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Tutela Constitucional do meio ambiente

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Direito Ambiental
Aula 3: Tutela Constitucional do Meio Ambiente
Apresentação
Esta aula será dividida em 2 partes. Na primeira, analisaremos o Direito Ambiental e a
sua proteção constitucional esculpida no Art. 225 e em seus 7 parágrafos. Na segunda
parte, veri�caremos a competência constitucional em matéria ambiental.
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 elevou o meio ambiente ao
status constitucional, criando capítulo próprio sobre o tema no Art. 225 e em seus
parágrafos. A mesma Carta Magna disciplina a competência administrativa e legislativa
dos entes federativos para editar normas de proteção e preservação do bem ambiental.
Objetivo
Analisar o Direito Ambiental e sua proteção constitucional;
Compreender o Art. 225 da Constituição Federal e os seus 7 parágrafos;
Identi�car a competência constitucional ambiental.
O Direito Ambiental e a sua Proteção
Constitucional
A Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB), promulgada em 05 de outubro de
1988, elevou o meio ambiente a status constitucional, criando capítulo próprio no Art. 225 –
Capítulo VI (Do Meio Ambiente), dentro do Título VIII, Da Ordem Social. O Art. 225 é a
principal fonte formal do Direito Ambiental nacional. Antes de promulgada a Constituição
Cidadã, a principal norma de proteção autônoma do meio ambiente era a Política Nacional
do Meio Ambiente (PNMA), Lei nº 6.938, sancionada em 31 de agosto de 1981.
Atenção
Importante frisar que é na Constituição Federal que estão os princípios fundamentais do
Direito Ambiental, como o Princípio do Desenvolvimento Sustentável, Princípio do Direito
Humano Fundamental, Princípio da Responsabilidade Ambiental, Princípio do Poluidor-
Pagador, Princípio da Prevenção, entre outros.
Engana-se quem pensa que apenas o Art. 225 da Constituição Federal trata do bem
ambiental; ao longo da Carta Cidadã, há diversos outros artigos que dispõem sobre o meio
ambiente.
Exemplo
Artigo 5°, inciso LXXIII; Art. 20, incisos I a XI e §§ 1° e 2°; Art. 21,incisos IX, XIX, XX, XXIII, XXV;
Art. 22, incisos IV, XII, XVI; Art. 23, incisos I, III, IV, VI, VII, IX, XI; Art. 24, incisos I, VI, VII, VIII; Art.
26; Art. 30, incisos I, II, VIII, IX; Art. 43, § 2°, inciso IV, e § 3°; Art. 49, incisos XIV e XVI; Art. 91, §
1°, inciso III; Art. 129, inciso III; Art. 170, inciso VI; Art. 174, §§ 3° e 4°; Art. 176, § 1° ao § 4°; Art.
182; Art. 186, inciso II; Art. 215; Art. 225; Art. 231, § 1°.
Saiba mais
Alguns desses artigos merecem destaque.
Para possibilitar a ampla proteção ao meio ambiente, a Constituição Federal de 1988 fez
previsão a diversas regras, que foram divididas nestes quatro grandes grupos:
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Clique nos botões para ver as informações.
São aquelas previstas de forma direta ou indireta em vários textos da Constituição
Federal.
Regras Gerais 
São previstas no capítulo do Meio Ambiente, isto é, no Art. 225 e em seus 7 parágrafos
da Constituição Federal.
Regras Especí�cas 
São divididas em legislativas e administrativas. A primeira diz respeito ao poder de
legislar dos entes federativos, e a segunda atribui ao Poder Público a prática de atos
administrativos em prol da preservação e proteção ambiental.
Regras de Competência 
São as tutelas processuais ambientais, como a ação popular e a ação civil pública,
entre outras.
Regras de Garantia 
Agora faremos uma análise detalhada do Art. 225 (caput e parágrafos) da Constituição
Federal.
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CRFB, Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo
para as presentes e futuras gerações.
(BRASIL, 1988)
Esse dispositivo legal deve ser observado sob os seguintes aspectos:
O meio ambiente ecologicamente equilibrado que gera qualidade de vida.
O meio ambiente enquanto bem de uso comum do povo.
O meio ambiente como bem difuso, essencial à sadia qualidade de vida.
O dever do poder público e da coletividade em proteger e preservar o meio ambiente
para as presentes e futuras gerações.
Comentário
O doutrinador Paulo de Bessa Antunes destaca que a palavra todos, contida no caput do Art.
225, diz respeito a qualquer indivíduo que se encontre no território nacional,
independentemente da condição em que se encontre perante o nosso ordenamento jurídico.
Trata-se de todos os seres humanos, não havendo a exigência da condição de cidadão. Por
esse entendimento, até o estrangeiro não residente no país e aqueles que, por qualquer
motivo, tenham suspensos os seus direitos de cidadania, ainda que parcialmente, encaixam-
se como destinatários da norma contida no caput do Art. 225 da Constituição Federal.
 Vejamos agora os quatro aspectos que listamos anteriormente
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O meio ambiente ecologicamente equilibrado que gera qualidade de vida
O meio ambiente ecologicamente equilibrado está diretamente vinculado ao
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana (Art. 3°, inciso I, CF/88), uma vez que o
bem ambiental protegido e preservado gera qualidade de vida para todos. Trata-se
de um direito fundamental da pessoa humana; direito à vida com qualidade. O
meio ambiente é um bem difuso, portanto, indisponível.
O meio ambiente enquanto bem de uso comum do povo
O meio ambiente é um bem jurídico, que possui valor econômico e social
O meio ambiente como bem difuso
O meio ambiente se enquadra na categoria de direitos coletivos (lato sensu), como
um direito e interesse difuso. Apesar de a Constituição Federal de 1988, no Art.
129, inciso III, prever interesse difuso ao dispor que entre as funções institucionais
do Ministério Público está “promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a
proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses
difusos e coletivos”, a Carta Magna não conceituou interesse difuso, deixando
esse encargo para o Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078/90, em seu
Art. 81, parágrafo único, inciso I.
 Fonte: shutterstock
Nunes (2019, p. 808 ) esclarece que, antes de de�nir direito e interesse difuso, é
necessário entender que as palavras interesses e direitos são compreendidas
como sinônimos:
E ainda, o termo difuso signi�ca:
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos
consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo
individualmente, ou a título coletivo. Parágrafo único. A
defesa coletiva será exercida quando se tratar de: I -
interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos
deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de
que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por
circunstâncias de fato.
(BRASIL, 1990)
“na medida em que [o termo] ‘interesses’ tem o sentido de
prerrogativa, e esta é exercício de direito subjetivo. Logo,
direito e interesse têm o mesmo valor semântico: direito
subjetivo ou prerrogativa, protegidos pelo ordenamento
jurídico”.
Nunes (2019, p. 808)
Conforme dispõe a redação do Art. 81, parágrafo único, inciso I, do Código de
Defesa do Consumidor (Lei nº 8.089/90), direitos e interesses difusos são aqueles
transindividuais, indivisíveis, dos quais são titulares pessoas indeterminadas e
ligadas por circunstâncias de fato. Os direitos e interesses difusos são aqueles que
pertencem à sociedade como um todo e independem da existência de uma
relação jurídica anterior entre seus titulares e aqueles contra quem serão tutelados.
O dever do poder público e da coletividade em proteger e preservar o meio
ambiente para as presentes e futuras gerações
A proteção ambiental é um dever do Poder Público e de toda a coletividade, com o
objetivo de protegê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. A
Constituição Federal impõe esse dever de conservar o bem ambiental não
somente para a geração presente, mas também para as gerações, que estão por
vir, isto é, as futuras gerações.
A PolíticaNacional do Meio Ambiente (PNMA), Lei nº 6.938/81, em seu Art. 2°, I,
consagra o meio ambiente como um patrimônio público que deve ser
necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista seu uso coletivo.
IMPORTANTE: O meio ambiente é um Direito de Terceira Geração,
pautado nos Princípios da Solidariedade e Fraternidade. Os Direitos de
Terceira Geração são os transindividuais, enquanto os Direitos de
Primeira Geração são os ligados ao valor liberdade; são os direitos
civis e políticos, e os Direitos de Segunda Geração são os direitos
sociais, econômicos e culturais.
“indeterminado, indeterminável. Então, não será necessário
que se encontre quem quer que seja para proteger-se em
direito tido como difuso”.
Nunes (2019, p. 808)
No Art. 225, § 1º, e em seus incisos, estão contidos os comandos, de natureza
obrigatória, de que deve o Poder Público dispor para a defesa do meio ambiente. O
Poder Público, para assegurar a proteção do meio ambiente, deve:
preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo
ecológico das espécies e ecossistemas;
preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e
�scalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material
genético;
de�nir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a
supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que
comprometa a integridade dos atributos que justi�quem sua proteção;
exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente
causadora de signi�cativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de
impacto ambiental, a que se dará publicidade;
controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e
substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio
ambiente;
promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
proteger a fauna e a �ora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem
em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou
submetam os animais a crueldade.
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Saiba mais
Saiba mais sobre o inciso I, § 1º, Art. 225 da CRFB.
Competência Constitucional Ambiental
A Constituição da República Federativa do Brasil, sancionada em 1988, reparte as
competências entre todos os entes da federação brasileira, isto é, entre a União, os Estados,
o Distrito Federal e os Municípios, segundo destaca o Art. 18, caput, da Constituição Federal.
CRFB, Art. 18. 
A organização político-administrativa da República
Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos
termos desta Constituição.
(BRASIL, 1988)
A principal característica da Federação é a autonomia das unidades federadas, que se
caracteriza pela capacidade de as unidades federativas se auto-organizarem, observando os
princípios do pacto federal.
 Competência dos entes públicos
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A doutrina divide a competência dos entes públicos em:
1 - Competência Administrativa
A competência administrativa atribui ao Poder Público a prática de atos
administrativos e de atividades ambientais. Essa competência é de atuação
concreta do ente, por meio do exercício do poder de polícia.
A competência material ou administrativa se divide em:
a) Competência administrativa (ou material) exclusiva
Essa competência é inerente à União, Art. 21 da Constituição Federal. Trata-se de
competência exclusiva da União e versa sobre interesse geral. A competência
administrativa exclusiva da União em sede de meio ambiente se evidenciam o Art.
21, incisos IX; XII, letra b; XV; XIX; XX; XXIII, alíneas “a” até “d” e ainda o inciso XXV.
CRFB, Art. 21. Compete à União: 
 
[...] 
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território
e de desenvolvimento econômico e social; 
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; 
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão,
os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a
organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos
institucionais; 
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão: 
[...] 
XV - organizar e manter os serviços o�ciais de estatística, geogra�a, geologia e
cartogra�a de âmbito nacional; 
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e de�nir
critérios de outorga de direitos de seu uso; 
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação,
saneamento básico e transportes urbanos; 
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e
exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e
reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e
seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições: 
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para
�ns pací�cos e mediante aprovação do Congresso Nacional; 
b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização
de radioisótopos para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais; 
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e
utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas; 
d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de
culpa; XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho; 
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de
garimpagem, em forma associativa. (BRASIL, 1988.)
b) Competência administrativa (ou material) comum
Também denominada concorrente administrativa, é atribuída conjuntamente a
todos os entes federativos, isto é, cabe tanto à União quanto aos Estados,
Municípios e Distrito Federal. Trata-se de mera cooperação administrativa prevista
no Art. 23, incisos VI; VII; VIII; IX; X; XI, e parágrafo único da Constituição Federal.
CRFB, Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios: 
 
[...] 
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas
formas; 
VII - preservar as �orestas, a fauna e a �ora; 
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento
alimentar; 
IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das
condições habitacionais e de saneamento básico; 
X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização,
promovendo a integração social dos setores desfavorecidos; 
XI - registrar, acompanhar e �scalizar as concessões de direitos de pesquisa e
exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios; 
Parágrafo único. Leis complementares �xarão normas para a cooperação
entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o
equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. (BRASIL,
1988.)
IMPORTANTE: 
 
O parágrafo único do Art. 23 da Constituição Federal narra que a
cooperação executiva entre os entes federados será determinada por
leis complementares, que deverão veri�car o equilíbrio do
desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. No que tange
ao meio ambiente, foi sancionada a Lei Complementar nº 140, de 08
de dezembro de 2011, que �xa normas, nos termos dos incisos III, VI e
VII do caput, bem como do parágrafo único do Art. 23 da Constituição
Federal, para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes do
exercício da competência comum relativas à proteção das paisagens
naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à
poluição em qualquer de suas formas e à preservação das �orestas,
da fauna eda �ora; e altera a Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981,
isto é, Política Nacional doe Meio Ambiente (PNMA). 
 
Determina a Lei complementar nº 140/2011, nos seus Arts. 1º e 3º: 
 
Art. 1° Esta Lei Complementar �xa normas, nos termos dos incisos III,
VI e VII do caput e do parágrafo único do art. 23 da Constituição
Federal, para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes do
exercício da competência comum relativas à proteção das paisagens
naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à
poluição em qualquer de suas formas e à preservação das �orestas,
da fauna e da �ora. 
[...] 
Art. 3° Constituem objetivos fundamentais da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, no exercício da competência comum
a que se refere esta Lei Complementar: 
I - proteger, defender e conservar o meio ambiente ecologicamente
equilibrado, promovendo gestão descentralizada, democrática e
e�ciente; 
II - garantir o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico com a
proteção do meio ambiente, observando a dignidade da pessoa
humana, a erradicação da pobreza e a redução das desigualdades
sociais e regionais; 
III - harmonizar as políticas e ações administrativas para evitar a
sobreposição de atuação entre os entes federativos, de forma a evitar
con�itos de atribuições e garantir uma atuação administrativa
e�ciente; 
IV - garantir a uniformidade da política ambiental para todo o País,
respeitadas as peculiaridades regionais e locais. (BRASIL, 2011.)
2 - Competência Legislativa
É atribuída aos entes federativos o ato de legislar. A competência legislativa é
dividida em:
a) Competência legislativa privativa
Prevista no Art. 22 da Constituição Federal, a competência legislativa privativa é
inerente à União, que é quem tem o poder de legislar sobre as matérias especí�ca
do Art. 22 da Carta Magna.
A competência legislativa privativa tem a possibilidade de delegação, conforme
dispõe o parágrafo único do próprio Art. 22: “Lei complementar poderá autorizar os
Estados a legislar sobre questões especí�cas das matérias relacionadas neste
artigo”. No que tange ao bem ambiental, este está discriminado nos incisos IV, X,
XII, XIV, XV, XVIII e XXVI do Art. 22.
CRFB, Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
 
[...] 
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão; 
X - regime dos portos, navegação lacustre, �uvial, marítima, aérea e
aeroespacial; 
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; 
XIV - populações indígenas; 
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros; 
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográ�co e de geologia nacionais; 
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; 
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar
sobre questões especí�cas das matérias relacionadas neste artigo. (BRASIL,
1988.)
b) Competência legislativa exclusiva
Diz respeito aos Estados e aos Municípios, sendo reservada unicamente a uma
entidade, sem a possibilidade de delegação. Está prevista no Art. 25, §§ 2º e 3°,
além, no que concerne ao estudo de nossa disciplina, do Art. 30, inciso I, da
Constituição Federal.
CRFB, Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis
que adotarem, observados os princípios desta Constituição. 
 
[...] 
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os
serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida
provisória para a sua regulamentação. 
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por
agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o
planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum. 
 
CRFB, Art. 30. Compete aos Municípios: 
I - legislar sobre assuntos de interesse local. (BRASIL, 1988.)
c) Competência legislativa residual
Também denominada de competência legislativa remanescente ou ainda
reservada, trata-se de competência residual dos Estados, conforme prevista no Art.
25, § 1°, da CRFB.
CRFB, Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis
que adotarem, observados os princípios desta Constituição. § 1º - São
reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por
esta Constituição. (BRASIL, 1988 – grifo nosso.)
d) Competência legislativa concorrente
Permite que a União, os Estados e o Distrito Federal legislem sobre a mesma
matéria. Possui como característica a atribuição de uma mesma matéria a mais
de um ente federativo. Tem seu fundamento no Art. 24 da Constituição Federal. No
que diz respeito ao meio ambiente, os incisos I a VIII do Art. 24 disciplinam a
questão.
CRFB, Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre: 
 
I - direito tributário, �nanceiro, penitenciário, econômico e urbanístico; 
II - orçamento; 
III - juntas comerciais; 
IV - custas dos serviços forenses; 
V - produção e consumo; 
VI - �orestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e
dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; 
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; 
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e
direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. (BRASIL,
1988.)
A competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais (Art. 24, § 1°, da
CRFB/1988), que deverá ser observada por todos.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre: § 1º No âmbito da legislação concorrente, a
competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. (BRASIL,
1988.)
e) Competência legislativa suplementar
Na legislação concorrente, a União limita-se a estabelecer normas gerais, e os
Estados, as normas especí�cas. No entanto, em caso de inércia legislativa da
União, os Estados poderão suplementá-la.
Sobre os Estados, o Art. 24, § 2°, da Constituição Federal estabelece que a
competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência
suplementar dos Estados.
CRFB, Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre: 
[...] 
§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a
competência suplementar dos Estados. (BRASIL, 1988.)
No que tange aos municípios, a redação do Art. 30, inciso II, da Carta Magna
destaca que compete aos municípios suplementar a legislação federal e a estadual
no que couber.
CRFB, Art. 30. Compete aos Municípios: 
[...] 
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber. (BRASIL,
1988.)
f) Competência legislativa supletiva
Decorre da inércia da União em editar lei federal sobre normas gerais, adquirindo
dessa forma os Estados e o Distrito Federal competência plena para a edição de
normas gerais e de normas especí�cas sobre os assuntos relacionados no Art. 24
da Constituição Federal (Art. 24, § 3°). Essa superveniência de lei federal sobre
normas gerais suspende a e�cácia de lei estadual (ou distrital) naquilo que lhe for
contrário (Art. 24, §4°, da CRFB/1988).
CRFB, Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre: 
 
[...] 
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á
a estabelecer normas gerais. 
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a
competência suplementar dos Estados. 
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a
competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. 
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a
e�cácia da lei estadual, no que lhe for contrário. (BRASIL, 1988 – grifo
nosso.)
 Atividades
1. Em controleconcentrado de constitucionalidade, a ministra Cármen Lúcia, do Supremo
Tribunal Federal, decidiu:
Controle concentrado de constitucionalidade. As medidas provisórias não podem
veicular norma que altere espaços territoriais especialmente protegidos, sob pena de
ofensa ao Art. 225, Inc. III, da Constituição da República. As alterações promovidas pela
Lei 12.678/2012 importaram diminuição da proteção dos ecossistemas abrangidos
pelas unidades de conservação por ela atingidas, acarretando ofensa ao Princípio da
Proibição de Retrocesso Socioambiental, pois atingiram o núcleo essencial do direito
fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado previsto no Art. 225 da
Constituição da República. [ADI 4.717, rel. min. Cármen Lúcia, j. 5-4-2018, P, DJE de 15-2-
2019.]
Explique com as suas palavras o que você compreendeu sobre o Art. 225, § 1°, inciso III, da
Constituição Federal.
2. (Questão XXI Exame da OAB) – Com relação aos ecossistemas Floresta Amazônica, Mata
Atlântica, Serra do Mar, Pantanal Mato-grossense e Zona Costeira, assinale a a�rmativa
CORRETA.
a) Tais ecossistemas são considerados pela CRFB/1988 patrimônio difuso; logo, todos os
empreendimentos nessas áreas devem ser precedidos de licenciamento e estudo prévio de impacto
ambiental.
b) Tais ecossistemas são considerados patrimônio nacional, devendo a lei infraconstitucional
disciplinar as condições de utilização e de uso dos recursos naturais, de modo a garantir a
preservação do meio ambiente.
c) Tais ecossistemas são considerados bens públicos, pertencentes à União, devendo a lei
infraconstitucional disciplinar suas condições de utilização, o uso dos recursos naturais e as formas
de preservação.
d) Tais ecossistemas possuem terras devolutas que são, a partir da edição da Lei nº 9985/2000,
consideradas unidades de conservação de uso sustentável, devendo a lei especificar as regras de
ocupação humana nessas áreas.
e) Tais ecossistemas são considerados bens nacionais, pertencentes aos Estados e Municípios,
devendo a lei infraconstitucional disciplinar suas condições de utilização, o uso dos recursos
naturais e as formas de preservação.
3. O Art. 24, VIII, da Constituição Federal determina que Compete à União, aos Estados e ao
Distrito Federal legislar concorrentemente sobre responsabilidade por dano ao meio
ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico. Esse artigo e inciso tratam de que competência?
a) Competência legislativa privativa.
b) Competência legislativa exclusiva.
c) Competência legislativa residual.
d) Competência legislativa concorrente.
e) Competência legislativa suplementar.
4. O Art. 22, XIV, da Constituição Federal que determina que compete à União legislar sobre
populações indígenas. Esse artigo e inciso tratam de:
a) Competência legislativa privativa.
b) Competência legislativa exclusiva.
c) Competência legislativa residual.
d) Competência legislativa concorrente.
e) Competência legislativa suplementar.
5. (XVII Exame de Ordem) – O Município Z deseja implementar política pública ambiental, no
sentido de combater a poluição das vias públicas. Sobre as competências ambientais
distribuídas pela Constituição, assinale a a�rmativa CORRETA.
a) União, Estados, Distrito Federal e Municípios têm competência material ambiental comum,
devendo leis complementares fixarem normas de cooperação entre os entes.
b) Em relação à competência material ambiental, em não sendo exercida pela União nem pelo
Estado, o Município pode exercê-la plenamente.
c) O Município só pode exercer sua competência material ambiental nos limites das normas
estaduais sobre o tema.
d) O Município não tem competência material em direito ambiental, por falta de previsão
constitucional, podendo, porém, praticar atos por delegação da União ou do Estado.
e) O Distrito Federal e o Municípios possuem competência material ambiental, devendo leis
complementares fixarem normas de cooperação entre os entes.
Notas
Referências
ANTUNES, Paulo Bessa. Direito Ambiental. 18 ed. São Paulo: Atlas/GEN, 2016.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil 1988. Disponível em:
//www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em: 12
maio 2019.
______. Lei complementar nº 140, de 8 de dezembro de 2011. Fixa normas, nos termos dos
incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal, para a
cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações
administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à proteção das
paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em
qualquer de suas formas e à preservação das �orestas, da fauna e da �ora; e altera a Lei no
6.938, de 31 de agosto de 1981. Disponível em:
//www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp140.htm. Acesso em: 12 maio 2019.
______. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus �ns e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.
Disponível em: //www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6938.htm. Acesso em: 12 maio 2019.
______. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e
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A 12 i 2019
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______. Lei nº 8.089, de 7 de novembro de 1990. Autoriza o Poder Executivo a abrir aos
Orçamentos da União créditos adicionais de Cr$ 1.598.225.000,00, para os �ns que
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______. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a
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______. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII
da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza e dá outras providências. Disponível em:
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______. Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005. Regulamenta os incisos II, IV e V do § 1º do
art. 225 da Constituição Federal, estabelece normas de segurança e mecanismos de
�scalização de atividades que envolvam organismos geneticamente modi�cados – OGM e
seus derivados, cria o Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS, reestrutura a Comissão
Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, dispõe sobre a Política Nacional de
Biossegurança – PNB, revoga a Lei nº 8.974, de 5 de janeiro de 1995, e a Medida Provisória
nº 2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5º, 6º, 7º, 8º, 9º, 10 e 16 da Lei nº 10.814, de
15 de dezembro de 2003, e dá outras providências. Disponível em:
//www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11105.htm. Acesso em: 12 maio
2019.
______. Lei nº 13.123, de 20 de maio de 2015. Regulamenta o inciso II do § 1º e o § 4º do art.
225 da Constituição Federal, o Artigo 1, a alínea j do Artigo 8, a alínea c do Artigo 10, o Artigo
15 e os §§ 3º e 4º do Artigo 16 da Convenção sobre Diversidade Biológica, promulgada pelo
Decreto nº 2.519, de 16 de março de 1998; dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético,
sobre a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado e sobre a repartição de
benefícios para conservação e uso sustentável da biodiversidade; revoga a Medida
Provisória nº 2.186-16, de 23 de agosto de 2001; e dá outras providências. Disponível em:
//www planalto gov br/ccivil 03/ ato2015 2018/2015/lei/l13123 htm Acesso em: 12 maio
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//www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13123.htm. Acesso em: 12 maio
2019.MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente. 18. ed. Revistas dos Tribunais. 2018.
RODRIGUES, Marcelo Abelha. Direito Ambiental Esquematizado. 5. ed. São Paulo: Saraiva,
2018.
SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de Direito Ambiental. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
THOMÉ, ROMEU. Manual de Direito Ambiental. 9. ed. Bahia: JusPodium, 2019.
Próxima aula
Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), principal norma de gestão ambiental
nacional;
Princípios, objetivos gerais e especí�cos próprios da PNMA;
Conceitos de degradação ambiental, poluidor, poluição e meio ambiente;
Sistema Nacional do Meio Ambiente e o Conselho Nacional do Meio Ambiente.
Explore mais
1. Ação Direta de Inconstitucionalidade n 4.983, estado do Ceará. Acórdão.Disponível em:
//redir stf jus br/paginadorpub/paginador jsp?docTP=TP&docID=12798874
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2. Emenda Constitucional nº 96/2017. Disponível em:
//www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc96.htm
3. Notícias STF: ADI questiona emenda constitucional que permite a prática de vaquejada.
Disponível em: https://stf.jusbrasil.com.br/noticias/474777118/adi-questiona-emenda-
constitucional-que-permite-a-pratica-de-vaquejada
4. Resolução CONAMA nº 01/1986. Disponível em:
https://www.ibama.gov.br/sophia/cnia/legislacao/MMA/RE0001-230186.PDF
5. Resolução CONAMA nº 237/1997. Disponível em:
//www.icmbio.gov.br/cecav/images/download/CONAMA%20237_191297.pdf
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