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Tratamentos para a Discalculia O tratamento mais eficaz para a discalculia, é um diagnóstico precoce. Quanto antes o problema é identificado, antes a criança que sofre esse transtorno vai aprender a usar as ferramentas necessárias para ajudá-las a se adaptar aos novos processos de aprendizagem, além de que vão ter menos probabilidade de sofrer atrasos na área da educação, menos problemas de autoestima e outros transtornos mais sérios. A discalculia não é fácil de diagnosticar e a maioria das escolas não possuem nenhum tipo de sistema de detecção precoce para identificar este transtorno na sala de aula e ajudar as crianças a obter as ferramentas que precisam. Por isso, a maioria das vezes são os pais e as famílias os que devem estar alerta e identificar os primeiros sintomas. Não tem cura. Por ser um déficit em uma região do cérebro, esse transtorno é uma condição permanente. Mas, a boa notícia é que existem diversas atividades que podem ajudar a melhorar esse quadro. Uma vez obtido o diagnóstico, é importante motivar seu filho e mostrar que pode ter sucesso com paciência, prática e esforço. É necessário lembrar-lhes que possuem outras capacidades e saber que a discalculia não tem porque afetar negativamente o trabalho dele. Quando falamos sobre tratamento para discalculia, a abordagem é basicamente um conjunto de atividades para discalculia. Como não há remédios, a abordagem terapêutica deve envolver toda a comunidade ao redor da criança. Ou seja: pais, familiares, escola, amigos, professores e profissionais; todos devem ter consciência de que este processo exige paciência, esforço e disponibilidade. Com esse suporte, a criança poderá ser capacitada para enfrenar os seus próprios desafios. Como os pais podem ajudar ● Cozinhar juntos: Vocês vão consultar a receita que vão cozinhar e se perguntar quem vai ser responsável pelos ingredientes necessários. Por exemplo, precisamos de 1/5 kg de lentilhas, 3 cenouras, 2 cebolas, 6 pedaços de carne… Devemos cortar os vegetais em 5 pedaços... ● Jogar com o tempo: Diga para a criança que é responsável de comunicar quanto é o tempo correto, comemore o bom trabalho, a responsabilidade e a "boa dupla" que vocês fazem juntos. ● Vá ao supermercado: Deixe ela te ajudar a fazer a compra, vocês podem jogar a ser o responsável pelas coisas que devem ser compradas, identificar o que e quantas coisas estão na lista e deixar a criança buscá-las por si mesma. ● Faça perguntas sobre os preços: Se você quiser poupar, quantos iogurtes deveriam comprar, os que custam 1,00 R$ ou os que custam 1,30 R$? Comemore a boa “poupança” que fizeram juntos. ● Jogue a adivinhar as quantidades: Faça pequenos montinhos de pedras, ervilhas ou moedas e adivinhe qual tem mais e qual tem menos. Você também pode adivinhar quantas pedras há no montinho. Conte elas conjuntamente e quem mais se aproximar, ganha. ● Jogue a contar alguma coisa: Conte, por exemplo, os carros vermelhos que passam, o número de pessoas com sapatos brancos, quantos degraus você subiu... ● Encontrar números: À medida que você vai caminhando, você pode jogar a “encontrar números”, sugerindo o número "7" e procurar juntos o número nas ruas, nas chapas das matrículas, etc. ● Jogue a lembrar dos números de telefone: Por exemplo, você tem que telefonar para sua avó e perguntar para a criança se lembra dos três primeiros números e você diz o resto. Telefonem juntos e se a criança lembrar, comemore. ● Deixe ela te ajudar a distribuir as coisas: Há quatro pessoas, como podemos cortar um bolo em quatro porções iguais? ● Jogue a pôr a mesa: Ponha os pratos, os talheres, os copos, os guardanapos e o pão. Certifique-se de que a criança percebe a importância de que cada pessoa tenha um serviço. ● Jogue ao jogo das lojas: Imagine que a criança é um atendente e deve escolher entre todos os produtos que você tem em casa para vendê-los em "sua loja". Devem etiquetar e dar um preço para cada um. Depois, você será o cliente. Com este jogo, você vai praticar a quantidade, a soma, a subtração e mesmo gerenciar o dinheiro. É uma forma divertida de passar tempo com a família e aprender juntos. Estratégias para o ambiente escolar Assim como os pais, os professores também podem contribuir de forma significativa no desenvolvimento do aluno com discalculia. Conheça algumas estratégias recomendadas: ● Use papel quadriculado para os alunos que têm dificuldade em organizar as ideias no papel, permitindo que cada número esteja em um quadrado diferente. ● Incentive o aluno a ler os problemas matemáticos em voz alta, mesmo que não sejam problemas verbais (p. ex., 3+7=). Pratique estimar (tentar adivinhar) como uma forma de começar a resolver problemas de matemática. ● Introduza novas habilidades a partir de exemplos concretos e, mais tarde, mude para aplicações mais abstratas. ● Explique ideias e problemas de forma clara e incentive os alunos a fazerem perguntas sobre como eles funcionam. ● Forneça um lugar para trabalhar com poucas distrações, tendo, se necessário, lápis, borracha e outros materiais à mão. ● Confira mais tempo a realização das tarefas que envolva aritmética e valorize o raciocínio matemático mais que a realização do cálculo em si. ● Forneça materiais de referência sempre que possível como tabuadas, fórmulas e calculadora, principalmente na realização de tarefas avaliativas cujos problemas exijam a realização de vários passos encadeados para se chegar à resposta. ● Seja criativo: usar situações diferentes para ensinar matemática (jogos, preparo de receitas, montagens, construção, etc.). ● Programas de informática podem ajudar: aspecto lúdico, ferramenta atrativa para crianças. ● Repetição, muita repetição. Prática diária de uns 40 minutos. Pouco a pouco. Passo a passo. ● Retomar o conteúdo para confirmar se a via de raciocínio é correta, ou se apenas decorou o resultado. ● Ter certeza de que houve consolidação. Ensinar a estratégia de raciocínio. ● Ambiente de tarefa deve ser limpo, claro, organizado (gavetas, cada coisa em seu lugar) e com poucos estímulos. Os horários de tarefa devem ser sempre os mesmos. Um relógio e um calendário na parede ajudam a organizar o tempo e a estabelecer metas. Pausas são importantes. ● Apoiar emocionalmente, reduzir a ansiedade, melhorar a autoestima: a criança precisa ter atividades associadas às coisas que ela consegue fazer bem. Isso lhe reassegura de que é inteligente e capaz e a ajuda a persistir neste muitas vezes frustrante caminho do treino matemático. Apoio emocional A terapia também exerce um papel fundamental. O psicólogo trabalha o autoconhecimento das crianças e o entendimento de seu próprio transtorno. Esse trabalho ajuda a manter a autoestima e a persistência da criança diante dos seus desafios. Vale acrescentar que esse déficit no aprendizado pode se agravar com bullying, problemas de socialização, entre outras consequências. Por isso é tão importante oferecer apoio emocional e psicológico às crianças com discalculia. É fundamental para sua formação e também no convívio com o distúrbio. Por ser um transtorno permanente, a pessoa precisa desenvolver seus meios de lidar com as dificuldades, criando estratégias para lidar com todas as situações que envolvam a matemática ao longo de sua vida.