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0 UNIP – Universidade Paulista Educação a Distância Curso: Pedagogia ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO SÉRIES INICIAIS FEITOSA ADRIANA APARECIDA MARQUES RA: 1619599 SOUSA FRANCISMARA DE RA: 1603374 SILVA JUSCINA OLIVEIRA DE CALDAS RA: 1621783 ALBORGUETE NEUZELI RA: 1611195 KESTER VANILDA MORAES RA: 1621757 PIMENTA BUENO 2018 1 ADRIANA APARECIDA MARQUES FEITOSA RA: 1619599 FRANCISMARA DE SOUSA RA: 1603374 JUSCINA OLIVEIRA DE CALDAS SILVA RA: 1621783 NEUZELI ALBORGUETE RA: 1611195 VANILDA MORAES KESTER RA: 1621757 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO SÉRIES INICIAIS Pimenta Bueno 2018 Trabalho monográfico – Curso de Graduação – Licenciatura em Pedagogia, apresentado à comissão julgadora da UNIP EaD sob a orientação do professora Celina U. F. Nascimento. 2 FOLHA DE APROVAÇÃO 3 AGRADECIMENTO Agradecemos primeiramente a Deus por nos dar forças e oportunidades para nós seguirmos nossas vidas acadêmicas, agradecemos de coração Pablo Luiz Moraes Teles, por nos ajudar muito. 4 DEDICATÓRIA Aos nossos queridos diretores da escola Assunta Maria Gianini Favaleça que, muitas vezes nos socorreram durante a nossa trajetória acadêmica. Muitas eram as nossas dúvidas. E por isso nós fazemos esta homenagem ao diretor Lourisvaldo Lisboa de Souza e a vice- diretora Dirce Leme Domingues Barbosa. 5 RESUMO O tema proposto para este trabalho refere-se à alfabetização e Letramento na Educação Infantil no processo educativo na primeira infância. Para tanto, o presente estudo expõem a diferença entre o que é a alfabetização e letramento na Educação Infantil. A metodologia aplicada se constitui em um levantamento conceitual da temática acima descrita, com base na alfabetização e letramento. Com o estudo, pode se observar a importância em ter uma Educação Infantil com o objetivo de cuidar e educar, e que o ato de ler e escrever deve começar a partir da primeira infância para que os mesmo consigam uma compreensão muito abrangente de ler o mundo. Considera-se que é fundamental valorizar o conhecimento que os alunos trazem consigo, essa bagagem tem que ser valorizada em sala de aula, para então trabalhar os conhecimentos sistematizados e construídos pela humanidade. E por fim o estudo apresenta sugestões para que a alfabetização e letramento ocorram no dia a dia. Palavras-chave: Educação Infantil, Alfabetização e Letramento. 6 ABSTRAT The theme proposed for this work refers to Literacy and Literacy in Early Childhood Education in the educational process in early childhood. Therefore, the present study exposes the difference between what literacy and literacy is in Early Childhood Education. The applied methodology constitutes a conceptual survey of the subject described above, based on literacy and literacy. With the study, one can observe the importance of having an Early Childhood Education for the purpose of caring and educating, and that the act of reading and writing should start from early childhood so that they can achieve a very comprehensive understanding of reading the world. It is considered that it is fundamental to value the knowledge that the students bring with them, this baggage has to be valued in the classroom, to then work the knowledge systematized and built by humanity. Finally, the study presents suggestions for literacy and literacy to take place day by day. Keywords: Early Childhood Education, Literacy and Literacy. 7 LISTA DE FOTOS IMAGEM 1............................................................................................................................26 IMAGEM 2............................................................................................................................27 IMAGEM 3............................................................................................................................28 8 Sumário INTRODUÇÃO ....................................................................................................................09 II. O MUNDO ALFABETICO DAS CRIANÇAS ....................................................................12 II.I COMO SURGIU A ALFABETIZAÇÃO ............................................................................12 II.II ALFABETIZAÇÃO .........................................................................................................14 II.III LETRAMENTRO...........................................................................................................16 II.IV A CRIANÇA DE HOJE ...............................................................................................158 II.V A FORMAÇÃO DE PROFESSORES(AS) DA EDUCAÇÃO INFANTIL .........................20 II.VI COMO REALIZAR A LEITURA COTIDIANA EM SALA DE AULA QUE TENHA SIGNIFICADO PARA A CRIANÇA? ..................................................................................192 II.VII A UTILIZAÇÃO DO LÚDICO COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA PARA A ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO ................................................................................214 II.VIII ENSINO DA LINGUA ESCRITA ...............................................................................239 II.IX A IMPORTANCIA DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO ...................30 II.X PNAIC – PACTO NACIONAL DA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA ...................301 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .........................................................................................313 ARGUMENTAÇÃO E DISCUSSÃO ....................................................................................35 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................36 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................39 9 INTRODUÇÃO As razões da escolha deste tema foi a nossa identificação pelo mesmo e a necessidade de aprofundamento como futuras educadoras, por entender que alfabetização e letramento serão conhecimentos importantes nas nossas profissões, seja como docente ou gestoras de Escola da Educação Básica. A alfabetização é o processo de aprendizagem onde se desenvolve a habilidade de ler e escrever, já o letramento desenvolve o uso competente da leitura e da escrita nas práticas sociais. Então, uma das principais diferenças está na qualidade do domínio sobre a leitura e a escrita. Enquanto o sujeito alfabetizado sabe codificar e decodificar o sistema de escrita, o sujeito letrado vai além, sendo capaz de dominar a língua no seu cotidiano, nos mais distintos contextos. Como ponto de partida desta abordagem, serão apresentadas algumas concepções que fundamentarão esta proposta e que, por essa razão, poderá ser retomada ao longo desse trabalho. São pressupostos que devem estar presentes em todas as reflexões atualmente desenvolvidas em torno da aprendizagem e do ensino da alfabetização. A alfabetização na educação infantil é atualmente um dos assuntos relevantes, pois em uma sociedade caracterizada pelo conhecimento, pelas constantes mudanças,pelas tecnologias e suas modernidades etc. Vem destacando-se qual é o papel da educação infantil, cuidar ou educar, ou ambos, para uma alfabetização eficiente e eficaz. O leitor encontrará neste documento questões que evidenciam a importância do alfabetizar e letrar em sala de aula, os caminhos que o alfabetizador necessita percorrer para que possa encontrar resultados positivos na busca, diante de formações e estudos mais aprofundados, pois a pesquisa apontou a complexidade deste processo e a necessidade de formação continuada. Por fim, descrevo no decorrer desta busca, as leituras e observações organizadas em cada capítulo. As diferentes abordagens de alfabetização e letramento, apresentando a ideia e a trajetória de alguns autores sobre o tema. Abordaremos sobre alguns entendimentos quanto aos objetivos das novas políticas públicas de alfabetização, e as implicações das mesmas no processo de alfabetização nos anos iniciais. Além disso, discorro sobre o PNAIC- Pacto Nacional da Alfabetização na Idade Certa, considerando que tem orientado a formação continuada dos professores dos anos iniciais, primeiro a terceiro ano, discutindo a concepção de alfabetização e letramento, bem como, propondo práticas inovadoras para esse processo. As mudanças ocorridas nas últimas décadas reconhecem a criança como um sujeito de direitos, instituída pela Lei n. 9.394/96 que considerada a primeira etapa da educação básica, tendo como objeto de estudo e prática dois conceitos que devem estar em constante 10 movimento nas instituições infantis: o cuidar e o educar. O primeiro já é conhecido e praticado - a alimentação, higiene e vestuário, ou seja, o cuidar. Já no segundo conceito, educar, surgiu a partir da promulgação da lei supracitada, como algo que requer uma formação específica. O significado da palavra “educar”, podemos encontrar da seguinte maneira: “promover a educação de (alguém), ou sua própria educação; instruir-(se)”, conforme relata Ferreira (1988). Assim sendo, compreende-se que este estudo é de suma importância, o que certamente poderá contribuir para o incentivo a mudanças visando uma educação infantil, orientando o envolvimento dos pais, alunos e comunidade e assim podendo e devendo interagir no processo de ensino/aprendizagem, resultando na melhoria da qualidade educativa. Portanto o presente trabalho tem relevância na discussão do tema ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: cuidar e/ou educar”, nos remete ao contexto de uma sociedade grafocêntrica que influência no processo de aprendizagem desde os primeiros estímulos. A alfabetização não se encontra mais sozinha. Hoje a proposta é alfabetizar letrando. O principal objetivo desse trabalho é mostrar como podemos oferecer um espaço de acesso à leitura e escrita antes do ensino fundamental, sem que isso prejudique a aprendizagem lúdica que as crianças devem ter. Contribuir no processo de alfabetização e letramento dos alunos através de atividades lúdicas, que alimentem o imaginário infantil e contribuam para o desenvolvimento da leitura e escrita; Buscar parcerias com as famílias das crianças, propondo uma parceria de confiança e qualidade, onde família e escola buscar visar à qualidade de ensino do educando. Adquirir competência na leitura e escrita; Conhecer alguns portadores de texto; Escrever ortograficamente correto; Saber interpretar vários tipos de texto; Reconhecer o jogo como ferramenta didática imprescindível no processo ensino aprendizagem; Planejar atividades lúdicas voltadas para o domínio do sistema alfabético, leitura e produções de textos. Esta pesquisa também se justifica no sentido de reforçar o cabedal pessoal acerca do tema proposto, visto que, ao atuar na área pedagogia, depara-se constantemente com alunos com dificuldades de compreensão acerca de ortografia, realidade essa que exige uma alteração do cenário, entendendo que o aprimoramento da leitura e conhecimento das letras seria o início atual para essa perspectiva. Emília Ferreiro, quando estudou as concepções que as crianças apresentam sobre a escrita, demonstrou estas etapas, chamadas de fases ou níveis de desenvolvimento na 11 construção do pensamento em relação à linguagem escrita (pré-silábico, intermediário I, silábico, intermediário II ou silábico alfabético e alfabético.). Essa pesquisa foi realizada através de pesquisas feitas em livros, totalmente bibliográfica, não havendo pesquisa de campo. II. O MUNDO ALFABETICO DAS CRIANÇAS II.I COMO SURGIU A ALFABETIZAÇÃO 12 Entre 1960 aos dias atuais, houve vários programas de alfabetização em nosso país. Alguns com pouca duração, por serem considerados comunistas e outros que mesmo não surtindo os efeitos almejados, tiveram maior intensidade. O primeiro programa de alfabetização no Brasil foi o MEB – Movimento de Educação de Base, que surgiu com a iniciativa da igreja católica e previa a colaboração do Governo Federal com o repasse dos recursos para a CNBB – Confederação Nacional dos Bispos Brasileiros, que desenvolveria o programa por meio de suas emissoras católicas. As áreas beneficiadas, prioritariamente, eram: as regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste, além do estado de Minas Gerais, por apresentarem altos índices de subdesenvolvimento. O, MEB tinha como conceito, dentre outros: …entende-se como educação de base o processo de autoconscientização das massas, para a valorização plena do homem e uma consciência crítica da realidade (…). Concomitantemente, deve propiciar todos os elementos necessários para capacitar o homem a participar do desenvolvimento integral de suas comunidades e de todo o povo brasileiro (RAPÔSO, 1995). A sua desestruturação se deu por ser interpretado como teor comunista, ficando além da igreja, os poderes sociais lutando pela sua continuidade, o que terminou ficando, durante algum tempo, implantado em apenas duas regiões do Brasil. Posteriormente, foi sucedido pelo MPC – Movimento de Cultura Popular que tinha como meta a alfabetização de grupos de debate, cujos objetivos eram obter resultados positivos tais como, escrever e ler textos simples, porém sem sucesso pela falta de recursos e sendo extinto pelos militares. Uma outra tentativa de melhoramento no processo de alfabetização foi o CPC – Centro Popular de Cultura, criado pela UNE – União Nacional dos Estudantes em parceria com artistas e intelectuais que almejavam levar a cultura aos menos favorecidos através da utilização de livros de literatura na alfabetização. Sem a obtenção do sucesso a que se pretendia, o governo resolveu implantar a CEPLAR – Campanha de Educação Popular que utilizava a metodologia freiriana e tinha como objetivo principal, a conscientização da importância da alfabetização na sociedade. Depois de várias tentativas que não consolidavam as expectativas do governo, criou- se entre 1967 a 1985 mais um outro programa intitulado MOBRAL – Movimento Brasileiro de Alfabetização. As estratégias desse programa eram exclusivas dos militares e o objetivo central era eliminar o analfabetismo no Brasil, no menor espaço de tempo possível e tinha, como sinalizadores positivos, as metodologias freirianas. (…) como o processo que auxilia o homem a explicitar suas capacidades, desenvolvendo-se como pessoa que se relaciona com outras e com o meio, adquirindo 13 condições de assumir sua responsabilidade como agente e seu direito como beneficiário do desenvolvimento econômico, social e cultural (JANNUZZI, 1979) O MOBRAL era composto por outros subprogramas secundários com objetivos que se diversificavam: aprender a ler, escrever e contar, aperfeiçoar o próprio vocabulário, ganhar senso de responsabilidade, motivar a criatividade cognitiva e desenvolver o raciocínio lógico. Os recursos financeiros que lhe davam suporte eram extraídosda Loteria Esportiva e do Imposto de Renda, investimentos que, mais uma vez, não consolidaram as expectativas do governo, pois investia-se muito no aluno mas talvez sem um planejamento adequado. Contudo, após um período de 18 anos, excluiu-se esse programa implantando, em seu lugar a Fundação Educar. Esse era de inteira competência do MEC – Ministério da Educação e Cultura, inclusive com apoio financeiro que, por sua vez, era repassado para as prefeituras e tinha como objetivo, viabilizar a alfabetização aos que não tiveram acesso à escola ou saíram dela prematuramente. Ao longo dos anos vem-se enfrentando o grave problema do analfabetismo no Brasil. Os investimentos na educação básica, mais precisamente nos anos iniciais do ensino fundamental tem sido fato, mas talvez pela falta de conhecimento, cultura ou conscientização, parte da sociedade não tem levado a sério a importância da formação científica que deve começar pela alfabetização. Atualmente, o Brasil considera como alfabetizado o indivíduo que tenha concluído o 5º ano do ensino fundamental, pois este tem apropriação da leitura e da escrita e de seus usos sociais, ou seja, escreve para outros e lê o que os ouros escrevem. De modo que a estatística do analfabetismo no Brasil fica considerada alta, tendo em vista, o cálculo com base nesse critério. O Brasil já avançou, consideravelmente, na primeira etapa da educação básica, porém não foi o suficiente para mostrar progressos visíveis ao pleno domínio de habilidades para inserção na estatística de uma sociedade letrada. Isso porque grande parte dos educandos podem até aprender a ler e a escrever mas não consegue usar tais ferramentas no seu dia a dia. A alfabetização não se encontra mais sozinha. Hoje a proposta é alfabetizar letrando. II.II ALFABETIZAÇÃO Historicamente o conceito de alfabetização se identificou ao ensino-aprendizado da tecnologia da escrita, quer dizer, do sistema alfabético de escrita, o que em linhas gerais, significa na leitura, a capacidade de decodificar os sinais gráficos, transformando-os em 14 sons, e, na escrita, a capacidade de codificar os sons da fala, transformando-os em sinais gráficos. Alfabetização é o ensino da língua escrita, conhecer, utilizar e valorizar os modos de produção e de funções sociais da escrita. No caso da alfabetização mais especificamente, o ano de 1789 representa o marco fundamental da associação duradoura entre a alfabetização e a escola, embora apenas 1990 esta associação realmente se efetivasse. Foi neste ano, durante a “Conferência Mundial sobre Educação para Todos”, que a alfabetização passa a ser entendida como um instrumento eficaz de aprendizagem da leitura e escrita, ou em outras palavras, passa-se a entender, de que a alfabetização comporta a aprendizagem coletiva e simultânea da leitura e da escrita. É a partir deste período que surgem movimentos de defesa de uma alfabetização mais abrangente e que superasse a mecanização deste ensino. Que a alfabetização, desde o início ensinasse simultaneamente à aquisição dos mecanismos básicos da leitura e da escrita, “o desenvolvimento da comunicação e expressão com ênfase no processo de produção e utilização de textos” (Krammer, 1986, p.19). A criança para se alfabetizar terá que interagir com outras pessoas, ter contato com muitos textos de diferentes gêneros disponíveis na sociedade e, principalmente, produzir seus próprios textos. Na medida em que a alfabetização recebe novos entendimentos e novas dimensões, principalmente quando é compreendida como um conhecimento importante para a sociedade e, também para a inserção da criança nesta sociedade, vai exigindo uma escola mais comprometida com este entendimento, o que implica em práticas adequadas e de profissionais preparados/engajados para dar conta desta aprendizagem. Os educadores cientes de que o acesso ao mundo da escrita é em grande parte responsabilidade da escola, têm clareza sobre a necessidade de entender a alfabetização como um conhecimento complexo, pois, à eles cabe trabalhar as múltiplas possibilidades de uso da leitura e escrita na sociedade. Neste sentido, há um movimento (embora outros o questionem) de que as práticas de alfabetização devam ser orientadas de um modo que se 9 promova a alfabetização juntamente com a perspectiva do letramento, assim como, entre outros pesquisadores, Soares (2001), defende o uso desse exercício. [...] implica habilidades várias, tais como: capacidade de ler ou escrever para atingir diferentes objetivos para informar ou informar-se, para interagir com os outros, para imergir no imaginário, no estético, para ampliar conhecimentos, para seduzir ou induzir, para divertir-se, para orientar-se, para apoio á memória, para catarse...: habilidades de interpretar e produzir diferentes tipos e gêneros de textos, habilidades de orientar-se pelos protocolos de leitura que marcam o texto ou de lançar mão desses protocolos, ao escrever: atitudes de inserção efetiva no mundo da escrita, tendo interesse e informações e conhecimentos, escrevendo ou lendo de forma diferenciada, segundo as 15 circunstancias, os objetivos, o interlocutor [...]. (SOARES, 2001, p. 92). Analisando o conceito de alfabetização, agora já articulado ao letramento- é importante analisar também, as contribuições de Paulo Freire, pioneiro em dar à alfabetização um caráter político, havendo a necessidade da mesma considerar a compreensão de mundo das relações políticas, econômicas e sociais, pois se aprende a ler e a escrever para poder participar nesta e desta sociedade como sujeito de direitos. Então, para Freire, trabalhar a alfabetização em uma perspectiva do letramento (embora nunca tenha se referido a esta terminologia) é uma opção política. Embora os debates sobre esta visão de alfabetização já estejam bastante evidenciados, pelo menos na teoria, ainda há profissionais que não buscam conhecer a realidade cultural dos sujeitos em ação, e continuam ao reducionismo de que alfabetizar é somente trabalhar com o código alfabético, marginalizando com isso a criança como sujeito protagonista e coautora deste processo de aprender a ler e escrever. A alfabetização, nesta nova perspectiva já não é mais tarefa exclusiva de único professor, mas é compromisso de toda a escola e também da própria sociedade. Atualmente o desafio é de que todos, em parceria, trabalhem juntos, produzindo didáticas de alfabetização que realmente ensinem e não permitam a criança ou o jovem sair da escola sem este conhecimento tão necessário para sua integração no mundo comandado pela linguagem. Antes dessa descoberta importante, pesquisadores como Vygotsky e Luria já haviam estudado e descrito o que leva uma criança a escrever, ou seja, que trajetória possibilita que as crianças aprendam a ler e a escrever. Esses estudiosos investigaram a “préhistória da linguagem escrita”, que, para eles, começa com o aparecimento do gesto, que contém a futura escrita. “O gesto é a escrita no ar”, diz Vygotsky (1989, p. 121). Entre os gestos e a escrita, há dois domínios: os rabiscos e os jogos das crianças. Por meio deles, as crianças atribuem significado aos objetos e ao mundo que as rodeia. Por meio dos gestos (apontar com o dedo, dramatizações, mímicas), rabiscos e jogos (no sentido de brincadeiras infantis inventadas quando as crianças estão sozinhas ou junto com outras crianças), elas atribuem a função de signo ao objeto e lhe dão significado (VYGOTSKY, 1989, p. 123). A representação simbólica na brincadeira é, essencialmente, para Vygotsky, uma forma particular de linguagem num estágio precoce, atividade essa que leva, diretamente, à linguagem escrita. Por isso, no processo de alfabetização, as crianças precisam aprender não apenas o uso e as funções do código escrito, mas sim a linguagem escrita. II.III LETRAMENTO Letramento é a capacidade de fazer uso adequadoda leitura e da escrita utilizadas, conjugando-as com as práticas orais. O conceito de permite a identificação da concepção de língua que orienta as atividades da escola nos primeiros anos do ensino fundamental. Não é possível considerar a língua só como instrumento de transmissão de mensagens, 16 veículo de comunicação por meio do qual alguém que compreende diz ou escreve para quem deve compreender o que ouve ou vê. Letramento, segundo defensores do mesmo, como Soares (1999) e Kleimam (2007), principalmente, refere-se à apropriação da leitura e da escrita para uso social, trazendo consequências (políticas, sociais, econômicas, culturais...) para indivíduos e grupos que se apropriam da escrita, fazendo com que está se torne parte de suas vidas como meio de expressão e comunicação. O sujeito torna-se usuário da leitura e da escrita na vida social. Neste sentido, letrado é alguém que se apropriou suficientemente da escrita e da leitura a ponto de usá-las com desenvoltura, com propriedade, para dar conta das situações sociais e profissionais. Letramento é o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever, bem como o resultado da ação de usar habilidades em práticas sociais, é o estado ou condições que adquire um grupo social ou um indivíduo como conseqüência de ter-se apropriado da língua escrita e de ter-se inserido num mundo organizado diferentemente. Como são muito variados os usos sociais da escrita e as competências a eles associadas, é frequente levar em consideração níveis de letramento. O letramento é debate internacional e surgiu a partir das reflexões em torno do analfabetismo, quando se observou que embora as crianças saíssem da escola alfabetizadas, 12 esta aprendizagem não lhes dava condições de inserir-se de forma efetiva na sociedade. Surge o letramento para dar continuidade ao processo que a criança já vinha construindo antes do ingresso da escola, pois vivia numa sociedade letrada e já interagia com várias linguagens disponíveis na sociedade e, também por conviver e interagir com pessoas que já lidavam com estas linguagens e suprir as faltas ou lacunas do processo de alfabetização. Assim o letramento é o resultado de uma pesquisa sobre a situação do analfabetismo, vendo a necessidade de buscar uma aprendizagem mais efetiva, sólida e necessária aos tempos atuais. Em razão disso, a intenção não era o de substituir a alfabetização. Segundo Soares apud Carvalho (2005): no Brasil, os conceitos de alfabetização e letramento se mesclam, se sobrepõem e frequentemente se confundem: Isso não é bom, pois os processos de alfabetizar e letrar, são específicos. Alfabetizar é ensinar o código alfabético, letrar é familiarizar o aprendiz com os diversos usos sociais da leitura e da escrita (2003, p.5). O letramento está muito presente nos dias de hoje, até mesmo na educação infantil. Vivemos em uma sociedade letrada ou uma sociedade grafocêntrica, ou seja, a escrita como centro de tudo e para mantermos as relações sociais há necessidade de cada vez mais estreitar a escrita como o principal vetor, e para que isto ocorra no processo do ensino/aprendizagem deve aparecer desde as atividades do cotidiano do discente, passando pelas relações socioculturais e ambientais e do seu convívio familiar. Hoje no Brasil se busca muito nas escolas reduzir os índices de reprovações do que os do analfabetismo e isso mascara a realidade. A sociedade precisa dar mais atenção à formação de cidadãos que saibam ler e escrever de tal maneira que possam apropriar-se destas práticas sociais no seu cotidiano. É neste sentido que letramento se torna importante 17 no processo de aprendizagem, não apenas na leitura e da escrita, mas também nas áreas do conhecimento que compõem o currículo escolar. Ler é entrar em outros mundos possíveis. É indagar a realidade para compreendê-la melhor, é se distanciar do texto e assumir uma postura crítica frente ao que se diz e ao que se quer dizer. II.IV A CRIANÇA DE HOJE Atualmente a concepção de que a criança é um ser com características bem diferentes das dos adultos, um ser particular e de direitos, tem gerado as maiores mudanças na Educação Infantil. Essa nova concepção tem tornado o atendimento às crianças de 0 a 6 anos ainda mais específico, exigindo do educador uma postura consciente de como deve 18 ser realizado o trabalho com as crianças pequenas, mostrando-lhe as suas especificidades e as suas necessidades enquanto criança e enquanto cidadão. Outro ponto fundamental é o processo de socialização que a criança vivencia no âmbito familiar nos seus primeiros anos de vida, onde aprende boa parte da cultura materna. E, posteriormente, no ambiente escolar, onde conhece outras realidades distintas das vivenciadas em família, como aponta Ferreira (2000). [...] a Sociologia da família, ao privilegiar a socialização das crianças pequenas, sobrevalorizando as questões que se prendem com as aprendizagens básicas centradas em torno da relação mãe-filho, tem-nas construído como uma idade associal, de espera e dependência, circunscrita a um período de vida que se entende desde o nascimento até à entrada para a escola primária (0-6 anos). Mas se deduz, a partir dos contributos da Sociologia da família que a infância começa com o nascimento, ela não acaba aos 6 anos, ficando, ausentes as idades que se seguem [...]. (FERREIRA, 2000). Para Ferreira (2000), a família promove os primeiros ensinamentos às crianças enquanto são dependentes, e esse período de dependência, por vezes, se perpassa até a entrada da criança à escola. [...] a escola enquanto instituição social representa o tempo que organiza, molda e orienta todos os outros tempos da infância, o local onde se realiza a socialização secundária das crianças e se assiste ao processo da sua escolarização, ou seja, onde se processa a aprendizagem da trilogia: leitura, escrita e cálculo, bases fundamentais para aceder à cultura letrada. (FERREIRA, 2000). A criança passa por várias transformações durante a infância. Em seus primeiros anos de vida, os pequenos se deparam com diversas situações de confronto, sentimentos diferentes, situações de disputa, entre outras descobertas que fazem a criança começar a perceber que no ambiente onde vivemos há infinitas regras de convivência e leis preestabelecidas pela sociedade. Tais situações fazem com que os pequenos comecem a entender a realidade do mundo em que vivem, aprendendo a lidar com os acontecimentos do cotidiano e a conviver com as outras pessoas. Os pequenos participam das relações sociais, desenvolvem-se através da interação com o outro e com o meio em que vivem. As crianças buscam participar dessas relações se aproximando e se apropriando de comportamentos e valores que permeiam a realidade em que vivem. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil6 (RCNEI) traz a concepção de infância como construída historicamente e a ideia de que atualmente não há apenas uma maneira de se considerar a criança, pois há múltiplas diversidades de 19 realidades sociais, culturais, étnicas e etc. que podem interferir nessa noção de infância. Sabemos que existem crianças que trabalham, que são exploradas, que sofrem maus tratos e abusos, que não possuem seus direitos garantidos. II.V A FORMAÇÃO DE PROFESSORES (AS) DA EDUCAÇÃO INFANTIL Há algum tempo, a formação do professor que atua em cursos de formação vem sendo colocada em discussão e apontada como uma das responsáveis pela falta de qualidade do ensino. São enumerados vários aspectos dessa formação, desde a falta de relação entre o que é estudado e a realidade profissional, até a desvalorização da profissão. 20 Hoje se tem muitas modalidades de formação e de tempos diferentes,o que torna ainda mais difícil fazer uma avaliação adequada sobre a formação oferecida nestes espaços. As experiências vividas, as relações teóricas-práticas, a pluralidade de saberes, a leitura e a reflexão sobre os clássicos do pensamento pedagógico são alguns dos pontos que se espera que possa experimentar quem passa por um processo de formação, mas a realidade mostra que é isso bem diferente. Há lacunas enormes entre o que esperamos da formação do professor e a forma como ela acontece, e isto fica evidenciado pelas práticas pedagógicas desenvolvidas nas escolas. De acordo com Saviani, (2008: 323-324) As representações a respeito da profissão são construídas num entrelaçamento entre: como quem escolhe a profissão e a vê, como os outros falam a respeito da mesma (seus familiares, amigos, meios de comunicação) e como as experiências são vividas enquanto aluno. Elas são permanentemente reelaboradas e reconstruídas. Em síntese, pode-se afirmar que a imagem que temos de nós mesmos e de nossa profissão vem muito daquilo que seus membros são, do que fazem e da exteriorização de seus valores. Há alguns fatores que contribuem para o processo de conhecimento significativo dentro da perspectiva da formação profissional, colaborando e concebendo novas maneiras de trabalhar a autonomia. Tais fatores são responsáveis por promover a formação de sujeitos críticos e atuantes, alguns dos quais podemos citar resumidamente: afetividade, intencionalidade pedagógica, ressignificação curricular com base na interdisciplinaridade, práxis embasada nos pilares do conhecimento, pesquisas de cunho científico, parcerias e formação continuada do professor envolta no comprometimento, na ousadia, na humildade e na coerência em busca de novas possibilidades no processo de ensino e aprendizagem. Outro fator de fundamental importância é a formação dos professores, a qual precisa ser repensada, para que venha a atender as necessidades encontradas nas escolas, e para que os profissionais possam se sentir capazes de atuarem satisfatoriamente diante do contexto existente. Mas, além disso, os professores devem ir em busca de novos conhecimentos e habilidades a fim de se apropriarem teoricamente de novos conceitos e criarem suas próprias concepções para trabalhar com as crianças. Até meados da década de 90, os profissionais responsáveis pelo cuidado das crianças na pré-escola não necessitavam de cursos especializados na área. Com a LDB de 1996, os profissionais que iriam cuidar e educar as crianças entre zero e seis anos de idade precisariam de curso profissional de magistério23. A Lei, também determina que, no prazo de dez anos, esse curso seja superior, ou seja, a graduação em pedagogia. Para Cerisara (2002), a LDB de 96 fez uma determinação de que todas as profissionais de educação infantil tivessem formação superior na área, sem subsidiar e dispor condições para que isto fosse possível. A demanda de curso aumentou consideravelmente, porém muitas dessas mulheres não possuíam nem o ensino fundamental, e o decreto deu o prazo de dez anos para a regularização. E com toda a pressão, a obrigação se transformou em opção, e o magistério passou a ser suficiente para trabalhar com as crianças. 21 Ao longo de muitos anos, vivemos num sistema educacional tradicionalista, em que os professores mantinham o mesmo comportamento em toda a sua trajetória na educação. Atualmente, na formação acadêmica de um pedagogo, coloca-se a permanente necessidade de mudança e busca pela mesma após a formação. O cotidiano apresenta sempre desafios para que as mudanças nas atitudes e nos comportamentos ocorram. O professor não deve se prender na rotina, e, sim, buscar sempre o novo, que significa interrupção, transformação dos hábitos e de tudo que faz parte da rotina. II.VI COMO REALIZAR A LEITURA COTIDIANA EM SALA DE AULA QUE TENHA SIGNIFICADO PARA A CRIANÇA? Em busca de resultados significativos e ascendentes com os alunos do 1º ano do Ensino Fundamental I na alfabetização, vimos necessidade de inovar as aulas com base em estudos realizados enquanto professora alfabetizadora e envolvida no trabalho do PNAIC (Pacto Nacional Pela Alfabetização na Idade Certa) que tem como objetivo principal a alfabetização das crianças até oito anos de idade. Considerando esta faixa etária a mais 22 propensa para que o aprendizado seja mais significativo, a professora planeja as aulas de leitura para suas turmas de alfabetização, tendo como objeto de estudo o texto, utilizando a leitura do mesmo como uma das intervenções para a alfabetização de seus alunos. Os PCN enfatizam que a prática de leitura em voz alta feita pelo professor é algo raro e, com o passar dos anos de escolaridade, a criança ouve cada vez menos a leitura do professor. Destacam que o modelo de um bom leitor se torna ainda mais necessário com o avanço da aprendizagem. Denota-se no mesmo documento que “Uma prática de leitura na escola é, sobretudo, necessária, porque ler ensina a ler e a escrever.” (BRASIL,1997, p.43). Notamos com o estudo deste fragmento que o ato de ler pode ser uma base para o aprendiz sobre o ato de escrever, pois traz na leitura uma perspectiva de base teórica ascendente no processo de alfabetizar letrando. Quando o professor lê para sua classe ela está alimentando a criatividade e o poder de criação da criança que o ouve. Devido a isso, a leitura em voz alta feita pelo professor não pode ser algo esporádico. Todas as leituras têm um objetivo, na escola a leitura possui múltiplos objetivos sendo que um dos mais significantes está em ler por prazer, pois nesse prazer muitos processos cognitivos são disparados no interior do aprendiz que ao longo de sua vida o levará a ser um verdadeiro leitor. Como leitor, o professor também deve demonstrar sua compreensão e interpretação do texto lido, deixando claro que um mesmo texto, principalmente os literários, pode ter várias “leituras” e que trocar ideias e comparar pontos de vista contribui para a melhor compreensão do que se lê. Paulo Freire (1989), ao afirmar que ler o mundo ocorre antes de ler palavras, supõe que estreitar a nossa relação como mundo imaginário do aluno, onde a busca de novos conceitos acontece naturalmente, é uma das formas de ler para o aluno que, ao ouvir, busca em seu conhecimento de mundo, suas necessidades, ansiedades, crenças e desejos. Pode- se afirmar não erroneamente que ler mediante essa perspectiva fará realmente sentido ao aluno. Desde seus primeiros anos de vida a criança tem o hábito de construir um mundo imaginário que acompanhada por longo período de sua infância, este mundo vem alicerçado por uma imaginação fértil e rica em práticas de leitura. Quando ingressa na escola, toda a gama de conhecimento não é explorada ou não se alimenta aquilo que ela já possui, isso se perde e toda a capacidade imagética diante de uma escola empenhada em produzir alunos com competências e habilidades de ler e escrever dentro do contexto escolar. Outro fator relevante sobre o processo de leiturização refere-se aos objetivos aos quais o ato de ler deve se vincular. Segundo os PCN de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental, A leitura, como prática social, é sempre um meio, nunca um fim. Ler é resposta a um objetivo, a uma necessidade pessoal. Fora da escola, não se lê só para aprender a ler, 23 não se lê de uma única forma, não se decodifica palavra por palavra, não se responde a perguntas de verificação do entendimento preenchendo fichas exaustivas, não se faz desenho sobre o que mais gostou e raramente se lê em voz alta. Isso não significa que na escola não se possa eventualmente responder perguntas sobre a leitura, de vez em quando desenhar o que o texto lido sugere, ou ler em voz alta quando 247 necessário. No entanto, uma prática constante deleitura não significa a repetição infindável dessas atividades escolares. (BRASIL: 1997, p. 41) O documento exemplifica fatos do cotidiano escolar e levanta situações às quais se devem dar a atenção necessária. Decodificar palavras se aprende também na escola com algumas atividades planejadas para este objetivo, todavia, aponta-se para que isso não seja o fundamental do processo, ou seu fim. Também traz no trecho do documento que não é repetindo séries de leitura que o aluno se tornará o leitor ideal. Caracteriza-se, portanto o papel do professor leitor como modelo ao aluno que tendo um bom modelo de leitor pode vir a ser também leitor exemplar. II.VII A UTILIZAÇÃO DO LÚDICO COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA PARA A ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO É impossível não perceber a importância que se vem concedendo, em escala cada vez mais crescente, ao mundo dos símbolos. Em todos os lugares, a todo instante, estamos rodeados por informações expressas por meio de letras, números, sinais, desenhos, mapas. Assim sendo, para desempenhar desde as mais simples atividades cotidianas às mais complexas, é necessário ler, interpretar, compreender, escrever com autonomia. Portanto, não nos resta dúvida de que na escola, importante agência de letramento, primeiramente “[...] é necessário reconhecer que alfabetização – entendida como a aquisição do sistema convencional de escrita – distingue-se de letramento – entendido como o desenvolvimento de comportamentos e habilidades de uso competente da leitura e da escrita em práticas sociais […]” (SOARES, 2004, p.20). Além disso, é relevante compreender que 24 é importante ir muito além do domínio do código escrito. Nosso desafio se constitui em “alfabetizar letrando, ou letrar alfabetizando, pela integração e articulação das várias facetas do processo de aprendizagem inicial da língua escrita [...].” (SOARES, 2004, p.22). A alfabetização e o lúdico são inseparáveis. O ambiente lúdico é o mais propício para a aprendizagem e produz verdadeira internalização da alfabetização e do letramento. O brincar pedagogicamente deve estar incluído no dia-a-dia das crianças. Dessa forma será proporcionado o desenvolvimento das capacidades cognitivas, motora, afetiva, ética, estética, de relação interpessoal e de inserção social e a aprendizagem específica da alfabetização. Ao brincar, a criança tem a possibilidade de conhecer seu próprio corpo, o espaço físico e social. Brincando, a criança tem oportunidade de aprender conceitos, regras, normas, valores e também conteúdos conceituais, atitudinais e procedimentos nas mais diversas formas de conhecimento. O lúdico favorece a autoestima da criança e a interação de seus pares, propiciando situações de aprendizagem e desenvolvimento de suas capacidades cognitivas. É um caminho que leva as crianças para novas descobertas, revelando segredos escondidos explorando, assim, um mundo desconhecido. A criança brincando o tempo todo e em todo o tempo. Por isso que a comida, o lápis, os sapatos, tudo se torna brinquedo. Quando está sem nenhum objeto seu corpo torna-se um brinquedo. O brincar é uma atividade própria da criança, dessa forma, ela se movimenta e se posiciona diante do mundo em que vive. Na alfabetização e no letramento ela não brinca por brincar, ela brinca com propósitos e com um olhar pedagógico. Com os desafios lúdicos, as professoras estimulam o pensamento, desenvolvem a inteligência, fazendo com que a criança alcance níveis de desenvolvimento que só o interesse pode provocar. A alfabetização e o letramento acontecem de forma contínua na vida criança e, quando o lúdico está presente nas práticas educativas, nas atividades de aprendizagem, nos momentos de atividades mais livres, desperta a criança para o prazer de estar na escola e de aprender. Assim, elas criam um espaço de experimentação e descoberta de novos caminhos de forma alegre, dinâmica e criativa. O “sussurrofone” é um instrumento que permite a captação individual da voz, amplificação e retorno desse som para quem o estão utilizando. O artefato, feito com conexões e tubos de PVC, foi adaptado de um aparelho semelhante, o “Whisper Phone”, utilizado nos Estados Unidos. Com ele, as crianças escutam a própria voz, mesmo quando falam baixinho. É semelhante ao que acontece quando falamos com os dois ouvidos tampados. Ajuda muito na leitura das palavrinhas trabalhadas na alfabetização. 25 26 27 28 29 II.VIII ENSINO DA LÍNGUA ESCRITA A língua é um sistema que se estrutura no uso e para o uso, escrito e falado, sempre contextualizado. No entanto, a condição básica para o uso escrito da língua, que é a apropriação do sistema alfabético, envolve, da parte dos alunos, aprendizados muito específicos, independentes do contexto de uso, relativos aos componentes do sistema fonológico da língua e às suas inter-relações. Assim, não se trata de escolher entre alfabetizar ou letrar; trata-se de alfabetizar letrando, também não se trata de pensar os dois processos como sequenciais, isto é, vindo um depois do outro, como se o letramento fosse uma espécie de preparação para a alfabetização, ou então, como se a alfabetização fosse condição indispensável para o início do processo de letramento. O desafio que se coloca para os primeiros anos da Educação Fundamental é o de conciliar esses dois processos, assegurando aos alunos a apropriação do sistema alfabético- ortográfico e condições possibilitadoras do uso da língua nas práticas sociais de leitura e escrita. Assim, entende-se que a ação pedagógica mais adequada e produtiva é aquela que contempla de maneira articulada e simultânea, a alfabetização e o letramento. Vygotsky focaliza a escrita como uma atividade simbólica que, tal como outras atividades simbólicas (gesto, desenho, jogo, etc.), envolve a representação de uma coisa por outra, a utilização de signos auxiliares para representar significados (FONTANA e CRUZ, 1997). Um trabalho didático baseado no associacionismo, ao contrário, tende a ignorar os significados e ensina as crianças a desenhar letras e com elas construir palavras, mas não ensina a linguagem escrita. O associacionismo enfatiza de tal forma a mecânica de ler o que está escrito, que acaba obscurecendo a linguagem escrita como tal, isto é, como um sistema particular de símbolos e signos. Já para Vygotsky (1982 e 1989), a compreensão e o domínio da escrita como linguagem constitui um ponto crítico, um momento decisivo, no desenvolvimento cultural da criança. 30 II.IX A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO É muito importante para o desenvolvimento, a formação do educando e para a aprendizagem da criança, a participação e a afetividade dos pais no contexto escolar, de forma a apoiar, encorajar e estimular os filhos. O envolvimento, o interesse dos mesmos com a escola vai criar uma relação fundamental e de grande importância para o desenvolvimento cognitivo, cultural, emocional e social da criança. Muitas vezes as famílias responsabilizam os educadores pela educação de seus filhos, esquecendo a sua importância e o seu papel como educadores, e muitos professores e diretores acham que os pais não têm muito a contribuir com o aprendizado e com o currículo escolar. Muitos acham que a contribuição dos pais no processo pedagógico já se dá ao enviar seus filhos pra escola com bons modos e boa autoestima e não em participar do dia a dia da criança na escola e do projeto político pedagógico da escola. Escola e família não devem trabalhar isoladamente, ambas são responsáveis pela formação do indivíduo, pois é na família que a criança obtém o capital simbólico e social, e na escola desenvolve o capital escolar. A escolatem um importante papel no desenvolvimento da criança, deve criar condições para a criança descobrir por si mesma (FERREIRO, 2001). A família deve dedicar um tempo para as crianças, incentivando e estimulando em seu processo da alfabetização, os pais e a escola devem buscar condições, traçar metas que possa contribuir para o desenvolvimento e crescimento intelectual e social do indivíduo. 31 II.X PNAIC- PACTO NACIONAL DA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) é um compromisso formal assumido pelos Governos Federal, do Distrito Federal, dos Estados e Municípios de assegurar que todas as crianças estejam alfabetizadas até os oito anos de idade, ao final do 3º ano do ensino fundamental. Observa-se diante deste processo de formação que: Aos oito anos de idade, as crianças necessitam ter a compreensão do funcionamento do sistema de escrita; o domínio das correspondências grafofônicas, mesmo que dominem poucas convenções ortográficas irregulares e poucas regularidades que exijam conhecimentos morfológicos mais complexos; a fluência de leitura e o domínio de estratégias de compreensão e de produção de textos escritos. (PNAIC, mec.pacto.mec.gov.br). Segundo as ações do Pacto, este oferece além da formação continuada aos profissionais da área da alfabetização, recursos didáticos através de materiais que possam dar auxílio no processo de ensino e aprendizagem, buscando a avaliação sistemática dos mesmos através das atividades e construção dos alunos. Entretanto, esta proposta de ensino-aprendizagem vinda do Pacto, busca caminhos onde os profissionais na área da educação possam se inserir mais em um ensino de qualidade, proporcionando aos educandos um aprendizado de grandes conquistas e caminhos a serem seguidas. Com ênfase ao tema Alfabetização e Letramento nos Anos Iniciais, destacamos alguns volumes onde se apresenta esta proposta de ensino no Pacto Nacional da Alfabetização na Idade Certa, seguindo: Alfabetização para todos: Diferentes percursos, direitos iguais; Organização do planejamento e da rotina na área da Alfabetização e Letramento; Currículo na 18 Alfabetização: concepções e princípios; Currículo, consolidação e monitoramento do processo de ensino e de aprendizagem. Realizando algumas leituras e pesquisas, pude observar a importância deste trabalho que vem sendo desenvolvido, pois em seus volumes, destacam-se grandes barreiras, conquista e caminhos que devemos conhecer, contribuir e nos dedicarmos na busca de uma educação de qualidade, reconhecendo a importância do saber e a garantia de direito a educação para todos. O Pacto mostra todas as etapas e seus segmentos, partindo de um currículo de qualidade e processos avaliativos na escola regular e também na busca de caminhos à uma educação inclusiva. 32 É importante ressaltarmos, que a educação é um dos caminhos do exercício da cidadania e que se faz necessário respeitar os direitos de aprendizagem de todas as crianças, principalmente daquelas que apresentam necessidades educacionais especiais. Baseado na concepção de alfabetização, o Pacto em parceria com alguns pedagogos mostram a importância de compreendermos que a escrita alfabética não é um código, o qual se aprenderia a partir de atividades repetitivas e memorizadas, e que passa ser um sistema de notação, que seria alfabético. Acreditamos que com o Pacto da Alfabetização houve um maior crescimento profissional e educacional, pois as formações, os caminhos e formas diferenciadas de serem trabalhados com as crianças das séries iniciais, os conteúdos, as atividades propostas, trouxeram mais crescimento, um ensino na área da alfabetização com mais ludicidade, onde se envolve todas as áreas do saber de maneira prazerosa, educativa. A leitura e escrita, juntamente com diferentes jogos e atividades matemáticas inserem a criança numa sociedade letrada de grandes conquistas e objetivos a serem alcançados pelos profissionais. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 33 Saber ler e escrever possibilita o sujeito do seu próprio conhecimento, pois sabendo ler, ele se torna capaz de atuar sobre o acervo de conhecimento acumulado pela humanidade através da escrita e, desse modo, produzir, ele também, um conhecimento (Barbosa, 2013, p.19) No caso da alfabetização mais especificamente, o ano de 1789 representa o marco fundamental da associação duradoura entre a alfabetização e a escola, embora apenas 1990 esta associação realmente se efetivasse. Foi neste ano, durante a “Conferência Mundial sobre Educação para Todos”, que a alfabetização passa a ser entendida como um instrumento eficaz de aprendizagem da leitura e escrita, ou em outras palavras, passa-se a entender, de que a alfabetização comporta a aprendizagem coletiva e simultânea da leitura e da escrita. É a partir deste período que surgem movimentos de defesa de uma alfabetização mais abrangente e que superasse a mecanização deste ensino. Que a alfabetização, desde o início ensinasse simultaneamente à aquisição dos mecanismos básicos da leitura e da escrita, “o desenvolvimento da comunicação e expressão com ênfase no processo de produção e utilização de textos” (Krammer, 1986, p.19). Na aprendizagem “inicial”, ou seja, na educação infantil, as práticas utilizadas são geralmente, baseadas na junção de silabas simples, mecanização, memorização, codificação e copias. Normalmente os professores utilizam o método sintético e método analítico. O método sintético preserva a correspondência entre o oral e o escrito, entre o som e a grafia, ou seja, processo que consiste em partir das partes do todo, já o método analítico insiste no reconhecimento global das palavras ou orações (Ferreiro & Teberosky). Com o tempo, ocorreu o método misto, ou seja, misturavam estratégias dos métodos sintético e analítico. Segundo Rocha (2005) “a partir dos anos 50, a psicologia começou a fazer um enorme sucesso nas universidades do Brasil, e utilizaram as escolas para teste e/ou laboratório para os estudantes e pesquisadores da área. Sem formação pedagógica, sem formação linguística, os psicólogos começaram a aplicar uma variedade de testes e chegaram à conclusão de que a grande dificuldade de aprendizagem das crianças na alfabetização devia-se ao fato de as crianças repetentes serem de famílias carentes. Carentes de alimentação na infância, carentes de emoções que as motivassem para aquisição de cultura, enfim, carentes de praticamente tudo. Assim, não podiam aprender”. Diante deste motivo foi idealizado o um período que precedesse a alfabetização, o chamado “período preparatório”, no qual as crianças seriam treinadas nas habilidades básicas. Neste período seriam aplicadas atividades para as crianças, a exemplo de realizar as curvinhas, completar figuras, fazer bolinhas etc. Além da cartilha e do manual do professor, surgiu, então, o livro de “exercícios de prontidão”. Entretanto não resolveu o índice de cinquenta por cento de reprovação na primeira série manteve-se mais ou menos inalterado. (ROCHA, 2005) No início de década de 80, os resultados da pesquisa pioneira de Emília Ferreiro e Ana Teberosky, descrevendo a psicogênese da língua escrita a partir de referencial piagetiano, provocaram significativas alterações na fundamentação teórica do processo ensino aprendizagem da lectoescrita - é a habilidade adquirida de poder ler e escrever, 34 deslocando seu eixo de "como se ensina" para "como se aprende" a ler e a escrever. (ROCHA, 2005) Nesta perspectiva os conceitos de prontidão, imaturidade das crianças, habilidades motoras e perceptuais, deixam de ter sentido isoladamente, os aspectos motores, cognitivos e afetivos, devem ser estimulados, mas vinculados ao contexto da realidade sociocultural dos alunos. Segundo Rocha, 2005, essa nova concepçãode alfabetização ficou conhecida como "construtivista" e explica que o aprendizado da leitura e da escrita segue uma linha de evolução regular, - são classificados em pré-silábico, silábico e alfabético, independente da classe social do aprendiz, de ele ter/não ter cursado a pré-escola e do dialeto falado. Ferreiro e Teberosky (1986). Ensinar a ler e escrever não significa fornecer uma técnica, mas um modo cultural de se comportar. Sabe ler a pessoa que gosta de ler, não a pessoa que ler corretamente em um exame. Sabe ler a pessoa que linguagem escrita de modo correto, não o que, quando vai prestar o serviço militar, sabe escrever diante do oficial: “Sou um cidadão italiano”, como se fazia na Itália para demonstrar que se estava alfabetizado (Francesco Tonucci, 1985). Letramento, segundo defensores do mesmo, como Soares (1999) e Kleimam (2007), principalmente, refere-se à apropriação da leitura e da escrita para uso social, trazendo consequências (políticas, sociais, econômicas, culturais...) para indivíduos e grupos que se apropriam da escrita, fazendo com que está se torne parte de suas vidas como meio de expressão e comunicação. O sujeito torna-se usuário da leitura e da escrita na vida social. Neste sentido, letrado é alguém que se apropriou suficientemente da escrita e da leitura a ponto de usá-las com desenvoltura, com propriedade, para dar conta das situações sociais e profissionais. A palavra “letramento” e relativamente nova, pois no início da década de 80 ainda não ouvíamos falar sobre o assunto. Foi no ano de 1986 que Mary Kato, em seu livro “No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística”, escreve as primeiras palavras, referindo-se ao tema. Dois anos depois, em 1988, Leda Verdiani Tfouni, em um dos seus livros, - “Adultos não alfabetizados: o avesso dos avessos", “Alfabetização e letramento” em 1995. - escreve sobre a diferenciação de alfabetização e letramento. Na realidade, o termo originou-se de uma versão feita da palavra da língua inglesa "literacy", com a representação etimológica de estado, condição ou qualidade de ser literate, e literate é definido como educado, especialmente, para ler e escrever. Letramento é o estado em que vive o indivíduo que não só sabe ler e escrever, apresenta aspecto sócio-históricos, práticas psicossociais, e exerce as práticas sociais de leitura e escrita que circulam na sociedade em que vive. (SOARES, 2000; TFOUNI,1988). Kleiman (1995, p. 19), define letramento como “um conjunto de práticas sociais que usam a escrita, enquanto sistema simbólico e tecnologia, em contextos específicos, para objetivos específicos”. Para Soares (2001, p. 24): 35 [...] letramento é que um indivíduo pode não saber ler e escrever, isto é, ser analfabeto, mas ser, de certa forma, letrado (atribuindo a este adjetivo sentido vinculado a letramento). Assim, um adulto pode ser analfabeto, porque marginalizado social e economicamente, mas, se vive em um meio em que a leitura e a escrita têm presença forte, se interessa em ouvir a leitura de jornais feita por um alfabetizado, se recebe cartas que outros leem para ele, se dita cartas para que um alfabetizado as escreva (e é significativo que, em geral, dita usando vocabulário e estruturas próprios da língua escrita), se pede a alguém que lhe leia avisos ou indicações afixados em algum lugar, esse analfabeto é, de certa forma, letrado, porque faz uso da escrita, envolve-se em práticas sociais de leitura e de escrita. Da mesma forma, a criança que ainda não se alfabetizou, mas já folheia livros, finge lê-los, brinca de escrever, ouve histórias que lhe são lidas, está rodeada de material escrito e percebe seu uso e função, essa criança é ainda “analfabeta”, porque não aprendeu a ler e a escrever, mas já penetrou no mundo do letramento, já é de certa forma, letrada. (Grifo do original). Vygotsky focaliza a escrita como uma atividade simbólica que, tal como outras atividades simbólicas (gesto, desenho, jogo, etc.), envolve a representação de uma coisa por outra, a utilização de signos auxiliares para representar significados (FONTANA e CRUZ, 1997). Um trabalho didático baseado no associacionismo, ao contrário, tende a ignorar os significados e ensina as crianças a desenhar letras e com elas construir palavras, mas não ensina a linguagem escrita. O associacionismo enfatiza de tal forma a mecânica de ler o que está escrito, que acaba obscurecendo a linguagem escrita como tal, isto é, como um sistema particular de símbolos e signos. Já para Vygotsky (1982 e 1989), a compreensão e o domínio da escrita como linguagem constitui um ponto crítico, um momento decisivo, no desenvolvimento cultural da criança ARGUMENTAÇÃO E DISCUSSÃO 36 Ensinar a ler e escrever é um desafio que transcende amplamente a alfabetização em sentido estrito. O desafio que a escola enfrenta hoje é o de incorporar todos os alunos à cultura do escrito, é o de conseguir que todos os seus ex-alunos chegam a ser membros plenos da comunidade de leitores e escritores. Participar na cultura escrita supõe apropriar-se de uma tradição de leitura e escrita, supõe assumir uma herança cultural que envolve o exercício de diversas operações com os textos; entre eles os seus autores; entre os próprios autores; entre os autores; os textos e seu contexto. Para concretizar o propósito de formar todos os alunos como praticantes da cultura escrita, é necessário reconceitualizar o objeto de ensino e construí-lo tomando como referência fundamental as práticas sociais de leitura e escrita. Pôr em cena uma versão escolar dessas práticas, que mantenha certa fidelidade à versão social, requer que a escola funcione como uma micro comunidade de leitores e escritores. Os educadores cientes de que o acesso ao mundo da escrita é em grande parte responsabilidade da escola, têm clareza sobre a necessidade de entender a alfabetização como um conhecimento complexo, pois, à eles cabe trabalhar as múltiplas possibilidades de uso da leitura e escrita na sociedade. CONSIDERAÇÕES FINAIS 37 Podemos afirmar que existe uma diferença entre a alfabetização e o letramento. A alfabetização no sentido tradicional, falamos de um processo de ensino-aprendizagem mecânico, repetitivo, sem significado e fora do contexto sócio-histórico cultural da criança. No letramento, essas concepções recebem outra visão, a do desenvolvimento da educação infantil com relação à linguagem escrita e oral que parte do princípio do que a criança sabe e o que faz parte do seu meio sociocultural, trabalhando com as práticas sociais da leitura e da escrita. Identificando toda manifestação de leitura e da escrita da criança como algo singular e intercedido de significados. Na educação infantil é um dever trabalhar com a concepção de letramento com as crianças desde o momento em que está chega à educação infantil, estimulando-a a participar ativamente do processo de construção da leitura e da escrita do seu mundo. Fazer com que as crianças tenham liberdade de expressão e que possam experimentar as múltiplas linguagens, como a música, a dança, artes, leituras da literatura infantil clássica e brasileira, histórias em quadrinhos, jogos, brinquedos e brincadeiras e tantas outras, é imprescindível adotar o letramento no dia-a-dia, na primeira infância. Na Educação Infantil não deve apenas cuidar, mas educar para o mundo. O ato de ler e escrever deve começar a partir de uma compreensão muito abrangente de ler o mundo, coisa que os seres humanos fazem antes de ler a palavra. Acreditamos ainda, que o profissional da área de alfabetização ao realizar o processo de leitura e escrita, deva identificar a realidade vivida de cada criança, seus hábitos, costumes, conhecer o seu processo familiar, buscando então a criticidade de uma aprendizagem que proporcione o verdadeiro sentido do saber, pois muitas vezes a criança nãocostuma ter o hábito da leitura no âmbito familiar e ao se deparar com o ensino escolar, acaba acarretando esta dificuldade de ensino proposto pela professora, não conseguindo se identificar na alfabetização e letramento. Para que o aluno aprenda escrever, precisa primeiro de tudo ser alfabetizado, entretanto, destaco mais uma vez, que alfabetização e letramento se articulam, pois necessitamos sim criar o método de alfabetizar letrando, ou letrar alfabetizando, fazendo com que a criança no momento da leitura, ao começar conhecer, identificar as letras, formando a palavras, consiga de seu jeito já ir buscando o sentido do método de alfabetização que a professora está propondo, pois muitas vezes, só o fato de estar vendo as imagens de um livro, a criança já está criando a sua própria leitura de mundo, sendo alfabetizada, se identificando em uma cultura letrada em diferentes contextos sociais. Porém, a criança aprende mais ainda, adquire o gosto do aprender, quando encontra adultos que lhe transmitem e lhe mostrem o mundo de uma forma lúdica e desafiadora, desenvolvendo na mesma várias expectativas de ensino diante de uma leitura e brincadeiras que possam possibilitar a alfabetização num processo mais degustante, fazendo a criança imaginar, querer cada vez mais. Feil (2004, p. 44): É importante que os textos das crianças possam servir de subsidio para novas descobertas, novas situações de aprendizagens e novas construções. Saber ler, nesta visão, é ir 38 além da interpretação literal, sabendo relacionar o lido com experiências vividas, ouvidas, presenciadas e/ou ainda, com outras leituras. Saber ler é saber recriar o lido em outras atividades, sejam de escrita (é registro, é memória), de jogo lúdico e cênico, de artes plásticas, de fixão de letras, sílabas, ortografia, etc. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 39 GIRASSOL (Org.). Fábulas com moral de La Fontaine, Esopo e Samaniego. 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