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UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL DA BAHIA PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO - PROPPG PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS EDITAL PROPPG Nº 01/2021 MAILEIDE GUIMARÃES DE SOUZA CARTA DE INTENÇÃO DE PESQUISA-INTERVENÇÃO Carta de Intenção de Pesquisa-Intervenção apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Ensino e Relações Étnicos-Raciais da Universidade Federal do Sul da Bahia, como pré-requisito para ingresso no curso de Mestrado profissional no ano letivo de 2021. Linha 2: Relações étnico-raciais, interculturalidades e processos de ensino-aprendizagem. Prováveis orientadoras Profa. Dra. Cynthia de Cássia Santos Barra Profa. Dra. Francismary Alves da Silva Prof. Dr. Milton Ferreira da Silva Junior Campus: Jorge Amado CAMPUS JORGE AMADO/BA 1 2020 Sou Maileide Guimarães de Souza, licenciada em Biologia pela Faculdade de Tecnologia e Ciência (FTC), Especialista em Mineração e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), com cursos de Aperfeiçoamento em: Pós- Em Formação Docente para Educação a Distância-Instituto Federal do Espírito Santo (IFES), Libras- Instituto Federal do Rio Grande Sul (IFRS), Libras- Instituto Federal Baiano IF Baiano, Gestão de Conhecimento e Planejamento Educacional-Escola Aberta do Brasil (ESAB), A Gestão no Século XXII: Novos Paradigmas-Escola Aberta do Brasil (ESAB),discente da Pós-Graduação em Mídias digitais para Educação, pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Tive meu primeiro contato com ambiente escolar bem nova, não sabia ler e escrever, quando saímos do Distrito de Itamaraty, e mudamos para Itabuna, onde minha mãe começou a trabalhar como auxiliar de limpeza em uma escola Estadual de Itabuna, como ela não tinha com quem deixar eu e minha irmã, nós a acompanhávamos no trabalho, eu fui alfabetizada nessa mesma escola, lembro-me da sensação maravilhosa de quando eu comecei a juntar as silabas e formar palavras , percorria todo o trajeto da escola pra casa lendo todas as placas dos estabelecimentos comerciais. Terminando o ensino fundamental I , fui transferida para uma escola pública de grande porte, nesse período do ensino fundamental II, descobri que gostava de ensinar , pois minha prima morava conosco começou a trabalhar em uma escola mantida pela igreja católica do meu bairro e eu acompanhava ela todos as tardes a escola, nesse mesmo período fui convidada assumir o grupo de jovens dessa mesma igreja, onde fazíamos estudos bíblicos, sempre fui uma eximia leitora, me considero uma apaixonada por livros, nesses estudos pode perceber minha inclinação para Ateísmo, pois sempre questionei como os ensinamentos bíblicos incentivam a desigualdade de gênero. Aos 17 anos casei e comecei a trabalhar em uma escola de ensino fundamental I, como professora de alunos do maternal I. Nessa escola me apaixonei pela educação e descobri o que eu queria para minha vida. Com um tempo a escola foi extinta, e fui compelida a mudar de profissão temporariamente, onde comecei a trabalhar na área de tecnologia, no qual possuo habilidades e competências, mas por sua vez, não é uma área que me encanta como professora no ambiente escolar. Após ter dado à luz ao meu filho, voltei a estudar e iniciei uma nova caminhada, só que agora no curso de Licenciatura em Biologia. Período de grandes desafios, pois tinha que conciliar com o trabalho e com a vida familiar. Consequentemente, logo no primeiro ano da Faculdade, fui chamada para estagiar na mesma escola que fiz o ensino Fundamental II e o Ensino Médio, fui muito bem recebida por meus antigos professores, que se tornaram meus colegas de trabalho e profissão. Nessa escola pude ministrar aulas de Ciência e Biologia para alunos do 9º ano e 1º ano, no período diurno. 2 Assim sendo, sinto-me realizada por poder dizer que a maior parte desses alunos que eu tive o prazer de ensinar, se tornaram excelentes profissionais nas mais diversas áreas. Com o fim do contrato, fui chamada para trabalhar em regime PST, em outra escola, nessa escola comecei a lecionar em turmas da Educação de Jovens e Adultos (EJA), para alunos do 3º ano, lecionando aulas de Química e Física. Foi partindo da vivencia com essas turmas, que eu despertei o interesse de ingressar no Mestrado. Por ser de origem humilde, sempre tive o objetivo de seguir a carreira acadêmica, por esta razão anseio em participar da seleção de Mestrado Profissional do Pós-Graduação em Ensino e Relações Étnicos-Raciais da Universidade Federal do Sul da Bahia. Cursar o Mestrado no Programa de Pós-Graduação em Ensino e Relações Étnicos-Raciais, irá oportunizar o meu processo de desenvolvimento, ampliar minha percepção do mundo, para que eu possa contribuir de uma forma mais eficaz na vida dos meus alunos. Ajudá-los a reorganizar os pensamentos de forma crítica, repensar sobre os fatos existentes, compreendendo ou atribuindo um novo significado. Para que eles consigam enxergar além do horizonte e para que não se sintam condicionados aquela realidade. Logo, para esse Mestrado tenho como intenção de Pesquisa- Intervenção, desenvolver um Projeto de Pesquisa sobre “As desigualdades de Gênero no Ensino de Jovens e Adultos (EJA) na cidade de Itabuna-BA”. É de suma importância ressaltar que o Brasil tem como herança, uma sociedade classista, patriarcal, misógina e machista, onde o poder masculino, sempre imperou, subjugando assim o lugar de fala feminino, que por sua vez, sempre esteve presente na formação da sociedade mundial. Mesmo com o empoderamento feminino e suas diversas conquistas no decorrer do tempo, as mulheres continuam a ser estigmatizadas como seres inferiores em detrimento aos homens. Segundo Teixeira (2010, p. 260) os ditames da sociedade contemporânea, que enfatizam um discurso sobre a promoção da igualdade de gênero, na prática esse discurso torna-se vazio e ineficaz. Diante disso fica evidente que o processo de conscientização da mulher quanto a sua condição de subalternidade tem sido intenso e tortuoso, onde muitas lutas foram travadas e vencidas, as marcas da desigualdade de gênero, que mesmo que estejamos em pleno Século XXI, ainda são bastante “vivas” na sociedade brasileira. É de extrema importância fazermos um resgate histórico, onde a década de 70 foi considerada um divisor de águas para os grupos feministas do Brasil, que lutavam em prol de melhores condições de vida/trabalho e redemocratização do país, bem como o reconhecimento da condição feminina pelo Estado e Governos, que diante dessa “pressão” imposta pelos movimentos foram compelidos a criarem Políticas Públicas e delegacias especializadas, voltadas para proteção das mulheres, que sofriam de algum tipo de abuso ou discriminação. 3 Diante dessas premissas fica claro que as relações de gênero, foram mandatórias e patriarcais, machistas e desiguais no processo de formação da sociedade brasileira, evidenciando a necessidade de falar sobre a desigualdade de gênero que domina a sociedade vigente. Mesmo sendo o Brasil considerado um país, constitucionalizado e laico, que de acordo com as leis vigorantes que determinam igualdade de direitos para todos/as, infelizmente o país é retrógrado e misógino, impondo desafios para o desenvolvimento de uma educação de qualidade que garanta inclusão e segmento dessas mulheres nos estudos. O sistema educacional brasileiro mesmo que tenha avançado muito se comparado aos tempos obscuros de outrora, onde o que prevalecia era um ensino elitista, segregador voltado para homens, brancos e ricos. A escolha por cursar esse Mestrado em Relações Étnicos-Raciais, seria de grande valia, uma vez que estou inserida nesse contexto escolar, sendo as mulheres, a maioria do meu público em sala de aula. O curso em sua totalidade iria contribuir com meu cabedal cientifico, e com isso, como educadora,poderia de forma mais ativa, auxiliar essas alunas a expandirem seus horizontes, a pensarem de forma crítica, a encontrarem seu lugar de fala, para que possam mudar sua realidade. O conhecimento que irei adquirir, servirão para que eu possa atuar de forma mais significativa na transformação da vida dessas mulheres/alunas que fazem parte da minha comunidade escolar. A intenção de Pesquisa-Intervenção parte da problemática no que se refere as dificuldades encontradas por essas mulheres/alunas da EJA, que enfrentam diversas situações em seu dia-a-dia para manter-se estudando e prosseguindo nos estudos, e mesmo com tantas desigualdades de gênero, (feminicídio, jornada dupla de trabalho, assédio, diferença salarial, subempregos, violência doméstica, machismo, entre outras), que fazem com que elas sofram em suas trajetórias educacionais. Então a partir da problemática, surge a seguinte questão norteadora: O que pode ser feito para auxiliar essas mulheres, que mesmo com tantas conquistas continuam sendo estigmatizadas como párias sociais? Dessa forma, a intenção de Pesquisa-Intervenção justifica-se com base no atual cenário educacional e social, das mulheres que compõem o objeto de estudo, onde as desigualdades de gênero estão enraizadas. No qual acabam por afetar a qualidade de vida dessas mulheres. Nesse sentido a proposta é fazer analisar e refletir sobre os reais motivos que levam essas mulheres a optarem por essa modalidade de estudo Educação de Jovens e Adultos (EJA) e quais os tipos de desigualdades de gênero elas estão constantemente expostas, bem como suas histórias de vida. A pesquisa terá como objetivo geral analisar a situação das mulheres inseridas na modalidade de ensino de Educação de Jovens e Adultos (EJA), bem como os tipos de desigualdade de gênero a que estão expostas, e se os currículos e políticas públicas, lhes garantem o prosseguimento nos estudos. Consequentemente, investigar os motivos que levaram essas mulheres a desistem de estudar 4 na idade correspondente; Fazer uma análise social do contexto familiar dessas mulheres; Verificar quais os tipos de situações vexatórias que essas mulheres vivenciam no ambiente escolar e se elas, conseguem prosseguir nos estudos, quando concluem o ensino médio; Especificar, os tipos de desigualdades de gênero, bem como a divisão sexual do trabalho, aos quais elas são expostas, fazem parte dos objetivos específicos. Partindo da seguinte hipótese: Mesmo com a mulheres estudando mais que os homens, e que tendo conquistando diversos espaços assim como o seu lugar de fala, essas conquistas são capazes de garantir uma qualidade de vida significativa para essas mulheres, permitindo que elas deem continuidade nos estudos e não sofram desigualdade de gênero no ambiente escolar. Por fim, a Pesquisa-Intervenção será realizada em etapas predefinidas, primeiramente, será realizada uma pesquisa bibliográfica, em seguida uma averiguação em campo, com dados obtidos através dessas etapas, no qual será feito a análise e construção do produto final a que se propõem o presente trabalho. A pesquisa consistirá em um estudo de caso, onde “o universo da pesquisa”, será um Colégio Estadual, situado na cidade de Itabuna-Ba, sendo que, um estudo de caso, pode ser realizado com único indivíduo ou com um grupo que constituem um sistema, o estudo de caso ao qual se propõem o presente trabalho, analisará, quatro turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA), sendo, duas turmas de 2º ano e duas turmas de 3º ano. Com a conclusão das etapas predefinas, como pesquisa bibliográfica, análise das entrevistas, diálogo com as mulheres da EJA, indubitavelmente, servirão como elementos imprescindíveis para sistematização, elaboração e construção de uma redação coerente, com as conclusões da presente pesquisa. A intenção da Pesquisa-Intervenção se torna relevante uma vez que, o pensamento humano é totalmente organizado na formação de conceitos e esta organização vai se estruturando de forma hierárquica partindo de suas experiências vividas. Este seria o foco dos meus estudos, e o Programa de Pós-Graduação em Ensino e Relações Étnico-Raciais (PPGER) vem ao encontro deste desejo de mudança no meu método de ensinar, e nas possíveis colaborações para o ensino, logo, acredito que a proposta se enquadra na linha de pesquisa 2: Relações étnico-raciais, interculturalidades e processos de ensino-aprendizagem. REFERÊNCIAS TEIXEIRA, Daniel Viana. Desigualdade de gênero: sobre garantias e responsabilidades sociais de homens e mulheres. Revista Direito GV, [S.l.], v. 6, n. 1, p. 253-274, jan. 2010. ISSN 2317-6172. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/revdireitogv/article/view/24226/22990>. Acesso em: 15 Jan. 2021. https://ufsb.edu.br/ppger/ https://ufsb.edu.br/ppger/ http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/revdireitogv/article/view/24226/22990
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