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TCC_Bruno Rangel_Eng Produção

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
 
 
BRUNO RANGEL DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SEGURANÇA DO TRABALHO EM NAVIOS MERCANTES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NITERÓI 
2017 
 
 
 
BRUNO RANGEL DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
SEGURANÇA DO TRABALHO EM NAVIOS MERCANTES 
 
 
 
 
 
 
 
Projeto Final apresentado ao curso de 
Engenharia de Produção da Universidade 
Estácio de Sá como parte dos requisitos 
necessários para obtenção do título de 
Engenheiro de Produção 
 
Orientadora: Prof. D.Sc. Vera Lúcia da 
Cunha Lapa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NITERÓI 
2017 
 
 
 
SEGURANÇA DO TRABALHO EM NAVIOS MERCANTES 
 
 
 
 
 
 
Autor: Bruno Rangel 
 
Orientadora: Prof. D.Sc. Vera Lapa 
 
 
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO 
 
 
 
Bruno Rangel dos Santos 
SEGURANÇA DO TRABALHO EM NAVIOS MERCANTES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Estácio de Sá, como 
requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Engenharia de Produção. 
 
 
Aprovado em ____________________________ 
 
 
 
 
Banca Examinadora 
 
 
 
Prof. D.Sc. Vera Lúcia da Cunha Lapa 
Universidade Estácio de Sá 
 
 
 
Prof. D.Sc. Jesus Domech More 
Universidade Estácio de Sá 
 
 
 
Prof. M.Sc. Rodrigo Cardoso 
Universidade Estácio de Sá 
 
 
 
 
 
 NITERÓI 
2017 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a Deus, meu bem 
maior, ao meu companheiro Jean e minha 
amiga Fabiana por todo incentivo e apoio 
ao meu crescimento profissional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“O passado serve para evidenciar as nossas 
falhas e dar-nos indicações para o progresso 
do futuro”. 
 (Henry Ford) 
 
 
 
RESUMO 
 
 
 
 
Os equipamentos de proteção individual (EPI’s) têm por finalidade proteger o 
trabalhador de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho, no 
entanto, seu uso é por vezes negligenciado pelos profissionais da área marítima, 
apesar de existir uma variedade de riscos intrínsecos nos navios mercantes. O 
estudo buscou analisar o ambiente de trabalho no qual estão inseridos os 
maquinistas, além de identificar quais as causas que impedem a utilização do EPI de 
forma correta. Para o desenvolvimento desse estudo foi aplicado um questionário a 
38 tripulantes da seção de máquinas, com a finalidade de entender aspectos 
relacionados ao empregador/ gerência de bordo e a tripulação no que concerne a 
distribuição e uso do equipamento de proteção individual. Verificou- se que, apesar 
do empenho das companhias de navegação, há necessidade de um envolvimento 
maior no que se refere à segurança, devido a peculiaridade do ambiente em que 
esses profissionais estão inseridos. 
 
 
Palavras chave: Uso de EPI’s, seção de máquinas, navios mercantes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
Personal protective equipment (PPE) is intended to protect workers from risks that 
may threaten safety and health at work, but their use is sometimes neglected by 
professionals in the maritime area, although there are a variety of intrinsic risks on 
merchant ships. The study sought to analyze the working environment in which the 
drivers are inserted, in addition to identifying the causes that prevent the use of PPE 
in the correct way. For the development of this study, a questionnaire was applied to 
38 crew members in order to understand aspects related to the employer / board 
management and the crew regarding the distribution and use of personal protective 
equipment. It was verified that, despite the commitment of the shipping companies, 
there is a need for a greater involvement in the security, due to the peculiarity of the 
environment in which these professionals are inserted. 
 
 
 
Key words:Use of PPE, machinery section, merchant ships.
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
Figura 1. Representação da gravidade e da cor correspondente ao risco 
ambiental....................................................................................................................24 
Figura 2. Diversos tipos de riscos no mesmo ponto...................................................25 
Figura 3. Risco afetando a seção inteira....................................................................25 
Figura 4. Mapa de riscos da seção de máquinas.......................................................26 
Figura 5. EPI’s para proteção da cabeça...................................................................32 
Figura 6. EPI’s para proteção dos olhos....................................................................33 
Figura 7. EPI’s para proteção auditiva.......................................................................33 
Figura 8. EPI’s para as mãos.....................................................................................34 
Figura 9. EPI’s para proteção dos membros inferiores..............................................35 
Figura 10. EPI’s para proteção do corpo inteiro.........................................................36 
Figura 11. Grau de escolaridade................................................................................40 
Figura 12. Função exercida a bordo...........................................................................41 
Figura 13. É fornecido pelo empregador os EPI’s? ...................................................41 
Figura 14.Quais EPI’s são fornecidos pelo empregador? .........................................42 
Figura 15. Existe troca de EPI’s quando os mesmos não se encontram em boas 
condições de uso? .....................................................................................................42 
Figura 15. Você tem consciência da importância do uso de EPI’s? .........................43 
Figura 16. Você usa o EPI em todas as manutenções realizadas na praça de 
máquinas?..................................................................................................................44 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
 
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. 
CLT- Consolidação das Leis do Trabalho. 
EPI - Equipamento de Proteção Individual. 
IMO - International Marine Organization (Organização Internacional Marítima). 
NR - Norma Regulamentadora. 
OIT - Organização Internacional do Trabalho. 
SST - Segurança e Saúde no Trabalho. 
SOLAS - Safety of Life at Sea (Segurança da vida no mar). 
DDS - Diálogo Diário de Segurança. 
OHSAS - Occupational Health and Safety Assessment Series 
PEL - Permissible Exposure Limit (Limite de Exposição Admissível) 
PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais 
CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes 
SESMET- Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do 
Trabalho 
SOBES - Sociedade de Engenharia de Segurança 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 11 
2. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 13 
2.1.- OBJETIVO GERAL ................................................................................................... 13 
2.2 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................... 13 
3. JUSTIFICATIVA ................................................................................................................. 13 
4. REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 15 
4.1 CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS DA SEGURANÇA DO TRABALHO ............ 15 
4.2 SEGURANÇA DO TRABALHO EM EMBARCAÇÕES MERCANTES ............... 18 
4.3 MARINHA MERCANTE E O DEPARTAMENTO DE MÁQUINAS...................... 20 
4.4 RISCOS AMBIENTAIS ............................................................................................... 22 
4.5 ACIDENTES DE TRABALHO ................................................................................... 27 
4.6 CONDIÇÕES INSEGURAS E ATOS INSEGUROS .............................................. 28 
4.7 NORMA REGULAMENTADORA NR-6 ................................................................... 30 
4.8 TIPOS DE EPI’S UTILIZADOS NA SEÇÃO DE MÁQUINAS .............................. 31 
4.8.1 EPI’s PARA PROTEÇÃO DA CABEÇA ........................................................... 31 
4.8.2 EPI’s PARA PROTEÇÃO DOS OLHOS E DA FACE .................................... 32 
4.8.3 EPI’s PARA PROTEÇÃO AUDITIVA ................................................................ 33 
4.8.4 EPI’s PARA PROTEÇÃO DOS MEMBROS SUPERIORES ........................ 34 
4.8.5 EPI’s PARA PROTEÇÃO DOS MEBROS INFERIORES ............................. 34 
4.8.6 EPI’s PARA PROTEÇÃO DO CORPO INTEIRO ........................................... 35 
4.9 A RESISTÊNCIA AO USO DO EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
 .............................................................................................................................................. 36 
5. METODOLOGIA ................................................................................................................ 38 
6. RESULTADOS ................................................................................................................... 39 
7. CONCLUSÃO .................................................................................................................... 45 
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 46 
9.ANEXOS .............................................................................................................................. 50 
 
11 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 
Segurança do Trabalho pode ser definida como uma coletânea de normas, 
estratégias e metodologias que visam prevenir as possíveis causas de acidentes de 
trabalho e suas respectivas consequências buscando manter a integridade física e 
saúde dos colaboradores. Indubitavelmente, trata-se de uma ciência valorosa na 
sociedade, tendo em vista que todo trabalho é passível de provocar acidentes e os 
riscos são inerentes às atividades diversas do âmbito laboral. Direcionando o 
enfoco para a Segurança do Trabalho no segmento da marinha mercante percebe-
se que as condições de trabalho e os tipos de serviços realizados possuem 
periculosidade e insalubridade como características intrínsecas, sobretudo na praça 
de máquinas dos navios onde as altas temperaturas, a complexidade dos 
equipamentos e motores, ruído intenso, vazamentos de fluídos, entre outros, 
potencializam os riscos de acidentes no setor. 
 Acidentes estes, que podem ser minimizados se houver conscientização dos 
empregadores e empregados acerca das leis relativas ao universo trabalhista e 
Normas Regulamentadoras que definem direitos e deveres de ambos padronizando 
medidas capazes de preservar a saúde e proteção física dos trabalhadores. 
Todavia, estatísticas demonstram que parte expressiva dos acidentes ocorre pelo 
não cumprimento de algumas normas, principalmente da NR -06 que se refere ao 
Equipamento de Proteção Individual. De acordo com Chibinski (2011) esta norma 
faz parte da rotina do trabalhador sendo os equipamentos determinados a partir das 
inovações tecnológicas e avanços dos setores produtivos devendo assim, ser 
utilizado quando a fonte iminente do risco não pode ser anulada. 
 Vale ressaltar que a não utilização do EPI caracteriza-se como Ato Inseguro 
que segundo a NBR 14280 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) é 
toda ação consciente ou inconsciente capaz de provocar algum dano ao 
trabalhador, aos colegas e equipamentos estando diretamente ligado à falha 
humana. São esses os atos responsáveis pela maioria dos acidentes de trabalho no 
contexto atual. De acordo com o Manual de Segurança no Trabalho a bordo dos 
Navios a não utilização ou o uso inadequado dos equipamentos de proteção 
individual está entre as principais causas dos acidentes de trabalho no mar, pois 
12 
 
geram condições inseguras que são aquelas que colocam em risco a integridade 
física e saúde do colaborador no ambiente de trabalho, como exemplo pode-se citar 
a falta de EPI adequado ao tipo de atividade exercida em local com elevado ruído e 
vibração, pisos escorregadios, altas temperaturas, etc. 
 Diante do explanado, o presente estudo surge com o desígnio de entender 
qual a origem da resistência dos marítimos com relação a não utilização do EPI 
mesmo sabendo de suas exposições a riscos físicos, químicos, biológicos, 
ergonômicos e etc. Há relatos de bordo que, na maioria das vezes, este ato falho 
ocorre porque, embora possuam eficácia no âmbito de segurança eles geram 
desconforto ao ser utilizados em ambientes em que as condições de trabalho não 
favorecem ao uso como é o caso de alguns locais do compartimento de máquinas. 
Todavia, essa resistência pode ser sanada com aplicações de medidas 
específicas, visando adequar os EPIs ao tipo de ambiente e atividade exercida, a 
partir de observações, reclamações, sugestões dos funcionários, principais 
interessados e beneficiados na resolução desse impasse. Para tanto, se faz 
necessária uma investigação abarcando fatores como as legítimas condições de 
trabalho que a sala de máquinas oferece, principais atividades desenvolvidas, 
políticas de bordo para mitigar os índices de acidentes e, acima de tudo esmiuçar o 
que de fato, inviabiliza o uso do EPI. A partir dos resultados, promover uma reflexão 
que contemple as possíveis soluções para tornar o equipamento de proteção 
individual mais atrativo e adequado ao uso. 
Partindo-se desse pressuposto é notória a relevância da abordagem de uma 
pesquisa com ímpares atribuições em um setor tão pouco explorado pela 
comunidade científica. Tomando como base o empirismo aliado à teoria através de 
análise quantitativa e entrevistas para traçar o perfil do maquinista mercante, como 
também avaliação geral da praça de máquinas do navio, além de levantamento 
bibliográfico de teóricos conceituados da área de Segurança do Trabalho por meio 
de leituras, fichamentos e resumos. 
 
 
 
 
 
13 
 
2. OBJETIVOS 
 
2.1.- OBJETIVO GERAL 
 
Analisar as condições e normas relacionadas a segurança do trabalho em um navio 
mercante fazendo uma abordagem sobre os motivos que impedem a utilização correta 
dos Equipamentos de Proteção Individual no setor de máquinas. 
 
 
2.2 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 Realizar um levantando através de um questionário individual aplicado sobre 
a distribuição e uso do EPI na seção de máquinas de um navio mercante. 
 Analisar o posicionamento das empresas de navegação/gerência de bordo 
quanto à saúde e segurança dos empregados. 
 Apontar as causas que impossibilitam a utilização de forma correta do EPI 
pelos funcionários. 
 Sugerir melhorias para o trabalho na seção de máquinas referente ao uso do 
EPI. 
 
 
 
3. JUSTIFICATIVA 
 
 O interesse pelo tema surgiu a partir das observações realizadas no 
ambiente de trabalho de que a maioria dos acidentes ocorridos nos navios 
mercantes tenha sua origem na falta de utilização do Equipamento de Proteção 
Individual e/ou no uso inadequado do mesmo, embora haja o fomento à 
conscientização dos colaboradores sobre segurança por meio dos procedimentos 
realizados pela administração de bordo através de reuniões, treinamentos, etc. A 
partir de então, houve um norteamento do assunto ao estudar autores renomados da 
área de Segurança do Trabalho e na realização de leituras de artigos científicos 
aliando conceitos com a prática. 
14 
 
 Diante disso, pôde-se constatar que o projeto proposto possui extrema 
relevânciano contexto atual, pois a área mercante abrange um vasto número de 
profissionais maquinistas que podem ser contemplados com as melhorias e 
reflexões propostas por esse estudo, já que pretende identificar problemas 
relacionados à segurança do trabalho na praça de máquinas de uma embarcação. 
 Promovendo assim, a análise dos fatos e questionamentos através das 
perspectivas acadêmicas atreladas à prática buscando provocar um repensar a 
respeito da forma como se dá a resistência ao uso dos EPIs, assim como as 
possíveis e imprescindíveis adaptações que devem ser realizadas para incentivar a 
forma correta de usá-los e, por conseguinte, reduzir os índices de acidentes. 
 De acordo com o exposto é notório que se trata de um projeto oportuno, pois 
visa trazer contribuições significativas no contexto social e acadêmico, haja vista que 
é um tema pouco explorado no âmbito científico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
4. REFERENCIAL TEÓRICO 
 
 
4.1 CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS DA SEGURANÇA DO TRABALHO 
 
A Segurança do Trabalho é uma ciência de extrema relevância na sociedade, 
pois desde os primórdios vem em constante evolução visando buscar formas 
eficazes de proteger o trabalhador em seu ambiente de trabalho com intuito de 
promover a diminuição de acidentes. 
Antes da Revolução Industrial os produtos eram feitos manualmente. As 
atividades eram realizadas por grupos de artesãos que possuíam o domínio e meios 
para realizar as atividades (TEIXEIRA, 2012). 
Com o advento da Revolução Industrial, grande parte das indústrias não 
apresentava condições mínimas de garantia à saúde do trabalhador, com um 
ambiente de trabalho precário, pouca iluminação, ventilação deficiente, lixo e sujeira 
em excesso, tendo como foco somente a produtividade (Rossete, 2015, pag. 3) 
Considerando a relação Homem e o Trabalho percebe-se que o risco esteve 
constantemente presente, mas com a invenção da máquina a vapor esses riscos 
aumentaram. A produção feita de forma artesanal deu lugar à produção em larga 
escala, com fábricas instaladas em locais improvisados, com péssimas condições de 
trabalho e exploração dos trabalhadores, tendo como consequência um grande 
número de acidentes de trabalho, doenças relacionadas e muitos trabalhadores 
mortos ou mutilados. (Ferreira; Peixoto, 2012, pag.15) 
Da mesma maneira MOREIRA et al. (2012) afirmam que durante a revolução 
industrial ocorreu um aumento notável do número de agravos relacionados ao 
trabalho decorrentes ao uso de máquinas, das longas jornadas de trabalho, das 
péssimas condições de salubridade nos ambientes fabris, causando danos à saúde 
do trabalhador provocando adoecimento e levando-os a morte. 
Ao se verificar a necessidade de mudança diante tais problemas, foi criada 
em 1802, na Inglaterra, a primeira lei de proteção ao trabalhador, denominada “Lei 
da Saúde e Moral de Aprendizes”, também conhecida como “Lei de Peel” 
estabelecendo uma jornada de trabalho de 12 horas diárias, proibindo o trabalho 
noturno e tornando obrigatório um ambiente de trabalho seguro (PEREIRA, 2001). 
16 
 
Com isso, se buscava regulamentar condições mínimas de higiene aos 
aprendizes. Nesse contexto, é importante a observação de Martins (2000): 
Lei de Peel, de 1802, na Inglaterra pretendeu dar amparo aos 
trabalhadores, disciplinando o trabalho dos aprendizes paroquianos nos 
moinhos e que eram entregues aos donos das fábricas. A jornada de 
trabalho foi limitada em doze horas, excluindo-se os intervalos para refeição. 
O trabalho não poderia se iniciar antes das seis horas e terminar após às 21 
horas. Deveriam ser observadas normas relativas à educação e higiene. 
 
Em 1883 foi fixada a idade mínima para se trabalhar, sendo nove anos a 
idade determinada. A Lei das Fábricas também proibia o trabalho noturno para 
menores de 18 anos, exigindo exames médicos para todas as crianças 
trabalhadoras. Além disso, todos os menores de idade deveriam ter acesso à 
educação. Essa lei foi ampliada em 1864, exigindo processos de ventilação para 
reduzir danos à saúde. (Rodrigues apud CISZ, 2015; FERREIRA E PEIXOTO, 2012) 
Analisando os fatos históricos, percebe-se que as leis de proteção ao 
trabalhador surgiram inicialmente na Inglaterra em 1802, sendo adotadas 
posteriormente em 1862 na França, com a regulamentação da segurança e higiene 
do trabalho, em 1865 na Alemanha e em 1921 nos estados Unidos (CISZ, 2015). 
“No Brasil, o mesmo fenômeno ocorreu, embora de forma tardia em relação 
aos países da economia central” (CHAGAS, et al, 2011, p.23), pois segundo 
CISZ(2015) as atividades industriais ficaram restritas aos engenhos de açúcar e à 
atividades de mineração e somente em 1840 surgiram os primeiros 
estabelecimentos fabris no Brasil , ou seja, 84 anos após o surgimento da primeira 
máquina a vapor na Inglaterra. 
Pereira (2001) atribui o fato de que o Brasil só começou a se preocupar com a 
saúde do trabalhador após o surgimento de epidemias que matou dezenas de 
trabalhadores e consequentemente causando um grande prejuízo para a economia 
da época. 
Diante tal situação, houve a necessidade da criação de leis para proteção da 
saúde do trabalhador brasileiro. De acordo com Oliveira, citado por Silva e 
Mendonça (2012): 
Em 1919 surge a Lei 3.725, tratando da definição de acidente de 
trabalho, a declaração de acidentes e a ação judicial. Posteriormente, em 
1934, foi promulgada a terceira constituição do Brasil que adotou medidas 
regulamentadoras quanto à proteção do trabalhador, do trabalho da mulher 
e do menor, da jornada de trabalho de oito horas diárias, da instituição do 
salário mínimo, do reconhecimento dos sindicatos e da centralização dos 
serviços médicos. 
 
17 
 
 “Em 1943, o Decreto- lei n° 5.452, de 1 de maio, regulamentou o capítulo V do 
Título ll da consolidação das Leis de Trabalho (CLT), que trata da segurança e 
medicina do trabalho” ( REIS apud MARTINS et al. , 2013). 
 Em 1970 foi criada a OSHA (Occupational Safety and Health Administration), 
estabelecendo os primeiros padrões conhecidos como PEL ( Permissible Exposure 
Limit), sendo, na época, o Brasil considerado o país com maior número de acidentes 
no mundo (Ferreira; Peixoto, 2012, p.24). 
 No ano de 1978 é aprovada no Brasil através da portaria n°3.214 as Normas 
Regulamentadoras (NR), de observância obrigatória às empresas privadas, públicas 
e órgãos do governo que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis 
do Trabalho (Ferreira; Peixoto, p.24). 
Em suma, nota-se que decorrer da história, muitas mortes, doenças e 
mutilações de empregados tiveram como causa o seu ruidoso ambiente de trabalho, 
que só revestiu de importância junto aos governantes quando, em virtude de seu 
elevado número, tomaram as dimensões de um problema social. A situação chegou 
ao caos de tal forma que os empregados começaram a exigir uma solução. Com o 
grande desenvolvimento industrial, uma série de medidas legais, assim como a 
criação de programas, passou a ser estabelecida a favor da segurança do trabalho, 
deixando as medidas de segurança e prevenção de acidentes do trabalho de ser 
voluntárias, para gradativamente tornarem-se obrigatórias (FUNDACENTRO, 1981). 
Com a obrigatoriedade se expande a relevância desta ciência que de acordo 
com GONÇALVES et al. (2015), por meio de observações, estratégias, metodologias 
e técnicas próprias, promove a identificação e análise a fim de estudar as possíveis 
causas e consequências dos acidentes de trabalho com o objetivo de adotar às 
intervenções cabíveis para a prevenção de infortúnios, manutenção da integridade 
física e da saúde dos trabalhadores. 
Outrossim, Pontes (apud ZOCCHIO, 2002, p. 35) define segurança do 
trabalho como uma forma abrangente de prevenção, ou seja, “É um conjunto de 
medidas e ações aplicadas para prevenir acidentes e doenças ocupacionais no 
transcorrer da rotina diária das empresas. Tais medidase ações são de caráter 
técnico, educacional, médico, psicológico e motivacional, além de medidas de cunho 
administrativo”. 
Por sua vez, de uma forma sucinta e objetiva, Pontes (apud GRANDA, 2004) 
afirma “[...] para a segurança do trabalho, o objetivo final é ter um sistema cuja 
18 
 
organização do trabalho não exponha o empregado a riscos desnecessários durante 
a realização de suas tarefas”. 
Partindo-se do pressuposto de que na contemporaneidade o trabalho humano 
é exercido sob circunstâncias de riscos mais intensas e agravantes se comparado a 
um passado longínquo, onde o trabalho era realizado apenas para suprir às 
necessidades básicas do ser humano, observa-se que à luz de teóricos como De 
Cicco e Fantazzini (1988), as empresas vem sofrendo, cada vez mais, pressões para 
que adotem medidas de prevenção de acidentes e doenças ocupacionais. Todavia, 
é válido afirmar que há uma atenção superficial oriunda dos gestores, haja visto que 
a grande maioria das empresas ainda enxerga a segurança do trabalho apenas 
como uma obrigação legal, focada para as questões do dia a dia das relações de 
trabalho, desvinculada das áreas do negócio da empresa, que não agrega valor e 
nem contribui para a geração de lucro e prevenção de perdas financeiras. Os 
setores prevencionistas são considerados apenas como mais um centro de custo e 
que, muitas vezes, atrapalham a produção devido a sua intervenção quando são 
verificados riscos nos locais de trabalho. 
 
4.2 SEGURANÇA DO TRABALHO EM EMBARCAÇÕES MERCANTES 
 
No que se refere à segurança do trabalho em navios, observa-se que o 
cenário mercante possui os mesmos impasses sobreditos com algumas 
peculiaridades que intensificam ainda mais as dificuldades com relação às 
condições de trabalho. Dentre tais especificidades temos à falta de comunicação 
existente em algumas embarcações por ainda carregar os resquícios de militarismo 
como menciona Leite (apud SANTOS, 1999) afirmando que a hierarquia e a 
disciplina rígidas, entre os marítimos, na Marinha Mercante, são justificadas pelo 
comando como a alternativa para se impor o respeito e a permanência a bordo. O 
comando a bordo é a instituição personalizada do poder máximo. Assim, o espaço 
de questionamento e troca é, por vezes, inexistente. A fala da hierarquia é a verdade 
absoluta e inquestionável. O trabalhador é obrigado a se calar frente às situações 
impostas pela hierarquia, temendo por seu emprego. 
No entanto, a organização mercante tem buscado acompanhar às tendências 
mundiais no que tange à segurança no âmbito trabalhista objetivando se enquadrar 
19 
 
nas leis e normas que contribuam para propiciar um ambiente seguro para seus 
colaboradores, embora o setor possua o risco como sua característica inerente. Para 
tanto se faz necessária, uma política de bordo que ouça seus funcionários e adote 
as medidas a partir do seu olhar sobre os problemas aliando à teoria e técnicas de 
prevenção para que assim alcance um resultado significativo. 
Pois, segundo OLIVEIRA (1999), o princípio em que se fundamenta qualquer 
iniciativa gerencial é o conhecimento pleno daquilo que se gerencia. Porquanto 
somente se administra eficazmente o que se conhece, essa é a regra básica que 
orienta qualquer sistema de gestão. Tal princípio é de certa forma, observado em 
nosso meio, nas ações voltadas para o negócio. No campo da Segurança e Saúde 
no Trabalho (SST), nem sempre esse princípio é levado a termo e, quando o é, se 
faz de forma equivocada. 
Pois, de acordo com Leite (2006, p. 146): 
Nessas abordagens considera-se apenas o aspecto localizado do acidente, 
explicando-o como resultado de uma falha gerada e efetivada em que se 
deu a ocorrência. Assim, configura-se o evento como uma falha cuja 
responsabilidade recai sobre o faltoso, que via de regra é o trabalhador. É a 
conhecida “não-conformidade aos procedimentos.” 
 
Assim, trata-se de um referencial com um segmento disciplinar que fragmenta 
a análise dos acidentes e seus respectivos efeitos sobre a saúde do trabalhador 
através de um víeis estável e segmentado. O que por sua vez, causa distanciamento 
das reais condições de trabalho as quais os trabalhadores estão submetidos com 
seus potenciais riscos de acidentes. Porém, segundo as ideias de Porto e Freitas 
citados por LEITE (2006, p.143): 
“uma nova visão vem se consolidando no sentido de deixar de 
responsabilizar os trabalhadores por falhas individuais e focalizar para as 
falhas no gerenciamento de riscos, desde a concepção tecnológica até as 
estratégias de treinamento, manutenção e produção que as empresas 
adotam”. 
 
É válido enaltecer também que em navios mercantes tratando-se de gestão 
em segurança, além das legislações sobreditas que contemplam todo e qualquer 
trabalhador, existem as que são voltadas para o marítimo com padrão mundial a fim 
de viabilizar medidas protetivas no mar. A IMO (International Marine Organization) 
afirma: 
 “O transporte marítimo é talvez o mais internacional de todas as grandes 
indústrias do mundo como também uma das mais perigosas, reconhecendo 
que a melhor maneira de melhorar a segurança no mar é através de 
20 
 
regulamentos internacionais que são seguidos por todos que atuam no setor 
marítimo. A IMO desenvolveu regulamentos como padrões para os 
marítimos, assim como convenções e códigos internacionais relacionados à 
busca e salvamento, à facilitação do tráfego marítimo internacional, linhas 
de carga, transporte de mercadorias perigosas e medição de tonelagem. 
Também adotou uma nova versão da Convenção Internacional para 
Segurança da Vida no Mar (SOLAS), sendo o mais importante de todos os 
tratados de segurança marítima. (OIT apud Freitas et al.) 
 
Diante do supracitado, é indubitável que a atividade laboral marítima se 
caracteriza por ambientes perigosos e insalubres e, que apesar de todos os métodos 
voltados para prevenir acidentes, evitá-los ainda é uma tarefa que requer muitos 
estudos e adaptações, além de um conhecimento criterioso do ambiente de trabalho 
direcionando o foco para as observações dos colaboradores, que vivem diariamente 
sob situações arriscadas, sendo os principais interessados na redução dos 
indicadores de acidentes. 
 
4.3 MARINHA MERCANTE E O DEPARTAMENTO DE MÁQUINAS 
 
 A marinha mercante é composta por civis que fazem parte da reserva naval, 
podendo ser convocados em caso de guerra. A relação com a Marinha de Guerra do 
Brasil é formativa, preparando os profissionais para o trabalho marítimo, oferecendo 
cursos de capacitação e atualização. 
 De acordo com Carvalho (2010, p. 14): 
A Marinha Mercante brasileira é responsável pelas trocas comerciais 
através da via marítima. Trata-se do conjunto de navios e outras 
embarcações, portos e tripulações destinadas ao transporte marítimo de 
mercadorias e passageiros. É responsável pelo funcionamento do comércio 
exterior do país e ajuda a promover a competitividade das exportações. 
Para isso, conta com tripulações formadas por profissionais bem treinados e 
disciplinados. 
 
O navio, como qualquer outra empresa, segue uma hierarquia essencial para 
o desenvolvimento das atividades. Segundo o Jornal Pelicano (2016), a hierarquia 
na seção de máquinas é feita da seguinte forma: 
 Moço de Máquinas (MOM) 
 Marinheiro de Máquinas (MNM) 
 Eletricista 
 Condutor de Máquinas 
 2° Oficial de Máquinas (2OM) 
21 
 
 1° Oficial de Máquinas (1OM) 
 Oficial Superior de Máquinas (OSM) 
Do mesmo modo, o Jornal Canal 17 (2015) afirma que todo tripulante deve 
realizar sua função conforme sua atribuição, para não sobrecarregar outro 
setor dentro do navio. Com isso, é seguida uma hierarquia, que dentro da 
seção de máquinas, além dos oficias e suboficiais, tem os integrantes 
subalternos da tripulação, como o moço de máquinas e o marinheiro de 
máquinas. 
De acordo com Cintra (2016), são variadas as atividades realizadas na 
seção de máquinas, competindoaos profissionais dessa área à regulagem, 
condução e manutenção de máquinas propulsoras a bordo das embarcações. 
A seção de máquinas é o local onde ficam os motores e equipamentos que 
geram energia para o barco e mantém toda a parte operacional do navio. 
Além de sistemas diversos, como os que produzem água através de osmose 
reversa, os sistemas de tratamento dos dejetos humanos, thrusters que 
servem para propulsão e também posicionamento dinâmico da embarcação, 
bem como atividades variadas de manutenção e limpeza, muitas vezes 
realizadas em locais de difícil acesso, trabalhos em espaço confinado, 
trabalho em altura, movimentação de carga, entre outros. 
Sendo assim, em conformidade com as ideias de GONÇALVES et al. 
(2015), as altas temperaturas, a complexidade dos equipamentos e 
maquinaria em movimentos rápidos, o intenso ruído, os derrames e fugas de 
óleos, os gases, as águas quentes, o vapor na atmosfera, etc., são potenciais 
causas de acidentes que exigem cuidados quanto à prevenção. 
 Segundo CARVALHO (2010, p. 33) 
“Há muitos documentos legais referentes a locais de trabalho com excesso 
de ruídos, com orientações e normas para que o trabalho seja realizado de 
forma a não afetar negativamente a saúde do trabalhador. Dentre esse 
arcabouço legal é importante citar a Convenção 119, que fala sobre 
Proteção nas Máquinas; a Convenção 148 sobre Ambiente de Trabalho, 
que aborda a poluição do ar, ruído e vibrações e, por fim, o Código de 
Práticas sobre proteção dos trabalhadores contra ruído e vibração no 
ambiente de trabalho, organizado pela OIT em 1984. Todos esses Códigos 
são importantes instrumentos de prevenção de acidentes e de 
sistematização do trabalho em locais com ruídos, como é o caso da Praça 
de Máquinas dos navios.” 
 
22 
 
 Nesse sentindo, é perceptível que a realização das atividades numa praça de 
máquinas só pode ser conduzida por profissionais competentes, sob a supervisão de 
oficiais, sendo obrigatório o uso do Equipamento de Proteção Individual, tendo em 
vista que esse local possui riscos diversos de cunho ambiental, físicos, ergonômicos 
químicos e outros. Riscos estes, que podem causar danos à saúde, segurança e 
bem-estar dos colaboradores e que são intrínsecos do próprio trabalho. 
Conforme afirmam Ansell e Wharton (apud ALBERTON, 1996), “o risco é uma 
característica inevitável da existência humana. Nem o homem, nem as organizações 
e a sociedade aos quais pertencem podem sobreviver por um longo período sem a 
existência de tarefas perigosas”. Tendo em vista essa situação, a segurança do 
trabalho surge com um conjunto de medidas que são adotadas visando minimizar os 
acidentes de trabalho protegendo a integridade e a capacidade de trabalho do 
profissional. 
 
 
4.4 RISCOS AMBIENTAIS 
 
De acordo com a NR-9, do Ministério do Trabalho, consideram-se riscos 
ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de 
trabalho, capaz de causar danos a saúde do trabalhador. Esta norma estabelece a 
obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todos os 
empregadores do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). Outro 
fator importante dessa NR é que uma vez ao ano ou sempre que necessário deverá 
ocorrer uma análise global para avaliação do seu desenvolvimento e realização dos 
ajustes necessários e estabelecimento de novas metas e prioridades. 
Ainda, segundo a NR-09 (PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS 
AMBIENTAIS), para os agentes físicos são consideradas as diversas formas de 
energia em que os trabalhadores possam estar expostos, tais como ruído, vibração, 
pressões anormais, temperatura extrema, radiações ionizantes, radiações não 
ionizantes, bem como o infrassom e o ultrassom. Os agentes químicos são 
considerados aqueles que possam penetrar no organismo por via respiratória nas 
formas de poeira, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que pela natureza 
da atividade em exposição possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo 
23 
 
através da pele ou por ingestão. As de cunho biológico são consideradas as 
bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros. 
Peixoto (2011) cita que para alguns autores existem ainda os agentes 
ergonômicos e mecânicos, apesar de não estarem contemplados na NR-9, pois 
estes também causam danos à saúde do trabalhador. 
Outrossim , Campos (2004) afirma que os riscos relacionados ao ambiente 
estão divididos em cinco grupos, sendo eles os agentes físico, químico, biológico, 
ergonômico e de acidentes. Os riscos de acidentes estão relacionados ao arranjo 
físico inadequado, máquinas e equipamentos sem proteção, ferramentas 
inadequadas ou defeituosas, iluminação inadequada, armazenamento inadequado, 
etc. (apud Rossete, 2015, p.54). 
Diante os riscos ambientais, faz-se necessário a elaboração de um mapa 
permitindo identificar locais perigosos, localizando os pontos ainda vulneráveis e 
ajudando a desenvolver atitudes mais cautelosas por parte daqueles que estão 
expostos a riscos. A COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES 
(CIPA) tem como função identificar os riscos do processo do trabalho, com a 
participação do maior número de trabalhadores e com assessoria do SERVIÇO 
ESPECIALIZADO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E EM MEDICINA DO 
TRABALHO (SESMET), onde houver, para a elaboração do mapa de riscos. Esse 
mapeamento é feito anualmente, permitindo aos trabalhadores identificar e registrar 
graficamente os locais de risco da empresa. Ao empregador o mapa pode facilitar na 
elaboração de soluções práticas de melhorias do ambiente de trabalho (FERREIRA 
E PEIXOTO, 2012). 
Conforme a Portaria nº 05, de 17 de agosto de 1992, do Ministério do 
Trabalho e Emprego, a elaboração do Mapa de Riscos é obrigatória para empresas 
com grau de risco e número de empregados que exijam a constituição de uma 
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. 
No Mapa de Riscos, convencionou-se atribuir uma cor para cada tipo de risco, 
os círculos de cores e tamanhos diferentes mostram os locais e os fatores que 
podem gerar situações de perigo em função da presença de agentes físicos, 
químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes (FERREIRA E PEIXOTO, 2012). 
É possível verificar na figura 1 que quanto maior for o risco, maior será o 
diâmetro da circunferência, sendo identificados por cores pré-definidas. A cor verde 
indica os riscos físicos, tais como ruídos, vibrações, radiações ionizantes, frio, calor, 
24 
 
pressões anormais e umidade; o vermelho está relacionado aos riscos químicos, 
como poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases, vapores e substâncias compostas ou 
produtos químicos que podem prejudicar a vida do trabalhador; a cor marrom está 
relacionada a riscos biológicos, tais como vírus, bactérias, protozoários, fungos, 
parasitas e bacilos; o amarelo são os riscos ergonômicos como esforço físico intenso, 
levantamento e transporte manual de peso, postura inadequada, jornadas de 
trabalho prolongadas, monotonia e repetitividade, entre outras situações causadoras 
de estresse físico ou psicológico; a cor azul diz respeito aos riscos de acidentes 
causados por arranjo físico inadequado, máquinas e equipamentos sem proteção, 
iluminação inadequada, armazenamento inadequado, probabilidade de incêndio e 
explosão, etc. (Santos, 2013). 
 
 
Figura 1: Representação da gravidade e da cor correspondente a cada risco ambiental 
Fonte: CTISM 
 
 
Se no ambiente de trabalho existir diversos tipos de riscos, é necessário 
dividir o risco conforme a quantidade em partes iguais de acordo, colocando em 
cada parte sua respectiva cor, este procedimento é chamado de critério de 
incidência, conforme a figura a seguir. 
25 
 
 
Figura 2: Diversos tipos de riscos no mesmo ponto 
Fonte: Santos (2013) 
 
Segundo Santos (2013) se o risco afetar a seção inteira, como ruído, por 
exemplo, é possível representar isso no mapa com setas nas bordas sinalizandoque 
se espalha por toda área, conforme a figura 3: 
 
 
Figura 3: Risco afetando a seção inteira 
Fonte: Santos (2013) 
 
 
De acordo Peixoto (2011) com à medida que forem sendo corrigidas as 
irregularidades, os círculos indicativos de problemas devem ser retirados do mapa. 
Se o problema foi apenas atenuado, retira o círculo e troca por um menor 
representando um risco de menor intensidade e se novos riscos forem encontrados 
deve-se acrescentar ao mapa os círculos correspondentes. 
26 
 
O mapa de riscos também pode ser encontrado na seção de máquinas, 
evidenciando os riscos aos quais os tripulantes estão expostos, as recomendações e 
medidas de controle, como mostra a figura 4. 
 
 
Figura 4: Mapa de riscos da seção de máquinas 
Fonte: Próprio autor 
 
Como mostrado na figura acima, a seção de máquinas apresenta vários tipos 
de riscos ambientais, de cunho físico, químico, ergonômico e de acidente. O risco 
físico e de acidente se tornam preponderantes devido aos geradores e 
equipamentos sempre em funcionamento, devendo sempre ser realizadas 
manutenções indicadas pelo fabricante, com a finalidade de manter a sua 
operacionalidade. Os riscos de acidentes são grandes estando relacionados a 
máquinas e equipamentos sem proteção, ferramentas inadequadas ou defeituosas, 
iluminação inadequada, armazenamento inadequado. Com isso, de acordo com o 
Manual de Segurança a Bordo dos Navios, todo tripulante deve zelar pela sua 
27 
 
própria segurança, bem como pela dos outros trabalhadores e terceiros devido aos 
riscos que o trabalho em um navio oferece. 
 
 
4.5 ACIDENTES DE TRABALHO 
 
Em consonância com o conceito prevencionista do acidente de trabalho, 
citados por Ferreira e Peixoto (2012, p.29): 
Acidente de trabalho é qualquer ocorrência não programada, 
inesperada ou não, que interfere ou interrompe a realização de uma 
determinada atividade, trazendo como conseqüência isolada ou simultânea 
a perda de tempo, danos materiais ou lesões. 
 
 A Lei 8.213/91 define acidente de trabalho 
Acidente do Trabalho é o que ocorre no exercício do trabalho a serviço da 
empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII 
42 do artigo 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação 
funcional que cause a morte ou perda ou ainda a redução permanente ou 
temporal da capacidade para o trabalho. 
 
 Ainda é possível encontrar outras definições para o termo acidente de 
trabalho, segundo Chiavenato (2015, p.154): 
As definições de acidente de trabalho são variadas. Um grupo de 
consultores da Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu acidente de 
trabalho como “um fato não premeditado do qual resulta dano considerável”. 
O National Safety Council define-o como “uma ocorrência em série de fatos 
que, em geral e sem intenção, produz lesão corporal, morte ou dano 
matéria”. 
 
 O Manual de Segurança a Bordo dos Navios também define acidente de 
trabalho como qualquer acidente que ocorra no ambiente de trabalho e produza 
direta ou indiretamente lesão corporal, perturbação funcional ou doença em que 
resulte na redução da capacidade de trabalho ou morte. Para ser caracterizado 
como acidente de trabalho é preciso acontecer no local e no tempo de trabalho. 
 De acordo com Rossete (2015), os acidentes de trabalho podem ser 
classificados como acidentes típicos, aqueles que acontecem nas atividades 
normais de trabalho; doenças ocupacionais, causadas devido a exposição contínua 
a um agente agressor, como um produto químico ou até mesmo uma posição de 
trabalho inadequada; acidentes de trajeto, que são os acidentes que acontecem no 
percurso entre a casa e o trabalho do empregado. 
28 
 
 Segundo Testa (2015) os acidentes de trabalho podem causar desde um 
simples afastamento até outros danos maiores a saúde do trabalhador, como perda 
da capacidade para o trabalho ou até mesmo a morte. 
 Diante do supracitado, os acidentes de trabalho devem ser evitados, devido 
aos prejuízos causados tanto ao trabalhador quanto ao país inteiro. Esses prejuízos 
afetam ao trabalhador causando sofrimentos físicos e mentais, incapacidade para o 
trabalho, morte, desamparo familiar, etc. O empregador também será prejudicado 
com gastos relacionados ao transporte do acidentado, produção parada, gastos com 
primeiros socorros, etc. Ao país acarretará trabalhador ativo sem produção, 
necessidade de aumento de impostos, aumento do custo de vida e desigualdade 
social (TESTA ,2015, P.31). 
 Da mesma maneira, Ferreira e Peixoto (2012) afirmam que os acidentes de 
trabalho geram grandes custos ao governo, que concede aposentadorias e auxílios 
para vitimas de acidentes de trabalho, além de pensões para os dependentes em 
caso de fatalidade. 
 É importante ressaltar que a maior parte dos acidentes de trabalho podem ser 
evitados, pois segundo Chiavenato (2015) as causas que provocam acidentes 
podem ser identificadas e removidas para não ser contínua ou recorrente. 
 Para Silva, Machado e Burkoth (2014) o grande desafio da segurança, higiene 
e saúde no trabalho é estabelecer medidas de controle nos quais os trabalhadores 
não se exponham a riscos que irão provocar acidentes ou doenças ocupacionais. 
 Ainda, de acordo com Testa (2015, p.30) “os acidentes de trabalho 
acontecem em razão de causas básicas e gerenciais, além de condições imediatas”. 
 
 
4.6 CONDIÇÕES INSEGURAS E ATOS INSEGUROS 
 
 De acordo com Chiavenato (2015, pag.160): 
Condição insegura é a condição física ou mecânica existente no local, na 
máquina, no equipamento ou na instalação (que poderia ter sido protegida 
ou corrigida) e que leva à ocorrência de acidente, assim como piso 
escorregadio, oleoso, molhado, com saliência ou buraco, máquina 
desprovida de proteção ou com polias e partes móveis desprotegidas, 
instalação elétrico com fios descascados, motores sem fio-terra, iluminação 
deficiente ou inadequada. 
29 
 
 Seguindo essa mesma linha de raciocínio, Rossete (2015) afirma que 
condições inseguras são as principais causas de acidentes de trabalho. Como 
exemplo, pode-se citar algumas condições relacionadas ao ambiente de trabalho, 
como andaimes defeituosos, iluminação e ventilação inadequadas, fiação 
desgastada, etc. Para evitar acidentes é preciso eliminar ou minimizar essas 
condições de risco. É possível verificar nas normas regulamentadoras do Ministério 
do Trabalho e Emprego quais são as condições mínimas para que os acidentes 
sejam evitados. 
 Pode-se dizer então que a condição insegura está diretamente relacionada ao 
ambiente de trabalho, podendo gerar acidente. Com relação ao ambiente de 
trabalho em navios mercantes percebe-se que essas condições são agravadas 
devido as condições de mar, derramamento de óleos nos pisos, etc. O Manual de 
Segurança a Bordo dos Navios cita as principais causas de acidentes de trabalho no 
mar, sendo os principais identificados como a própria insegurança do local de 
trabalho, pisos escorregadios, má iluminação no trabalho noturno, condições 
meteorológicas, elevado ruído e vibração, etc. 
O conceito de condições inseguras difere de atos inseguros, pois enquanto as 
condições inseguras estão relacionadas as falhas ambientais, o ato inseguro está 
relacionado com alguma violação do procedimento aceito como seguro, sendo o 
homem o principal responsável por suas ações. Pode-se citar como exemplos, fumar 
em local proibido, realizar a lubrificação de máquinas em movimento, distrair-se ou 
conversar durante o serviço, não usar o equipamento de proteção individual, etc. 
(Chiavenato, 2015) . 
 Essa mesma definição é exposta por Ferreira e Peixoto (2012), afirmando que 
o ato inseguro está relacionado a fatores ou ações pessoais, sendo dependente 
exclusivamente do ser humano. Podem-se citar como fatores pessoais as 
características de personalidade, como desmotivação, problemas pessoais, excesso 
de confiança, etc. Como ações, o uso de equipamentos sem permissãoou 
habilitação, o não cumprimento as normas de segurança, etc. Todas essas ações 
são contrárias as normas de segurança e colocam em risco a saúde dos 
trabalhadores. 
 Para Peixoto (2010) o ato inseguro provoca danos ao trabalhador, aos 
companheiros, as maquinas e equipamentos. As improvisações, agir sem permissão 
30 
 
e não usar o equipamento de proteção individual são alguns exemplos de atos 
inseguros. 
Para Martins (2006), o trabalho embarcado impõe aos trabalhadores tensões 
adicionais pelo fato de estarem isolados e afastados por um longo período de suas 
famílias e da vida social urbana, causando ansiedade, solidão e muitas vezes 
dificuldades de se concentrar no trabalho. São esses uns dos fatores que levam ao 
ato inseguro, que podem acarretar atitudes nos funcionários implicando em alguma 
forma de insegurança. Como visto anteriormente, o ato inseguro se caracteriza de 
diversas formas, inclusive em usar o equipamento de proteção individual 
incorretamente. 
Porém, para Henrique (2014), as atitudes inseguras refletem diretamente a 
falha humana na execução de um trabalho, seja por negligência ou imperícia, 
podendo ser evitados se as pessoas se esforçarem para isso. 
 
4.7 NORMA REGULAMENTADORA NR-6 
 
No que concerne às medidas protetivas de cunho trabalhista surgem as NRs, 
a fim de resguardar a saúde e a integridade física do trabalhador, sendo a Norma 
Regulamentadora 06, de extrema relevância, pois trata especificamente dos 
equipamentos de proteção individual, estabelecendo e definindo os tipos de EPI’s 
que a empresa é obrigada a fornecer a seus funcionários sempre que as condições 
de trabalho exigirem. (Art. 166 e 167 da CLT). 
De acordo com o Art. 166 da Consolidação das Leis do Trabalho: 
 A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, 
equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado 
de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral 
não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à 
saúde dos empregados (Lei nº 6.514, de 22.12.1977) 
 
É possível verificar também no Art. 167 mencionando sobre o equipamento de 
proteção individual onde trata sobre a sua comercialização: “O equipamento de 
proteção só poderá ser posto à venda ou utilizado com a indicação do Certificado de 
Aprovação do Ministério do Trabalho” (Lei nº 6.514, de 22.12.1977) 
 Pode-se observar também na NR 30 aludindo sobre a segurança e saúde no 
trabalho aquaviário, o dever de todo trabalhador utilizar corretamente os dispositivos 
31 
 
e equipamentos de segurança e estar familiarizado com as instalações, sistemas de 
segurança e compartimentos a bordo. 
É importante ressaltar que o uso do Equipamento de Proteção Individual 
encontra-se previsto nas Leis de Consolidação do Trabalho, regulamentado pela 
Norma Regulamentadora NR6 do Ministério de Saúde e Emprego. 
Em conformidade com a NR-6 da Portaria 3217/78 do Ministério do Trabalho, 
equipamento de proteção individual é todo dispositivo ou produto, de uso individual, 
destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no 
trabalho. Alves (2013, p.9) afirma que: 
O uso do EPI é uma exigência da legislação trabalhista brasileira 
por meio de suas Normas Regulamentadoras. Para o EPI, a Norma 
Regulamentadora é a NR 6,contida na portaria 3.214/78 do Ministério do 
Trabalho. O não cumprimento da NR poderá acarretar aos infratores ações 
de responsabilidade cível e penal, além de multas. 
De acordo com a PETROBRAS TRANSPORTES S.A(2004 pag. 1/47). 
A utilização dos equipamentos de proteção individual tem por 
objetivo a preservação da integridade física do tripulante. Todo tripulante 
deve se preocupar não só com a sua própria segurança pessoal, mas deve 
também fiscalizar a utilização dos EPIs pelos demais tripulantes e pessoas. 
 Os EPI’s são projetados para evitar ou atenuar lesões e prevenir doenças, 
como a perda da capacidade auditiva, por exemplo, quando utilizados corretamente. 
Segundo Santos (2013, p.24) 
 A importância da proteção individual e coletiva esta 
diretamente ligada à preservação da saúde, a integridade física do 
trabalhador e o aumento de produtividade e lucros, para a empresa, através 
da minimização dos acidentes e doenças do trabalho e suas consequências. 
 
4.8 TIPOS DE EPI’S UTILIZADOS NA SEÇÃO DE MÁQUINAS 
 Os equipamentos de proteção individual ultilizadas na praça de máquinas 
encontram-se dispostos na NR-06, descritos no ANEXO I, havendo uma grande 
variedade de equipamentos destinados a proteção de todo o corpo. 
4.8.1 EPI’s PARA PROTEÇÃO DA CABEÇA 
 De acordo com a NR-06, que trata do Equipamento de Proteção Individual, é 
utilizado para a proteção da cabeça o capacete e o capuz ou balaclava. No 
32 
 
departamento de máquinas o capacete é utilizado para a proteção contra impactos 
de objetos sobre o crânio, como mostra a Figura 5. 
 
 
Figura 5: EPI’s para proteção da cabeça 
Fonte: Kaseg (2017) 
 
 
 Ramos (2009) cita que o capacete é utilizado para a proteção contra agentes 
meteorológicos e trabalho em local confinado, além dos itens citados anteriormente. 
4.8.2 EPI’s PARA PROTEÇÃO DOS OLHOS E DA FACE 
 
 Em conformidade com a NR-06, para a proteção dos olhos e da face são 
utilizados óculos e protetor facial (Figura 6). 
 Segundo Ramos (2009) os óculos são utilizados principalmente para evitar 
perfurações nos olhos através de corpos estranhos. Existem outros tipos de óculos 
que protegem contra a luminosidade intensa, contra radiações ultravioletas e 
radiações infravermelhas. 
33 
 
 
 
Figura 6: EPI's para proteção dos olhos 
Fonte: University of Vermont (2017) 
 
4.8.3 EPI’s PARA PROTEÇÃO AUDITIVA 
 
 O protetor auditivo tem como finalidade proteger o sistema auditivo contra 
níveis de pressão sonora elevada, superiores ao nível de ação para ruído – 80 dB, 
conforme determinado na NR-09 (PPRA). Ainda, Segundo a NR-06 o protetor 
auditivo divide-se em: protetor auditivo circum-auricular; de inserção e semi-auricular 
para proteção do sistema auditivo contra os níveis de pressão sonora superior ao 
estabelecido na NR-15. 
De acordo com Gonçalves et al (2014) existe uma grande variedade de 
protetores auriculares encontrados no mercado, como mostra a figura 7, no entanto 
deve haver a utilização adequada desse EPI por parte dos trabalhadores para a 
preservação auditiva. 
 
 
Figura 7: EPI's para proteção auditiva 
Fonte: PPE Industrial Supplies LTD (2017) 
34 
 
 
Segundo o Manual de Segurança a Bordo dos Navios (p.125), de âmbito 
técnico marítimo, é recomendado protetores adequados as circunstâncias, sendo os 
protetores externos mais eficientes. 
4.8.4 EPI’s PARA PROTEÇÃO DOS MEMBROS SUPERIORES 
 
 Para a proteção dos membros superiores, de acordo com a NR-06, são 
usadas luvas para as mãos contra agentes abrasivos e escoriantes; para proteção 
contra agentes cortantes e perfurantes; proteção das mãos contra choque elétrico; 
proteção contra os agentes térmicos, biológicos e químicos; também para proteção 
das mãos contra vibrações; contra a umidade proveniente de operações com uso de 
água e contra radiações ionizantes. Nesse item também faz parte o creme protetor 
de segurança contra agentes químicos. 
 Em conformidade com o Manual de Segurança no Trabalho a Bordo dos 
Navios, as luvas oferecem proteção contra os riscos existentes no ambiente de 
trabalho e devem ser apropriados a cada tipo de tarefa. 
 Na seção de máquinas as luvas de proteção são utilizadas principalmente 
para proteger as mãos contra os agentes mecânicos (abrasivos e escoriantes) 
causadores de acidente (Figura 8). 
 
Figura 8: Proteção para as mãos 
Fonte: Sinops Limited(2017) 
 
4.8.5 EPI’s PARA PROTEÇÃO DOS MEBROS INFERIORES 
 
35 
 
 Na seção de máquinas o calçado de segurança tem por finalidade proteger os 
pés contra impactos de quedas de objetos, batidas contra estruturas, agentescortantes, escoriantes e perfurantes (Figura 9). 
 A NR-06 menciona, além do calçado de segurança, meias para proteção dos 
pés contra baixas temperaturas; perneira e calça contra agentes abrasivos e 
escoriantes; contra agentes térmicos; respingos de produtos químicos; e proteção da 
perna contra umidade proveniente de operações com uso de água. 
 Em consonância com o Manual de Segurança a Bordo dos Navios, todos os 
marítimos devem usar o calçado apropriado. Estes devem ter solas firmes, ser 
antiderrapantes e possuir biqueiras reforçadas. 
 
Figura 9: EPI's para proteção dos membros inferiores 
Fonte: Cityu Edu (2017) 
 
4.8.6 EPI’s PARA PROTEÇÃO DO CORPO INTEIRO 
 Para proteção do corpo inteiro, em conformidade com a NR-06, é usado o 
macacão para proteção do tronco e dos membros superiores e inferiores contra os 
agentes térmicos; respingos de produtos químicos; contra umidade proveniente de 
operações com uso de água e proveniente de precipitação pluviométrica (Figura 10). 
36 
 
 
Figura 10: EPI para proteção do corpo inteiro 
Fonte: Sudelbras uniformes Profissionais(2017) 
 
 De acordo com o Manual de Segurança a Bordo dos Navios (2013, p. 125) é 
importante salientar que o equipamento de proteção individual deve ser aprovado 
pelo órgão competente. A NR-06 afirma que o EPI só poderá ser posto a venda ou 
utilizado com a indicação do CA (Certificado de Aprovação), expedido pelo órgão 
nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho do Ministério de 
Trabalho e Emprego. 
 
4.9 A RESISTÊNCIA AO USO DO EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL 
 
Os acidentes de trabalho não ocorrem por falta de legislação, mas devido ao 
não cumprimento das normas de segurança que visam à integridade física do 
trabalhador no desempenho de suas atividades, como também no controle das 
perdas. Somam-se ao descumprimento das normas a falta de fiscalização e a pouca 
conscientização do empresariado (VENDRAME, 2001). 
Conforme a Sociedade Brasileira de Engenharia de Segurança - SOBES 
“tem-se observado em diversos locais de trabalho a existência de uma certa 
criatividade por parte do trabalhador adaptando complementos a seus EPI’s, 
conforme as necessidades intuídas pelos usuários. Esses complementos 
improvisados nada mais refletem do que a inadaptabilidade do EPI ao usuário, 
37 
 
denunciando carência de envolvimento gerencial na política da proteção eficaz do 
trabalhador”. É sabido que qualquer alteração ou uso do EPI de forma inadequada 
pode acarretar em punição ao funcionário. Assim sendo, é necessário entender os 
motivos que levam os trabalhadores à resistência ao uso do equipamento de 
proteção individual com intuito de atender às suas verdadeiras necessidades. 
Diante do supracitado, faz-se necessária a adoção de políticas que tornem 
atrativo o uso do equipamento de proteção individual, não sendo visto como uma 
obrigação, mas como parte fundamental para execução de trabalho em que os 
riscos sejam iminentes. Para MONTENEGRO e SANTANA (2012), “o trabalhador 
será mais receptível ao EPI que seja mais confortável e de seu agrado, no entanto, a 
resistência do profissional em utilizá-lo e o uso incorreto são as principais barreiras 
para prevenir a exposição aos agentes maléficos à saúde”. 
Em contrapartida, de forma sucinta FRAGA et.al. (2014) afirmam que “a 
resistência por parte dos trabalhadores ao uso do EPI é geralmente devido à idade 
avançada, apatia ou excesso de autoconfiança”. 
Com a mesma linha de raciocínio, enfatiza Lamcobe apud HASSE (2008, p.58) 
“em geral, os funcionários, quando não bem instruídos e treinados no uso do EPI, 
afirmam que os riscos aos quais se expõe são pequenos, alegando que já estão 
acostumados com o trabalho e sabem como evitar o perigo ressaltando que o 
equipamento de proteção individual é um incômodo e limitam os movimentos”. 
 Em ambientes laborais com periculosidade e insalubridade o empregador deve 
cuidar de seus funcionários contra os riscos associados à atividade, sem impor 
regras ou até mesmo coagí-los ao uso do EPI. É imprescindível a existência de 
cobrança, mas de forma branda, conscientizando-os da importância e fazendo-os 
voltar às suas residências da mesma forma que chegaram ao trabalho. 
 TAVARES (2011) afirmou que devido a esse tipo de resistência é necessária 
uma abordagem estratégica, evidenciando a importância do uso e as consequências 
caso o EPI não seja utilizado de maneira adequada. A imposição ao uso é ineficaz, é 
necessário abordá-los mostrando os riscos a que eles estão expostos, como as 
doenças ocupacionais, os acidentes que podem surgir e a intervenção na qualidade 
de vida, sendo assim, provavelmente os funcionários passarão a entender e assim 
utilizar o EPI de forma correta e contínua. 
 Com relação à área mercante, onde os trabalhadores estão sujeitos a uma 
série de riscos e por estarem longe da costa torna-se difícil o desembarque de um 
38 
 
tripulante em caso de acidente. Pensando nisso, as empresas desse segmento 
adotam políticas específicas de prevenção de acidentes com o objetivo de 
conscientizar o funcionário quanto aos riscos de sua rotina de trabalho, além de 
treinamentos, DDS (Diálogo Diário de Segurança) e até mesmo bonificações para a 
embarcação que não vier a ter nenhum tipo de acidente. 
Diante do exposto, nota-se que houve uma redução do número de acidentes 
a bordo no decorrer da história devido à conscientização de empregados e 
empregadores. Salienta-se também fatores como mão-de-obra qualificada e a 
quebra de paradigmas quanto à visão equivocada de que acidentes só podem 
acontecer com pessoas inexperientes, bem como de que a culpa é sempre uma 
falha do trabalhador. 
Portanto, é relevante afirmar que o uso contínuo do Equipamento de Proteção 
é uma ação imprescindível para atingir índices menores, assim, o elo entre 
pesquisadores, gestores, técnicos, engenheiros e trabalhadores deve ser fomentado 
com intuito de promover um ambiente seguro e agradável para o desenvolvimento 
das atividades laborativas. Já que algumas inovações são essenciais para que o 
cenário, de fato mude como os quesitos de confortabilidade e adequação correta do 
EPI ao tipo de exposição, investigação coerente dos acidentes, etc. Pois um 
acidente não é oriundo do acaso, tampouco do azar e sim, decorrente de uma ou 
várias causas que podem atuar simultaneamente, dessa forma, se suas origens 
forem devidamente investigadas, dificilmente o acidente se repetirá. 
 
5. METODOLOGIA 
 
 
Para a elaboração desse projeto faz-se necessária a adoção de uma 
metodologia baseada fundamentalmente em levantamento bibliográfico e 
questionário individual aplicado. Num primeiro momento é indispensável a realização 
de uma pesquisa exploratória, onde serão reunidas literaturas acerca do tema 
proposto. Nesta etapa ocorre o levantamento das luzes teóricas que irão 
fundamentar o projeto durante todo o processo de concepção do que será abordado. 
 Posteriormente, será efetuada a pesquisa quantitativa, em que serão 
efetuadas entrevistas com intuito de melhor entender o ambiente mercante, o 
39 
 
compartimento de máquinas, as condições de trabalho oferecidas aos funcionários, 
principalmente no quesito segurança, dando ênfase ao uso do Equipamento de 
Proteção Individual, além de analisar o posicionamento das empresas de 
navegação/gerência de bordo quanto à saúde e segurança dos trabalhadores, 
apontando as causas que impossibilitam o uso do EPI pelos tripulantes de forma 
correta, ocasionando a sua retirada em algum momento. De acordo com as ideias 
de Fonseca (2002), o método quantitativo considera que a realidade só pode ser 
compreendida com base na análise de dados brutos, centrando-se na objetividade e 
recorrendo à linguagem matemática para descrever as causas de um fenômeno. 
Portanto, as opiniões dos colaboradores serão de relevante importância para o 
desenvolvimentodo projeto, através da quantificação de opiniões, poderá se 
mensurar os resultados em números e por fim analisar os dados obtidos. 
 A partir do levantamento de todos os dados, incluindo informações extraídas 
no ambiente de trabalho sugerido, como também pesquisas bibliográficas 
considerando histórico e atualidades e demais pesquisas sobre o tema, se iniciará a 
elaboração do projeto. Após a finalização das etapas decorrentes de todo o 
processo, o mesmo será apresentado à banca examinadora para a posterior 
avaliação. 
 
6. RESULTADOS 
 
 De acordo com os dados coletados na pesquisa, através de um questionário 
aplicado a 38 marítimos da seção de máquinas de diversas empresas de navegação 
localizadas nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, obteve-se um diagnostico 
do comportamento das companhias de navegação e dos trabalhadores em relação 
ao uso de equipamentos de proteção individual. 
40 
 
 
Figura 11: Grau de escolaridade 
Fonte: Próprio autor (2017) 
 
 
Em concordância com os dados recolhidos no questionário, o nível de 
escolaridade dos marítimos que fizeram parte da pesquisa e que possuem o nível 
fundamental é de apenas 2,7%, representando a menor parcela da amostra, 28,9% 
dos marítimos possuem ensino médio e 68,4% possuem ensino superior completo, 
muitos advindos da Escola de Oficiais da Marinha Mercante (Ciaga/Ciaba), 
localizados nas cidades do Rio de Janeiro e Belém do Pará, respectivamente. 
Considerando o trabalho marítimo como uma indústria, o resultado obtido demonstra 
que o nível de escolaridade entre os funcionários é relativamente bom comparado a 
outras atividades do segmento industrial. Por exemplo, CISZ (2015) aponta em sua 
pesquisa que a indústria da construção civil é a que mais absorve mão-de-obra sem 
a qualificação adequada, ainda, segundo o autor, quanto maior a escolaridade, 
maior é o nível de consciência sobre o uso dos EPI’s. 
O nível de escolaridade baixa é um fator de preocupação, já que a falta de 
conhecimento básico é um dos fatores preponderantes da ineficácia na execução 
das tarefas, como no uso do EPI, significando dificuldades para identificar riscos e 
até mesmo as sinalizações (REZENDE; THOMAS; DUARTE (2005). 
 
41 
 
 
Figura 12: Função exercida a bordo 
Fonte: Próprio autor (2017) 
 
 
O questionário foi aplicado a 2 Moços de Máquinas, 11 Marinheiros de 
Máquinas, 8 Condutores de Máquinas, 12 2 °Oficiais de Máquinas, 2 1° Oficiais de 
Máquinas e 3 Chefes de Máquinas. 
 Cabe salientar a formação do profissional marítimo é de responsabilidade do 
Ministério da Marinha, que oferta os cursos para a formação dos oficiais e também 
da guarnição (Carvalho, 2010). 
 
Figura 13: É fornecido pelo empregador os EPI's? 
Fonte: Próprio autor (2017) 
 
 
Com relação ao fornecimento do equipamento de proteção individual, 
verificou-se que as empresas de navegação vêm seguindo a risca no que concerne 
a distribuição de EPI’s, seguindo as exigências e a tendência mundial, sendo 
fornecidos os diversos tipos de EPI’s para o trabalho na seção de máquinas, 
conforme mostra a figura abaixo. A empresa é obrigada a fornecer a todos os 
42 
 
funcionários o EPI necessário de acordo com cada função, conforme especificado 
pela CLT e NR-6. 
 
Figura 14: Quais dos EPI's são fornecidos pelo empregador? 
Fonte: Próprio autor 
 
 
 A gerência de bordo mostrou-se eficiente no que se refere à troca dos EPI’s 
quando os mesmos não se encontram em boas condições de uso. A troca de EPI 
pode ser realizada imediatamente pelo funcionário quando for detectado algum dano, 
seguindo a NR-6. Conforme mostra a figura abaixo, 94,7% dos marítimos que 
responderam ao questionário afirmaram que existe troca do equipamento de 
proteção individual quando os mesmos não se encontram em boas condições de 
uso, enquanto apenas dois funcionários afirmaram que não existe a troca quando há 
necessidade. 
 
 
Figura 15:Existe troca de EPI's quando os mesmos não se encontram em boas condições de uso? 
Fonte: Próprio autor 
 
43 
 
 As luvas de proteção são trocadas constantemente devido ao contado direto 
com óleo diesel e óleo lubrificante da praça de máquinas. 
 Em um navio mercante, compete ao comandante controlar os vários serviços 
de bordo, garantindo as condições de segurança. Segundo Amaral (2010), o 
comandante do navio é responsável pela segurança, no entanto ele delega essa 
função ao Imediato do navio, segundo na escala de comando, que tem como função 
planejar, coordenar e supervisionar os assuntos relativos à segurança em geral e as 
doenças profissionais, bem como as ações de respostas a situações de emergência. 
Ainda, de acordo com o Manual de Segurança da Petrobrás (p.1/47), compete ao 
comandante garantir que todos os tripulantes recebam treinamento adequado sobre 
a correta utilização dos EPI’s,incluindo informações sobre os perigos a saúde no 
local de trabalho. No departamento de máquinas o Chefe de Máquinas também é 
responsável pela segurança e uso do EPI, pois ele tem o contato direto com os 
maquinistas, enquanto o Comandante e Imediato geralmente ficam no passadiço do 
navio, controlando a manobra e a navegação. 
 
 
Figura 16: Você tem consciência da importância do uso de EPI's 
Fonte: Próprio autor 
 
A pesquisa também mostrou que todos os entrevistados têm consciência da 
importância do uso de EPI’s, evidenciando as boas práticas e meios de 
conscientização a bordo através de reuniões de segurança, destinados a despertar 
nos marítimos a conscientização envolvendo suas atividades diárias, em respeito a 
sua segurança, meio ambiente e saúde. 
 
 
44 
 
 
Figura 17: Você usa o EPI em todas as manutenções realizadas na praça de máquinas? 
Fonte: Próprio autor 
 
 
De acordo com a pesquisa, 73,7% dos marítimos que responderam ao 
questionário afirmaram que usam o equipamento de proteção individual, enquanto 
26,3% responderam que não fazem o uso em sua totalidade, sendo justificado de 
diversas formas pelos entrevistados. Os motivos apontados geralmente se referem a 
algumas atividades realizadas a bordo, muitas vezes em lugares de difícil acesso, 
ocasionando desconforto e tornando-os incompatível com alguns trabalhos de 
manutenção. Outro fator importante citado por alguns marítimos foi a dificuldade de 
manusear alguns equipamentos ou fazer manutenções usando a luva de proteção, 
pois acaba afetando o tato. 
 Outras razões que levam a retirado do EPI, citados pelos trabalhadores, em 
algum momento durante o decorrer das atividades são devidos aos compartimentos 
possuírem um espaço físico limitado; o capacete de segurança com aba prejudica a 
visibilidade; os óculos de segurança ficam embaçando devido as altas temperaturas 
na praça de máquinas; o desconforto e o incômodo. 
 No entanto, é necessário sempre manter os diálogos de segurança a bordo 
com a finalidade de explicar a importância do uso de EPI’s, sempre mostrando aos 
funcionários os riscos aos quais estão expostos. Para Fujita et al (2007), para o 
sucesso da aplicação do EPI é necessário considerar o aspecto psicológico, não 
apenas fornecendo o equipamento de proteção individual, mas passando aos 
funcionários a consciência da sua real utilidade e informando ao trabalhador as 
condições e agressividades do ambiente no qual ele está inserido. 
 O presente trabalho apresenta semelhança com outros estudos publicados 
anteriormente, embora em outros segmentos industriais, pois trata das causas da 
45 
 
resistência ao uso de equipamento individual, compreendendo os motivos aos quais 
levam os trabalhadores a não utilizar o EPI de forma correta, sendo a principal causa 
o desconforto que causam, ocasionando a sua retirada em algum momento. 
 Com estas respostas, verificou-se que não existe falta de informações sobre a 
importância do uso do equipamento de proteção individual, pois todos os marítimos 
que responderam ao questionário afirmaramque tinham consciência da importância 
dos EPI’s e que as empresas de navegação estão atendendo aos requisitos de 
segurança, no que se refere à distribuição de EPI’s, treinamentos a bordo, reuniões 
de segurança, etc. No entanto, é preciso ter um investimento maior dos 
empregadores para sempre manter o nível de segurança elevado, através 
treinamentos, bonificações e participação dos marítimos na escolha do EPI. 
 
7. CONCLUSÃO 
 
 O desenvolvimento do presente trabalho teve como propósito analisar como 
se apresenta a resistência ao uso do equipamento de proteção individual na seção 
de máquinas de um navio mercante identificando através do uso de técnicas 
quantitativas de coleta as percepções dos marítimos em relação ao uso do 
equipamento de proteção individual (EPI) durante a execução dos diversos serviços 
de manutenção. Os estudos indicaram a necessidade de uma interação maior dos 
empregadores com o pessoal de bordo, para que as expectativas dos marítimos 
com relação ao EPI sejam atendidas atentando para a confortabilidade. Sabe-se que 
o departamento de máquinas é um ambiente peculiar e deve existir uma 
comunicação entre ambas as partes para que os problemas sejam solucionados. O 
simples fornecimento do equipamento de proteção individual não impede que os 
acidentes aconteçam, por isso sempre devem existir treinamentos a bordo sobre o 
EPI, além de programas para conscientização dos funcionários. A qualidade dos 
EPI’s vem melhorando devido a obrigatoriedade do CA, no entanto, é necessário 
envolver a tripulação na escolha do epi, fornecendo amostras de modelos para os 
funcionários para posteriormente realizar a compra do mais apropriado para o 
trabalho na seção de máquinas. Além disso, é recomendado haver um programa de 
bonificação para os funcionários que seguirem as normas de segurança, pois de 
acordo com Assalin e Aranha (2016) os benefícios podem constituir em um 
46 
 
diferencial a mais pelo empregado, que devido ao seu esforço, passa a vislumbrar 
um ganho maior, aumentando a sua renda. Esses esforços podem ser levados para 
área de segurança, pois não cabe ao empregador só o ato de punir, mas também de 
ocasionar um estímulo maior para o cumprimento das atividades de forma segura. 
Através do programa de benefícios poderão ser traçadas metas, no prazo de 6 a 12 
meses ou no melhor prazo estipulado pela empresa para os funcionários que não 
sofrerem acidente e que usaram o EPI em todo o tempo durante a jornada de 
trabalho, recompensando-os se alcançarem os objetivos traçados. Os atos 
inseguros podem ser solucionados através de treinamentos e bonificações, no 
entanto, é necessário se atentar para as condições inseguras oferecidas pelo 
ambiente, que poderão ser sanadas através da eliminação das falhas, defeitos e 
irregularidades técnicas. Diante disso, recomenda-se um monitoramento diário do 
ambiente de trabalho, através de rondas e inspeções efetuadas por todos os 
maquinistas com a finalidade de identificar e eliminar condições que possam 
provocar acidente. 
 
 
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
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