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Partograma, Distocias e Tocurgia Partograma · É a representação gráfica do trabalho de parto e de sua evolução · Supervisão da qualidade da assistência · Utilização racional de ocitócicos, analgesia, amniotomia, fórceps e vácuo-extrator · Diagnóstico das distocias · Diminuir a incidência de cesariana desnecessária · OMS, 1994: uso obrigatório do partograma em toda maternidade. · Curva de Dilatação Cervical: assume aspecto sigmoide e se divide em 2 fases, a fase latente e a fase ativa do parto · Fase Latente: segmento inicial da curva · É o período entre o início do TP e a fase ativa do TP · Inicia-se com o aparecimento de contrações dolorosas e regulares que provocam amolecimento e apagamento do colo uterino, mas com velocidade de dilatação ainda lenta · Fase Ativa: trabalho de parto propriamente dito, dividida em 3 períodos · Inicia-se quando a dilatação atinge pelo menos 3 cm e há dinâmica de pelo menos 2 contrações clinicamente efetivas (maiores que 20 segundos e em 10 minutos) · Nessa fase, a dilatação cervical é mais rápida · Em caso de dúvida, deve-se reavaliar após 1h para saber se há falso trabalho de parto ativo. Se a velocidade de dilatação for 1 cm/h, verificada em 2 toques sucessivos, confirmar diagnóstico verdadeiro. 1. Fase de Aceleração: dilatação inicial, dura cerca de 1h 2. Fase de Inclinação Máxima: dilatação linear e rápida 3. Fase de Desaceleração: dilatação em velocidade constante, na qual ocorre normalmente a descida da apresentação · Representação do Partograma · As variedades de posição são geralmente representadas por um círculo, porque a maioria das apresentações são cefálicas. · A variedade será desenhada de acordo com sua posição e as suturas, dependendo de se está fletido/defletido (e dependendo do grau de deflexão). · Na porção superior do partograma, marca-se a dilatação do colo uterino por meio de triângulos e a apresentação por meio de círculos ou a sigla daquela variedade · As linhas de ação e alerta têm, necessariamente, 4 horas de intervalo e se referem apenas à dilatação · Abaixo, há espaço para registro da hora do exame, FCF, contrações, estado da bolsa das águas (íntegra → I; ou rota → R), líquido amniótico (claro → CL; meconial → MEC), administração de medicamentos e procedimentos efetuados. · A marcação do partograma deve ser iniciada apenas quando houver dilatação ≥ 3 cm e pelo menos 2 contrações clinicamente efetivas · Linha de alerta: inclinação de 45º, representa velocidade de dilatação de 1cm/hora. · A maioria das mulheres em TP ativo tem a linha acima da linha de alerta. · Se a velocidade de dilatação do colo for menor que 1 cm/h na fase ativa, as marcações se aproximarão da linha de alerta (requer melhor observação clínica) · Ao cruzar a linha de alerta, deve-se transferir a paciente logo, porque caso haja parada ou atraso maior da dilatação, as marcações ultrapassarão a linha de ação, sendo necessário corrigir o problema (parto disfuncional) · A distância entre as duas linhas é de 4 horas, justamente o tempo para que se consiga transferir a paciente OBS: o TP disfuncional não é um diagnóstico em si, apenas um sinal de que existe alguma anormalidade que deve ser investigada e, se possível, corrigida, não necessariamente a conduta será cirúrgica. OBS²: a abertura precoce do partograma deforma o diagnóstico e a conduta com a paciente, por isso ele só deve ser aberto quando o TP é ativo. OBS³: a fase latente prolongada é quando a dilatação cervical é < 3 cm, apesar do tempo excessivo de contrações dolorosas e regulares. Não é indicativa de distocia e não é necessário correção, mas é fator de risco para TP disfuncional. Distocias · Parto distócico: parto difícil ou anormal, contrário de eutócico · Distocia materna: · Distocia óssea: bacia · Distocia funcional: contração uterina · Distocia de partes moles: canal de parto · Distocia feto-anexiais · Distocia fetal: desproporção cefalopélvica (relativa ou absoluta) · Distocia anexial: cordão umbilical · Distocias: são identificadas pela observação das curvas de dilatação cervical e de descida da apresentação fetal · O diagnóstico é dinâmico e depende do referencial da hora (ex: na hora 5 pode haver uma parada secundária da dilatação, mas na hora 9 pode ter uma fase ativa prolongada) · Distocias na dilatação: ultrapassam a linha de alerta e, às vezes, a linha de ação · Fase ativa prolongada: dilatação cervical < 1 cm/hora · Geralmente, ocorre um déficit de contratilidade uterina (déficit motor, discinesia uterina) · A correção é feita pelo emprego de técnicas humanizadas de estímulo ao parto normal (ex: deambulação) · Se necessário, corrige-se posteriormente por administração de ocitocina ou amniotomia OBS: a correção da fase ativa prolongada é a mesma do período expulsivo prolongado, porque são distocias funcionais. · Parada secundária da dilatação: quando não ocorre dilatação após período de tempo · Diagnosticada por dois toques sucessivos com intervalos de pelo menos 2 horas entre eles, estando a mulher em TP ativo · Há associação frequente com sofrimento fetal, agravando o prognóstico perinatal · A principal causa é a desproporção cefalopelvica, relativa ou absoluta · Desproporção cefalopélvica · Absoluta: polo cefálico > bacia (feto macrossômico ou feto de tamanho normal e bacia inadequada), resolução apenas por cesárea · Relativa: defeito de posição da apresentação (deflexão ou variedades transversas ou posteriores), a deambulação, amniotomia, alteração da posição no parto e o parto instrumental podem favorecer a evolução normal do parto · Suspeitar de desproporção cefalopélvica quando o promontório sacral for alcançável, espinhas esquiáticas proeminentes e o arco púbico for estreito. O feto é o melhor pelvímetro. · Indicações de sofrimento fetal: bradicardia e presença de mecônio (na hipóxia, há liberação dos esfíncteres). Na presença destes, não precisa transpor a linha de ação, intervêm na hora. · Distocias na expulsão · Período expulsivo/pélvico prolongado: descida progressiva da apresentação, mas excessivamente lenta · Dilatação completa do colo uterino, mas demora na descida e expulsão do feto · Geralmente relacionada à contratilidade uterina deficiente, corrigindo com administração de ocitocina, amniotomia ou uso de fórcipe · Recomenda-se a posição verticalizada para favorecer a descida da apresentação · Duração do período expulsivo normal: a analgesia retarda o processo em 1 hora · Primípara: sem analgesia, 2h; com analgesia, 3h · Multípara: sem analgesia, 1h; com analgesia, 2h OBS: primípara se refere a uma mulher que nunca teve parto vaginal. · Parada secundária da descida: · Não há progressão da descida por dois toques sucessivos, com intervalo de 1h ou mais entre eles, desde que a dilatação do colo uterino esteja completa · A principal causa é a desproporção cefalopélvica (relativa ou absoluta) · Deve ser corrigida imediatamente · Distocia de ombro: · Necessita de manobras obstétricas adicionais para liberar os ombros após falha da tração cefálica suave · Ocorre quando o ombro anterior ou posterior do feto encrava na sínfise púbica ou no promontório · Sinal da Tartaruga: nasce a cabeça e ficam os ombros · Conduta: ficar calmo, avisar o pediatra, chamar anestesista, pedir auxílio de colega, realizar episiotomia ampla, exoneração vesical e manobras · Manobra de McRoberts: abdução e hiperflexão das coxas da parturiente sobre seu ventre, retificando a coluna lombar e facilitando a liberação das espáduas. Associar Manobra de Rubin, exercendo pressão suprapúbica. · Manobra de Jacquemier: introdução da mão do obstetra profundamente na vagina, retirando o braço fetal posterior e diminuindo o diâmetro impactado. · Manobra de Gaskin: posicionar a paciente de joelhos e mãos apoiadas (de 4) e tentar realizar o desprendimento dos ombros iniciando pelo ombro posterior OBS: a fase ativa prolongada (dilatação) e o período expulsivo prolongado (expulsão) são distocias funcionais, havendo lentificação. Já a parada secundária da dilatação e a parada secundária da descidasão paradas, tendo como principal causa de ambas a desproporção cefalopélvica (distocia fetal). · Parto precipitado/taquitócico: duração demasiadamente rápida de todo o TP de forma ativa · Dilatação cervical, descida e expulsão do bebê em até 4 horas; · Aumenta possibilidade de rotura e lacerações de trajeto porque não há tempo para acomodação dos tecidos pélvicos com a pressão · Possíveis causas de parto taquitócico · Pode ocorrer espontaneamente uma multípara, que já tem grande quantidade de receptores de ocitocina de gestações anteriores · Pode ocorrer por DPPNI · Pode ser iatrogênico por administração excessiva de ocitocina Tocurgia · Cirurgia durante o parto vaginal (tócus): fórceps, vácuo-extrator, episiotomia · Episiotomia: · Corte realizado no períneo para ampliar a passagem para que o feto tenha mais espaço · Inicialmente, a intenção era de “ampliar a saída do bebê”, mas isso não se justifica, porque não é o períneo que segura o bebê · Episiotomia mediana: mais fisiológica, melhores resultados na dor pós-operatória, mas maior risco de lacerações do reto · Episiotomia médio-lateral: menor risco de lesões anais, mas maior dor pós-operatória e maior sangramento · Recomendação atual da FEBRASGO: episiotomia seletiva (só realizar em indicações clínicas precisas, como necessidade para uso de fórceps, manobra de Jacquemier, etc) · Indicações atuais: não realizar rotineiramente · Sofrimento fetal · Variedades occipito-posteriores · Parto operatório · Período expulsivo prolongado · Feto prematuro · Fórceps · Seu uso é indicado quando há necessidade de abreviação do desprendimento do polo cefálico (ex: período expulsivo prolongado) ou para uso profilático, em pacientes que devem evitar o esforço secundário (ex: doenças cardíacas, enfermidades pulmonares) ou em cabeça derradeira. · Fórceps de Piper: usado para desprendimento da cabeça derradeira no parto de apresentação pélvica via vaginal, desenhado especialmente para isso. · Fórceps de Kielland: é o único que tem articulação por deslizamento, permite deslizar uma lâmina sobre a outra. Também tem os ramos cruzados. Pode corrigir assinclitismo. · Fórceps de Simpson: mais usado, mas só permite rotação da cabeça até 45º. Composto de 2 ramos cruzados. Pode ser usado em cabeça derradeira na ausência de fórceps de Piper. · Vácuo extrator · Indicações: · Feto vivo · Bolsa rota · Dilatação completa · Apresentação cefálica fletida · Altura da apresentação deve ser de média a baixa · IG de pelo menos 36 semanas (excepcionalmente, até 34 semanas) → devido ao risco de hemorragia intracraniana em pré-termos · Passos para o uso do vácuo extrator 1. Encontrar o ponto de flexão (entre o 1º e o 2º terço da distância entre a fontanela posterior e a anterior) 2. Retrair o períneo e introduzir a cúpula na vagina 3. Levantar o polo cefálico com dedo indicador e acoplar a cúpula ao ponto de flexão, mantendo a distância de inserção requerida 4. Com o indicador esquerdo, segurar a cúpula e com a mão direita, criar o vácuo 5. Trocar o indicador pela ponta do polegar esquerdo e tracionar para baixo com a mão direita → →
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