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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA – UNIPÊ PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO – PROAC CURSO DE ODONTOLOGIA DÁRIO MUNIZ FERREIRA AMANDA GADELHA DE ALMEIDA TRATAMENTO RESTAURADOR COM RESINA COMPOSTA EM DENTE POSTERIOR: RELATO DE UM CASO CLÍNICO Profª Rubênia Cristina Gomes de Medeiros Profª Vanessa Maria Freire Abílio Profª Roberta Remiliana Silva Trinta Profª Camila Santos de Mattos Brito Profª Ana Caroline Melo de Queiroz Oliveira JOÃO PESSOA-PB 2021 INTRODUÇÃO A cárie dentária consiste em uma doença infecciosa cujo primeiro sinal clínico é o aumento de microporosidades no esmalte, que podem resultar em cavidades após constantes processos de desmineralização, os quais se sobrepõem aos de remineralização (Beltrame et al.1, 2003). Entretanto, a mesma, ao longo dos anos, sofreu alterações, evidenciando a existência de novas formas de expressão da doença, com um substancial aumento na proporção de estágios subclínicos prolongados (Bille et al.2, 1986). As evidências apontam para alguns fatores como alimentação altamente ácida na presença de dentes com mineralização deficiente das fissuras, tipo de padrão de fissura que impede um correto diagnóstico clínico da lesão, defeito na formação da fissura e reabsorção de dentina intracoronária em fase pré-eruptiva (Ismail. 3, 1997; Ricketts et al. 4, 1997; Lynch e Ten Cate. 5, 2006; Weerheijm. 6, 1997). A desorganização do biofilme cariogênico impede a progressão da doença cárie e pode ser realizada pela ação mecânica e/ou química. O amálgama foi amplamente utilizado na odontologia restauradora, sendo considerado o padrão- ouro, entretanto, hoje é não é mais material de primeira escolha devido a algumas desvantagens e por possuir mercúrio em sua composição, o tornando material com toxidade alta. Os materiais restauradores adesivos permitem preparos cavitários minimamente invasivos, pois não necessitam da remoção de tecido sadio para a retenção mecânica do material. Dentre os materiais disponíveis no mercado, utiliza-se o Cimento de Ionômero de Vidro (CIV), que possui efeito anticariogênico e remineralizante ou a Resina Composta, devido a estética e propriedades mecânicas satisfatórias. (BATISTA et al. 7, 2020) Apesar de suas propriedades estéticas e de todo seu desenvolvimento atual, o uso de resinas compostas ainda necessita de critérios de utilização, e o uso sem restrição somente será possível após maior desenvolvimento e melhoria em suas propriedades físico-químicas. Mesmo as resinas compostas atuais apresentam alteração de cor, principalmente em condições de má higiene e também pela impregnação de corantes contidos nos alimentos. As modernas tecnologias adesivas têm estendido a aplicação das resinas compostas, pois reduziram a microinfiltração e a sensibilidade pós-operatória. (BARATIERI, et al. 8, 2001) O sucesso clínico de uma restauração passa por criteriosa seleção do caso proposto, observando-se fatores considerados fundamentais, como oclusão, hábitos parafuncionais, extensão da lesão cariosa existente, exame radiográfico, diagnóstico pulpar, atividade de cárie, assim como controle dos fatores etiológicos. (LOPES, et al. 9, 2002) Conhecer e respeitar a correta indicação das resinas compostas em dentes posteriores é obrigatório, quando se quer longevidade nos trabalhos restauradores. Seguir rigorosamente o protocolo clínico e instruir o paciente sobre como controlar os fatores etiológicos da doença cárie é dever ético do profissional de odontologia. A partir disso, este estudo tem como objetivo relatar o caso de paciente com restauração provisória sendo reabilitado com resina composta. RELATO DO CASO CLÍNICO: Paciente M.V., sexo feminino, 13 anos de idade, procurou a Clínica de Odontologia do UNIPÊ acompanhada por sua responsável para realizar restauração permanente de dente molar inferior, o qual já tinha sido removido a cárie e sido feito uma provisória de cimento de ionômero de vidro. Ao realizar o exame intraoral foi observado a presenta de elementos com material provisório encaminhados para tratamento endodôntico (46 e 36) e o elemento 47 com indicação de tratamento restaurador permanente, o mesmo já estava com material provisório cimento de ionômero de vidro. No exame físico extra oral não foi visto nenhum sinal clínico digno de nota. Após o exame clínico, planejamos a realização da restauração permanente do elemento 47 que já estava com CIV no mesmo dia, para evitar excessivos retornos e exposição ao ambiente clinico. Clinicamente pôde-se observar uma restauração de CIV em bom estado no elemento 47, após avaliação da radiografia para saber profundidade anterior da cavidade, realizamos a anestesia do nervo alveolar inferior com a seringa carpule e o isolamento absoluto com grampo para dentes de coroa expulsivas W8A, posteriormente realizamos o rebaixamento do CIV com broca diamantada esférica, seguida de limpeza da cavidade, condicionamento com ácido fosfórico e lavagem e secagem, continuamos com a aplicação do sistema adesivo de dois passos, fotoativação e o início da inserção da resina com pequenos incrementos e fotopolimerização. Retiramos o isolamento e foi realizada o ajuste oclusal com o auxílio de fita de carbono, remoção dos excessos com pontas diamantadas de granulação fina, acabamento e polimento. A paciente foi encaminhada para o tratamento endodôntico dos elementos 46 e 36, também foi instruída à marcar o retorno para a clínica de dentística ou infantil para tratamento restaurador de outro elemento dentário na arcada superior que estava menos comprometido e para ensinar a manter a saúde bucal, mostramos como deve ser feita a higienização correta com o macromodelo, escova dental e também fio dental, para que ela consiga manter o ambiente bucal livre de novos processos cariosos e inúmeros outros problemas. PASSO A PASSO CLÍNICO FOTOGRÁFICO: Figura1:Instrumental utilizado Figura 2: Exame clínico Figura4: Posicionamento do dique de borracha Figura3: Anestesia Figura 5: Isolamento absoluto Figura6:Rebaixamento do CIV Figura 8: Aplicação do sistema adesivo de dois passos e fotoativação. Figura7:CIV rebaixado e condicionado com ácido. Figura 10: Fotopolimerização da resina. Figura 9: Inserção da resina em incrementos. Figura 12: Pontos para ajuste. Figura 11: Uso da tira de carbono para verificar excessos e pontos altos. Discussão Restaurações posteriores de resina composta são procedimentos largamente utilizados na clínica odontológica, é importante observar que as restaurações diretas com resinas compostas devem seguir um protocolo de tratamento criterioso, observando-se as limitações do material e sua indicação clínica, bem como as características dos preparos cavitários e o padrão de higiene oral dos pacientes14. (KUNIHIRA, et al. 10, 2014) Fatores relacionados à técnica de inserção das resinas compostas, a espessura das porções incrementais e as diversas possibilidades e métodos de fotoativação reforçam os cuidados que os profissionais devem incluir no seu protocolo clínico-restaurador a fim de obter bom prognóstico no tratamento e longevidade clínica das restaurações, demonstrado neste trabalho com uma criteriosa inserção da resina composta de forma incremental com o principal objetivo de diminuir a contração de polimerização do material. (CLAVIJO, et al. 11, 2008) É conhecido que existe grande variedade de técnicas e possibilidades restauradoras descritas na literatura para a utilização das resinas compostas em dentes posteriores. No entanto, é de consenso que a aplicação da resina composta deve seguir uma técnica incrementalde inserção com controle rigoroso na espessura das camadas e no método de fotoativação do material restaurador. (KUNIHIRA, et al. 10, 2014) Neste trabalho foi exposto um procedimento restaurador num elemento posterior que já tinha sido preparado e estava com restauração provisória de Figura 14: Aspecto final. Figura 13: Ajuste oclusal. cimento de ionômero de vidro, utilizando-se resina composta sobre o CIV rebaixado. Possibilitando uma resolução simples e imediata. Desse modo, observar os avanços dos materiais restauradores resinosos e das técnicas adesivas e se fundamentar em um planejamento restaurador criterioso são preceitos fundamentais para o sucesso com restaurações diretas em resina composta. Realizar o acompanhamento clínico periódico dos pacientes também contribui para o aumento na vida útil das restaurações. Conclusão Apesar de não ser tão resistente quanto o amálgama para dentes posteriores por receberem uma alta carga mastigatória, as resinas compostas podem ser consideradas uma alternativa clínica fácil e conveniente, pois restabelecem a função mastigatória e estética do paciente, sendo esse último o principal motivo por ser o material restaurador que as pessoas mais procuram e ficam satisfeitos. Referências 1. BELTRAME, M. et al. Analise do processamento radiográfico nos consultórios de Feira de Santana-BA. Rev Fac Odontol Univ Passo Fundo 2003 8(1):50-4. 2. BILLE, J.; Hesselgren, K.; Thylstrup, A. Dental caries in Danish 7-, 11- and 13-year-old children in 1963, 1972 and 1981. Caries Res 1986 20(6):534-42 3. ISMAIL, A. I. Clinical diagnosis of precavitated carious lesions. Community Dent Oral Epidemiol 1997 Feb;25(1):13-23. 4. RICKETTS, D. et al. Hidden caries: what is it? Does it exist? Does it matter? Int Dent J 1997 Oct;47(5):259-65. 5. LYNCH, R. J.; Ten Cate JM. The effect of adjacent dentine blocks on the demineralisation and remineralisation of enamel in vitro. Caries Res 2006 40(1):38-42. 6. WEERHEIJM, K. L. Occlusal 'hidden caries'. Dent Update 1997 Jun;24(5):182-4. 7. BATISTA, T. P.; LINS, C. L.; NEMÉZIO, M. A. Material restaurador indicado para dentes posteriores por graduandos de odontologia. Maceió: 2020. 8. BARATIERI, L. N. et al. Odontologia restauradora: fundamentos e possibilidades. São Paulo: Santos; 2001. 9. LOPES, G. C. et al. Direct posterior composite resin restorations: new techniques and clinical possibilities. Quintessence Int. 2002 May; 33(5):337- 46. 10. KUNIHIRA, T. S. et al. Restauraciones Posteriores con Resina Compuesta – A Case Report. Kiru. 2014; 11(2):175-9. 11. CLAVIJO, V. R. et al. Resina composta direta em dentes posteriores: simplificando seu uso. Dent Sci. 2008; 2(7):215-24.
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