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Direito Empresarial - Resumo

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Direito Empresarial – Resumo
Com o advento do Código Civil de 2002, desaparece a figura do comerciante, e surge a figura do empresário. Assim, ao disciplinar o direito de empresa, o direito brasileiro afasta definitivamente a teoria dos atos de comércio, incorporando ao ordenamento jurídico a teoria da empresa. 
Atualmente, tem-se por empresário aquele que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou serviços, na forma do Art. 966 do CC. Observado o conceito de empresário, estabelece-se, logicamente, que a empresa é uma atividade econômica organizada, com a finalidade de fazer circular e produzir bens ou serviços. Empresa é, portanto, uma atividade, ou seja, algo abstrato, não sendo, desta maneira, um sujeito de direito. Diante disso, é sujeito de direitos aquele que é titular da empresa. 
Ressalta-se ainda diferença existente entre empresa e sociedade empresária. Como mencionado anteriormente, empresa é a atividade econômica organizada, com a finalidade de fazer circular e produzir bens ou serviços. Já a sociedade empresária é uma pessoa jurídica que exerce uma atividade uma atividade econômica organizada. Também não deve confundir empresa com estabelecimento empresarial, uma vez que este é o complexo de bens em que o empresário usa para exercer uma atividade econômica organizada. Além disso, conclui-se que empresa e empresário são noções, que se relacionam, mas não se confundem. 
Para melhor entender o conceito de empresário, bem como analisar os elementos que o caracterizam (atividade econômica, organização, profissionalidade e produção ou circulação de bens ou de serviços)24, seguir-se-á um estudo dividido em cinco grupos:
1º) o exercício de uma atividade;
2º) a natureza econômica da atividade;
3º) a organização da atividade;
4º) a profissionalidade no exercício de tal atividade;
5º) a finalidade da produção ou da circulação de bens ou de serviços.
· Atividade (Ato X Atividade) 
Ato é cada parte de uma peça; significa algo que se exaure, que é completo e alcança o resultado pretendido. Ele atinge a finalidade para a qual foi praticado sem a necessidade de outro ato. Já a atividade é o conjunto de atos coordenados para alcançar um fim comum, o que também se denomina “empresa”. Não é uma mera sequência de atos; é necessária a coordenação, como ocorre, por exemplo, com as linhas de produção de automóveis.
Por sua vez, a atividade pode envolver atos jurídicos e atos materiais. Os atos jurídicos são aqueles que têm efeito na esfera do Direito (p.ex., a venda de mercadorias gera uma obrigação de pagar tributo). Os atos materiais são aqueles que não geram efeitos jurídicos (p.ex., o deslocamento de mercadorias dentro da empresa de um almoxarifado para outro).
· Econômica
É a atividade que cria riqueza por meio da produção ou circulação de bens e de serviços. A atividade econômica tem como fim o lucro. “Econômica” é uma expressão que aqui está relacionada ao fato de a atividade apresentar “risco”. A atividade é exercida com total responsabilidade do empresário, pois há o risco de perder o capital ali empregado, o que justifica o proveito que ele tem em retirar o lucro decorrente da atividade.
Se o lucro for meio – por exemplo, no caso de uma associação ou fundação na qual o lucro é todo destinado a programas assistenciais –, não é atividade econômica (Ex: Bazar realizado por uma igreja).
· Organização
O empresário é quem organiza a atividade. Ele combina os fatores de produção de forma organizada. Os fatores de produção são: 1) natureza (matéria-prima); 2) capital (recursos financeiros, bens móveis e imóveis etc.); 3) trabalho (mão de obra); e 4) tecnologia (técnicas para desenvolver uma atividade).
Assumindo o risco inerente a toda atividade econômica, combinando os fatores de produção, o empresário cria riquezas e atende às necessidades do mercado. 
OBS (Organização X Regularização): Cabe esclarecer que organização não é necessariamente regularização. Isso porque, um empresário irregular(s/ inscrição na junta comercial) poderá desenvolver, de forma organizada, sua atividade em um estabelecimento empresarial.
· Profissionalidade
Significa que o empresário é um profissional/expert naquele ofício; faz do exercício da atividade econômica a sua profissão. A profissionalidade do empresário pressupõe:
1) habitualidade (continuidade; atuação contínua do empresário no negócio; não se trata de um negócio pontual, mas frequente);
2) pessoalidade (o empresário é quem está à frente do negócio, diretamente ou por meio de contratados que o representam);
3) especialidade (o empresário é quem detém as informações a respeito do negócio; o conhecimento técnico, por exemplo, de como produzir linguiças aromatizadas).
· Produção e circulação de bens ou serviços
Este ponto divide-se em 4 possibilidades. São elas: 
1ª) Produzir bens é sinônimo de fabricar/industrializar/produzir mercadorias. É acrescentar valor a elas por meio de processo de transformação, como ocorre em fábricas de sapatos, padarias, metalúrgicas, montadoras de veículos etc.
2ª) Produzir serviços é prestar serviços, como acontece com bancos, seguradoras, locadoras, lavanderias, encadernadoras etc. Trata-se de prestação de serviços em geral, exceto os de caráter intelectual (CC, art. 966, parágrafo único, ao expressar que atividade intelectual não é considerada empresarial).
3ª) Circular bens é adquirir bens para revendê-los (em regra, sem transformá-los). Normalmente é quem compra no atacado para revender no varejo. É a típica atividade do comerciante (p.ex., lojas de sapatos, roupas, cosméticos etc.). Também inclui os intermediários em geral, que apesar de não comprarem bens para revendê-los, aproximam vendedor/prestador do comprador/usuário, como o corretor de seguros e o agente de viagens.
4ª) Circular serviços é realizar a intermediação entre o cliente e o fornecedor do serviço a ser prestado, como o corretor de seguros e o agente de viagens.
· Empresa e Mercado
De acordo com Alberto Asquini, a empresa pode ser entendida em quatro perfis, por isso a expressão “teoria poliédrica”, que serão discorridos sucintamente:
1) objetivo – a empresa significa patrimônio, ou melhor, estabelecimento, enquanto conjunto de bens destinados ao exercício da empresa (nesse sentido: art. 1.142 do Código Civil);
2) subjetivo – a empresa é entendida como sujeito de direitos, no caso o empresário, individual (pessoa natural) ou sociedade empresária (pessoa jurídica), que possui personalidade jurídica, com a capacidade de adquirir direitos e contrair obrigações (nesse sentido: arts. 966 e 981 do Código Civil) [modernamente poderia ser incluída a EIRELI neste perfil];
3) corporativo – a empresa significa uma instituição, como um conjunto de pessoas (empresário, empregados e colaboradores) em razão de um objetivo comum: um resultado produtivo útil;
4) funcional (ou dinâmico) – a empresa significa atividade empresarial, sendo uma organização produtiva a partir da coordenação pelo empresário dos fatores de produção (capital, trabalho, matéria-prima e tecnologia) para alcançar sua finalidade (que é o lucro).
Por mercado, entenda-se o local onde os agentes econômicos (empresas, consumidores etc.) operam como vendedores ou compradores, efetuando assim trocas de bens e serviços por unidades monetárias ou por outros bens
ou serviços. O mercado facilita o encontro desses operadores, diminuindo os custos de transação, ou seja, as despesas para se concretizar os negócios.
· Atividade Empresarial
O conceito de atividade empresarial está diretamente relacionado com o conceito de empresário, previsto no caput do art. 966 do Código Civil. A atividade desenvolvida pelo empresário é empresarial, pois é exercida profissionalmente na busca de lucro.
A empresa envolve a produção ou a circulação de bens ou de serviços (exceto os de natureza intelectual), sem prejuízo do que foi considerado anteriormente sobre os elementos que compõem o conceito de empresário, à luz do art. 966 do Código Civil.
Destaca-se que o empresário, titular da atividadeempresarial, goza de alguns direitos, como a possibilidade de requerer: a recuperação de empresa judicial ou extrajudicial; a autofalência; a falência de outro empresário, com base em título extrajudicial, apenas provando sua regularidade (as demais pessoas só têm esse direito após o trânsito em julgado de ação judicial); a utilização de seus livros como prova judicial em seu favor, o que, por sua vez, não são direitos assegurados aos profissionais intelectuais. Além disso, tem o direito de adquirir direitos e contrair obrigações, bem como pode estar em juízo (enquanto parte processual). E, sendo uma sociedade empresária, a depender do seu tipo societário, haverá a separação patrimonial e limitação de responsabilidade.
· Atividade Intelectual
Em regra, as atividades de natureza intelectual ficaram fora do campo da empresa e do Direito Empresarial. as atividades intelectuais são aquelas que necessitam de um esforço criador que, por sua vez, está na mente do profissional que a realiza, como no caso de médicos, arquitetos etc.
São atividades personalíssimas, por não se admitir, via de regra, a fungibilidade do devedor quanto à sua prestação, ou seja, o devedor não pode ser substituído.
 	Geralmente, as atividades intelectuais são realizadas por profissionais de atividades regulamentadas ou por profissionais liberais (sem vínculos). Porém, isso não é uma regra absoluta, como ocorre com o corretor de seguros, que pode ser um profissional liberal, mas não exerce atividade intelectual, e sim atividade empresarial. O mesmo vale dizer do representante comercial autônomo.
Atividade intelectual não se confunde necessariamente com prestação de serviços, pois esta é uma atividade empresarial, de acordo com o estabelecido no caput do art. 966 do Código Civil (EX: pedreiro).
O que aproxima a atividade intelectual da atividade empresarial é que ela também visa ao lucro e tem estabelecimento para o desenvolvimento de sua atividade. Mas, a princípio, o volume de serviços prestados ou de bens produzidos não descaracteriza a atividade intelectual. A atividade intelectual, de acordo com o art. 966, caput, do Código Civil, pode ser uma atividade de natureza: científica, literária ou artística.
· Elementos da empresa
O intelectual não é empresário, mas transforma-se em um quando desenvolve uma atividade empresarial, que vai além da atividade intelectual. É empresário quando oferece serviços intelectuais de outras pessoas.
Assim, o profissional intelectual se tornará empresário quando organizar sua atividade como empresa, com o objetivo de empresário: a produção ou circulação de bens ou de serviços para atender indistintamente os agentes econômicos do mercado, sobretudo os consumidores.
A atividade será considerada empresarial quando a natureza de empresa se sobrepuser à natureza intelectual, ou seja, quando o exercício da profissão constitui elemento da atividade empresarial, o profissional será enquadrado no conceito jurídico de empresário, fazendo jus aos direitos de empresário, como a recuperação de empresas. 
· Inscrições e obrigações 
Ao empresário é atribuída uma série de obrigações no Código Civil. A primeira obrigação é a sua inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis (de acordo com o art. 1.150 do Código Civil, o Registro Público de Empresas Mercantis está a cargo das Juntas Comerciais). Essa inscrição deve ser feita no órgão da respectiva sede (Estado-membro) do empresário, devendo ser realizada antes de o empresário iniciar sua atividade (CC, art. 967).
O “ato constitutivo” é um gênero do qual são espécies: o requerimento (por exemplo, o do empresário individual e da EIRELI); o contrato social (como, o da sociedade limitada ou da sociedade simples); e o estatuto social (por exemplo, o da sociedade anônima ou da sociedade cooperativa).
Quanto à inscrição do empresário, deverá ser feita mediante requerimento (por meio de formulário disponibilizado pela Junta Comercial). Esse requerimento deverá conter seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil, regime de bens (se for casado), firma (nome empresarial) com assinatura, capital (a ser empregado na constituição), objeto e sede da empresa (CC, art. 968, caput, I a IV).
No caso de sociedade empresária (que em grande parte aplicam-se, no que couberem, as regras tratadas neste item), o ato constitutivo ocorre por meio do registro de contrato social, que por sua vez deve obedecer aos requisitos dos arts. 997 a 1.000 do Código Civil, sem prejuízo de outros previstos para cada tipo societário, conforme veremos no capítulo das sociedades.
Cabe ressaltar que a inscrição do empresário será anotada no livro do Registro Público de Empresas Mercantis e, além disso, quaisquer modificações deverão ser averbadas (CC, art. 968, §§ 1º e 2º). O empresário que desejar ter uma filial em outra jurisdição deverá providenciar a sua inscrição no registro competente (localidade da filial), comprovando a inscrição da matriz (CC, art. 969, parágrafo único). A abertura de filial também obriga-o a efetuar averbação no registro da matriz, informando o ocorrido (CC, art. 969, parágrafo único). 
É preciso ter em conta o fato de que a inscrição do empresário tem como finalidade:
a) tornar pública a sua atividade, bem como sua finalidade empresarial e suas disposições do ato constitutivo; b) efetuar o cadastro do empresário, o que gera um número de matrícula conhecido como NIRE (Número de Inscrição no Registro de Empresas) que, entre outras coisas, servirá para a obtenção do CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica) junto à Receita Federal;
c) proteger sua identificação e seu nome empresarial, o que é garantido pelo princípio da anterioridade, ou seja, quem primeiro registrar aquele nome goza de proteção;
d) estabelecer o início de sua existência (CC, art. 45) e assegurar a separação patrimonial e a limitação de responsabilidade patrimonial dos sócios por dívidas sociais, pois com a inscrição a sociedade adquire personalidade jurídica (CC, art. 985).
Além da inscrição, o Código Civil prevê outras obrigações ao empresário, que estão no capítulo da escrituração (e assim serão estudadas com mais detalhes adiante):
1) a escrituração uniforme de livros mercantis (CC, art. 1.179, caput, 1ª parte) significa que a escrituração deve ser feita respeitando os princípios da Contabilidade, como a ordem crescente de datas em dia, mês e ano;
2) o levantamento anual do balanço patrimonial e do resultado econômico (CC, art. 1.179, caput, 2ª parte). O balanço patrimonial reflete todo o histórico da empresa: ativo (bens e direitos), passivo (obrigações) e patrimônio líquido, sendo este positivo ou negativo, a depender se o ativo é maior ou menor que passivo. Já o balanço de resultado econômico mostra apenas as receitas e as despesas de determinado período, por exemplo, o último ano de exercício. O resultado será de lucro ou de prejuízo, dependendo se as receitas foram maiores ou menores que as despesas;
3) a adoção de livros obrigatórios (CC, art. 1.180, caput) – o Diário é obrigatório para todos os empresários; porém, dependendo da circunstância, existem outros livros obrigatórios, como o Livro de Registro de Duplicatas para empresários que emitem duplicatas;
4) a boa guarda da escrituração, da correspondência e dos demais documentos concernentes à atividade empresarial (CC, art. 1.194) – a conservação deve ocorrer pelo período mínimo dos prazos de prescrição e decadência, dependendo de cada tipo de obrigação.
· Empresário Individual e EIRELI
	O Código Civil de 2002 ora usa a palavra “empresário” para designar o gênero (art. 966), ora para designar a espécie – empresário individual (art. 1.150). Por sua vez, empresário individual é aquele que, independentemente do motivo, opta por desenvolver sua atividade econômica isolado, sem a participação de sócios. 
	Ao empresário individual é assegurado alguns direitos como: à inscrição/regularidade (a lei considera isso um dever); à recuperação de empresas (judicial e extrajudicial); à autofalência; a requerer a falência de outra empresário sendo credorde título extrajudicial (sem precisar de sentença transitada em julgado, como é exigível para os demais credores que não sejam empresários regulares); à utilização dos seus livros como prova em processo judicial; a emitir nota-fiscal fatura; à tributação mais benéfica, como pessoa jurídica (pois terá CNPJ); à participação de licitações públicas; à proteção da sua identificação (nome empresarial); à proteção do seu ponto comercial por meio de ação judicial renovatória (visando a continuidade da locação). Todos esses direitos também são direitos assegurados à sociedade empresária e às EIRELIs.
	No entanto, o empresário individual não goza da limitação de responsabilidade e da separação patrimonial, princípios inerentes às sociedades empresárias e às EIRELIs (que a seguir serão tratados).
IPC: Em sua atividade solitária não se considera em separado o patrimônio da empresa e o patrimônio pessoal; logo, a responsabilidade do empresário individual pelas obrigações firmadas em razão do seu negócio é ilimitada. Ele responde, inclusive, com seu patrimônio pessoal, ainda que sua empresa tenha patrimônio próprio. A propósito, não há que se falar da aplicação da desconsideração da personalidade jurídica (tema que será estudado adiante), justamente porque a responsabilidade do titular da atividade empresarial é ilimitada.
	A EIRELI é um instituto jurídico parecido com uma sociedade limitada, mas tendo apenas uma pessoa. é o instituto pelo qual se possibilita a um empreendedor, individualmente, utilizar-se dos princípios da separação patrimonial e da limitação da responsabilidade (já tratados anteriormente) para assim desenvolver uma atividade econômica. Lembrando que estes princípios até então eram exclusivos às sociedades, não sendo aplicáveis ao empresário individual.
	Quanto à criação da EIRELI, parece-nos que o mais adequado é que o seu ato constitutivo seja feito por requerimento, semelhantemente ao que ocorre com a inscrição do empresário individual, uma vez que a figura jurídica do contrato social se dá, como regra geral, quando há duas ou mais pessoas, portanto, uma sociedade. Na Itália é por ato unilateral. No que se refere aos requisitos, a EIRELI será constituída observando os seguintes critérios (CC, art. 980-A): 
a) formada por uma única pessoa;
b) a pessoa natural não pode constituir mais de uma EIRELI.
	Cabe destacar que a EIRELI também poderá resultar da concentração das quotas de outra modalidade societária num único sócio, independentemente das razões que motivaram tal concentração (CC, art. 980-A, § 3º). Por exemplo, um sócio majoritário poderá comprar a parte do minoritário e assim transformar uma sociedade em EIRELI.
· Sociedade Limitada (Arts. 1.052 a 1.087 do CC)
Uma sociedade pode ser classificada como limitada quando a responsabilidade dos seus sócios possuir limites patrimoniais vinculados ao valor de suas respectivas quotas ou ações, de modo que as dívidas da sociedade não alcançarão, em regra, seus respectivos patrimônios pessoais.
Atualmente, a sociedade limitada é um modelo societário empresarial típico, regulado por um capítulo próprio do Código Civil (arts. 1.052 a 1.087), que finalmente conferiu um novo perfil a essa sociedade, começando por lhe atribuir nova nomenclatura: de sociedade por quotas de responsabilidade limitada passou a ser apenas sociedade limitada.
Segundo o art. 1.054 do Código Civil, o contrato social da sociedade limitada “mencionará, no que couber, as indicações do art. 997, e, se for o caso, a firma social”. Por sua vez, o art. 997 do Código Civil, que já analisamos com detalhes quando estudamos a sociedade simples pura, estabelece que “a sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará: I – nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas; II – denominação, objeto, sede e prazo da sociedade; III – capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária; IV – a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la; V – as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços; VI – as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e atribuições; VII – a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas; VIII – se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais”.
O contrato social da sociedade limitada deve ser escrito porque os sócios deverão levá-lo a registro no órgão competente. Caso a sociedade limitada seja empresária, o contrato social deve ser registrado na Junta Comercial; caso a sociedade limitada seja simples (isto é, não tenha por objeto o exercício de empresa) o contrato social deve ser registrado no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas.
Quanto ao objeto social, vale destacar que a sociedade limitada, embora seja um tipo societário tipicamente empresarial, pode também ter por objeto o exercício de atividade econômica não empresarial, caso em que ostentará a natureza de sociedade simples (art. 983 do Código Civil). Portanto, não custa repetir: caso a sociedade limitada seja empresária, o contrato social deve ser registrado na Junta Comercial; caso a sociedade limitada seja simples (isto é, não tenha por objeto o exercício de empresa) o contrato social deve ser registrado no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas (art. 1.150 do Código Civil). 
Na sociedade limitada, “o capital social divide-se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma ou diversas a cada sócio” (art. 1.055 do Código Civil).
O Código Civil estabelece, no art. 1.007, que o contrato social pode estipular a distribuição desproporcional dos lucros entre os sócios, e a criação de quotas preferenciais pode ser a melhor forma de operacionalizar tal regra na prática.
Quanto à administração da sociedade limitada, valem as observações iniciais que fizemos no tópico referente à administração da sociedade simples pura, no sentido de que os administradores, na qualidade de órgão da pessoa jurídica incumbidos de sua gestão, presentam a sociedade (teoria orgânica).
Também é válida para a sociedade limitada a observação de que a atividade do administrador é personalíssima, não podendo outrem exercer suas funções. Nesse sentido, de acordo com o que dispõe o Código Civil em seu art. 1.060, a sociedade limitada “é administrada por uma ou mais pessoas designadas no contrato social ou em ato separado”, às quais cabe, privativamente, o uso da firma ou da denominação social, ou seja, a possibilidade de atuar em nome da sociedade, exercendo direitos e assumindo obrigações (art. 1.064). O máximo que se permite, frise-se, é a delegação de certas atividades a mandatários, nos termos do art. 1.018 do Código: “ao administrador é vedado fazer-se substituir no exercício de suas funções, sendo-lhe facultado, nos limites de seus poderes, constituir mandatários da sociedade, especificados no instrumento os atos e operações que poderão praticar”.
Segundo dispõe o art. 1.052 do Código Civil, “na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social”.
Na vigência da antiga Lei das Limitadas, com base na previsão do seu art. 18, tornou-se prática comum a criação de quotas preferenciais nos contratos sociais de sociedades limitadas, em analogia às ações preferenciais das sociedades anônimas, e a doutrina majoritária considerava legítima tal prática, já que não havia norma expressa vedando-a. O Código Civil de 2002 também não tem nenhuma regra expressa vedando a criação de quotas preferenciais, e por isso o entendimento doutrinário anterior deveria ser mantido, assim como a praxe de criá-las nos contratos sociais. No entanto, alguns doutrinadores passaram a entender que após o CC as quotas preferenciais não seriam mais possíveis, em razãode o texto legal, na parte da instalação e das deliberações em reuniões/assembleias, não mais falar em “capital votante”, mas apenas em “capital social”. Isso, para eles, tornaria impossível a previsão de quotas sem direito de voto. O DREI, que orienta a atuação das Juntas Comerciais, acabou por acolher essa tese e não mais admitir a criação de quotas preferenciais (Instrução Normativa 10/2013, item 1.2.16.3).
O Código Civil estabelece, no art. 1.007, que o contrato social pode estipular a distribuição desproporcional dos lucros entre os sócios, e a criação de quotas preferenciais pode ser a melhor forma de operacionalizar tal regra na prática.
O contrato social da sociedade limitada, assim como da sociedade simples pura, não é imutável, podendo ser alterado conforme a vontade dos sócios. Por outro lado, a modificação do contrato social exige quórum de 3/4 do capital social, conforme previsão do art. 1.076, inciso I, do Código Civil.
· Sociedade Anônima 
A sociedade anônima, também chamada de companhia, é regida por lei especial, a já citada Lei 6.404/1976, que dispõe sobre as sociedades por ações, sendo aplicadas as disposições do Código Civil nos casos omissos (art. 1.089 do CC). Este tipo de sociedade foi o primeiro a ser regulamentado por lei.
Na maioria das vezes, esse tipo societário é adotado para grandes empreendimentos142 ou por determinação legal, como seguradoras, bancos, sociedades com ações em bolsa etc. que, necessariamente, devem ser sociedades anônimas.
O regime jurídico da sociedade anônima é uma lei especial, a Lei n. 6.404/76 – Lei das Sociedades Anônimas – LSA, sendo que somente nos casos omissos é que se aplica o Código Civil (art. 1.089).
A sociedade anônima tem como características a divisão do seu capital em ações (e não em quotas); e o fato de que cada sócio responsabiliza-se apenas pelo preço de emissão das ações que adquirir (LSA, art. 1º; e também CC, art. 1.088).
· Valor Nominal: Valor nominal (ou valor de emissão) é aquele convencionado pelos acionistas no momento da emissão das ações, na formação inicial ou no aumento do capital social da empresa.
· Valor Patrimonial: é o resultado da relação existente entre o patrimônio líquido da sociedade anônima e o número de ações que a companhia emitiu.
· Valor Econômico: é o preço da ação a partir de uma avaliação do quanto a empresa vale no mercado considerando seu histórico e projeção futura.
· Valor de negociação: é o preço que o titular da ação conseguir por ela no momento de sua alienação.
Sendo um ente dotado de personalidade jurídica, com direitos, deveres e patrimônio próprios, a sociedade anônima responde por suas dívidas com todo o seu patrimônio empresarial, não sendo a sua responsabilidade restrita a apenas o valor do seu capital social previsto no seu estatuto.
A sociedade anônima, em sua acepção inicial e histórica, era a típica sociedade de capital, não de pessoas, pois o capital prevalece sobre qualquer relacionamento que pudesse haver entre os sócios.
Os participantes da sociedade anônima são denominados acionistas, e não sócios. Dessa forma, poderia até ser dito que sócio é gênero do qual acionista, cotista e cooperado são espécies. Destaque-se que o ato constitutivo da sociedade anônima é o estatuto social, e não contrato social.
O capital social pode ser formado por bens materiais e imateriais desde que suscetíveis de avaliação pecuniária (como dinheiro em espécie, créditos, direitos, móveis, imóveis, marcas, patentes etc.), sendo que na sociedade anônima a avaliação dos bens precisa ser realizada por empresa especializada ou por três peritos (Lei n. 6.404/76, art. 8º, caput), não por mera estimativa dos sócios (acionistas), como na sociedade limitada. Contudo, o bem será integralizado ao capital social da companhia pelo valor de sua avaliação.
De acordo com o art. 88 da Lei n. 6.404/76, a sociedade anônima pode ser constituída por escritura pública ou por deliberação dos subscritores em assembleia geral (ordinária/constituinte); sendo que todos os subscritores são considerados fundadores. 
É pertinente explicitar que a expressão sociedade anônima também é sinônima de companhia.
Quanto às demonstrações financeiras, a Lei das Sociedades Anônimas impõe às companhias um nível maior de exigência em relação ao Código Civil. Conforme o art. 176 da Lei n. 6.404/76, são as seguintes as demonstrações:
1) balanço patrimonial (total do ativo e do passivo, tendo como resultado o patrimônio líquido, positivo ou negativo, a depender se o ativo é maior ou menor do que o passivo);
2) demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados (durante a existência da empresa);
3) demonstração do resultado do exercício (anterior);
4) demonstração dos fluxos de caixa (registro de entradas e saídas e o resultado disso no período apurado);
5) se companhia aberta144, demonstração do valor adicionado (a riqueza produzida pela empresa e sua distribuição entre aqueles que contribuíram para a sua formação: acionistas, trabalhadores, financiadores, investidores etc.).
Também a sociedade anônima deve efetuar sua escrituração mantendo todos os livros obrigatórios a qualquer empresário, além dos seguintes livros sociais que a ela também são compulsórios (LSA, art. 100): livro de Ações Nominativas, para inscrição, anotação ou averbação; livro de Transferência de Ações Nominativas; livro de Registro de Partes Beneficiárias Nominativas e o de Transferência de Partes Beneficiárias Nominativas, se tiverem sido emitidas; livro de Atas das Assembleias Gerais; livro de Presença dos Acionistas; livro de Atas das Reuniões do Conselho de Administração, se houver, e de atas das Reuniões de Diretoria; livro de Atas e Pareceres do Conselho Fiscal. 
· Espécies de S/A
As sociedades anônimas podem ser fechadas ou abertas (LSA, art. 4º, caput, e Lei n. 6.385/76, art. 22). Sociedades anônimas fechadas são aquelas cujos valores mobiliários de sua emissão não podem ser negociados no mercado de valores mobiliários. Já as sociedades anônimas abertas são aquelas nas quais os valores mobiliários emitidos por elas estejam em negociação no mercado de valores mobiliários, sobretudo na Bolsa de Valores. São as sociedades que procuram captar recursos junto ao público.
· Valores Mobiliários: são títulos emitidos por sociedades anônimas com características e direitos padronizados, como, por exemplo, quanto à participação nos lucros da empresa. São utilizados como formas de captação de recursos para financiamento de empresas que os emitem. Exemplos: ações, debêntures, bônus de subscrição, partes beneficiárias etc.
· Mercado de Capitais: É o sistema de comercialização de valores mobiliários que propicia maior liquidez aos títulos emitidos por companhias, para com isso viabilizar a capitalização de recursos por estas, bem como proporcionar segurança perante os adquirentes de tais títulos que o fazem como forma de investimento.

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