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Resenha Critica 1 (Clovis)

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FACULDADE DE TECNOLOGIA TECBRASIL - FTEC
CURSO DE DIREITO
CLOVIS TOLFO
RESENHA CRÍTICA
O TRÁFICO DE DROGAS COMO MEIO DE TRABALHO INFORMAL
Novo Hamburgo
2021
Ao longo do capítulo a autora (Castilhos, 2018) aborda a temática do
tráfico de drogas como forma de trabalho informal e ilegal. É interessante a
forma como ela traz as informações que permeiam esse nicho de trabalho, os
processos envolvidos e os principais atuantes neste cenário. Pensar na
problemática do tráfico é olhar ao redor e para além do simples fato de comprar
e vender uma substância ilícita.
O trabalho informal de modo geral no Brasil já representa 39% da
população trabalhadora, de acordo com dados do IBGE (2021). Um dos
principais atrativos da informalidade é o ganho imediato, mas em contrapartida,
os trabalhadores informais não têm assegurado direitos trabalhistas e
previdenciários. O tráfico de drogas é uma oportunidade de trabalho crescente
pois anualmente movimenta bilhões de reais em todo o mundo, mas nem
sempre quem põe a cara a tapas é quem ganha tanto dinheiro, levando em
conta os riscos que correm. Os traficantes de fato, na maioria das vezes se
mantém ilesos, ou quase isso.
Apesar de ser o modo com que muitas pessoas conseguem para
sobreviver, por meio do trabalho ilegal, as políticas antidrogas mantém uma
perseguição rígida, inflexível e violenta em cima deste público, como também
citado por Ribeiro (2020). O proibicionismo, citado pela autora (Castilhos,
2018), criou uma guerra das drogas, estreada pelas perseguições policiais e
enaltecida pela mídia. Essa guerra tem aumentado de forma discrepante o
número de encarceramentos, tanto de homens quanto de mulheres pelo tráfico.
E quando depara-se com números e fatos, é possível perceber que esse
público encarcerado tem características semelhantes: negros, pobres,
periféricos, desempregados e com baixa escolaridade.
O sistema carcerário e, logo, o judiciário estão sobrecarregados em
função do aumento das prisões e processos (BRASIL, 2020). O cárcere tem
um custo elevado para o estado e então a autora retoma a questão da
importância de políticas públicas realmente eficazes, para que o dinheiro seja
investido de maneira correta. Mesmo com tamanha violência e rigidez, essa
guerra contra o tráfico tem resultado no aumento de mortes de inocentes,
fomentou a formação de organização (quadrilhas) e o consumo e venda de
substâncias não vem diminuindo. A partir disso, nota-se que o método
atualmente implicado nessa guerra não está trazendo os resultados esperados.
Considerando os dados apresentados pela autora sobre as
características do público encarcerado, abre-se para o questionamento de que
se temos um sistema que é para todos. A reflexão sobre uma política universal
vem se mostrando oposta à atual realidade apresentada à sociedade,
relacionando a criminalização à pobreza. Para muitos sujeitos, o tráfico tem
sido uma forma de subsistência, considerando o baixo nível escolar da maioria
somado ao alto índice de desempregados no Brasil.
Os problemas sociais podem fazer parte da base que mantém o tráfico
como mercado de trabalho crescente. A não valorização da mão de obra
operacional, que é a que requer, em geral, menos escolaridade e experiência
têm uma remuneração tão baixa que acaba empurrando essas pessoas para a
marginalidade. Além da melhora na remuneração, o investimento na educação
e projetos sociais também é um ponto importante para mudar essa realidade.
A autora (Castilhos, 2018) retoma, após discutir esses diferentes vieses
sobre o trabalho informal,sobre a importância do direito penal. É uma área
extremamente importante mas se usada de forma adequada. Penalizar não é a
solução para todos os problemas. Outra consideração importante, apontada no
texto, se refere ao direito à liberdade de todas as pessoas e pensando de
forma que se o direito penal está voltado para criminalização, essa não seria
uma prática legítima, considerando o direito de escolha. E volta-se para a
questão: a criminalização é o melhor caminho? Limpar a sociedade dos
traficantes, eliminando-os do convívio social é a solução?
O investimento em políticas públicas voltadas para a educação,
mudanças sociais e redução de danos também são pontos importantes a
serem repensados para mudar a atual realidade sobre o tráfico de drogas como
prática de trabalho informal. Há muito a se pensar e fazer, para que haja
alguma mudança. O primeiro passo é dado por cada um de nós. Tem que
começar no individual para se tornar coletiva.
Diante de toda essa problematização, é interessante perceber o quanto
o tema proposto pela autora envolve diferentes áreas e profissões, além de que
esse crescente aumento do trabalho informal/ilegal é resultado de uma série de
processos sociais e culturais.
Considerando a forma como a discussão é apresentada no texto, se
torna um convite a nos fazer pensar com a autora, de forma aberta, ampliando
a visão sobre os fatos como são tradicionalmente mostrados pela mídia e
política. Nada é tão simples quanto parece, principalmente quando envolve o
direito e a vida. E por falar em direito, para tantos faltam suprimentos básicos e
que os levam para o trabalho informal e por vezes para a criminalidade,
prostituição, mercados ilegais. As vezes é escolha mas nem sempre, e cada
um deles deveria ter o direito de escolha, o que infelizmente não vem
acontecendo. Um estigma não resume uma pessoa, principalmente quando
espalhado de forma generalizada. Privar a liberdade, violentar, matar, isso é
prover segurança para a sociedade?
Além do tema ser exposto de maneira extremamente interessante, a
autora combina dados e estudos que nos aproximam da realidade
apresentada, as costuras e idas e vindas que ela faz durante a escrita, a
tornam de uma fácil leitura e entendimento. O principal ganho após finalizar o
capítulo é a reflexão que ela deixa em aberto em diferentes pontos do texto. O
desejo de mudança nos convida para isso, para pensar um pouco “fora da
caixa”. O direito que defendemos e para que de fato aconteça, deve-se voltar
também para as individualidades e olhar para a realidade de cada sujeito. As
medidas de privação de liberdade são importantes, mas não só elas e por isso,
tem muito a ser feito!
REFERÊNCIAS
CASTILHOS, A. P. S. M. O tráfico de drogas como meio de trabalho informal.
In. CASTILHOS, A. P. S. M. et al. Violência, crime e segurança pública:
perspectivas contemporâneas em ciências criminais. Florianópolis:
Habitus, 2018.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Setor
informal. Rio de Janeiro: IBGE, 2021.
PLANO NACIONAL DE POLÍTICA CRIMINAL E PENITENCIÁRIA. Ministério
da Justiça e Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária.
Brasília, 2020. Disponível em:
https://www.gov.br/depen/pt-br/composicao/cnpcp/relatorios-de-inspecao/relator
ios-de-inspecao-2020/relatorio-de-visita-de-inspecao-em-estabelecimentos-pen
ais-do-espirito-santo.pdf/view.
RIBEIRO, V. A. F. Política criminal e expansão do punitivismo no brasil:
reflexões sobre o encarceramento no país e os desafios para uma
mudança de perspectiva diante da pandemia de covid-19. 2020. Monografia
(Bacharel em Direito). Faculdade de Direito da Universidade Federal de Juiz de
Fora, Juiz de Fora.

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