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1 Rúbia Rogovski I Medicina Veterinária UFRGS Medicina Veterinária Preventiva Desinfecção CONCEITOS • Desinfetante é a substância ou produto capaz de destruir, indiscriminada ou seletivamente, microrganismos patogênicos, à temperatura ambiente. • Desinfecção é a destruição dos microrganismos patogênicos. → Desinfecção é diminuir a dose infectante ou eliminar microrganismos indesejáveis, sobre superfícies/ambientes inanimados. Obs: não necessariamente sobre esporos → Desinfecção é o controle ou a eliminação dirigida, de microrganismos considerados indesejáveis em situações problema específicas, pela atuação em sua estrutura ou em seu metabolismo, independente de seu estado funcional, visando prejudicar a transmissão deste organismo, ou reduzir a sua dose infectante • Antissepsia: diminuir a dose infectante ou eliminar microrganismos indesejáveis, sobre/em tecidos vivos. • Esterilização: eliminação de todos os microrganismos do ambiente • Assepsia: conjunto de medidas empregadas para evitar a entrada de microrganismos indesejáveis, em local que não os contenha. • Desinfetante: substância ou produto capaz de destruir, indiscriminada ou seletivamente, microrganismos patogênicos, à temperatura ambiente. PROCESSO DE DESINFECÇÃO EM PRESENÇA DE DOENÇAS • NA PREVENÇÃO DA OCORRÊNCIA 1º - Limpar – remover; 2º - Desinfetar. • NA INTERRUPÇÃO DA EVOLUÇÃO 1º - Descontaminar; 2º - Limpar + Remover; 3º - Desinfetar; MODALIDADES (TIPOS) DE DESINFECÇÃO (OBRIGATÓRIAS POR LEGISLAÇÃO SANITÁRIA, OU VOLUNTÁRIAS) • Permanente/ Concorrente ✓ na prevenção da ocorrência ✓ na interrupção da evolução • Final ➢ na prevenção da ocorrência ➢ na interrupção da evolução TIPOS DE DESINFETANTES • Físicos • Químicos • Sintético-laboratoriais; • Fitoquímicos FÍSICA • Calor seco: → Forno de Pasteur (160 ºc/120 min. Ou 170 ºc/60min.) - instalações → Fogo – vassoura-de-fogo • Calor úmido: → Auto-clave (120ºc/ 15 min. Com pressão). → Água quente: maquinas automáticas com água quente (60-90°C). → Vapor • Radiações: → Não ionizante: ultra-violeta → Ionizantes: cobalto 60 2 Rúbia Rogovski I Medicina Veterinária UFRGS Medicina Veterinária Preventiva QUÍMICOS ALDEÍDOS GLUTARALDEÍDO • Amplo e rápido espectro de atividade: age sobre bactérias na forma vegetativa, incluindo micobactérias, fungos, vírus lipofílicos e hidrofílicos e esporos bacterianos, possuindo excelente atividade esporicida quando comparado a outros aldeídos como formaldeído e o glioxal. • A atividade de soluções aquosas ácidas é consideravelmente mais baixa do que as soluções ativadas alcalinas, com pH de 7,5 a 8,5. • A ativação é feita com agentes alcalinizantes, por exemplo, 0,3% (p/v) de bicarbonato de sódio. • É usado, principalmente, como esterilizante e desinfetante de equipamento médico - cirúrgicos que não podem ser submetidos a métodos físicos. FORMALDEÍDO – (FORMALINA®) – LÍQUIDO: 37 - 40% DE ALDEÍDO • Em função do risco à saúde humana, por ser carcinogênico, tanto o paraformaldeído quanto o formaldeído foram proibidos para uso, de forma isolada, podendo ser usados em equipamentos de esterilização. PARAFORMALDEÍDO (“PASTILHAS DE FORMOL”) ➢ Vantagens dos aldeídos: • amplo espectro de ação (possível esterilização química) • não corrosivo • potencializado por detergente • fator matéria orgânica baixo • potencializado pelo calor e econômico. ➢ Desvantagens dos aldeídos: • irritante de mucosas • carcinogênico • fator temperatura (pouca atividade menos que 18º C) • fator umidade relativa do ar e é alergênico. FENOL E DERIVADOS • Fenóis: ácido fênico / ácido carbólico; • Exemplos de derivados fenólicos: ortho- phenylphenol; ortho-benzyl- parachlorophenol; para-terciário- butilfenol; hexaclorofeno; triclosan; cresóis (creolina; benzo-creolina; benzo-fenol). • As formulações contém tensoativos aniônicos ou sabões e emulsificantes, uma vez que os ingredientes ativos são insolúveis em água. ➢ Vantagens • espectro de ação - os fenóis sintéticos são ativos para bactérias na forma vegetativa Gram - positivas e Gram - negativas, incluindo micobactérias, fungos e vírus lipídicos. • Alguns produtos são mais ativos para bastonetes Gram negativos do que para cocos Gram - positivos (Gardner & Peel, 1991). • Não possuem atividade biocida para esporos bacterianos e vírus hidrofílicos. • Mecanismo de ação: provocam o extravasamento de metabólitos através da parede celular. 3 Rúbia Rogovski I Medicina Veterinária UFRGS Medicina Veterinária Preventiva ➢ Desvantagens • influência do pH (A alcalinidade geralmente reduz a eficácia) • fator matéria orgânica - óleos e gorduras reduzem a atividade, pois extraem os fenóis da solução aquosa • difícil dissolução em água • incompatibilidades - são incompatíveis com detergentes catiônicos, resistência de esporos e ação restrita sobre vírus (apenas sobre alguns envelopados - odor característico). TENSOATIVO QUATERNÁRIO DE AMÔNIA; • CATIÔNICOS - carga positiva (+) quando em solução aquosa. • Grupo QACs – Quaternários de amôneo: cloreto de benzalcônio; cloreto de metil- benzalcônio; cloreto cetil-piridinio; cloreto cetil trimetil-amônio; cloreto de benzetônio; cloretos de alquil-dimetil- benzilamônio; cloretos de dialquildimetilamônio. ➢ Vantagens • espectro de ação - em geral são muito efetivos para bactérias Gram positivas e efetivos em menor grau para as Gram negativas. • Apresenta resistência a Psedomonas e Staphylococcus. • Ativos para fungos e para vírus envelopados. • Não apresentam ação letal para esporos bacterianos, para vírus hidrofílicos e para micobactérias (Collins, 1983; Merianos, 1991). • Estabilidade • Não corrosivo. • Aplicação em desinfecção concorrente. ➢ Desvantagens • pequena ação em pH ácido (pH ideal é o alcalino (9-10)valores abaixo de 7,0 são desfavoráveis) • sensível a dureza da água • sensível aos sabões e tensoativos aniônicos. • Aplicação: recomendados para desinfecção ordinária de superfícies não críticas como pisos, mobiliário e paredes. • Apropriados para desinfecção de superfícies e equipamentos em todas as áreas relacionadas com alimentos. HALOGÊNICOS: COMPOSTOS CLORADOS; IODO E DERIVADO ÁLCOOIS; COMPOSTOS CLORADOS • Derivados inorgânicos liberadores de cloro livre: → ácido hipocloroso – íon hipoclorito Hipoclorito de cálcio - sólido; Hipoclorito de sódio - líquido; ➢ Vantagens • espectro amplo – os compostos liberadores de cloro são muito ativos para bactérias na forma vegetativa Gram positivas e negativas, ativos para micobactérias, fungos, vírus lipofílicos e hidrofílicos. • Em altas concentrações apresentam efeito letal para os príons - eficácia maior em pH ácido (pH 6). ➢ Desvantagens • fator matéria orgânica alto - ataca metais - soluções pouco estáveis 1. Biguanidas; Peróxidos: peróxido de hidrogênio; ácido peracético; Compostos orgânicos naturais; Metais pesados e seus compostos. 4 Rúbia Rogovski I Medicina Veterinária UFRGS Medicina Veterinária Preventiva IODO • Complexo de iodo com soluções tensoativas • Iodo + ácido fosfórico + tensoativo= iodóforo • PVP-I (polivinilpirrilidona – Iodo) ➢ Vantagens • Amplo espectro: são ativos para bactérias na forma vegetativa, incluindo micobactérias, fungos, vírus lipofílicos e hidrofílicos • Não irritantes de mucosa • Atuam melhor em pH ácido ➢ Desvantagens • Mancham produtos • Relativo fator matéria orgânica: são rapidamente inativados por proteínas e por substâncias plásticas e substâncias naturais em menor grau (Collins, 1983) • Resíduoe tireóide ALCOOIS • Álcool etílico, ou etanol • Álcool isopropílico. • Álcool absoluto: 96º GL, é pouco desinfetante, usar 70 – 80º GL. ➢ Vantagens • Atua rapidamente como bactericida: penetra camada lipídica; • Apresentam atividade rápida sobre as bactérias na forma vegetativa como os cocos Gram positivos, enterobactérias e bactérias Gram negativas não fermentadoras da glicose, como Pseudomonas. • Atuam também sobre as Mycobacterium, fungos e vírus lipofílicos. • Não possuem atividade sobre vírus hidrófílicos (Hugo & Russel, 1982;Rutala, 1987 e 1990). • Rápida evaporação: os álcoois não possuem ação residual. • Coagulam ou precipitam proteínas presentes no soro, pus e outros materiais biológicos, o que pode proteger os microrganismos do contato efetivo com álcool. ➢ Desvantagens • Perigo de incêndio ou explosão • São inflamáveis, requerendo, portanto, cuidados especiais na manipulação e estocagem. • Veículo de esporos. BIGUANIDAS • Digluconato de Clorhexidina (DGCH) • Cloridrato de Polihexametileno Biguanida (PHMB) • A clorhexidina é usada como antisséptico e para desinfecção de pisos e paredes... • Mecanismos de ação: possui atividade antimicrobiana de largo espectro, produzindo alterações e danos irreversíveis na membrana celular microbiana. ➢ Vantagens: • Tem amplo espectro de atividade antibacteriana; • Ação frente vírus envelopados; • Sofre pouca ação matéria orgânica • Mecanismo de ação: danos na membrana celular; • Baixa toxicidade. ➢ Desvantagens • Limitação em alimentos de origem animal: evidências de mutagenicidade e carcinogenicidade; • Não é letal para Mycobacterium e esporos em temperatura ambiente; • Devido natureza catiônica, limitante com sabões; • Não utilizar na presença de cloro, detergente aniônico (sabões em geral) e água “dura”, pois eles precipitam os sais de clorhexidina, diminuindo o efeito bactericida do produto. 5 Rúbia Rogovski I Medicina Veterinária UFRGS Medicina Veterinária Preventiva FATORES CONDICIONANTES DA EFICÁCIA DE UM DESINFETANTE • Tipo de agente causal; • Dose infectante; • Temperatura; • Fator tempo de atuação; • Fator concentração; • Fator material – suporte; • Matéria orgânica; • Fator pH; • Dureza da água • “Inculturação” • Cuidados ambientais A PERIODICIDADE COM QUE DEVE SER FEITA A LIMPEZA E A DESINFECÇÃO IRÁ DEPENDER • Do número de animais; • Das condições ambientais (períodos chuvosos ou secos); • Do tipo de piso (chão batido, cimento, ripado elevado, entre outros); • Do sistema de exploração • Do tipo de instalações utilizadas na propriedade. CLASSIFICAÇÕES DOS ARTIGOS, SEGUNDO SPAULDING • Artigos críticos - são aqueles que penetram nos tecidos sub-epiteliais e mucosa, sistema vascular ou outros órgãos isentos de microbiota própria. Ex: instrumentos de corte ou ponta; outros artigos cirúrgicos (pinças, afastadores, fios de sutura, catéteres, drenos etc.); soluções injetáveis. Processo: esterilização. • Artigos semi-críticos - são aqueles que entram em contato com a mucosa íntegra e/ou pele não íntegra. Ex: material para exame clínico (pinça, sonda, abre- boca, lâminas de depilação, tricótomos, termômetro, etc.). Processo: preferencialmente esterilização ou desinfecção de alto nível. • Artigos não críticos - são aqueles que entram em contato com a pele íntegra ou não entram em contato direto com o cliente. Ex.: estetoscópio, superfície de armários e bancadas, aparelho de raios- X, etc.. Processo: desinfecção de nível intermediário. DESCONTAMINAÇÃO • Diminuir a dose infectante ou eliminar microrganismos indesejáveis, sobre superfícies/ambientes, antes da limpeza. LIMPEZA • Remoção de sujidades (orgânicas e inorgânicas). Ex: fezes, sangue, pús, urina, leite, etc... • Sujeira não solúvel em água, ou aderida: remoção química (mecânica!) • DETERGENTES TENSOATIVOS – solubilização de gorduras → Sabões → Derivados do petróleo: Ex. Linear aquil-benzeno sulfonato de sódio; amino propil-lauril-amida; → Enzimáticos
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