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TCC - ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

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0 
 
 
 
UNIP – Universidade Paulista 
Educação a Distância 
Curso: Pedagogia 
 
 
 
 
 
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 
SÉRIES INICIAIS 
 
 
 
FEITOSA ADRIANA APARECIDA MARQUES RA: 1619599 
SOUSA FRANCISMARA DE RA: 1603374 
SILVA JUSCINA OLIVEIRA DE CALDAS RA: 1621783 
ALBORGUETE NEUZELI RA: 1611195 
KESTER VANILDA MORAES RA: 1621757 
 
 
 
 
 
 
PIMENTA BUENO 
 2018 
 
1 
 
 
 
ADRIANA APARECIDA MARQUES FEITOSA RA: 1619599 
FRANCISMARA DE SOUSA RA: 1603374 
JUSCINA OLIVEIRA DE CALDAS SILVA RA: 1621783 
NEUZELI ALBORGUETE RA: 1611195 
VANILDA MORAES KESTER RA: 1621757 
 
 
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 
SÉRIES INICIAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pimenta Bueno 
2018 
Trabalho monográfico – Curso de 
Graduação – Licenciatura em 
Pedagogia, apresentado à comissão 
julgadora da UNIP EaD sob a orientação 
do professora Celina U. F. Nascimento. 
 
2 
 
 
 
FOLHA DE APROVAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
AGRADECIMENTO 
 
 Agradecemos primeiramente a Deus por nos dar forças e oportunidades para nós 
seguirmos nossas vidas acadêmicas, agradecemos de coração Pablo Luiz Moraes Teles, 
por nos ajudar muito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
 Aos nossos queridos diretores da escola Assunta Maria Gianini Favaleça que, muitas 
vezes nos socorreram durante a nossa trajetória acadêmica. Muitas eram as nossas dúvidas. 
E por isso nós fazemos esta homenagem ao diretor Lourisvaldo Lisboa de Souza e a vice-
diretora Dirce Leme Domingues Barbosa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
RESUMO 
 
O tema proposto para este trabalho refere-se à alfabetização e Letramento na 
Educação Infantil no processo educativo na primeira infância. Para tanto, o presente estudo 
expõem a diferença entre o que é a alfabetização e letramento na Educação Infantil. A 
metodologia aplicada se constitui em um levantamento conceitual da temática acima 
descrita, com base na alfabetização e letramento. Com o estudo, pode se observar a 
importância em ter uma Educação Infantil com o objetivo de cuidar e educar, e que o ato de 
ler e escrever deve começar a partir da primeira infância para que os mesmo consigam uma 
compreensão muito abrangente de ler o mundo. 
Considera-se que é fundamental valorizar o conhecimento que os alunos trazem consigo, 
essa bagagem tem que ser valorizada em sala de aula, para então trabalhar os 
conhecimentos sistematizados e construídos pela humanidade. E por fim o estudo apresenta 
sugestões para que a alfabetização e letramento ocorram no dia a dia. 
Palavras-chave: Educação Infantil, Alfabetização e Letramento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
ABSTRAT 
 
 The theme proposed for this work refers to Literacy and Literacy in Early Childhood 
Education in the educational process in early childhood. Therefore, the present study 
exposes the difference between what literacy and literacy is in Early Childhood Education. 
The applied methodology constitutes a conceptual survey of the subject described above, 
based on literacy and literacy. With the study, one can observe the importance of having an 
Early Childhood Education for the purpose of caring and educating, and that the act of reading 
and writing should start from early childhood so that they can achieve a very comprehensive 
understanding of reading the world. 
It is considered that it is fundamental to value the knowledge that the students bring with 
them, this baggage has to be valued in the classroom, to then work the knowledge 
systematized and built by humanity. Finally, the study presents suggestions for literacy and 
literacy to take place day by day. 
 
Keywords: Early Childhood Education, Literacy and Literacy. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
 
LISTA DE FOTOS 
IMAGEM 1............................................................................................................................26 
IMAGEM 2............................................................................................................................27 
IMAGEM 3............................................................................................................................28 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
 
Sumário 
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................09 
II. O MUNDO ALFABETICO DAS CRIANÇAS ....................................................................12 
II.I COMO SURGIU A ALFABETIZAÇÃO ............................................................................12 
II.II ALFABETIZAÇÃO .........................................................................................................14 
II.III LETRAMENTRO...........................................................................................................16 
II.IV A CRIANÇA DE HOJE ...............................................................................................158 
II.V A FORMAÇÃO DE PROFESSORES(AS) DA EDUCAÇÃO INFANTIL .........................20 
II.VI COMO REALIZAR A LEITURA COTIDIANA EM SALA DE AULA QUE TENHA 
SIGNIFICADO PARA A CRIANÇA? ..................................................................................192 
II.VII A UTILIZAÇÃO DO LÚDICO COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA PARA A 
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO ................................................................................214 
II.VIII ENSINO DA LINGUA ESCRITA ...............................................................................239 
II.IX A IMPORTANCIA DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO ...................30 
II.X PNAIC – PACTO NACIONAL DA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA ...................301 
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .........................................................................................313 
ARGUMENTAÇÃO E DISCUSSÃO ....................................................................................35 
CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................36 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................39 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
As razões da escolha deste tema foi a nossa identificação pelo mesmo e a 
necessidade de aprofundamento como futuras educadoras, por entender que alfabetização 
e letramento serão conhecimentos importantes nas nossas profissões, seja como docente 
ou gestoras de Escola da Educação Básica. 
A alfabetização é o processo de aprendizagem onde se desenvolve a habilidade de 
ler e escrever, já o letramento desenvolve o uso competente da leitura e da escrita nas 
práticas sociais. 
Então, uma das principais diferenças está na qualidade do domínio sobre a leitura e 
a escrita. Enquanto o sujeito alfabetizado sabe codificar e decodificar o sistema de escrita, 
o sujeito letrado vai além, sendo capaz de dominar a língua no seu cotidiano, nos mais 
distintos contextos. 
Como ponto de partida desta abordagem, serão apresentadas algumas concepções 
que fundamentarão esta proposta e que, por essa razão, poderá ser retomada ao longo 
desse trabalho. São pressupostos que devem estar presentes em todas as reflexões 
atualmente desenvolvidas em torno da aprendizagem e do ensino da alfabetização. A 
alfabetização na educação infantil é atualmente um dos assuntos relevantes, pois em uma 
sociedade caracterizada pelo conhecimento, pelas constantes mudanças,pelas tecnologias 
e suas modernidades etc. Vem destacando-se qual é o papel da educação infantil, cuidar ou 
educar, ou ambos, para uma alfabetização eficiente e eficaz. 
O leitor encontrará neste documento questões que evidenciam a importância do 
alfabetizar e letrar em sala de aula, os caminhos que o alfabetizador necessita percorrer 
para que possa encontrar resultados positivos na busca, diante de formações e estudos mais 
aprofundados, pois a pesquisa apontou a complexidade deste processo e a necessidade de 
formação continuada. Por fim, descrevo no decorrer desta busca, as leituras e observações 
organizadas em cada capítulo. As diferentes abordagens de alfabetização e letramento, 
apresentando a ideia e a trajetória de alguns autores sobre o tema. 
 Abordaremos sobre alguns entendimentos quanto aos objetivos das novas políticas 
públicas de alfabetização, e as implicações das mesmas no processo de alfabetização nos 
anos iniciais. Além disso, discorro sobre o PNAIC- Pacto Nacional da Alfabetização na Idade 
Certa, considerando que tem orientado a formação continuada dos professores dos anos 
iniciais, primeiro a terceiro ano, discutindo a concepção de alfabetização e letramento, bem 
como, propondo práticas inovadoras para esse processo. 
 
As mudanças ocorridas nas últimas décadas reconhecem a criança como um sujeito 
de direitos, instituída pela Lei n. 9.394/96 que considerada a primeira etapa da educação 
básica, tendo como objeto de estudo e prática dois conceitos que devem estar em constante 
10 
 
 
 
movimento nas instituições infantis: o cuidar e o educar. O primeiro já é conhecido e 
praticado - a alimentação, higiene e vestuário, ou seja, o cuidar. Já no segundo conceito, 
educar, surgiu a partir da promulgação da lei supracitada, como algo que requer uma 
formação específica. O significado da palavra “educar”, podemos encontrar da seguinte 
maneira: “promover a educação de (alguém), ou sua própria educação; instruir-(se)”, 
conforme relata Ferreira (1988). 
Assim sendo, compreende-se que este estudo é de suma importância, o que 
certamente poderá contribuir para o incentivo a mudanças visando uma educação infantil, 
orientando o envolvimento dos pais, alunos e comunidade e assim podendo e devendo 
interagir no processo de ensino/aprendizagem, resultando na melhoria da qualidade 
educativa. 
Portanto o presente trabalho tem relevância na discussão do tema ALFABETIZAÇÃO 
E LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: cuidar e/ou educar”, nos remete ao contexto 
de uma sociedade grafocêntrica que influência no processo de aprendizagem desde os 
primeiros estímulos. 
A alfabetização não se encontra mais sozinha. Hoje a proposta é alfabetizar letrando. 
O principal objetivo desse trabalho é mostrar como podemos oferecer um espaço de 
acesso à leitura e escrita antes do ensino fundamental, sem que isso prejudique a 
aprendizagem lúdica que as crianças devem ter. 
Contribuir no processo de alfabetização e letramento dos alunos através de atividades 
lúdicas, que alimentem o imaginário infantil e contribuam para o desenvolvimento da leitura 
e escrita; 
Buscar parcerias com as famílias das crianças, propondo uma parceria de confiança 
e qualidade, onde família e escola buscar visar à qualidade de ensino do educando. 
Adquirir competência na leitura e escrita; Conhecer alguns portadores de texto; 
Escrever ortograficamente correto; Saber interpretar vários tipos de texto; Reconhecer o jogo 
como ferramenta didática imprescindível no processo ensino aprendizagem; Planejar 
atividades lúdicas voltadas para o domínio do sistema alfabético, leitura e produções de 
textos. 
Esta pesquisa também se justifica no sentido de reforçar o cabedal pessoal acerca do 
tema proposto, visto que, ao atuar na área pedagogia, depara-se constantemente com 
alunos com dificuldades de compreensão acerca de ortografia, realidade essa que exige 
uma alteração do cenário, entendendo que o aprimoramento da leitura e conhecimento das 
letras seria o início atual para essa perspectiva. 
Emília Ferreiro, quando estudou as concepções que as crianças apresentam sobre a 
escrita, demonstrou estas etapas, chamadas de fases ou níveis de desenvolvimento na 
11 
 
 
 
construção do pensamento em relação à linguagem escrita (pré-silábico, intermediário I, 
silábico, intermediário II ou silábico alfabético e alfabético.). 
Essa pesquisa foi realizada através de pesquisas feitas em livros, totalmente 
bibliográfica, não havendo pesquisa de campo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
II. O MUNDO ALFABETICO DAS CRIANÇAS 
II.I COMO SURGIU A ALFABETIZAÇÃO 
12 
 
 
 
Entre 1960 aos dias atuais, houve vários programas de alfabetização em nosso país. 
Alguns com pouca duração, por serem considerados comunistas e outros que mesmo não 
surtindo os efeitos almejados, tiveram maior intensidade. 
O primeiro programa de alfabetização no Brasil foi o MEB – Movimento de Educação 
de Base, que surgiu com a iniciativa da igreja católica e previa a colaboração do Governo 
Federal com o repasse dos recursos para a CNBB – Confederação Nacional dos Bispos 
Brasileiros, que desenvolveria o programa por meio de suas emissoras católicas. As áreas 
beneficiadas, prioritariamente, eram: as regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste, além do 
estado de Minas Gerais, por apresentarem altos índices de subdesenvolvimento. 
O, MEB tinha como conceito, dentre outros: 
…entende-se como educação de base o processo de autoconscientização das 
massas, para a valorização plena do homem e uma consciência crítica da realidade (…). 
Concomitantemente, deve propiciar todos os elementos necessários para capacitar o 
homem a participar do desenvolvimento integral de suas comunidades e de todo o povo 
brasileiro (RAPÔSO, 1995). 
A sua desestruturação se deu por ser interpretado como teor comunista, ficando além 
da igreja, os poderes sociais lutando pela sua continuidade, o que terminou ficando, durante 
algum tempo, implantado em apenas duas regiões do Brasil. Posteriormente, foi sucedido 
pelo MPC – Movimento de Cultura Popular que tinha como meta a alfabetização de grupos 
de debate, cujos objetivos eram obter resultados positivos tais como, escrever e ler textos 
simples, porém sem sucesso pela falta de recursos e sendo extinto pelos militares. 
Uma outra tentativa de melhoramento no processo de alfabetização foi o CPC – 
Centro Popular de Cultura, criado pela UNE – União Nacional dos Estudantes em parceria 
com artistas e intelectuais que almejavam levar a cultura aos menos favorecidos através da 
utilização de livros de literatura na alfabetização. Sem a obtenção do sucesso a que se 
pretendia, o governo resolveu implantar a CEPLAR – Campanha de Educação Popular que 
utilizava a metodologia freiriana e tinha como objetivo principal, a conscientização da 
importância da alfabetização na sociedade. 
Depois de várias tentativas que não consolidavam as expectativas do governo, criou-
se entre 1967 a 1985 mais um outro programa intitulado MOBRAL – Movimento Brasileiro 
de Alfabetização. As estratégias desse programa eram exclusivas dos militares e o objetivo 
central era eliminar o analfabetismo no Brasil, no menor espaço de tempo possível e tinha, 
como sinalizadores positivos, as metodologias freirianas. 
(…) como o processo que auxilia o homem a explicitar suas capacidades, 
desenvolvendo-se como pessoa que se relaciona com outras e com o meio, adquirindo 
13 
 
 
 
condições de assumir sua responsabilidade como agente e seu direito como beneficiário do 
desenvolvimento econômico, social e cultural (JANNUZZI, 1979) 
O MOBRAL era composto por outros subprogramas secundários com objetivos que 
se diversificavam: aprender a ler, escrever e contar, aperfeiçoar o próprio vocabulário, 
ganhar senso de responsabilidade, motivar a criatividade cognitiva e desenvolver o 
raciocínio lógico. Os recursos financeiros que lhe davam suporte eram extraídosda Loteria 
Esportiva e do Imposto de Renda, investimentos que, mais uma vez, não consolidaram as 
expectativas do governo, pois investia-se muito no aluno mas talvez sem um planejamento 
adequado. 
Contudo, após um período de 18 anos, excluiu-se esse programa implantando, em 
seu lugar a Fundação Educar. Esse era de inteira competência do MEC – Ministério da 
Educação e Cultura, inclusive com apoio financeiro que, por sua vez, era repassado para as 
prefeituras e tinha como objetivo, viabilizar a alfabetização aos que não tiveram acesso à 
escola ou saíram dela prematuramente. 
Ao longo dos anos vem-se enfrentando o grave problema do analfabetismo no Brasil. 
Os investimentos na educação básica, mais precisamente nos anos iniciais do ensino 
fundamental tem sido fato, mas talvez pela falta de conhecimento, cultura ou 
conscientização, parte da sociedade não tem levado a sério a importância da formação 
científica que deve começar pela alfabetização. 
Atualmente, o Brasil considera como alfabetizado o indivíduo que tenha concluído o 
5º ano do ensino fundamental, pois este tem apropriação da leitura e da escrita e de seus 
usos sociais, ou seja, escreve para outros e lê o que os ouros escrevem. De modo que a 
estatística do analfabetismo no Brasil fica considerada alta, tendo em vista, o cálculo com 
base nesse critério. 
O Brasil já avançou, consideravelmente, na primeira etapa da educação básica, 
porém não foi o suficiente para mostrar progressos visíveis ao pleno domínio de habilidades 
para inserção na estatística de uma sociedade letrada. Isso porque grande parte dos 
educandos podem até aprender a ler e a escrever mas não consegue usar tais ferramentas 
no seu dia a dia. 
A alfabetização não se encontra mais sozinha. Hoje a proposta é alfabetizar letrando. 
 
II.II ALFABETIZAÇÃO 
Historicamente o conceito de alfabetização se identificou ao ensino-aprendizado da 
tecnologia da escrita, quer dizer, do sistema alfabético de escrita, o que em linhas gerais, 
significa na leitura, a capacidade de decodificar os sinais gráficos, transformando-os em 
14 
 
 
 
sons, e, na escrita, a capacidade de codificar os sons da fala, transformando-os em sinais 
gráficos. 
Alfabetização é o ensino da língua escrita, conhecer, utilizar e valorizar os modos de 
produção e de funções sociais da escrita. 
No caso da alfabetização mais especificamente, o ano de 1789 representa o marco 
fundamental da associação duradoura entre a alfabetização e a escola, embora apenas 1990 
esta associação realmente se efetivasse. Foi neste ano, durante a “Conferência Mundial 
sobre Educação para Todos”, que a alfabetização passa a ser entendida como um 
instrumento eficaz de aprendizagem da leitura e escrita, ou em outras palavras, passa-se a 
entender, de que a alfabetização comporta a aprendizagem coletiva e simultânea da leitura 
e da escrita. É a partir deste período que surgem movimentos de defesa de uma 
alfabetização mais abrangente e que superasse a mecanização deste ensino. Que a 
alfabetização, desde o início ensinasse simultaneamente à aquisição dos mecanismos 
básicos da leitura e da escrita, “o desenvolvimento da comunicação e expressão com ênfase 
no processo de produção e utilização de textos” (Krammer, 1986, p.19). 
A criança para se alfabetizar terá que interagir com outras pessoas, ter contato com 
muitos textos de diferentes gêneros disponíveis na sociedade e, principalmente, produzir 
seus próprios textos. Na medida em que a alfabetização recebe novos entendimentos e 
novas dimensões, principalmente quando é compreendida como um conhecimento 
importante para a sociedade e, também para a inserção da criança nesta sociedade, vai 
exigindo uma escola mais comprometida com este entendimento, o que implica em práticas 
adequadas e de profissionais preparados/engajados para dar conta desta aprendizagem. Os 
educadores cientes de que o acesso ao mundo da escrita é em grande parte 
responsabilidade da escola, têm clareza sobre a necessidade de entender a alfabetização 
como um conhecimento complexo, pois, à eles cabe trabalhar as múltiplas possibilidades de 
uso da leitura e escrita na sociedade. Neste sentido, há um movimento (embora outros o 
questionem) de que as práticas de alfabetização devam ser orientadas de um modo que se 
9 promova a alfabetização juntamente com a perspectiva do letramento, assim como, entre 
outros pesquisadores, Soares (2001), defende o uso desse exercício. 
[...] implica habilidades várias, tais como: capacidade de ler 
ou escrever para atingir diferentes objetivos para informar 
ou informar-se, para interagir com os outros, para imergir 
no imaginário, no estético, para ampliar conhecimentos, 
para seduzir ou induzir, para divertir-se, para orientar-se, 
para apoio á memória, para catarse...: habilidades de 
interpretar e produzir diferentes tipos e gêneros de textos, 
habilidades de orientar-se pelos protocolos de leitura que 
marcam o texto ou de lançar mão desses protocolos, ao 
escrever: atitudes de inserção efetiva no mundo da escrita, 
tendo interesse e informações e conhecimentos, 
escrevendo ou lendo de forma diferenciada, segundo as 
15 
 
 
 
circunstancias, os objetivos, o interlocutor [...]. (SOARES, 
2001, p. 92). 
Analisando o conceito de alfabetização, agora já articulado ao letramento- é 
importante analisar também, as contribuições de Paulo Freire, pioneiro em dar à 
alfabetização um caráter político, havendo a necessidade da mesma considerar a 
compreensão de mundo das relações políticas, econômicas e sociais, pois se aprende a ler 
e a escrever para poder participar nesta e desta sociedade como sujeito de direitos. Então, 
para Freire, trabalhar a alfabetização em uma perspectiva do letramento (embora nunca 
tenha se referido a esta terminologia) é uma opção política. Embora os debates sobre esta 
visão de alfabetização já estejam bastante evidenciados, pelo menos na teoria, ainda há 
profissionais que não buscam conhecer a realidade cultural dos sujeitos em ação, e 
continuam ao reducionismo de que alfabetizar é somente trabalhar com o código alfabético, 
marginalizando com isso a criança como sujeito protagonista e coautora deste processo de 
aprender a ler e escrever. A alfabetização, nesta nova perspectiva já não é mais tarefa 
exclusiva de único professor, mas é compromisso de toda a escola e também da própria 
sociedade. Atualmente o desafio é de que todos, em parceria, trabalhem juntos, produzindo 
didáticas de alfabetização que realmente ensinem e não permitam a criança ou o jovem sair 
da escola sem este conhecimento tão necessário para sua integração no mundo comandado 
pela linguagem. 
Antes dessa descoberta importante, pesquisadores como Vygotsky e Luria já haviam 
estudado e descrito o que leva uma criança a escrever, ou seja, que trajetória possibilita que 
as crianças aprendam a ler e a escrever. Esses estudiosos investigaram a “préhistória da 
linguagem escrita”, que, para eles, começa com o aparecimento do gesto, que contém a 
futura escrita. “O gesto é a escrita no ar”, diz Vygotsky (1989, p. 121). Entre os gestos e a 
escrita, há dois domínios: os rabiscos e os jogos das crianças. Por meio deles, as crianças 
atribuem significado aos objetos e ao mundo que as rodeia. Por meio dos gestos (apontar 
com o dedo, dramatizações, mímicas), rabiscos e jogos (no sentido de brincadeiras infantis 
inventadas quando as crianças estão sozinhas ou junto com outras crianças), elas atribuem 
a função de signo ao objeto e lhe dão significado (VYGOTSKY, 1989, p. 123). A 
representação simbólica na brincadeira é, essencialmente, para Vygotsky, uma forma 
particular de linguagem num estágio precoce, atividade essa que leva, diretamente, à 
linguagem escrita. Por isso, no processo de alfabetização, as crianças precisam aprender 
não apenas o uso e as funções do código escrito, mas sim a linguagem escrita. 
 
 
 
II.III LETRAMENTO 
Letramento é a capacidade de fazer uso adequadoda leitura e da escrita utilizadas, 
conjugando-as com as práticas orais. O conceito de permite a identificação da concepção 
de língua que orienta as atividades da escola nos primeiros anos do ensino fundamental. 
Não é possível considerar a língua só como instrumento de transmissão de mensagens, 
16 
 
 
 
veículo de comunicação por meio do qual alguém que compreende diz ou escreve para quem 
deve compreender o que ouve ou vê. 
Letramento, segundo defensores do mesmo, como Soares (1999) e Kleimam (2007), 
principalmente, refere-se à apropriação da leitura e da escrita para uso social, trazendo 
consequências (políticas, sociais, econômicas, culturais...) para indivíduos e grupos que se 
apropriam da escrita, fazendo com que está se torne parte de suas vidas como meio de 
expressão e comunicação. O sujeito torna-se usuário da leitura e da escrita na vida social. 
Neste sentido, letrado é alguém que se apropriou suficientemente da escrita e da leitura a 
ponto de usá-las com desenvoltura, com propriedade, para dar conta das situações sociais 
e profissionais. 
Letramento é o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever, bem como 
o resultado da ação de usar habilidades em práticas sociais, é o estado ou condições que 
adquire um grupo social ou um indivíduo como conseqüência de ter-se apropriado da língua 
escrita e de ter-se inserido num mundo organizado diferentemente. Como são muito variados 
os usos sociais da escrita e as competências a eles associadas, é frequente levar em 
consideração níveis de letramento. 
O letramento é debate internacional e surgiu a partir das reflexões em torno do 
analfabetismo, quando se observou que embora as crianças saíssem da escola 
alfabetizadas, 12 esta aprendizagem não lhes dava condições de inserir-se de forma efetiva 
na sociedade. Surge o letramento para dar continuidade ao processo que a criança já vinha 
construindo antes do ingresso da escola, pois vivia numa sociedade letrada e já interagia 
com várias linguagens disponíveis na sociedade e, também por conviver e interagir com 
pessoas que já lidavam com estas linguagens e suprir as faltas ou lacunas do processo de 
alfabetização. Assim o letramento é o resultado de uma pesquisa sobre a situação do 
analfabetismo, vendo a necessidade de buscar uma aprendizagem mais efetiva, sólida e 
necessária aos tempos atuais. Em razão disso, a intenção não era o de substituir a 
alfabetização. Segundo Soares apud Carvalho (2005): no Brasil, os conceitos de 
alfabetização e letramento se mesclam, se sobrepõem e frequentemente se confundem: Isso 
não é bom, pois os processos de alfabetizar e letrar, são específicos. Alfabetizar é ensinar 
o código alfabético, letrar é familiarizar o aprendiz com os diversos usos sociais da leitura e 
da escrita (2003, p.5). 
O letramento está muito presente nos dias de hoje, até mesmo na educação infantil. 
Vivemos em uma sociedade letrada ou uma sociedade grafocêntrica, ou seja, a escrita como 
centro de tudo e para mantermos as relações sociais há necessidade de cada vez mais 
estreitar a escrita como o principal vetor, e para que isto ocorra no processo do 
ensino/aprendizagem deve aparecer desde as atividades do cotidiano do discente, 
passando pelas relações socioculturais e ambientais e do seu convívio familiar. 
Hoje no Brasil se busca muito nas escolas reduzir os índices de reprovações do que 
os do analfabetismo e isso mascara a realidade. A sociedade precisa dar mais atenção à 
formação de cidadãos que saibam ler e escrever de tal maneira que possam apropriar-se 
destas práticas sociais no seu cotidiano. É neste sentido que letramento se torna importante 
17 
 
 
 
no processo de aprendizagem, não apenas na leitura e da escrita, mas também nas áreas 
do conhecimento que compõem o currículo escolar. 
Ler é entrar em outros mundos possíveis. É indagar a realidade para compreendê-la 
melhor, é se distanciar do texto e assumir uma postura crítica frente ao que se diz e ao que 
se quer dizer. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
II.IV A CRIANÇA DE HOJE 
Atualmente a concepção de que a criança é um ser com características bem 
diferentes das dos adultos, um ser particular e de direitos, tem gerado as maiores mudanças 
na Educação Infantil. Essa nova concepção tem tornado o atendimento às crianças de 0 a 6 
anos ainda mais específico, exigindo do educador uma postura consciente de como deve 
18 
 
 
 
ser realizado o trabalho com as crianças pequenas, mostrando-lhe as suas especificidades 
e as suas necessidades enquanto criança e enquanto cidadão. 
Outro ponto fundamental é o processo de socialização que a criança vivencia no 
âmbito familiar nos seus primeiros anos de vida, onde aprende boa parte da cultura materna. 
E, posteriormente, no ambiente escolar, onde conhece outras realidades distintas das 
vivenciadas em família, como aponta Ferreira (2000). 
[...] a Sociologia da família, ao privilegiar a socialização das 
crianças pequenas, sobrevalorizando as questões que se 
prendem com as aprendizagens básicas centradas em 
torno da relação mãe-filho, tem-nas construído como uma 
idade associal, de espera e dependência, circunscrita a um 
período de vida que se entende desde o nascimento até à 
entrada para a escola primária (0-6 anos). Mas se deduz, 
a partir dos contributos da Sociologia da família que a 
infância começa com o nascimento, ela não acaba aos 6 
anos, ficando, ausentes as idades que se seguem [...]. 
(FERREIRA, 2000). 
Para Ferreira (2000), a família promove os primeiros ensinamentos às crianças 
enquanto são dependentes, e esse período de dependência, por vezes, se perpassa até a 
entrada da criança à escola. 
 [...] a escola enquanto instituição social representa o 
tempo que organiza, molda e orienta todos os outros 
tempos da infância, o local onde se realiza a socialização 
secundária das crianças e se assiste ao processo da sua 
escolarização, ou seja, onde se processa a aprendizagem 
da trilogia: leitura, escrita e cálculo, bases fundamentais 
para aceder à cultura letrada. (FERREIRA, 2000). 
 A criança passa por várias transformações durante a infância. Em seus primeiros anos 
de vida, os pequenos se deparam com diversas situações de confronto, sentimentos 
diferentes, situações de disputa, entre outras descobertas que fazem a criança começar a 
perceber que no ambiente onde vivemos há infinitas regras de convivência e leis 
preestabelecidas pela sociedade. Tais situações fazem com que os pequenos comecem a 
entender a realidade do mundo em que vivem, aprendendo a lidar com os acontecimentos 
do cotidiano e a conviver com as outras pessoas. Os pequenos participam das relações 
sociais, desenvolvem-se através da interação com o outro e com o meio em que vivem. As 
crianças buscam participar dessas relações se aproximando e se apropriando de 
comportamentos e valores que permeiam a realidade em que vivem. 
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil6 (RCNEI) traz a 
concepção de infância como construída historicamente e a ideia de que atualmente não há 
apenas uma maneira de se considerar a criança, pois há múltiplas diversidades de 
19 
 
 
 
realidades sociais, culturais, étnicas e etc. que podem interferir nessa noção de infância. 
Sabemos que existem crianças que trabalham, que são exploradas, que sofrem maus tratos 
e abusos, que não possuem seus direitos garantidos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
II.V A FORMAÇÃO DE PROFESSORES (AS) DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
Há algum tempo, a formação do professor que atua em cursos de formação vem 
sendo colocada em discussão e apontada como uma das responsáveis pela falta de 
qualidade do ensino. São enumerados vários aspectos dessa formação, desde a falta de 
relação entre o que é estudado e a realidade profissional, até a desvalorização da profissão. 
20 
 
 
 
Hoje se tem muitas modalidades de formação e de tempos diferentes,o que torna ainda 
mais difícil fazer uma avaliação adequada sobre a formação oferecida nestes espaços. 
As experiências vividas, as relações teóricas-práticas, a pluralidade de saberes, a 
leitura e a reflexão sobre os clássicos do pensamento pedagógico são alguns dos pontos 
que se espera que possa experimentar quem passa por um processo de formação, mas a 
realidade mostra que é isso bem diferente. Há lacunas enormes entre o que esperamos da 
formação do professor e a forma como ela acontece, e isto fica evidenciado pelas práticas 
pedagógicas desenvolvidas nas escolas. De acordo com Saviani, (2008: 323-324) 
As representações a respeito da profissão são construídas num entrelaçamento entre: 
como quem escolhe a profissão e a vê, como os outros falam a respeito da mesma (seus 
familiares, amigos, meios de comunicação) e como as experiências são vividas enquanto 
aluno. Elas são permanentemente reelaboradas e reconstruídas. Em síntese, pode-se 
afirmar que a imagem que temos de nós mesmos e de nossa profissão vem muito daquilo 
que seus membros são, do que fazem e da exteriorização de seus valores. 
Há alguns fatores que contribuem para o processo de conhecimento significativo 
dentro da perspectiva da formação profissional, colaborando e concebendo novas maneiras 
de trabalhar a autonomia. Tais fatores são responsáveis por promover a formação de 
sujeitos críticos e atuantes, alguns dos quais podemos citar resumidamente: afetividade, 
intencionalidade pedagógica, ressignificação curricular com base na interdisciplinaridade, 
práxis embasada nos pilares do conhecimento, pesquisas de cunho científico, parcerias e 
formação continuada do professor envolta no comprometimento, na ousadia, na humildade 
e na coerência em busca de novas possibilidades no processo de ensino e aprendizagem. 
Outro fator de fundamental importância é a formação dos professores, a qual precisa 
ser repensada, para que venha a atender as necessidades encontradas nas escolas, e para 
que os profissionais possam se sentir capazes de atuarem satisfatoriamente diante do 
contexto existente. Mas, além disso, os professores devem ir em busca de novos 
conhecimentos e habilidades a fim de se apropriarem teoricamente de novos conceitos e 
criarem suas próprias concepções para trabalhar com as crianças. 
Até meados da década de 90, os profissionais responsáveis pelo cuidado das 
crianças na pré-escola não necessitavam de cursos especializados na área. Com a LDB de 
1996, os profissionais que iriam cuidar e educar as crianças entre zero e seis anos de idade 
precisariam de curso profissional de magistério23. A Lei, também determina que, no prazo 
de dez anos, esse curso seja superior, ou seja, a graduação em pedagogia. 
Para Cerisara (2002), a LDB de 96 fez uma determinação de que todas as 
profissionais de educação infantil tivessem formação superior na área, sem subsidiar e 
dispor condições para que isto fosse possível. A demanda de curso aumentou 
consideravelmente, porém muitas dessas mulheres não possuíam nem o ensino 
fundamental, e o decreto deu o prazo de dez anos para a regularização. E com toda a 
pressão, a obrigação se transformou em opção, e o magistério passou a ser suficiente para 
trabalhar com as crianças. 
21 
 
 
 
Ao longo de muitos anos, vivemos num sistema educacional tradicionalista, em que 
os professores mantinham o mesmo comportamento em toda a sua trajetória na educação. 
Atualmente, na formação acadêmica de um pedagogo, coloca-se a permanente necessidade 
de mudança e busca pela mesma após a formação. O cotidiano apresenta sempre desafios 
para que as mudanças nas atitudes e nos comportamentos ocorram. O professor não deve 
se prender na rotina, e, sim, buscar sempre o novo, que significa interrupção, transformação 
dos hábitos e de tudo que faz parte da rotina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
II.VI COMO REALIZAR A LEITURA COTIDIANA EM SALA DE AULA QUE TENHA 
SIGNIFICADO PARA A CRIANÇA? 
Em busca de resultados significativos e ascendentes com os alunos do 1º ano do 
Ensino Fundamental I na alfabetização, vimos necessidade de inovar as aulas com base em 
estudos realizados enquanto professora alfabetizadora e envolvida no trabalho do PNAIC 
(Pacto Nacional Pela Alfabetização na Idade Certa) que tem como objetivo principal a 
alfabetização das crianças até oito anos de idade. Considerando esta faixa etária a mais 
22 
 
 
 
propensa para que o aprendizado seja mais significativo, a professora planeja as aulas de 
leitura para suas turmas de alfabetização, tendo como objeto de estudo o texto, utilizando a 
leitura do mesmo como uma das intervenções para a alfabetização de seus alunos. 
Os PCN enfatizam que a prática de leitura em voz alta feita pelo professor é algo raro 
e, com o passar dos anos de escolaridade, a criança ouve cada vez menos a leitura do 
professor. Destacam que o modelo de um bom leitor se torna ainda mais necessário com o 
avanço da aprendizagem. Denota-se no mesmo documento que “Uma prática de leitura na 
escola é, sobretudo, necessária, porque ler ensina a ler e a escrever.” (BRASIL,1997, p.43). 
Notamos com o estudo deste fragmento que o ato de ler pode ser uma base para o 
aprendiz sobre o ato de escrever, pois traz na leitura uma perspectiva de base teórica 
ascendente no processo de alfabetizar letrando. 
Quando o professor lê para sua classe ela está alimentando a criatividade e o poder 
de criação da criança que o ouve. Devido a isso, a leitura em voz alta feita pelo professor 
não pode ser algo esporádico. Todas as leituras têm um objetivo, na escola a leitura possui 
múltiplos objetivos sendo que um dos mais significantes está em ler por prazer, pois nesse 
prazer muitos processos cognitivos são disparados no interior do aprendiz que ao longo de 
sua vida o levará a ser um verdadeiro leitor. 
Como leitor, o professor também deve demonstrar sua compreensão e interpretação 
do texto lido, deixando claro que um mesmo texto, principalmente os literários, pode ter 
várias “leituras” e que trocar ideias e comparar pontos de vista contribui para a melhor 
compreensão do que se lê. 
Paulo Freire (1989), ao afirmar que ler o mundo ocorre antes de ler palavras, supõe 
que estreitar a nossa relação como mundo imaginário do aluno, onde a busca de novos 
conceitos acontece naturalmente, é uma das formas de ler para o aluno que, ao ouvir, busca 
em seu conhecimento de mundo, suas necessidades, ansiedades, crenças e desejos. Pode-
se afirmar não erroneamente que ler mediante essa perspectiva fará realmente sentido ao 
aluno. 
Desde seus primeiros anos de vida a criança tem o hábito de construir um mundo 
imaginário que acompanhada por longo período de sua infância, este mundo vem alicerçado 
por uma imaginação fértil e rica em práticas de leitura. Quando ingressa na escola, toda a 
gama de conhecimento não é explorada ou não se alimenta aquilo que ela já possui, isso se 
perde e toda a capacidade imagética diante de uma escola empenhada em produzir alunos 
com competências e habilidades de ler e escrever dentro do contexto escolar. 
Outro fator relevante sobre o processo de leiturização refere-se aos objetivos aos 
quais o ato de ler deve se vincular. Segundo os PCN de Língua Portuguesa do Ensino 
Fundamental, 
A leitura, como prática social, é sempre um meio, nunca 
um fim. Ler é resposta a um objetivo, a uma necessidade 
pessoal. Fora da escola, não se lê só para aprender a ler, 
23 
 
 
 
não se lê de uma única forma, não se decodifica palavra 
por palavra, não se responde a perguntas de verificação 
do entendimento preenchendo fichas exaustivas, não se 
faz desenho sobre o que mais gostou e raramente se lê em 
voz alta. Isso não significa que na escola não se possa 
eventualmente responder perguntas sobre a leitura, de vez 
em quando desenhar o que o texto lido sugere, ou ler em 
voz alta quando 247 necessário. No entanto, uma prática 
constante deleitura não significa a repetição infindável 
dessas atividades escolares. (BRASIL: 1997, p. 41) 
O documento exemplifica fatos do cotidiano escolar e levanta situações às quais se 
devem dar a atenção necessária. Decodificar palavras se aprende também na escola com 
algumas atividades planejadas para este objetivo, todavia, aponta-se para que isso não seja 
o fundamental do processo, ou seu fim. Também traz no trecho do documento que não é 
repetindo séries de leitura que o aluno se tornará o leitor ideal. 
Caracteriza-se, portanto o papel do professor leitor como modelo ao aluno que tendo 
um bom modelo de leitor pode vir a ser também leitor exemplar. 
 
 
 
 
 
 
 
II.VII A UTILIZAÇÃO DO LÚDICO COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA PARA A 
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 
É impossível não perceber a importância que se vem concedendo, em escala cada 
vez mais crescente, ao mundo dos símbolos. Em todos os lugares, a todo instante, estamos 
rodeados por informações expressas por meio de letras, números, sinais, desenhos, mapas. 
Assim sendo, para desempenhar desde as mais simples atividades cotidianas às mais 
complexas, é necessário ler, interpretar, compreender, escrever com autonomia. 
Portanto, não nos resta dúvida de que na escola, importante agência de letramento, 
primeiramente “[...] é necessário reconhecer que alfabetização – entendida como a aquisição 
do sistema convencional de escrita – distingue-se de letramento – entendido como o 
desenvolvimento de comportamentos e habilidades de uso competente da leitura e da escrita 
em práticas sociais […]” (SOARES, 2004, p.20). Além disso, é relevante compreender que 
24 
 
 
 
é importante ir muito além do domínio do código escrito. Nosso desafio se constitui em 
“alfabetizar letrando, ou letrar alfabetizando, pela integração e articulação das várias facetas 
do processo de aprendizagem inicial da língua escrita [...].” (SOARES, 2004, p.22). 
A alfabetização e o lúdico são inseparáveis. O ambiente lúdico é o mais propício para 
a aprendizagem e produz verdadeira internalização da alfabetização e do letramento. O 
brincar pedagogicamente deve estar incluído no dia-a-dia das crianças. Dessa forma será 
proporcionado o desenvolvimento das capacidades cognitivas, motora, afetiva, ética, 
estética, de relação interpessoal e de inserção social e a aprendizagem específica da 
alfabetização. Ao brincar, a criança tem a possibilidade de conhecer seu próprio corpo, o 
espaço físico e social. Brincando, a criança tem oportunidade de aprender conceitos, regras, 
normas, valores e também conteúdos conceituais, atitudinais e procedimentos nas mais 
diversas formas de conhecimento. 
O lúdico favorece a autoestima da criança e a interação de seus pares, propiciando 
situações de aprendizagem e desenvolvimento de suas capacidades cognitivas. É um 
caminho que leva as crianças para novas descobertas, revelando segredos escondidos 
explorando, assim, um mundo desconhecido. A criança brincando o tempo todo e em todo 
o tempo. Por isso que a comida, o lápis, os sapatos, tudo se torna brinquedo. Quando está 
sem nenhum objeto seu corpo torna-se um brinquedo. O brincar é uma atividade própria da 
criança, dessa forma, ela se movimenta e se posiciona diante do mundo em que vive. Na 
alfabetização e no letramento ela não brinca por brincar, ela brinca com propósitos e com 
um olhar pedagógico. 
Com os desafios lúdicos, as professoras estimulam o pensamento, desenvolvem a 
inteligência, fazendo com que a criança alcance níveis de desenvolvimento que só o 
interesse pode provocar. A alfabetização e o letramento acontecem de forma contínua na 
vida criança e, quando o lúdico está presente nas práticas educativas, nas atividades de 
aprendizagem, nos momentos de atividades mais livres, desperta a criança para o prazer de 
estar na escola e de aprender. Assim, elas criam um espaço de experimentação e 
descoberta de novos caminhos de forma alegre, dinâmica e criativa. 
O “sussurrofone” é um instrumento que permite a captação individual da voz, 
amplificação e retorno desse som para quem o estão utilizando. O artefato, feito com 
conexões e tubos de PVC, foi adaptado de um aparelho semelhante, o “Whisper Phone”, 
utilizado nos Estados Unidos. Com ele, as crianças escutam a própria voz, mesmo quando 
falam baixinho. É semelhante ao que acontece quando falamos com os dois ouvidos 
tampados. Ajuda muito na leitura das palavrinhas trabalhadas na alfabetização. 
 
 
 
 
 
 
25 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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29 
 
 
 
II.VIII ENSINO DA LÍNGUA ESCRITA 
A língua é um sistema que se estrutura no uso e para o uso, escrito e falado, sempre 
contextualizado. No entanto, a condição básica para o uso escrito da língua, que é a 
apropriação do sistema alfabético, envolve, da parte dos alunos, aprendizados muito 
específicos, independentes do contexto de uso, relativos aos componentes do sistema 
fonológico da língua e às suas inter-relações. 
Assim, não se trata de escolher entre alfabetizar ou letrar; trata-se de alfabetizar letrando, 
também não se trata de pensar os dois processos como sequenciais, isto é, vindo um depois 
do outro, como se o letramento fosse uma espécie de preparação para a alfabetização, ou 
então, como se a alfabetização fosse condição indispensável para o início do processo de 
letramento. 
O desafio que se coloca para os primeiros anos da Educação Fundamental é o de 
conciliar esses dois processos, assegurando aos alunos a apropriação do sistema alfabético-
ortográfico e condições possibilitadoras do uso da língua nas práticas sociais de leitura e 
escrita. 
Assim, entende-se que a ação pedagógica mais adequada e produtiva é aquela que 
contempla de maneira articulada e simultânea, a alfabetização e o letramento. 
Vygotsky focaliza a escrita como uma atividade simbólica que, tal como outras atividades 
simbólicas (gesto, desenho, jogo, etc.), envolve a representação de uma coisa por outra, a 
utilização de signos auxiliares para representar significados (FONTANA e CRUZ, 1997). Um 
trabalho didático baseado no associacionismo, ao contrário, tende a ignorar os significados 
e ensina as crianças a desenhar letras e com elas construir palavras, mas não ensina a 
linguagem escrita. O associacionismo enfatiza de tal forma a mecânica de ler o que está 
escrito, que acaba obscurecendo a linguagem escrita como tal, isto é, como um sistema 
particular de símbolos e signos. Já para Vygotsky (1982 e 1989), a compreensão e o domínio 
da escrita como linguagem constitui um ponto crítico, um momento decisivo, no 
desenvolvimento cultural da criança. 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
 
 
II.IX A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO 
É muito importante para o desenvolvimento, a formação do educando e para a 
aprendizagem da criança, a participação e a afetividade dos pais no contexto escolar, de 
forma a apoiar, encorajar e estimular os filhos. O envolvimento, o interesse dos mesmos com 
a escola vai criar uma relação fundamental e de grande importância para o desenvolvimento 
cognitivo, cultural, emocional e social da criança. Muitas vezes as famílias responsabilizam 
os educadores pela educação de seus filhos, esquecendo a sua importância e o seu papel 
como educadores, e muitos professores e diretores acham que os pais não têm muito a 
contribuir com o aprendizado e com o currículo escolar. Muitos acham que a contribuição 
dos pais no processo pedagógico já se dá ao enviar seus filhos pra escola com bons modos 
e boa autoestima e não em participar do dia a dia da criança na escola e do projeto político 
pedagógico da escola. Escola e família não devem trabalhar isoladamente, ambas são 
responsáveis pela formação do indivíduo, pois é na família que a criança obtém o capital 
simbólico e social, e na escola desenvolve o capital escolar. A escolatem um importante 
papel no desenvolvimento da criança, deve criar condições para a criança descobrir por si 
mesma (FERREIRO, 2001). 
A família deve dedicar um tempo para as crianças, incentivando e estimulando em seu 
processo da alfabetização, os pais e a escola devem buscar condições, traçar metas que 
possa contribuir para o desenvolvimento e crescimento intelectual e social do indivíduo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
 
 
II.X PNAIC- PACTO NACIONAL DA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA 
 
O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) é um compromisso 
formal assumido pelos Governos Federal, do Distrito Federal, dos Estados e Municípios de 
assegurar que todas as crianças estejam alfabetizadas até os oito anos de idade, ao final do 
3º ano do ensino fundamental. Observa-se diante deste processo de formação que: 
Aos oito anos de idade, as crianças necessitam ter a 
compreensão do funcionamento do sistema de escrita; o 
domínio das correspondências grafofônicas, mesmo que 
dominem poucas convenções ortográficas irregulares e 
poucas regularidades que exijam conhecimentos 
morfológicos mais complexos; a fluência de leitura e o 
domínio de estratégias de compreensão e de produção de 
textos escritos. (PNAIC, mec.pacto.mec.gov.br). 
Segundo as ações do Pacto, este oferece além da formação continuada aos 
profissionais da área da alfabetização, recursos didáticos através de materiais que possam 
dar auxílio no processo de ensino e aprendizagem, buscando a avaliação sistemática dos 
mesmos através das atividades e construção dos alunos. 
 Entretanto, esta proposta de ensino-aprendizagem vinda do Pacto, busca caminhos 
onde os profissionais na área da educação possam se inserir mais em um ensino de 
qualidade, proporcionando aos educandos um aprendizado de grandes conquistas e 
caminhos a serem seguidas. 
 Com ênfase ao tema Alfabetização e Letramento nos Anos Iniciais, destacamos 
alguns volumes onde se apresenta esta proposta de ensino no Pacto Nacional da 
Alfabetização na Idade Certa, seguindo: Alfabetização para todos: Diferentes percursos, 
direitos iguais; Organização do planejamento e da rotina na área da Alfabetização e 
Letramento; Currículo na 18 Alfabetização: concepções e princípios; Currículo, consolidação 
e monitoramento do processo de ensino e de aprendizagem. 
 Realizando algumas leituras e pesquisas, pude observar a importância deste trabalho 
que vem sendo desenvolvido, pois em seus volumes, destacam-se grandes barreiras, 
conquista e caminhos que devemos conhecer, contribuir e nos dedicarmos na busca de uma 
educação de qualidade, reconhecendo a importância do saber e a garantia de direito a 
educação para todos. 
 O Pacto mostra todas as etapas e seus segmentos, partindo de um currículo de 
qualidade e processos avaliativos na escola regular e também na busca de caminhos à uma 
educação inclusiva. 
32 
 
 
 
 É importante ressaltarmos, que a educação é um dos caminhos do exercício da 
cidadania e que se faz necessário respeitar os direitos de aprendizagem de todas as 
crianças, principalmente daquelas que apresentam necessidades educacionais especiais. 
Baseado na concepção de alfabetização, o Pacto em parceria com alguns pedagogos 
mostram a importância de compreendermos que a escrita alfabética não é um código, o qual 
se aprenderia a partir de atividades repetitivas e memorizadas, e que passa ser um sistema 
de notação, que seria alfabético. 
 Acreditamos que com o Pacto da Alfabetização houve um maior crescimento 
profissional e educacional, pois as formações, os caminhos e formas diferenciadas de serem 
trabalhados com as crianças das séries iniciais, os conteúdos, as atividades propostas, 
trouxeram mais crescimento, um ensino na área da alfabetização com mais ludicidade, onde 
se envolve todas as áreas do saber de maneira prazerosa, educativa. A leitura e escrita, 
juntamente com diferentes jogos e atividades matemáticas inserem a criança numa 
sociedade letrada de grandes conquistas e objetivos a serem alcançados pelos profissionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
33 
 
 
 
 
Saber ler e escrever possibilita o sujeito do seu próprio 
conhecimento, pois sabendo ler, ele se torna capaz de 
atuar sobre o acervo de conhecimento acumulado pela 
humanidade através da escrita e, desse modo, produzir, 
ele também, um conhecimento (Barbosa, 2013, p.19) 
No caso da alfabetização mais especificamente, o ano de 1789 representa o marco 
fundamental da associação duradoura entre a alfabetização e a escola, embora apenas 1990 
esta associação realmente se efetivasse. Foi neste ano, durante a “Conferência Mundial 
sobre Educação para Todos”, que a alfabetização passa a ser entendida como um 
instrumento eficaz de aprendizagem da leitura e escrita, ou em outras palavras, passa-se a 
entender, de que a alfabetização comporta a aprendizagem coletiva e simultânea da leitura 
e da escrita. É a partir deste período que surgem movimentos de defesa de uma 
alfabetização mais abrangente e que superasse a mecanização deste ensino. Que a 
alfabetização, desde o início ensinasse simultaneamente à aquisição dos mecanismos 
básicos da leitura e da escrita, “o desenvolvimento da comunicação e expressão com ênfase 
no processo de produção e utilização de textos” (Krammer, 1986, p.19). 
Na aprendizagem “inicial”, ou seja, na educação infantil, as práticas utilizadas são 
geralmente, baseadas na junção de silabas simples, mecanização, memorização, 
codificação e copias. Normalmente os professores utilizam o método sintético e método 
analítico. O método sintético preserva a correspondência entre o oral e o escrito, entre o som 
e a grafia, ou seja, processo que consiste em partir das partes do todo, já o método analítico 
insiste no reconhecimento global das palavras ou orações (Ferreiro & Teberosky). Com o 
tempo, ocorreu o método misto, ou seja, misturavam estratégias dos métodos sintético e 
analítico. 
Segundo Rocha (2005) “a partir dos anos 50, a psicologia começou a fazer um 
enorme sucesso nas universidades do Brasil, e utilizaram as escolas para teste e/ou 
laboratório para os estudantes e pesquisadores da área. Sem formação pedagógica, sem 
formação linguística, os psicólogos começaram a aplicar uma variedade de testes e 
chegaram à conclusão de que a grande dificuldade de aprendizagem das crianças na 
alfabetização devia-se ao fato de as crianças repetentes serem de famílias carentes. 
Carentes de alimentação na infância, carentes de emoções que as motivassem para 
aquisição de cultura, enfim, carentes de praticamente tudo. Assim, não podiam aprender”. 
Diante deste motivo foi idealizado o um período que precedesse a alfabetização, o 
chamado “período preparatório”, no qual as crianças seriam treinadas nas habilidades 
básicas. Neste período seriam aplicadas atividades para as crianças, a exemplo de realizar 
as curvinhas, completar figuras, fazer bolinhas etc. Além da cartilha e do manual do 
professor, surgiu, então, o livro de “exercícios de prontidão”. Entretanto não resolveu o índice 
de cinquenta por cento de reprovação na primeira série manteve-se mais ou menos 
inalterado. (ROCHA, 2005) 
No início de década de 80, os resultados da pesquisa pioneira de Emília Ferreiro e 
Ana Teberosky, descrevendo a psicogênese da língua escrita a partir de referencial 
piagetiano, provocaram significativas alterações na fundamentação teórica do processo 
ensino aprendizagem da lectoescrita - é a habilidade adquirida de poder ler e escrever, 
34 
 
 
 
deslocando seu eixo de "como se ensina" para "como se aprende" a ler e a escrever. 
(ROCHA, 2005) 
Nesta perspectiva os conceitos de prontidão, imaturidade das crianças, habilidades 
motoras e perceptuais, deixam de ter sentido isoladamente, os aspectos motores, cognitivos 
e afetivos, devem ser estimulados, mas vinculados ao contexto da realidade sociocultural 
dos alunos. Segundo Rocha, 2005, essa nova concepçãode alfabetização ficou conhecida 
como "construtivista" e explica que o aprendizado da leitura e da escrita segue uma linha de 
evolução regular, - são classificados em pré-silábico, silábico e alfabético, independente da 
classe social do aprendiz, de ele ter/não ter cursado a pré-escola e do dialeto falado. Ferreiro 
e Teberosky (1986). 
Ensinar a ler e escrever não significa fornecer uma técnica, 
mas um modo cultural de se comportar. Sabe ler a pessoa 
que gosta de ler, não a pessoa que ler corretamente em 
um exame. Sabe ler a pessoa que linguagem escrita de 
modo correto, não o que, quando vai prestar o serviço 
militar, sabe escrever diante do oficial: “Sou um cidadão 
italiano”, como se fazia na Itália para demonstrar que se 
estava alfabetizado (Francesco Tonucci, 1985). 
 Letramento, segundo defensores do mesmo, como Soares (1999) e Kleimam (2007), 
principalmente, refere-se à apropriação da leitura e da escrita para uso social, trazendo 
consequências (políticas, sociais, econômicas, culturais...) para indivíduos e grupos que se 
apropriam da escrita, fazendo com que está se torne parte de suas vidas como meio de 
expressão e comunicação. O sujeito torna-se usuário da leitura e da escrita na vida social. 
Neste sentido, letrado é alguém que se apropriou suficientemente da escrita e da leitura a 
ponto de usá-las com desenvoltura, com propriedade, para dar conta das situações sociais 
e profissionais. 
A palavra “letramento” e relativamente nova, pois no início da década de 80 ainda não 
ouvíamos falar sobre o assunto. Foi no ano de 1986 que Mary Kato, em seu livro “No mundo 
da escrita: uma perspectiva psicolinguística”, escreve as primeiras palavras, referindo-se ao 
tema. Dois anos depois, em 1988, Leda Verdiani Tfouni, em um dos seus livros, - “Adultos 
não alfabetizados: o avesso dos avessos", “Alfabetização e letramento” em 1995. - escreve 
sobre a diferenciação de alfabetização e letramento. Na realidade, o termo originou-se de 
uma versão feita da palavra da língua inglesa "literacy", com a representação etimológica de 
estado, condição ou qualidade de ser literate, e literate é definido como educado, 
especialmente, para ler e escrever. 
Letramento é o estado em que vive o indivíduo que não só sabe ler e escrever, 
apresenta aspecto sócio-históricos, práticas psicossociais, e exerce as práticas sociais de 
leitura e escrita que circulam na sociedade em que vive. (SOARES, 2000; TFOUNI,1988). 
Kleiman (1995, p. 19), define letramento como “um conjunto de práticas sociais que 
usam a escrita, enquanto sistema simbólico e tecnologia, em contextos específicos, para 
objetivos específicos”. 
Para Soares (2001, p. 24): 
35 
 
 
 
[...] letramento é que um indivíduo pode não saber ler e 
escrever, isto é, ser analfabeto, mas ser, de certa 
forma, letrado (atribuindo a este adjetivo sentido vinculado 
a letramento). Assim, um adulto pode ser analfabeto, porque 
marginalizado social e economicamente, mas, se vive em 
um meio em que a leitura e a escrita têm presença forte, se 
interessa em ouvir a leitura de jornais feita por um 
alfabetizado, se recebe cartas que outros leem para ele, se 
dita cartas para que um alfabetizado as escreva (e é 
significativo que, em geral, dita usando vocabulário e 
estruturas próprios da língua escrita), se pede a alguém que 
lhe leia avisos ou indicações afixados em algum lugar, esse 
analfabeto é, de certa forma, letrado, porque faz uso da 
escrita, envolve-se em práticas sociais de leitura e de 
escrita. Da mesma forma, a criança que ainda não se 
alfabetizou, mas já folheia livros, finge lê-los, brinca de 
escrever, ouve histórias que lhe são lidas, está rodeada de 
material escrito e percebe seu uso e função, essa criança é 
ainda “analfabeta”, porque não aprendeu a ler e a escrever, 
mas já penetrou no mundo do letramento, já é de certa 
forma, letrada. (Grifo do original). 
Vygotsky focaliza a escrita como uma atividade simbólica 
que, tal como outras atividades simbólicas (gesto, desenho, 
jogo, etc.), envolve a representação de uma coisa por outra, 
a utilização de signos auxiliares para representar 
significados (FONTANA e CRUZ, 1997). Um trabalho 
didático baseado no associacionismo, ao contrário, tende a 
ignorar os significados e ensina as crianças a desenhar 
letras e com elas construir palavras, mas não ensina a 
linguagem escrita. O associacionismo enfatiza de tal forma 
a mecânica de ler o que está escrito, que acaba 
obscurecendo a linguagem escrita como tal, isto é, como um 
sistema particular de símbolos e signos. Já para Vygotsky 
(1982 e 1989), a compreensão e o domínio da escrita como 
linguagem constitui um ponto crítico, um momento decisivo, 
no desenvolvimento cultural da criança 
 
 
 
 
 
ARGUMENTAÇÃO E DISCUSSÃO 
36 
 
 
 
Ensinar a ler e escrever é um desafio que transcende amplamente a alfabetização em 
sentido estrito. O desafio que a escola enfrenta hoje é o de incorporar todos os alunos à 
cultura do escrito, é o de conseguir que todos os seus ex-alunos chegam a ser membros 
plenos da comunidade de leitores e escritores. 
Participar na cultura escrita supõe apropriar-se de uma tradição de leitura e escrita, 
supõe assumir uma herança cultural que envolve o exercício de diversas operações com os 
textos; entre eles os seus autores; entre os próprios autores; entre os autores; os textos e 
seu contexto. 
Para concretizar o propósito de formar todos os alunos como praticantes da cultura 
escrita, é necessário reconceitualizar o objeto de ensino e construí-lo tomando como 
referência fundamental as práticas sociais de leitura e escrita. Pôr em cena uma versão 
escolar dessas práticas, que mantenha certa fidelidade à versão social, requer que a escola 
funcione como uma micro comunidade de leitores e escritores. 
Os educadores cientes de que o acesso ao mundo da escrita é em grande parte 
responsabilidade da escola, têm clareza sobre a necessidade de entender a alfabetização 
como um conhecimento complexo, pois, à eles cabe trabalhar as múltiplas possibilidades de 
uso da leitura e escrita na sociedade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
37 
 
 
 
Podemos afirmar que existe uma diferença entre a alfabetização e o letramento. A 
alfabetização no sentido tradicional, falamos de um processo de ensino-aprendizagem 
mecânico, repetitivo, sem significado e fora do contexto sócio-histórico cultural da criança. 
No letramento, essas concepções recebem outra visão, a do desenvolvimento da educação 
infantil com relação à linguagem escrita e oral que parte do princípio do que a criança sabe 
e o que faz parte do seu meio sociocultural, trabalhando com as práticas sociais da leitura e 
da escrita. Identificando toda manifestação de leitura e da escrita da criança como algo 
singular e intercedido de significados. 
Na educação infantil é um dever trabalhar com a concepção de letramento com as 
crianças desde o momento em que está chega à educação infantil, estimulando-a a participar 
ativamente do processo de construção da leitura e da escrita do seu mundo. Fazer com que 
as crianças tenham liberdade de expressão e que possam experimentar as múltiplas 
linguagens, como a música, a dança, artes, leituras da literatura infantil clássica e brasileira, 
histórias em quadrinhos, jogos, brinquedos e brincadeiras e tantas outras, é imprescindível 
adotar o letramento no dia-a-dia, na primeira infância. 
Na Educação Infantil não deve apenas cuidar, mas educar para o mundo. O ato de 
ler e escrever deve começar a partir de uma compreensão muito abrangente de ler o mundo, 
coisa que os seres humanos fazem antes de ler a palavra. 
Acreditamos ainda, que o profissional da área de alfabetização ao realizar o processo 
de leitura e escrita, deva identificar a realidade vivida de cada criança, seus hábitos, 
costumes, conhecer o seu processo familiar, buscando então a criticidade de uma 
aprendizagem que proporcione o verdadeiro sentido do saber, pois muitas vezes a criança 
nãocostuma ter o hábito da leitura no âmbito familiar e ao se deparar com o ensino escolar, 
acaba acarretando esta dificuldade de ensino proposto pela professora, não conseguindo se 
identificar na alfabetização e letramento. 
 Para que o aluno aprenda escrever, precisa primeiro de tudo ser alfabetizado, 
entretanto, destaco mais uma vez, que alfabetização e letramento se articulam, pois 
necessitamos sim criar o método de alfabetizar letrando, ou letrar alfabetizando, fazendo 
com que a criança no momento da leitura, ao começar conhecer, identificar as letras, 
formando a palavras, consiga de seu jeito já ir buscando o sentido do método de 
alfabetização que a professora está propondo, pois muitas vezes, só o fato de estar vendo 
as imagens de um livro, a criança já está criando a sua própria leitura de mundo, sendo 
alfabetizada, se identificando em uma cultura letrada em diferentes contextos sociais. 
Porém, a criança aprende mais ainda, adquire o gosto do aprender, quando encontra 
adultos que lhe transmitem e lhe mostrem o mundo de uma forma lúdica e desafiadora, 
desenvolvendo na mesma várias expectativas de ensino diante de uma leitura e brincadeiras 
que possam possibilitar a alfabetização num processo mais degustante, fazendo a criança 
imaginar, querer cada vez mais. Feil (2004, p. 44): 
 
 É importante que os textos das crianças possam servir de 
subsidio para novas descobertas, novas situações de 
aprendizagens e novas construções. Saber ler, nesta visão, é ir 
38 
 
 
 
além da interpretação literal, sabendo relacionar o lido com 
experiências vividas, ouvidas, presenciadas e/ou ainda, com 
outras leituras. Saber ler é saber recriar o lido em outras 
atividades, sejam de escrita (é registro, é memória), de jogo lúdico 
e cênico, de artes plásticas, de fixão de letras, sílabas, ortografia, 
etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
39 
 
 
 
 
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