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Contratos - Resumo

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Aula 2 – Contratos – 01.03.21 
 
PRIMEIRA PARTE => Abordagem dos seguintes temas do Programa da Disciplina: 
 
4. Os contratos e os diferentes planos do mundo jurídico. 
 
# Os contratos são negócios jurídicos com efeitos pessoais e patrimoniais, de acordo com a declaração de 
vontade das partes. 
 
# Aplica-se, portanto, aos contratos, a análise dos planos de existência, validade e eficácia, conforme visto 
na disciplina IEDP-II (Teoria do Fato Jurídico e Negócio Jurídico). 
 
5. Os requisitos de validade dos contratos (CC 104). 
 
# O Plano da Validade dos Negócios Jurídicos se aplica aos contratos, inclusive com as distinções entre 
nulidade e anulabilidade. 
 
5.1. Requisitos gerais: 
 
# Mesmos requisitos de validade dos negócios jurídicos: 
 
a) Agente CAPAZ e LEGITIMADO para o negócio; 
b) Objeto LÍCITO, POSSÍVEL e DETERMINADO/DETERMINÁVEL; 
c) Forma adequada ao negócio PRESCRITA em lei ou, sendo LIVRE, que não seja “DEFESA” (não 
proibida pela norma); 
d) Manifestação de vontade LIVRE e DE BOA FÉ 
 
5.2. Requisito específico: 
 
# Existem regras de validade gerais e especiais aplicáveis aos diversos tipos de contrato: 
 
a) Regras Gerais de Validade: 
 
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da 
natureza do negócio. 
Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código. 
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. 
 
b) Regras Especiais de Validade: Cada contrato tem regras próprias de validade, a exemplo: 
 
* Compra e Venda: Art. 489. Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a 
fixação do preço. 
* Doação: Art. 548. É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsistência do doador. 
 
6. Lugar de formação do contrato (CC 435 e LICC 9o, §2º). 
 
# O lugar do contrato civil ou empresarial é aquele onde tem domicílio o Proponente (figura que será 
estudada a seguir) – art. 435 (Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto), do CC e art. 
9°, § 2°, da LINDB. 
 
7. A formação dos contratos. 
 
# Sobre a Formação dos Contratos, o Código Civil prevê duas fases para que seja formado um contrato: a 
Proposta (manifestação objetiva da vontade de negociar, que vincula o proponente) e a Aceitação (resposta 
tempestiva à proposta, concluindo o negócio). A doutrina e a jurisprudência, porém, admitem pacificamente 
a possibilidade de se verificarem as fases pré-contratual (tratativas ou negociações preliminares) e pós-
contratual (ex.: Dever de assistência). 
 
7.1. A fase pré-contratual (tratativas ou negociações preliminares) e a possibilidade de responsabilização 
civil pré-contratual. 
 
# Fase Pré-Contratual (Negociações Preliminares, Puntuação ou Tratativas): Trata-se das conversações 
preliminares, nas quais as partes trocam impressões, formulam hipótese e calculam o possível proveito 
econômico da eventual contratação. Em regra, esta fase pré-contratual não cria direitos nem obrigações, pois 
ninguém é obrigado a contratar (Princípio da Autonomia da Vontade). Porém, embora omisso o art. 422, as 
tratativas podem gerar responsabilidade civil, decorrente da falta de boa-fé objetiva. 
 
7.2. A proposta (ou oferta). 
 
# Proposta (Policitação ou Oferta): Manifestação objetiva da intenção de contratar (oferta de venda, proposta 
de aluguel, etc.). A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da 
natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. Deixa de ser obrigatória nas hipóteses doa arts. 428 e 
429, do CC. 
 
ATENÇÃO: Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta: 
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por 
telefone ou por meio de comunicação semelhante; 
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente; 
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado; 
IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente. 
Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar 
das circunstâncias ou dos usos. 
Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta 
realizada. 
 
7.3. A aceitação e suas regras 
 
# Aceitação (Resposta ou Oblação): É a manifestação da vontade, expressa ou tácita, da parte do destinatário 
de uma proposta, feita dentro do prazo, aderindo a esta em todos os seus termos, tornando o contrato 
definitivamente concluído, desde que chegue, oportunamente, ao conhecimento do ofertante. Entre ausentes, 
adota-se como regra o momento da expedição da resposta (postagem da carta, envio do e-mail, etc.), 
conforme art. 434, do CC. 
 
* Obs.: Fase Pós Contratual: Os contratantes, mesmo após a execução das obrigações pactuadas, continuam 
mantendo alguns vínculos decorrentes do pacto celebrado. Exemplo clássico dos reflexos dos contratos após 
a extinção é o dever de assistência, especialmente para as hipóteses de defeito do produto alienado (vícios 
redibitórios). 
 
 
 
SEGUNDA PARTE => QUESTÕES: 
 
1 - (FCC - PM/Teresina – Procurador – 2016) Paulo, Pedro e João firmaram um contrato, estabelecendo que, 
quando seu pai, ainda vivo, falecer, a herança será assim distribuída: metade para Paulo, 1/4 para Pedro e 1/4 
para João. Esse contrato é 
(A) sempre válido. 
(B) anulável. 
(C) nulo. 
(D) válido se não existirem outros herdeiros. 
(E) válido se não prejudicar credores. 
 
2 - (TJ/AC – Analista Judiciário – 2012) É lícito estipular em contrato a chamada pacta corvina, ou seja, 
determinar que a herança de pessoa viva possa ser objeto de contrato. 
 
3 - (FCC – TRF3 – Analista Judiciário – 2019 - adaptada) Considere as seguintes proposições acerca dos 
contratos: 
I. Nos contratos de adesão, serão válidas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a 
direito resultante da natureza do negócio, desde que redigidas de forma clara e com destaque. 
II. É vedado, em qualquer hipótese, celebrar contrato que tenha por objeto a herança de pessoa viva. 
III. Considera-se celebrado o contrato no lugar em que foi aceito, se diverso daquele onde foi proposto. 
IV. Se a parte enviar a aceitação de uma proposta entre ausentes dentro do prazo da policitação, porém a 
proponente só confirmar o recebimento após o prazo, ainda assim é considerada tempestiva a aceitação. 
De acordo com o Código Civil, está correto o que consta APENAS de 
(A) I e II. 
(B) I e III. 
(C) II e IV. 
(D) III e IV. 
(E) II e III. 
 
4 - (Câmara Municipal/Palmas/TO – Procurador – 2018) Como regra geral as tratativas preliminares não 
possuem força vinculante, todavia, há responsabilidades quando uma parte cria expectativas e sem motivo 
justificável as encerra. 
 
5 - (FCC - TRE/RN – Técnico – 2011) Quando, simultaneamente à determinada proposta de contrato, 
chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente, esta 
(A) deixa de ser obrigatória. 
(B) continua sendo obrigatória tendo em vista que a retratação deve chegar ao conhecimento do proponente 
antes da proposta. 
(C) continua sendo obrigatória, mas a retratação pode gerar efeitos dependendo do seu conteúdo jurídico. 
(D) passa a não existir, mas o proponente responderá pelas perdas e danos provenientes da retratação. 
(E) passa a não existir, mas o proponente arcará com a multa prevista no Código Civil brasileiro de 10% 
sobre o valor da proposta. 
 
 
6 – (TJ/PR – Notários – Remoção – 2019) Numa conversa amistosa, João oferece seu carro a Pedro que, 
imediatamente, demonstrainteresse em comprar o veículo do amigo. Sabendo que João é muito cuidadoso 
com seus bens, Pedro oferece um valor mais do que razoável ao veículo ofertado por João, que aceita a 
contraproposta, sendo o contrato celebrado imediatamente. Entretanto, ainda de posse do carro, passados 
dois dias da negociação, João oferta o mesmo veículo a Maria, e esta oferece o dobro do valor sugerido por 
Pedro. Levando em consideração o caso acima, assinale a alternativa correta. 
a) O contrato celebrado entre João e Pedro é perfeito, não podendo mais João vender o carro a Maria, sem 
que com isso deva arcar com os prejuízos sofridos por Pedro, ante a instantaneidade do aceite, que torna 
obrigatória a proposta entre presentes. 
b) João deve indenizar Pedro nos termos do Código de Defesa do Consumidor, pois Pedro é 
presumivelmente vulnerável e João é presumivelmente um fornecedor. 
c) Se João e Pedro houvessem negociado entre ausentes, ou seja, não estivessem em uma amistosa conversa, 
um de frente para o outro, permaneceria obrigatória a proposta se, antes dela, ou simultaneamente, chegasse 
ao conhecimento de Pedro a retratação de João. 
d) João pode negociar com Maria, pois a lei da oferta e da demanda dirige o cenário econômico num 
contrato dessa natureza, bastando, para tanto, que João indenize Pedro em eventuais prejuízos. Pedro deverá 
devolver o carro a João ainda que posteriormente à celebração (aceitação) do contrato. 
e) Em nenhuma circunstância, ainda que imprevista, poderá João responder por perdas e danos se negociar 
com Maria em detrimento dos interesses econômicos de Pedro. 
 
7 – (Câmara Federal – Analista Legislativo – Área II – 2014) A aceitação dos contratos, para sua validade, 
deve ser feita de forma expressa, inadmitindo-se outra forma. 
 
8 - (FCC – TJ/MA – Oficial Avaliador – 2019 - Adaptada) A aceitação do contrato fora do prazo, com 
adições, restrições ou modificações, importará nova proposta. 
 
 
GABARITO: 1 - C; 2 - E; 3 - C; 4 - C; 5 - A; 6 - A; 7 - E; 8 - C. 
 
Aula 3 – Contratos – 08.03.21 
 
PRIMEIRA PARTE => Abordagem dos seguintes temas do Programa da Disciplina: 
 
13. Interpretação dos contratos (CC 110-114). 
 
# Como os Contratos são negócios jurídicos, as regras de interpretação firmadas na parte geral do CC são 
aplicáveis àqueles, algumas ratificadas nas normas gerais dos contratos: 
 
# Regras tradicionais de interpretação do Negócio Jurídico aplicáveis aos contratos: 
 
Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que 
manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento. 
Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a 
declaração de vontade expressa. 
Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal 
da linguagem. 
(...) 
Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente. 
 
# Novas regras incluídas pela Lei n. 13.874/2019: 
 
Parâmetros: Regra Geral: Negócios Jurídicos: Regra Específica (Contratos): 
Criado pelos 
contratantes: 
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme 
a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. 
(...) 
§ 2º As partes poderão livremente pactuar regras de 
interpretação, de preenchimento de lacunas e de integração dos 
negócios jurídicos diversas daquelas previstas em lei. 
Art. 421-A. (...) 
I - as partes negociantes 
poderão estabelecer parâmetros 
objetivos para a interpretação 
das cláusulas negociais e de 
seus pressupostos de revisão ou 
de resolução; (...) 
Riscos usuais 
de mercado: 
Art. 113. (...) 
§ 1º A interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o 
sentido que: 
(...) 
II - corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado 
relativas ao tipo de negócio; 
(...) 
V - corresponder a qual seria a razoável negociação das partes 
sobre a questão discutida, inferida das demais disposições do 
negócio e da racionalidade econômica das partes, consideradas 
as informações disponíveis no momento de sua celebração. 
Art. 421-A. Os contratos civis e 
empresariais presumem-se 
paritários e simétricos até a 
presença de elementos concretos 
que justifiquem o afastamento 
dessa presunção, ressalvados os 
regimes jurídicos previstos em 
leis especiais, garantido também 
que: (...) II - a alocação de 
riscos definida pelas partes deve 
ser respeitada e observada; (...) 
Comportamento 
de Boa Fé: 
Art. 113. (...) § 1º A interpretação do negócio jurídico deve lhe 
atribuir o sentido que: 
I - for confirmado pelo comportamento das partes posterior à 
celebração do negócio; (...) 
III - corresponder à boa-fé; (...) 
Art. 422. Os contratantes são 
obrigados a guardar, assim na 
conclusão do contrato, como em 
sua execução, os princípios de 
probidade e boa-fé. 
Interpretação 
dos contratos de 
adesão: 
Art. 113. (...) § 1º A interpretação do negócio jurídico deve lhe 
atribuir o sentido que: 
(...) 
IV - for mais benéfico à parte que não redigiu o dispositivo, se 
identificável; (...) 
Art. 423. Quando houver no 
contrato de adesão cláusulas 
ambíguas ou contraditórias, 
dever-se-á adotar a interpretação 
mais favorável ao aderente. 
 
14. Classificação dos contratos. 
 
# A doutrina pontua diversas classificações para os contratos, que muitas vezes se confundem com espécies 
de negócios jurídicos ou com modalidades de obrigações. 
 
14.1. Critérios gerais. 
 
14.2. Unilaterais, bilaterais e plurilaterais: 
 
a) Generalidades: 
 
Unilaterais: Apenas um dos contratantes assume deveres em face do outro, mesmo havendo duas 
vontades (uma das partes é só credora, e a outra devedora de uma determinada obrigação). Ex.: 
doação simples, mútuo, comodato, fiança. 
Bilaterais: cria direitos e deveres para ambas as partes. Ex. compra e venda, locação, seguro. 
Plurilaterais: acordos de vontades múltiplas. Ex.: contratos de seguro em grupo, consórcio, etc. 
 
# Obs.: A doutrina cita contratos “bilaterais imperfeitos”, como espécies de contratos unilaterais que, na fase 
de execução, podem imputar obrigações ao credor. Ex.: a) Depósito gratuito, quando o depositante se vê 
obrigado a arcar com despesas do depositário por causas supervenientes; b) o comodato gratuito de um livro 
em biblioteca. O atraso na entrega pode gerar multa (aluguel). 
 
b) Os contratos bilaterais, a exceptio non adimplenti contractus e a condição resolutiva tácita (somente nessa 
espécie é possível utilizar a exceptio, bem como se pressupõe que a inadimplência é causa de resolução, 
ainda que não estipulado expressamente pelas partes) => arts. 474 a 476, do CC: 
 
Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial. 
Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, 
cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos. 
Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do 
outro. 
 
# Obs.: O contratante pode abrir mão desta regra geral da relação contratual por meio da cláusula “solve et 
repet”. Quando o descumprimento é parcial, considera-se a exceptio non rite adimplete contractus, com 
ônus da prova para quem justifica o inadimplemento. 
 
14.3. Gratuitos, onerosos e bifrontes: 
 
Onerosos: ambos os contratantes auferem vantagens e devem sacrifícios, que correspondem a uma 
prestação e uma contraprestação. Ex.: compra e venda, troca, prestação de serviços, etc. 
Gratuitos / Benéficos / Liberalidades: só há vantagens ou benefícios para uma das partes, 
enquanto a outra tem um sacrifício sem contraprestação. Ex.: doação pura, comodato, etc. Obs.: a 
interpretação deve ser estrita – art. 114, do CC. 
Bifrontes: contratos que podemser gratuitos ou onerosos, de acordo com a vontade das partes. 
Ex.: mútuo, depósito, mandato, etc. 
 
14.4. Comutativos e aleatórios (são subespécies dos contratos onerosos): 
 
Comutativo / Sinalagmático: existe uma equivalência previamente estabelecida entre a prestação 
(vantagem) e a contraprestação (sacrifício), evitando-se a onerosidade excessiva e a surpresa 
(Função Social e Boa Fé Objetiva). Ex: compra e venda, troca, locação, etc. 
Aleatório: uma das partes vai ter mais vantagem do que a outra, a depender de um fato futuro e 
imprevisível chamado “alea” = sorte. Ex.: contrato de seguro; jogo, aposta. Obs.: A compra e 
venda pode se configurar aleatória, nos termos dos arts. 458-461, do CC: 
- Emptio Spei (alea da esperança): o comprador assume o risco da existência da coisa, sendo 
devido o preço quando não há dolo e culpa do vendedor, mesmo que frustrada a existência (art. 
458, do CC). Ex.: compra futura de safra ou de crias futuras de uma vaca. Se a safra se frustrar 
totalmente ou se a vaca sofrer um aborto natural, sem culpa do vendedor, o preço é devido; 
- Emptio Rei Speratae (alea da quantidade esperada): o comprador assume o risco da 
quantidade. Assim, uma safra previamente alienada, ou uma compra de ações de uma S.A. que vai 
abrir o capital, pode ter um rendimento menor ou maior que o esperado, sendo devido o preço em 
ambos os casos. Se não vier a existir, aí sim nada é devido, pois o risco assumido foi apenas o da 
quantidade, não o da existência (art. 459, do CC). 
- Risco da coisa existente: o comprador assume o risco da coisa existente sofrer danos ou se 
perder, em determinadas situações. Ex.: transporte de mercadoria em zona de guerra, greve 
portuária quando o produto é perecível, etc. Mesmo que ocorra dano ou perda, se a coisa realmente 
existia e o risco foi assumido, não havendo culpa do vendedor, o preço é devido. 
 
14.5. De Execução Imediata (ou instantâneos), de Execução Diferida ou de Trato Sucessivo (execução 
continuada): 
 
Instantâneo / De Execução Imediata: o cumprimento da obrigação ocorre no mesmo momento da 
conclusão do negócio. Ex.: compra e venda, quando o pagamento e a entrega são feitos ao mesmo 
tempo (à vista). 
De Execução Diferida: a conclusão se dá em um momento e a execução da obrigação ocorre 
posteriormente. Ex.: Compra e venda, quando a entrega e o pagamento são a prazo; Compra de 
passagem para viagem em data posterior. 
Obs.: é possível que um mesmo contrato contenha obrigação instantânea e obrigação diferida: Ex.: 
pagamento à vista pelo comprador, mas entrega posterior pelo vendedor. 
De Execução Continuada / Trato Sucessivo: é aquele em que a execução se prolonga no tempo, 
ocorrendo renovações periódicas e sucessivas. Ex.: Locação; seguro de vida ou de saúde; prestação 
de serviços; compra e venda parcelada; financiamentos; etc. 
 
14.6. Consensuais ou reais. 
 
Consensual: o contrato está pronto e existente desde a manifestação de vontade das partes 
(consentimento). É o que ocorre com a maioria dos contratos. 
Real: além do acordo de vontades, a lei vai exigir a entrega da coisa (tradição). Ex.: doação de 
bens móveis (parágrafo único do art. 541), comodato (art. 579), mútuo, depósito (art. 627). 
 
14.7. Paritários ou de adesão. 
 
Paritários: as partes estão em posições relativamente isonômicas no plano negocial, pactuando 
livremente as cláusulas contratuais. Relevante observar o art. 421-A, caput, incluído pela Lei n. 
13.874/19 => Art. 421-A. Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e 
simétricos até a presença de elementos concretos que justifiquem o afastamento dessa presunção, 
ressalvados os regimes jurídicos previstos em leis especiais (...) 
De Adesão / Formulário / Standard: contrato onde um dos pactuantes predetermina as cláusulas 
contratuais e, o outro apenas adere àquela convenção, com pouca ou nenhuma ingerência sobre seu 
conteúdo. Exemplos: contrato de transporte, luz, telefone, seguro, espetáculo público, contrato 
bancário, etc. Neste caso, embora não se trate de ato ilícito, mas de uma necessidade da dinâmica 
dos negócios na sociedade moderna, o Código Civil compensa o natural desequilíbrio dessa 
espécie contratual com regras de interpretação e validade (arts. 113, IV + 423 + 424). 
 
14.8. Intersubjetivos e transindividuais (difusos, coletivos e individuais homogêneos): 
 
Intersubjetivos ou Individuais: estipulação entre determinadas pessoas, ainda que mais de uma, 
porém todas individualizadas. É o que ocorre com a maioria dos contratos tradicionais. 
Transindividuais ou Coletivos em sentido amplo: Alcança grupos não individualizados, reunidos 
por uma relação jurídica base ou por um fato. A distinção entre interesses difusos, coletivos e 
individuais homogêneos tem reflexos processuais e é disciplinada pelo art. 81, do CDC. 
 
9 (14.9). Contrato preliminar (CC 462-466). 
 
Definitivo: Não se vincula a outras pactuações futuras. Assim podem ser classificados a grande 
maioria dos contratos. 
Preliminar / Pactum de Contrahendo: É o contrato celebrado entre as partes com uma obrigação 
de fazer específica: a celebração de outro contrato (definitivo). Tem forma livre, independente da 
forma do contrato principal (art. 462, do CC). Logo, enquanto o contrato definitivo de compra e 
venda de um imóvel com valor acima de 30 salários mínimos deve ser efetivado por escritura 
pública (art. 108, do CC), a promessa de compra e venda relativa àquele contrato pode ser 
celebrada por instrumento particular. A obrigação de fazer que for irretratável (art. 463, do CC) 
pode ser exigida pelas vias da tutela específica do CPC/15; pode ser convertida em perdas e danos 
(art. 465, do CC); ou, ainda, pode ser suprida pelo Juiz, se a natureza do pacto permitir (art. 464, do 
CC). Exemplo de suprimento judicial: adjudicação compulsória (Súmula n. 329, do STJ: O 
direito à adjudicação compulsória não se condiciona ao registro do compromisso de compra e 
venda no cartório de imóveis). 
 
14.10. Outras classificações não previstas expressamente no programa: 
 
Quanto às 
formalidades 
legais: 
Formal: deve obedecer a uma determinada forma prescrita em lei. Ex.: doação, 
fiança, seguro. 
Informal: a forma é livre. É a regra geral (art. 107, do CC). 
Solenes: contrato formal que deve observar uma solenidade pública específica. 
Ex.: negócio que envolva transmissão de direito real de imóvel acima de 30 
salários mínimos (art. 108), pacto pré-nupcial (art. 1639), etc. 
 
Quanto à 
relação de 
dependência 
entre 
contratos: 
Principal / Independente / Originário: é aquele que tem vida própria e existe 
por si só. A grande maioria dos contratos é principal, independente e autônoma. 
Acessório: a existência depende de outro contrato, como os contratos de garantia 
(fiança, seguro fiança, etc.). O contrato acessório segue o principal (Princípio da 
Gravitação Jurídica). A invalidade do principal atinge o acessório, mas o inverso 
não ocorre (art. 184). O contrato acessório é derivado, quando uma parte celebra 
contrato posterior, vinculado ao principal, com terceiro (havendo autorização no 
principal): sublocação, subempreitada, substabelecimento, etc. 
Coligado / Conexo: Os contratos são independentes, mas os efeitos são 
interligados (nexo econômico funcional). Ex.: Venda pela internet e transporte da 
mercadoria. Vide Enunciado n. 621, da JDC/CJF: Os contratos coligados devem 
ser interpretados a partir do exame do conjunto das cláusulas contratuais, de 
forma a privilegiar a finalidade negocial que lhes é comum. 
 
Quanto à 
previsão legal: 
Típico: Tem previsão legal mínima, no CC ou em lei especial. Maioria dos 
contratos (Ex.: as espécies contidas no CC, entre o art. 481 e o art. 853). 
Atípico: Não há previsão legal (contrato de sigilo, de garagem, etc.). Diante da 
autonomia privada, é possível a celebração de contratos atípicos, desde que 
observadas as regras gerais e princípios contidosna legislação (art. 425, do CC). 
 
Quanto à 
vinculação do 
devedor ou do 
credor da 
obrigação. 
Pessoal / Personalíssimo / Intuito Personae: a pessoa do contratante é elemento 
determinante do contrato, que não se transmite, em regra, por ato inter vivos ou 
causa mortis (a morte da parte vinculada extingue o contrato - cessação). Ex: 
mandato, prestação de serviços, fiança, contrato bancário de conta-corrente, 
contrato com um determinado artista, etc. 
Impessoal: A conclusão do contrato ou o cumprimento das obrigações pode ser 
efetivado por outra pessoa, que não a contratante. Ex.: compra e venda, transporte 
(quanto ao motorista ou o piloto, em regra), etc. 
 
15. Objeto do contrato (bens corpóreos e incorpóreos) => Os contratos são negócios jurídicos que podem ter 
como objeto quaisquer espécies de bens ou prestações. 
 
SEGUNDA PARTE => QUESTÕES: 
 
1 - (CESPE – EBSERH – Advogado – 2018) Nos contratos de adesão, as cláusulas que estipulem renúncia 
antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio serão consideradas abusivas, sendo, 
portanto, nulas. 
 
2 - (FCC - SABESP – Advogado – 2018) Com relação aos contratos de adesão, de acordo com o Código 
Civil, 
(A) são anuláveis as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da 
natureza do negócio. 
(B) quando houver cláusulas ambíguas, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao fornecedor de 
produtos ou serviços. 
(C) são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza 
do negócio. 
(D) são válidas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza 
do negócio. 
(E) quando houver cláusulas contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao fornecedor 
de produtos ou serviços. 
 
3 - (TRF 2ª Região – Juiz Federal – TRF2 - 2017) Pessoa jurídica obteve empréstimo junto a certa 
instituição financeira, pelo qual recebeu determinada quantia, com a obrigação de devolvê-la com correção e 
juros de 12% ao ano. Exclusivamente à luz dos dados fornecidos e da visão dominante, classifique o 
contrato citado: 
a) Bilateral imperfeito, de adesão e feneratício. 
b) Unilateral, real e oneroso. 
c) Bilateral, oneroso, formal e de adesão. 
d) Bilateral, real, de adesão e oneroso. 
e) Unilateral, puramente consensual (não real), benéfico e oneroso. 
 
4 - (CESPE – TJ/CE – Juiz Substituto – 2018) Contrato de prestações certas e determinadas no qual as 
partes possam antever as vantagens e os encargos, que geralmente se equivalem porque não envolvem 
maiores riscos aos pactuantes, é classificado como 
A) benéfico. 
B) aleatório. 
C) bilateral imperfeito. 
D) derivado. 
E) comutativo. 
 
5 - (CESPE – TJ/PA – Analista Judiciário - 2020) José e Rafael realizaram um negócio jurídico em que 
ficou estipulado que: José entregaria determinado bem móvel para Rafael, que ficaria autorizado a vender o 
bem, pagando a José, em contrapartida, o valor de quinhentos reais; e Rafael poderia optar por devolver o 
bem, no prazo de vinte dias, para José. De acordo com o Código Civil, nessa situação hipotética foi firmado 
um contrato classificado como 
A) atípico. 
B) solene. 
C) unilateral. 
D) consensual. 
E) comutativo 
 
6 - (CESPE - CGE/CE – Auditor de Controle Interno – 2019) Considere a hipótese de que o objeto de 
determinado contrato corresponda a coisas ou fatos futuros cujo risco de que não venham a existir seja 
assumido pelo contratante, o que acarreta o direito do contratado de receber integralmente o que lhe tiver 
sido prometido, desde que não aja com dolo ou culpa, ainda que nada do que tiver sido pactuado venha a 
existir. Essa hipótese descreve 
A) promessa de fato de terceiro. 
B) estipulação em favor de terceiro. 
C) contrato com pessoa a declarar. 
D) evicção. 
E) contrato aleatório. 
 
7 - (FCC - AL/MS – Assistente Jurídico – 2016) 65. Ricardo firmou com Emanuel contrato por meio do qual 
adquiriu safra de milho que viria a colher no ano seguinte. Em referido contrato, estabeleceu-se preço certo e 
inalterável, a ser pago quando do dia previsto para a colheita, não importando a quantidade de milho colhida, 
se maior ou menor do que a originalmente esperada. Estipulou-se, ainda, que o pagamento seria devido 
mesmo que, por qualquer causa, nenhum grão viesse a ser colhido. As partes expressamente assumiram o 
risco de o contrato ser mais ou menos vantajoso a qualquer uma delas e também quanto à possibilidade de 
que os grãos não viessem a ser colhidos. Referido contrato 
(A) é nulo, porque o Código Civil não admite a compra e venda de coisa futura. 
(B) tem como objeto coisa futura, o que é admitido pelo Código Civil, e obriga as partes ainda que nenhum 
grão venha a ser colhido, tendo em vista tratar-se de contrato aleatório. 
(C) tem como objeto coisa futura, o que é admitido pelo Código Civil, mas somente obriga as partes se os 
grãos vierem a ser colhidos, tendo em vista a vedação a que se firmem contratos aleatórios. 
(D) é inexistente, porque o Código Civil não prevê a compra e venda de coisa futura. 
(E) tem como objeto coisa futura, o que é admitido pelo Código Civil, mas não obriga as partes se os grãos 
não vierem a ser colhidos, tendo em vista a vedação ao enriquecimento sem causa. 
 
8 - (FCC – TRF3 – Analista Judiciário - 2019) 37. Considere as seguintes proposições acerca dos contratos: 
I. Nos contratos de adesão, serão válidas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a 
direito resultante da natureza do negócio, desde que redigidas de forma clara e com destaque. 
II. É vedado, em qualquer hipótese, celebrar contrato que tenha por objeto a herança de pessoa viva. 
III. Considera-se celebrado o contrato no lugar em que foi aceito, se diverso daquele onde foi proposto. 
IV. Se o contrato for aleatório, por se referir a coisas existentes, mas expostas a risco, assumido pelo 
adquirente, o alienante terá direito a todo o preço mesmo que a coisa já não existisse no dia do contrato. 
V. O contrato preliminar deve conter, inclusive quanto à forma, todos os requisitos essenciais ao contrato a 
ser celebrado. 
De acordo com o Código Civil, está correto o que consta APENAS de 
(A) I e II. 
(B) I e III. 
(C) II e IV. 
(D) III e V. 
(E) IV e V. 
 
9 - (Câmara Federal – Analista Legislativo – Área II – 2014) É lícito aos pactuantes entabular contratos 
atípicos, que são assim classificados por contemplarem maior amplitude na autonomia privada e na 
liberdade contratual. 
 
 
GABARITO: 1 - C; 2 - C; 3 - B; 4 - E; 5 - E; 6 - E; 7 - B; 8 – C; 9 - C. 
 
 
Aula 4 – Contratos – 15.03.21 
 
PRIMEIRA PARTE => Abordagem dos seguintes temas do Programa da Disciplina: 
 
8. Princípios fundamentais dos contratos. 
 
8.1. A importância principiológica e os contratos; 
 
# Princípios e regras jurídicas formam o conjunto normativo positivado do direito. Os princípios se 
caracterizam pela abrangência maior, servindo inclusive como critério de legitimação e validade das demais 
regras, o que demonstra sua importância no sistema. 
 
8.2. A principiologia clássica submetida à autonomia da vontade; 
 
# Os princípios norteadores da visão clássica dos contratos se referem à ideia de LIBERDADE dos 
contratantes, (idealização realçada pela nova Lei n. 13.874/19). 
 
8.3. A nova principiologia contratual fundada no Direito Civil-Constitucional; 
 
# Os princípios constitucionais que influenciaram o Código Civil de 2002, após CF/88, respaldam-se no 
fundamento maior da Dignidade da Pessoa Humana, possibilitando a Intervenção do Estado para Garantir o 
Equilíbrio e a Eticidade das relações jurídicas. 
 
8.4. Os princípios vetores do Direito Contratual; 
 
8.4.1. Boa-fé objetiva; 
 
# Princípio que decorre da fase de reconhecimento da constitucionalização do Direito Civil, após 
Constituição de 1988. Principais característicase regras vinculadas: 
 
Objetividade Enunciado n. 26 – Art. 422: A cláusula geral contida no art. 422 do novo 
Código Civil impõe ao juiz interpretar e, quando necessário, suprir e corrigir o 
contrato segundo a boa-fé objetiva, entendida como a exigência de 
comportamento leal dos contratantes. 
Fases Pré e Pós-
Contratual: 
Enunciado n. 25 – Art. 422: O art. 422 do Código Civil não inviabiliza a 
aplicação pelo julgador do princípio da boa-fé nas fases pré-contratual e pós-
contratual. 
Enunciado n. 170 – Art. 422: A boa-fé objetiva deve ser observada pelas partes 
na fase de negociações preliminares e após a execução do contrato, quando tal 
exigência decorrer da natureza do contrato. 
Deveres Anexos 
e Violação 
Positiva: 
Enunciado n. 24 – Em virtude do princípio da boa-fé, positivado no art. 422 do 
novo Código Civil, a violação dos deveres anexos constitui espécie de 
inadimplemento, independentemente de culpa. 
Funções da Boa 
Fé Objetiva do 
Direito Civil: 
a) Interpretação de Negócios Jurídicos (art. 113); 
b) Norma de Conduta dos Contratantes (art. 422); 
c) Fundamento de Ilicitude e Responsabilidade Civil (187, 
Tu Quoque: Regra oriunda da célebre frase de Julio César ao sobrinho Brutus, quando 
apunhalado covardemente (tu quoque Brutus, fili mio?), significa que é vedado 
à parte adotar comportamento não previsto na avença que cause prejuízo à outra 
parte. 
Venire Contra 
Factum 
Proprium: 
Em nome da segurança e da confiança, veda-se que um agente, em momentos 
diferentes, adote comportamentos contraditórios entre si, prejudicando outrem 
(ex.: art. 330). 
Supressio: É a perda ou diminuição de um direito pela a parte que deixa de exercê-lo por 
determinado espaço de tempo – consequência negativa do venire contra factum 
proprium. 
Surrectio: É consolidação de um direito ou obtenção de uma posição mais favorável para 
uma das partes em face do comportamento reiterado da outra – consequência 
positiva do venire contra factum proprium. 
Duty to mitigate 
the loss 
Enunciado n. 169 – Art. 422: O princípio da boa-fé objetiva deve levar o credor 
a evitar o agravamento do próprio prejuízo. 
 
8.4.2. Função social do contrato; 
 
# Também é um princípio que é vinculado ao ideal de constitucionalização do Direito Civil, permitindo a 
intervenção do Estado para equilibrar as relações contratuais e garantir os interesses sociais e de terceiros. 
Principais características e regras vinculadas: 
 
Função Social 
Externa: 
Respeito a direitos sociais; Equilíbrio econômico da comunidade; Proteção ao 
patrimônio ambiental, cultural, histórico e artístico. 
Função Social 
Interna: 
Equilíbrio entre os contratantes e intervenção judicial ou extrajudicial para evitar a 
onerosidade excessiva e restaurar a proporcionalidade. 
Enunciado n. 360 – Art. 421: O princípio da função social dos contratos também 
pode ter eficácia interna entre as partes contratantes. 
 
Princípio do 
Adimplemento 
Substancial x 
Resolução: 
Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de 
interpelação judicial. 
Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, 
se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, 
indenização por perdas e danos. 
Enunciado n. 361 – Arts. 421, 422 e 475: O adimplemento substancial decorre dos 
princípios gerais contratuais, de modo a fazer preponderar a função social do 
contrato e o princípio da boa-fé objetiva, balizando a aplicação do art. 475. 
 STJ – REsp n. 1.622.555/MG – Informativo n. 599 (11.04.17): “Não se aplica 
a teoria do adimplemento substancial aos contratos de alienação fiduciária em 
garantia regidos pelo Decreto-Lei 911/69.”. 
Contrato de 
Adesão: 
Arts. 423 e 424. Interpretação: 
Enunciado n. 171 – Art. 423: O contrato de adesão, mencionado nos arts. 423 e 
424 do novo Código Civil, não se confunde com o contrato de consumo. 
Enunciado n. 172 – Art. 424: As cláusulas abusivas não ocorrem exclusivamente 
nas relações jurídicas de consumo. Dessa forma, é possível a identificação de 
cláusulas abusivas em contratos civis comuns, como, por exemplo, aquela 
estampada no art. 424 do CC/02. 
Enunciado n. 364 – Arts. 424 e 828: No contrato de fiança é nula a cláusula de 
renúncia antecipada ao benefício de ordem quando inserida em contrato de 
adesão. 
Enunciado n. 433 – Art. 424: A cláusula de renúncia antecipada ao direito de 
indenização e retenção por benfeitorias necessárias é nula em contrato de locação 
de imóvel urbano feito nos moldes do contrato de adesão. 
 
8.5. Os demais princípios do Direito Contratual; 
 
# Os outros princípios a seguir destacados seguem a regulamentação clássica dos contratos, ainda vigente e 
realçada pela Lei n. 13.874/2019. 
 
8.5.1. Autonomia privada (ou autonomia negocial); 
 
Liberdade de 
Contratar: 
Direito de decidir se irá ou não assumir uma obrigação. Ex.: 
“1. Nos casos de renegociação de contrato de financiamento habitacional não está o 
agente financeiro obrigado a renegociar o débito, mas apenas autorizado, inexistindo 
obrigação legal dirigida à CEF para rever o pactuado, nos termos do art. 3º da Lei nº 
11.922/2009. (...) 3. Esta Corte Superior entende que, no direito civil pátrio, 
predomina a autonomia da vontade, de modo que se confere total liberdade negocial 
aos sujeitos da relação obrigacional. Precedentes.” 
[AgInt no AREsp 1093164 / RJ – DJe 02.04.2018] 
Liberdade 
Contratual: 
Direito de decidir com quem se irá contratar, qual o conteúdo do contrato e, se 
possível, a sua forma. Ex.: 
“Não é abusiva a mera previsão contratual que estabelece a duplicação do valor do 
aluguel no mês de dezembro em contrato de locação de espaço em shopping center. 
(...) A liberdade contratual representa o poder conferido às partes de escolher o 
negócio a ser celebrado, com quem contratar e o conteúdo das cláusulas contratuais. 
É a ampla faixa de autonomia conferida pelo ordenamento jurídico à manifestação 
de vontade dos contratantes.” 
[STJ - REsp 1.409.849-PR – Informativo n. 582] 
Contratos ou 
cláusulas 
atípicas 
Enunciado n. 582 – Arts. 421 e 425: Com suporte na liberdade contratual e, 
portanto, em concretização da autonomia privada, as partes podem pactuar 
garantias contratuais atípicas. 
Enunciado n. 631 – Art. 946: Como instrumento de gestão de riscos na prática 
negocial paritária, é lícita a estipulação de cláusula que exclui a reparação por 
perdas e danos decorrentes do inadimplemento (cláusula excludente do dever de 
indenizar) e de cláusula que fixa valor máximo de indenização (cláusula limitativa 
do dever de indenizar). 
Alterações 
no CC 
quanto à 
Interpretação 
do Negócio 
Jurídico: 
(nova Lei n. 
13.874/19) 
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos 
do lugar de sua celebração. 
§ 1º A interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o sentido que: 
I – for confirmado pelo comportamento das partes posterior à celebração do 
negócio; 
II – corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado relativas ao tipo de 
negócio; 
III – corresponder à boa-fé; 
IV – for mais benéfico à parte que não redigiu o dispositivo, se identificável; e 
V – corresponder a qual seria a razoável negociação das partes sobre a questão 
discutida, inferida das demais disposições do negócio e da racionalidade econômica 
das partes consideradas as informações disponíveis no momento de sua celebração. 
§ 2º As partes poderão livremente pactuar regras de interpretação, de 
preenchimento de lacunas e de integração dos negócios jurídicos diversas daquelas 
previstas em lei. 
Alterações 
no CC 
quanto à 
Função 
Social dos 
Contratos: 
(nova Lei n. 
13.874/19) 
Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do 
contrato. 
Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio daintervenção mínima e a excepcionalidade da revisão contratual. 
Art. 421-A. Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e simétricos 
até a presença de elementos concretos que justifiquem o afastamento dessa 
presunção, ressalvados os regimes jurídicos previstos em leis especiais, garantido 
também que: 
I - é lícito às partes negociantes estabelecer parâmetros objetivos para a 
interpretação das cláusulas negociais e de seus pressupostos de revisão ou de 
resolução; 
II - deve ser respeitada e observada a alocação de riscos definida pelas partes; e 
III - a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e limitada. 
 
8.5.2. Relatividade dos efeitos do contrato; 
 
# Em regra, os contratos produzem efeitos apenas entre os contratantes, mas, excepcionalmente, podem 
atingir ou promover direitos a terceiros, conforme Itens 11, 12 e 16, do programa, que serão destacados na 
aula de hoje. 
 
8.5.3. Consensualismo; 
 
# É praticamente um sinônimo da autonomia privada, destacando a presunção de consenso entre os 
contratantes quando da manifestação da vontade declarada. 
 
8.5.4. Força obrigatória e sua nova feição; 
 
“Pacta Sunt 
Servanda”: 
Princípio tradicional, fundado na ideia de Segurança Jurídica que impõe o 
respeito às obrigações celebradas dos contratos. Ex.: 
“Já a força obrigatória dos contratos é o contraponto da liberdade contratual. Se 
o agente é livre para realizar qualquer negócio jurídico dentro da vida civil, deve 
ser responsável pelos atos praticados, pois os contratos são celebrados para 
serem cumpridos (pacta sunt servanda). A necessidade de efetiva segurança 
jurídica na circulação de bens impele a ideia de responsabilidade contratual, mas 
de forma restrita aos limites do contrato. O exercício da liberdade contratual 
exige responsabilidade quanto aos efeitos dos pactos celebrados.” 
[STJ - REsp 1.409.849-PR – Informativo n. 582] 
Consequências 
Gerais do 
Inadimplemento: 
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, 
mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente 
estabelecidos, e honorários de advogado. 
Enunciado 
doutrinário. 
Enunciado n. 548 – Artigos 389 e 475: Caracterizada a violação de dever 
contratual, incumbe ao devedor o ônus de demonstrar que o fato causador do 
dano não lhe pode ser imputado. 
Justificativa: O Direito, sistema composto por regras, princípios e valores 
coerentes entre si, impõe que, tanto nas hipóteses de mora e de inadimplemento 
da obrigação quanto nos casos de cumprimento imperfeito desta, seja atribuído 
ao devedor – e, na última situação, ao solvens –, o ônus de demonstrar que a 
violação do dever contratual não lhe pode ser imputada. 
“Liberdade 
Econômica”: 
As novas regras advindas da nova Lei n. 13.874/19, já destacadas no item 
anterior, se coadunam com o Princípio da Força Obrigatória, na medida em que 
valorizam as estipulações estabelecidas pelos contratantes e limitam a 
intervenção do Poder Público nas relações privadas. 
 
8.5.6. A possibilidade de revisão ou resolução judicial de contratos com base na Teoria da Imprevisão 
(ou na Onerosidade Excessiva). 
 
# A Lei n. 13.874/2019 previu a intervenção mínima do Estado nos negócios privados, mas não impede que 
seja discutida a onerosidade excessiva no seio das relações contratuais. Assim, combinando-se o Princípio 
da Preservação do Negócio Jurídico com a possibilidade de Resolução Contratual por Onerosidade 
Excessiva, observam-se as seguintes regras e considerações: 
 
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar 
excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e 
imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar 
retroagirão à data da citação. 
Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar equitativamente as condições do 
contrato. 
Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua 
prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva. 
Enunciado n. 175 – Art. 478: A menção à imprevisibilidade e à extraordinariedade, insertas no art. 478 do 
Código Civil, deve ser interpretada não somente em relação ao fato que gere o desequilíbrio, mas também 
em relação às consequências que ele produz. 
Enunciado n. 176 – Art. 478: Em atenção ao princípio da conservação dos negócios jurídicos, o art. 478 do 
Código Civil de 2002 deverá conduzir, sempre que possível, à revisão judicial dos contratos e não à 
resolução contratual. 
Enunciado n. 365 – Art. 478. A extrema vantagem do art. 478 deve ser interpretada como elemento acidental 
da alteração das circunstâncias, que comporta a incidência da resolução ou revisão do negócio por 
onerosidade excessiva, independentemente de sua demonstração plena. 
Enunciado n. 366 – Art. 478: O fato extraordinário e imprevisível causador de onerosidade excessiva é 
aquele que não está coberto objetivamente pelos riscos próprios da contratação. 
Enunciado n. 367 – Art. 479: Em observância ao princípio da conservação do contrato, nas ações que 
tenham por objeto a resolução do pacto por excessiva onerosidade, pode o juiz modificá-lo equitativamente, 
desde que ouvida a parte autora, respeitada sua vontade e observado o contraditório. 
 
# Como se observa do art. 478, do CC, a Resolução do Contrato por Onerosidade Excessiva depende da 
comprovação de fato extraordinário e imprevisto que justifique a alteração das bases contratuais a ponto de 
tornar o pacto extremamente vantajoso para uma parte e prejudicial para a outra – Trata-se da aplicação da 
Teoria da Imprevisão. Veja-se a distinção entre as Teorias que fundamentam a revisão contratual por 
onerosidade excessiva, conforme Jurisprudência do STJ: 
 
DIREITO DO CONSUMIDOR (art. 6°, V, do CDC): DIREITO CIVIL (arts. 317 e 478, do CC): 
TEORIA DA BASE OBJETIVA ou BASE DO 
NEGÓCIO JURÍCO 
TEORIA DA IMPREVISÃO 
“A teoria da base objetiva ou da base do negócio 
jurídico tem sua aplicação restrita às relações 
jurídicas de consumo, não sendo aplicável às 
contratuais puramente civis”. (...) “Pela leitura do art. 
6°, V, do CDC, basta a superveniência de fato que 
determine desequilíbrio na relação contratual diferida 
ou continuada para que seja possível a postulação de 
sua revisão ou resolução”. “O requisito de o fato não 
ser previsível nem extraordinário não é exigido.” 
“A teoria da base objetiva difere da teoria 
da imprevisão por prescindir da 
imprevisibilidade de fato que determine 
oneração excessiva de um dos 
contratantes.” 
 
11. Estipulação em favor de terceiros (CC 436-438). 
 
Seção III - Da Estipulação em Favor de Terceiro 
Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação. 
Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi-la, ficando, 
todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o inovar nos termos do art. 438. 
Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a execução, não 
poderá o estipulante exonerar o devedor. 
Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado no contrato, independentemente da 
sua anuência e da do outro contratante. 
Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição de última vontade. 
 
12. Promessa de fato de terceiro (CC 439-440). 
 
Seção IV - Da Promessa de Fato de Terceiro 
Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar. 
Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua 
anuência o atoa ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair 
sobre os seus bens. 
Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à 
prestação. 
 
16. Contrato com pessoa a declarar (CC 467-471). 
 
Seção IX - Do Contrato com Pessoa a Declarar 
Art. 467. No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que 
deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes. 
Art. 468. Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco dias da conclusão do contrato, se outro 
não tiver sido estipulado. 
Parágrafo único. A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se revestir da mesma forma que as partes 
usaram para o contrato. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm#art438
Art. 469. A pessoa, nomeada de conformidade com os artigos antecedentes, adquire os direitos e assume as obrigações 
decorrentes do contrato, a partir do momento em que este foi celebrado. 
Art. 470. O contrato será eficaz somente entre os contratantes originários: 
I - se não houver indicação de pessoa, ou se o nomeado se recusar a aceitá-la; 
II - se a pessoa nomeada era insolvente, e a outra pessoa o desconhecia no momento da indicação. 
Art. 471. Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação, o contrato produzirá seus efeitos 
entre os contratantes originários. 
 
 
SEGUNDA PARTE => QUESTÕES: 
 
 
1 - (CESPE - TJ/AM – Analista Judiciário – 2019) No direito civil, há exceções ao princípio da relatividade 
dos efeitos contratuais, como, por exemplo, nos institutos da estipulação em favor de terceiro e do contrato 
com pessoa a declarar. 
 
2 - (OAB/2018.3 – XXVII Exame) Renata financiou a aquisição de seu veículo em 36 parcelas e vinha 
pagando pontualmente todas as prestações. Entretanto, a recente perda de seu emprego fez com que não 
conseguisse manter em dia a dívida, tendo deixado de pagar, justamente, as duas últimas prestações (35ª e 
36ª). O banco que financiou a aquisição, diante do inadimplemento, optou pela resolução do contrato. Tendo 
em vista o pagamento das 34 parcelas anteriores, pode-se afirmar que a conduta da instituição financeira 
viola o princípio da boa-fé, em razão do(a) 
A) dever de mitigar os próprios danos. 
B) proibição de comportamento contraditório (venire contra factum proprium). 
C) adimplemento substancial. 
D) dever de informar. 
 
3 - (TJ/PR – Notários – Remoção – 2019) A Teoria Geral dos Contratos, para o Direito Civil, representa um 
marco teórico, principio lógico e normativo. Dela nascem muitas outras espécies de contratos, regrados 
algumas vezes por legislações específicas e até resoluções. Vários são os exemplos dessa constatação, a 
saber, o contrato de seguro de vida, que decorre do gênero estipulação em favor de terceiros, e o contrato de 
shows artísticos, que decorre da promessa de fato de terceiro. Em relação a essas duas bases contratuais e 
com fundamento no Código Civil brasileiro, assinale a alternativa correta. 
a) O que estipula em favor de terceiro não pode exigir o cumprimento da obrigação. 
b) Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a execução, poderá 
o estipulante exonerar o devedor. 
c) Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos quando este o não executar. 
d) Na estipulação em favor de terceiros, a substituição pode ser feita por ato entre vivos, ressalvados os 
casos de disposição de última vontade, os quais são vedados. 
e) O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado no contrato, dependendo da sua 
anuência e da do outro contratante. 
 
4 - (FGV – Câmara Municipal/SSA – Analista – Licitação – 2018) Souto aceitou transportar mercadorias 
que lhe foram entregues por Sátiro. Foi estipulado no contrato por Sátiro que a carga deverá ser entregue a 
Amélia, que não é parte no contrato. Consideradas essas informações e o disposto na legislação civil sobre 
estipulações contratuais em favor de terceiros, é correto afirmar que: 
(A) somente Sátiro, na condição de estipulante, pode exigir o cumprimento da obrigação de entrega da carga 
perante o transportador Souto; 
(B) somente Amélia, na condição de terceiro em favor de quem se estipulou a obrigação, pode exigir o 
cumprimento da entrega da carga perante o transportador Souto; 
(C) se à Amélia for atribuído o direito de reclamar do transportador a entrega da carga, poderá Sátiro 
exonerar Souto dessa obrigação; 
(D) tanto o estipulante Sátiro quanto a destinatária Amélia poderão, individual ou conjuntamente, exigir o 
cumprimento da obrigação de Souto e alterar as condições e normas do contrato; 
(E) Sátiro, na qualidade de estipulante, pode reservar-se o direito de substituir a destinatária da carga, 
Amélia, independentemente da sua anuência e da do transportador. 
 
5 - (Câmara Municipal/Palmas/TO – Procurador – 2018 – UFT) Com relação à Teoria dos Contratos, 
importante matéria do Direito Civil, é INCORRETO afirmar que: 
(A) os contratantes não podem criar situações jurídicas que prejudiquem terceiros, uma vez que a autonomia 
privada não é um dogma inatacável, devendo a liberdade de contratar ser exercida em razão e nos limites da 
função social do contrato. 
(B) como regra geral as tratativas preliminares não possuem força vinculante, todavia, há responsabilidades 
quando uma parte cria expectativas e sem motivo justificável as encerra. 
(C) é nulo o contrato subordinado a eventos futuros, certos ou incertos, que limitam, mesmo que 
parcialmente ou total, sua eficácia contratual. 
(D) nos contratos bilaterais nenhum dos contratantes pode exigir o cumprimento da parte do outro, antes de 
cumprir a sua própria obrigação. 
 
6 - (CESPE – PGM/JP – Procurador Municipal – 2018) 23. Um cliente de uma instituição bancária foi 
contatado, por mensagem via aplicativo de celular, pelo seu gerente, para que autorizasse a transferência de 
determinada quantia em dinheiro da conta-corrente para uma aplicação no mercado financeiro. Seis meses 
após ter permitido essa operação, o cliente constatou que não existia o investimento e não localizou o 
dinheiro disponibilizado. Solicitou, então, ao gerente que o valor fosse restituído à conta-corrente, mas ele 
recusou-se a fazê-lo. Nessa situação hipotética, poderá haver responsabilização pessoal do gerente, uma vez 
que este feriu a boa-fé objetiva pelo instituto 
A) da exceção dolosa. 
B) do tu quoque. 
C) da surrectio. 
D) da supressão. 
E) do venire contra factum proprium. 
 
 
GABARITO: 1 - C; 2 - C; 3 - C; 4 - E; 5 - C; 6 - B. 
 
Aula 6 – Contratos – 29.03.21 
 
PRIMEIRA PARTE => Abordagem dos seguintes temas do Programa da Disciplina: 
 
17. Vícios redibitórios. 
 
17.1. Noções conceituais. 
 
# Independente da existência de cláusula contratual de garantia, a lei protege o adquirente de um bem que já 
possuía defeitos no momento da aquisição. É a garantia legal contra “vícios redibitórios”. 
 
17.2. Fundamentação jurídica dos vícios redibitórios. 
 
# Princípio da Função Social; 
# Princípio da Boa Fé (especialmente o dever anexo de assistência na fase pós-contratual); 
# Vedação ao Enriquecimento sem Causa. 
 
17.3. Requisitos para a caracterização. 
 
# É garantia legal na aquisição de bens viciados => independe de declaração de vontade; 
# O defeito do bem deve ser oculto, ou seja, preexistentes à aquisição, porém não percebido no momento da 
celebração do contrato; 
# O defeito do bem deve ser grave, desvalorizando a coisa ou a tornando imprestável; 
# A garantia legal se aplica quando o contrato é bilateral e oneroso (art. 441, do CC). Para este efeito, a 
doação com encargo é considerada contrato oneroso (art. 441, parágrafo único, do CC). 
 
17.4. As ações edilícias. 
 
a) Espécies: Oadquirente tem o direito potestativo de escolher entre duas ações edilícias: 
 
Ação Redibitória 
(art. 441, do CC): 
Rejeição da coisa defeituosa, rescindindo-se o contrato e reavendo-se o preço 
pago, além do reembolso das despesas. O direito de ressarcimento das perdas 
e danos depende do conhecimento do vício pelo alienante (art. 443, do CC). 
Ação Estimatória 
- Quanti Minoris 
(art. 442, do CC): 
Conserva-se o domínio sobre o bem, reclamando-se o abatimento do preço, 
sem acarretar a redibição do contrato. O direito de ressarcimento das perdas e 
danos depende do conhecimento do vício pelo alienante (art. 443, do CC). 
 
b) Prazos: Por se tratar de direito potestativo do credor, o prazo para ajuizar as ações acima é decadencial, 
variando conforme a coisa seja móvel ou imóvel (art. 445, do CC/02): 
 
Coisa Móvel Viciada – Prazo para reclamação: Coisa Imóvel Viciada – Prazo para reclamação: 
Prazo de 30 dias, contados da tradição da coisa, 
em se tratando de vício de fácil constatação. 
Prazo de 01 ano, contado a partir da “entrega”, 
em se tratando de vício de fácil constatação. 
Prazo de 15 dias, contados da alienação, se a 
coisa já estava na posse do adquirente (metade 
do prazo anterior) 
Prazo de 06 meses, contados da alienação, se a 
coisa já estava na posse do adquirente (metade 
do prazo anterior) 
Prazo de 180 dias para constatação do vício, 
se for de difícil constatação. Ciente o 
adquirente, começa a correr o prazo de 30 dias 
para reclamação. 
Prazo de 01 ano para constatação do vício, se 
for de difícil constatação. Ciente o adquirente, 
começa a correr o prazo de 01 ano para 
reclamação. 
 
# Vale citar, quanto à cumulação de Garantia Legal e Contratual, a regra do art. 446, do CC/02: Art. 446. 
Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas o adquirente 
deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de 
decadência. Enfim, se os contratantes firmam uma garantia contratual (01 ano, por exemplo), o adquirente 
tem duas garantias cumulativas, ou seja, conta-se o prazo contratual de 01 ano e mais (+) o prazo previsto na 
lei, a depender de se tratar de bem móvel ou imóvel. 
 
18. Evicção (CC 450-2). 
 
18.1. Noções conceituais. 
 
# É a garantia legal do Adquirente de um bem quando ocorre a perda total, ou parcial, da coisa adquirida 
onerosamente, inclusive por hasta pública. Essa perda decorre de uma ação de um terceiro, que consegue, 
por decisão judicial ou qualquer medida legítima, provar direito melhor que o do evicto, diante de causa 
preexistente ao contrato. Ex.: “A” compra um veículo de “B”, e depois vem perder este automóvel para 
“C”, que prova que é o verdadeiro titular do direito em demanda judicial. 
 
18.2. Extensão da garantia. 
 
# O Adquirente prejudicado (Evicto), tem direito à restituição (regresso) de todos os prejuízos sofridos 
diante da evicção, contra o Alienante, sejam eles de natureza material (valor atual do bem, benfeitorias, 
frutos, etc.), ou de natureza processual (despesas processuais e honorários advocatícios de sucumbência), 
conforme arts. 450-453, do CC, desde que tenha agido de boa fé (não há responsabilidade civil se o Evicto 
sabia que se tratava de coisa alheia ou litigiosa - art. 457, do CC). 
 
* Obs.: Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção 
(art. 448, do CC). No entanto, conforme art. 449, do CC, mantém-se o direito do evicto de recobrar o preço 
pago, ainda que presente a cláusula excludente de responsabilidade, se não soube do risco da evicção e, se 
informado, não o assumiu. 
 
18.3. Requisitos da evicção. 
 
# É garantia legal quando há perda de bens adquiridos onerosamente; 
# A perda decorre de decisão judicial ou outro ato legítimo que transfere o bem para um terceiro com melhor 
direito (Evictor); 
# A garantia legal se aplica tanto para a perda total quanto para perda parcial, com as especificidades dos 
art. 450, parágrafo único + art. 455, ambos do CC. 
 
18.4. A denunciação da lide (CC 456 e CPC 70 – atual CPC 125). 
 
# Como o Evicto tem direito de regresso contra o Alienante, é possível a denunciação da lide, medida 
processual prevista no atual art. 125, do CPC, ainda que o art. 456, do CC, tenha sido revogado. 
 
SEGUNDA PARTE => QUESTÕES: 
 
1 - (FCC - DPE/AM – Analista Jurídico – 2018) À luz da disciplina dos vícios redibitórios no Código Civil, 
é correto afirmar: 
(A) Tratando-se de venda de animais, não se caracterizam vícios redibitórios. 
(B) O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de noventa dias se a 
coisa for móvel, e de um ano se for imóvel. 
(C) O adquirente da coisa viciada poderá se valer de uma das ações edilícias. 
(D) Se o alienante conhecia o vício da coisa, restituirá ao adquirente o que recebeu sem perdas e danos. 
(E) Não se aplica às doações onerosas, por expressa previsão legal, nenhuma disposição relativa aos vícios 
redibitórios. 
 
2 - (OAB/2012.3 - IX Exame). Em 12.09.12, Sílvio adquiriu de Maurício, por contrato particular de compra 
e venda, um automóvel, ano 2011, por R$ 34.000,00 (trinta e quatro mil reais). Vinte dias após a celebração 
do negócio, Sílvio tomou conhecimento que o veículo apresentava avarias na suspensão dianteira, tornando 
seu uso impróprio pela ausência de segurança. Considerando que o vício apontado existia ao tempo da 
contratação, de acordo com a hipótese acima e as regras de direito civil, assinale a afirmativa correta. 
A) Sílvio terá o prazo de doze meses, após o conhecimento do defeito, para reclamar a Maurício o 
abatimento do preço pago ou desfazimento do negócio jurídico em virtude do vício oculto. 
B) Mauricio deverá restituir o valor recebido e as despesas decorrentes do contrato se, no momento da 
venda, desconhecesse o defeito na suspensão dianteira do veículo. 
C) Caso Silvio e Maurício estabeleçam no contrato cláusula de garantia pelo prazo de 90 dias, o prazo 
decadencial legal para reclamação do vício oculto correrá independentemente do prazo da garantia 
estipulada. 
D) Caso Silvio e Mauricio tenham inserido no contrato de compra e venda cláusula que exclui a 
responsabilidade de Mauricio pelo vício oculto, persistirá a irresponsabilidade de Maurício mesmo que este 
tenha agido com dolo positivo. 
 
3 - (CESPE - PGE/PE – Analista Judiciário – 2019) Na hipótese de defeito oculto de coisa recebida em 
decorrência de contrato comutativo, caso o alienante não tenha conhecimento do referido vício, ele deverá 
restituir o valor recebido do contrato, acrescido de indenização por perdas e danos. 
 
4 - (VUNESP - EBSERH – Advogado – 2020) Maria comprou um veículo automotor em 01.01.2019 de 
José, um colega de trabalho. No dia 01.08.2019, o veículo fundiu o motor, em razão de um defeito no 
sistema de arrefecimento do motor, defeito oculto e desconhecido por Maria e por José. No dia 01.12.2019, 
Maria requereu que José abatesse do preço o valor a ser gasto para retificar o motor fundido. Acerca do caso 
hipotético, pode-se corretamente afirmar: 
(A) não há qualquer direito de Maria a requerer o abatimento do preço por vício redibitório, tendo em vista 
que este não era de conhecimento de José. 
(B) a pretensão para pedir o abatimento do preço decaiu após 30 (trinta) dias contados da data da compra do 
veículo automotor. 
(C) a pretensão para pedir o abatimento do preço decaiu após 30 (trinta) dias contados da data da descoberta 
do vício oculto. 
(D) a pretensão para pedir o abatimento do preço decaiu após 180 (cento e oitenta) dias contados da data da 
compra do veículo automotor. 
(E) o direito de Maria requerer o abatimento do preço pode ser exercido em até cinco anos da data da 
celebração do contrato. 
 
5 - (OAB/2019.1 – XXVIII Exame) Maria decide vender sua mobília para Viviane, sua colega de trabalho. 
A alienantedecidiu desfazer-se de seus móveis porque, após um serviço de dedetização, tomou 
conhecimento que vários já estavam consumidos internamente por cupins, mas preferiu omitir tal 
informação de Viviane. Firmado o acordo, 120 dias após a tradição, Viviane descobre o primeiro foco de 
cupim, pela erupção que se formou em um dos móveis adquiridos. Poucos dias depois, Viviane, após 
investigar a fundo a condição de toda a mobília adquirida, descobriu que estava toda infectada. Assim, 25 
dias após a descoberta, moveu ação com o objetivo de redibir o negócio, devolvendo os móveis adquiridos, 
reavendo o preço pago, mais perdas e danos. Sobre o caso apresentado, assinale a afirmativa correta. 
A) A demanda redibitória é tempestiva, porque o vício era oculto e, por sua natureza, só podia ser conhecido 
mais tarde, iniciando o prazo de 30 (trinta) dias da ciência do vício. 
B) Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato, deveria a adquirente reclamar abatimento no preço, em 
sendo o vício sanável. 
C) O pedido de perdas e danos não pode prosperar, porque o efeito da sentença redibitória se limita à 
restituição do preço pago, mais as despesas do contrato. 
D) A demanda redibitória é intempestiva, pois quando o vício só puder ser conhecido mais tarde, o prazo de 
30 (trinta) dias é contado a partir da ciência, desde que dentro de 90 (noventa) dias da tradição. 
 
6 – (FCC - AL/AP – Advogado Legislativo - Procurador - 2020) No tocante à evicção e aos vícios 
redibitórios, é correto afirmar: 
(A) Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a 
receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o 
assumiu. 
(B) O alienante que conhecia ou não o vício ou defeito da coisa restituirá o que recebeu com perdas e danos. 
(C) São aplicáveis as disposições dos vícios redibitórios às doações simples. 
(D) Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção, salvo se a aquisição houver ocorrido em 
hasta pública, quando então não subsistirá a garantia. 
(E) O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de noventa dias se a 
coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-
se da alienação, reduzido à metade. 
 
7 – (OAB/2013.3 - XII Exame) José celebrou com Maria um contrato de compra e venda de imóvel, no 
valor de R$100.000,00, quantia paga à vista, ficando ajustada entre as partes a exclusão da responsabilidade 
do alienante pela evicção. A respeito desse caso, vindo a adquirente a perder o bem em decorrência de 
decisão judicial favorável a terceiro, assinale a afirmativa correta. 
A) Tal cláusula, que exonera o alienante da responsabilidade pela evicção, é vedada pelo ordenamento 
jurídico brasileiro. 
B) Não obstante a cláusula de exclusão da responsabilidade pela evicção, se Maria não sabia do risco, ou, 
dele informada, não o assumiu, deve José restituir o valor que recebeu pelo bem imóvel. 
C) Não obstante a cláusula de exclusão da responsabilidade pela evicção, Maria, desconhecendo o risco, terá 
direito à dobra do valor pago, a título de indenização pelos prejuízos dela resultantes. 
D) O valor a ser restituído para Maria será aquele ajustado quando da celebração do negócio jurídico, 
atualizado monetariamente, sendo irrelevante se tratar de evicção total ou parcial. 
 
8 - (CESPE – ABIN – Oficial Técnico de Inteligência – Área 2 – 2018) 94 Em decorrência do princípio da 
autonomia da vontade, podem as partes de contrato oneroso pactuar, de forma expressa, pela exclusão de 
responsabilidade pela evicção, mas, mesmo nessa situação, o evicto terá direito a receber o preço que pagou 
pela coisa perdida se desconhecia o risco efetivo de evicção à época do contrato. 
 
GABARITO: 1 - C; 2 - B; 3 - E; 4 - D; 5 - A; 6 - A; 7 - B; 8 - C. 
 
Aula 7 – Contratos – 05.04.21 
 
PRIMEIRA PARTE => Abordagem dos seguintes temas do Programa da Disciplina: 
 
19. Extinção dos contratos. 
 
# A relação contratual, como ocorre com as relações obrigacionais, tem natureza provisória, ainda que 
alguns negócios tenham execução continuada (trato sucessivo). Em algum momento, essa relação chega ao 
fim, conforme hipóteses a seguir esquematizadas. 
 
19.1. Extinção pelo regular cumprimento ou “Extinção Normal”. 
 
# Fim natural dos contratos, por força do cumprimento integral da obrigação pactuada ou por conta do 
decurso do prazo (termo essencial) ou do implemento de condição resolutiva (art. 127, do CC). A relação 
termina com a satisfação dos justos interesses das partes. 
 
19.2. Extinção por inexistência. 
 
# O primeiro plano dos negócios jurídicos é o da existência. Na falta de um dos elementos essenciais ou 
estruturais (agentes, objeto, declaração de vontade e forma), o contrato sequer chega a existir. Há negócios 
que ainda exigem outros elementos essenciais, como os contratos reais, que só passam a existir a partir da 
tradição da coisa (Ex.: mútuo, comodato, depósito, contrato estimatório, etc.). 
 
19.3. Extinção por invalidade. 
 
# A invalidade dos negócios jurídicos acarreta uma “extinção anormal ou irregular”, por uma “causa 
antecedente/concomitante”. Como já destacado no estudo do negócio jurídico, o descumprimento de 
determinados requisitos e a existência de alguns vícios implicam na invalidade do pacto, tornando-o nulo 
(ex.: arts. 166-167) ou anulável (ex.: art. 171). 
 
19.4. Rescisão. 
 
# Compreende-se ser forma especial de “extinção anormal” nas hipóteses de “vícios objetivos antecedentes 
ou concomitantes”, ainda que o legislador utilize outras expressões. As principais hipóteses destacadas pela 
doutrina são as seguintes: 
 
a) LESÃO e ESTADO DE PERIGO, embora o CC simplesmente considere tais hipóteses como Defeitos do 
Negócio Jurídico que impõem sua anulação (arts. 156-157 + art. 171, do CC); 
b) REDIBIÇÃO por vício redibitório, como prevê o art. 441, do CC. 
 
19.5. Extinção Anormal por causas Supervenientes. 
 
# Depois de celebrado validamente o contrato (conclusão), alguns fatores podem resultar na dissolução 
posterior da avença, quais sejam: 
 
19.5.1. Extinção por descumprimento (inexecução) - Resolução. 
 
# Na fase de execução do contrato, especialmente naqueles de execução continuada ou diferida, o 
descumprimento de obrigações por qualquer das partes é motivo para a outra extinguir o contrato, na 
modalidade chamada de RESOLUÇÃO. Algumas considerações são pertinentes: 
 
Resolução por A parte prejudicada pelo inadimplemento culposo tem as seguintes opções: 
Inadimplemento 
Voluntário 
(culpa) – arts. 
474-476, do 
CC/02: 
a) Extinguir diretamente o contrato, quando existe cláusula resolutiva expressa, 
independentemente de pronunciamento judicial (art. 474, 1ª parte) 
b) Extinguir o contrato pela via judicial, caso não contenha cláusula resolutiva 
expressa (art. 474, 2ª parte); 
c) Exigir o cumprimento do contrato, com a tutela processual para as 
obrigações de dar, fazer e não fazer (art. 475, do CC); 
d) Deixar de cumprir suas obrigações, defendendo-se com a exceção do 
contrato não cumprido (art. 476, do CC). 
Exceção do 
Contrato não 
Cumprido 
(Exceptio Non 
Adimpleti 
Contractus): 
Regra geral do art. 476: Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, 
antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro. 
Obs. 1: O contratante pode abrir mão desta regra geral da relação contratual por 
meio da cláusula “solve et repet”. 
Obs. 2: Quando o descumprimento é parcial, considera-se a exceptio non rite 
adimplete contractus, com ônus da prova para quem justifica o inadimplemento. 
Resolução por 
Inadimplemento 
Involuntário. 
São situações que implicam na impossibilidade superveniente de cumprimento 
do contrato, sem nexo de causalidade com a conduta do devedor, que não agiu 
culposamente. Neste caso, a resoluçãose dá sem perdas e danos (Ex.: art. 234). 
Resolução por 
Onerosidade 
Excessiva (arts. 
478-480, do 
CC): 
Decorre do Princípio da Função Social, no plano interno – Equilíbrio entre os 
contratantes, com os seguintes requisitos: 
a) Contratos de execução continuada ou diferida; 
b) Ocorrência de fato extraordinário e imprevisto que seja causa da alteração da 
situação de fato da avença (Teoria da Imprevisão); 
c) Alteração da proporcionalidade das prestações – onerosidade excessiva para 
uma parte e grande vantagem para a outra; 
d) Efeito retroativo à datada da citação; 
e) A revisão pode substituir a resolução (art. 479, do CC); 
f) É aplicável aos contratos unilaterais (art. 480, do CC). 
 
19.5.2. Resilição 
 
# Quando uma ou ambas as partes não querem mais dar continuidade à relação contratual, podem se utilizar 
da RESILIÇÃO, ou seja, da extinção voluntária, que se classifica em: 
 
Resilição 
Unilateral 
(Denúncia): 
A resilição unilateral decorre da vontade de apenas um dos contratantes. Há a 
necessidade de permissão expressa ou implícita de lei (Ex.: locação), mediante aviso 
concessivo de prazo para a outra parte, especialmente se uma das partes fez alto 
investimento (art. 473, do CC). Ex.: renúncia, revogação, denúncia da locação, etc. 
Resilição 
Bilateral 
(Distrato): 
É o negócio jurídico bilateral que põe fim a um contrato (declaração de vontade de 
ambos os contratantes). Segue a forma determinada para o contrato (art. 472, do 
CC). Neste sentido, se a lei não impõe uma forma determinada para um negócio, o 
distrato também terá forma livre. 
 
19.5.3. Direito de Arrependimento. 
 
# Os contratos podem conter a cláusula de arrependimento, que permite aos contratantes a retratação ou 
desistência do negócio. Convém destacar que esse arrependimento e consequente extinção pode implicar no 
pagamento de cláusula penal ou de arras (art. 420, do CC). 
 
19.5.4. Morte – Cessação. 
 
# A morte não extingue, em regra, os efeitos dos contratos, diante da transmissibilidade das obrigações 
patrimoniais. Acontece que, se o contrato for personalíssimo, isto é, vinculado a uma determinada pessoa, a 
morte desta é causa de extinção (Ex.: art. 682, II, do CC). 
 
 
SEGUNDA PARTE => QUESTÕES: 
 
1 - (TRF3 – Juiz Federal – TRF3 – 2018) Em matéria de extinção dos contratos é CORRETO afirmar: 
a) Considerando os postulados da boa-fé objetiva e da função social do contrato, é eventualmente possível, mesmo diante do 
inadimplemento, recusar-se a resolução do contrato pela invocação da teoria do substancial adimplemento. 
b) Na resolução do contrato por onerosidade excessiva, segundo a lei, os efeitos da sentença que a decretar retroagirão ao 
momento da ocorrência dos acontecimentos tidos por extraordinários e imprevisíveis. 
c) A resilição unilateral é vedada e deve ser juridicamente qualificada como violação do contrato a justificar sua resolução por 
justa causa. 
d) Não havendo no contrato expressa cláusula resolutiva, não há como presumir que exista disposição tácita de tal natureza. 
 
2 - (CESPE - PGE/PE – Analista Judiciário – 2019) Se, na execução do contrato, uma das partes houver realizado elevado 
investimento em razão da natureza do contrato, o distrato unilateral, exercido pela outra parte, produzirá efeitos somente após o 
decurso de período condizente com a importância investida. 
 
3 - (CESPE - TJ/AM – Analista Judiciário – 2019) De acordo com o Código Civil, a extinção de um contrato em razão da 
ocorrência de situação prevista em cláusula resolutiva expressa depende de pronunciamento judicial para que possa produzir seus 
regulares efeitos jurídicos. 
 
4 - (CESPE – TRF5 –Juiz Federal – 2017) Estabelecido contrato de fornecimento de insumos para empresa que comercializa 
produtos químicos, será juridicamente possível o fornecedor pedir, de acordo com a lei civil, a resolução do contrato, se a sua 
prestação se tornar excessivamente onerosa, 
A) com extrema vantagem para a outra parte, por acontecimento extraordinário, ainda que previsível. 
B) por acontecimento extraordinário, ainda que sem proveito para a outra parte. 
C) com vantagem extrema para a outra parte em razão de acontecimento extraordinário e imprevisível. 
D) por acontecimento extraordinário, ainda que não imprevisível. 
E) por acontecimento extraordinário, ainda que não imprevisível, provocado por fato do príncipe. 
 
5 - (FCC - DPE/AM – Defensor – 2018) No Código Civil, para que se dê a resolução contratual por onerosidade excessiva, será 
preciso o preenchimento dos requisitos seguintes: 
(A) os contratos devem ser de parcelas sucessivas, ou diferidos no tempo, exigindo-se a onerosidade excessiva à parte prejudicada 
e vantagem extrema à outra, mas não a imprevisibilidade dos acontecimentos. 
(B) a natureza dos contratos é irrelevante, bem como a vantagem a uma das partes, bastando a onerosidade excessiva à parte 
prejudicada e os acontecimentos extraordinários e imprevisíveis. 
(C) os contratos devem ser bilaterais e as prestações sucessivas, bastando a onerosidade excessiva a uma das partes, sem se cogitar 
de vantagem à outra parte mas exigindo-se a imprevisibilidade dos acontecimentos. 
(D) na atual sistemática civil, basta a onerosidade excessiva, não se cogitando seja de vantagem à outra parte, seja da 
imprevisibilidade dos eventos. 
(E) os contratos devem ser de execução continuada ou diferida; e à onerosidade excessiva a uma das partes deve corresponder a 
extrema vantagem à outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis. 
 
6 - (CESPE – TCE/RJ – Analista Controle Externo - Direito - 2021) No regime jurídico concebido pelo Código Civil, a resolução 
contratual pela onerosidade excessiva depende da demonstração da superveniência de fato imprevisível, ou seja, aquele 
impossível de ser antevisto pelas partes. 
 
7 - (CESPE - Câmara Federal – Analista Legislativo – Área V – 2014) A nulidade, a anulabilidade e a redibição são causas 
anteriores ou contemporâneas à formação do contrato e que podem acarretar a sua extinção anormal. 
 
8 - (CESPE - Câmara Federal – Analista Legislativo – Área V – 2014) A resilição bilateral é a extinção do contrato fundamentada 
no descumprimento do pactuado por inadimplemento culposo ou doloso, assim como em caso de inexecução absoluta ou relativa. 
 
9 – (CESPE - TJ/SE – Analista Judiciário – 2014) A resilição bilateral de determinado contrato equivale ao distrato desse pacto. 
 
10 - (TJCE – Analista Judiciário – 2014) João, mediante contrato firmado, prestava assistência técnica de computadores à empresa 
de Mário. João e Mário, por mútuo consenso, resolveram por fim à relação contratual. Nessa situação hipotética, considerando o 
que dispõe a doutrina majoritária sobre a matéria, caracterizou-se a resilição bilateral do contrato. 
 
 
GABARITO: 1 - A; 2 - C; 3 - E; 4 - C; 5 - E; 6 - C; 7 - C; 8 – E; 9 – C; 10 - C.

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