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19
Serviço Social
O CENÁRIO BRASILEIRO DE MIGRAÇÕES PÓS SÉCULO XXI
Chapeco-SC
2019
O CENÁRIO BRASILEIRO DE MIGRAÇÕES PÓS SÉCULO XXI
Trabalho de Serviço Social apresentado como requisito parcial para a obtenção de média bimestral na disciplina de Antropologia, Sociologia Crítica, Fundamentos Históricos, Teóricos e Metodológicos do Serviço Social II, Ciência Política, Seminário Interdisciplinar IV, Ed - Lógica Matemática
Orientador: Elias Barreiros, Maria Gisele de Alencar, Paulo Sérgio Aragão, Mariana de O. Lopes, Vanessa Vilela Berbel
Chapeco-SC
2019
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................4
2 DESENVOLVIMENTO.............................................................................................5
2.1 Antropologia..........................................................................................................5
2.2 Seminário Interdisciplinar IV.................................................................................6
2.3 Sociologia Crítica..................................................................................................9
2.4 Fundamentos Históricos, Teóricos e Metodológicos do Serviço Social..............12
2.5 Ciência Política..................................................... ..............................................14
3 CONCLUSÃO.........................................................................................................17
4 REFERÊNCIAS......................................................................................................18
INTRODUÇÃO
É de conhecimento geral que Antropologia Social, tem como principal objetivo estudar o ser humano na sua organização em sociedade e quais são os efeitos e desdobramentos dessa relação para a própria história e para o mundo em si.
Todos os dias pessoas de diferentes locais do mundo tentam adentrar legalmente ou ilegalmente em outros países, em busca de melhores condições de vida, oportunidades que não encontram em seus países ou fugindo de guerras ou perseguições.
No Brasil a imigração ocorreu nos anos 1530, os portugueses vieram para o nosso país para dar início ao plantio de cana-de-açúcar, mais tarde 1818 marcou a chegada dos primeiros imigrantes não-portugueses, que vieram para cá devido ao enorme tamanho do território brasileiro e ao desenvolvimento das plantações de café. 
Portanto este texto serve como ponto de partida para que a partir de uma análise da sociedade, tendo base que a profissão do Serviço Social que emergiu no contexto capitalista, tratava de garantir os direitos pautados nos princípios de dignidade, igualdade e justiça social, compreende-se que os assistentes sociais estavam vinculados a categoria dos direitos humanos.
DESENVOLVIMENTo
2.1 Antropologia
O estudo do ser humano como ser cultural, investiga as culturas humanas no tempo e espaço, origens e desenvolvimento, esse é o objetivo, buscar o entendimento amplo, comparativo e crítico dos seres humanos, suas semelhanças e diferenças. 
A partir da compreensão da variedade de culturas dentro do contexto em que são produzidas, a antropologia contribui para erradicar preconceitos, se constituiu com outras áreas do saber como (história, filosofia, sociologia, psicologia, biologia e direito), mas conserva sua unidade de pesquisa a etnografia, que tem como objetivo descrever a vida das pessoas com precisão e profundidade.
Etnografia se concentra como o método principal da Antropologia, se concentra na observação e descrição profunda da forma como as pessoas vivem. De maneira geral os antropólogos obtêm essa visão detalhada e complexa, o que se chama trabalho de campo. 
Surgiu como ciência no início do séc. XX, com a sistematização dos estudos sobre culturas no Brasil, a Antropologia se desenvolveu através dos estudos de pesquisadores europeus sobre a sociedade indígena. 
Com o passar do tempo, e difusão dessa ciência seus estudos saíram das margens para receber reconhecimento político, atualmente, o debate a respeito de questões políticas com fundo antropológico tem crescido e se tornado mais intenso. 
O brasil já vive um momento de amadurecimento de sua Antropologia. Assim como todas as outras ciências, a antropologia tem um alto valor de conhecimento, se propõem a estudar um campo complexo como o ser humano e suas relações em sociedade. 
Há 3 áreas de estudos mais procurados na antropologia que seriam: Antropologia Cultural, é o estudo não apenas do ser humano como individuo, mas também como um ser social, capaz de produzir cultura, essa ciência estuda a cultura ao longo do tempo e do espaço.
Antropologia Social, tem como principal objetivo estudar o ser humano na sua organização em sociedade e quais são os efeitos e desdobramentos dessa relação para a própria história e para o mundo em si.
Antropologia Filosófica, estuda a estrutura essencial do ser humano enquanto indivíduo. Assim como todas as outras ciências, a Antropologia tem um valor de conhecimento, principalmente por se propor a estudar um campo tão complexo como o ser humano e suas relações em sociedade.
2.2 Seminário Interdisciplinar IV
Todos os dias pessoas de diferentes locais do mundo tentam adentrar legalmente ou ilegalmente em outros países, em busca de melhores condições de vida, oportunidades que não encontram em seus países ou fugindo de guerras ou perseguições. Costumamos nos referir a estas pessoas como refugiados e/ou imigrantes, porém, há uma diferença legal entre estes termos.
	De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas) refugiados são aqueles que estão “fora de seus países de origem por fundados temores de perseguição, conflito, violência ou outras circunstâncias que perturbam seriamente a ordem pública e que, como resultado, necessitam de proteção internacional” (ONU, 2016). São pessoas que vivem em situações de extremo perigo ou perseguição e tiveram proteção de outro país (ou não, no caso dos ilegais) para se reestabelecerem ali. Lembrando que “Não há nada ilegal em procurar refúgio – pelo contrário, é um direito humano universal” (ONU, 2016).
	O que caracteriza um indivíduo como refugiado é a “falta de proteção em seu país de origem” (ONU, 2016), declarado pelo próprio que está sendo perseguido por razões de guerra, nacionalidade, opinião política, raça ou religião ou a violação dos seus direitos humanos, sendo uma questão de sobrevivência e não de escolha como no caso dos migrantes.
	Já o migrante se muda “não por causa de uma ameaça direta de perseguição ou morte, mas principalmente para melhorar sua vida em busca de trabalho ou educação, por reunião familiar ou por outras razões” (ACNUR, 2015), como os migrantes europeus que chegaram ao Brasil nas primeiras décadas do século XIX em busca de trabalho e melhores condições de sobrevivência. 
Algumas organizações usam o termo “migrante” para se referirem a migrantes e refugiados, entretanto, a migração é entendida como um ato voluntário, que pode voltar à sua terra em qualquer momento, enquanto o refúgio é uma medida tomada em caráter extremo e sem direito de retorno para o país de origem, pois isso é importante tratar as situações de formas distintas “para manter clareza acerca das causas e características dos movimentos de refúgio e para não perder de vista as obrigações específicas voltadas aos refugiados nos termos do direito internacional” (ONU, 2016).
	Alguns documentos foram criados como a Convenção das Nações Unidas em 1951 e o Protocolo Adicional de 1967. Estes documentos regem o Estatuto dos Refugiados que determinam os preceitos básicos no tratamento aos refugiados e os seus direitos, como direito ao emprego assalariado de valor digno, emissão de documentos como identidade e passaporte e ao direito à transferência de bens para familiares de seu país de origem.
	Em 1954 a ONU colocou em vigência a Convenção de Genebra que aborda as questões jurídicas dos refugiados. De acordo com a Convenção um refugiadosó poderá ser expulso do país que o acolhe se for comprovado que sua presença pode ser um risco à ordem ou a segurança nacional.
	No Brasil a proteção aos refugiados é garantida pela Lei 9.474/97 que ampara os refugiados que chegam ao Brasil. A lei traz em seu artigo 1° que será reconhecido como refugiado todo ser humano que
I - devido a fundados temores de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas encontre-se fora de seu país de nacionalidade e não possa ou não queira acolher-se à proteção de tal país;
II - não tendo nacionalidade e estando fora do país onde antes teve sua residência habitual, não possa ou não queira regressar a ele, em função das circunstâncias descritas no inciso anterior;
III - devido a grave e generalizada violação de direitos humanos, é obrigado a deixar seu país de nacionalidade para buscar refúgio em outro país. (BRASIL, 1997)
Dentro da Lei 9.474/97 há o Comitê Nacional para Refugiados (CONARE), que faz parte do Ministério da Justiça, que recebe os pedidos de refúgio e instaura políticas assistenciais a essas pessoas. Vale ressaltar que o Brasil adota o termo “refugiado” admitido pela Organização das Nações Unidas. 
O pedido de refúgio deve ser realizado pelo indivíduo na fronteira ou dentro do território nacional e pode ser feito a qualquer momento após sua chegada pela “Delegacia da Polícia Federal ou autoridade migratória na fronteira e solicitar expressamente o refúgio para adquirir a proteção do governo brasileiro” (ACNUR, 2014, p. 4), preenchendo um termo de solicitação, informando endereço, telefone e e-mail para contato.
	O estrangeiro pode pedir refúgio no Brasil de forma totalmente gratuita, por um funcionário do CONARE na língua que o solicitante entenda e se preferir, um advogado. É importante que transmita toda informação e documentação ao Comitê. Se o solicitante não comparecer à entrevista com o CONARE fica sujeito ao ARQUIVAMENTO da sua solicitação de refúgio” (ACNUR, 2014, p. 17).
	Após a solicitação ele não poderá ser deportado para seu país de origem caso haja perigo de vida ou de sua liberdade. Vale ressaltar que “não é possível solicitar a condição de refugiado estando fora do território brasileiro, em consulado ou embaixada brasileira no exterior” (ACNUR, 2014, p. 5). Além disso, mesmo entrando no país de forma irregular “não constitui impedimento para o estrangeiro solicitar refúgio às autoridades competentes” (ACNUR, 2014, p. 15) sendo sigilosa toda informação relatada pelo estrangeiro.
	Quanto aos menores de idade “desacompanhadas ou separadas da sua família será designado judicialmente um adulto responsável” (ACNUR, 2014, p. 15) podendo ser um familiar ou não. Depois da solicitação de refúgio será gerado um protocolo provisório com validade de 180 dias podendo ser renovado pelo CONARE nos postos da Polícia Federal, com este protocolo o estrangeiro pode emitir Carteira de Trabalho e CPF. O pedido será analisado por membros do Comitê e o resultado da solicitação pode ser acompanhado em qualquer posto da Polícia Federal. Se confirmado, o estrangeiro receberá um “Registro Nacional de Estrangeiros (RNE), documento de identidade dos estrangeiros no Brasil. 
A emissão e a renovação do RNE são feitas pelo site ou em qualquer unidade da Polícia Federal” (ACNUR, 2014, p. 20). Caso o pedido seja negado, o indivíduo pode solicitar um advogado e apresentar um recurso para o Ministro da Justiça dentro de 15 dias após o recebimento da notificação, argumentando porquê deve ser reavaliada sua solicitação. Se mesmo após o recurso a determinação do Ministro da Justiça seja contrária, o estrangeiro estará sujeito a atual Lei de Estrangeiros do país. É importante em todo este processo de tramitação manter endereço e telefones atualizados junto à Polícia Federal e no CONARE.
	Em relação aos migrantes, foi sancionada no Brasil em 24 de maio de 2017 a Lei 13.445 chamadas de Lei de Migração. Esta lei assegura os mesmos direitos que são reconhecidos aos cidadãos brasileiros como saúde, segurança e educação. Além disso, possibilita que todo migrante possa trabalhar de forma digna e assalariada, de acordo com a CLT e ocupar cargos públicos.
	Não podemos tratar estas pessoas apenas como estatísticas, pois por trás destes números existem seres humanos que deixaram para trás suas origens, suas famílias e suas referências culturais em busca de melhores condições de sobrevivência.
2.3 Sociologia Crítica
O século XX foi marcado pela urbanização da sociedade, no final do século XIX e início do século XX, a indústria fabril estava em ascensão passando por uma grande mudança, especialmente no sistema produtivo, tendo em vista a incorporação de novas tecnologias no modo de produção. 
Aconteceu também na virada do século XIX para o século XX o fluxo migratório sendo esse o maior fluxo imigratório já vivido pelo país pois muitos europeus maioria italiana vieram para o Brasil, sendo o foco deles a Argentina, América do norte e o Brasil, pois muitos italianos estavam dispostos a abandonar sua terra natal e se aventurar em países distantes porém eles não podiam competir com os proprietários rurais maiores então muitas vezes se transformavam em mão-de-obra barata, nisso o governo brasileiro viu uma possibilidade de um público carente de “aventura” e então investiram nas propagandas publicitária. Isto ocorreu por uma junção de fatores internos e externos. 
A Europa vivenciava os desdobramentos da Revolução Industrial e com suas consequências como na dispensa de mão-de-obra, explosão demográfica, facilitação dos meios de transporte e comunicação, agitações políticas. De acordo com os historiadores, o incremento da política imigrantista ocorrida na segunda metade do século XIX relaciona-se diretamente com o processo de Abolição da Escravatura.
No Brasil a imigração ocorreu nos anos 1530, os portugueses vieram para o nosso país para dar início ao plantio de cana-de-açúcar, mais tarde 1818 marcou a chegada dos primeiros imigrantes não-portugueses, que vieram para cá devido ao enorme tamanho do território brasileiro e ao desenvolvimento das plantações de café. 
No ano de 1819 vieram os suíços, que chegaram e se instalaram no Rio de Janeiro, os alemães, que vieram logo depois, em 1824, e foram para o Rio Grande do Sul, os eslavos, originários da Ucrânia e Polônia, habitando o Paraná, os turcos e os árabes, que se concentraram na Amazônia, os italianos de Veneza, Gênova, Calábria, e Lombardia, que em sua maior parte vieram para São Paulo. 
Com a abolição da escravatura de 88 o governo brasileiro decidiu incentivar a vinda dos europeus ao Brasil para mão de obra barata para substituir os escravos nas lavouras de café.
Grande parte dos imigrantes que chegaram ao Brasil na virada do século XX rumaram para as cidades. Alguns grupos de imigrantes tinham predileção pelos centros urbanos, em particular os portugueses, a cidade também recebia grande número de ex-escravos recém-saídos do cativeiro, bem como de migrantes nordestinos fugindo dos flagelos da seca. 
Os estrangeiros que se fixaram nos centros urbanos encontraram um ambiente bem mais hostil do que aqueles que rumaram para as zonas rurais.  	Enquanto as regiões agrícolas eram enormes e mais fácil encontrar emprego, nos centros urbanos a competição no mercado de trabalho se mostrava mais intensa, os imigrantes eram vistos pelos brasileiros como competidores no mercado de trabalho e eram frequentemente vítimas de agressividade e xenofobia, a partir do momento em que passa a transição do trabalho escravo para o assalariado, os imigrantes conseguiram monopolizar amplos setores produtivos. 
Como consequência do fluxo de imigração começou a miséria inicial dos imigrantes no Brasil também se refletia no envolvimento regular de europeus no mundo do crime no tecido urbano brasileiro.  
Obrigando a se mudar de um ambiente rural para o urbano, conduzindo à quebra dos vínculos familiares e à precariedade do trabalho, levavam muitos estrangeiros a terminarem seus dias na mendicância e vadiagem ou aabraçarem a criminalidade como forma de vida. 
Nas décadas de 1980 e 1990, no auge das reestruturações do capitalismo voltadas para o enfrentamento da crise iniciada nos anos 1970, desenvolveu-se uma teoria que vislumbrava naquele momento o nascimento de uma sociedade “pós-industrial” ou “pós-capitalista”, que viria ser responsável por várias mudanças (Gounet, 2000, pg 93).
O homem é um ser social e gregário. Não obstante, é certo que ele não se fixa definitivamente ao lugar onde nasce. São constantes, na história da humanidade, as migrações empreendidas por grupos humanos na busca de melhores condições de vida. Em cenário de globalização essa questão fica ainda mais evidenciada. 
A globalização dos mercados é um fato já consumado, que acarretou profundas mudanças no campo econômico. Uma de suas consequências é a própria migração de empresas e grupos econômicos de um para outro país, em busca de melhores condições fiscais e mão-de-obra mais barata, por esse motivo muitos postos de trabalhos são fechados. 
Esse fenômeno pode ser observado no Brasil, que tanto exporta quando recebe mão-de-obra em busca de empregos com melhor e melhor renumeração com isso acabou recebendo um crescente número de estrangeiros que vem ao país por razões bem variadas, desde o turismo, residência, refúgio, exílio, causas naturais e outras. 
O processo imigratório foi de extrema importância para a formação da cultura brasileira. Esta, foi, ao longo dos anos, incorporando características dos quatro cantos do mundo. Basta pararmos para pensar nas influências trazidas pelos imigrantes, que teremos um leque enorme de resultados: o idioma português, a culinária italiana, as técnicas agrícolas alemãs, as batidas musicais africanas e muito mais. Graças a todos eles, temos um país de múltiplas cores e sabores. Um povo lindo com uma cultura diversificada e de grande valor histórico. Recentemente tivemos a imigração de bolivianos, 
2.4 Fundamentos Históricos, Teóricos e Metodológicos do Serviço Social II
O surgimento do Serviço Social no Brasil ocorre entre as décadas de 1930 e 1940, bem como, sua constitucionalização, resultante de dois processos que relacionados geraram as condições sócio históricas necessárias para que a profissão iniciasse seu percurso no território brasileiro. 
O primeiro processo é o redimensionamento do Estado que decorre da transição do capital, de um estágio concorrencial para a fase monopólica, o Estado intervém no processo econômico desde a ascensão da burguesia, mas é no capitalismo monopolista que esta intervenção muda estrutural e funcionalmente. Para o autor “no capitalismo monopolista, as funções políticas do Estado imbricam-se organicamente com as suas funções econômicas” (Netto, 2010, p. 25).
O segundo Processo está vinculado à busca pela recuperação da hegemonia ideológica da Igreja Católica, através do fortalecimento da Ação Católica Brasileira. 
Como profissão inscrita na divisão do trabalho, o Serviço Social surge como parte de um movimento social mais amplo, de bases confessionais, articulado à necessidade de formação doutrinária e social do laicato, para uma presença mais ativa da Igreja Católica no ‘mundo temporal’, nos inícios da década de 30. Na tentativa de recuperar áreas de influências e privilégios perdidos, em face da crescente secularização da sociedade e das tensões presentes nas relações entre Igreja e Estado, a Igreja procura superar a postura contemplativa (IAMAMOTO, 2012, p. 18).
	A origem do Serviço Social brasileiro está embriagada à ação da Igreja Católica junto ao Estado, mudanças econômicas e políticas alternavam a face do pais naquele momento. A profissão surge com objetivos claros, dar respostas a “questão social” e ao movimento operário popular, no sentido de controlá-lo. Portanto, a fase inicial do Serviço Social é pautada num posicionamento moralizador em face das expressões da “questão Social”.
Essa concepção conservadora ignora a estrutura societária, contribuindo para obscurecer para os Assistentes Sociais – durante um amplo lapso de tempo – os determinantes da “questão social” o que caracterizou uma cultura profissional acrítica, sem um horizonte utópico que os impulsionasse para o questionamento e às ações consequentes em prol da construção de novos e diferentes rumos em face das diretrizes sociais postas e assumidas pela profissão (FORTI, 2013, p. 99).
	Durante este período a intervenção profissional se dava através de atividades de caridade, contando com famílias da burguesia e o aporte do Estado, que possibilitava a realização de obras sociais, nesta época surge duas instituições assistenciais oriundas do processo de desenvolvimento capitalista, essas ações foram consideradas o embrião do Serviço Social no Brasil. Desta maneira o Serviço Social Tradicional é pautado através de um viés de formação social, moral e intelectual das famílias, ou seja, através de um trabalho tido como educativo. 
	O Serviço Social Brasileiro nos anos 1960 representou o início de um processo de reformulação global que se prolongou por três décadas, nesta época surge o Movimento de Reconceituação, considerado um marco decisivo do processo de revisão crítica do Serviço Social. O Movimento de Reconceituação, como aponta Netto (2010), “é, sem qualquer dúvida, parte integrante do processo internacional de erosão do Serviço Social ‘tradicional’”.
	No Brasil no ano de 1964 ocorre a ditadura militar, que fez com que a participação e influência dos brasileiros no Movimento Reconceituação fossem minadas, foram muitas as transformações sofridas pela instalação do regime militar, entre elas repressão e violação dos direitos. 
	A década de 1980 é marcada como um período de maioridade intelectual do Serviço Social, pois, a partir daí ocorre a compreensão acerca do significado social da profissão na sociedade capitalista, bem como suas ambiguidades inerentes à pratica profissional que era mediar as relações entre quem demanda (trabalhadores) e quem remunera (patronato/Estado) seus serviços.
	A profissão do Serviço Social que emergiu no contexto capitalista, tratava de garantir os direitos pautados nos princípios de dignidade, igualdade e justiça social, compreende-se que os assistentes sociais estavam vinculados a categoria dos direitos humanos.
É difícil imaginar em que situações o Serviço Social não atue com direitos humanos. Mesmo sob limitações institucionais e conjunturais, dimensões como as de elucidá-los aos usuários e contribuir para a apreensão da relação dos direitos com as legislações existentes estão no horizonte da atuação profissional no Brasil. Na concepção aqui defendida, portanto, é possível antever que todos os assistentes sociais atuam com direitos humanos (RUIZ, 2011, p. 80, grifos dos autores).
	Em plena era capitalista ocorre a Revolução Industrial que instituiu o direito ao trabalho, no entanto, esse trabalho ofertado aos proletários era baseado na exploração, no qual os donos de produção (burgueses) estipulavam as regras como horas de trabalho e salários dos trabalhadores. Com esta oferta de trabalha começa a emergir o fluxo de imigrantes em busca de trabalho, onde se formou os primeiros territórios urbanos, as cidades e um contingente de trabalhadores, nesta fase do capitalismo, as condições de vida e de trabalho eram caracterizadas pela miséria, sem legislação trabalhista e com exploração de mulheres e crianças. 
	O serviço social emergiu junto a busca de direitos trabalhistas dos proletários por melhores condições de trabalho e garantia de proteção, foram criados os sindicatos, resultante destes esforços. O direito ao trabalho digno e a proteção social são frutos das lutas dos trabalhadores como resposta as transformações da revolução industrial. 
2.5 Ciência Política
O artigo 1° da Declaração Universal dos Direitos humanos estabelece que: "Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. A Constituição Federal de 1988, por sua vez, trata em seu artigo 5° sobre a igualdade e liberdade, todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquernatureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Rui Barbosa afirma: 
A regra da igualdade consiste senão em aquinhoar desigualmente os desiguais, na medida em que sejam desiguais. Nessa desigualdade social, proporcionada à desigualdade natural, é que se acha a verdadeira lei da igualdade. Tratar como desiguais a iguais, ou desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real (OLIVEIRA, 1956, p.32). 
A igualdade exerce uma função muito importante de princípio norteador das políticas públicas de inclusão social, visando a diminuição da miséria, da pobreza, da fome, do analfabetismo, tentando proporcionar a todos uma vida humana digna. 
Grandes nomes, pensadores da Ciência destacaram –se quando o assunto se diz respeito a Declarações de Direitos dos Humanos os chamados "contratualistas" são os filósofos que defendiam que o homem e o Estado fizeram uma espécie de acordo um contrato a fim de garantir a sobrevivência, como por exemplo: Hobbes descreveu que os seres humanos são naturalmente iguais e, por terem excessiva liberdade, lutam uns contra os outros na defesa de interesses individuais, havendo a necessidade de um acordo entre as pessoas, dizia que o ser humano, que é egoísta, se submetia a um poder maior, somente para que pudesse viver em paz e também ter condição de prosperar paltando que todos os indivíduos de uma determinada sociedade deveriam renunciar à liberdade e dar ao Estado o direito de agir em seu nome, sendo assim o Estado por sua vez responsável pela garantia de direitos desses indivíduos. 
Já Rousseau, por sua vez destacou: “O homem nasceu livre e por toda a parte vive acorrentado. Basicamente ele quis dizer que o homem de fato nasce livre, entretanto, vive preso, sendo comandado e seguindo ordens de outros que se acham superiores, tornando se escravos. Para Rousseau, por natureza, existiam desigualdades, mas pela convenção do contrato social todos se tornavam perfeitamente iguais. Rousseau relaciona o aparecimento da propriedade privada com o surgimento das desigualdades sociais, para ele era preciso que surgisse o Estado a fim de garantir as liberdades civis e evitar o caos trazido pela propriedade privada. 
Para Samuel Pufendorf, o fundamento material do direito natural repousa na liberdade, igualdade e sociabilidade dos homens. Segundo ele a liberdade é um direito natural. Para John Locke, o indivíduo possui direitos naturais inalienáveis que não podem ser abdicados, em razão de todos os homens nascerem livres e iguais. Segundo ele, o homem vivia num estado natural onde não havia organização política, nem social. Estavam num estado de guerra permanente onde não era possível o desenvolvimento de nenhuma ciência ou arte. O problema é que não existia um juiz, um poder acima dos demais que pudesse fiscalizar se todos estão gozando dos direitos naturais, para solucionar este vazio de poder, os homens vão concordar, livremente, em se constituir numa sociedade política organizada. 
Na realidade não é possível falar em igualdade de dignidade e de direito em um país marcado pelas desigualdades, pela violência contra os pobres, pela fome, pela ausência de moradia digna, onde saúde e educação são privilégios de poucos, onde deveria ser direito de todos. 
Ao longo dos anos tem sido desenvolvida ações específicas, buscando eliminar ou reduzir as desigualdades existentes entre a sociedade dentre elas se destaca as ações afirmativas que são medidas que tem por objetivo reverter a histórica situação de desigualdade e discriminação a que estão submetidos indivíduos de grupos específicos. Elas partem do reconhecimento de que alguns grupos sociais tais como os negros, os indígenas e as mulheres que foram historicamente privados de seus direitos, essas ações afirmativas podem ser adotadas tanto de forma espontânea, quanto de forma compulsório. 
O Brasil é um Estado Democrático de Direito porque possui nas suas leis a limitação do exercício político. No Estado de Direito, o respeito à pessoa Humana deve estar acima de qualquer interesse do Estado, jamais der ser posto em segundo plano, e prevê os direitos do cidadão à vida, à saúde, à educação, à moradia, aos direitos civis, descritos na nossa CF, também conscientiza o indivíduo de sua participação em sociedade organizada, com o objetivo de buscar os interesses coletivos, visando o bem comum, ou seja, um estado de Bem-Estar Social. 
Na questão de desigualdade social o brasil tem sido um cartão de visita para o mundo, pois é um dos países mais desiguais. Alguns dos pesquisadores que estudam a desigualdade social brasileira atribuem, em parte, a persistente desigualdade brasileira a fatores que remontam à Brasil colônia, pré-1930, todavia, a desigualdade social no Brasil tem sido percebida nas últimas décadas, não como herança pré-moderna, mas sim como decorrência do efetivo processo de modernização que tomou o país a partir do início do século XIX. 
A sociedade brasileira deve perceber que sem um efetivo Estado democrático, não há como combater ou mesmo reduzir significativamente a desigualdade social no Brasil. (Camargo, s.d.) 
Junto com o próprio desenvolvimento econômico, cresceu também a miséria, as disparidades sociais, como consequência gerando o desemprego, a fome que atinge milhões de brasileiros, a desnutrição, a mortalidade infantil, a baixa escolaridade, a violência etc. As desigualdades é fruto do Capitalismo, enquanto existir esse modo de produção as desigualdades iram existir. 
CONCLUSÃO
 Concluímos que a interação do Serviço Social e Antropologia, há poucos vem se concretizando no Brasil, já que é colocada indispensáveis para o desenvolvimento do trabalho do Assistente Social, através dela tomamos conhecimento de várias culturas e formas de viver.
Os fundamentos teóricos, Históricos e Metodológicos nos proporcionam total entendimento de como tudo começou e como desenvolveu o Serviço Social.
É através desses estudos que compreendemos tanta desigualdade social, tanta pobreza, fazendo com que pessoas se desloquem de seu país para uma vida mais digna, acesso à educação e saúde, chamamos de refugiados, pessoas que fogem por falta de proteção motivadas por guerras, também há imigrantes que diferente de refugiados saem de seu pais de origem para tentar uma vida melhor, com mais possibilidades, com esperanças de uma vida com qualidade.
Em relação aos imigrantes no Brasil todos tem direitos e acessos. O processo migratório foi de extrema importância para a formação da cultura brasileira, e também tantas diversidades.
A igualdade exerce uma função muito importante de princípio norteador das políticas públicas de inclusão social, visando a diminuição da miséria tentando proporcionar a todos uma vida humana digna, mas no Brasil a realidade é outra a desigualdade vem sendo percebida a tempos em efetivo processo de modernização, junto com o próprio desenvolvimento econômico, miséria, desemprego, fome, baixa escolaridade. A desigualdade é fruto do capitalismo.
	
REFERENCIAS
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