Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CURSO DE PEDAGOGIA CINTIA LEMOS DOS SANTOS RIBEIRO AGUIAR Orientador: Caroline Kern Disciplina: Trabalho de conclusão de curso Alfabetização e Letramento: as práticas sociais de leitura e escrita na educação infantil. Rio de Janeiro 2021 2 RESUMO: O estudo tem como objetivo geral analisar como a oportunidade de acesso à práticas sociais de leitura e escrita para crianças de 0 a 6 anos contribui positivamente para o desenvolvimento no processo de aprendizagem da alfabetização. Foram objetivos específicos: Considerou- se nesse estudo que na educação infantil as atividades lúdicas, o brincar, os jogos são elementos constitutivos no processo de alfabetização e letramentos. A pesquisa qualitativa de caráter bibliográfico demonstrou a importância da inserção das crianças num ambiente alfabetizador na educação infantil. PALAVARAS-CHAVE: Alfabetização, letramento, educação infantil TÍTULO: Os primeiros passos para a Alfabetização e o Letramento na Educação infantil 1. INTRODUÇÃO Na educação infantil a criança explora espaços e desenvolve várias habilidades, entre elas a capacidade desse comunicar sendo apresentada ao vocabulário do cotidiano. Para a formação de bons leitores, é fundamental que as crianças com idade de 0 a 6 anos apreciem e valorizem a escuta da leitura, histórias e músicas desde o início o de sua vida escolar, criando o hábito e valorizando os livros como fonte de conhecimento e entretenimento, a escuta das histórias no ambiente escolar oportuniza bons momentos em grupo, enriquece o imaginário, amplia o vocabulário, além de familiarizar a criança com a leitura o que favorece muito o aprendizado focado no letramento. O desenvolvimento da criança de 0 à 6 anos se dá através do lúdico tendo como recursos: brincadeiras, jogos, faz de contas e histórias. Essa intersecção dá a ludicidade nas ações desenvolvidas pelas e com as crianças permite que tenham 3 contato com a leitura vinculada à capacidade de criar, fantasiar, aprender e a trocar com seus pares. Desse modo, pode se afirmar que é importante que a criança desde pequena tenha contato com diferentes textos como: livros, gibis, receitas, encartes, cartazes, biografias, cartas, entre outros, pois, através desses gêneros textuais as crianças vivenciam experiências favoráveis para contextualizar a linguagem e seus significados. Diante de todas essas informações, pretende-se nesse estudo compreender: Como se dá a alfabetização e letramento na educação infantil? Esta pesquisa tem como objetivo geral analisar como a oportunidade de acesso à prática social de leitura e escrita(letramentos) para crianças de 0 a 6 anos contribui positivamente para o processo do desenvolvimento e aprendizagem e no processo de alfabetização no decorrer de sua posterior escolarização no ensino fundamental. Como objetivos específicos para este trabalho: a) definir o papel do letramento como ferramenta essencial para aquisição do conceito da leitura e escrita na educação Infantil, b) compreender como a ludicidade e o concreto devem ser utilizados no trabalho da alfabetização na educação Infantil, c) Identificar possíveis dificuldades encontradas pelas crianças nesta faixa etária na construção do conceito de leitura e escrita. A alfabetização e os letramentos se iniciam na educação infantil, na medida em que compreende-se que não se trata de uma ação formal de escolarização, mas sim de contato com a leitura e escrita, pois através da ludicidade e demais estratégias pedagógicas as crianças de 0 a 5 anos terão contato com esses conhecimentos que as acompanharão até o processo formal de alfabetização no ensino fundamental. O estudo envolve uma pesquisa bibliográfica de autores que buscam compreender fenômenos que refletem o tema proposto. Utilizando um método qualitativo dentre a experiência em sala de aula com turmas de educação infantil e considerando levantamento teórico com autores e livros que são os fundamentais para o desenvolvimento desta pesquisa temos autores que dominam a temática como a Pesquisadora do centro de alfabetização, leitura e escrita Magda Soares, a Psicóloga e Pedagoga Emília Ferreiro. 4 2. Sobre os conceitos de alfabetização e letramento. Alfabetização é o processo de aprendizagem da leitura e da escrita, sendo alfabetizado o sujeito que sabe ler e escrever, a alfabetização é algo extremamente importante para o desenvolvimento de qualquer pessoa. Saber ler e escrever é fundamental para que o indivíduo consiga encontrar o seu lugar no mundo. A própria da UNESCO mostra como ela é imprescindível. Segundo a Organização, a alfabetização, é um processo de aquisição de habilidades cognitivas básicas responsáveis por contribuir para o desenvolvimento socioeconômico da capacidade de conscientização social e da reflexão crítica como base de mudança pessoal e social, a Alfabetização se dá a partir dos 6 anos de idade quando a criança saí da Educação Infantil para o primeiro ano do Ensino Fundamental. Kleiman (2005) afirma que: ‘’O conceito de alfabetização refere-se também ao processo de aquisição das primeiras letras e, como tal, envolve sequências de operações cognitivas, estratégias, modos de fazer. Quando dizemos que uma criança está sendo alfabetizada, estamos nos referindo ao processo que envolve o engajamento físico-motor, mental e emocional da criança num conjunto de atividades de todo tipo, que têm por objetivo a aprendizagem do sistema da língua escrita.’’ Pela etimologia da palavra: “[...] O termo alfabetização não ultrapassa o significado de ‘levar à aquisição do alfabeto’, ou seja, ensinar o código da língua escrita, ensinar as habilidades de ler e escrever” (SOARES,2017). Sintetizando com outras palavras o mesmo termo, a escritora define: “A alfabetização – faceta linguística da aprendizagem inicial da língua escrita – focaliza, basicamente, a conversão da cadeia sonora da fala em escrita.” (SOARES, 2016: 38). Sobre o mesmo conceito, em um dos seus textos mais recentes, onde a autora problematiza as questões inerentes à ortografia do português brasileiro, relacionando-as com a alfabetização, temos mais uma proposta de definição para esse termo: [...], definindo-a mais amplamente como a aprendizagem de um sistema de representação que se traduz em um sistema de notação que não é um “espelho” daquilo que representa, uma vez que é arbitrário a relação entre as notações (as letras) e aquilo que representam (os fonemas) não é lógica nem natural – e é um sistema regido por normas – por convenções e regras. (SOARES, 2016: 328). 5 Letramento é o desenvolvimento do uso competente da leitura e da escrita nas práticas sociais. De acordo com SOARES(2011), a diferença está no domínio que o sujeito tem sobre a leitura e as práticas sociais escrita, segundo a pesquisadora o sujeito alfabetizado sabe ler escrever porém pode estar pouco habilitado a usar essas habilidades, já o indivíduo letrado; possui domínio de leitura e da escrita nas mais diversas situações e práticas sociais, com o surgimento do termo ‘’literacy’’(alfabetismo) houve uma mudança histórica nas práticas sociais: com as novas demandas sociais pelo uso da leitura e da escrita foi exigido um novo termo para designá-las, uma realidade social mais recente trouxe a necessidade de uma nova palavra (SOARES,2011).Esta é a definição a mais atual que Magda Soares apresenta:’’Letramento é o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever, o estado ou condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter se apropriado da escrita.’’, desse modo, letramento seria resultado ou consequência do processo de alfabetização. Enquanto se utiliza o termo analfabeto em oposição a alfabetizado, não é possível, de maneira análoga aplicar a mesma relação entre letrado e iletrado. Mesmo o indivíduo que não sabe ler nem escrever, faz de alguma forma o uso da escrita quando se relaciona com outras pessoas, mesmo que pedindo para que faça a leitura de uma carta, bula de remédio, embalagens em supermercados, quando tenta ir a algum lugar que não conhece ou ainda descrevendo algum acontecimento. Portanto, a alfabetização é uma prática de letramento, que se concretiza em eventos que se situam dentro de uma sala de aula, onde o professor tem o papel de mediar e a missão de ensinar sistematicamente as regras de funcionamento e uso do código alfabético. Atualmente, a alfabetização não é vista como algo desvinculado do mundo, ela envolve um processo de construção de conhecimentos que leva os educandos a se reconhecerem como sujeitos autônomos, ativos e críticos na sociedade. Ela constitui-se num processo amplo e complexo, o qual enfatiza a importância de as crianças fazerem uso social da leitura e da escrita, reconhecendo a função social da linguagem. Kleiman (1995) define o letramento como sendo um conjunto de práticas sociais que usam a escrita, enquanto sistema simbólico e enquanto tecnologia, em contextos específicos, para objetivos específicos. Ainda, segundo a autora: 6 O letramento é complexo e abrange mais do que uma habilidade ou uma competência do sujeito que lê. É um processo que envolve diversas capacidades e conhecimentos em relação à leitura de mundo, o qual se inicia quando a pessoa começa a interagir socialmente com as práticas de letramento e o meio em que vive (KLEIMAN,1995, p. 20) EDUCAÇÃO INFANTIL A Educação infantil é a primeira etapa da educação básica; tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança se 0 a 6 anos de idade, em seus aspectos físico psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade (LDB, lei no 9394/1996, art.29) A Educação infantil atende crianças, que estão tendo os primeiros contatos com a escola, e por isso mesmo integra ensino e cuidado, funcionando como um complemento da educação familiar, composta de Berçário, Maternal e Pré Escola. Froebel considerava a Educação infantil indispensável para a formação da criança e essa ideia foi aceita por grande parte dos teóricos da educação que vieram depois dele. O objetivo das atividades nos jardins-de-infância era possibilitar brincadeiras criativas, promover nos pequenos o desenvolvimento dos aspectos físico, motor, cognitivo, social e emocional, além de fomentar a exploração, as descobertas e a experimentação. É nesta fase também que as crianças começam a interagir com pessoas de fora do seu círculo familiar comunitário, principalmente através da realização de jogos e atividades que envolvem a ludicidade. LETRAMENTO E EDUCAÇÃO INFANTIL: QUE DIÁLOGO É ESSE? De acordo com as concepções pedagógicas atuais, as estratégias usadas para alfabetizar e letrar na educação infantil permite a valorização do “EU, OS OUTROS E NÓS”, campo de experiência da BNCC (2018), além de garantia que promova experiências das Diretrizes curriculares para educação infantil. Através das 7 interações e brincadeiras mediadas no ambiente alfabetizador, a criança começa a perceber o mundo da escrita. Para Carvalho (2005, p14): Tornar as crianças atentas à presença de “coisas escritas” na vida cotidiana e fazê-las perceberem os vários usos sociais da escrita e da leitura faz parte do processo de letramento. Algumas formas de despertar o interesse pela leitura e escrita são citadas pela autora e as trazendo para o contexto da Educação Infantil, podemos compreender que os campos de experiências em que se organiza a BNCC(2018), como ‘’ traços, sons, cores e formas’’ são campos que contemplam as multimodalidades do letramento através das diversas formas de expressão e linguagens, e “escuta, fala, pensamento e imaginação”, que tem como proposta promover experiências nas quais as crianças possam falar e ouvir, para constituir-se como sujeito singular. A partir da proposta do campo de experiência “traço, sons, cores e formas’’, ressaltamos que Carvalho (2005) enfatiza a importância da ampliação dos momentos de leitura, bem como a variação dos gêneros textuais lidos. Nestes momentos de leitura, a utilização dos materiais escritos é o ponto de partida pois a criança precisa tocar, folhear, olhar as imagens e as letras, sem que seja imposto a ela. É importante que esse seja um momento prazeroso dentro da rotina diária da criança: “De fato, quando a professora diz, com voz pausada, “era uma vez...”, é como se ligasse uma chave para penetrar num mundo ilusório de faz-de-conta” (idem, 2005, p .23-24), havendo, portanto, uma ligação direta com o campo de experiência “escuta, fala , pensamento e imaginação ”, pois é através da contação de histórias e do momento em que o professor contextualiza na ‘’roda de conversa’’ a criança pode se expressar relatando o que ouviu, o que imaginou e pensa. A leitura, que o professor faz, deve ser realizada em voz alta, para fazer com que a criança compreenda tudo o que foi dito sem que ela soubesse ler, oportunizando momentos de reflexões e trocas. “É preciso deixar que os alunos manifestem suas ideias e criem suas hipóteses, ainda que ajudados pelo professor” (CARVALHO,2005, p27). É necessário deixar as crianças refletirem sobre a escrita para criar as suas significações e produzir sua cultura sobre o mundo letrado. Essas práticas são feitas durante a roda de conversa, momento em que, após a leitura realizada em voz alta pelo professor, há uma troca entre os participantes de experiências sendo considerado fundamental para o desenvolvimento da criança nesta fase. 8 A autora Marlene Carvalho (2005) fala com segurança que as crianças ao serem introduzidas no espaço escolar, já viram muitas coisas escritas em cartazes, propagandas em ônibus, letreiros, jornais, embalagens de alimentos e medicamentos. Mas mesmo com acesso a tantas informações escritas, as experiências mudam de acordo com o contexto social que vivem, assim como o sentido que a leitura e a escrita terão no futuro para cada uma delas, seja apenas para conseguir um emprego, se orientar em lugares, leitura e assinatura de documentos, ou também como forma de entretenimento e comunicação. Por esse motivo, é preciso associar o uso da leitura e da escrita na vida social, para seu uso imediato diário, e não somente para o futuro. O professor possui um papel fundamental nesse processo como o mediador do objeto de conhecimento, partindo das noções prévias da criança e aproximando -a dos saberes (Vygotsky,1996) através da intencionalidade educativa, respeitando as particularidades da etapa da Educação Infantil. Para a Educação Infantil o letramento começa antes da criança segurar um lápis ou conhecer letras e a escrita. A partir de suas vivências, rotina com a família e com a sociedade a criança já participa ativamente das práticas sociais de leitura e escrita em muitos momentos e diferentes formas. Para Vygotsky (1998), o desenvolvimento infantil está pautado na interação da criança com meio, a criança aprende e se desenvolve pelo processo de internalização da aprendizagem e do desenvolvimento no qual a criança constrói socialmente ao longo dahistória. Para o autor, as ações realizadas na escola devem ser sempre pensadas, refletidas, discutidas e planejadas pois possuem suas intencionalidades o que faz com que sejam importantes para o desenvolvimento da criança de 0 a 6 anos. Paulo Freire diz que a alfabetização possui um significado mais abrangente na medida em que vai além do domínio do código escrito. Em defesa da ideia que ser o humano aprende a ler o mundo bem antes de aprender a ler e a escrever, que a leitura do mundo se antecipa a leitura da palavra se fundamentando na antropologia: O ser humano muito antes de inventar códigos linguístico já tinha uma leitura do seu mundo. 9 ‘’A alfabetização é mais, muito mais, que ler e escrever. É a habilidade de ler o mundo, é a habilidade de continuar aprendendo é a chave da porta do conhecimento’’ (Paulo Freire) Segundo TFOUNI (1995), o letramento engloba os aspectos sócio- históricos da aquisição da escrita, podendo adotar um sistema de escrita de maneira restrita ou generalizada, para saber quais práticas psicossociais podem ser usadas no lugar das práticas letradas em sociedades ágrafas, sendo assim letramento tem por objetivo sondar não apenas quem é alfabetizado, e, nesse sentido desliga-se de verificar o individual e centraliza-se no social. Como mencionado por BRANDÃO; ROSA (2010), é brincando que a criança participa do mundo adulto e na educação infantil, a alfabetização e letramento é compreendida como um processo que se inicia antes de que a criança esteja inserida no ambiente escolar, e se espera que a criança que a criança ao longo do processo seja alfabetizada e consiga ler pequenos textos. Segundo Ferreiro (1996), o desenvolvimento da alfabetização ocorre sem dúvidas em ambiente social. Mas as práticas sociais assim como informações sociais, não são recebidas passivamente pelas crianças. Na educação infantil, se dá início ao letramento através de contos, histórias, roda de conversas e rotina trabalhada com os pequenos. Ferreiro (1999,p.44-7), esquematiza algumas propostas fundamentais sobre o processo de alfabetização inicial: - Restituir a língua escrita e seu caráter de objetivo social; - Desde o início (inclusive na pré-escola) se aceita que todos podem produzir e interpretar escritas, cada um em seu nível; -Permita-se e estimula-se que a criança tenha interação com a língua escrita nos mais variados contextos; -Permite-se o acesso o quanto antes possível a escrita do próprio nome; -Não supervaloriza a criança supondo que de imediato compreendera a relação entre a escrita e a linguagem; 10 - Não se pode imediatamente ocorrer correção gráfica nem correção ortográfica. A autora afirma que a alfabetização não é um estado ao qual se chega, ele vai além, é um processo do qual se dá início na maioria dos casos anterior a escola e que não termina ao finalizar o ensino fundamental I. Para Ferreiro (1996) a leitura e escrita são sistemas construídos paulatinamente. As primeiras escritas feitas pelos educandos no início da aprendizagem devem ser consideradas como produções de grande valor, porque de alguma forma os seus esforços foram colocados nos papéis para representar algo. Se a escrita é considerada como um sistema de representação, sua aprendizagem se converte na apropriação de um novo objeto de conhecimento, ou seja, em uma aprendizagem conceitual (FERREIRO & TEBEROSKY, 1985). Há crianças que chegam à escola sabendo que a escrita serve para escrever coisas inteligentes, divertidas ou importantes. Essas são as que terminam de alfabetiza-se na escola, mas começam a alfabetizar muito antes, através da possibilidade de entrar em contato, de interagir com a língua escrita. Há outras crianças que necessitam da escola para apropriar- se da escrita (FERREIRO, 1999, p.23) A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL Ludicidade é um termo que leva a diversão e brincadeira, uma palavra de origem latina ‘’ludus’’ que significa jogo ou brincar, usamos na educação o conceito do lúdico para nos referir a jogo, brincadeira, faz de contas e atividades que busquem desenvolver na criança seu imaginário. Ao brincar a criança desenvolve uma relação afetiva com o mundo com objetos e com seus pares o que contribui para a interação social da criança. O lúdico é algo de grande importância no processo de aprendizagem da criança, grande facilitador do processo de construção do pensamento. 11 O brincar se torna importante no desenvolvimento da criança de maneira que as brincadeiras e jogos que vão surgindo gradativamente na vida da criança desde os mais funcionais até os de regras. Estes são elementos elaborados que proporcionarão experiências, possibilitando a conquista e a formação da sua identidade. Como podemos perceber, os brinquedos e as brincadeiras são fontes inesgotáveis de interação lúdica e afetiva. Para uma aprendizagem eficaz é preciso que o aluno construa o conhecimento, assimile os conteúdos. E o jogo é um excelente recurso para facilitar a aprendizagem, neste sentido, Carvalho (1992, p.14) afirma que: (...) ‘’desde muito cedo o jogo na vida da criança é de fundamental importância, pois quando ela brinca, explora e manuseia tudo aquilo que está a sua volta, através de esforços físicos se mentais e sem se sentir coagida pelo adulto, começa a ter sentimentos de liberdade, portanto, real valor e atenção as atividades vivenciadas naquele instante.’’ Na Educação Infantil o brincar é um potente veículo de aprendizagem experiencial, visto que permite, através do lúdico, vivenciar a aprendizagem como processo social. A proposta do lúdico é promover uma alfabetização significativa na prática educacional, é incorporar o conhecimento através das características do conhecimento do mundo. O lúdico promove o rendimento escolar além do conhecimento, oralidade, pensamento e o sentido. Carvalho (1992) acrescenta que o ensino absorvido de maneira lúdica, adquire um aspecto significativo e afetivo durante o desenvolvimento da inteligência da criança, pois ainda segundo a autora, esse desenvolvimento se modifica de ato puramente transmissor a transformador em ludicidade denotando-se em jogo. Vygotsky (2000) que vê a brincadeira como fundamental para o desenvolvimento das crianças, pois segundo ele o aprendizado acontece por meio da interação com o ambiente e com os outros, desta forma, é importante que existam jogos, brincadeiras e muita imaginação em sala de aula. Visto que o brincar, principalmente utilizando a imaginação, possibilita que se tenha a percepção de determinados conhecimentos e valores, que ao imaginar, representar e seguir regras faz com que se atue, o que o autor chama de zona de desenvolvimento proximal do indivíduo. A importância de permitir que a criança brinque com a sua imaginação, pois nela é representado e criado comportamentos e hábitos vistos no mundo do adulto, quando nos afirma que “o jogo da criança não é uma recordação simples do vivido, mas sim a transformação criadora das pressões para a formação de uma nova 12 realidade que responda às exigências e inclinações dela mesma” (VYGOTSKY, 2000, p. 82). Para Oliveira (2000), O brincar, por ser uma atividade livre que não inibe a fantasia, favorece o fortalecimento da autonomia da criança e contribui para a não formação e até quebra de estruturas defensivas. Ao brincar de que é a mãe da boneca, por exemplo, a menina não apenas imita se identifica com a figura materna, mas realmente vive intensamente a situação de poder gerar filhos e ser uma mãe boa, forte e confiável. O que favorece o desenvolvimento individual da criança, ajuda a internalizar as normas sociais e a assumir comportamentos mais avançados que aqueles vivenciados no cotidiano, aprofundando o seuconhecimento sobre as dimensões da vida social, brincadeiras e brinquedos com significados. ‘’É no brinquedo que, a criança cria uma situação imaginária, isto é, é por meio do brinquedo que essa criança aprende a agir uma esfera cognitiva, e promove o seu próprio desenvolvimento no decorrer de todo o processo educativo’’ Vygotsky. (1998, p.38) De acordo com Vygotsky (1998), ao discutir o papel do brinquedo, refere- se especificamente à brincadeira de faz-de-conta, como brincar de casinha, brincar de escolinha, brincar com um cabo de vassoura como se fosse um cavalo, representar vivências e hipóteses que a criança deseja, ele faz referência a outros tipos de brinquedo, mas a brincadeira faz-de-conta é privilegiada em sua discussão sobre o papel do brinquedo no desenvolvimento infantil. No brinquedo, a criança sempre se comporta além do comportamento habitual, contém todas as tendências do desenvolvimento sob forma globalizada, sendo ele mesmo uma grande fonte de desenvolvimento para as crianças. Nesse caso, a brincadeira favorece o desenvolvimento individual da criança, ajuda a internalizar as normas sociais e a assumir comportamentos mais avançados que aqueles vivenciados no cotidiano, aprofundando o seu conhecimento sobre as dimensões da vida social, o que refletirá futuramente. 13 A criança se torna mais independente da sua percepção e da situação que a afeta de imediato diante de sua experiência com o mundo, passando a dirigir seu comportamento também por meio das abordagens dessa situação, Vygotsky (1998, p.127) relata que “No brinquedo, no entanto, os objetos perdem sua força determinadora. A criança vê um objeto, mas age de maneira diferente em relação àquilo que vê. Assim, é alcançada uma condição em que a criança começa a agir independentemente daquilo que vê.” No brincar, a criança consegue separar pensamento, ou seja, significado de uma palavra de objetos, e a ação surge das ideias, não das coisas, a criança compreende e faz a sua produção cultural, exteriorizando através da ludicidade. Segundo Vygotsky, “O jogo da criança não é uma recordação simples do vivido, mas sim a transformação criadora das impressões para a formação de uma nova realidade que responda às exigências e inclinações dela mesma”. No espaço escolar, o jogo pode ser um veículo para o desenvolvimento social, emocional e intelectual dos alunos. O professor da educação infantil e deve permitir a brincadeira como principal recurso no seu cotidiano. Entretanto, mais importante que isso é definir os objetivos que se deseja alcançar com as atividades propostas, para que este momento seja, de fato significativo para a criança. “Ensinar a brincar”, de forma a mediar ações na zona de desenvolvimento proximal é uma forma de promover o crescimento de seu aluno. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Considerando este conteúdo de pesquisa, podemos concluir que o ambiente alfabetizador é facilitador para o processo de letramento da criança mesmo que na educação infantil. Este trabalho de conclusão de curso é uma reflexão para que os professores possam focar em estímulos para a primeira infância, onde a 14 criança possibilite ter oportunidades de acessos ao mundo da leitura e escrita, pois a partir dessas oportunidades existe maior facilidade em compreender o mundo letrado Diante de autores e documentos citados se percebe que a educação infantil é onde se introduz habilidades para a alfabetização e aquisição do processo do letramento que é muito importante nesta etapa da educação básica, pois estimula a participação ativa no processo educacional e contribui para formação leitora da criança além de ser importante para alfabetização, trazendo para a criança possibilidades de suas descobertas. Na Educação Infantil o letramento pode ser e vivenciado. Sendo assim, o ambiente da Educação Infantil proporciona o contato com a leitura de maneira lúdica, por meio de brincadeiras, jogos, contação de histórias, a fim de despertá-las para o mundo letrado. Portanto, a Educação Infantil é um ambiente letrado, no qual a presença das letras se faz presente em meio a sala de aula e ao planejamento do educador, de modo que as crianças conheçam e reconheçam, partindo de uma organização curricular com metas e objetivos com base nos princípios éticos princípios éticos políticos e estéticos. Bem como, os campos de experiência elencados pela Base Nacional Curricular Com um proporcionando vivências e experiências a fim de seu desenvolvimento. Assim desta forma, a alfabetização não se evidencia na Educação Infantil, reconhecendo que alfabetizar nesta etapa não contribui para que a leitura e escrita se desenvolva com mais rapidez, a penas extrapola com a curiosidade que precisa ser despertada na Educação Infantil. Entendendo que a alfabetização formal se inicia nos anos Iniciais do Ensino Fundamental, na perspectiva de alfabetizar letrando, onde a alfabetização é a habilidade de ler e escrever pequenos textos de maneira coerente, e já o letramento, está relacionado com as práticas sociais da leitura e escrita. A partir destes conceitos, o alfabetizar letrando possibilita além do aprender a ler e escrever enfatizando a prática da leitura e escrita conforme a realidade social das crianças. O papel do professor é de mostrar aos sujeitos atuantes que o aprendizado da leitura e escrita possui uma importância para cada um na sua formação dentro do contexto social. A leitura e escrita é para desenvolvimento pessoal de cada sujeito em sua prática diária. Deste modo, este trabalho leva o professor a uma reflexão sobre sua forma de planejar sua aula para sua turma de Educação Infantil, levando em consideração que a alfabetização quando adiantada pelos educadores não favorece 15 o processo de leitura e escrita. É preciso ter em a ideia de que alfabetizar na Educação Infantil afasta o momento de brincar e se encontrar no espaço no qual a as crianças são inseridas. Cabe aos profissionais que trabalham com as crianças da Educação Infantil, pensarem e repensarem sobre o currículo desta etapa, traçando suas metas e objetivos voltados para o letramento de modo que levem as crianças a possuírem a curiosidade, o desejo e o prazer ao serem inseridos no mundo da leitura e escrita. 6-REFERÊNCIAS SOARES, Magda. Alfabetização e letramento 6ª ed. São Paulo: Contexto,2011. SOARES, Magda. Letramento: um tema com três gêneros. 2ª ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora,1999. CARVALHO, Marlene, Guia prático do alfabetizador, 5 ª ed, São Paulo: Ática, 2005. FERREIRO, Emilía, Alfabetização em processo, São Paulo: Cortez,1996. FERREIRO, Emilía; TEBEROSK, Ana. A Psicogenese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. BRANDÃO, A.C; ROSA, Souza E.C (Orgs.). Ler e escrever na Educação infantil 2ª ed. São Paulo: Autêntica,2010. TFOUNI, LV. Letramento e Alfabetização. São Paulo: Cortez,1995. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais Básica para a Educação Infantil. Brasília, 2010 Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular – BNCC BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: Brasília: MEC/Secretaria de Educação Básica, 2018. Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional. Lei nº 9.394/ 1996, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e base da educação nacional. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 23 dez.1996. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil /Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Vol.1. Brasília: ME C \SE F,1998. KLEIMAN, Ângela B. Preciso “ensinar” o letramento? Cefiel / IEL/ Unicamp, 2005. 16 CARVALHO, A.M.C. Brincadeira e cultura: viajando pelo Brasil que brinca. São Paulo: Casado Psicólogo, 1992. OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento um processo sócio-histórico. 4. ed. São Paulo: Scipione, 1997.
Compartilhar