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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DE SÃO PAULO Relatório Estágio Supervisionado Práticas de Auditoria e Perícia Contábil. Thatiane dos Santos Nascimento Matrícula: 201602423849 Curso: Ciências contábeis UNIDADE I: RELATÓRIO DE PRÁTICAS DE PERÍCIA CONTÁBIL: NBC TP 01 Perícia Contábil, NBC PP 01 Perito Contábil e NBC PP 02 Exame de Qualificação Técnica para Perito Contábil Conceito A Perícia Contábil inscreve-se num dos gêneros de prova pericial, ou seja, é uma das provas técnicas à disposição das pessoas naturais ou jurídicas, e serve como meio de prova de determinados fatos ou de questões patrimoniais controvertidas. Alargando o significado do que se pode entender por fatos ou questões patrimoniais, não se pode olvidar que a Contabilidade, enquanto ciência social aplicada, tem por objeto o patrimônio das entidades e das pessoas naturais, seja no aspecto qualitativo, seja no quantitativo, e ainda o observa em situações estáticas e dinâmicas; portanto, quando se relaciona a perícia contábil a fatos ou questões patrimoniais, é evidente e inerente que estas e aqueles sempre hão de referir-se a determinado patrimônio ou parcela deste e qual sua finalidade. Situa, porém, a questão conceitual de modo stricto sensu, em nível exclusivo de exame. Inobstante o aspecto restrito, é uma definição feliz, dado que, em sua simplicidade, permite entender-se com muita clareza o aspecto operacional da perícia contábil do qual é possuidora. Normas de Perícia As principais normas que abrangem a perícia contábil, segundo o CPC (Lei nº 13.105/15) são: NBC PP 01; NBC TP 01; e o artigo 158. Estes, regem as regras, e procedimentos da conduta do perito contábil. 1. Estabelecer regras e procedimentos técnico-científicos a serem observados pelo perito, quando da elaboração de perícia contábil, no âmbito judicial, extrajudicial, inclusive arbitral, mediante o esclarecimento dos aspectos e dos fatos do litígio por meio de exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, avaliação ou certificação. 2. A perícia contábil constitui o conjunto de procedimentos técnico-científicos destinados a levar à instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar a justa solução do litígio ou constatação de um fato, mediante laudo pericial contábil e/ou parecer pericial contábil, em conformidade com as normas jurídicas e profissionais, e a legislação específica no que for pertinente. 3. O laudo pericial contábil e o parecer pericial contábil têm por limite os próprios objetivos da perícia deferida ou contratada. 4. A perícia contábil, tanto a judicial como a extrajudicial, é de competência exclusiva de contador registrado em Conselho Regional de Contabilidade. Entende-se como perícia judicial aquela exercida sob a tutela da justiça. A perícia extrajudicial é aquela exercida no âmbito arbitral, estatal ou voluntária. 5. A perícia arbitral é aquela exercida sob o controle da lei de arbitragem. Perícia no âmbito estatal é executada sob o controle de órgão do Estado, tais como perícia administrativa das Comissões Parlamentares de Inquérito, de perícia criminal e do Ministério Público. Perícia voluntária é aquela contratada espontaneamente pelo interessado ou de comum acordo entre as partes. Plano de trabalho em perícia contábil O plano de trabalho deve evidenciar todas as etapas necessárias à execução da perícia, como: diligências, deslocamentos, trabalho de terceiros, pesquisas, cálculos, planilhas, respostas aos quesitos, reuniões com os assistentes técnicos, prazo para apresentação do laudo pericial contábil ou oferecimento do parecer pericial contábil. Tipos de Perícia Contábil A perícia contábil é dividida em três tipos: Judicial, solicitada pelo o Poder Judicial; Extrajudicial, solicitadas pelas pessoas jurídica e física para uma análise não judicial da empresa e Arbitral, busca solucionar os desacordos entre as partes, fora do âmbito da justiça para agilizar acordos entre elas. Conceito, estrutura, tipos e prazos do laudo pericial. O laudo pericial contábil é peça técnica da lavra do perito nomeado. Pode ser elaborado em cumprimento à determinação judicial, arbitral, ou ainda por força de contratação. No primeiro caso, surge o laudo pericial contábil judicial. Nos demais, surge o laudo pericial contábil extrajudicial, um por solicitação do Tribunal Arbitral, e outro em decorrência de contrato. Aspectos gerais. Terminadas as operações de averiguação e coleta das informações, dos documentos necessários, é chegado o momento de elaboração do laudo pericial contábil. O laudo pericial contábil pode ser entendido sob dois aspectos: a) é a materialização do trabalho pericial desenvolvido pelo perito; e b) é a própria prova pericial. Enquanto materialização do trabalho pericial, é bom lembrar o que dizia o saudoso mestre Santos sobre o laudo: "consiste na fiel exposição das operações e ocorrências da diligência, com o parecer fundamentado sobre a matéria que lhes foi submetida." Como trabalho técnico juntado aos autos do processo, o laudo pericial contábil é a própria prova pericial sobre a qual as partes irão oferecer seus comentários, aceitando-o, criticando-o. Por outro lado, enquanto prova técnica, servirá, apesar de não exclusivamente, para suprir as insuficiências do magistrado ou dos membros do tribunal arbitral no que se refere a conhecimentos técnicos ou científicos, propiciando certeza jurídica quanto à matéria fática. O laudo pericial contábil deve obedecer a certos requisitos, "extrínsecos uns, intrínsecos outros." Como requisitos extrínsecos, deve o laudo pericial contábil ser lavrado na forma escrita e assinado pelo perito, por ser peça formal que se junta aos autos. No Direito brasileiro, não se prevê outra forma que não a escrita. Será subscrito pelo perito garantindo sua proveniência, além de ser rubricado, evitando-se qualquer possibilidade de substituição de folhas. O laudo pericial contábil deve possuir algumas determinadas qualidades intrínsecas, tais como: ser completo, claro, circunscrito ao objeto da perícia e fundamentado. O conteúdo do laudo pericial contábil, independentemente da quantidade de capítulos em que for organizado, deve possibilitar a apreensão de duas grandes partes: uma expositiva, outra conclusiva, ou melhor, relatório e parecer. Nessa primeira parte, ou seja, o relatório, o perito relata e informa tudo o que ocorreu no trabalho de campo, o objeto da perícia, o desenvolvimento do trabalho pericial, enquanto a segunda parte será a das conclusões a que chegou o perito, ou seja, seu parecer técnico. Esses são os aspectos de fundo que devem nortear o profissional quando da elaboração de seu trabalho técnico e que serão mais aprofundados a seguir. Estrutura, Organização e desenvolvimento do conteúdo. Organizar e desenvolver o conteúdo do laudo pericial contábil de forma lógica e tecnicamente correta obriga o perito a pensar criativamente como oferecer uma peça técnica inteligível para seus leitores, com qualidades técnicas impecáveis, que permitam, por meio de sua leitura, entender os contornos do processo, os fatos controvertidos que ensejaram o próprio pedido ou determinação da prova técnica, bem assim a certificação positiva ou negativa desses mesmos fatos. O perito inicia o laudo com um primeiro tópico, que pode denominar-se Considerações Preliminares. É a parte introdutória da peça técnica pericial, ou seja, a parte relativa ao relatório pericial. Esta parte pode ser dividida em alguns subtópicos. No primeiro subtópico, o perito descreve, sucintamente, o pedido formulado pelo proponente da ação constante da inicial. Em seguida, oferece, de forma breve, os fatos relatados e sua contestação, aspectos fundamentais para a identificação da controvérsia levada a Juízo ou Tribunal Arbitral e, consequentemente, traz à luz os contornos e limites do trabalho pericial. Aqui se vê a necessidade e a relevância da leitura atenta dos autos do processo. Um segundo subtópico a ser oferecido é o que relata as diligências realizadas pelo perito. É a ocasião de seinformar os principais momentos de como foi desenvolvido o trabalho de campo, referenciando, inclusive, o termo de ciência às partes da data e local de início da prova e o termo de diligência, prova essencial de que o perito realizou a diligência e que requereu a exibição de determinados livros e documentos. É também pertinente inserir aqui eventuais ocorrências que, porventura, tenham sucedido. O tópico seguinte vai abordar, de forma breve, os principais procedimentos técnicos adotados pelo perito, bem como os exames efetuados, no sentido de solucionar, de maneira competente, as questões técnicas submetidas à sua apreciação. Por último, é importante colocar alguns limites quanto à responsabilidade do perito no desenvolvimento de seu trabalho técnico, referenciando, no que se refere a esse aspecto, os dispositivos das Normas Técnicas de Perícia Contábil e Funcionais do Perito que abordam essa(s) questão(ões). Posto isso, é o momento do perito entrar na questão técnica que pode ser desenvolvida, primeiramente, discorrendo sobre a matéria fática examinando vis a vis os pontos controvertidos e, em seguida, por meio das respostas aos quesitos oferecidos. Na ausência de quesitos, terá o profissional que organizá-la de forma criativa e tecnicamente competente em função dos pontos controvertidos. Para a ausência de quesitos não há uma forma acabada para a organização e elaboração do laudo contábil; por isso, no tópico Alguns tipos de laudo, mais adiante, abordaremos algumas formas de como ordenar o conteúdo técnico, nessa circunstância. Quando as questões técnicas objeto da lide são desenvolvidas mediante perguntas formuladas pelo magistrado, pelas partes, por uma das partes apenas, ou pelo tribunal arbitral, o perito observará algumas regras básicas. Na vertente judicial, por uma questão hierárquica, são oferecidas, preliminarmente, as respostas aos quesitos formulados pelo magistrado; em seguida, as respostas aos quesitos oferecidos pelas partes, pela ordem de juntada das mesmas aos autos do processo. Na vertente extrajudicial, pela forma determinada pelo tribunal arbitral ou pela ordem formulada por quem contratou. Uma segunda ordem deve ser respeitada. Não pode o perito responder de forma aleatória, por exemplo, aos quesitos 2 e 4, e, depois, retornar ao quesito 1. Deve oferecer resposta obedecendo, rigorosamente, à ordem em que foram formulados, ou seja, do quesito 1 até o último. O perito deve ter presente que as perguntas formuladas pelo magistrado e aquelas formalizadas pelos advogados das partes, ou pelo tribunal arbitral, são, em geral, ordenadas, atendendo a determinada lógica que reflete a estratégia da busca da verdade dos fatos por parte do magistrado e das partes, ou dos membros do tribunal arbitral; é a busca de elementos fáticos com os quais se pretende corroborar a matéria fática objeto da lide. Portanto, a oferta das respostas aos quesitos formulados guardará a ordem de juntada aos autos do processo judicial ou arbitral, ou seja, responde-se aos quesitos juntados primeiramente e em seguida aos demais, e, ainda dentro de cada série de quesitos, as respostas deverão respeitar a ordem cronológica de quem os formulou. Quanto à boa técnica a ser adotada pelo perito, quando das respostas aos quesitos formulados, já foi mencionada, inclusive, acerca dos aspectos de como proceder quando se depara com quesitos indeferidos ou fora de sua área de competência legal. Seguindo na construção do laudo pericial contábil, após a oferta das respostas aos quesitos ou da abordagem da questão técnica, o trabalho prossegue com as conclusões técnicas, ou seja, o parecer, que se pode denominar de Considerações Finais. Nessa parte do laudo pericial contábil, o perito expõe, sinteticamente, os fatos observados, suas conclusões e, eventualmente, oferece comentários técnicos de questões surgidas no decorrer do trabalho pericial relacionadas com o objeto da perícia e dentro de seus limites que não tenham sido objeto de quesitos. Partindo-se de que a tarefa fundamental do perito é a busca da verdade dos fatos relacionados com a lide, pode acontecer que, ao se debruçar sobre o tema técnico proposto, venham à luz questões sobre as quais as partes não tiveram interesse de perguntar, quem sabe, talvez por lhes serem prejudiciais. Como enfrentar, então, essa situação nem sempre tranquila entre os peritos? Na vertente judicial, a questão pode ser resolvida fazendo-se uma leitura atenta do art. 145 do CPC. Esse comando legal é amplo, não havendo nenhum indicativo de que a prova pericial contábil deva ficar adstrita a eventuais quesitos formulados como alguns propugnam. Se assim fosse, não havendo quesitos, a prova pericial estaria em tese prejudicada, o que os fatos periciais desmentem, pois há diversas situações processuais em que basta apenas um comando do magistrado para a realização da prova pericial, como é o caso, por exemplo, de apuração de haveres, na qual o trabalho pericial desenvolve-se sem a necessidade de quesitos. Assim, assistir competentemente o magistrado significa trazer para o laudo pericial contábil toda a amplitude da questão técnica; porém, sempre nos limites do objeto da lide proposta, isso vale dizer que fatos alheios devem ser olvidados, mesmo porque, se observados pela perícia, são inúteis, à medida que o magistrado ou o Tribunal Arbitral decidir a lide nos limites em que foi proposta. Por outro lado, oferecer laudo contemplando de forma ampla a questão técnica submetida à sua apreciação independentemente de haver quesitos ou não, é dever de ofício do perito, já que nomeado para assistir o magistrado em matéria técnica; não o fazendo, estará criando obstáculos e passando silente por cima de eventuais simulações processuais, não trazendo elementos para os autos que permitam ao magistrado cumprir o disposto no art. 129, CPC.8 Na vertente extrajudicial, a questão será enfrentada em função das diretrizes traçadas pelo tribunal arbitral ou na forma de como o trabalho pericial foi ajustado. Finalmente, é praxe constar do laudo pericial contábil um capítulo denominado Encerramento, no qual o perito dá por terminado o trabalho, inventariando o número de folhas em que o laudo pericial contábil está composto, a quantidade de anexos e documentos juntados, datando-o e assinando-o. As demais folhas, anexos e documentos são rubricados pelo perito. Dessa forma, fica garantida a proveniência do trabalho pericial e a inerente responsabilidade. É importante salientar que o perito pode instruir o laudo pericial contábil com peças que entender relevantes ao bom fundamento de seu trabalho. Na função judicial, o CPC garante tal procedimento. Naturalmente, a juntada de anexos e documentos, o mais usual na perícia contábil, deve fazer-se de forma parcimoniosa, nunca no sentido de inchar o laudo pericial contábil; a juntada de um documento compulsado ou a elaboração de anexo justifica-se quando for suporte importante a determinada resposta ou conclusão, sempre no sentido de oferecer fundamentação técnica. Inútil e desnecessária, como já se viu, a juntada de centenas de documentos para ilustrar determinado fato, quando a questão poderia ser resolvida adequadamente com a inclusão de apenas alguns exemplares. Primeiro, porque o perito tem fé pública; segundo, porque o excesso de juntada, em especial de documentos, estará transformando, em nosso entender técnico, a prova pericial em prova documental, outro tipo de prova que prescinde da presença do perito. Ainda com referência a essa questão, é necessário distinguir anexo de documento. Costuma-se denominar de anexo às demonstrações elaboradas pelo perito, frequentemente, planilhas eletrônicas, para ilustrar determinadas respostas ou para evidenciar cálculos e apuração de valores. E de documento o material colhido pelo perito, em cópia reprográfica, dos originais compulsados quando do trabalho de campo. Em síntese, a clareza do laudo pericial contábil é vital. Delimitados os contornos da perícia, deles não poderá afastar-se o perito. Dele,perito, espera-se que, dados os limites, cumpra sua função, sendo-lhe vedado procurar conduzir ou orientar a fase de instrução da lide. Assim é que o laudo pericial contábil será "circunscrito ao objeto da perícia". Contudo, esses limites não podem ser entendidos como desculpa para o não cumprimento das obrigações do perito de apreciar todos os fatos necessários a bem resolver a questão técnica sob sua responsabilidade funcional. Por derradeiro, a condição de que o laudo pericial contábil deve ser fundamentado é evidente. Se o laudo é o repositório de tudo o que foi observado pelo perito, bem como de seu parecer, deve o mesmo ter o poder de convencimento que emana das razões técnicas de que se vale para expender suas conclusões. Alguns tipos de laudo Diversas modalidades de perícia contábil demandam laudos diferenciados. A prova pericial contábil mais usual é aquela requerida e deferida na fase de instrução do processo, nos termos do art. 420, CPC,11 que se materializa através do exame técnico de questões contábeis controvertidas tratadas por meio de perguntas formuladas pelo magistrado e pelas partes e atendidas mediante respostas oferecidas pelo perito, tudo materializado em laudo pericial contábil. Resumindo esse tipo de laudo pericial contábil, já apresentado e comentado anteriormente, temos que seu conteúdo pode ser ordenado assim: 1. Das considerações preliminares: a. Aspectos gerais dos autos; b. Diligências; c. Procedimentos técnicos adotados; d. Responsabilidade profissional. 2. Da matéria fática e dos quesitos: 2.1 Da matéria fática e os pontos controvertidos 2.2 Dos quesitos a. Do magistrado b. Do autor c. Do réu 3. Das considerações finais 4. Do encerramento - Anexos - Documentos As modalidades de perícia contábil que comportam laudo organizado na forma acima são: Os exames, as vistorias, as indagações e as investigações. São modalidades de perícia contábil normalmente construídas mediante perguntas e respostas. As modalidades de arbitramento e avaliação requerem laudos diferenciados quanto a seu conteúdo. Desenvolver uma perícia contábil de arbitramento requer a construção de tópicos muito específicos. Preliminarmente, cabe relembrar que esta modalidade de perícia contábil surge para liquidar sentença exarada, que, por sua natureza ou por dificuldades da parte perdedora, obriga o magistrado a assim decidir. Portanto, é perícia contábil que surge na fase de liquidação de sentença, de modo que já há condenação; porém, falta apenas apurar o valor respectivo. Após as Considerações preliminares, nos moldes oferecidos no tópico anterior, é necessário desenvolver tópico que pode ser denominado Do arbitramento, destacando as premissas e os critérios adotados, os cálculos e a fixação ou estimação dos valores arbitrados. Assim, nos subtópicos Premissas e Critérios adotados, o perito levanta, descreve e justifica as premissas e critérios por ele adotados para o arbitramento. Eleger determinadas premissas e critérios requer discernimento acurado da origem dos valores a serem fixados. Para tanto, exige do perito a leitura atenta de tudo o que consta dos autos, com atenção especial para o conteúdo da sentença exarada pelo magistrado e do V. Acórdão, se houver. Em seguida, no subtópico dos cálculos, é necessário evidenciar os cálculos desenvolvidos por arbitramento, correlacionado-os com as premissas e critérios assumidos pelo perito. E, como resultante de todo o procedimento, apresenta a fixação ou estimação dos valores arbitrados, por juízo técnico. Como de praxe, é também oferecido o tópico do encerramento, seguido dos anexos e documentos, se houver. Resumindo esse tipo de laudo, podemos ter a seguinte organização de seu conteúdo, a saber: 1. Das considerações preliminares: a. Dos aspectos gerais dos autos; b. Das diligências; c. Dos procedimentos técnicos adotados; d. Da responsabilidade profissional. 2. Do Arbitramento: a. Das premissas adotadas; b. Dos critérios adotados; c. Da demonstração dos cálculos; d. Da fixação dos valores arbitrados. 3. Do Encerramento - Anexos - Documentos Para suportar a espécie pericial de avaliação, em particular de apuração de haveres, necessário se faz desenvolver um tipo de laudo que se adapte à natureza da matéria pericial. Persiste a necessidade do tópico Considerações preliminares, como descrito no primeiro tipo de laudo. Na sequência, é necessário abrir tópico que contemple todas as etapas técnicas da apuração de haveres. O primeiro momento é o da verificação da existência ou não das demonstrações contábeis especiais. O falecimento de sócio componente de sociedade limitada ou dissidência societária nesse mesmo tipo de sociedade obriga os sócios remanescentes a preparar demonstrações contábeis especiais na data do evento. Nem sempre, porém, tal procedimento é efetuado, o que, em sua ausência, leva o perito a proceder a sua preparação. Se existirem as demonstrações contábeis especiais, o primeiro procedimento do perito é averiguar se as mesmas refletem adequadamente a realidade patrimonial da sociedade avalianda, dando consistência aos saldos das contas, o que poderá ensejar determinados ajustes técnicos em decorrência de erros ou de ausência de escrituração de algumas operações. Cuidado especial deve ter o perito no sentido de evidenciar eventuais desvios patrimoniais perpetrados pelos sócios remanescentes. Para tanto, é importante desenvolver exame técnico comparativo com as demonstrações contábeis anteriores às especiais, cotejando os níveis de receitas, das despesas, o movimento das contas de ativo permanente, de financiamentos bancários e demais obrigações societárias. Garantida a consistência dos valores patrimoniais, é o momento de partir para os procedimentos avaliatórios propriamente ditos. É necessário reconhecer os ganhos e perdas dos itens monetários constantes do ativo e passivo, por intermédio de indexador monetário aceito pelo Poder Judiciário. Se houver estoques de produtos ou mercadorias, será necessário reconhecer eventuais ganhos monetários de estocagem. É premente desenvolver procedimento avaliatório do grupo de ativo permanente, em especial dos subgrupos de investimentos e de imobilizado. Para os investimentos, é necessário constatar quais os tipos de investimentos e desenvolver procedimentos avaliatórios próprios para cada um deles, considerando, em seguida, os respectivos efeitos no patrimônio líquido da sociedade avaliada. Para o imobilizado, se existirem imóveis e instalações industriais ou comerciais, será necessário desenvolver avaliação imobiliária por profissional engenheiro nomeado pelo magistrado ou contratado pelo perito com a anuência daquele. Para os demais itens deste subgrupo patrimonial, se não houver possibilidade avaliatória, ou no caso de pouca expressão monetária, costuma-se adotar os valores contábeis líquidos de depreciação. Posto isso, apuram-se os efeitos monetários desse processo avaliatório no patrimônio líquido da sociedade avalianda. Na sequência, é necessário desenvolver procedimentos quanto à constatação de eventuais contingências trabalhistas, fiscais ou de outra natureza. Por fim, é pertinente desenvolver estudos técnicos quanto a se constatar a existência ou não do denominado goodwill, ou aviamento. As diversas questões técnico-científicas que são suscitadas quanto ao tema goodwill ou aviamento não serão, aqui, objeto de análise. Alerta-se apenas tratar-se da apuração de um ativo intangível, que, se constatado pela perícia contábil, deve integrar o patrimônio líquido avaliando. Constatados ganhos de capital originários especialmente da reavaliação do ativo permanente, é necessário proceder ao cálculo das provisões tributárias incidentes sobre tais ganhos. Efetuados todos os ajustes originários do processo avaliatório, é chegado o momento da perícia contábil construir o balanço de determinação, ou balanço especial, como consta do Código Civil vigente - art. 1.031, da sociedade avalianda, evidenciando-se, assim, o patrimônio líquido a valores de mercado, o que permitirácalcular-se o valor unitário de uma quota e, seguidamente, obter-se o valor da participação do sócio falecido ou do dissidente. Os haveres serão então constituídos do valor apurado para as quotas de capital avaliadas adicionado de eventuais valores a receber a título de empréstimos concedidos ou de pró-labore a receber não liquidados até a data do evento, ou, ainda, subtraídos de valores que porventura tenham sido emprestados pela sociedade ao sócio e não devolvidos até a data do evento. Trata-se de trabalho técnico-pericial altamente complexo, pois, muito embora se desenvolva sem ser necessária a oferta de quesitos, tem, em seu cerne, uma grande pergunta, qual seja, a de se obter resposta consistente para o valor real da sociedade avalianda. É possível o perito deparar-se com quesitos em processo judicial que envolva dissidência societária. Inobstante tal fato, deve o profissional considerar o roteiro técnico sugerido acrescido das respostas aos quesitos formulados pelas partes. Resumindo esse tipo de laudo, 13 temos que seu conteúdo pode ser assim ordenado: 1. Das considerações preliminares a. Dos aspectos gerais dos autos b. Das diligências c. Da responsabilidade profissional 2. Da apuração de haveres a. Das demonstrações contábeis especiais b. Dos ajustes contábeis c. Dos critérios e procedimentos avaliatórios d. Dos ajustes avaliatórios e. Do balanço de determinação f. Dos haveres apurados 3. Do encerramento - Anexos - Documentos Os modelos de laudo retro apresentados e comentados refletem as práticas mais usuais observadas no desenvolvimento da perícia contábil no âmbito do Poder Judiciário. Prazo do laudo O laudo pericial deve ser protocolado em juízo em prazo a ser fixado pelo juiz, que deverá ser 20 (vinte) dias antes da audiência de instrução e julgamento (Art. 477 do Novo CPC). As partes serão intimadas para manifestação acerca do laudo pericial, com prazo de 15 (quinze) dias para tal. Interessante saber que também é este o prazo para manifestação dos Assistentes Técnicos (AT) das partes, que deverá ser avisado pelo respectivo patrono, já que o AT não possui acesso ao sistema eletrônico judicial. O prazo de resposta do Perito às divergências ou dúvidas das partes, do juízo, do Ministério Público e divergência técnica dos Assistentes Técnicos também é de 15 (quinze) dias. Legislação Aplicável ao Perito Contábil O Decreto-Lei nº 9.295/46, na alínea “c” do art. 25, determina que o laudo pericial contábil e o parecer pericial contábil somente sejam elaborados por contador que esteja devidamente registrado e habilitado no Conselho Regional de Contabilidade. https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28892125/artigo-477-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174788361/lei-13105-15 NBC PP 01 Esta norma institui procedimentos característicos do perito, que é o profissional regularmente registrado no CRC, que exerce a atividade pericial de forma pessoal, devendo ser profundo conhecedor por suas qualidades e experiências da matéria periciada. Nesse sentido Zanna ( 2011,p.57) diz que o “perito-contador é um profissional ao qual são reputados conhecimentos especializados na matéria objeto da perícia, portador de integridade moral inquestionável e legalmente habilitado” .Sobre a definição de perito- contador a NBC PP 01 - item 3 esclarece que: perito-contador nomeado é o designado pelo juiz em perícia contábil judicial; contratado é o que atua em perícia contábil extrajudicial; e escolhido é o que exerce sua função em perícia contábil arbitral. Acerca do perito-contador assistente, este é o contratado e indicado pela parte em perícias contábeis, em processos judiciais e extrajudiciais, inclusive arbitral (NBC PP 01). O perito-contador assistente deve possuir as mesmas qualidad es profissionais e pessoais citadas para o perito-contador; todavia, terá seu nome indicado pela parte que o escolher (ZANNA, 2011) A NBC PP 01 traz os procedimentos imprescindíveis para o perito: competência técnico-profissional, habilitação profissional, educação continuada, independência, impedimento e suspeição, sigilo, responsabilidade, zelo profissional, utilização de trabalho de especialista e por fim honorários.Para D'Áuria apud Ornelas (2003, p. 50) “resumem-se no perito a competência técnica da sua especialidade, a experiência da função e as qualidades morais, formando um conjunto de requisitos que lhe dão a reputação necessária para ser preferido pel as partes interessadas e pelas autoridades judiciárias”. Desse modo o perito deve ser um profissional técnico com profundo conhecimento d e sua ciência, que deve sempre está se renovando e se adequando às normas vigentes. UNIDADE II: RELATÓRIO DE PRÁTICAS DE AUDITORIA CONTÁBIL: NBC TA de Auditoria Independente de Informação Contábil Histórica e NBC PA do Auditor Independente Conceito O objetivo do auditor externo ou independente é emitir sua opinião sobre as demonstrações financeiras examinadas, cujas peças básicas são as seguintes: – balanço patrimonial; – demonstração do resultado do exercício; – demonstração de lucros ou prejuízos acumulados ou demonstração das mutações do patrimônio líquido; – demonstração dos fluxos de caixa; – demonstração do valor adicionado; – notas explicativas. Para atingir esse objetivo, o auditor independente necessita planejar adequadamente seu trabalho, avaliar o sistema de controle interno relacionado com a parte contábil e proceder à revisão analítica das contas do ativo, passivo, despesa e receita, a fim de estabelecer natureza, datas e extensão dos procedimentos de auditoria, colher as evidências comprobatórias das informações das demonstrações financeiras e avaliar essas evidências. No Quadro 2.1, apresenta-se um gráfico com esses passos de auditoria. Normas As normas de auditoria geralmente aceitas exigem que o trabalho de auditoria seja adequadamente planejado. Planejar significa estabelecer metas para que o serviço de auditoria seja de excelente qualidade e ao menor custo possível. Os principais objetivos a serem atingidos são os seguintes: – adquirir conhecimento sobre a natureza das operações, dos negócios e forma de organização da empresa; – planejar maior volume de horas nas auditorias preliminares; – obter maior cooperação do pessoal da empresa; – determinar a natureza, amplitude e datas dos testes de auditoria; – identificar previamente problemas relacionados com contabilidade, auditoria e impostos. Nos tópicos seguintes objetivos relacionados, adquirir conhecimentos sobre a empresa auditada: - Financeira; - Contábil; - Orçamentária; - Pessoal; - Fiscal e legal; - Operações; - Vendas; - Suprimentos; Direção dos testes O saldo de uma conta do balanço patrimonial ou da demonstração do resultado do exercício pode estar errado para mais (superavaliado) ou para menos (subavaliado). Devido a esse risco, todas as contas da contabilidade devem ser testadas para superavaliação e para subavaliação. A experiência tem demonstrado que é mais prático dirigir os testes principais de superavaliação para as contas devedoras (normalmente, as contas do ativo e despesas) e os de subavaliação para as contas credoras (geralmente, contas de passivo e receitas). Devido ao fato de as transações na contabilidade serem registradas pelo sistema de partidas dobradas, quando se testam as contas devedoras para superavaliação, as contas credoras também estão sendo testadas indiretamente nessa mesma direção. Por exemplo, se durante o exame das demonstrações contábeis de uma empresa, para o ano findo em 31-12-20X0, o auditor descobre que as despesas de pessoal estão superavaliadas, em função de os salários do mês de janeiro de 20X1 terem sido provisionados indevidamente em 20X0, é evidente que a conta credora de salários a pagar, classificada no passivo circulante, também está superavaliada. Da mesma forma, quando se testam as contas credoras para subavaliação, as contas devedoras estão sendo testadas secundariamente nessa mesma direção. Por exemplo: por ocasião da auditoria da conta credorade fornecedores a pagar (testado para subavaliação), o auditor descobre que uma fatura de compra de matéria-prima não foi registrada na contabilidade; consequentemente, as contas de fornecedores a pagar e matéria-prima (conta devedora classificada no grupo de estoques do ativo circulante) estão subavaliadas. No Quadro 2.2, são demonstrados para as contas de ativo, passivo, despesa e receita os testes principais e os testes secundários. A seguir, apresentaremos exemplos das situações previstas no Quadro 2.2. 1 Teste principal para superavaliação de uma conta do ativo e teste secundário para subavaliação de outra conta do ativo Durante a auditoria da conta de ativo intangível, o auditor constatou que participações no capital social de outras sociedades foram debitadas indevidamente nessa conta, quando o correto seria o grupo de contas de investimentos. Como consequência, o ativo intangível (teste principal) estava superavaliado e investimentos (teste secundário) subavaliado. 2 Teste principal para superavaliação do ativo e teste secundário para superavaliação do passivo Por ocasião da auditoria da conta de matéria-prima (grupo de estoques do ativo circulante), o auditor observou que uma compra realizada em janeiro de 20X1 foi contabilizada erroneamente em 20X0. Por conseguinte, a conta de matéria-prima (teste principal) e a conta de fornecedores a pagar (teste secundário) estavam superavaliadas. 3 Teste principal para superavaliação do ativo e teste secundário para subavaliação de despesa Na auditoria da conta de máquinas e equipamentos (ativo imobilizado), o auditor verificou que foram capitalizadas (debitadas no ativo) peças de reposição, que, de acordo com os princípios contábeis, deveriam ser registradas como despesas do ano. Portanto, a conta de máquinas e equipamentos (teste principal) estava superavaliada e o grupo de despesas (teste secundário) subavaliado. 4 Teste principal para superavaliação do ativo e teste secundário para superavaliação de receita Na auditoria da conta de duplicatas a receber (ativo circulante), o auditor constatou que uma venda realizada em 20X1 foi contabilizada em 20X0. Como consequência, a conta de duplicatas a receber (teste principal) e a conta de receita bruta na venda de bens (teste secundário) estavam superavaliadas. 5 Teste principal para subavaliação do passivo e teste secundário para subavaliação do ativo Na auditoria da conta de fornecedores a pagar, o auditor notou que uma nota fiscal de competência de 20X0, referente à compra de um veículo, foi registrada somente por ocasião de seu efetivo pagamento em 20X1. Por conseguinte, a conta de fornecedores a pagar (teste principal) e a conta de veículos do ativo imobilizado (teste secundário) estavam subavaliadas. 6 Teste principal para subavaliação de uma conta do passivo e teste secundário para superavaliação de outra conta do passivo No exame da conta de empréstimos a pagar, o auditor constatou que um financiamento foi registrado indevidamente na conta de fornecedores a pagar. O auditor descobriu esse problema por ocasião do confronto dos contratos de financiamentos com os valores efetivamente contabilizados na conta de empréstimos a pagar. Portanto, a conta de empréstimos a pagar (teste principal) estava subavaliada e a conta de fornecedores a pagar (teste secundário) estava superavaliada. 7 Teste principal para subavaliação do passivo e teste secundário para subavaliação de despesa O auditor observou, por ocasião da inspeção dos contratos de empréstimos, que os juros devidos e não pagos, até a data de encerramento do exercício social, não foram provisionados. Como consequência, a conta de juros a pagar (teste principal) e a conta de despesa de juros (teste secundário) estavam subavaliadas. 8 Teste principal para subavaliação do passivo e teste secundário para superavaliação de receita Na auditoria das contas de fretes a pagar, o auditor notou que fretes incorridos e ainda não pagos foram creditados indevidamente na conta de receita. Portanto, a conta de fretes a pagar (teste principal) estava subavaliada e a conta de receita (teste secundário) estava superavaliada. 9 Teste principal de despesa para superavaliação e teste secundário de ativo para subavaliação O auditor observou, na auditoria da conta de despesa de manutenção, que uma máquina foi debitada nessa conta. Consequentemente, a conta de despesa de manutenção (teste principal) estava superavaliada e a conta de máquina do ativo imobilizado (teste secundário) subavaliada. 10 Teste principal para superavaliação de despesa e teste secundário para superavaliação do passivo Durante o exame dos comprovantes da conta de despesa de advogados, o auditor constatou que uma nota fiscal foi provisionada a maior. Como consequência, a conta de despesas de advogados (teste principal) e a conta de serviços prestados a pagar (teste secundário) estavam superavaliadas. 11 Teste principal para superavaliação de uma conta de despesa e teste secundário para subavaliação de outra conta de despesa Por ocasião do exame da conta de despesa de encargos sociais, o auditor verificou que juros sobre empréstimos foram classificados indevidamente nessa conta. Por conseguinte, a conta de despesa de encargos sociais (teste principal) estava superavaliada e a conta de despesas financeiras (teste secundário) subavaliada. 12 Teste principal para superavaliação de despesa e teste secundário para superavaliação de receita O auditor constatou, durante o exame da conta de despesas administrativas, que uma devolução de vendas foi contabilizada indevidamente nessa conta. Logo, a conta de despesas administrativas (teste principal) estava superavaliada e a conta de receita (teste secundário) superavaliada. 13 Teste principal de receita para subavaliação e teste secundário de ativo para subavaliação No exame da conta de receita na venda de bens, o auditor comprovou que algumas faturas não foram registradas. Portanto, a conta de receita na venda de bens (teste principal) e a conta de faturas a receber (teste secundário) estavam subavaliadas. 14 Teste principal para subavaliação de receita e teste secundário para superavaliação do passivo No exame da conta de receitas financeiras, o auditor notou que juros ganhos em aplicações financeiras foram classificados erroneamente na conta de juros a pagar. Consequentemente, a conta de receitas financeiras (teste principal) estava subavaliada e a conta de juros a pagar (teste secundário) superavaliada. 15 Teste principal para subavaliação de receita e teste secundário para subavaliação de despesa Na revisão da conta de receita na prestação de serviços, o auditor observou que uma fatura, emitida pela empresa auditada, foi contabilizada incorretamente como dedução da conta de despesas administrativas. Logo, a conta de receita na prestação de serviços (teste principal) e a conta de despesas administrativas (teste secundário) estavam subavaliadas. 16 Teste principal para subavaliação de uma conta de receita e teste secundário para superavaliação de outra conta de receita No exame da conta de outras receitas operacionais, o auditor verificou que a receita na venda de um veículo do ativo imobilizado foi classificada erroneamente na conta de receita de serviços. Por conseguinte, a conta de outras receitas operacionais (teste principal) estava subavaliada e a conta de receita de serviços (teste secundário) superavaliada. 2.3 Teste para superavaliação No teste para superavaliação, o auditor parte do valor registrado no razão geral para o documento-suporte da transação. No Quadro 2.3, são demonstrados os passos de auditoria no teste para superavaliação. O registro final representa o último registro contábil antes do razão geral. O registro inicial é elaborado com base no documento e representa o primeiro registro contábil em função de uma operação. O registro intermediário representa qualquer registro contábil elaborado entre o registro inicial e o registro final. No Quadro 2.4, é dado um exemplo dos registros inicial, intermediário e final.Nesse exemplo, a Filial A prepara o resumo das compras do dia (registro inicial) com base nas notas fiscais de compra dos fornecedores. Posteriormente, a Filial A elabora o resumo mensal de compras (registro intermediário), que representa o somatório dos resumos diários de compra. O resumo mensal de compras de cada filial é enviado para a matriz da empresa, onde é preparado o resumo de compras do mês de todas as filiais (registro final). Este último resumo é que serve de base para a contabilização no razão geral. Os procedimentos básicos de auditoria do teste para superavaliação são os seguintes: – conferir a soma da conta do razão geral; – selecionar débito e conferir seu valor com o valor total do registro final; – conferir a soma do registro final; – selecionar parcela no registro final e conferir seu valor com o valor total do registro intermediário; – conferir a soma do registro intermediário; – selecionar parcela no registro intermediário e conferir seu valor com o valor total do registro inicial; – conferir a soma do registro inicial; – Selecionar parcela no registro inicial e conferir o seu valor com a documentação comprobatória. O objetivo dos procedimentos supracitados é detectar a superavaliação de débitos. Essa superavaliação poderia ser feita verificando-se o seguinte: – falta de documento ou documento não válido; – soma a maior dos registros ou razão geral; – transporte a maior do valor do documento para o registro inicial e do valor de um registro para outro ou para o razão geral. 2.4 Teste para subavaliação No teste para subavaliação, o auditor parte do documento para o razão geral. No Quadro 2.5, são apresentados os passos de auditoria no teste para subavaliação. No Quadro 2.6, é dado um exemplo numérico de registros de uma conta que é testada para subavaliação. Nesse exemplo, a Filial A prepara o resumo das vendas do dia (registro inicial) com base nas notas fiscais de venda. Depois, a Filial A elabora o resumo mensal de vendas (registro intermediário), que representa o somatório dos resumos diários de vendas. O resumo mensal de vendas de cada filial é enviado para a matriz da empresa, onde é preparado o resumo de vendas do mês de todas as filiais. Esse último registro é que serve de base para a contabilização no razão geral. Os procedimentos básicos de auditoria do teste para subavaliação são os seguintes: – selecionar e inspecionar o documento-suporte; – verificar a inclusão do valor do documento no registro inicial; – conferir a soma do registro inicial; – verificar a inclusão do valor total do registro inicial no registro intermediário; – conferir a soma do registro intermediário; – verificar a inclusão do valor total do registro intermediário no registro final; – conferir a soma do registro final; – verificar a inclusão do valor total do registro final no razão geral; – conferir a soma do razão geral. O objetivo dos procedimentos relatados é identificar a subavaliação de créditos. Os créditos poderiam ser subavaliados das seguintes formas: – não inclusão do documento no registro inicial; – soma a menor dos registros ou do razão geral; – transporte a menor do valor do documento para o registro inicial e do valor de um registro para outro ou para o razão geral. 2.5 Procedimentos de auditoria Os procedimentos de auditoria representam um conjunto de técnicas que o auditor utiliza para colher as evidências sobre as informações das demonstrações financeiras. A seguir, exemplificaremos os principais procedimentos de auditoria. 2.5.1 Contagem física Esse procedimento é utilizado para as contas do ativo e consiste em identificar fisicamente o bem declarado nas demonstrações financeiras. Exemplificaremos abaixo ativos que normalmente são submetidos à contagem física pelo auditor: – dinheiro em caixa; – estoques; – títulos (ações, títulos de aplicações financeiras etc.); – bens do ativo imobilizado. 2.5.2 Confirmação com terceiros Esse procedimento é utilizado pelo auditor para confirmar, por meio de carta, bens de propriedade da empresa em poder de terceiros, direitos a receber e obrigações, conforme exemplificado abaixo: – dinheiro em conta corrente bancária; – contas a receber de clientes; – estoques em poder de terceiros; – títulos em poder de terceiros; – contas a pagar a fornecedores; – empréstimos a pagar. 2.5.3 Conferência de cálculos O contador efetua diversos cálculos em todo o processo de elaboração das demonstrações financeiras. Evidentemente, um erro de cálculo ocasiona uma informação errônea nessas demonstrações. Portanto, o auditor deve conferir, na base de teste, esses cálculos. A seguir, exemplificaremos transações para as quais o auditor utiliza esse procedimento de auditoria: – cálculos de valorização de estoques; – cálculos de amortização de despesas antecipadas; – cálculos das depreciações dos bens do ativo imobilizado; – cálculos de variação monetária e cambial de empréstimos a pagar; – cálculos dos juros provisionados. 2.5.4 Inspeção de documentos Existem dois tipos de documentos: os internos e os externos. Os documentos internos são produzidos pela própria empresa, já os externos são fornecidos por terceiros à empresa, normalmente comprovando algum tipo de transação. Esses documentos representam os comprovantes hábeis que suportam os lançamentos contábeis nas contas de ativo, passivo, receita e despesa. O auditor examina esses documentos com o objetivo de constatar a veracidade dos valores registrados. São exemplos de documentos internos: – relatório de despesas; – boletim de caixa; – mapas demonstrativos (apropriação de custos, depreciação, amortização etc.); – requisição de compra; – mapa de licitação de compras; – registro de empregado; – folha de pagamento; – livros sociais (atas de reunião de acionistas, conselho de administração, diretoria e conselho fiscal). São exemplos de documentos externos: – notas fiscais, faturas e duplicatas de fornecedores; – apólices de seguro; – contratos; – escrituras de imóveis; – certificados de propriedade de veículos. Relatório dos auditores independentes. O relatório do auditor independente, anteriormente denominado de parecer, representa o produto final do auditor. As normas de auditoria que tratam desse assunto são a NBC TA 700, a NBC TA 705 e a NBC TA 706. O relatório do auditor independente padrão compreende basicamente quatro parágrafos: a) Identificação da Entidade, das demonstrações financeiras auditadas e do período auditado. b) Responsabilidade da administração sobre as demonstrações financeiras. c) Responsabilidade dos auditores independentes sobre as demonstrações financeiras. d) Opinião dos auditores independentes sobre as demonstrações financeiras. Cumpre relembrar que os objetivos do auditor independente são: a) formar uma opinião sobre as demonstrações financeiras com base na avaliação das conclusões atingidas pela evidência de auditoria obtida; e b) expressar claramente essa opinião por meio de relatório de auditoria por escrito que também descreva a base para a referida opinião Título, destinatário, data e assinatura O título recomendado é “Relatório dos Auditores Independentes sobre as Demonstrações Financeiras". Devem ser evitadas expressões, tais como: certificado, atestado, etc. O relatório dos auditores independentes é normalmente endereçado às pessoas para quem o relatório é elaborado, frequentemente para os acionistas ou para os responsáveis pela governança (Conselho de Administração, por exemplo) da Entidade, cujas demonstrações contábeis estão sendo auditadas. A data do relatório do auditor independente deve ser a data que ele concluiu a obtenção de evidência de auditoria apropriada e suficiente para fundamentar a sua opinião sobre as demonstrações financeiras (data do término do serviço de auditoria), incluindo evidência de que: a) todas as demonstrações que compõem as demonstrações financeiras, incluindo as respectivas notas explicativas, foram elaboradas; e b) as pessoas com autoridade reconhecida na Entidade afirmam que assumem a responsabilidadesobre essas demonstrações financeiras. O relatório do auditor independente deve ser assinado pelo sócio de auditoria responsável pelo serviço de auditoria. No Brasil, é requerido pelo Conselho Federal de Contabilidade a identificação do auditor, tanto da firma de auditoria como do sócio responsável, pelo número de registro no Conselho Regional de Contabilidade. Tipos de relatórios dos auditores independentes Os principais tipos de relatórios dos auditores independentes são os seguintes: a) Relatório sem ressalva. b) Relatório com ressalva. c) Relatório com opinião adversa. d) Relatório com abstenção de opinião. e) Relatório com parágrafo de ênfase. f) Relatório com parágrafo de outros assuntos. Relatório-Comentário Conforme já abordado em capítulos anteriores, o objetivo principal do auditor externo ou independente é emitir uma opinião ou parecer sobre as demonstrações financeiras, as quais compreendem o balanço patrimonial, a demonstração do resultado do exercício, a demonstração das mutações do patrimônio líquido, a demonstração dos fluxos de caixa, a demonstração do valor adicionado e as notas explicativas. No entanto, o empresário normalmente supõe que o auditor, depois de passar algumas semanas ou meses examinando sua empresa, lhe ofereça alguma coisa mais do que um simples parecer. Ele espera que o auditor, com base na experiência adquirida ao longo dos anos na auditoria de várias empresas de diversos ramos de negócios, dê recomendações construtivas visando ao aprimoramento dos controles internos, redução de custos, melhoramento das práticas contábeis e administrativas e até mesmo uma forma mais adequada de conduzir sua companhia. Aliás, a qualidade profissional dos auditores é que distingue as firmas de auditoria. O auditor deve olhar a empresa também como um empresário e não apenas como um contador especializado. Ele deve estar atento para levantar pontos e dar sugestões que levem a empresa, principalmente, a ter maior controle sobre seus ativos, melhorar a qualidade e segurança de suas informações e, finalmente, aumentar seus lucros. Baseados nesses fatos, os auditores externos passaram a emitir relatórios comentários, em que são descritos os problemas de maior importância constatados durante o decurso normal do serviço de auditoria, e dadas sugestões para solucioná-los. NBC TA 700 - FORMAÇÃO DA OPINIÃO E EMISSÃO DO RELATÓRIO DO AUDITOR INDEPENDENTE SOBRE AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 1. Esta norma trata da responsabilidade do auditor independente para formar uma opinião sobre as demonstrações contábeis e trata da forma e do conteúdo do relatório a emitir como resultado da auditoria das demonstrações contábeis. Para efeitos desta norma, a referência a auditor independente e a auditor tem o mesmo significado. 2. A NBC TA 701 - Comunicação dos Principais Assuntos de Auditoria no Relatório do Auditor Independente trata da responsabilidade do auditor independente de comunicar os principais assuntos de auditoria no seu relatório. A NBC TA 705 - Modificações na Opinião do Auditor Independente e a NBC TA 706 - Parágrafos de Ênfase e Parágrafos de Outros Assuntos no Relatório do Auditor Independente tratam do modo como a forma e o conteúdo do relatório do auditor são afetados quando o auditor expressa uma opinião modificada ou inclui um parágrafo de ênfase ou de outros assuntos no seu relatório. Outras normas também contêm exigências de apresentação de relatórios que são aplicáveis na emissão do relatório do auditor. 3. Esta norma se aplica para auditoria de um conjunto completo de demonstrações contábeis para fins gerais e foi redigida nesse contexto. A NBC TA 800 - Considerações Especiais - Auditorias de Demonstrações Contábeis Elaboradas de Acordo com Estruturas Conceituais de Contabilidade para Propósitos Especiais trata das considerações especiais quando as demonstrações contábeis são elaboradas de acordo com estruturas conceituais de contabilidade para propósitos especiais. A NBC TA 805 - Considerações Especiais - Auditoria de Quadros Isolados das Demonstrações Contábeis e de Elementos, Contas ou Itens Específicos das Demonstrações Contábeis trata das considerações especiais relevantes para uma auditoria de quadros isolados das demonstrações contábeis e de elementos, contas ou itens específicos das demonstrações contábeis. Esta norma também se aplica nas auditorias em que a NBC TA 800 ou a NBC TA 805 são aplicadas. 4. As exigências desta norma têm como objetivo propiciar o equilíbrio apropriado entre a necessidade de consistência e comparabilidade do relatório do auditor em mercado globalizado e a necessidade de aumentar o valor do relatório do auditor ao tornar as informações nele contidas mais relevantes para os usuários. Esta norma propicia consistência no relatório do auditor, mas reconhece a necessidade de flexibilidade para acomodar circunstâncias específicas de determinadas jurisdições. A consistência no relatório, quando a auditoria for conduzida de acordo com as normas de auditoria, propicia credibilidade em mercados globalizados ao tornarem essas auditorias, que foram conduzidas de acordo com normas reconhecidas mundialmente, mais prontamente identificáveis e também ajuda a promover o entendimento por parte dos usuários e a identificar circunstâncias incomuns quando elas ocorrem. DIFERENÇAS ENTRE AUDITORIA E PERÍCIA CONTÁBIL A característica básica de ambas é a revisão de trabalhos já executados por colegas nas outras áreas da contabilidade. Em alguns casos até, a identificação e/ou a produção de trabalhos que deveriam ter sido executados e não o foram. Sendo, auditória e perícia, técnicas de revisão elas não podem ser confundidas, pois a auditoria utiliza-se quase sempre do método de amostragem, já a perícia usa o método analítico de maior abrangência. Quando ocorre, na perícia, o método de amostragem, trata-se de um caso excepcional. Diferença entre Auditoria e Perícia Contábil Auditoria Perícia É mais revisão, verificação; tende a ser necessidade constante, repetindo-se de tempo em tempo, com rigores metodológicos próprios e diferentes, pois utiliza amostragem nos seus levantamentos. É a prova elucidativa dos fatos e, sendo assim, até mesmo por ser um meio de prova, repudia a amostragem como critério, tem caráter de eventualidade e só trabalha com o universo completo, em que a opinião é expressa com rigores de cem por cento de análise. LIVRO PERÍCIA CONTÁBIL - MARTINHO MAURÍCIO GOMES DE ORNELAS 5° EDIÇÃO NORMA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE, NBC TP Nº 1 (R1), DE 19 DE MARÇO DE 2020 LIVRO AUDITORIA - MARCELO CAVALCANTI ALMEIDA
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