurança do Trabalho é uma ciência de extrema relevância na sociedade, pois desde os primórdios vem em constante evolução visando buscar formas eficazes de proteger o trabalhador em seu ambiente de trabalho com intuito de promover a diminuição de acidentes. Antes da Revolução Industrial os produtos eram feitos manualmente. As atividades eram realizadas por grupos de artesãos que possuíam o domínio e meios para realizar as atividades (TEIXEIRA, 2012). Com o advento da Revolução Industrial, grande parte das indústrias não apresentava condições mínimas de garantia à saúde do trabalhador, com um ambiente de trabalho precário, pouca iluminação, ventilação deficiente, lixo e sujeira em excesso, tendo como foco somente a produtividade (Rossete, 2015, pag. 3) Considerando a relação Homem e o Trabalho percebe-se que o risco esteve constantemente presente, mas com a invenção da máquina a vapor esses riscos aumentaram. A produção feita de forma artesanal deu lugar à produção em larga escala, com fábricas instaladas em locais improvisados, com péssimas condições de trabalho e exploração dos trabalhadores, tendo como consequência um grande número de acidentes de trabalho, doenças relacionadas e muitos trabalhadores mortos ou mutilados. (Ferreira; Peixoto, 2012, pag.15) Da mesma maneira MOREIRA et al. (2012) afirmam que durante a revolução industrial ocorreu um aumento notável do número de agravos relacionados ao trabalho decorrentes ao uso de máquinas, das longas jornadas de trabalho, das péssimas condições de salubridade nos ambientes fabris, causando danos à saúde do trabalhador provocando adoecimento e levando-os a morte. Ao se verificar a necessidade de mudança diante tais problemas, foi criada em 1802, na Inglaterra, a primeira lei de proteção ao trabalhador, denominada “Lei da Saúde e Moral de Aprendizes”, também conhecida como “Lei de Peel” estabelecendo uma jornada de trabalho de 12 horas diárias, proibindo o trabalho noturno e tornando obrigatório um ambiente de trabalho seguro (PEREIRA, 2001). 16 Com isso, se buscava regulamentar condições mínimas de higiene aos aprendizes. Nesse contexto, é importante a observação de Martins (2000): Lei de Peel, de 1802, na Inglaterra pretendeu dar amparo aos trabalhadores, disciplinando o trabalho dos aprendizes paroquianos nos moinhos e que eram entregues aos donos das fábricas. A jornada de trabalho foi limitada em doze horas, excluindo-se os intervalos para refeição. O trabalho não poderia se iniciar antes das seis horas e terminar após às 21 horas. Deveriam ser observadas normas relativas à educação e higiene. Em 1883 foi fixada a idade mínima para se trabalhar, sendo nove anos a idade determinada. A Lei das Fábricas também proibia o trabalho noturno para menores de 18 anos, exigindo exames médicos para todas as crianças trabalhadoras. Além disso, todos os menores de idade deveriam ter acesso à educação. Essa lei foi ampliada em 1864, exigindo processos de ventilação para reduzir danos à saúde. (Rodrigues apud CISZ, 2015; FERREIRA E PEIXOTO, 2012) Analisando os fatos históricos, percebe-se que as leis de proteção ao trabalhador surgiram inicialmente na Inglaterra em 1802, sendo adotadas posteriormente em 1862 na França, com a regulamentação da segurança e higiene do trabalho, em 1865 na Alemanha e em 1921 nos estados Unidos (CISZ, 2015). “No Brasil, o mesmo fenômeno ocorreu, embora de forma tardia em relação aos países da economia central” (CHAGAS, et al, 2011, p.23), pois segundo CISZ(2015) as atividades industriais ficaram restritas aos engenhos de açúcar e à atividades de mineração e somente em 1840 surgiram os primeiros estabelecimentos fabris no Brasil , ou seja, 84 anos após o surgimento da primeira máquina a vapor na Inglaterra. Pereira (2001) atribui o fato de que o Brasil só começou a se preocupar com a saúde do trabalhador após o surgimento de epidemias que matou dezenas de trabalhadores e consequentemente causando um grande prejuízo para a economia da época. Diante tal situação, houve a necessidade da criação de leis para proteção da saúde do trabalhador brasileiro. De acordo com Oliveira, citado por Silva e Mendonça (2012): Em 1919 surge a Lei 3.725, tratando da definição de acidente de trabalho, a declaração de acidentes e a ação judicial. Posteriormente, em 1934, foi promulgada a terceira constituição do Brasil que adotou medidas regulamentadoras quanto à proteção do trabalhador, do trabalho da mulher e do menor, da jornada de trabalho de oito horas diárias, da instituição do salário mínimo, do reconhecimento dos sindicatos e da centralização dos serviços médicos. 17 “Em 1943, o Decreto- lei n° 5.452, de 1 de maio, regulamentou o capítulo V do Título ll da consolidação das Leis de Trabalho (CLT), que trata da segurança e medicina do trabalho” ( REIS apud MARTINS et al. , 2013). Em 1970 foi criada a OSHA (Occupational Safety and Health Administration), estabelecendo os primeiros padrões conhecidos como PEL ( Permissible Exposure Limit), sendo, na época, o Brasil considerado o país com maior número de acidentes no mundo (Ferreira; Peixoto, 2012, p.24). No ano de 1978 é aprovada no Brasil através da portaria n°3.214 as Normas Regulamentadoras (NR), de observância obrigatória às empresas privadas, públicas e órgãos do governo que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (Ferreira; Peixoto, p.24). Em suma, nota-se que decorrer da história, muitas mortes, doenças e mutilações de empregados tiveram como causa o seu ruidoso ambiente de trabalho, que só revestiu de importância junto aos governantes quando, em virtude de seu elevado número, tomaram as dimensões de um problema social. A situação chegou ao caos de tal forma que os empregados começaram a exigir uma solução. Com o grande desenvolvimento industrial, uma série de medidas legais, assim como a criação de programas, passou a ser estabelecida a favor da segurança do trabalho, deixando as medidas de segurança e prevenção de acidentes do trabalho de ser voluntárias, para gradativamente tornarem-se obrigatórias (FUNDACENTRO, 1981). Com a obrigatoriedade se expande a relevância desta ciência que de acordo com GONÇALVES et al. (2015), por meio de observações, estratégias, metodologias e técnicas próprias, promove a identificação e análise a fim de estudar as possíveis causas e consequências dos acidentes de trabalho com o objetivo de adotar às intervenções cabíveis para a prevenção de infortúnios, manutenção da integridade física e da saúde dos trabalhadores. Outrossim, Pontes (apud ZOCCHIO, 2002, p. 35) define segurança do trabalho como uma forma abrangente de prevenção, ou seja, “É um conjunto de medidas e ações aplicadas para prevenir acidentes e doenças ocupacionais no transcorrer da rotina diária das empresas. Tais medidase ações são de caráter técnico, educacional, médico, psicológico e motivacional, além de medidas de cunho administrativo”. Por sua vez, de uma forma sucinta e objetiva, Pontes (apud GRANDA, 2004) afirma “[...] para a segurança do trabalho, o objetivo final é ter um sistema cuja 18 organização do trabalho não exponha o empregado a riscos desnecessários durante a realização de suas tarefas”. Partindo-se do pressuposto de que na contemporaneidade o trabalho humano é exercido sob circunstâncias de riscos mais intensas e agravantes se comparado a um passado longínquo, onde o trabalho era realizado apenas para suprir às necessidades básicas do ser humano, observa-se que à luz de teóricos como De Cicco e Fantazzini (1988), as empresas vem sofrendo, cada vez mais, pressões para que adotem medidas de prevenção de acidentes e doenças ocupacionais. Todavia, é válido afirmar que há uma atenção superficial oriunda dos gestores, haja visto que a grande maioria das empresas ainda enxerga a segurança do trabalho apenas como uma obrigação legal, focada para as questões do dia a dia das relações de trabalho, desvinculada das áreas do negócio da empresa, que não agrega valor e nem contribui para a geração de lucro e prevenção de perdas financeiras. Os setores prevencionistas são considerados apenas como mais um centro de custo e que, muitas vezes, atrapalham a produção devido a sua intervenção quando são verificados riscos nos locais de trabalho. 4.2 SEGURANÇA DO TRABALHO EM EMBARCAÇÕES MERCANTES No que se refere à segurança do trabalho em navios, observa-se que o cenário mercante possui os mesmos impasses sobreditos com algumas peculiaridades que intensificam ainda mais as dificuldades com relação às condições de trabalho. Dentre tais especificidades temos à falta de comunicação existente em algumas embarcações por ainda carregar os resquícios de militarismo como menciona Leite (apud SANTOS, 1999) afirmando que a hierarquia e a disciplina rígidas, entre os marítimos, na Marinha Mercante, são justificadas pelo comando como a alternativa para se impor o respeito e a permanência a bordo. O comando a bordo é a instituição personalizada do poder máximo. Assim, o espaço de questionamento e troca é, por vezes, inexistente. A fala da hierarquia é a verdade absoluta e inquestionável. O trabalhador é obrigado a se calar frente às situações impostas pela hierarquia, temendo por seu emprego. No entanto, a organização mercante tem buscado acompanhar às tendências mundiais no que tange à segurança no âmbito trabalhista objetivando se enquadrar 19 nas leis e normas que contribuam para propiciar um ambiente seguro para seus colaboradores, embora o setor possua o risco como sua característica inerente. Para tanto se faz necessária, uma política de bordo que ouça seus funcionários e adote as medidas a partir do seu olhar sobre os problemas aliando à teoria e técnicas de prevenção para que assim alcance um resultado significativo. Pois, segundo OLIVEIRA (1999), o princípio em que se fundamenta qualquer iniciativa gerencial é o conhecimento pleno daquilo que se gerencia. Porquanto somente se administra eficazmente o que se conhece, essa é a regra básica que orienta qualquer sistema de gestão. Tal princípio é de certa forma, observado em nosso meio, nas ações voltadas para o negócio. No campo da Segurança e Saúde no Trabalho (SST), nem sempre esse princípio é levado a termo e, quando o é, se faz de forma equivocada. Pois, de acordo com Leite (2006, p. 146): Nessas abordagens considera-se apenas o aspecto localizado do acidente, explicando-o como resultado de uma falha gerada e efetivada em que se deu a ocorrência. Assim, configura-se o evento como uma falha cuja responsabilidade recai sobre o faltoso, que via de regra é o trabalhador. É a conhecida “não-conformidade aos procedimentos.” Assim, trata-se de um referencial com um segmento disciplinar que fragmenta a análise dos acidentes e seus respectivos efeitos sobre a saúde do trabalhador através de um víeis estável e segmentado. O que por sua vez, causa distanciamento das reais condições de trabalho as quais os trabalhadores estão submetidos com seus potenciais riscos de acidentes. Porém, segundo as ideias de Porto e Freitas citados por LEITE (2006, p.143): “uma nova visão vem se consolidando no sentido de deixar de responsabilizar os trabalhadores por falhas individuais e focalizar para as falhas no gerenciamento de riscos, desde a concepção tecnológica até as estratégias de treinamento, manutenção e produção que as empresas adotam”. É válido enaltecer também que em navios mercantes tratando-se de gestão em segurança, além das legislações sobreditas que contemplam todo e qualquer trabalhador, existem as que são voltadas para o marítimo com padrão mundial a fim de viabilizar medidas protetivas no mar. A IMO (International Marine Organization) afirma: “O transporte marítimo é talvez o mais internacional de todas as grandes indústrias do mundo como também uma das mais perigosas, reconhecendo que a melhor maneira de melhorar a segurança no mar é através de 20 regulamentos internacionais que são seguidos por todos que atuam no setor marítimo. A IMO desenvolveu regulamentos como padrões para os marítimos, assim como convenções e códigos internacionais relacionados à busca e salvamento, à facilitação do tráfego marítimo internacional, linhas de carga, transporte de mercadorias perigosas e medição de tonelagem. Também adotou uma nova versão da Convenção Internacional para Segurança da Vida no Mar (SOLAS), sendo o mais importante de todos os tratados de segurança marítima. (OIT apud Freitas et al.) Diante do supracitado, é indubitável que a atividade laboral marítima se caracteriza por ambientes perigosos e insalubres e, que apesar de todos os métodos voltados para prevenir acidentes, evitá-los ainda é uma tarefa que requer muitos estudos e adaptações, além de um conhecimento criterioso do ambiente de trabalho direcionando o foco para as observações dos colaboradores, que vivem diariamente sob situações arriscadas, sendo os principais interessados na redução dos indicadores de acidentes. 4.3 MARINHA MERCANTE E O DEPARTAMENTO DE MÁQUINAS A marinha mercante é composta por civis que fazem parte da reserva naval, podendo ser convocados em caso de guerra. A relação com a Marinha de Guerra do Brasil é formativa, preparando os profissionais para o trabalho marítimo, oferecendo cursos de capacitação e atualização. De acordo com Carvalho (2010, p. 14): A Marinha Mercante brasileira é responsável pelas trocas comerciais através da via marítima. Trata-se do conjunto de navios e outras embarcações, portos e tripulações destinadas ao transporte marítimo de mercadorias e passageiros. É responsável pelo funcionamento do comércio exterior do país e ajuda a promover a competitividade das exportações. Para isso, conta com tripulações formadas por profissionais bem treinados e disciplinados. O navio, como qualquer outra empresa, segue uma hierarquia essencial para o desenvolvimento das atividades. Segundo o Jornal Pelicano (2016), a hierarquia na seção de máquinas é feita da seguinte forma: Moço de Máquinas (MOM) Marinheiro de Máquinas (MNM) Eletricista Condutor de Máquinas 2° Oficial de Máquinas (2OM) 21 1° Oficial de Máquinas (1OM) Oficial Superior de Máquinas (OSM) Do mesmo modo, o Jornal Canal 17 (2015) afirma que todo tripulante deve realizar sua função conforme sua atribuição, para não sobrecarregar outro setor dentro do navio. Com isso, é seguida uma hierarquia, que dentro da seção de máquinas, além dos oficias e suboficiais, tem os integrantes subalternos da tripulação, como o moço de máquinas e o marinheiro de máquinas. De acordo com Cintra (2016), são variadas as atividades realizadas na seção de máquinas, competindoaos profissionais dessa área à regulagem, condução e manutenção de máquinas propulsoras a bordo das embarcações. A seção de máquinas é o local onde ficam os motores e equipamentos que geram energia para o barco e mantém toda a parte operacional do navio. Além de sistemas diversos, como os que produzem água através de osmose reversa, os sistemas de tratamento dos dejetos humanos, thrusters que servem para propulsão e também posicionamento dinâmico da embarcação, bem como atividades variadas de manutenção e limpeza, muitas vezes realizadas em locais de difícil acesso, trabalhos em espaço confinado, trabalho em altura, movimentação de carga, entre outros. Sendo assim, em conformidade com as ideias de GONÇALVES et al. (2015), as altas temperaturas, a complexidade dos equipamentos e maquinaria em movimentos rápidos, o intenso ruído, os derrames e fugas de óleos, os gases, as águas quentes, o vapor na atmosfera, etc., são potenciais causas de acidentes que exigem cuidados quanto à prevenção. Segundo CARVALHO (2010, p. 33) “Há muitos documentos legais referentes a locais de trabalho com excesso de ruídos, com orientações e normas para que o trabalho seja realizado de forma a não afetar negativamente a saúde do trabalhador. Dentre esse arcabouço legal é importante citar a Convenção 119, que fala sobre Proteção nas Máquinas; a Convenção 148 sobre Ambiente de Trabalho, que aborda a poluição do ar, ruído e vibrações e, por fim, o Código de Práticas sobre proteção dos trabalhadores contra ruído e vibração no ambiente de trabalho, organizado pela OIT em 1984. Todos esses Códigos são importantes instrumentos de prevenção de acidentes e de sistematização do trabalho em locais com ruídos, como é o caso da Praça de Máquinas dos navios.” 22 Nesse sentindo, é perceptível que a realização das atividades numa praça de máquinas só pode ser conduzida por profissionais competentes, sob a supervisão de oficiais, sendo obrigatório o uso do Equipamento de Proteção Individual, tendo em vista que esse local possui riscos diversos de cunho ambiental, físicos, ergonômicos químicos e outros. Riscos estes, que podem causar danos à saúde, segurança e bem-estar dos colaboradores e que são intrínsecos do próprio trabalho. Conforme afirmam Ansell e Wharton (apud ALBERTON, 1996), “o risco é uma característica inevitável da existência humana. Nem o homem, nem as organizações e a sociedade aos quais pertencem podem sobreviver por um longo período sem a existência de tarefas perigosas”. Tendo em vista essa situação, a segurança do trabalho surge com um conjunto de medidas que são adotadas visando minimizar os acidentes de trabalho protegendo a integridade e a capacidade de trabalho do profissional. 4.4 RISCOS AMBIENTAIS De acordo com a NR-9, do Ministério do Trabalho, consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho, capaz de causar danos a saúde do trabalhador. Esta norma estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). Outro fator importante dessa NR é que uma vez ao ano ou sempre que necessário deverá ocorrer uma análise global para avaliação do seu desenvolvimento e realização dos ajustes necessários e estabelecimento de novas metas e prioridades. Ainda, segundo a NR-09 (PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS), para os agentes físicos são consideradas as diversas formas de energia em que os trabalhadores possam estar expostos, tais como ruído, vibração, pressões anormais, temperatura extrema, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, bem como o infrassom e o ultrassom. Os agentes químicos são considerados aqueles que possam penetrar no organismo por via respiratória nas formas de poeira, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que pela natureza da atividade em exposição possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo 23 através da pele ou por ingestão. As de cunho biológico são consideradas as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros. Peixoto (2011) cita que para alguns autores existem ainda os agentes ergonômicos e mecânicos, apesar de não estarem contemplados na NR-9, pois estes também causam danos à saúde do trabalhador. Outrossim , Campos (2004) afirma que os riscos relacionados ao ambiente estão divididos em cinco grupos, sendo eles os agentes físico, químico, biológico, ergonômico e de acidentes. Os riscos de acidentes estão relacionados ao arranjo físico inadequado, máquinas e equipamentos sem proteção, ferramentas inadequadas ou defeituosas, iluminação inadequada, armazenamento inadequado, etc. (apud Rossete, 2015, p.54). Diante os riscos ambientais, faz-se necessário a elaboração de um mapa permitindo identificar locais perigosos, localizando os pontos ainda vulneráveis e ajudando a desenvolver atitudes mais cautelosas por parte daqueles que estão expostos a riscos. A COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES (CIPA) tem como função identificar os riscos do processo do trabalho, com a participação do maior número de trabalhadores e com assessoria do SERVIÇO ESPECIALIZADO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E EM MEDICINA DO TRABALHO (SESMET), onde houver, para a elaboração do mapa de riscos. Esse mapeamento é feito anualmente, permitindo aos trabalhadores identificar e registrar graficamente os locais de risco da empresa. Ao empregador o mapa pode facilitar na elaboração de soluções práticas de melhorias do ambiente de trabalho (FERREIRA E PEIXOTO, 2012). Conforme a Portaria nº 05, de 17 de agosto de 1992, do Ministério do Trabalho e Emprego, a elaboração do Mapa de Riscos é obrigatória para empresas com grau de risco e número de empregados que exijam a constituição de uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. No Mapa de Riscos, convencionou-se atribuir uma cor para cada tipo de risco, os círculos de cores e tamanhos diferentes mostram os locais e os fatores que podem gerar situações de perigo em função da presença de agentes físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes (FERREIRA E PEIXOTO, 2012). É possível verificar na figura 1 que quanto maior for o risco, maior será o diâmetro da circunferência, sendo identificados por cores pré-definidas. A cor verde indica os riscos físicos, tais como ruídos, vibrações, radiações ionizantes, frio, calor, 24 pressões anormais e umidade; o vermelho está relacionado aos riscos químicos, como poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases, vapores e substâncias compostas ou produtos químicos que podem prejudicar a vida do trabalhador; a cor marrom está relacionada a riscos biológicos, tais como vírus, bactérias, protozoários, fungos, parasitas e bacilos; o amarelo são os riscos ergonômicos como esforço físico intenso, levantamento e transporte manual de peso, postura inadequada, jornadas de trabalho prolongadas, monotonia e repetitividade, entre outras situações causadoras de estresse físico ou psicológico; a cor azul diz respeito aos riscos de acidentes causados por arranjo físico inadequado, máquinas e equipamentos sem proteção, iluminação inadequada, armazenamento inadequado, probabilidade de incêndio e explosão, etc. (Santos, 2013). Figura 1: Representação da gravidade e da cor correspondente a cada risco ambiental Fonte: CTISM Se no ambiente de trabalho existir diversos tipos de riscos, é necessário dividir o risco conforme a quantidade em partes iguais de acordo, colocando em cada parte sua respectiva cor, este procedimento é chamado de critério de incidência, conforme a figura a seguir. 25 Figura 2: Diversos tipos de riscos no mesmo ponto Fonte: Santos (2013) Segundo Santos (2013) se o risco afetar a seção inteira, como ruído, por exemplo, é possível representar isso no mapa com setas nas bordas sinalizandoque se espalha por toda área, conforme a figura 3: Figura 3: Risco afetando a seção inteira Fonte: Santos (2013) De acordo Peixoto (2011) com à medida que forem sendo corrigidas as irregularidades, os círculos indicativos de problemas devem ser retirados do mapa. Se o problema foi apenas atenuado, retira o círculo e troca por um menor representando um risco de menor intensidade e se novos riscos forem encontrados deve-se acrescentar ao mapa os círculos correspondentes. 26 O mapa de riscos também pode ser encontrado na seção de máquinas, evidenciando os riscos aos quais os tripulantes estão expostos, as recomendações e medidas de controle, como mostra a figura 4. Figura 4: Mapa de riscos da seção de máquinas Fonte: Próprio autor Como mostrado na figura acima, a seção de máquinas apresenta vários tipos de riscos ambientais, de cunho físico, químico, ergonômico e de acidente. O risco físico e de acidente se tornam preponderantes devido aos geradores e equipamentos sempre em funcionamento, devendo sempre ser realizadas manutenções indicadas pelo fabricante, com a finalidade de manter a sua operacionalidade. Os riscos de acidentes são grandes estando relacionados a máquinas e equipamentos sem proteção, ferramentas inadequadas ou defeituosas, iluminação inadequada, armazenamento inadequado. Com isso, de acordo com o Manual de Segurança a Bordo dos Navios, todo tripulante deve zelar pela sua 27 própria segurança, bem como pela dos outros trabalhadores e terceiros devido aos riscos que o trabalho em um navio oferece. 4.5 ACIDENTES DE TRABALHO Em consonância com o conceito prevencionista do acidente de trabalho, citados por Ferreira e Peixoto (2012, p.29): Acidente de trabalho é qualquer ocorrência não programada, inesperada ou não, que interfere ou interrompe a realização de uma determinada atividade, trazendo como conseqüência isolada ou simultânea a perda de tempo, danos materiais ou lesões. A Lei 8.213/91 define acidente de trabalho Acidente do Trabalho é o que ocorre no exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII 42 do artigo 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou perda ou ainda a redução permanente ou temporal da capacidade para o trabalho. Ainda é possível encontrar outras definições para o termo acidente de trabalho, segundo Chiavenato (2015, p.154): As definições de acidente de trabalho são variadas. Um grupo de consultores da Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu acidente de trabalho como “um fato não premeditado do qual resulta dano considerável”. O National Safety Council define-o como “uma ocorrência em série de fatos que, em geral e sem intenção, produz lesão corporal, morte ou dano matéria”. O Manual de Segurança a Bordo dos Navios também define acidente de trabalho como qualquer acidente que ocorra no ambiente de trabalho e produza direta ou indiretamente lesão corporal, perturbação funcional ou doença em que resulte na redução da capacidade de trabalho ou morte. Para ser caracterizado como acidente de trabalho é preciso acontecer no local e no tempo de trabalho. De acordo com Rossete (2015), os acidentes de trabalho podem ser classificados como acidentes típicos, aqueles que acontecem nas atividades normais de trabalho; doenças ocupacionais, causadas devido a exposição contínua a um agente agressor, como um produto químico ou até mesmo uma posição de trabalho inadequada; acidentes de trajeto, que são os acidentes que acontecem no percurso entre a casa e o trabalho do empregado. 28 Segundo Testa (2015) os acidentes de trabalho podem causar desde um simples afastamento até outros danos maiores a saúde do trabalhador, como perda da capacidade para o trabalho ou até mesmo a morte. Diante do supracitado, os acidentes de trabalho devem ser evitados, devido aos prejuízos causados tanto ao trabalhador quanto ao país inteiro. Esses prejuízos afetam ao trabalhador causando sofrimentos físicos e mentais, incapacidade para o trabalho, morte, desamparo familiar, etc. O empregador também será prejudicado com gastos relacionados ao transporte do acidentado, produção parada, gastos com primeiros socorros, etc. Ao país acarretará trabalhador ativo sem produção, necessidade de aumento de impostos, aumento do custo de vida e desigualdade social (TESTA ,2015, P.31). Da mesma maneira, Ferreira e Peixoto (2012) afirmam que os acidentes de trabalho geram grandes custos ao governo, que concede aposentadorias e auxílios para vitimas de acidentes de trabalho, além de pensões para os dependentes em caso de fatalidade. É importante ressaltar que a maior parte dos acidentes de trabalho podem ser evitados, pois segundo Chiavenato (2015) as causas que provocam acidentes podem ser identificadas e removidas para não ser contínua ou recorrente. Para Silva, Machado e Burkoth (2014) o grande desafio da segurança, higiene e saúde no trabalho é estabelecer medidas de controle nos quais os trabalhadores não se exponham a riscos que irão provocar acidentes ou doenças ocupacionais. Ainda, de acordo com Testa (2015, p.30) “os acidentes de trabalho acontecem em razão de causas básicas e gerenciais, além de condições imediatas”. 4.6 CONDIÇÕES INSEGURAS E ATOS INSEGUROS De acordo com Chiavenato (2015, pag.160): Condição insegura é a condição física ou mecânica existente no local, na máquina, no equipamento ou na instalação (que poderia ter sido protegida ou corrigida) e que leva à ocorrência de acidente, assim como piso escorregadio, oleoso, molhado, com saliência ou buraco, máquina desprovida de proteção ou com polias e partes móveis desprotegidas, instalação elétrico com fios descascados, motores sem fio-terra, iluminação deficiente ou inadequada. 29 Seguindo essa mesma linha de raciocínio, Rossete (2015) afirma que condições inseguras são as principais causas de acidentes de trabalho. Como exemplo, pode-se citar algumas condições relacionadas ao ambiente de trabalho, como andaimes defeituosos, iluminação e ventilação inadequadas, fiação desgastada, etc. Para evitar acidentes é preciso eliminar ou minimizar essas condições de risco. É possível verificar nas normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego quais são as condições mínimas para que os acidentes sejam evitados. Pode-se dizer então que a condição insegura está diretamente relacionada ao ambiente de trabalho, podendo gerar acidente. Com relação ao ambiente de trabalho em navios mercantes percebe-se que essas condições são agravadas devido as condições de mar, derramamento de óleos nos pisos, etc. O Manual de Segurança a Bordo dos Navios cita as principais causas de acidentes de trabalho no mar, sendo os principais identificados como a própria insegurança do local de trabalho, pisos escorregadios, má iluminação no trabalho noturno, condições meteorológicas, elevado ruído e vibração, etc. O conceito de condições inseguras difere de atos inseguros, pois enquanto as condições inseguras estão relacionadas as falhas ambientais, o ato inseguro está relacionado com alguma violação do procedimento aceito como seguro, sendo o homem o principal responsável por suas ações. Pode-se citar como exemplos, fumar em local proibido, realizar a lubrificação de máquinas em movimento, distrair-se ou conversar durante o serviço, não usar o equipamento de proteção individual, etc. (Chiavenato, 2015) . Essa mesma definição é exposta por Ferreira e Peixoto (2012), afirmando que o ato inseguro está relacionado a fatores ou ações pessoais, sendo dependente exclusivamente do ser humano. Podem-se citar como fatores pessoais as características de personalidade, como desmotivação, problemas pessoais, excesso de confiança, etc. Como ações, o uso de equipamentos sem permissãoou habilitação, o não cumprimento as normas de segurança, etc. Todas essas ações são contrárias as normas de segurança e colocam em risco a saúde dos trabalhadores. Para Peixoto (2010) o ato inseguro provoca danos ao trabalhador, aos companheiros, as maquinas e equipamentos. As improvisações, agir sem permissão 30 e não usar o equipamento de proteção individual são alguns exemplos de atos inseguros. Para Martins (2006), o trabalho embarcado impõe aos trabalhadores tensões adicionais pelo fato de estarem isolados e afastados por um longo período de suas famílias e da vida social urbana, causando ansiedade, solidão e muitas vezes dificuldades de se concentrar no trabalho. São esses uns dos fatores que levam ao ato inseguro, que podem acarretar atitudes nos funcionários implicando em alguma forma de insegurança. Como visto anteriormente, o ato inseguro se caracteriza de diversas formas, inclusive em usar o equipamento de proteção individual incorretamente. Porém, para Henrique (2014), as atitudes inseguras refletem diretamente a falha humana na execução de um trabalho, seja por negligência ou imperícia, podendo ser evitados se as pessoas se esforçarem para isso. 4.7 NORMA REGULAMENTADORA NR-6 No que concerne às medidas protetivas de cunho trabalhista surgem as NRs, a fim de resguardar a saúde e a integridade física do trabalhador, sendo a Norma Regulamentadora 06, de extrema relevância, pois trata especificamente dos equipamentos de proteção individual, estabelecendo e definindo os tipos de EPI’s que a empresa é obrigada a fornecer a seus funcionários sempre que as condições de trabalho exigirem. (Art. 166 e 167 da CLT). De acordo com o Art. 166 da Consolidação das Leis do Trabalho: A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos empregados (Lei nº 6.514, de 22.12.1977) É possível verificar também no Art. 167 mencionando sobre o equipamento de proteção individual onde trata sobre a sua comercialização: “O equipamento de proteção só poderá ser posto à venda ou utilizado com a indicação do Certificado de Aprovação do Ministério do Trabalho” (Lei nº 6.514, de 22.12.1977) Pode-se observar também na NR 30 aludindo sobre a segurança e saúde no trabalho aquaviário, o dever de todo trabalhador utilizar corretamente os dispositivos 31 e equipamentos de segurança e estar familiarizado com as instalações, sistemas de segurança e compartimentos a bordo. É importante ressaltar que o uso do Equipamento de Proteção Individual encontra-se previsto nas Leis de Consolidação do Trabalho, regulamentado pela Norma Regulamentadora NR6 do Ministério de Saúde e Emprego. Em conformidade com a NR-6 da Portaria 3217/78 do Ministério do Trabalho, equipamento de proteção individual é todo dispositivo ou produto, de uso individual, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. Alves (2013, p.9) afirma que: O uso do EPI é uma exigência da legislação trabalhista brasileira por meio de suas Normas Regulamentadoras. Para o EPI, a Norma Regulamentadora é a NR 6,contida na portaria 3.214/78 do Ministério do Trabalho. O não cumprimento da NR poderá acarretar aos infratores ações de responsabilidade cível e penal, além de multas. De acordo com a PETROBRAS TRANSPORTES S.A(2004 pag. 1/47). A utilização dos equipamentos de proteção individual tem por objetivo a preservação da integridade física do tripulante. Todo tripulante deve se preocupar não só com a sua própria segurança pessoal, mas deve também fiscalizar a utilização dos EPIs pelos demais tripulantes e pessoas. Os EPI’s são projetados para evitar ou atenuar lesões e prevenir doenças, como a perda da capacidade auditiva, por exemplo, quando utilizados corretamente. Segundo Santos (2013, p.24) A importância da proteção individual e coletiva esta diretamente ligada à preservação da saúde, a integridade física do trabalhador e o aumento de produtividade e lucros, para a empresa, através da minimização dos acidentes e doenças do trabalho e suas consequências. 4.8 TIPOS DE EPI’S UTILIZADOS NA SEÇÃO DE MÁQUINAS Os equipamentos de proteção individual ultilizadas na praça de máquinas encontram-se dispostos na NR-06, descritos no ANEXO I, havendo uma grande variedade de equipamentos destinados a proteção de todo o corpo. 4.8.1 EPI’s PARA PROTEÇÃO DA CABEÇA De acordo com a NR-06, que trata do Equipamento de Proteção Individual, é utilizado para a proteção da cabeça o capacete e o capuz ou balaclava. No 32 departamento de máquinas o capacete é utilizado para a proteção contra impactos de objetos sobre o crânio, como mostra a Figura 5. Figura 5: EPI’s para proteção da cabeça Fonte: Kaseg (2017) Ramos (2009) cita que o capacete é utilizado para a proteção contra agentes meteorológicos e trabalho em local confinado, além dos itens citados anteriormente. 4.8.2 EPI’s PARA PROTEÇÃO DOS OLHOS E DA FACE Em conformidade com a NR-06, para a proteção dos olhos e da face são utilizados óculos e protetor facial (Figura 6). Segundo Ramos (2009) os óculos são utilizados principalmente para evitar perfurações nos olhos através de corpos estranhos. Existem outros tipos de óculos que protegem contra a luminosidade intensa, contra radiações ultravioletas e radiações infravermelhas. 33 Figura 6: EPI's para proteção dos olhos Fonte: University of Vermont (2017) 4.8.3 EPI’s PARA PROTEÇÃO AUDITIVA O protetor auditivo tem como finalidade proteger o sistema auditivo contra níveis de pressão sonora elevada, superiores ao nível de ação para ruído – 80 dB, conforme determinado na NR-09 (PPRA). Ainda, Segundo a NR-06 o protetor auditivo divide-se em: protetor auditivo circum-auricular; de inserção e semi-auricular para proteção do sistema auditivo contra os níveis de pressão sonora superior ao estabelecido na NR-15. De acordo com Gonçalves et al (2014) existe uma grande variedade de protetores auriculares encontrados no mercado, como mostra a figura 7, no entanto deve haver a utilização adequada desse EPI por parte dos trabalhadores para a preservação auditiva. Figura 7: EPI's para proteção auditiva Fonte: PPE Industrial Supplies LTD (2017) 34 Segundo o Manual de Segurança a Bordo dos Navios (p.125), de âmbito técnico marítimo, é recomendado protetores adequados as circunstâncias, sendo os protetores externos mais eficientes. 4.8.4 EPI’s PARA PROTEÇÃO DOS MEMBROS SUPERIORES Para a proteção dos membros superiores, de acordo com a NR-06, são usadas luvas para as mãos contra agentes abrasivos e escoriantes; para proteção contra agentes cortantes e perfurantes; proteção das mãos contra choque elétrico; proteção contra os agentes térmicos, biológicos e químicos; também para proteção das mãos contra vibrações; contra a umidade proveniente de operações com uso de água e contra radiações ionizantes. Nesse item também faz parte o creme protetor de segurança contra agentes químicos. Em conformidade com o Manual de Segurança no Trabalho a Bordo dos Navios, as luvas oferecem proteção contra os riscos existentes no ambiente de trabalho e devem ser apropriados a cada tipo de tarefa. Na seção de máquinas as luvas de proteção são utilizadas principalmente para proteger as mãos contra os agentes mecânicos (abrasivos e escoriantes) causadores de acidente (Figura 8). Figura 8: Proteção para as mãos Fonte: Sinops Limited(2017) 4.8.5 EPI’s PARA PROTEÇÃO DOS MEBROS INFERIORES 35 Na seção de máquinas o calçado de segurança tem por finalidade proteger os pés contra impactos de quedas de objetos, batidas contra estruturas, agentescortantes, escoriantes e perfurantes (Figura 9). A NR-06 menciona, além do calçado de segurança, meias para proteção dos pés contra baixas temperaturas; perneira e calça contra agentes abrasivos e escoriantes; contra agentes térmicos; respingos de produtos químicos; e proteção da perna contra umidade proveniente de operações com uso de água. Em consonância com o Manual de Segurança a Bordo dos Navios, todos os marítimos devem usar o calçado apropriado. Estes devem ter solas firmes, ser antiderrapantes e possuir biqueiras reforçadas. Figura 9: EPI's para proteção dos membros inferiores Fonte: Cityu Edu (2017) 4.8.6 EPI’s PARA PROTEÇÃO DO CORPO INTEIRO Para proteção do corpo inteiro, em conformidade com a NR-06, é usado o macacão para proteção do tronco e dos membros superiores e inferiores contra os agentes térmicos; respingos de produtos químicos; contra umidade proveniente de operações com uso de água e proveniente de precipitação pluviométrica (Figura 10). 36 Figura 10: EPI para proteção do corpo inteiro Fonte: Sudelbras uniformes Profissionais(2017) De acordo com o Manual de Segurança a Bordo dos Navios (2013, p. 125) é importante salientar que o equipamento de proteção individual deve ser aprovado pelo órgão competente. A NR-06 afirma que o EPI só poderá ser posto a venda ou utilizado com a indicação do CA (Certificado de Aprovação), expedido pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho do Ministério de Trabalho e Emprego. 4.9 A RESISTÊNCIA AO USO DO EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL Os acidentes de trabalho não ocorrem por falta de legislação, mas devido ao não cumprimento das normas de segurança que visam à integridade física do trabalhador no desempenho de suas atividades, como também no controle das perdas. Somam-se ao descumprimento das normas a falta de fiscalização e a pouca conscientização do empresariado (VENDRAME, 2001). Conforme a Sociedade Brasileira de Engenharia de Segurança - SOBES “tem-se observado em diversos locais de trabalho a existência de uma certa criatividade por parte do trabalhador adaptando complementos a seus EPI’s, conforme as necessidades intuídas pelos usuários. Esses complementos improvisados nada mais refletem do que a inadaptabilidade do EPI ao usuário, 37 denunciando carência de envolvimento gerencial na política da proteção eficaz do trabalhador”. É sabido que qualquer alteração ou uso do EPI de forma inadequada pode acarretar em punição ao funcionário. Assim sendo, é necessário entender os motivos que levam os trabalhadores à resistência ao uso do equipamento de proteção individual com intuito de atender às suas verdadeiras necessidades. Diante do supracitado, faz-se necessária a adoção de políticas que tornem atrativo o uso do equipamento de proteção individual, não sendo visto como uma obrigação, mas como parte fundamental para execução de trabalho em que os riscos sejam iminentes. Para MONTENEGRO e SANTANA (2012), “o trabalhador será mais receptível ao EPI que seja mais confortável e de seu agrado, no entanto, a resistência do profissional em utilizá-lo e o uso incorreto são as principais barreiras para prevenir a exposição aos agentes maléficos à saúde”. Em contrapartida, de forma sucinta FRAGA et.al. (2014) afirmam que “a resistência por parte dos trabalhadores ao uso do EPI é geralmente devido à idade avançada, apatia ou excesso de autoconfiança”. Com a mesma linha de raciocínio, enfatiza Lamcobe apud HASSE (2008, p.58) “em geral, os funcionários, quando não bem instruídos e treinados no uso do EPI, afirmam que os riscos aos quais se expõe são pequenos, alegando que já estão acostumados com o trabalho e sabem como evitar o perigo ressaltando que o equipamento de proteção individual é um incômodo e limitam os movimentos”. Em ambientes laborais com periculosidade e insalubridade o empregador deve cuidar de seus funcionários contra os riscos associados à atividade, sem impor regras ou até mesmo coagí-los ao uso do EPI. É imprescindível a existência de cobrança, mas de forma branda, conscientizando-os da importância e fazendo-os voltar às suas residências da mesma forma que chegaram ao trabalho. TAVARES (2011) afirmou que devido a esse tipo de resistência é necessária uma abordagem estratégica, evidenciando a importância do uso e as consequências caso o EPI não seja utilizado de maneira adequada. A imposição ao uso é ineficaz, é necessário abordá-los mostrando os riscos a que eles estão expostos, como as doenças ocupacionais, os acidentes que podem surgir e a intervenção na qualidade de vida, sendo assim, provavelmente os funcionários passarão a entender e assim utilizar o EPI de forma correta e contínua. Com relação à área mercante, onde os trabalhadores estão sujeitos a uma série de riscos e por estarem longe da costa torna-se difícil o desembarque de um 38 tripulante em caso de acidente. Pensando nisso, as empresas desse segmento adotam políticas específicas de prevenção de acidentes com o objetivo de conscientizar o funcionário quanto aos riscos de sua rotina de trabalho, além de treinamentos, DDS (Diálogo Diário de Segurança) e até mesmo bonificações para a embarcação que não vier a ter nenhum tipo de acidente. Diante do exposto, nota-se que houve uma redução do número de acidentes a bordo no decorrer da história devido à conscientização de empregados e empregadores. Salienta-se também fatores como mão-de-obra qualificada e a quebra de paradigmas quanto à visão equivocada de que acidentes só podem acontecer com pessoas inexperientes, bem como de que a culpa é sempre uma falha do trabalhador. Portanto, é relevante afirmar que o uso contínuo do Equipamento de Proteção é uma ação imprescindível para atingir índices menores, assim, o elo entre pesquisadores, gestores, técnicos, engenheiros e trabalhadores deve ser fomentado com intuito de promover um ambiente seguro e agradável para o desenvolvimento das atividades laborativas. Já que algumas inovações são essenciais para que o cenário, de fato mude como os quesitos de confortabilidade e adequação correta do EPI ao tipo de exposição, investigação coerente dos acidentes, etc. Pois um acidente não é oriundo do acaso, tampouco do azar e sim, decorrente de uma ou várias causas que podem atuar simultaneamente, dessa forma, se suas origens forem devidamente investigadas, dificilmente o acidente se repetirá. 5. METODOLOGIA Para a elaboração desse projeto faz-se necessária a adoção de uma metodologia baseada fundamentalmente em levantamento bibliográfico e questionário individual aplicado. Num primeiro momento é indispensável a realização de uma pesquisa exploratória, onde serão reunidas literaturas acerca do tema proposto. Nesta etapa ocorre o levantamento das luzes teóricas que irão fundamentar o projeto durante todo o processo de concepção do que será abordado. Posteriormente, será efetuada a pesquisa quantitativa, em que serão efetuadas entrevistas com intuito de melhor entender o ambiente mercante, o 39 compartimento de máquinas, as condições de trabalho oferecidas aos funcionários, principalmente no quesito segurança, dando ênfase ao uso do Equipamento de Proteção Individual, além de analisar o posicionamento das empresas de navegação/gerência de bordo quanto à saúde e segurança dos trabalhadores, apontando as causas que impossibilitam o uso do EPI pelos tripulantes de forma correta, ocasionando a sua retirada em algum momento. De acordo com as ideias de Fonseca (2002), o método quantitativo considera que a realidade só pode ser compreendida com base na análise de dados brutos, centrando-se na objetividade e recorrendo à linguagem matemática para descrever as causas de um fenômeno. Portanto, as opiniões dos colaboradores serão de relevante importância para o desenvolvimentodo projeto, através da quantificação de opiniões, poderá se mensurar os resultados em números e por fim analisar os dados obtidos. A partir do levantamento de todos os dados, incluindo informações extraídas no ambiente de trabalho sugerido, como também pesquisas bibliográficas considerando histórico e atualidades e demais pesquisas sobre o tema, se iniciará a elaboração do projeto. Após a finalização das etapas decorrentes de todo o processo, o mesmo será apresentado à banca examinadora para a posterior avaliação. 6. RESULTADOS De acordo com os dados coletados na pesquisa, através de um questionário aplicado a 38 marítimos da seção de máquinas de diversas empresas de navegação localizadas nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, obteve-se um diagnostico do comportamento das companhias de navegação e dos trabalhadores em relação ao uso de equipamentos de proteção individual. 40 Figura 11: Grau de escolaridade Fonte: Próprio autor (2017) Em concordância com os dados recolhidos no questionário, o nível de escolaridade dos marítimos que fizeram parte da pesquisa e que possuem o nível fundamental é de apenas 2,7%, representando a menor parcela da amostra, 28,9% dos marítimos possuem ensino médio e 68,4% possuem ensino superior completo, muitos advindos da Escola de Oficiais da Marinha Mercante (Ciaga/Ciaba), localizados nas cidades do Rio de Janeiro e Belém do Pará, respectivamente. Considerando o trabalho marítimo como uma indústria, o resultado obtido demonstra que o nível de escolaridade entre os funcionários é relativamente bom comparado a outras atividades do segmento industrial. Por exemplo, CISZ (2015) aponta em sua pesquisa que a indústria da construção civil é a que mais absorve mão-de-obra sem a qualificação adequada, ainda, segundo o autor, quanto maior a escolaridade, maior é o nível de consciência sobre o uso dos EPI’s. O nível de escolaridade baixa é um fator de preocupação, já que a falta de conhecimento básico é um dos fatores preponderantes da ineficácia na execução das tarefas, como no uso do EPI, significando dificuldades para identificar riscos e até mesmo as sinalizações (REZENDE; THOMAS; DUARTE (2005). 41 Figura 12: Função exercida a bordo Fonte: Próprio autor (2017) O questionário foi aplicado a 2 Moços de Máquinas, 11 Marinheiros de Máquinas, 8 Condutores de Máquinas, 12 2 °Oficiais de Máquinas, 2 1° Oficiais de Máquinas e 3 Chefes de Máquinas. Cabe salientar a formação do profissional marítimo é de responsabilidade do Ministério da Marinha, que oferta os cursos para a formação dos oficiais e também da guarnição (Carvalho, 2010). Figura 13: É fornecido pelo empregador os EPI's? Fonte: Próprio autor (2017) Com relação ao fornecimento do equipamento de proteção individual, verificou-se que as empresas de navegação vêm seguindo a risca no que concerne a distribuição de EPI’s, seguindo as exigências e a tendência mundial, sendo fornecidos os diversos tipos de EPI’s para o trabalho na seção de máquinas, conforme mostra a figura abaixo. A empresa é obrigada a fornecer a todos os 42 funcionários o EPI necessário de acordo com cada função, conforme especificado pela CLT e NR-6. Figura 14: Quais dos EPI's são fornecidos pelo empregador? Fonte: Próprio autor A gerência de bordo mostrou-se eficiente no que se refere à troca dos EPI’s quando os mesmos não se encontram em boas condições de uso. A troca de EPI pode ser realizada imediatamente pelo funcionário quando for detectado algum dano, seguindo a NR-6. Conforme mostra a figura abaixo, 94,7% dos marítimos que responderam ao questionário afirmaram que existe troca do equipamento de proteção individual quando os mesmos não se encontram em boas condições de uso, enquanto apenas dois funcionários afirmaram que não existe a troca quando há necessidade. Figura 15:Existe troca de EPI's quando os mesmos não se encontram em boas condições de uso? Fonte: Próprio autor 43 As luvas de proteção são trocadas constantemente devido ao contado direto com óleo diesel e óleo lubrificante da praça de máquinas. Em um navio mercante, compete ao comandante controlar os vários serviços de bordo, garantindo as condições de segurança. Segundo Amaral (2010), o comandante do navio é responsável pela segurança, no entanto ele delega essa função ao Imediato do navio, segundo na escala de comando, que tem como função planejar, coordenar e supervisionar os assuntos relativos à segurança em geral e as doenças profissionais, bem como as ações de respostas a situações de emergência. Ainda, de acordo com o Manual de Segurança da Petrobrás (p.1/47), compete ao comandante garantir que todos os tripulantes recebam treinamento adequado sobre a correta utilização dos EPI’s,incluindo informações sobre os perigos a saúde no local de trabalho. No departamento de máquinas o Chefe de Máquinas também é responsável pela segurança e uso do EPI, pois ele tem o contato direto com os maquinistas, enquanto o Comandante e Imediato geralmente ficam no passadiço do navio, controlando a manobra e a navegação. Figura 16: Você tem consciência da importância do uso de EPI's Fonte: Próprio autor A pesquisa também mostrou que todos os entrevistados têm consciência da importância do uso de EPI’s, evidenciando as boas práticas e meios de conscientização a bordo através de reuniões de segurança, destinados a despertar nos marítimos a conscientização envolvendo suas atividades diárias, em respeito a sua segurança, meio ambiente e saúde. 44 Figura 17: Você usa o EPI em todas as manutenções realizadas na praça de máquinas? Fonte: Próprio autor De acordo com a pesquisa, 73,7% dos marítimos que responderam ao questionário afirmaram que usam o equipamento de proteção individual, enquanto 26,3% responderam que não fazem o uso em sua totalidade, sendo justificado de diversas formas pelos entrevistados. Os motivos apontados geralmente se referem a algumas atividades realizadas a bordo, muitas vezes em lugares de difícil acesso, ocasionando desconforto e tornando-os incompatível com alguns trabalhos de manutenção. Outro fator importante citado por alguns marítimos foi a dificuldade de manusear alguns equipamentos ou fazer manutenções usando a luva de proteção, pois acaba afetando o tato. Outras razões que levam a retirado do EPI, citados pelos trabalhadores, em algum momento durante o decorrer das atividades são devidos aos compartimentos possuírem um espaço físico limitado; o capacete de segurança com aba prejudica a visibilidade; os óculos de segurança ficam embaçando devido as altas temperaturas na praça de máquinas; o desconforto e o incômodo. No entanto, é necessário sempre manter os diálogos de segurança a bordo com a finalidade de explicar a importância do uso de EPI’s, sempre mostrando aos funcionários os riscos aos quais estão expostos. Para Fujita et al (2007), para o sucesso da aplicação do EPI é necessário considerar o aspecto psicológico, não apenas fornecendo o equipamento de proteção individual, mas passando aos funcionários a consciência da sua real utilidade e informando ao trabalhador as condições e agressividades do ambiente no qual ele está inserido. O presente trabalho apresenta semelhança com outros estudos publicados anteriormente, embora em outros segmentos industriais, pois trata das causas da 45 resistência ao uso de equipamento individual, compreendendo os motivos aos quais levam os trabalhadores a não utilizar o EPI de forma correta, sendo a principal causa o desconforto que causam, ocasionando a sua retirada em algum momento. Com estas respostas, verificou-se que não existe falta de informações sobre a importância do uso do equipamento de proteção individual, pois todos os marítimos que responderam ao questionário afirmaramque tinham consciência da importância dos EPI’s e que as empresas de navegação estão atendendo aos requisitos de segurança, no que se refere à distribuição de EPI’s, treinamentos a bordo, reuniões de segurança, etc. No entanto, é preciso ter um investimento maior dos empregadores para sempre manter o nível de segurança elevado, através treinamentos, bonificações e participação dos marítimos na escolha do EPI. 7. CONCLUSÃO O desenvolvimento do presente trabalho teve como propósito analisar como se apresenta a resistência ao uso do equipamento de proteção individual na seção de máquinas de um navio mercante identificando através do uso de técnicas quantitativas de coleta as percepções dos marítimos em relação ao uso do equipamento de proteção individual (EPI) durante a execução dos diversos serviços de manutenção. Os estudos indicaram a necessidade de uma interação maior dos empregadores com o pessoal de bordo, para que as expectativas dos marítimos com relação ao EPI sejam atendidas atentando para a confortabilidade. Sabe-se que o departamento de máquinas é um ambiente peculiar e deve existir uma comunicação entre ambas as partes para que os problemas sejam solucionados. O simples fornecimento do equipamento de proteção individual não impede que os acidentes aconteçam, por isso sempre devem existir treinamentos a bordo sobre o EPI, além de programas para conscientização dos funcionários. A qualidade dos EPI’s vem melhorando devido a obrigatoriedade do CA, no entanto, é necessário envolver a tripulação na escolha do epi, fornecendo amostras de modelos para os funcionários para posteriormente realizar a compra do mais apropriado para o trabalho na seção de máquinas. Além disso, é recomendado haver um programa de bonificação para os funcionários que seguirem as normas de segurança, pois de acordo com Assalin e Aranha (2016) os benefícios podem constituir em um 46 diferencial a mais pelo empregado, que devido ao seu esforço, passa a vislumbrar um ganho maior, aumentando a sua renda. Esses esforços podem ser levados para área de segurança, pois não cabe ao empregador só o ato de punir, mas também de ocasionar um estímulo maior para o cumprimento das atividades de forma segura. Através do programa de benefícios poderão ser traçadas metas, no prazo de 6 a 12 meses ou no melhor prazo estipulado pela empresa para os funcionários que não sofrerem acidente e que usaram o EPI em todo o tempo durante a jornada de trabalho, recompensando-os se alcançarem os objetivos traçados. Os atos inseguros podem ser solucionados através de treinamentos e bonificações, no entanto, é necessário se atentar para as condições inseguras oferecidas pelo ambiente, que poderão ser sanadas através da eliminação das falhas, defeitos e irregularidades técnicas. Diante disso, recomenda-se um monitoramento diário do ambiente de trabalho, através de rondas e inspeções efetuadas por todos os maquinistas com a finalidade de identificar e eliminar condições que possam provocar acidente. 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHIBINSKI, Murilo. Introdução à Segurança do Trabalho. Curitiba: e-Tec Brasil, 2011. CHAGAS, Ana Maria de Resende, SALIM, Celso Amorim, SERVO, Luciana Mendes Santos. 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