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Aula 2 – Contratos – 01.03.21 PRIMEIRA PARTE => Abordagem dos seguintes temas do Programa da Disciplina: 4. Os contratos e os diferentes planos do mundo jurídico. # Os contratos são negócios jurídicos com efeitos pessoais e patrimoniais, de acordo com a declaração de vontade das partes. # Aplica-se, portanto, aos contratos, a análise dos planos de existência, validade e eficácia, conforme visto na disciplina IEDP-II (Teoria do Fato Jurídico e Negócio Jurídico). 5. Os requisitos de validade dos contratos (CC 104). # O Plano da Validade dos Negócios Jurídicos se aplica aos contratos, inclusive com as distinções entre nulidade e anulabilidade. 5.1. Requisitos gerais: # Mesmos requisitos de validade dos negócios jurídicos: a) Agente CAPAZ e LEGITIMADO para o negócio; b) Objeto LÍCITO, POSSÍVEL e DETERMINADO/DETERMINÁVEL; c) Forma adequada ao negócio PRESCRITA em lei ou, sendo LIVRE, que não seja “DEFESA” (não proibida pela norma); d) Manifestação de vontade LIVRE e DE BOA FÉ 5.2. Requisito específico: # Existem regras de validade gerais e especiais aplicáveis aos diversos tipos de contrato: a) Regras Gerais de Validade: Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio. Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código. Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. b) Regras Especiais de Validade: Cada contrato tem regras próprias de validade, a exemplo: * Compra e Venda: Art. 489. Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação do preço. * Doação: Art. 548. É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsistência do doador. 6. Lugar de formação do contrato (CC 435 e LICC 9o, §2º). # O lugar do contrato civil ou empresarial é aquele onde tem domicílio o Proponente (figura que será estudada a seguir) – art. 435 (Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto), do CC e art. 9°, § 2°, da LINDB. 7. A formação dos contratos. # Sobre a Formação dos Contratos, o Código Civil prevê duas fases para que seja formado um contrato: a Proposta (manifestação objetiva da vontade de negociar, que vincula o proponente) e a Aceitação (resposta tempestiva à proposta, concluindo o negócio). A doutrina e a jurisprudência, porém, admitem pacificamente a possibilidade de se verificarem as fases pré-contratual (tratativas ou negociações preliminares) e pós- contratual (ex.: Dever de assistência). 7.1. A fase pré-contratual (tratativas ou negociações preliminares) e a possibilidade de responsabilização civil pré-contratual. # Fase Pré-Contratual (Negociações Preliminares, Puntuação ou Tratativas): Trata-se das conversações preliminares, nas quais as partes trocam impressões, formulam hipótese e calculam o possível proveito econômico da eventual contratação. Em regra, esta fase pré-contratual não cria direitos nem obrigações, pois ninguém é obrigado a contratar (Princípio da Autonomia da Vontade). Porém, embora omisso o art. 422, as tratativas podem gerar responsabilidade civil, decorrente da falta de boa-fé objetiva. 7.2. A proposta (ou oferta). # Proposta (Policitação ou Oferta): Manifestação objetiva da intenção de contratar (oferta de venda, proposta de aluguel, etc.). A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. Deixa de ser obrigatória nas hipóteses doa arts. 428 e 429, do CC. ATENÇÃO: Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta: I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante; II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente; III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado; IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente. Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos. Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada. 7.3. A aceitação e suas regras # Aceitação (Resposta ou Oblação): É a manifestação da vontade, expressa ou tácita, da parte do destinatário de uma proposta, feita dentro do prazo, aderindo a esta em todos os seus termos, tornando o contrato definitivamente concluído, desde que chegue, oportunamente, ao conhecimento do ofertante. Entre ausentes, adota-se como regra o momento da expedição da resposta (postagem da carta, envio do e-mail, etc.), conforme art. 434, do CC. * Obs.: Fase Pós Contratual: Os contratantes, mesmo após a execução das obrigações pactuadas, continuam mantendo alguns vínculos decorrentes do pacto celebrado. Exemplo clássico dos reflexos dos contratos após a extinção é o dever de assistência, especialmente para as hipóteses de defeito do produto alienado (vícios redibitórios). SEGUNDA PARTE => QUESTÕES: 1 - (FCC - PM/Teresina – Procurador – 2016) Paulo, Pedro e João firmaram um contrato, estabelecendo que, quando seu pai, ainda vivo, falecer, a herança será assim distribuída: metade para Paulo, 1/4 para Pedro e 1/4 para João. Esse contrato é (A) sempre válido. (B) anulável. (C) nulo. (D) válido se não existirem outros herdeiros. (E) válido se não prejudicar credores. 2 - (TJ/AC – Analista Judiciário – 2012) É lícito estipular em contrato a chamada pacta corvina, ou seja, determinar que a herança de pessoa viva possa ser objeto de contrato. 3 - (FCC – TRF3 – Analista Judiciário – 2019 - adaptada) Considere as seguintes proposições acerca dos contratos: I. Nos contratos de adesão, serão válidas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio, desde que redigidas de forma clara e com destaque. II. É vedado, em qualquer hipótese, celebrar contrato que tenha por objeto a herança de pessoa viva. III. Considera-se celebrado o contrato no lugar em que foi aceito, se diverso daquele onde foi proposto. IV. Se a parte enviar a aceitação de uma proposta entre ausentes dentro do prazo da policitação, porém a proponente só confirmar o recebimento após o prazo, ainda assim é considerada tempestiva a aceitação. De acordo com o Código Civil, está correto o que consta APENAS de (A) I e II. (B) I e III. (C) II e IV. (D) III e IV. (E) II e III. 4 - (Câmara Municipal/Palmas/TO – Procurador – 2018) Como regra geral as tratativas preliminares não possuem força vinculante, todavia, há responsabilidades quando uma parte cria expectativas e sem motivo justificável as encerra. 5 - (FCC - TRE/RN – Técnico – 2011) Quando, simultaneamente à determinada proposta de contrato, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente, esta (A) deixa de ser obrigatória. (B) continua sendo obrigatória tendo em vista que a retratação deve chegar ao conhecimento do proponente antes da proposta. (C) continua sendo obrigatória, mas a retratação pode gerar efeitos dependendo do seu conteúdo jurídico. (D) passa a não existir, mas o proponente responderá pelas perdas e danos provenientes da retratação. (E) passa a não existir, mas o proponente arcará com a multa prevista no Código Civil brasileiro de 10% sobre o valor da proposta. 6 – (TJ/PR – Notários – Remoção – 2019) Numa conversa amistosa, João oferece seu carro a Pedro que, imediatamente, demonstrainteresse em comprar o veículo do amigo. Sabendo que João é muito cuidadoso com seus bens, Pedro oferece um valor mais do que razoável ao veículo ofertado por João, que aceita a contraproposta, sendo o contrato celebrado imediatamente. Entretanto, ainda de posse do carro, passados dois dias da negociação, João oferta o mesmo veículo a Maria, e esta oferece o dobro do valor sugerido por Pedro. Levando em consideração o caso acima, assinale a alternativa correta. a) O contrato celebrado entre João e Pedro é perfeito, não podendo mais João vender o carro a Maria, sem que com isso deva arcar com os prejuízos sofridos por Pedro, ante a instantaneidade do aceite, que torna obrigatória a proposta entre presentes. b) João deve indenizar Pedro nos termos do Código de Defesa do Consumidor, pois Pedro é presumivelmente vulnerável e João é presumivelmente um fornecedor. c) Se João e Pedro houvessem negociado entre ausentes, ou seja, não estivessem em uma amistosa conversa, um de frente para o outro, permaneceria obrigatória a proposta se, antes dela, ou simultaneamente, chegasse ao conhecimento de Pedro a retratação de João. d) João pode negociar com Maria, pois a lei da oferta e da demanda dirige o cenário econômico num contrato dessa natureza, bastando, para tanto, que João indenize Pedro em eventuais prejuízos. Pedro deverá devolver o carro a João ainda que posteriormente à celebração (aceitação) do contrato. e) Em nenhuma circunstância, ainda que imprevista, poderá João responder por perdas e danos se negociar com Maria em detrimento dos interesses econômicos de Pedro. 7 – (Câmara Federal – Analista Legislativo – Área II – 2014) A aceitação dos contratos, para sua validade, deve ser feita de forma expressa, inadmitindo-se outra forma. 8 - (FCC – TJ/MA – Oficial Avaliador – 2019 - Adaptada) A aceitação do contrato fora do prazo, com adições, restrições ou modificações, importará nova proposta. GABARITO: 1 - C; 2 - E; 3 - C; 4 - C; 5 - A; 6 - A; 7 - E; 8 - C. Aula 3 – Contratos – 08.03.21 PRIMEIRA PARTE => Abordagem dos seguintes temas do Programa da Disciplina: 13. Interpretação dos contratos (CC 110-114). # Como os Contratos são negócios jurídicos, as regras de interpretação firmadas na parte geral do CC são aplicáveis àqueles, algumas ratificadas nas normas gerais dos contratos: # Regras tradicionais de interpretação do Negócio Jurídico aplicáveis aos contratos: Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento. Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa. Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. (...) Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente. # Novas regras incluídas pela Lei n. 13.874/2019: Parâmetros: Regra Geral: Negócios Jurídicos: Regra Específica (Contratos): Criado pelos contratantes: Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. (...) § 2º As partes poderão livremente pactuar regras de interpretação, de preenchimento de lacunas e de integração dos negócios jurídicos diversas daquelas previstas em lei. Art. 421-A. (...) I - as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação das cláusulas negociais e de seus pressupostos de revisão ou de resolução; (...) Riscos usuais de mercado: Art. 113. (...) § 1º A interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o sentido que: (...) II - corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado relativas ao tipo de negócio; (...) V - corresponder a qual seria a razoável negociação das partes sobre a questão discutida, inferida das demais disposições do negócio e da racionalidade econômica das partes, consideradas as informações disponíveis no momento de sua celebração. Art. 421-A. Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e simétricos até a presença de elementos concretos que justifiquem o afastamento dessa presunção, ressalvados os regimes jurídicos previstos em leis especiais, garantido também que: (...) II - a alocação de riscos definida pelas partes deve ser respeitada e observada; (...) Comportamento de Boa Fé: Art. 113. (...) § 1º A interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o sentido que: I - for confirmado pelo comportamento das partes posterior à celebração do negócio; (...) III - corresponder à boa-fé; (...) Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. Interpretação dos contratos de adesão: Art. 113. (...) § 1º A interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o sentido que: (...) IV - for mais benéfico à parte que não redigiu o dispositivo, se identificável; (...) Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. 14. Classificação dos contratos. # A doutrina pontua diversas classificações para os contratos, que muitas vezes se confundem com espécies de negócios jurídicos ou com modalidades de obrigações. 14.1. Critérios gerais. 14.2. Unilaterais, bilaterais e plurilaterais: a) Generalidades: Unilaterais: Apenas um dos contratantes assume deveres em face do outro, mesmo havendo duas vontades (uma das partes é só credora, e a outra devedora de uma determinada obrigação). Ex.: doação simples, mútuo, comodato, fiança. Bilaterais: cria direitos e deveres para ambas as partes. Ex. compra e venda, locação, seguro. Plurilaterais: acordos de vontades múltiplas. Ex.: contratos de seguro em grupo, consórcio, etc. # Obs.: A doutrina cita contratos “bilaterais imperfeitos”, como espécies de contratos unilaterais que, na fase de execução, podem imputar obrigações ao credor. Ex.: a) Depósito gratuito, quando o depositante se vê obrigado a arcar com despesas do depositário por causas supervenientes; b) o comodato gratuito de um livro em biblioteca. O atraso na entrega pode gerar multa (aluguel). b) Os contratos bilaterais, a exceptio non adimplenti contractus e a condição resolutiva tácita (somente nessa espécie é possível utilizar a exceptio, bem como se pressupõe que a inadimplência é causa de resolução, ainda que não estipulado expressamente pelas partes) => arts. 474 a 476, do CC: Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial. Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos. Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro. # Obs.: O contratante pode abrir mão desta regra geral da relação contratual por meio da cláusula “solve et repet”. Quando o descumprimento é parcial, considera-se a exceptio non rite adimplete contractus, com ônus da prova para quem justifica o inadimplemento. 14.3. Gratuitos, onerosos e bifrontes: Onerosos: ambos os contratantes auferem vantagens e devem sacrifícios, que correspondem a uma prestação e uma contraprestação. Ex.: compra e venda, troca, prestação de serviços, etc. Gratuitos / Benéficos / Liberalidades: só há vantagens ou benefícios para uma das partes, enquanto a outra tem um sacrifício sem contraprestação. Ex.: doação pura, comodato, etc. Obs.: a interpretação deve ser estrita – art. 114, do CC. Bifrontes: contratos que podemser gratuitos ou onerosos, de acordo com a vontade das partes. Ex.: mútuo, depósito, mandato, etc. 14.4. Comutativos e aleatórios (são subespécies dos contratos onerosos): Comutativo / Sinalagmático: existe uma equivalência previamente estabelecida entre a prestação (vantagem) e a contraprestação (sacrifício), evitando-se a onerosidade excessiva e a surpresa (Função Social e Boa Fé Objetiva). Ex: compra e venda, troca, locação, etc. Aleatório: uma das partes vai ter mais vantagem do que a outra, a depender de um fato futuro e imprevisível chamado “alea” = sorte. Ex.: contrato de seguro; jogo, aposta. Obs.: A compra e venda pode se configurar aleatória, nos termos dos arts. 458-461, do CC: - Emptio Spei (alea da esperança): o comprador assume o risco da existência da coisa, sendo devido o preço quando não há dolo e culpa do vendedor, mesmo que frustrada a existência (art. 458, do CC). Ex.: compra futura de safra ou de crias futuras de uma vaca. Se a safra se frustrar totalmente ou se a vaca sofrer um aborto natural, sem culpa do vendedor, o preço é devido; - Emptio Rei Speratae (alea da quantidade esperada): o comprador assume o risco da quantidade. Assim, uma safra previamente alienada, ou uma compra de ações de uma S.A. que vai abrir o capital, pode ter um rendimento menor ou maior que o esperado, sendo devido o preço em ambos os casos. Se não vier a existir, aí sim nada é devido, pois o risco assumido foi apenas o da quantidade, não o da existência (art. 459, do CC). - Risco da coisa existente: o comprador assume o risco da coisa existente sofrer danos ou se perder, em determinadas situações. Ex.: transporte de mercadoria em zona de guerra, greve portuária quando o produto é perecível, etc. Mesmo que ocorra dano ou perda, se a coisa realmente existia e o risco foi assumido, não havendo culpa do vendedor, o preço é devido. 14.5. De Execução Imediata (ou instantâneos), de Execução Diferida ou de Trato Sucessivo (execução continuada): Instantâneo / De Execução Imediata: o cumprimento da obrigação ocorre no mesmo momento da conclusão do negócio. Ex.: compra e venda, quando o pagamento e a entrega são feitos ao mesmo tempo (à vista). De Execução Diferida: a conclusão se dá em um momento e a execução da obrigação ocorre posteriormente. Ex.: Compra e venda, quando a entrega e o pagamento são a prazo; Compra de passagem para viagem em data posterior. Obs.: é possível que um mesmo contrato contenha obrigação instantânea e obrigação diferida: Ex.: pagamento à vista pelo comprador, mas entrega posterior pelo vendedor. De Execução Continuada / Trato Sucessivo: é aquele em que a execução se prolonga no tempo, ocorrendo renovações periódicas e sucessivas. Ex.: Locação; seguro de vida ou de saúde; prestação de serviços; compra e venda parcelada; financiamentos; etc. 14.6. Consensuais ou reais. Consensual: o contrato está pronto e existente desde a manifestação de vontade das partes (consentimento). É o que ocorre com a maioria dos contratos. Real: além do acordo de vontades, a lei vai exigir a entrega da coisa (tradição). Ex.: doação de bens móveis (parágrafo único do art. 541), comodato (art. 579), mútuo, depósito (art. 627). 14.7. Paritários ou de adesão. Paritários: as partes estão em posições relativamente isonômicas no plano negocial, pactuando livremente as cláusulas contratuais. Relevante observar o art. 421-A, caput, incluído pela Lei n. 13.874/19 => Art. 421-A. Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e simétricos até a presença de elementos concretos que justifiquem o afastamento dessa presunção, ressalvados os regimes jurídicos previstos em leis especiais (...) De Adesão / Formulário / Standard: contrato onde um dos pactuantes predetermina as cláusulas contratuais e, o outro apenas adere àquela convenção, com pouca ou nenhuma ingerência sobre seu conteúdo. Exemplos: contrato de transporte, luz, telefone, seguro, espetáculo público, contrato bancário, etc. Neste caso, embora não se trate de ato ilícito, mas de uma necessidade da dinâmica dos negócios na sociedade moderna, o Código Civil compensa o natural desequilíbrio dessa espécie contratual com regras de interpretação e validade (arts. 113, IV + 423 + 424). 14.8. Intersubjetivos e transindividuais (difusos, coletivos e individuais homogêneos): Intersubjetivos ou Individuais: estipulação entre determinadas pessoas, ainda que mais de uma, porém todas individualizadas. É o que ocorre com a maioria dos contratos tradicionais. Transindividuais ou Coletivos em sentido amplo: Alcança grupos não individualizados, reunidos por uma relação jurídica base ou por um fato. A distinção entre interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos tem reflexos processuais e é disciplinada pelo art. 81, do CDC. 9 (14.9). Contrato preliminar (CC 462-466). Definitivo: Não se vincula a outras pactuações futuras. Assim podem ser classificados a grande maioria dos contratos. Preliminar / Pactum de Contrahendo: É o contrato celebrado entre as partes com uma obrigação de fazer específica: a celebração de outro contrato (definitivo). Tem forma livre, independente da forma do contrato principal (art. 462, do CC). Logo, enquanto o contrato definitivo de compra e venda de um imóvel com valor acima de 30 salários mínimos deve ser efetivado por escritura pública (art. 108, do CC), a promessa de compra e venda relativa àquele contrato pode ser celebrada por instrumento particular. A obrigação de fazer que for irretratável (art. 463, do CC) pode ser exigida pelas vias da tutela específica do CPC/15; pode ser convertida em perdas e danos (art. 465, do CC); ou, ainda, pode ser suprida pelo Juiz, se a natureza do pacto permitir (art. 464, do CC). Exemplo de suprimento judicial: adjudicação compulsória (Súmula n. 329, do STJ: O direito à adjudicação compulsória não se condiciona ao registro do compromisso de compra e venda no cartório de imóveis). 14.10. Outras classificações não previstas expressamente no programa: Quanto às formalidades legais: Formal: deve obedecer a uma determinada forma prescrita em lei. Ex.: doação, fiança, seguro. Informal: a forma é livre. É a regra geral (art. 107, do CC). Solenes: contrato formal que deve observar uma solenidade pública específica. Ex.: negócio que envolva transmissão de direito real de imóvel acima de 30 salários mínimos (art. 108), pacto pré-nupcial (art. 1639), etc. Quanto à relação de dependência entre contratos: Principal / Independente / Originário: é aquele que tem vida própria e existe por si só. A grande maioria dos contratos é principal, independente e autônoma. Acessório: a existência depende de outro contrato, como os contratos de garantia (fiança, seguro fiança, etc.). O contrato acessório segue o principal (Princípio da Gravitação Jurídica). A invalidade do principal atinge o acessório, mas o inverso não ocorre (art. 184). O contrato acessório é derivado, quando uma parte celebra contrato posterior, vinculado ao principal, com terceiro (havendo autorização no principal): sublocação, subempreitada, substabelecimento, etc. Coligado / Conexo: Os contratos são independentes, mas os efeitos são interligados (nexo econômico funcional). Ex.: Venda pela internet e transporte da mercadoria. Vide Enunciado n. 621, da JDC/CJF: Os contratos coligados devem ser interpretados a partir do exame do conjunto das cláusulas contratuais, de forma a privilegiar a finalidade negocial que lhes é comum. Quanto à previsão legal: Típico: Tem previsão legal mínima, no CC ou em lei especial. Maioria dos contratos (Ex.: as espécies contidas no CC, entre o art. 481 e o art. 853). Atípico: Não há previsão legal (contrato de sigilo, de garagem, etc.). Diante da autonomia privada, é possível a celebração de contratos atípicos, desde que observadas as regras gerais e princípios contidosna legislação (art. 425, do CC). Quanto à vinculação do devedor ou do credor da obrigação. Pessoal / Personalíssimo / Intuito Personae: a pessoa do contratante é elemento determinante do contrato, que não se transmite, em regra, por ato inter vivos ou causa mortis (a morte da parte vinculada extingue o contrato - cessação). Ex: mandato, prestação de serviços, fiança, contrato bancário de conta-corrente, contrato com um determinado artista, etc. Impessoal: A conclusão do contrato ou o cumprimento das obrigações pode ser efetivado por outra pessoa, que não a contratante. Ex.: compra e venda, transporte (quanto ao motorista ou o piloto, em regra), etc. 15. Objeto do contrato (bens corpóreos e incorpóreos) => Os contratos são negócios jurídicos que podem ter como objeto quaisquer espécies de bens ou prestações. SEGUNDA PARTE => QUESTÕES: 1 - (CESPE – EBSERH – Advogado – 2018) Nos contratos de adesão, as cláusulas que estipulem renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio serão consideradas abusivas, sendo, portanto, nulas. 2 - (FCC - SABESP – Advogado – 2018) Com relação aos contratos de adesão, de acordo com o Código Civil, (A) são anuláveis as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio. (B) quando houver cláusulas ambíguas, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao fornecedor de produtos ou serviços. (C) são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio. (D) são válidas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio. (E) quando houver cláusulas contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao fornecedor de produtos ou serviços. 3 - (TRF 2ª Região – Juiz Federal – TRF2 - 2017) Pessoa jurídica obteve empréstimo junto a certa instituição financeira, pelo qual recebeu determinada quantia, com a obrigação de devolvê-la com correção e juros de 12% ao ano. Exclusivamente à luz dos dados fornecidos e da visão dominante, classifique o contrato citado: a) Bilateral imperfeito, de adesão e feneratício. b) Unilateral, real e oneroso. c) Bilateral, oneroso, formal e de adesão. d) Bilateral, real, de adesão e oneroso. e) Unilateral, puramente consensual (não real), benéfico e oneroso. 4 - (CESPE – TJ/CE – Juiz Substituto – 2018) Contrato de prestações certas e determinadas no qual as partes possam antever as vantagens e os encargos, que geralmente se equivalem porque não envolvem maiores riscos aos pactuantes, é classificado como A) benéfico. B) aleatório. C) bilateral imperfeito. D) derivado. E) comutativo. 5 - (CESPE – TJ/PA – Analista Judiciário - 2020) José e Rafael realizaram um negócio jurídico em que ficou estipulado que: José entregaria determinado bem móvel para Rafael, que ficaria autorizado a vender o bem, pagando a José, em contrapartida, o valor de quinhentos reais; e Rafael poderia optar por devolver o bem, no prazo de vinte dias, para José. De acordo com o Código Civil, nessa situação hipotética foi firmado um contrato classificado como A) atípico. B) solene. C) unilateral. D) consensual. E) comutativo 6 - (CESPE - CGE/CE – Auditor de Controle Interno – 2019) Considere a hipótese de que o objeto de determinado contrato corresponda a coisas ou fatos futuros cujo risco de que não venham a existir seja assumido pelo contratante, o que acarreta o direito do contratado de receber integralmente o que lhe tiver sido prometido, desde que não aja com dolo ou culpa, ainda que nada do que tiver sido pactuado venha a existir. Essa hipótese descreve A) promessa de fato de terceiro. B) estipulação em favor de terceiro. C) contrato com pessoa a declarar. D) evicção. E) contrato aleatório. 7 - (FCC - AL/MS – Assistente Jurídico – 2016) 65. Ricardo firmou com Emanuel contrato por meio do qual adquiriu safra de milho que viria a colher no ano seguinte. Em referido contrato, estabeleceu-se preço certo e inalterável, a ser pago quando do dia previsto para a colheita, não importando a quantidade de milho colhida, se maior ou menor do que a originalmente esperada. Estipulou-se, ainda, que o pagamento seria devido mesmo que, por qualquer causa, nenhum grão viesse a ser colhido. As partes expressamente assumiram o risco de o contrato ser mais ou menos vantajoso a qualquer uma delas e também quanto à possibilidade de que os grãos não viessem a ser colhidos. Referido contrato (A) é nulo, porque o Código Civil não admite a compra e venda de coisa futura. (B) tem como objeto coisa futura, o que é admitido pelo Código Civil, e obriga as partes ainda que nenhum grão venha a ser colhido, tendo em vista tratar-se de contrato aleatório. (C) tem como objeto coisa futura, o que é admitido pelo Código Civil, mas somente obriga as partes se os grãos vierem a ser colhidos, tendo em vista a vedação a que se firmem contratos aleatórios. (D) é inexistente, porque o Código Civil não prevê a compra e venda de coisa futura. (E) tem como objeto coisa futura, o que é admitido pelo Código Civil, mas não obriga as partes se os grãos não vierem a ser colhidos, tendo em vista a vedação ao enriquecimento sem causa. 8 - (FCC – TRF3 – Analista Judiciário - 2019) 37. Considere as seguintes proposições acerca dos contratos: I. Nos contratos de adesão, serão válidas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio, desde que redigidas de forma clara e com destaque. II. É vedado, em qualquer hipótese, celebrar contrato que tenha por objeto a herança de pessoa viva. III. Considera-se celebrado o contrato no lugar em que foi aceito, se diverso daquele onde foi proposto. IV. Se o contrato for aleatório, por se referir a coisas existentes, mas expostas a risco, assumido pelo adquirente, o alienante terá direito a todo o preço mesmo que a coisa já não existisse no dia do contrato. V. O contrato preliminar deve conter, inclusive quanto à forma, todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado. De acordo com o Código Civil, está correto o que consta APENAS de (A) I e II. (B) I e III. (C) II e IV. (D) III e V. (E) IV e V. 9 - (Câmara Federal – Analista Legislativo – Área II – 2014) É lícito aos pactuantes entabular contratos atípicos, que são assim classificados por contemplarem maior amplitude na autonomia privada e na liberdade contratual. GABARITO: 1 - C; 2 - C; 3 - B; 4 - E; 5 - E; 6 - E; 7 - B; 8 – C; 9 - C. Aula 4 – Contratos – 15.03.21 PRIMEIRA PARTE => Abordagem dos seguintes temas do Programa da Disciplina: 8. Princípios fundamentais dos contratos. 8.1. A importância principiológica e os contratos; # Princípios e regras jurídicas formam o conjunto normativo positivado do direito. Os princípios se caracterizam pela abrangência maior, servindo inclusive como critério de legitimação e validade das demais regras, o que demonstra sua importância no sistema. 8.2. A principiologia clássica submetida à autonomia da vontade; # Os princípios norteadores da visão clássica dos contratos se referem à ideia de LIBERDADE dos contratantes, (idealização realçada pela nova Lei n. 13.874/19). 8.3. A nova principiologia contratual fundada no Direito Civil-Constitucional; # Os princípios constitucionais que influenciaram o Código Civil de 2002, após CF/88, respaldam-se no fundamento maior da Dignidade da Pessoa Humana, possibilitando a Intervenção do Estado para Garantir o Equilíbrio e a Eticidade das relações jurídicas. 8.4. Os princípios vetores do Direito Contratual; 8.4.1. Boa-fé objetiva; # Princípio que decorre da fase de reconhecimento da constitucionalização do Direito Civil, após Constituição de 1988. Principais característicase regras vinculadas: Objetividade Enunciado n. 26 – Art. 422: A cláusula geral contida no art. 422 do novo Código Civil impõe ao juiz interpretar e, quando necessário, suprir e corrigir o contrato segundo a boa-fé objetiva, entendida como a exigência de comportamento leal dos contratantes. Fases Pré e Pós- Contratual: Enunciado n. 25 – Art. 422: O art. 422 do Código Civil não inviabiliza a aplicação pelo julgador do princípio da boa-fé nas fases pré-contratual e pós- contratual. Enunciado n. 170 – Art. 422: A boa-fé objetiva deve ser observada pelas partes na fase de negociações preliminares e após a execução do contrato, quando tal exigência decorrer da natureza do contrato. Deveres Anexos e Violação Positiva: Enunciado n. 24 – Em virtude do princípio da boa-fé, positivado no art. 422 do novo Código Civil, a violação dos deveres anexos constitui espécie de inadimplemento, independentemente de culpa. Funções da Boa Fé Objetiva do Direito Civil: a) Interpretação de Negócios Jurídicos (art. 113); b) Norma de Conduta dos Contratantes (art. 422); c) Fundamento de Ilicitude e Responsabilidade Civil (187, Tu Quoque: Regra oriunda da célebre frase de Julio César ao sobrinho Brutus, quando apunhalado covardemente (tu quoque Brutus, fili mio?), significa que é vedado à parte adotar comportamento não previsto na avença que cause prejuízo à outra parte. Venire Contra Factum Proprium: Em nome da segurança e da confiança, veda-se que um agente, em momentos diferentes, adote comportamentos contraditórios entre si, prejudicando outrem (ex.: art. 330). Supressio: É a perda ou diminuição de um direito pela a parte que deixa de exercê-lo por determinado espaço de tempo – consequência negativa do venire contra factum proprium. Surrectio: É consolidação de um direito ou obtenção de uma posição mais favorável para uma das partes em face do comportamento reiterado da outra – consequência positiva do venire contra factum proprium. Duty to mitigate the loss Enunciado n. 169 – Art. 422: O princípio da boa-fé objetiva deve levar o credor a evitar o agravamento do próprio prejuízo. 8.4.2. Função social do contrato; # Também é um princípio que é vinculado ao ideal de constitucionalização do Direito Civil, permitindo a intervenção do Estado para equilibrar as relações contratuais e garantir os interesses sociais e de terceiros. Principais características e regras vinculadas: Função Social Externa: Respeito a direitos sociais; Equilíbrio econômico da comunidade; Proteção ao patrimônio ambiental, cultural, histórico e artístico. Função Social Interna: Equilíbrio entre os contratantes e intervenção judicial ou extrajudicial para evitar a onerosidade excessiva e restaurar a proporcionalidade. Enunciado n. 360 – Art. 421: O princípio da função social dos contratos também pode ter eficácia interna entre as partes contratantes. Princípio do Adimplemento Substancial x Resolução: Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial. Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos. Enunciado n. 361 – Arts. 421, 422 e 475: O adimplemento substancial decorre dos princípios gerais contratuais, de modo a fazer preponderar a função social do contrato e o princípio da boa-fé objetiva, balizando a aplicação do art. 475. STJ – REsp n. 1.622.555/MG – Informativo n. 599 (11.04.17): “Não se aplica a teoria do adimplemento substancial aos contratos de alienação fiduciária em garantia regidos pelo Decreto-Lei 911/69.”. Contrato de Adesão: Arts. 423 e 424. Interpretação: Enunciado n. 171 – Art. 423: O contrato de adesão, mencionado nos arts. 423 e 424 do novo Código Civil, não se confunde com o contrato de consumo. Enunciado n. 172 – Art. 424: As cláusulas abusivas não ocorrem exclusivamente nas relações jurídicas de consumo. Dessa forma, é possível a identificação de cláusulas abusivas em contratos civis comuns, como, por exemplo, aquela estampada no art. 424 do CC/02. Enunciado n. 364 – Arts. 424 e 828: No contrato de fiança é nula a cláusula de renúncia antecipada ao benefício de ordem quando inserida em contrato de adesão. Enunciado n. 433 – Art. 424: A cláusula de renúncia antecipada ao direito de indenização e retenção por benfeitorias necessárias é nula em contrato de locação de imóvel urbano feito nos moldes do contrato de adesão. 8.5. Os demais princípios do Direito Contratual; # Os outros princípios a seguir destacados seguem a regulamentação clássica dos contratos, ainda vigente e realçada pela Lei n. 13.874/2019. 8.5.1. Autonomia privada (ou autonomia negocial); Liberdade de Contratar: Direito de decidir se irá ou não assumir uma obrigação. Ex.: “1. Nos casos de renegociação de contrato de financiamento habitacional não está o agente financeiro obrigado a renegociar o débito, mas apenas autorizado, inexistindo obrigação legal dirigida à CEF para rever o pactuado, nos termos do art. 3º da Lei nº 11.922/2009. (...) 3. Esta Corte Superior entende que, no direito civil pátrio, predomina a autonomia da vontade, de modo que se confere total liberdade negocial aos sujeitos da relação obrigacional. Precedentes.” [AgInt no AREsp 1093164 / RJ – DJe 02.04.2018] Liberdade Contratual: Direito de decidir com quem se irá contratar, qual o conteúdo do contrato e, se possível, a sua forma. Ex.: “Não é abusiva a mera previsão contratual que estabelece a duplicação do valor do aluguel no mês de dezembro em contrato de locação de espaço em shopping center. (...) A liberdade contratual representa o poder conferido às partes de escolher o negócio a ser celebrado, com quem contratar e o conteúdo das cláusulas contratuais. É a ampla faixa de autonomia conferida pelo ordenamento jurídico à manifestação de vontade dos contratantes.” [STJ - REsp 1.409.849-PR – Informativo n. 582] Contratos ou cláusulas atípicas Enunciado n. 582 – Arts. 421 e 425: Com suporte na liberdade contratual e, portanto, em concretização da autonomia privada, as partes podem pactuar garantias contratuais atípicas. Enunciado n. 631 – Art. 946: Como instrumento de gestão de riscos na prática negocial paritária, é lícita a estipulação de cláusula que exclui a reparação por perdas e danos decorrentes do inadimplemento (cláusula excludente do dever de indenizar) e de cláusula que fixa valor máximo de indenização (cláusula limitativa do dever de indenizar). Alterações no CC quanto à Interpretação do Negócio Jurídico: (nova Lei n. 13.874/19) Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. § 1º A interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o sentido que: I – for confirmado pelo comportamento das partes posterior à celebração do negócio; II – corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado relativas ao tipo de negócio; III – corresponder à boa-fé; IV – for mais benéfico à parte que não redigiu o dispositivo, se identificável; e V – corresponder a qual seria a razoável negociação das partes sobre a questão discutida, inferida das demais disposições do negócio e da racionalidade econômica das partes consideradas as informações disponíveis no momento de sua celebração. § 2º As partes poderão livremente pactuar regras de interpretação, de preenchimento de lacunas e de integração dos negócios jurídicos diversas daquelas previstas em lei. Alterações no CC quanto à Função Social dos Contratos: (nova Lei n. 13.874/19) Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato. Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio daintervenção mínima e a excepcionalidade da revisão contratual. Art. 421-A. Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e simétricos até a presença de elementos concretos que justifiquem o afastamento dessa presunção, ressalvados os regimes jurídicos previstos em leis especiais, garantido também que: I - é lícito às partes negociantes estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação das cláusulas negociais e de seus pressupostos de revisão ou de resolução; II - deve ser respeitada e observada a alocação de riscos definida pelas partes; e III - a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e limitada. 8.5.2. Relatividade dos efeitos do contrato; # Em regra, os contratos produzem efeitos apenas entre os contratantes, mas, excepcionalmente, podem atingir ou promover direitos a terceiros, conforme Itens 11, 12 e 16, do programa, que serão destacados na aula de hoje. 8.5.3. Consensualismo; # É praticamente um sinônimo da autonomia privada, destacando a presunção de consenso entre os contratantes quando da manifestação da vontade declarada. 8.5.4. Força obrigatória e sua nova feição; “Pacta Sunt Servanda”: Princípio tradicional, fundado na ideia de Segurança Jurídica que impõe o respeito às obrigações celebradas dos contratos. Ex.: “Já a força obrigatória dos contratos é o contraponto da liberdade contratual. Se o agente é livre para realizar qualquer negócio jurídico dentro da vida civil, deve ser responsável pelos atos praticados, pois os contratos são celebrados para serem cumpridos (pacta sunt servanda). A necessidade de efetiva segurança jurídica na circulação de bens impele a ideia de responsabilidade contratual, mas de forma restrita aos limites do contrato. O exercício da liberdade contratual exige responsabilidade quanto aos efeitos dos pactos celebrados.” [STJ - REsp 1.409.849-PR – Informativo n. 582] Consequências Gerais do Inadimplemento: Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. Enunciado doutrinário. Enunciado n. 548 – Artigos 389 e 475: Caracterizada a violação de dever contratual, incumbe ao devedor o ônus de demonstrar que o fato causador do dano não lhe pode ser imputado. Justificativa: O Direito, sistema composto por regras, princípios e valores coerentes entre si, impõe que, tanto nas hipóteses de mora e de inadimplemento da obrigação quanto nos casos de cumprimento imperfeito desta, seja atribuído ao devedor – e, na última situação, ao solvens –, o ônus de demonstrar que a violação do dever contratual não lhe pode ser imputada. “Liberdade Econômica”: As novas regras advindas da nova Lei n. 13.874/19, já destacadas no item anterior, se coadunam com o Princípio da Força Obrigatória, na medida em que valorizam as estipulações estabelecidas pelos contratantes e limitam a intervenção do Poder Público nas relações privadas. 8.5.6. A possibilidade de revisão ou resolução judicial de contratos com base na Teoria da Imprevisão (ou na Onerosidade Excessiva). # A Lei n. 13.874/2019 previu a intervenção mínima do Estado nos negócios privados, mas não impede que seja discutida a onerosidade excessiva no seio das relações contratuais. Assim, combinando-se o Princípio da Preservação do Negócio Jurídico com a possibilidade de Resolução Contratual por Onerosidade Excessiva, observam-se as seguintes regras e considerações: Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação. Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar equitativamente as condições do contrato. Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva. Enunciado n. 175 – Art. 478: A menção à imprevisibilidade e à extraordinariedade, insertas no art. 478 do Código Civil, deve ser interpretada não somente em relação ao fato que gere o desequilíbrio, mas também em relação às consequências que ele produz. Enunciado n. 176 – Art. 478: Em atenção ao princípio da conservação dos negócios jurídicos, o art. 478 do Código Civil de 2002 deverá conduzir, sempre que possível, à revisão judicial dos contratos e não à resolução contratual. Enunciado n. 365 – Art. 478. A extrema vantagem do art. 478 deve ser interpretada como elemento acidental da alteração das circunstâncias, que comporta a incidência da resolução ou revisão do negócio por onerosidade excessiva, independentemente de sua demonstração plena. Enunciado n. 366 – Art. 478: O fato extraordinário e imprevisível causador de onerosidade excessiva é aquele que não está coberto objetivamente pelos riscos próprios da contratação. Enunciado n. 367 – Art. 479: Em observância ao princípio da conservação do contrato, nas ações que tenham por objeto a resolução do pacto por excessiva onerosidade, pode o juiz modificá-lo equitativamente, desde que ouvida a parte autora, respeitada sua vontade e observado o contraditório. # Como se observa do art. 478, do CC, a Resolução do Contrato por Onerosidade Excessiva depende da comprovação de fato extraordinário e imprevisto que justifique a alteração das bases contratuais a ponto de tornar o pacto extremamente vantajoso para uma parte e prejudicial para a outra – Trata-se da aplicação da Teoria da Imprevisão. Veja-se a distinção entre as Teorias que fundamentam a revisão contratual por onerosidade excessiva, conforme Jurisprudência do STJ: DIREITO DO CONSUMIDOR (art. 6°, V, do CDC): DIREITO CIVIL (arts. 317 e 478, do CC): TEORIA DA BASE OBJETIVA ou BASE DO NEGÓCIO JURÍCO TEORIA DA IMPREVISÃO “A teoria da base objetiva ou da base do negócio jurídico tem sua aplicação restrita às relações jurídicas de consumo, não sendo aplicável às contratuais puramente civis”. (...) “Pela leitura do art. 6°, V, do CDC, basta a superveniência de fato que determine desequilíbrio na relação contratual diferida ou continuada para que seja possível a postulação de sua revisão ou resolução”. “O requisito de o fato não ser previsível nem extraordinário não é exigido.” “A teoria da base objetiva difere da teoria da imprevisão por prescindir da imprevisibilidade de fato que determine oneração excessiva de um dos contratantes.” 11. Estipulação em favor de terceiros (CC 436-438). Seção III - Da Estipulação em Favor de Terceiro Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação. Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o inovar nos termos do art. 438. Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor. Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado no contrato, independentemente da sua anuência e da do outro contratante. Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição de última vontade. 12. Promessa de fato de terceiro (CC 439-440). Seção IV - Da Promessa de Fato de Terceiro Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar. Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o atoa ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens. Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação. 16. Contrato com pessoa a declarar (CC 467-471). Seção IX - Do Contrato com Pessoa a Declarar Art. 467. No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes. Art. 468. Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco dias da conclusão do contrato, se outro não tiver sido estipulado. Parágrafo único. A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se revestir da mesma forma que as partes usaram para o contrato. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm#art438 Art. 469. A pessoa, nomeada de conformidade com os artigos antecedentes, adquire os direitos e assume as obrigações decorrentes do contrato, a partir do momento em que este foi celebrado. Art. 470. O contrato será eficaz somente entre os contratantes originários: I - se não houver indicação de pessoa, ou se o nomeado se recusar a aceitá-la; II - se a pessoa nomeada era insolvente, e a outra pessoa o desconhecia no momento da indicação. Art. 471. Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação, o contrato produzirá seus efeitos entre os contratantes originários. SEGUNDA PARTE => QUESTÕES: 1 - (CESPE - TJ/AM – Analista Judiciário – 2019) No direito civil, há exceções ao princípio da relatividade dos efeitos contratuais, como, por exemplo, nos institutos da estipulação em favor de terceiro e do contrato com pessoa a declarar. 2 - (OAB/2018.3 – XXVII Exame) Renata financiou a aquisição de seu veículo em 36 parcelas e vinha pagando pontualmente todas as prestações. Entretanto, a recente perda de seu emprego fez com que não conseguisse manter em dia a dívida, tendo deixado de pagar, justamente, as duas últimas prestações (35ª e 36ª). O banco que financiou a aquisição, diante do inadimplemento, optou pela resolução do contrato. Tendo em vista o pagamento das 34 parcelas anteriores, pode-se afirmar que a conduta da instituição financeira viola o princípio da boa-fé, em razão do(a) A) dever de mitigar os próprios danos. B) proibição de comportamento contraditório (venire contra factum proprium). C) adimplemento substancial. D) dever de informar. 3 - (TJ/PR – Notários – Remoção – 2019) A Teoria Geral dos Contratos, para o Direito Civil, representa um marco teórico, principio lógico e normativo. Dela nascem muitas outras espécies de contratos, regrados algumas vezes por legislações específicas e até resoluções. Vários são os exemplos dessa constatação, a saber, o contrato de seguro de vida, que decorre do gênero estipulação em favor de terceiros, e o contrato de shows artísticos, que decorre da promessa de fato de terceiro. Em relação a essas duas bases contratuais e com fundamento no Código Civil brasileiro, assinale a alternativa correta. a) O que estipula em favor de terceiro não pode exigir o cumprimento da obrigação. b) Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a execução, poderá o estipulante exonerar o devedor. c) Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos quando este o não executar. d) Na estipulação em favor de terceiros, a substituição pode ser feita por ato entre vivos, ressalvados os casos de disposição de última vontade, os quais são vedados. e) O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado no contrato, dependendo da sua anuência e da do outro contratante. 4 - (FGV – Câmara Municipal/SSA – Analista – Licitação – 2018) Souto aceitou transportar mercadorias que lhe foram entregues por Sátiro. Foi estipulado no contrato por Sátiro que a carga deverá ser entregue a Amélia, que não é parte no contrato. Consideradas essas informações e o disposto na legislação civil sobre estipulações contratuais em favor de terceiros, é correto afirmar que: (A) somente Sátiro, na condição de estipulante, pode exigir o cumprimento da obrigação de entrega da carga perante o transportador Souto; (B) somente Amélia, na condição de terceiro em favor de quem se estipulou a obrigação, pode exigir o cumprimento da entrega da carga perante o transportador Souto; (C) se à Amélia for atribuído o direito de reclamar do transportador a entrega da carga, poderá Sátiro exonerar Souto dessa obrigação; (D) tanto o estipulante Sátiro quanto a destinatária Amélia poderão, individual ou conjuntamente, exigir o cumprimento da obrigação de Souto e alterar as condições e normas do contrato; (E) Sátiro, na qualidade de estipulante, pode reservar-se o direito de substituir a destinatária da carga, Amélia, independentemente da sua anuência e da do transportador. 5 - (Câmara Municipal/Palmas/TO – Procurador – 2018 – UFT) Com relação à Teoria dos Contratos, importante matéria do Direito Civil, é INCORRETO afirmar que: (A) os contratantes não podem criar situações jurídicas que prejudiquem terceiros, uma vez que a autonomia privada não é um dogma inatacável, devendo a liberdade de contratar ser exercida em razão e nos limites da função social do contrato. (B) como regra geral as tratativas preliminares não possuem força vinculante, todavia, há responsabilidades quando uma parte cria expectativas e sem motivo justificável as encerra. (C) é nulo o contrato subordinado a eventos futuros, certos ou incertos, que limitam, mesmo que parcialmente ou total, sua eficácia contratual. (D) nos contratos bilaterais nenhum dos contratantes pode exigir o cumprimento da parte do outro, antes de cumprir a sua própria obrigação. 6 - (CESPE – PGM/JP – Procurador Municipal – 2018) 23. Um cliente de uma instituição bancária foi contatado, por mensagem via aplicativo de celular, pelo seu gerente, para que autorizasse a transferência de determinada quantia em dinheiro da conta-corrente para uma aplicação no mercado financeiro. Seis meses após ter permitido essa operação, o cliente constatou que não existia o investimento e não localizou o dinheiro disponibilizado. Solicitou, então, ao gerente que o valor fosse restituído à conta-corrente, mas ele recusou-se a fazê-lo. Nessa situação hipotética, poderá haver responsabilização pessoal do gerente, uma vez que este feriu a boa-fé objetiva pelo instituto A) da exceção dolosa. B) do tu quoque. C) da surrectio. D) da supressão. E) do venire contra factum proprium. GABARITO: 1 - C; 2 - C; 3 - C; 4 - E; 5 - C; 6 - B. Aula 6 – Contratos – 29.03.21 PRIMEIRA PARTE => Abordagem dos seguintes temas do Programa da Disciplina: 17. Vícios redibitórios. 17.1. Noções conceituais. # Independente da existência de cláusula contratual de garantia, a lei protege o adquirente de um bem que já possuía defeitos no momento da aquisição. É a garantia legal contra “vícios redibitórios”. 17.2. Fundamentação jurídica dos vícios redibitórios. # Princípio da Função Social; # Princípio da Boa Fé (especialmente o dever anexo de assistência na fase pós-contratual); # Vedação ao Enriquecimento sem Causa. 17.3. Requisitos para a caracterização. # É garantia legal na aquisição de bens viciados => independe de declaração de vontade; # O defeito do bem deve ser oculto, ou seja, preexistentes à aquisição, porém não percebido no momento da celebração do contrato; # O defeito do bem deve ser grave, desvalorizando a coisa ou a tornando imprestável; # A garantia legal se aplica quando o contrato é bilateral e oneroso (art. 441, do CC). Para este efeito, a doação com encargo é considerada contrato oneroso (art. 441, parágrafo único, do CC). 17.4. As ações edilícias. a) Espécies: Oadquirente tem o direito potestativo de escolher entre duas ações edilícias: Ação Redibitória (art. 441, do CC): Rejeição da coisa defeituosa, rescindindo-se o contrato e reavendo-se o preço pago, além do reembolso das despesas. O direito de ressarcimento das perdas e danos depende do conhecimento do vício pelo alienante (art. 443, do CC). Ação Estimatória - Quanti Minoris (art. 442, do CC): Conserva-se o domínio sobre o bem, reclamando-se o abatimento do preço, sem acarretar a redibição do contrato. O direito de ressarcimento das perdas e danos depende do conhecimento do vício pelo alienante (art. 443, do CC). b) Prazos: Por se tratar de direito potestativo do credor, o prazo para ajuizar as ações acima é decadencial, variando conforme a coisa seja móvel ou imóvel (art. 445, do CC/02): Coisa Móvel Viciada – Prazo para reclamação: Coisa Imóvel Viciada – Prazo para reclamação: Prazo de 30 dias, contados da tradição da coisa, em se tratando de vício de fácil constatação. Prazo de 01 ano, contado a partir da “entrega”, em se tratando de vício de fácil constatação. Prazo de 15 dias, contados da alienação, se a coisa já estava na posse do adquirente (metade do prazo anterior) Prazo de 06 meses, contados da alienação, se a coisa já estava na posse do adquirente (metade do prazo anterior) Prazo de 180 dias para constatação do vício, se for de difícil constatação. Ciente o adquirente, começa a correr o prazo de 30 dias para reclamação. Prazo de 01 ano para constatação do vício, se for de difícil constatação. Ciente o adquirente, começa a correr o prazo de 01 ano para reclamação. # Vale citar, quanto à cumulação de Garantia Legal e Contratual, a regra do art. 446, do CC/02: Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência. Enfim, se os contratantes firmam uma garantia contratual (01 ano, por exemplo), o adquirente tem duas garantias cumulativas, ou seja, conta-se o prazo contratual de 01 ano e mais (+) o prazo previsto na lei, a depender de se tratar de bem móvel ou imóvel. 18. Evicção (CC 450-2). 18.1. Noções conceituais. # É a garantia legal do Adquirente de um bem quando ocorre a perda total, ou parcial, da coisa adquirida onerosamente, inclusive por hasta pública. Essa perda decorre de uma ação de um terceiro, que consegue, por decisão judicial ou qualquer medida legítima, provar direito melhor que o do evicto, diante de causa preexistente ao contrato. Ex.: “A” compra um veículo de “B”, e depois vem perder este automóvel para “C”, que prova que é o verdadeiro titular do direito em demanda judicial. 18.2. Extensão da garantia. # O Adquirente prejudicado (Evicto), tem direito à restituição (regresso) de todos os prejuízos sofridos diante da evicção, contra o Alienante, sejam eles de natureza material (valor atual do bem, benfeitorias, frutos, etc.), ou de natureza processual (despesas processuais e honorários advocatícios de sucumbência), conforme arts. 450-453, do CC, desde que tenha agido de boa fé (não há responsabilidade civil se o Evicto sabia que se tratava de coisa alheia ou litigiosa - art. 457, do CC). * Obs.: Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção (art. 448, do CC). No entanto, conforme art. 449, do CC, mantém-se o direito do evicto de recobrar o preço pago, ainda que presente a cláusula excludente de responsabilidade, se não soube do risco da evicção e, se informado, não o assumiu. 18.3. Requisitos da evicção. # É garantia legal quando há perda de bens adquiridos onerosamente; # A perda decorre de decisão judicial ou outro ato legítimo que transfere o bem para um terceiro com melhor direito (Evictor); # A garantia legal se aplica tanto para a perda total quanto para perda parcial, com as especificidades dos art. 450, parágrafo único + art. 455, ambos do CC. 18.4. A denunciação da lide (CC 456 e CPC 70 – atual CPC 125). # Como o Evicto tem direito de regresso contra o Alienante, é possível a denunciação da lide, medida processual prevista no atual art. 125, do CPC, ainda que o art. 456, do CC, tenha sido revogado. SEGUNDA PARTE => QUESTÕES: 1 - (FCC - DPE/AM – Analista Jurídico – 2018) À luz da disciplina dos vícios redibitórios no Código Civil, é correto afirmar: (A) Tratando-se de venda de animais, não se caracterizam vícios redibitórios. (B) O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de noventa dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel. (C) O adquirente da coisa viciada poderá se valer de uma das ações edilícias. (D) Se o alienante conhecia o vício da coisa, restituirá ao adquirente o que recebeu sem perdas e danos. (E) Não se aplica às doações onerosas, por expressa previsão legal, nenhuma disposição relativa aos vícios redibitórios. 2 - (OAB/2012.3 - IX Exame). Em 12.09.12, Sílvio adquiriu de Maurício, por contrato particular de compra e venda, um automóvel, ano 2011, por R$ 34.000,00 (trinta e quatro mil reais). Vinte dias após a celebração do negócio, Sílvio tomou conhecimento que o veículo apresentava avarias na suspensão dianteira, tornando seu uso impróprio pela ausência de segurança. Considerando que o vício apontado existia ao tempo da contratação, de acordo com a hipótese acima e as regras de direito civil, assinale a afirmativa correta. A) Sílvio terá o prazo de doze meses, após o conhecimento do defeito, para reclamar a Maurício o abatimento do preço pago ou desfazimento do negócio jurídico em virtude do vício oculto. B) Mauricio deverá restituir o valor recebido e as despesas decorrentes do contrato se, no momento da venda, desconhecesse o defeito na suspensão dianteira do veículo. C) Caso Silvio e Maurício estabeleçam no contrato cláusula de garantia pelo prazo de 90 dias, o prazo decadencial legal para reclamação do vício oculto correrá independentemente do prazo da garantia estipulada. D) Caso Silvio e Mauricio tenham inserido no contrato de compra e venda cláusula que exclui a responsabilidade de Mauricio pelo vício oculto, persistirá a irresponsabilidade de Maurício mesmo que este tenha agido com dolo positivo. 3 - (CESPE - PGE/PE – Analista Judiciário – 2019) Na hipótese de defeito oculto de coisa recebida em decorrência de contrato comutativo, caso o alienante não tenha conhecimento do referido vício, ele deverá restituir o valor recebido do contrato, acrescido de indenização por perdas e danos. 4 - (VUNESP - EBSERH – Advogado – 2020) Maria comprou um veículo automotor em 01.01.2019 de José, um colega de trabalho. No dia 01.08.2019, o veículo fundiu o motor, em razão de um defeito no sistema de arrefecimento do motor, defeito oculto e desconhecido por Maria e por José. No dia 01.12.2019, Maria requereu que José abatesse do preço o valor a ser gasto para retificar o motor fundido. Acerca do caso hipotético, pode-se corretamente afirmar: (A) não há qualquer direito de Maria a requerer o abatimento do preço por vício redibitório, tendo em vista que este não era de conhecimento de José. (B) a pretensão para pedir o abatimento do preço decaiu após 30 (trinta) dias contados da data da compra do veículo automotor. (C) a pretensão para pedir o abatimento do preço decaiu após 30 (trinta) dias contados da data da descoberta do vício oculto. (D) a pretensão para pedir o abatimento do preço decaiu após 180 (cento e oitenta) dias contados da data da compra do veículo automotor. (E) o direito de Maria requerer o abatimento do preço pode ser exercido em até cinco anos da data da celebração do contrato. 5 - (OAB/2019.1 – XXVIII Exame) Maria decide vender sua mobília para Viviane, sua colega de trabalho. A alienantedecidiu desfazer-se de seus móveis porque, após um serviço de dedetização, tomou conhecimento que vários já estavam consumidos internamente por cupins, mas preferiu omitir tal informação de Viviane. Firmado o acordo, 120 dias após a tradição, Viviane descobre o primeiro foco de cupim, pela erupção que se formou em um dos móveis adquiridos. Poucos dias depois, Viviane, após investigar a fundo a condição de toda a mobília adquirida, descobriu que estava toda infectada. Assim, 25 dias após a descoberta, moveu ação com o objetivo de redibir o negócio, devolvendo os móveis adquiridos, reavendo o preço pago, mais perdas e danos. Sobre o caso apresentado, assinale a afirmativa correta. A) A demanda redibitória é tempestiva, porque o vício era oculto e, por sua natureza, só podia ser conhecido mais tarde, iniciando o prazo de 30 (trinta) dias da ciência do vício. B) Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato, deveria a adquirente reclamar abatimento no preço, em sendo o vício sanável. C) O pedido de perdas e danos não pode prosperar, porque o efeito da sentença redibitória se limita à restituição do preço pago, mais as despesas do contrato. D) A demanda redibitória é intempestiva, pois quando o vício só puder ser conhecido mais tarde, o prazo de 30 (trinta) dias é contado a partir da ciência, desde que dentro de 90 (noventa) dias da tradição. 6 – (FCC - AL/AP – Advogado Legislativo - Procurador - 2020) No tocante à evicção e aos vícios redibitórios, é correto afirmar: (A) Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu. (B) O alienante que conhecia ou não o vício ou defeito da coisa restituirá o que recebeu com perdas e danos. (C) São aplicáveis as disposições dos vícios redibitórios às doações simples. (D) Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção, salvo se a aquisição houver ocorrido em hasta pública, quando então não subsistirá a garantia. (E) O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de noventa dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta- se da alienação, reduzido à metade. 7 – (OAB/2013.3 - XII Exame) José celebrou com Maria um contrato de compra e venda de imóvel, no valor de R$100.000,00, quantia paga à vista, ficando ajustada entre as partes a exclusão da responsabilidade do alienante pela evicção. A respeito desse caso, vindo a adquirente a perder o bem em decorrência de decisão judicial favorável a terceiro, assinale a afirmativa correta. A) Tal cláusula, que exonera o alienante da responsabilidade pela evicção, é vedada pelo ordenamento jurídico brasileiro. B) Não obstante a cláusula de exclusão da responsabilidade pela evicção, se Maria não sabia do risco, ou, dele informada, não o assumiu, deve José restituir o valor que recebeu pelo bem imóvel. C) Não obstante a cláusula de exclusão da responsabilidade pela evicção, Maria, desconhecendo o risco, terá direito à dobra do valor pago, a título de indenização pelos prejuízos dela resultantes. D) O valor a ser restituído para Maria será aquele ajustado quando da celebração do negócio jurídico, atualizado monetariamente, sendo irrelevante se tratar de evicção total ou parcial. 8 - (CESPE – ABIN – Oficial Técnico de Inteligência – Área 2 – 2018) 94 Em decorrência do princípio da autonomia da vontade, podem as partes de contrato oneroso pactuar, de forma expressa, pela exclusão de responsabilidade pela evicção, mas, mesmo nessa situação, o evicto terá direito a receber o preço que pagou pela coisa perdida se desconhecia o risco efetivo de evicção à época do contrato. GABARITO: 1 - C; 2 - B; 3 - E; 4 - D; 5 - A; 6 - A; 7 - B; 8 - C. Aula 7 – Contratos – 05.04.21 PRIMEIRA PARTE => Abordagem dos seguintes temas do Programa da Disciplina: 19. Extinção dos contratos. # A relação contratual, como ocorre com as relações obrigacionais, tem natureza provisória, ainda que alguns negócios tenham execução continuada (trato sucessivo). Em algum momento, essa relação chega ao fim, conforme hipóteses a seguir esquematizadas. 19.1. Extinção pelo regular cumprimento ou “Extinção Normal”. # Fim natural dos contratos, por força do cumprimento integral da obrigação pactuada ou por conta do decurso do prazo (termo essencial) ou do implemento de condição resolutiva (art. 127, do CC). A relação termina com a satisfação dos justos interesses das partes. 19.2. Extinção por inexistência. # O primeiro plano dos negócios jurídicos é o da existência. Na falta de um dos elementos essenciais ou estruturais (agentes, objeto, declaração de vontade e forma), o contrato sequer chega a existir. Há negócios que ainda exigem outros elementos essenciais, como os contratos reais, que só passam a existir a partir da tradição da coisa (Ex.: mútuo, comodato, depósito, contrato estimatório, etc.). 19.3. Extinção por invalidade. # A invalidade dos negócios jurídicos acarreta uma “extinção anormal ou irregular”, por uma “causa antecedente/concomitante”. Como já destacado no estudo do negócio jurídico, o descumprimento de determinados requisitos e a existência de alguns vícios implicam na invalidade do pacto, tornando-o nulo (ex.: arts. 166-167) ou anulável (ex.: art. 171). 19.4. Rescisão. # Compreende-se ser forma especial de “extinção anormal” nas hipóteses de “vícios objetivos antecedentes ou concomitantes”, ainda que o legislador utilize outras expressões. As principais hipóteses destacadas pela doutrina são as seguintes: a) LESÃO e ESTADO DE PERIGO, embora o CC simplesmente considere tais hipóteses como Defeitos do Negócio Jurídico que impõem sua anulação (arts. 156-157 + art. 171, do CC); b) REDIBIÇÃO por vício redibitório, como prevê o art. 441, do CC. 19.5. Extinção Anormal por causas Supervenientes. # Depois de celebrado validamente o contrato (conclusão), alguns fatores podem resultar na dissolução posterior da avença, quais sejam: 19.5.1. Extinção por descumprimento (inexecução) - Resolução. # Na fase de execução do contrato, especialmente naqueles de execução continuada ou diferida, o descumprimento de obrigações por qualquer das partes é motivo para a outra extinguir o contrato, na modalidade chamada de RESOLUÇÃO. Algumas considerações são pertinentes: Resolução por A parte prejudicada pelo inadimplemento culposo tem as seguintes opções: Inadimplemento Voluntário (culpa) – arts. 474-476, do CC/02: a) Extinguir diretamente o contrato, quando existe cláusula resolutiva expressa, independentemente de pronunciamento judicial (art. 474, 1ª parte) b) Extinguir o contrato pela via judicial, caso não contenha cláusula resolutiva expressa (art. 474, 2ª parte); c) Exigir o cumprimento do contrato, com a tutela processual para as obrigações de dar, fazer e não fazer (art. 475, do CC); d) Deixar de cumprir suas obrigações, defendendo-se com a exceção do contrato não cumprido (art. 476, do CC). Exceção do Contrato não Cumprido (Exceptio Non Adimpleti Contractus): Regra geral do art. 476: Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro. Obs. 1: O contratante pode abrir mão desta regra geral da relação contratual por meio da cláusula “solve et repet”. Obs. 2: Quando o descumprimento é parcial, considera-se a exceptio non rite adimplete contractus, com ônus da prova para quem justifica o inadimplemento. Resolução por Inadimplemento Involuntário. São situações que implicam na impossibilidade superveniente de cumprimento do contrato, sem nexo de causalidade com a conduta do devedor, que não agiu culposamente. Neste caso, a resoluçãose dá sem perdas e danos (Ex.: art. 234). Resolução por Onerosidade Excessiva (arts. 478-480, do CC): Decorre do Princípio da Função Social, no plano interno – Equilíbrio entre os contratantes, com os seguintes requisitos: a) Contratos de execução continuada ou diferida; b) Ocorrência de fato extraordinário e imprevisto que seja causa da alteração da situação de fato da avença (Teoria da Imprevisão); c) Alteração da proporcionalidade das prestações – onerosidade excessiva para uma parte e grande vantagem para a outra; d) Efeito retroativo à datada da citação; e) A revisão pode substituir a resolução (art. 479, do CC); f) É aplicável aos contratos unilaterais (art. 480, do CC). 19.5.2. Resilição # Quando uma ou ambas as partes não querem mais dar continuidade à relação contratual, podem se utilizar da RESILIÇÃO, ou seja, da extinção voluntária, que se classifica em: Resilição Unilateral (Denúncia): A resilição unilateral decorre da vontade de apenas um dos contratantes. Há a necessidade de permissão expressa ou implícita de lei (Ex.: locação), mediante aviso concessivo de prazo para a outra parte, especialmente se uma das partes fez alto investimento (art. 473, do CC). Ex.: renúncia, revogação, denúncia da locação, etc. Resilição Bilateral (Distrato): É o negócio jurídico bilateral que põe fim a um contrato (declaração de vontade de ambos os contratantes). Segue a forma determinada para o contrato (art. 472, do CC). Neste sentido, se a lei não impõe uma forma determinada para um negócio, o distrato também terá forma livre. 19.5.3. Direito de Arrependimento. # Os contratos podem conter a cláusula de arrependimento, que permite aos contratantes a retratação ou desistência do negócio. Convém destacar que esse arrependimento e consequente extinção pode implicar no pagamento de cláusula penal ou de arras (art. 420, do CC). 19.5.4. Morte – Cessação. # A morte não extingue, em regra, os efeitos dos contratos, diante da transmissibilidade das obrigações patrimoniais. Acontece que, se o contrato for personalíssimo, isto é, vinculado a uma determinada pessoa, a morte desta é causa de extinção (Ex.: art. 682, II, do CC). SEGUNDA PARTE => QUESTÕES: 1 - (TRF3 – Juiz Federal – TRF3 – 2018) Em matéria de extinção dos contratos é CORRETO afirmar: a) Considerando os postulados da boa-fé objetiva e da função social do contrato, é eventualmente possível, mesmo diante do inadimplemento, recusar-se a resolução do contrato pela invocação da teoria do substancial adimplemento. b) Na resolução do contrato por onerosidade excessiva, segundo a lei, os efeitos da sentença que a decretar retroagirão ao momento da ocorrência dos acontecimentos tidos por extraordinários e imprevisíveis. c) A resilição unilateral é vedada e deve ser juridicamente qualificada como violação do contrato a justificar sua resolução por justa causa. d) Não havendo no contrato expressa cláusula resolutiva, não há como presumir que exista disposição tácita de tal natureza. 2 - (CESPE - PGE/PE – Analista Judiciário – 2019) Se, na execução do contrato, uma das partes houver realizado elevado investimento em razão da natureza do contrato, o distrato unilateral, exercido pela outra parte, produzirá efeitos somente após o decurso de período condizente com a importância investida. 3 - (CESPE - TJ/AM – Analista Judiciário – 2019) De acordo com o Código Civil, a extinção de um contrato em razão da ocorrência de situação prevista em cláusula resolutiva expressa depende de pronunciamento judicial para que possa produzir seus regulares efeitos jurídicos. 4 - (CESPE – TRF5 –Juiz Federal – 2017) Estabelecido contrato de fornecimento de insumos para empresa que comercializa produtos químicos, será juridicamente possível o fornecedor pedir, de acordo com a lei civil, a resolução do contrato, se a sua prestação se tornar excessivamente onerosa, A) com extrema vantagem para a outra parte, por acontecimento extraordinário, ainda que previsível. B) por acontecimento extraordinário, ainda que sem proveito para a outra parte. C) com vantagem extrema para a outra parte em razão de acontecimento extraordinário e imprevisível. D) por acontecimento extraordinário, ainda que não imprevisível. E) por acontecimento extraordinário, ainda que não imprevisível, provocado por fato do príncipe. 5 - (FCC - DPE/AM – Defensor – 2018) No Código Civil, para que se dê a resolução contratual por onerosidade excessiva, será preciso o preenchimento dos requisitos seguintes: (A) os contratos devem ser de parcelas sucessivas, ou diferidos no tempo, exigindo-se a onerosidade excessiva à parte prejudicada e vantagem extrema à outra, mas não a imprevisibilidade dos acontecimentos. (B) a natureza dos contratos é irrelevante, bem como a vantagem a uma das partes, bastando a onerosidade excessiva à parte prejudicada e os acontecimentos extraordinários e imprevisíveis. (C) os contratos devem ser bilaterais e as prestações sucessivas, bastando a onerosidade excessiva a uma das partes, sem se cogitar de vantagem à outra parte mas exigindo-se a imprevisibilidade dos acontecimentos. (D) na atual sistemática civil, basta a onerosidade excessiva, não se cogitando seja de vantagem à outra parte, seja da imprevisibilidade dos eventos. (E) os contratos devem ser de execução continuada ou diferida; e à onerosidade excessiva a uma das partes deve corresponder a extrema vantagem à outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis. 6 - (CESPE – TCE/RJ – Analista Controle Externo - Direito - 2021) No regime jurídico concebido pelo Código Civil, a resolução contratual pela onerosidade excessiva depende da demonstração da superveniência de fato imprevisível, ou seja, aquele impossível de ser antevisto pelas partes. 7 - (CESPE - Câmara Federal – Analista Legislativo – Área V – 2014) A nulidade, a anulabilidade e a redibição são causas anteriores ou contemporâneas à formação do contrato e que podem acarretar a sua extinção anormal. 8 - (CESPE - Câmara Federal – Analista Legislativo – Área V – 2014) A resilição bilateral é a extinção do contrato fundamentada no descumprimento do pactuado por inadimplemento culposo ou doloso, assim como em caso de inexecução absoluta ou relativa. 9 – (CESPE - TJ/SE – Analista Judiciário – 2014) A resilição bilateral de determinado contrato equivale ao distrato desse pacto. 10 - (TJCE – Analista Judiciário – 2014) João, mediante contrato firmado, prestava assistência técnica de computadores à empresa de Mário. João e Mário, por mútuo consenso, resolveram por fim à relação contratual. Nessa situação hipotética, considerando o que dispõe a doutrina majoritária sobre a matéria, caracterizou-se a resilição bilateral do contrato. GABARITO: 1 - A; 2 - C; 3 - E; 4 - C; 5 - E; 6 - C; 7 - C; 8 – E; 9 – C; 10 - C.
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