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ASPECTOS DA EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA ECONÔMICA ——DO INÍCIO DO SÉCULO XXI ÀS RAÍZES DO PENSAMENTO ECONÔMICO Raíze� d� Ciênci� Econômic� Da� origen� at� 1750: � fas� pr�-científic� d� economi� Na Antiguidade grega aparecem apenas algumas ideias econômicas fragmentárias em estudos filosóficos e políticos. os autores gregos : não apresentaram um pensamento econômico independente. Trataram apenas de conhecimentos práticos de administração doméstica. A Crematística (de chrema, posse ou riqueza) de Aristóteles referia-se aos aspectos pecuniários das transações comerciais. Contudo, apresentou algumas contribuições interessantes às teorias do valor, dos preços e da moeda. Na Antiguidade romana, não houve um pensamento econômico geral e independente, embora a economia de troca fosse mais intensa em Roma do que na Grécia. É mantida por meio de notáveis redes rodoviárias e de intensa navegação, transformando Roma em centro de afluência dos produtos de todas as províncias, estimulando as transações comerciais e a criação de companhias mercantis e sociedades por ações. Porém, as preocupações dos ro-manos limitaram-se fundamentalmente à política, de modo que sua contribuição à economia foi quase nula. Na Idade Média, principalmente do século XI ao XIV, surgiu uma atividade eco-nômica regional e inter-regional (com feiras periódicas que se tornaram célebres, como as de Flandres, Champagne, Beaucaire e outras), organizaram-se corporações de ofício, generalizaram-se as trocas urbano-rurais, retomou novo impulso o comércio mediterrâneo A Igreja procurou “moralizar” o interesse pessoal, reconheceu a dignidade do trabalho (manual e intelectual), condenou as taxas de juros, buscou o “justo preço” o pensamento econômico medieval, de caráter prático, também era dependente: da subordinação à filosofia ou à política, essa subordinação religiosa seria substituída pela preocupação metalista. Mercantilism� (1450-1750) : originou um conjunto de medidas econômicas diversas de acordo com os Estados. Caracterizou-se por uma forte intervenção do Estado na economia. Consistiu numa série de medidas tendentes a unificar o mercado interno e teve como finalidade a formação de fortes Estados-nacionais transformações marcaram o início do Mercantilismo: ■ intelectuais — com o Renascimento e literária, a laicização do pensamento, o retorno aos métodos de observação e de experiência, a difusão de novas ideias por meio da imprensa. ■ religiosas — movimento da Reforma, em especial a implantada por Calvino e pelos puritanos anglo-saxões, que exaltavam o individualismo e a atividade econômica, condenavam a ociosidade, justificavam os empréstimos a juros, a busca do lucro, o sucesso nos negócios etc.; ■ padrão de vida — reabilitação teológica da vida material em relação ao ascetismo e, consequentemente, pelo desejo de bem-estar, de alimentação requintada (com o uso de especiarias, do açúcar etc.), de habitações confortáveis e arejadas ( tapeçarias, louças finas etc.), de viagens inter-regionais (que contribuíram para a propagação das novas maneiras de viver e de pensar) etc.; ■ políticas — o aparecimento do Estado Moderno,nasce quando o rei toma poderes da nobreza para conter as revoltas camponesas e manter a ordem feudal. O rei terá poder absoluto, nobres mantém privilégios, burguesia aumenta capital e camponeses foram derrotados ■ transformações geográficas — decorrentes da ampliação dos “limites do mundo”, graças às grandes descobertas (sobretudo a bússola) e aos esforços para desenvolveu a navegação. ■ transformações econômicas — O aparecimento de interessantes ideias sobre a moeda possibilitou a elaboração da concepção metalista, base do Mercantilismo: o ouro e a prata passaram a ser considerados os mais perfeitos instrumentos de aquisição de riqueza. ■formações geográficas foram, talvez, as mais importantes, porque propiciam a presença dos metais preciosos em uma Europa política e intelectualmente modificada, criando as condições da concepção metalista que caracterizou o mercantilismo em suas várias formas — bulionista, industrialista, comercialista, fiduciário . função histórica do Mercantilismo: passagem da economia regional para a economia nacional. Teve falhas! ● atribuiu demasiado valor ao metal precioso ● considerou a produção apenas em função da prosperidade do Estado ou do enriquecimento público, sem se preocupar com o bem-estar dos indivíduos; ● encarou o comércio internacional de maneira unilateral e “agressiva” — “o lucro de um país é o prejuízo de outro”, de um país equivalem aos lucros realizados pelo estrangeiro”, sem que outro perca critic� � polític� colonia� mercantilist� Consistia em explorar a colônia ao máximo e impedir que se desenvolvesse nela qualquer atividade econômica que pudesse, ainda que remotamente, fazer concorrência à metrópole. Mercantilismo, que passou para a História essencialmente como um conjunto de atos econômicos e de política econômica pouco significativa a contribuição do Mercantilismo à constituição da análise econômico-científica A criaçã� científic� d� Economi�: d� 1750 � 1870 O Quadro econômico de Quesnay (1758) e a Riqueza das nações de Adam Smith (1776) marcaram reação contra o tratamento assistemático e disperso dos problemas econômicos A Fisiocraci� Impôs-se principalmente como doutrina da ordem natural: o universo é regido por leis naturais, absolutas, imutáveis e universais, desejadas pela Providência Divina para a felicidade dos homens. Estes, por meio da razão, poderão descobrir essa ordem. Quesnay: - O foco dos seus estudos foi a Macroeconomia. - Uma de suas principais ideias era a defesa da pouca interferência do Estado na economia. Para ele, quanto mais livre a economia melhor. Quadro econômico representou, de modo simplificado, o fluxo de despesas e de bens entre as diferentes classes sociais, distinguindo um equilíbrio de quantidades globais que os keynesianos deveriam analisar a partir de 1936 keynesianos: Uma teoria econômica que se opõe ao Liberalismo, pois defende a intervenção do Estado no controle da economia nacional, com o intuito de fazer o país atingir o pleno emprego. Cantillon : evidenciou a interdependência entre as atividades econômicas.Indicou como a agricultura fornece um “produto líquido” que se reparte entre as classes da sociedade e admitiu ser a terra produtora da mais-valia (não se referindo ao trabalho que Marx enfocaria anos após) A Escol� Clássic� o� � Economi� Polític� Smith (1723-1790): ele se mostrava favorável aos operários e aos trabalhadores agrícolas, opondo-se aos privilégios e à proteção estatal que apoiavam o “sistema mercantil” Confiava Smith no egoísmo inato dos homens e na harmonia natural de seus interesses: todo indivíduo se esforça, em seu próprio benefício, para encontrar o emprego mais vantajoso para seu capital, qualquer que seja ele — o que o conduz, naturalmente, a preferir o emprego mais vantajoso para a sociedade Para Smith, Deus (ou a natureza) implantou no homem a tendência de ganhar mais dinheiro e de subir socialmente. trabalhador, a produzir o que a sociedade precisa e a enriquecer a comunidade . Os homens são “naturalmente” assim. Se o governo se abstiver de intervir nos negócios econômicos, a “Ordem Natural” poderá atuar. Porém, como os fisiocratas, Smith não afirmava que ela fosse espontânea: era um fim que deveria ser alcançado. explicação de Smith para o desenvolvimento: O modelo teórico de desenvolvimento econômico de Smith constituía parte integrante de sua política econômica: ao contestar o padrão mercantilista de regulamentação estatal e de controle, apoiava a suposição de que a concorrência maximiza o desenvolvimento econômico e, assim, os benefícios do desenvolvimento seriam partilhados por toda a sociedade. David Ricardo (1772-1823) banqueiro de lógica rigorosa, foi direto e formal em sua construção de um sistema abstrato em que as conclusões decorrem dos axiomas.concluiu que a máquina poderia provocar o desemprego tecnológico e deteriorar as condições do trabalhador. Essa posição conflitava com a fé de Smith na “harmonia de interesses” entre as várias classes da sociedade e seria tema de destaque na obra de Marx. Mostrou as interligações entre expansão econômica e distribuição da renda, tratou dos problemas do comércio internacional e defendeu o livre-cambismo. as grandes ideias conduzem a resultados inesperados: Ricardo jamais teria suposto que viesse a inspirar “socialistas ricardianos” John Stuart Mill Buscou sistematizar e consolidar a análise clássica desde Adam Smith. Ao fazê-lo, todavia, modificou algumas premissas, passando para a história do pensamento econômico como “revisionista”, e introduziu na economia preocupações de “justiça social”. A reinterpretação das leis que governam a atividade econômica, em geral, e a distribuição da renda, em particular, talvez representem a modificação mais importante. Jean Baptiste Say Retomou a obra de Smith para corrigi-la e completá-la em vários pontos. atenção especial ao empresário e ao lucro, e subordinou o problema das trocas diretamente à produção, tornando-se conhecida sua concepção de que a oferta cria a procura equivalente (popularizada como “Lei de Say”) Stuart Mill e Marx preocuparam-se com as consequências sociais da industrialização em sua época, especialmente o baixo padrão de vida da crescente classe trabalhadora, a longa jornada de trabalho, os reduzidos salários, a ausência de legislação trabalhista e previdenciária. perceberam que o instrumental teórico legado pelos clássicos não era adequado: baseava-se nos pressupostos da “harmonia de interesses” e da ordem natural e providencial, que não se confirmavam. Stuart Mill argumentou que a distribuição da renda era sensível à manipulação humana e preconizou políticas de promoção do bem-estar geral, mas sobretudo voltadas para a classe trabalhadora; Marx, por sua vez, criticou-o por tentar harmonizar a economia política do capital às exigências do proletariado (entendido como classe “sem propriedade” ou que possui apenas o seu poder de trabalho) — e essas exigências não podiam mais ser ignoradas. O ma�xism� Kar� Ma�� (1818-1883) Criticou a doutrina populacional de Malthus com base nas diferenças dos diversos estágios da evolução econômica e seus modos de produção, afirmando que uma mudança no sistema produtivo poderá converter em excedente demográfico uma aparente escassez populacional. modificou a análise do valor, apesar de ter utilizado vários componentes da versão clássica da teoria do valor-trabalho (Ricardo, especialmente); desenvolveu conceitos que se tornaram muito conhecidos, como o de mais-valia, capital variável, capital constante, exército de reserva industrial e outros; analisou a acumulação do capital, a distribuição da renda, as crises econômicas “o valor da força de trabalho é determinado, como no caso de qualquer outra mercadoria, pelo tempo de trabalho necessário à produção, e consequentemente à reprodução, desse artigo em especial” O valor da força de trabalho se baseia nos insumos de trabalho necessários à subsistência e ao treinamento dos trabalhadores. As condições da produção do sistema capitalista, entretanto, obrigam o trabalhador a vender mais tempo de trabalho do que o necessário para produzir valores equivalentes às suas necessidades de subsistência. Os trabalhadores são obrigados a aceitar as condições impostas pelos empregadores porque não dispõem de fontes alternativas de renda. Assim, seu dia de trabalho compreende o tempo “necessário” à produção de valores iguais às exigências de manutenção e um tempo de trabalho “excedente”. O valor criado pelo tempo de trabalho excedente é apropriado pelos detentores dos meios de produção: os capitalistas. capitalism� tende a separar as classes sociais de modo sempre crescente: com o avanço tecnológico, um número cada vez maior de trabalhadores é rebaixado em suas técnicas, passando a realizar operações de rotina e tarefas repetitivas. a substituição dos homens pelas máquinas faz aumentar o exército de reservados desempregados Entre os próprios capitalistas, a difusão do maquinismo e a dinâmica do sistema fazem desaparecer os pequenos empresários, ou os de menores recursos, que também se tornam dependentes dos proprietários dos meios de produção. os capitalistas podem recorrer à mão de obra desempregada para substituir aquela que deseja melhores salários A elaboraçã� d�� princípi�� teóric�� fundamentai�: 1870–1929 princípios básicos que orientavam a Ciência Econômica, em face de novos fatos econômicos e das transformações estruturais das economias das nações industrializadas: o capitalismo “atomizado” cedera lugar a um capitalismo “molecular” ou de grandes concentrações econômicas: ● de forte tendência monopolística; ● o Estado abandonara sua passividade de simples guardião da ordem para interferir, cada vez mais, no campo econômico; ● os salários reais dos trabalhadores deno-tavam sensível melhora, ● e os sindicatos começavam a surgir legalmente, em defesa dos interesses profissionais dos empregados; ● os países ocidentais gozavam de notável prosperidade, sem indícios das graves consequências previstas pelos clássicos pessimistas (especialmente Malthus), por Marx e outros. Coub� a�� neoclássic�� o� marginalista� a elaboração de princípios teóricos fundamentais da Ciência Econômica. “revolução marginalista” O novo conceito do “econômico” da vida social é o de escassez A ciência econômica trata de como as necessidades humanas são satisfeitas ou dos meios que os seres humanos utilizam para satisfazê-las, esses autores apontam para o fato de que objetos que podem satisfazer necessidades humanas existem em quantidades menores do que as requeridas. A ação econômica passa a ser como os seres humanos devem agir para poder obter a maior satisfação possível dos bens escassos que possuem. A ação econômica central para elevar o grau de satisfação de qualquer indivíduo ocorre nas trocas: está inserida a nova explicação do valor de troca baseado na teoria da utilidade marginal — ideia mais desenvolvida por Jevons. Jevons: a ciência econômica é um ramo da matemática e sugere a alteração de seu nome Political Economy (Economia Política) para Economics (Economia), próximo às denominações de outras ciências naturais como Physics (Física), Mathematics (Matemática). Levará um bom tempo para que isso ocorra, mas é assim que a Ciência Econômica é conhecida hoje: Economia. E� 1929, � Grand� Depressã� gero� verdadeir� “cris� d� consciênci�” para os economistas ao perceberem que a ciência clássica não lhes permitia analisar integralmente a expansão da atividade econômica e elaborar políticas econômicas adequadas. Verificaram que a teoria do retorno automático ao equilíbrio era indefensável: ● os preços e os custos não se adaptam com rapidez e facilidade (teoria dos custos constantes) ● e as ofertas e procuras nem sempre reagem automaticamente diante das alterações dos preços (teoria da concorrência imperfeita); ● a própria moeda, com base no padrão-ouro, provocava desequilíbrios; ● a atividade econômica apresentava-se cada vez menos competitiva. N� períod� 1870-1929 ● De um lado, vários economistas continuavam empenhados na controvérsia metodológica a respeito do emprego da dedução ou da indução. ● De outro lado, buscavam a integração da teoria da utilidade do valor com a teoria do custo de produção dos clássicos, bem como a explicação para os preços dos bens e dos fatores, e a alocação dos recursos com o auxílio da análise marginal. auxíli� d� anális� margina�. representou um instrumento, rapidamente difundido, para explicar a alocação de determinados recursos escassos entre os usos correntes, com o objetivo de se chegar a resultados ótimos. Neoclassicism� o� Marginalism�: buscou integrar a teoria da utilidade do valor com a teoria do custode produção dos clássicos, bem como explicar os preços dos bens e dos fatores, a alocação dos recursos com o auxílio da análise marginal. A Escol� d� Vien� (o� Escol� Psicológic� Austríac�) � � teori� d� utilidad� margina� teve seu desenvolvimento em torno de Carl Menger formulou uma teoria do valor de troca baseada no princípio da utilidade marginal decrescente, simultaneamente com o inglês Stanley Jevons (1871) e o francês Léon Walras (1874). seguidores de Menger, destacaram-se Friedrich von Wieser (1851-1926) e Eugen Böhm-Bawerk (1851-1914), que apresentaram importantes contribuições, especialmente à teoria do capital e do juro. A revoluçã� mengerian� Consistiu no deslocamento da finalidade dos estudos econômicos quanto à preocupação com a riqueza (ou com a maneira como a riqueza é produzida, distribuída e consumida) ● típica dos autores clássicos, passando à análise econômica das necessidades dos homens, sua satisfação e valoração subjetiva dos bens. ● Constatou-se que os homens apresentam escalas de preferência decorrentes de motivos muito variados. ● Observou que os objetos desejados pelos consumidores (ou com pré-requisitos para satisfazê-los: coisas com características de bem — Güterqualität) têm oferta geralmente menor do que as quantidades requeridas (necessidades — Bedarf) que deles se têm, o que leva o indivíduo a classificar seus desejos de acordo com a importân-cia que a eles atribui. ● Com base no estudo das escalas de preferência de um indivíduo em relação a vários bens, da consideração das limitações que a natureza impõe, do con-fronto das escalas de preferência dos sujeitos econômicos entre si, e de outros fatores, Menger procurou reconstruir a atividade econômica. ● Ultrapassou, assim, a posição dos clássicos — que se limitavam a estudar os problemas dos preços em uma economia de troca e acreditavam que o valor dos bens depende da quantidade de trabalho neles incorporado. ● Buscou Menger uma teoria do valor que explicasse a importância atribuída subjetivamente pelos indivíduos aos bens, fundamentando o valor sobre a utilidade de um bem que existe em quantidade limitada (noção de margem) e sobre sua aptidão para satisfazer as necessidades dos sujeitos econômicos. Figura� mai� proeminente� d� Escol� d� Vien� fo� Böh�-Bawer� ● procurou analisar a natureza do capital e seu papel no processo produtivo. ● Tentou conciliar duas posições opostas: ● as desvantagens da restrição ao consumo ● com as vantagens de futuras expansões da produção, baseando-se na teoria subjetiva do valor. ● Supunha que o “homem econômico”, motivado pelo desejo de maximização da utilidade, tende a supervalorizar as necessidades presentes e a subestimar a intensidade dos desejos futuros; ● daí a necessidade de recompensar a poupança presente com o pagamento de taxa de juros: isso significa sacrificar as satisfações presente A Escol� d� Lausann� (o� Escol� Matemátic�) � � teori� d� equilíbri� gera� Fundada por Léon Walras (1834-1910) Análise do equilíbrio geral:é uma abordagem alternativa à usada por Marshall para o problema de determinação do preço. Walras quem construiu um sistema matemático para demonstrar o equilíbrio geral, enfatizando a interdependência de todos os preços dentro do sistema econômico, bem como da micro e da macroeconomia. Procurou separar a Economia Pura da Economia Aplicada: o status da economia como ciência pura não deveria ser comprometido com interesses de aproximar a obra dos teóricos dos problemas dos negócios públicos. A Escol� d� Cambridg� � � teori� d� equilíbri� parcia� Alfred Marshall (1842-1924) Considerava a economia como ciência do comportamento humano e não ciência da riqueza O fim das contribuições teóricas deve ser o esclarecimento de problemas práticos — posição diametralmente oposta à de Walras. Procurou tornar suas análises acessíveis ao grande público mediante um estilo simples e claro, evitando as exposições matemáticas. A complexidade do sistema econômico e a diversidade de motivos do comportamento humano levaram Marshall a criar técnicas para o estudo sistemático da economia, por meio da redução do número de variáveis a proporções manejáveis e da criação de um método de mensuração do comportamento . Utilizou o método dedutivo ou abstrato para separar o setor da economia de cada vez, com base no pressuposto de que seu comportamento não exerce influência apreciável sobre a atividade econômica restante (ou princípio da desprezibilidade dos efeitos indiretos). Isso não significa que a parte da economia que não está sendo analisada permaneça inalterada, mas que, se o pequeno setor considerado sofrer os efeitos de uma mudança externa, ajustar-se-á produzindo apenas um efeito desprezível sobre o resto da economia Marshall a observar que grande parte da vida do homem é orientada para a obtenção de ganho econômico, de modo que as motivações podem ser medidas por intermédio de um denominador comum: a moeda. Notou, porém, que a aplicação desse denominador a indivíduos provavelmente não seja válida, recomendando sua aplicação ao grande grupo ou organismo social, porque este envolve um número suficientemente grande de indivíduos, que nivelam as diferenças da renda. Assim, o estudo dos preços (de bens e de fatores) passou a constituir a principal área de investigação de Marshall, com o objetivo de descobrir as regularidades da atividade econômica. A Escol� Neoclássic� Suec� Knut Wicksell (1851-1926) Seu interesse pela teoria do capital e do juro surgiu da crítica que apresentou aos trabalhos de Böhm-Bawerk. Introduziu o conceito de estrutura de capital, propiciando novo enfoque relativo ao efeito da acumulação de capital e à inovação sobre a Renda Nacional, bem como ao relacionamento entre as quotas de participação. contribuições de Wicksell, a mais importante talvez tenha sido seu esforço pioneiro no sentido de integrar a análise monetária à real. Os fenômenos monetários e os fenô-menos reais se inter-relacionam, de modo que as mudanças no nível geral dos preços não ocorrem diretamente, mas sim indiretamente, como resultado das alterações da taxa de juros Op�siçõe� a� Neoclassicism� 2 Op�siciçõe�: o institucionalismo (liderado por Veblen) e o movimento da Economia do Bem-Estar (com Pigou) 1 A escol� institucionalist� ● Desenvolveu-se nos Estados Unido ● buscou fundamentar-se na História, na Sociologia e nas Ciências Sociais em geral. ● Opôs-se à metodologia das Escolas Clássica e Neoclássica, com o objetivo de tirar a economia do “laboratório” de deduções, e conduzi-la à realidade. ● o institucionalismo procurou considerar o tempo (colocado em destaque pela Escola Histórica) e o espaço (por meio dos quadros sociais e institucionais) Thorstein Veblen (1857-1929) dominou o institucionalismo. ● Veblen rejeitou o pressuposto neoclássico fundamental ● de que o comportamento humano, na esfera econômica, é racionalmente dirigido, que o homem é um calculador dos prazeres e dos sofrimentos (concepção hedonista). ● Viu no comportamento humano uma dicotomia essencial: ● de um lado, reflete o impacto de uma tecnologia dinâmica e, ● de outro, as influências das instituições predominantes. ● Afirmou que os padrões de consumo não são propriamente o resultado do cálculo racional dos ganhos e perdas marginais, ● mas sim o resultado do hábito, da “exibição emulativa”, do desejo de imitar os padrões de consumo da rica classe ociosa etc. ● uma política de laissez-faire não maximiza automaticamente o bem-estar do consumidor, e o ● Estado deveria abrandar as influências indesejáveis, tributando o “consumo conspícuo” A economi� d� be�-esta� Arthur C. Pigou (1877-1959) desafiou a tradição neoclássica relativa à substituição da ação industrial privada pelo Estado, na esfera econômica. identificou situações em que a presença de “influências externas” na produção justificam a intervenção do Estado, para a provisão de bens ou de serviços. ● Pigou foi o significado social das indústrias de custos crescentes e decrescentes,● bem como o uso de um sistema de tributos e de subsídios para regular sua produção, ● evitando-se a excessiva atração de investimentos pelas indústrias de custos crescentes ou o subinvestimento pelas de custos constantes ou decrescentes. ● Knight examinou o argumento de Pigou ● a favor de tributos e subsídios para ● corrigir divergências entre os produtos marginais privado e social; ● tomou posição favorável à tradicional opinião neoclássica de que ● a concorrência tende a produzir uma eficiente locação de recursos, argumentando ● que a falha do mecanismo de mercado, demonstrada por Pigou, é indicativa de ● falha do governo em proteger os direitos da propriedade privada. Os debates entre Pigou, Knight e Veblen revelaram, no fundo, a insuficiência da teoria neoclássica para explicar os problemas de atividade econômica. A fas� contemporâne�: d� 1929 e� diant� período de grande fermentação teórica. ● para solucionar problemas como os da Primeira Guerra Mundial e da crise de 1929, ou seja, os países industrializados do mundo ocidental já seriamente abalados pela crise do pós-guerra, que ocasionou elevados níveis de desemprego e profundo descontentamento no povo, sofreram ainda, em ● 1929, o impacto de outra crise, iniciada na Bolsa de Valores de Nova Iorque e difundida em todo o mundo. Parecia muito distante o funcionamento de um sistema econômico apresentado pelos marginalistas: ● o pleno emprego seria o nível normal de operação da economia, e ● As distorções que surgissem teriam correção oriunda de remédios gerados pelo próprio sistema econômico. Em vez disso, entretanto, ● O desemprego havia atingido proporções alarmantes e ● não havia indicações de que tal situação estava se autocorrigindo. Na ausência de um diagnóstico teórico sobre a economia do desemprego, os políticos e os governantes tentaram desesperadamente remediar os males por meio de ● medidas esparsas, como ● a restrição das importações, o ● aumento das tarifas, a ● desvalorização da moeda, ● a realização de obras públicas como mecanismo de criação de emprego (Inglaterra) ou de estímulo à economia (Estados Unidos), entre outras. A revoluçã� keynesian� John Maynard Keynes (1883-1946) romperam a tradição neoclássica e apresentaram um programa de ação governamental para a promoção do pleno emprego. Keynes interessou-se pelos problemas da instabilidade a curto prazo e procurou determinar as causas das flutuações econômicas e os níveis de renda e de emprego em economias industriais . Keynes, entretanto, colocou em dúvida as pressuposições dos neoclássicos ou marginalistas, bem como suas preocupações com o “longo prazo” — período no qual “todos estaremos mortos”. ● Considerou os problemas dos grandes agregados a curto prazo ● e esforçou-se no sentido de contestar a condenação marxista do capitalismo: este poderia ser preservado, em sua parte essencial, se reformas oportunas fossem efetuadas, ● já que um capitalismo não regulado se mostra incompatível com a manutenção do pleno emprego e da estabilidade econômica. Para Keynes, a reformulação das suas ideias teóricas vai de encontro a uma estabelecida ortodoxia, a começar pela própria explicação do desemprego. ● De acordo com os princípios da teoria marginalista, o desemprego nada mais era do que o mau funcionamento do mercado de trabalho, ou seja, a existência de um preço desequilibrado — neste caso, uma taxa de salário real acima da de equilíbrio. ● Keynes aponta que o nível de emprego não é determinado no mercado de trabalho. ● Em primeiro lugar, porque a função de oferta de trabalho não retrata o comportamento dos trabalhadores no mundo real. ● Em segundo lugar, os trabalhadores não têm qualquer mecanismo social para decidir sobre o nível de produção e de emprego na sociedade moderna. ● O nível de emprego é determinado no mercado de produtos pelo volume de demanda efetiva da economia para um dado período. 1. criticou a lei de Say 2. e inverteu a perspectiva de exame da moeda em movimento (“gasta”) para analisá-la quando entesourada ou guardada; 3. reinterpretou a taxa de juro; 4. analisou a poupança e o consumo; 5. estudou sob novo enfoque a determinação do investimento e o equilíbrio agregativo; 6. atribuiu papel ativo à política fiscal, defendendo défices públicos propositais para inflar a procura agregada; 7. opôs-se à excessiva confiança nos controles monetários A� deficiência� � a� “temeridade�” d� obr� d� Keyne� sua teoria permaneceu particular além de limitar-se ao subemprego e ao curto período. O que é mais grave: não considerou o problema fundamental do fim da análise produtiva ou a que tipo de civilização é chamada a servir a gigantesca engrenagem de técnicas, capitais e trabalho humano. Alguns autores socialistas têm criticado Keynes 1. por haver recomendado políticas econômicas que, além de aumentarem a inflação, não provocam a elevação do poder aquisitivo dos trabalhadores, 2. mas apenas estimulam o consumo dilapidador das classes dominantes. Keynes estabeleceu uma única lei de consumo para todas as classes, ignorando que o consumo dos trabalhadores e dos capitalistas é de natureza muito diferente. Assim, não teria sido casual o fato de Keynes “realçar a figura de um ideólogo reacionário do consumo parasitário, como foi Malthus Apologista do capitalismo monopolista do Estado, Keynes teria silenciado conscientemente sobre a natureza classista do Estado burguês imperialista, órgão dos monopólios capitalistas. Suas propostas para aumentar o controle estatal sobre a atividade econômica agravaram o jugo da oligarquia financeira, mediante a utilização dos recursos da renda nacional. Houve certa tendência socialista no sentido de incorporar algumas contribuições keynesianas, como a política do pleno emprego e a política de direcionamento dos investimentos. Ou, então, de apresentar algumas comparações com a intenção de aproximar Marx e Keynes: 1. a armada industrial de reserva teria sido o pressentimento do desemprego permanente de Keynes 2. ; a tese marxista do subconsumo operário estaria próxima da tese keynesiana da insuficiência da demanda efetiva; 3. a tendência à baixa do lucro lembraria a insuficiência da eficácia marginal do capital; 4. para ambos, o juro é o preço da moeda disponível O desdobramento da Macroeconomia é reforçado por outras linhas de pesquisas, algumas anteriores ao próprio surgimento da revolução keynesiana: a elaboração de dados da atividade econômica das principais economias capitalistas para os estudos das flutuações econômicas e a utilização de métodos estatísticos para trabalhar esses dados. Esse aspecto foi criticado por Koopman, que afirmou “medir o ciclo econômico sem nenhuma teoria”. Essa crítica define a linha de pesquisa do trabalho de Lawrence Klein para a Comissão Cowles por volta dos anos 1950 A simbiose entre tais linhas de A pesquisa gerou o nascimento da Econometria e a criação dos grandes modelos macroeconômicos, refinados e elaborados até os anos 1970. ● Como postulava Havelmoo em 1943, é fundamental uma abordagem estocástica nos modelos, ou seja, é necessária uma teoria da probabilidade para fundamentar os métodos estatísticos. Na área política, a reavaliação do papel do Estado apresentou fatos inesperados, sobretudo ● no ponto de junção entre a estrutura e a superestrutura: fracassaram tanto o Estado comunista, inspirado na URSS, como o Estado capitalista: ● primeiro por não conseguir aperfeiçoar a socie-dade via planejamento estatal autoritário, provocando indiretamente a reabilitação da competição individual e do lucro que retornaram com a “mão invisível de Adam Smith”; ● e o segundo por não haver conseguido resolver as questões sociais, que até se agravaram com o processo de globalização econômica. Ambos, comunismo ● e capitalismo, mostraram-se insuficientes para promover um desenvolvimento de dimensão humana e cultura. a� chamada� “via� alternativa� movimentos de caráter cooperativo, corporativo, religioso e outros,não conseguiram ocupar o vazio deixado pelo contínuo encolhimento do Estado, até então o principal provedor de recursos em importantes setores da área econômica e social novo século e milênio, ao mesmo tempo que se intensificava a criação de riqueza baseada na mente ou no conhecimento e a “Nov� Economi�” ganhava espaço, parecia desintegrar-se a estrutura do tradicional sistema onde a riqueza imaterial começou a se sobrepor à tradicional preferência pela riqueza tangível, sólida, resultante da propriedade da terra, do imóvel ou do capital para a produção industrial. ● A moeda também se tornou cada vez mais intangível, ● O sucesso da “Nova Economia” tornou-se preocupante com a intensa e rápida valorização das ações de empresas sem ativos sólidos, mas de importante ● “capital intelectual”. ● A euforia desse mercado acionário foi comparada a uma “bolha tecnológica”, um jogo de final imprevisível, “stupid money” acumulado por “stupid people”. ● E, realmente, logo começaram a cair as ações das empresas de tecnologia na bolsa eletrônica Nasdaq A ciênci� econômic� depoi� d� Keyne� A época contemporânea conhece mudanças profundas. Alcançam a dimensão planetária graças ao rápido avanço da ciência e das novas tecnologias de comunicação. à teoria de Keynes, haverá abertura para a chamada Macroeco-nomia (originalmente, Teoria da Determinação do Produto e do Emprego) Teoria Geral, vários economistas passaram a elaborar modelos matemáticos para representar o seu núcleo teórico (“esqueletos sem a carne”, comentaria Schumpeter). O trabalho de John Hicks, ● Com o final da Segunda Guerra Mundial e a ascensão dos Estados Unidos e da URSS como líderes conflitantes mundiais, ● Duas áreas ganham destaque: Teoria do Crescimento Econômico e Teorias do Desenvolvimento Econômico. ● A primeira, com a preocupação a respeito da reconstrução das principais economias capitalistas. ● O destaque aqui é o trabalho de Roy Harrod, com suas desconcertantes conclusões sobre a possibilidade de uma trajetória estável de crescimento e a solução de Robert Solow no artigo “A contribution for the theory of economic growth”, de 1956. ● A segunda, com a construção de economias atrasadas, formadas por ex-colônias e países já livres politicamente, porém pobres, caso do Brasil. ● De fato, cria-se uma nova área de pesquisa ● É criada a Comissão Econômica para a América Latina (Cepal) sob a direção do economista argentino Raul Prébish. ● É o principal centro de ideias sobre desenvolvimento fora dos países desenvolvidos. ● Deve-se a esta instituição o primeiro passo na coleta e organização de dados econômicos dos países das Américas do Sul e Central. ● A teoria mais representativa desse novo lócus intelectual é a da Deterioração dos Termos de Trocas entre países ricos e pobres. ● Os anos 1960 e 1970 assistem a duas grandes controvérsias na Economia (entenda-se: na matriz teórica marginalista). ● A primeira, de caráter externo, origina-se com a publicação do livro Produção de mercadorias por meio de mercadorias, de Piero Sraffa, em 1960. ● A partir de sua interpretação do problema da medida invariante do valor de David Ricardo, que tem na teoria do capital seu principal problema, Sraffa constrói um modelo matemático, portanto, dentro dos cânones científicos da Economia, ● cujo resultado paralelo é a impossibilidade lógica de modelos agregados como utilizados na Macroeconomia, ● sua obra fornece uma base sólida para a teoria marxista ● Abre espaço também para a formulação de abordagens, por vezes chamadas de heterodó-xicas, como a neorricardiana. ● A outra controvérsia, de caráter interno, ● advém da incapacidade de explicar a nova realidade econômica dos anos 1960 e 1970: ● inflação com desemprego, algo inusitado desde as teorias de flutuação econômica. ● Isso põe em cheque todo o conhecimento estabelecido e, em particular, ● abre espaço para uma crítica mais aguda por parte dos economistas de Chicago. ● curv� d� Phili�� ● era a explicação sugerida pelos keynesianos para o fenômeno da inflação com desemprego. ● Milton Friedman, usando a distinção entre curto e longo prazo (fundamental em toda a sua crítica aos keynesianos), ● mostra que, no curto prazo, é possível reduzir o desemprego com uma política monetária expansionista. ● Porém, à medida que os agentes econômicos adaptam suas expectativas, volta-se ao nível anterior de desemprego (a chamada taxa natural de desemprego) ● e a um nível superior de preços. ● A crítica devastadora é de Robert Lucas, os agentes eles formam expectativas racionais ● porque têm o mesmo modelo que os formuladores de políticas econômicas. ● Os agentes não cometem erros sistemáticos, tanto no curto como no longo prazo. ● O efeito maior da sua crítica é sobre os modelos macros que não se apoiam nas decisões individuais dos agentes, ou seja, não têm microfundamentos sólidos. ● Mais de meio século já decorreu desde que a obr� d� Keyne� revoluciono� � mund� econômic�, ● sem que outra “teoria geral” e outro autor se impusesse com tanta força; ● nem mesmo no momento atual, ● quando o próprio keynesianismo começa a refluir diante da escalada do neoliberalismo, ● bem como ante as renovações, fusões ou cisões de antigas correntes e de escolas do pensamento econômico. ● Aliás, um ponto especial de grande influência do keynesianismo permanece insuperável: ● a tendência matematizante da teoria econômica. h� outr� característic� dest� époc� qu� talve� expliqu� � ausênci� d� um� obr� o� d� u� auto� d� po�t� d� Keyne�: ● é a avalanche de contribuições científicas esparsas e, ● em geral, limitadas a determinados aspectos da teoria e/ou de sua aplicação, deixando confusos os próprios economistas e dificultando as tentativas de sistematização, de ● busca dos principais encadeamentos ou de articulações das diversas dimensões da Ciência Econômica A variad� contribuiçã� d�� economista�: Prêmi� Nobe� Quase todos os laureados são norte-americanos natos ou naturalizados, ou economistas pesquisadores que mantêm estreitos vínculos com importantes centros de ensino e de pesquisa dos Estados Unidos. ● A adoção dessa política de valorização do capital intelectual, desde a Segunda Guerra Mundial, como se verá adiante,28 contribuiu muito para os Estados Unidos se afirmarem como o grande centro mundial de estudos da Ciência Econômica e, especialmente, de modelos macroeconômicos. ● diversos críticos chamaram a atenção para alguns aspectos negativos, ● tais como a excepcional autoridade científica atribuída a um indivíduo, como se sua competência abrangesse todos os problemas da sociedade; ● o desproporcional peso das diretrizes do mainstream establishment e não propriamente da Ciência Econô-mica; ● a ausência de marxistas e escassez de mulheres cientistas apesar de economistas como Joan Robinson. A premiada Elinor Ostrom, em 2009, é realmente uma exceção. ● Daí a ironização — para ser distinguido com o Prêmio Nobel de ● Economia é preciso ser homem, norte-americano e do establishment. A� principai� tendência� econômic�� nove principais, do ponto de vista didático, embora na realidade elas se interpenetrem e se completem 1. a revolução matematizante da Ciência Econômica; 2. a divulgação didática da teoria econômica matematizada; 3. a oposição econome-tristas versus economistas institucionalistas; 4. os grandes modelos macroeconômicos 5. ; as controvérsias dos anos 1970/80 sobre a prática da Econometria; 6. o vitorioso e longo intervencionismo keynesiano; 7. o neoliberalismo contestado; 8. as principais heterodoxias e outros grandes questionamentos A revoluçã� matematizant� d� ciênci� econômic� de Jevons e Walras pelo uso da matemática no fazer ciência torna-se a característica mais marcante da Ciência Econômica ● A Econometria representou a “unificação da teoria econômica com a estatística econômica e as matemáticas para a compreensão real das relações quantitativas da vida econômica” ● o objetivo estatutário de tratar do “avanço dateoria econômica em suas relações com as estatísticas e as matemáticas A divulgaçã� didátic� d� teori� econômic� matematizad� ● cada vez maior o prestígio da Ciência Econômica diante do sucesso da teoria econômica matematizada, axiomática e simbólica. ● Multiplicaram-se trabalhos como os de contabilidade nacional, planejamento, políticas econômicas de desenvol-vimento, equilíbrio econômico, entre outros. ● Paul Anthony Samuelson passou a ser um dos primeiros economistas americanos mais conhecidos devido não só à grande divulgação de seus artigos de reformulação matemática da Economia, em revistas de economia matemática que se multiplicavam, ● Tais como Econometrica ● mas também em outras revistas de Economia ● foi logo em seguida traduzido para diversos idiomas, tornando-se o manual básico mais famoso dos cursos universitários de Ciências Econômicas no mundo ocidental ● . Desde 1988, esse manual, com o título de Economia ● Os veículos de divulgação da teoria econômica matematizada contaram, ainda, com a criação de outras revistas que se impuseram como consulta obrigatória nessa área ● Aliás, entre as demais ciências sociais, os instrumentos da metodologia quantita-tiva da Ciência Econômica suscitaram, também, novas abordagens, apesar de críticas e, frequentemente, de ferrenhas oposição A op�siçã� econometrista� ve�su� economista� institucionalista� Essa oposição, que foi se tornando evidente com o keynesianismo, assumiu maiores proporções com as críticas dos membros do National Bureau of Economic Research, que consideravam os estudos dos institucionalistas meros trabalhos de especulação teórica pura e indutivismo empírico ● o institucionalismo, diminuem as críticas de seus opositores mais ferrenhos: os econometristas. O movimento neo institucionalista contemporâneo é multidisciplinar ● Outras características do movimento são a diversificação, a amplitude do programa, a recusa de separar a economia da realidade social e a busca de caminhos alternativos com base nas instituições, nos valores sociais, nas tecnologias e na própria evolução da sociedade. O� grande� model�� macroeconômic�� Com a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos tornaram-se o centro do nas-cimento e do desenvolvimento de grandes modelos macroeconômicos e também o polo geográfico principal da Ciência Econômica ● Vários fatos contribuíram para isso, em especial a possibilidade de contatos de matemáticos, estatísticos, economistas e administradores civis e militares, em instituições ligadas à pesquisa militar ● Nessas instituições desenvolveram-se, então, ● importantes pesquisas aplicáveis às atividades militares e econômicas em geral, com a utilização da teoria dos jogos, programação linear, análise de sistema, alocação ótima de recursos, pesquisa opera-cional e outras. ● A teoria econômica beneficiou-se da grande capacidade norte-americana de mobi-lizar, abrigar e integrar especialistas estrangeiros, inclusive dissidentes e contestadores. ● Porém, beneficiou-se, principalmente, da visão dos acadêmicos de uma nação rica e da presença de instituições de apoio às pesquisas de dinâmicos grupos de inter-relação entre universidades, governo, empresários, sistema bancário e financeiro etc. ● Em decorrência dessa formidável possibilidade de troca direta de experiências, nos Estados Unidos, foi possível a reformulação matemática de todos os setores da atividade econômica — teoria do comércio internacional, análise da flutuação dos ciclos, teoria do consumidor, teoria do valor, Macroeconomia keynesiana A� contrové�sia� d�� an�� 1970 � 1980 sobr� � prátic� d� Econometri� ● 1970 e 1980 são marcados por grandes debates sobre a prática econométrica, mobilizando argumentos para a controvérsia ● entre keynesianos, mone-taristas e a nova Macroeconomia clássica. ● Em outras palavras, o keynesianismo, que ainda dominava a cena, ● não mais se baseava naquele Keynes que desejava romper com a escola clássica, mas em um instru-mental cada vez mais sofisticado, que se tornou conhecido como economia neoclássica, ou a nova ortodoxia econômica que dominou o pensamento econômico durante amplo período, após a Segunda Guerra Mundial. ● Em linhas gerais, a síntese neoclássica, também denominada nova Macroeconomia clássica, apresenta as seguintes características gerais: ● ■ volta às teorias pré-keynesianas ● ■ interação entre micro e Macroeconomia ● ■ desenvolvimento de uma visão monetarista alternativa da teoria keynesiana e posicionamento a respeito de uma política econômica restrita ao estabelecimento de regras estáveis e previsíveis ● A ortodoxia formada e consolidada nos anos 1940 e 1950 triunfou nos anos 1960 chamada: Nov� Economi�. ● atraindo significativas subvenções de instituições internacionais de financiamento à pesquisa e compondo um sistema tão poderoso que desencorajava a contestação de cientistas de outras tendências. ● 1970, várias certezas que apoiavam o intervencionismo keynesiano começaram a ser abaladas por críticas de economistas com orientações políticas diferentes, tanto daqueles considerados de esquerda como de economistas da direita. ● Milton Friedman destacou-se como importante líder da oposição à ortodoxia keynesiana — oposição por ele mesmo denominada contra revolução monetarista. O vitori�s� � long� intervencionism� keynesian� ● keynesianismo foi se afastando do núcleo teórico elaborado por Keynes. ● Manteve-se, porém, como importante ponto de convergência de diferentes aspectos do chamado “pensamento keynesiano”, caracterizado pela ruptura com os clássicos ● o keynesianismo chegou até a abrigar abordagens que Keynes havia combatido, tornando-se uma espécie de “sincretismo” econômico ● 1936, predominou o chamado caráter keyne-siano nos desdobramentos e desenvolvimentos da Ciência Econômica teórica e aplicada e das políticas econômicas ● O que significa caráter keynesiano? ● embora a vitoriosa maré keynesiana se afastasse do difícil núcleo teórico de Keynes, geralmente qualificado de “pesado”, mantinha com ele alguns liames e, ao mesmo tempo, ligava-se a outras fontes de inspiração. ● Assim, por exemplo, generalizava-se a obrigação do governo de assegurar o pleno em-prego; ● a matematização da economia facilitava a simplificação das relações entre grandezas macroeconômicas; ● dados mais confiáveis, graças a novos instrumentos estatísticos e matemáticos, possibilitavam a análise dos agregados macroeconô-micos e de suas relações funcionais; ● surgiam as contabilidades nacionais ● Do ponto de vista das políticas econômicas ● keynesianas as inspirações de liberais e radicais, difundidas do mundo anglo-saxão ou as idéias social-democratas, socialista-reformistas, cristão-democratas e reformadores sociais em geral, que partiam da Europa. ● Algumas aproximações do keynesianismo chegaram até mesmo a abranger abordagens que Keynes havia combatido, como o sincretismo econômico da síntese clássica. ● modelos macroeconométricos vão ser elaborados pelos autores da síntese neoclássica. ● Surgem, assim, as simulações do funcionamento das economias dos principais países industrializados, com base, sobretudo, no progresso das contabilidades nacionais/sociais, na econometria e na informática. ● Os autores neoclássicos reveem estatisticamente as principais funções keynesianas e apresentam reelaborações, como as relações entre renda e consumo, taxas de salário e desemprego, inflação e desemprego, determinantes do investimento. O neoliberalism� contestad� ● Com o refluxo do intervencionismo de inspiração keynesiana, a política econômica neoliberal foi implantada no mundo inteiro, principalmente no último decênio. ● Suas bases principais são a desregulamentação da economia, a privatização do setor empresarial do Estado, a liberalização dos mercados, a redução de défice público, o controle da inflação, o corte nas despesas sociais, entre outros itens. ● A força inicial do neoliberalismo está refluindo devido aos contrastantes efeitos perversos do Estado mínimo, principalmenteem comparação ao Estado-providência, em fase de desmantelamento. ● Somam-se a isso o rápido aumento da exclusão social, os protestos armados, as duras lutas étnicas e/ou conflitos rurais e urbanos, que contribuem para dificultar ou quase inviabilizar a governabilidade democrática em um futuro próximo. ● muitas as oposições às consequências socioeconômicas do neoliberalismo, como se verificou em ruidosas manifestações populares em Seattle, Washington e em outras cidades que sediaram reuniões da Organização Mundial do Comércio, do Fundo Monetário Internacional, do Banco Mundial, do G7 ou grupo dos países mais industrializados do mundo etc janeir� d� 2001, quand� Po�t� Alegr� torno�-s�, po� algun� dia�, � sed� mundia� d� op�siçã� � globalizaçã� neolibera�. Fórum Social Mundial de Porto Alegre surgiu como contraponto ao Fórum Econômico de Davos. ● a presença de algumas Organiza-ções Não Governamentais (ONGs) discordantes contribuía, na realidade, para realçar alguns argumentos favoráveis às necessidades de reformas do Estado, à total liberação das forças do mercado e à posição predominante da alta finança internacional e dos governos das potências capitalistas. ● A crítica contrária a Davos resumia-se, de modo geral, em reclamações à quase nula atenção aos problemas sociais, enquanto o foco do evento concentrava-se em problemas de risco de investimentos em países emergentes e em desrespeito ao direito de propriedade intelectual. ● Porto Alegre significou, então, uma agenda alternativa de reflexões para propostas de construção de um outro mundo possível, nem de exclusão social, nem de hegemonia financeira do neoliberalismo. ● marcou várias posições interessantes, entre as quais a resistência ao neoliberalismo, a crítica ao mercado e ao capital especulativo, a defesa da democracia e da solidariedade, o respeito aos direitos humanos e à cultura dos povos e a luta em prol de melhor qualidade da vida humana ● os debates das grandes questões que limitam o desenvolvimento humano, com a participação de pessoas de países tão diferenciados, apresentaram rico material de estudo e de reflexão para análises posteriores. ● apontou também algumas alternativas, tais como a Tobin tax que, no campo financeiro, propõe a cobrança do imposto de 0,1% a 0,5% sobre as transações; ● e outras medidas, como controle social dos orçamentos públicos, estímulo ao desenvolvimento científico, universalização dos direitos humanos e cidadania planetária. A� principai� heterod�xia� ● Estudos de economia marcados pela heterodoxia pós-keynesiana, outros surgem da renovação das correntes marxistas e também da persistência do institucionalismo. ● A corrente pós-keynesiana procura uma análise alternativa de prolongamento da obra de Keynes no movimento de ruptura com os clássicos. ● Entre os autores identificáveis como pós-keynesianos, manifestam-se a rejeição pelos trabalhos de síntese e, de modo geral, a indicação de políticas econômicas que conduzem a mudanças estruturais. ● Sraffa, por exemplo, desempenha importante papel na evolução do pós-keynesianismo ● Por outro lado, o movimento heterodoxo marxista amplia-se ● Os problemas do desenvolvimento e do subdesenvolvimento atraem a atenção de acadêmicos e pesquisadores ● um grupo de economistas e cientistas sociais da Cepal procura combinar a análise marxista com a análise estrutural e estudar as características do capitalismo periférico, bem como as relações centro-periferia
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