Buscar

AULA 9 - Intervenção do Estado no Domínio Econômico - 2021 1

Prévia do material em texto

DIREITO ADMINISTRATIVO II
PROFª MSc. PATRÍCIA KNÖLLER // 22/04/2021
patriciaknol@ig.com.br
AULA 9
ROTEIRO 
ATUAÇÃO DO ESTADO NO DOMÍNIO ECONÔMICO
Arts. 170/192 CF.
Fases: (i) Estado Liberal de Direito (Estado abstencionista); (ii) Estado Social de Direito (Estado prestador ou intervencionista); (iii) Estado Regulador (Estado Democrático de Direito).
 Normas constitucionais que limitam os direitos econômicos, buscando compatibilizar os ditames do liberalismo econômico com a exigência de justiça social que surge com o Estado social. 
Princípios da ordem econômica (art. 170CF): 
 - Soberania nacional;
 - Propriedade privada e sua função social;
 - Livre concorrência;
 - Defesa do consumidor (pr. da vulnerabilidade ou hipossuficiência);
 - Defesa do meio ambiente com promoção de um desenvolvimento sustentável; 
 - Redução das desigualdades regionais e sociais e busca do pleno emprego (leis trabalhistas).
 
Formas de atuação do Estado na economia: intervenção direta, intervenção indireta e monopólio. 
 Intervenção direta: Estado atua na prestação de serviços públicos (art. 175CF) e na exploração de atividade econômica (art. 173CF) – através de estatais (empresas públicas e sociedades de economia mista), que atuam sob regime predominantemente privado. 
 
 Intervenção indireta: Estado atua como agente normativo e fiscalizador da atividade econômica (art. 174CF) – agências reguladoras; fiscalização ambiental; consentimento de polícia para os alvarás de licença funcionamento. 
            Regime de monopólio:       - facultativo: art. 177, I a IV da CF – exploração de petróleo e gás natural;
                                                         - obrigatório: art. 177, V da CF – exploração de minérios e minerais nucleares e derivados.             Exceção art. 21, XXIII, b e c da CF (radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas). 
 
O Estado na ordem econômica 
Art. 174 CF
 
AGENTE NORMATIVO
AGENTE REGULADOR
EXERCERÁ NA FORMA DA LEI AS FUNÇÕES DE 
FISCALIZAÇÃO
INCENTIVO 
PLANEJAMENTO 
REPRESSÃO AO ABUSO DO PODER ECONÔMICO – ART. 173 § 4º CF
O Estado atuará na repressão ao abuso do poder econômico que vise à dominação de mercados, eliminação da concorrência e aumento arbitrário de lucros. 
Competência primária da União Federal, porém, os demais entes poderão, excepcionalmente, adotar medidas para controle das relações econômicas dentro de suas esferas de atuação (conforme arts. 23, VI, VIII e 24, V, VI da CF). 
São os principais meios de atuação do Estado no domínio econômico:
Monopólio;
Repressão ao abuso do poder econômico (art. 173, § 4º c/c Lei nº 12.529/11) – CADE;
 - Condutas que evidenciam abuso do domínio econômico estão elencadas na Lei nº 12.529/11.
 - Principais formas de dominação abusiva dos mercados são os trustes, cartéis e dumpings. Lembrar que o monopólio privado é anticoncorrencial. 
DOMINAÇÃO ABUSIVA DOS MERCADOS
TRUSTES: trata-se de uma imposição de grandes empresas ou corporações sobre empresas menores para eliminá-las do mercado ou obrigá-las a seguir uma política de preços do maior vendedor.
CARTÉIS: trata-se de uma composição voluntária de empresas rivais, sobre aspectos do negócio comum, normalmente para determinar o preço do produto. Há um acerto de preços entre os rivais.
DUMPINGS: prática abusiva, geralmente de caráter internacional, em que são oferecidos subsídios oficiais pelo próprio país de origem e a empresa barateia em excesso o custo da produção, o que torna o preço do produto muito inferior ao das outras empresas que arcam com seus próprios custos, sem subsídios. 
Repressão ao abuso do poder econômico será realizado pelo Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC), que compreende: 
 
 - SECRETARIA DE ACOMPANHAMENTO ECONÔMICO (SEAE) – Ministério da 
 Fazenda;
 - SECRETARIA DE DIREITO ECONÔMICO (SDE) – Ministério da Justiça;
 - CONSELHO ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONÔMICA (CADE) – autarquia 
 vinculada ao Ministério da Justiça (entidade judicante). 
Superintendência-Geral (analisa os atos de concentração de mercado);
Departamento de Estudos Econômicos (assistência na análise dos atos de concentração);
Tribunal Administrativo (julgamento administrativo);
Procuradoria Federal Especializada (assessoria judicial e representação legal do CADE). 
SISTEMA BRASILEIRO DE DEFESA DA CONCORRÊNCIA. 
8
Art. 36.  Constituem infração da ordem econômica, independentemente de culpa, os atos sob qualquer forma manifestados, que tenham por objeto ou possam produzir os seguintes efeitos, ainda que não sejam alcançados:
I – limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre iniciativa;
II – dominar mercado relevante de bens ou serviços;
III – aumentar arbitrariamente os lucros; e
IV – exercer de forma abusiva posição dominante.
§ 1º A conquista de mercado resultante de processo natural fundado na maior eficiência de agente econômico em relação a seus competidores não caracteriza o ilícito previsto no inciso II do caput deste artigo.
§ 2º Presume-se posição dominante sempre que uma empresa ou grupo de empresas for capaz de alterar unilateral ou coordenadamente as condições de mercado ou quando controlar 20% (vinte por cento) ou mais do mercado relevante, podendo este percentual ser alterado pelo Cade para setores específicos da economia.
§ 3º As seguintes condutas, além de outras, na medida em que configurem hipótese prevista no caput deste artigo e seus incisos, caracterizam infração da ordem econômica:
I - acordar, combinar, manipular ou ajustar com concorrente, sob qualquer forma:
Lei 12.529/11 - SISTEMA BRASILEIRO DE DEFESA DA CONCORRÊNCIA. 
a) os preços de bens ou serviços ofertados individualmente;
b) a produção ou a comercialização de uma quantidade restrita ou limitada de bens ou a prestação de um número, volume ou frequência restrita ou limitada de serviços;
c) a divisão de partes ou segmentos de um mercado atual ou potencial de bens ou serviços, mediante, dentre outros, a distribuição de clientes, fornecedores, regiões ou períodos;
d) preços, condições, vantagens ou abstenção em licitação pública;
II - promover, obter ou influenciar a adoção de conduta comercial uniforme ou concertada entre concorrentes;
III - limitar ou impedir o acesso de novas empresas ao mercado;
IV - criar dificuldades à constituição, ao funcionamento ou ao desenvolvimento de empresa concorrente ou de fornecedor, adquirente ou financiador de bens ou serviços;
V - impedir o acesso de concorrente às fontes de insumo, matérias-primas, equipamentos ou tecnologia, bem como aos canais de distribuição;
VI - exigir ou conceder exclusividade para divulgação de publicidade nos meios de comunicação de massa;
VII - utilizar meios enganosos para provocar a oscilação de preços de terceiros;
VIII - regular mercados de bens ou serviços, estabelecendo acordos para limitar ou controlar a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico, a produção de bens ou prestação de serviços, ou para dificultar investimentos destinados à produção de bens ou serviços ou à sua distribuição;
Lei 12.529/11 - SISTEMA BRASILEIRO DE DEFESA DA CONCORRÊNCIA. 
IX - impor, no comércio de bens ou serviços, a distribuidores, varejistas e representantes preços de revenda, descontos, condições de pagamento, quantidades mínimas ou máximas, margem de lucro ou quaisquer outras condições de comercialização relativos a negócios destes com terceiros;
X - discriminar adquirentes ou fornecedores de bens ou serviços por meio da fixação diferenciada de preços, ou de condições operacionais de venda ou prestação de serviços;
XI - recusara venda de bens ou a prestação de serviços, dentro das condições de pagamento normais aos usos e costumes comerciais;
XII - dificultar ou romper a continuidade ou desenvolvimento de relações comerciais de prazo indeterminado em razão de recusa da outra parte em submeter-se a cláusulas e condições comerciais injustificáveis ou anticoncorrenciais;
XIII - destruir, inutilizar ou açambarcar matérias-primas, produtos intermediários ou acabados, assim como destruir, inutilizar ou dificultar a operação de equipamentos destinados a produzi-los, distribuí-los ou transportá-los;
XIV - açambarcar ou impedir a exploração de direitos de propriedade industrial ou intelectual ou de tecnologia;
XV - vender mercadoria ou prestar serviços injustificadamente abaixo do preço de custo;
XVI - reter bens de produção ou de consumo, exceto para garantir a cobertura dos custos de produção;
XVII - cessar parcial ou totalmente as atividades da empresa sem justa causa comprovada;
XVIII - subordinar a venda de um bem à aquisição de outro ou à utilização de um serviço, ou subordinar a prestação de um serviço à utilização de outro ou à aquisição de um bem; e
XIX - exercer ou explorar abusivamente direitos de propriedade industrial, intelectual, tecnologia ou marca.
Lei 12.529/11 - SISTEMA BRASILEIRO DE DEFESA DA CONCORRÊNCIA. 
Monopólio;
 b) Repressão ao abuso do poder econômico);
 c) Controle de abastecimento;
 d) Tabelamento de preços; 
 e) Criação de empresas estatais na forma do art. 173 CF – exploração direta de atividade econômica pelo Estado – pressupostos: imperativos da segurança nacional ou relevante interesse coletivo. 
Cont. dos principais meios de atuação do Estado no domínio econômico.
13

Continue navegando