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TCC Estácio2021

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
 CURSO DE PEDAGOGIA 
 
 
 CINTIA LEMOS DOS SANTOS RIBEIRO AGUIAR 
 
 
 
 Orientador: Caroline Kern 
 Disciplina: Trabalho de conclusão de curso 
 
 
Alfabetização e Letramento: as práticas sociais de leitura e escrita 
na educação infantil. 
 
 
 
 
 
 Rio de Janeiro 
 2021 
 
 
2 
 
RESUMO: 
 
 O estudo tem como objetivo geral analisar como a oportunidade de 
acesso à práticas sociais de leitura e escrita para crianças de 0 a 6 anos contribui 
positivamente para o desenvolvimento no processo de aprendizagem da 
alfabetização. Foram objetivos específicos: Considerou- se nesse estudo que na 
educação infantil as atividades lúdicas, o brincar, os jogos são elementos constitutivos 
no processo de alfabetização e letramentos. 
 A pesquisa qualitativa de caráter bibliográfico demonstrou a importância 
da inserção das crianças num ambiente alfabetizador na educação infantil. 
 
PALAVARAS-CHAVE: Alfabetização, letramento, educação infantil 
 
TÍTULO: Os primeiros passos para a Alfabetização e o Letramento na 
Educação infantil 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 Na educação infantil a criança explora espaços e desenvolve várias 
habilidades, entre elas a capacidade desse comunicar sendo apresentada ao 
vocabulário do cotidiano. 
 Para a formação de bons leitores, é fundamental que as crianças com 
idade de 0 a 6 anos apreciem e valorizem a escuta da leitura, histórias e músicas 
desde o início o de sua vida escolar, criando o hábito e valorizando os livros como 
fonte de conhecimento e entretenimento, a escuta das histórias no ambiente escolar 
oportuniza bons momentos em grupo, enriquece o imaginário, amplia o vocabulário, 
além de familiarizar a criança com a leitura o que favorece muito o aprendizado focado 
no letramento. 
 O desenvolvimento da criança de 0 à 6 anos se dá através do lúdico 
tendo como recursos: brincadeiras, jogos, faz de contas e histórias. Essa intersecção 
dá a ludicidade nas ações desenvolvidas pelas e com as crianças permite que tenham 
3 
 
contato com a leitura vinculada à capacidade de criar, fantasiar, aprender e a trocar 
com seus pares. 
 Desse modo, pode se afirmar que é importante que a criança desde 
pequena tenha contato com diferentes textos como: livros, gibis, receitas, encartes, 
cartazes, biografias, cartas, entre outros, pois, através desses gêneros textuais as 
crianças vivenciam experiências favoráveis para contextualizar a linguagem e seus 
significados. Diante de todas essas informações, pretende-se nesse estudo 
compreender: Como se dá a alfabetização e letramento na educação infantil? 
 Esta pesquisa tem como objetivo geral analisar como a oportunidade de 
acesso à prática social de leitura e escrita(letramentos) para crianças de 0 a 6 anos 
contribui positivamente para o processo do desenvolvimento e aprendizagem e no 
processo de alfabetização no decorrer de sua posterior escolarização no ensino 
fundamental. 
 Como objetivos específicos para este trabalho: a) definir o papel do 
letramento como ferramenta essencial para aquisição do conceito da leitura e escrita 
na educação Infantil, b) compreender como a ludicidade e o concreto devem ser 
utilizados no trabalho da alfabetização na educação Infantil, c) Identificar possíveis 
dificuldades encontradas pelas crianças nesta faixa etária na construção do conceito 
de leitura e escrita. 
 A alfabetização e os letramentos se iniciam na educação infantil, na 
medida em que compreende-se que não se trata de uma ação formal de 
escolarização, mas sim de contato com a leitura e escrita, pois através da ludicidade 
e demais estratégias pedagógicas as crianças de 0 a 5 anos terão contato com esses 
conhecimentos que as acompanharão até o processo formal de alfabetização no 
ensino fundamental. 
 O estudo envolve uma pesquisa bibliográfica de autores que buscam 
compreender fenômenos que refletem o tema proposto. Utilizando um método 
qualitativo dentre a experiência em sala de aula com turmas de educação infantil e 
considerando levantamento teórico com autores e livros que são os fundamentais para 
o desenvolvimento desta pesquisa temos autores que dominam a temática como a 
Pesquisadora do centro de alfabetização, leitura e escrita Magda Soares, a Psicóloga 
e Pedagoga Emília Ferreiro. 
 
4 
 
2. Sobre os conceitos de alfabetização e letramento. 
 
 Alfabetização é o processo de aprendizagem da leitura e da escrita, 
sendo alfabetizado o sujeito que sabe ler e escrever, a alfabetização é algo 
extremamente importante para o desenvolvimento de qualquer pessoa. Saber ler e 
escrever é fundamental para que o indivíduo consiga encontrar o seu lugar no mundo. 
A própria da UNESCO mostra como ela é imprescindível. Segundo a Organização, a 
alfabetização, é um processo de aquisição de habilidades cognitivas básicas 
responsáveis por contribuir para o desenvolvimento socioeconômico da capacidade 
de conscientização social e da reflexão crítica como base de mudança pessoal e 
social, a Alfabetização se dá a partir dos 6 anos de idade quando a criança saí da 
Educação Infantil para o primeiro ano do Ensino Fundamental. 
 Kleiman (2005) afirma que: ‘’O conceito de alfabetização refere-se 
também ao processo de aquisição das primeiras letras e, como tal, envolve 
sequências de operações cognitivas, estratégias, modos de fazer. Quando dizemos 
que uma criança está sendo alfabetizada, estamos nos referindo ao processo que 
envolve o engajamento físico-motor, mental e emocional da criança num conjunto de 
atividades de todo tipo, que têm por objetivo a aprendizagem do sistema da língua 
escrita.’’ 
 Pela etimologia da palavra: “[...] O termo alfabetização não ultrapassa o 
significado de ‘levar à aquisição do alfabeto’, ou seja, ensinar o código da língua 
escrita, ensinar as habilidades de ler e escrever” (SOARES,2017). Sintetizando com 
outras palavras o mesmo termo, a escritora define: “A alfabetização – faceta linguística 
da aprendizagem inicial da língua escrita – focaliza, basicamente, a conversão da 
cadeia sonora da fala em escrita.” (SOARES, 2016: 38). Sobre o mesmo conceito, em 
um dos seus textos mais recentes, onde a autora problematiza as questões inerentes 
à ortografia do português brasileiro, relacionando-as com a alfabetização, temos mais 
uma proposta de definição para esse termo: [...], definindo-a mais amplamente como 
a aprendizagem de um sistema de representação que se traduz em um sistema de 
notação que não é um “espelho” daquilo que representa, uma vez que é arbitrário a 
relação entre as notações (as letras) e aquilo que representam (os fonemas) não é 
lógica nem natural – e é um sistema regido por normas – por convenções e regras. 
(SOARES, 2016: 328). 
5 
 
 Letramento é o desenvolvimento do uso competente da leitura e da 
escrita nas práticas sociais. De acordo com SOARES(2011), a diferença está no 
domínio que o sujeito tem sobre a leitura e as práticas sociais escrita, segundo a 
pesquisadora o sujeito alfabetizado sabe ler escrever porém pode estar pouco 
habilitado a usar essas habilidades, já o indivíduo letrado; possui domínio de leitura e 
da escrita nas mais diversas situações e práticas sociais, com o surgimento do termo 
‘’literacy’’(alfabetismo) houve uma mudança histórica nas práticas sociais: com as 
novas demandas sociais pelo uso da leitura e da escrita foi exigido um novo termo 
para designá-las, uma realidade social mais recente trouxe a necessidade de uma 
nova palavra (SOARES,2011).Esta é a definição a mais atual que Magda Soares 
apresenta:’’Letramento é o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e 
escrever, o estado ou condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como 
consequência de ter se apropriado da escrita.’’, desse modo, letramento seria 
resultado ou consequência do processo de alfabetização. Enquanto se utiliza o termo 
analfabeto em oposição a alfabetizado, não é possível, de maneira análoga aplicar a 
mesma relação entre letrado e iletrado. Mesmo o indivíduo que não sabe ler nem 
escrever, faz de alguma forma o uso da escrita quando se relaciona com outras 
pessoas, mesmo que pedindo para que faça a leitura de uma carta, bula de remédio, 
embalagens em supermercados, quando tenta ir a algum lugar que não conhece ou 
ainda descrevendo algum acontecimento. 
 Portanto, a alfabetização é uma prática de letramento, que se concretiza 
em eventos que se situam dentro de uma sala de aula, onde o professor tem o papel 
de mediar e a missão de ensinar sistematicamente as regras de funcionamento e uso 
do código alfabético. Atualmente, a alfabetização não é vista como algo desvinculado 
do mundo, ela envolve um processo de construção de conhecimentos que leva os 
educandos a se reconhecerem como sujeitos autônomos, ativos e críticos na 
sociedade. Ela constitui-se num processo amplo e complexo, o qual enfatiza a 
importância de as crianças fazerem uso social da leitura e da escrita, reconhecendo a 
função social da linguagem. 
 Kleiman (1995) define o letramento como sendo um conjunto de práticas 
sociais que usam a escrita, enquanto sistema simbólico e enquanto tecnologia, em 
contextos específicos, para objetivos específicos. Ainda, segundo a autora: 
 
6 
 
 
 
 O letramento é complexo e abrange mais do que uma habilidade ou uma 
competência do sujeito que lê. É um processo que envolve diversas 
capacidades e conhecimentos em relação à leitura de mundo, o qual se inicia 
quando a pessoa começa a interagir socialmente com as práticas de 
letramento e o meio em que vive (KLEIMAN,1995, p. 20) 
 
 
EDUCAÇÃO INFANTIL 
 A Educação infantil é a primeira etapa da educação básica; tem como 
finalidade o desenvolvimento integral da criança se 0 a 6 anos de idade, em seus 
aspectos físico psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e 
da comunidade (LDB, lei no 9394/1996, art.29) 
 A Educação infantil atende crianças, que estão tendo os primeiros 
contatos com a escola, e por isso mesmo integra ensino e cuidado, funcionando como 
um complemento da educação familiar, composta de Berçário, Maternal e Pré Escola. 
 Froebel considerava a Educação infantil indispensável para a formação 
da criança e essa ideia foi aceita por grande parte dos teóricos da educação que 
vieram depois dele. O objetivo das atividades nos jardins-de-infância era possibilitar 
brincadeiras criativas, promover nos pequenos o desenvolvimento dos aspectos físico, 
motor, cognitivo, social e emocional, além de fomentar a exploração, as descobertas 
e a experimentação. É nesta fase também que as crianças começam a interagir com 
pessoas de fora do seu círculo familiar comunitário, principalmente através da 
realização de jogos e atividades que envolvem a ludicidade. 
 
 
 
LETRAMENTO E EDUCAÇÃO INFANTIL: QUE DIÁLOGO É ESSE? 
 
 De acordo com as concepções pedagógicas atuais, as estratégias 
usadas para alfabetizar e letrar na educação infantil permite a valorização do “EU, OS 
OUTROS E NÓS”, campo de experiência da BNCC (2018), além de garantia que 
promova experiências das Diretrizes curriculares para educação infantil. Através das 
7 
 
interações e brincadeiras mediadas no ambiente alfabetizador, a criança começa a 
perceber o mundo da escrita. 
 Para Carvalho (2005, p14): Tornar as crianças atentas à presença de 
“coisas escritas” na vida cotidiana e fazê-las perceberem os vários usos sociais da 
escrita e da leitura faz parte do processo de letramento. Algumas formas de despertar 
o interesse pela leitura e escrita são citadas pela autora e as trazendo para o contexto 
da Educação Infantil, podemos compreender que os campos de experiências em que 
se organiza a BNCC(2018), como ‘’ traços, sons, cores e formas’’ são campos que 
contemplam as multimodalidades do letramento através das diversas formas de 
expressão e linguagens, e “escuta, fala, pensamento e imaginação”, que tem como 
proposta promover experiências nas quais as crianças possam falar e ouvir, para 
constituir-se como sujeito singular. 
 A partir da proposta do campo de experiência “traço, sons, cores e 
formas’’, ressaltamos que Carvalho (2005) enfatiza a importância da ampliação dos 
momentos de leitura, bem como a variação dos gêneros textuais lidos. Nestes 
momentos de leitura, a utilização dos materiais escritos é o ponto de partida pois a 
criança precisa tocar, folhear, olhar as imagens e as letras, sem que seja imposto a 
ela. É importante que esse seja um momento prazeroso dentro da rotina diária da 
criança: “De fato, quando a professora diz, com voz pausada, “era uma vez...”, é como 
se ligasse uma chave para penetrar num mundo ilusório de faz-de-conta” (idem, 
2005, p .23-24), havendo, portanto, uma ligação direta com o campo de experiência 
“escuta, fala , pensamento e imaginação ”, pois é através da contação de histórias e 
do momento em que o professor contextualiza na ‘’roda de conversa’’ a criança pode 
se expressar relatando o que ouviu, o que imaginou e pensa. A leitura, que o professor 
faz, deve ser realizada em voz alta, para fazer com que a criança compreenda tudo o 
que foi dito sem que ela soubesse ler, oportunizando momentos de reflexões e trocas. 
 “É preciso deixar que os alunos manifestem suas ideias e criem suas 
hipóteses, ainda que ajudados pelo professor” (CARVALHO,2005, p27). É necessário 
deixar as crianças refletirem sobre a escrita para criar as suas significações e produzir 
sua cultura sobre o mundo letrado. Essas práticas são feitas durante a roda de 
conversa, momento em que, após a leitura realizada em voz alta pelo professor, há 
uma troca entre os participantes de experiências sendo considerado fundamental para 
o desenvolvimento da criança nesta fase. 
8 
 
 A autora Marlene Carvalho (2005) fala com segurança que as crianças 
ao serem introduzidas no espaço escolar, já viram muitas coisas escritas em cartazes, 
propagandas em ônibus, letreiros, jornais, embalagens de alimentos e medicamentos. 
Mas mesmo com acesso a tantas informações escritas, as experiências mudam de 
acordo com o contexto social que vivem, assim como o sentido que a leitura e a escrita 
terão no futuro para cada uma delas, seja apenas para conseguir um emprego, se 
orientar em lugares, leitura e assinatura de documentos, ou também como forma de 
entretenimento e comunicação. Por esse motivo, é preciso associar o uso da leitura e 
da escrita na vida social, para seu uso imediato diário, e não somente para o futuro. 
 O professor possui um papel fundamental nesse processo como o 
mediador do objeto de conhecimento, partindo das noções prévias da criança e 
aproximando -a dos saberes (Vygotsky,1996) através da intencionalidade educativa, 
respeitando as particularidades da etapa da Educação Infantil. 
 Para a Educação Infantil o letramento começa antes da criança segurar 
um lápis ou conhecer letras e a escrita. A partir de suas vivências, rotina com a família 
e com a sociedade a criança já participa ativamente das práticas sociais de leitura e 
escrita em muitos momentos e diferentes formas. 
 Para Vygotsky (1998), o desenvolvimento infantil está pautado na 
interação da criança com meio, a criança aprende e se desenvolve pelo processo de 
internalização da aprendizagem e do desenvolvimento no qual a criança constrói 
socialmente ao longo dahistória. Para o autor, as ações realizadas na escola devem 
ser sempre pensadas, refletidas, discutidas e planejadas pois possuem suas 
intencionalidades o que faz com que sejam importantes para o desenvolvimento da 
criança de 0 a 6 anos. 
 Paulo Freire diz que a alfabetização possui um significado mais 
abrangente na medida em que vai além do domínio do código escrito. Em defesa da 
ideia que ser o humano aprende a ler o mundo bem antes de aprender a ler e a 
escrever, que a leitura do mundo se antecipa a leitura da palavra se fundamentando 
na antropologia: O ser humano muito antes de inventar códigos linguístico já tinha 
uma leitura do seu mundo. 
 
 
9 
 
‘’A alfabetização é mais, muito mais, que ler e escrever. É a habilidade de ler 
o mundo, é a habilidade de continuar aprendendo é a chave da porta do 
conhecimento’’ (Paulo Freire) 
 
 
 Segundo TFOUNI (1995), o letramento engloba os aspectos sócio-
históricos da aquisição da escrita, podendo adotar um sistema de escrita de maneira 
restrita ou generalizada, para saber quais práticas psicossociais podem ser usadas 
no lugar das práticas letradas em sociedades ágrafas, sendo assim letramento tem 
por objetivo sondar não apenas quem é alfabetizado, e, nesse sentido desliga-se de 
verificar o individual e centraliza-se no social. 
 Como mencionado por BRANDÃO; ROSA (2010), é brincando que a 
criança participa do mundo adulto e na educação infantil, a alfabetização e letramento 
é compreendida como um processo que se inicia antes de que a criança esteja 
inserida no ambiente escolar, e se espera que a criança que a criança ao longo do 
processo seja alfabetizada e consiga ler pequenos textos. 
 Segundo Ferreiro (1996), o desenvolvimento da alfabetização ocorre 
sem dúvidas em ambiente social. Mas as práticas sociais assim como informações 
sociais, não são recebidas passivamente pelas crianças. Na educação infantil, se dá 
início ao letramento através de contos, histórias, roda de conversas e rotina trabalhada 
com os pequenos. 
 Ferreiro (1999,p.44-7), esquematiza algumas propostas fundamentais 
sobre o processo de alfabetização inicial: 
 
- Restituir a língua escrita e seu caráter de objetivo social; 
- Desde o início (inclusive na pré-escola) se aceita que 
todos podem produzir e interpretar escritas, cada um em 
seu nível; 
-Permita-se e estimula-se que a criança tenha interação 
com a língua escrita nos mais variados contextos; 
-Permite-se o acesso o quanto antes possível a escrita do 
próprio nome; 
-Não supervaloriza a criança supondo que de imediato 
compreendera a relação entre a escrita e a linguagem; 
10 
 
- Não se pode imediatamente ocorrer correção gráfica 
nem correção ortográfica. 
 
 A autora afirma que a alfabetização não é um estado ao qual se chega, 
ele vai além, é um processo do qual se dá início na maioria dos casos anterior a escola 
e que não termina ao finalizar o ensino fundamental I. Para Ferreiro (1996) a leitura e 
escrita são sistemas construídos paulatinamente. As primeiras escritas feitas pelos 
educandos no início da aprendizagem devem ser consideradas como produções de 
grande valor, porque de alguma forma os seus esforços foram colocados nos papéis 
para representar algo. Se a escrita é considerada como um sistema de representação, 
sua aprendizagem se converte na apropriação de um novo objeto de conhecimento, 
ou seja, em uma aprendizagem conceitual (FERREIRO & TEBEROSKY, 1985). 
 
 
 
 
 Há crianças que chegam à escola sabendo que a escrita 
serve para escrever coisas inteligentes, divertidas ou importantes. Essas são 
as que terminam de alfabetiza-se na escola, mas começam a alfabetizar 
muito antes, através da possibilidade de entrar em contato, de interagir com 
a língua escrita. Há outras crianças que necessitam da escola para apropriar-
se da escrita (FERREIRO, 1999, p.23) 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 
 
 Ludicidade é um termo que leva a diversão e brincadeira, uma palavra 
de origem latina ‘’ludus’’ que significa jogo ou brincar, usamos na educação o conceito 
do lúdico para nos referir a jogo, brincadeira, faz de contas e atividades que busquem 
desenvolver na criança seu imaginário. Ao brincar a criança desenvolve uma relação 
afetiva com o mundo com objetos e com seus pares o que contribui para a interação 
social da criança. O lúdico é algo de grande importância no processo de aprendizagem 
da criança, grande facilitador do processo de construção do pensamento. 
11 
 
 O brincar se torna importante no desenvolvimento da criança de maneira 
que as brincadeiras e jogos que vão surgindo gradativamente na vida da criança 
desde os mais funcionais até os de regras. Estes são elementos elaborados que 
proporcionarão experiências, possibilitando a conquista e a formação da sua 
identidade. Como podemos perceber, os brinquedos e as brincadeiras são fontes 
inesgotáveis de interação lúdica e afetiva. Para uma aprendizagem eficaz é preciso 
que o aluno construa o conhecimento, assimile os conteúdos. E o jogo é um excelente 
recurso para facilitar a aprendizagem, neste sentido, Carvalho (1992, p.14) afirma que: 
(...) ‘’desde muito cedo o jogo na vida da criança é de fundamental importância, pois 
quando ela brinca, explora e manuseia tudo aquilo que está a sua volta, através de 
esforços físicos se mentais e sem se sentir coagida pelo adulto, começa a ter 
sentimentos de liberdade, portanto, real valor e atenção as atividades vivenciadas 
naquele instante.’’ Na Educação Infantil o brincar é um potente veículo de 
aprendizagem experiencial, visto que permite, através do lúdico, vivenciar a 
aprendizagem como processo social. A proposta do lúdico é promover uma 
alfabetização significativa na prática educacional, é incorporar o conhecimento através 
das características do conhecimento do mundo. O lúdico promove o rendimento 
escolar além do conhecimento, oralidade, pensamento e o sentido. Carvalho (1992) 
acrescenta que o ensino absorvido de maneira lúdica, adquire um aspecto significativo 
e afetivo durante o desenvolvimento da inteligência da criança, pois ainda segundo a 
autora, esse desenvolvimento se modifica de ato puramente transmissor a 
transformador em ludicidade denotando-se em jogo. 
 Vygotsky (2000) que vê a brincadeira como fundamental para o 
desenvolvimento das crianças, pois segundo ele o aprendizado acontece por meio 
da interação com o ambiente e com os outros, desta forma, é importante que existam 
jogos, brincadeiras e muita imaginação em sala de aula. Visto que o brincar, 
principalmente utilizando a imaginação, possibilita que se tenha a percepção de 
determinados conhecimentos e valores, que ao imaginar, representar e seguir regras 
faz com que se atue, o que o autor chama de zona de desenvolvimento proximal do 
indivíduo. A importância de permitir que a criança brinque com a sua imaginação, pois 
nela é representado e criado comportamentos e hábitos vistos no mundo do adulto, 
quando nos afirma que “o jogo da criança não é uma recordação simples do vivido, 
mas sim a transformação criadora das pressões para a formação de uma nova 
12 
 
realidade que responda às exigências e inclinações dela mesma” (VYGOTSKY, 2000, 
p. 82). 
 Para Oliveira (2000), O brincar, por ser uma atividade livre que não inibe 
a fantasia, favorece o fortalecimento da autonomia da criança e contribui para a não 
formação e até quebra de estruturas defensivas. Ao brincar de que é a mãe da boneca, 
por exemplo, a menina não apenas imita se identifica com a figura materna, mas 
realmente vive intensamente a situação de poder gerar filhos e ser uma mãe boa, forte 
e confiável. O que favorece o desenvolvimento individual da criança, ajuda a 
internalizar as normas sociais e a assumir comportamentos mais avançados que 
aqueles vivenciados no cotidiano, aprofundando o seuconhecimento sobre as 
dimensões da vida social, brincadeiras e brinquedos com significados. 
 
‘’É no brinquedo que, a criança cria uma situação imaginária, isto é, é por 
meio do brinquedo que essa criança aprende a agir uma esfera cognitiva, e 
promove o seu próprio desenvolvimento no decorrer de todo o processo 
educativo’’ Vygotsky. (1998, p.38) 
 
 
 De acordo com Vygotsky (1998), ao discutir o papel do brinquedo, refere-
se especificamente à brincadeira de faz-de-conta, como brincar de casinha, brincar 
de escolinha, brincar com um cabo de vassoura como se fosse um cavalo, representar 
vivências e hipóteses que a criança deseja, ele faz referência a outros tipos de 
brinquedo, mas a brincadeira faz-de-conta é privilegiada em sua discussão sobre o 
papel do brinquedo no desenvolvimento infantil. No brinquedo, a criança sempre se 
comporta além do comportamento habitual, contém todas as tendências do 
desenvolvimento sob forma globalizada, sendo ele mesmo uma grande fonte de 
desenvolvimento para as crianças. Nesse caso, a brincadeira favorece o 
desenvolvimento individual da criança, ajuda a internalizar as normas sociais e a 
assumir comportamentos mais avançados que aqueles vivenciados no cotidiano, 
aprofundando o seu conhecimento sobre as dimensões da vida social, o que refletirá 
futuramente. 
13 
 
 A criança se torna mais independente da sua percepção e da situação 
que a afeta de imediato diante de sua experiência com o mundo, passando a dirigir 
seu comportamento também por meio das abordagens dessa situação, Vygotsky 
(1998, p.127) relata que “No brinquedo, no entanto, os objetos perdem sua força 
determinadora. A criança vê um objeto, mas age de maneira diferente em relação 
àquilo que vê. Assim, é alcançada uma condição em que a criança começa a agir 
independentemente daquilo que vê.” No brincar, a criança consegue separar 
pensamento, ou seja, significado de uma palavra de objetos, e a ação surge das 
ideias, não das coisas, a criança compreende e faz a sua produção cultural, 
exteriorizando através da ludicidade. 
 Segundo Vygotsky, “O jogo da criança não é uma recordação simples do 
vivido, mas sim a transformação criadora das impressões para a formação de uma 
nova realidade que responda às exigências e inclinações dela mesma”. No espaço 
escolar, o jogo pode ser um veículo para o desenvolvimento social, emocional e 
intelectual dos alunos. O professor da educação infantil e deve permitir a brincadeira 
como principal recurso no seu cotidiano. Entretanto, mais importante que isso é definir 
os objetivos que se deseja alcançar com as atividades propostas, para que este 
momento seja, de fato significativo para a criança. “Ensinar a brincar”, de forma a 
mediar ações na zona de desenvolvimento proximal é uma forma de promover o 
crescimento de seu aluno. 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS: 
 
 
 Considerando este conteúdo de pesquisa, podemos concluir que o 
ambiente alfabetizador é facilitador para o processo de letramento da criança mesmo 
que na educação infantil. Este trabalho de conclusão de curso é uma reflexão para 
que os professores possam focar em estímulos para a primeira infância, onde a 
14 
 
criança possibilite ter oportunidades de acessos ao mundo da leitura e escrita, pois a 
partir dessas oportunidades existe maior facilidade em compreender o mundo letrado 
 Diante de autores e documentos citados se percebe que a educação 
infantil é onde se introduz habilidades para a alfabetização e aquisição do processo 
do letramento que é muito importante nesta etapa da educação básica, pois estimula 
a participação ativa no processo educacional e contribui para formação leitora da 
criança além de ser importante para alfabetização, trazendo para a criança 
possibilidades de suas descobertas. 
 Na Educação Infantil o letramento pode ser e vivenciado. Sendo assim, 
o ambiente da Educação Infantil proporciona o contato com a leitura de maneira lúdica, 
por meio de brincadeiras, jogos, contação de histórias, a fim de despertá-las para o 
mundo letrado. Portanto, a Educação Infantil é um ambiente letrado, no qual a 
presença das letras se faz presente em meio a sala de aula e ao planejamento do 
educador, de modo que as crianças conheçam e reconheçam, partindo de uma 
organização curricular com metas e objetivos com base nos princípios éticos 
princípios éticos políticos e estéticos. Bem como, os campos de experiência 
elencados pela Base Nacional Curricular Com um proporcionando vivências e 
experiências a fim de seu desenvolvimento. Assim desta forma, a alfabetização não 
se evidencia na Educação Infantil, reconhecendo que alfabetizar nesta etapa não 
contribui para que a leitura e escrita se desenvolva com mais rapidez, a penas 
extrapola com a curiosidade que precisa ser despertada na Educação Infantil. 
Entendendo que a alfabetização formal se inicia nos anos Iniciais do Ensino 
Fundamental, na perspectiva de alfabetizar letrando, onde a alfabetização é a 
habilidade de ler e escrever pequenos textos de maneira coerente, e já o letramento, 
está relacionado com as práticas sociais da leitura e escrita. A partir destes conceitos, 
o alfabetizar letrando possibilita além do aprender a ler e escrever enfatizando a 
prática da leitura e escrita conforme a realidade social das crianças. O papel do 
professor é de mostrar aos sujeitos atuantes que o aprendizado da leitura e escrita 
possui uma importância para cada um na sua formação dentro do contexto social. A 
leitura e escrita é para desenvolvimento pessoal de cada sujeito em sua prática diária. 
 Deste modo, este trabalho leva o professor a uma reflexão sobre sua 
forma de planejar sua aula para sua turma de Educação Infantil, levando em 
consideração que a alfabetização quando adiantada pelos educadores não favorece 
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o processo de leitura e escrita. É preciso ter em a ideia de que alfabetizar na Educação 
Infantil afasta o momento de brincar e se encontrar no espaço no qual a as crianças 
são inseridas. Cabe aos profissionais que trabalham com as crianças da Educação 
Infantil, pensarem e repensarem sobre o currículo desta etapa, traçando suas metas 
e objetivos voltados para o letramento de modo que levem as crianças a possuírem a 
curiosidade, o desejo e o prazer ao serem inseridos no mundo da leitura e escrita. 
 
 
 
 
 
6-REFERÊNCIAS 
 
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2005. 
 
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FERREIRO, Emilía; TEBEROSK, Ana. A Psicogenese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 
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Autêntica,2010. 
 
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Curriculares Nacionais Básica para a Educação Infantil. Brasília, 2010 
 
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de Educação Básica, 2018. 
 
Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional. Lei nº 9.394/ 1996, de 20 de 
dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e base da educação nacional. Diário 
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Fundamental. Vol.1. Brasília: 
ME C \SE F,1998. 
 
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CARVALHO, A.M.C. Brincadeira e cultura: viajando pelo Brasil que brinca. São Paulo: Casado 
Psicólogo, 1992. 
 
OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento um processo sócio-histórico. 4. 
ed. São Paulo: Scipione, 1997.

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