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Anamnese e Exame f sico no Rec m-nascidoí é Introdução O ser humano em crescimento e em desenvolvimento apresenta particularidades de acordo com a faixa etária. Por isso, a necessidade de um atendimento especializado. OBS.: Não há uma separação rígida entre o final da infância e o início da adolescência Anamnese no RN A anamnese do recém-nascido (RN) deve incluir a avaliação de etapas anteriores ao seu nascimento, pois os fatores gestacionais e as condições do periparto são de grande importância. A queixa principal ou o motivo da consulta e a história clínica são informadas pelo responsável, de acordo com sua capacidade de observação e de percepção do que está ocorrendo com a criança. Muitas vezes, o motivo relatado pelos responsáveis pela criança pode induzir um falso diagnóstico. Por isso, o médico deve estar atento e ser perspicaz. Quanto ao IS: Geral. Verifique se há irritabilidade, prostração e dificuldade para amamentar. Indague sobre o sono, saiba quantas horas o RN dorme ao dia. OBS.: Nesse período, a criança dorme mais. Com o crescimento, as horas de sono vão diminuindo, variando de cerca de 16,5 h de sono por dia na primeira semana de vida a 15,5 h de sono por dia ao fim do primeiro mês de vida. Sistema tegumentar. Questione sobre pápulas, manchas, placas, descamações e alterações da cor da pele. Cardiovascular. Informe-se da ocorrência de dispneia ao amamentar, presença de edema e cianose. Respiratório. Verifique se há congestão nasal, coriza, tosse, cianose, esforço respiratório, roncos e sibilos. Digestório. Identifique o ritmo intestinal, as características das fezes e se há vômitos. Geniturinário. Questione sobre número de diureses e as características da urina (cor, quantidade). No caso do sexo masculino, busque saber se o jato urinário é forte e se projeta a longa distância ou se é fraco e curto (possibilidade de válvula de uretra posterior). Quanto aos antecedentes pessoais e familiares: Com relação à gestação. É importante saber a duração da gestação (se o RN foi pré-termo, pós- termo), se houve intercorrências (diabetes gestacional, infecções do trato urinário poucos dias antes do parto), via do parto (natural ou cesariano), exames complementares realizados pela mãe para toxoplasmose, hepatites B, C, vírus linfotrópico de células T humanas (HTLV), vírus da imunodeficiência humana (HIV) I e II, citomegalovírus (CMV), sífilis, rubéola; se foi constatada alguma alteração do feto ao exame ultrassonográfico, tipo sanguíneo materno AB0-Rh. Com relação ao recém-nascido. Informe-se se houve alguma intercorrência no parto (aspiração de mecônio, trabalho de parto prolongado), quais as condições do RN ao nascimento (índice de Apgar na Caderneta de Saúde da Criança, se chorou logo após o nascimento, se houve cianose prolongada), se foram necessárias manobras de reanimação neonatal ou de administração de oxigênio. Caso tenha sido necessária passagem por unidade de terapia intensiva, deve-se pedir o relatório. Verifique o uso de antibióticos, hemoderivados, necessidade de ventilação mecânica e por quantos dias. Questione o grupo sanguíneo AB0-Rh do RN, se houve icterícia ou edema. Indague peso, estatura e idade gestacional. Pergunte sobre doenças diagnosticadas até o momento da consulta, assim como medicamentos usados. Com relação à família. Informe-se sobre doenças nos familiares de primeiro e segundo graus (pais, irmãos, avós, tios, primos). Questione sobre doenças raras ou frequentes entre os familiares. Com relação à vacinação. Verifique a Caderneta de Saúde da Criança. Nessa idade, deve ter recebido BCG e primeira dose da vacina anti-hepatite B. Quanto à alimentação: Verifique se o RN está em aleitamento materno exclusivo. Estimule-o, parabenize a mãe que o estiver fornecendo. Enfatize a importância dessa conduta para o melhor desenvolvimento do RN. OBS.: O aleitamento materno exclusivo até o 6 o mês de vida é a melhor opção para a saúde do bebê. Caso tenha desmamado a criança, questione o motivo. Se a mãe ainda tiver leite, proponha um plano para reestabelecer o aleitamento materno exclusivo. Caso não seja possível, identifique o leite em uso, como é preparado (diluição, cuidados de higiene) e como é oferecido. Quanto ao desenvolvimento neuropsicomotor: No desenvolvimento do RN, é esperado que, até 4ª semana de vida, ele mantenha atitude fletida e gire a cabeça de um lado para o outro quando em posição prona. Quando suspenso ventralmente, espera- se que a cabeça fique pendida. Na posição supina, geralmente o RN fica fletido, um pouco rígido, podendo fixar o olhar em faces ou na luz na linha de visão. Quando vira o corpo, apresenta o fenômeno denominado olhos de boneca. O RN deve apresentar reflexo de Moro ativo, assim como reflexos de passada (marcha reflexa), braçada e preensão, com preferência visual pela face humana. Exame físico do RN O primeiro exame físico do RN é de fundamental importância para identificação de malformações e problemas de saúde inerentes a esta faixa etária. Podem-se identificar sinais de doenças que necessitem de acompanhamento a longo prazo ou que exijam intervenções imediatas. Faz parte do exame físico do RN a aferição das medidas corporais: comprimento, peso, perímetros cefálico e torácico. Quanto à ectoscopia: Devem-se avaliar a cor da pele e a presença de cianose ou icterícia, turgor, descamação, manchas (manchas mongólicas, eritema tóxico), equimoses, hematomas e lesões cortocontusas, que podem ocorrer no momento do parto. Quanto à pesquisa de evidências de anomalias genéticas. Observe se há fronte proeminente, micro ou macrocrania, alterações no dorso nasal, pregas epicânticas, hipertelorismo, orelhas de baixa implantação, micrognatia, protrusão lingual ou pescoço alado. Também é preciso avaliar se as narinas e a região anal estão pérvias. OBS.: Pode-se introduzir uma sonda fina de modo delicado nestes orifícios em busca de atresia de cóanos e imperfuração anal Quanto à boca. Avalie a conformação do palato em busca de palato em ogiva e fenda palatina. Pesquise se há dentes natais (dentes ao nascimento); são mais comuns nas meninas, e a maioria dos casos é familiar e sem implicações patológicas, mas podem estar associados a síndromes genéticas. Observe a anatomia da língua e do freio lingual (anquiloglossia parcial ou “língua presa”). Verifique as gengivas e observe os lábios em busca de fendas (lábio leporino). Quanto ao sistema cardiovascular. Ausculta de todo o tórax. Observe o ictus cordis. Faça a palpação para identificar frêmito de origem cardíaca. É necessário, também, determinar a frequência cardíaca e avaliar o ritmo. Lembre-se de que arritmia sinusal ou respiratória é normal na infância, pois a frequência cardíaca aumenta durante a inspiração e diminui na expiração. Observe a presença de sopros cardíacos e gradue sua intensidade: OBS.: No exame físico do sistema cardiovascular, é importante estar atento à presença de cianose, edema e refluxo hepatojugular e ao tamanho do fígado. Quanto ao sistema respiratório. À inspeção, procure sinais de esforço respiratório. Avalie a presença de tiragem subcostal, intercostal e de fúrcula. Observe se há cianose, batimento de aletas nasais e balancim toracoabdominal. Avalie o frêmito torácico, proceda à ausculta do tórax para avaliação do murmúrio vesicular. Observe se há ruídos adventícios (sibilos, estertores). Conte a frequência respiratória do RN em 1 minuto. Quanto ao abdome. Caracterize o tipo do abdome (globoso, plano, escavado), avalie a tensão abdominal e realize palpação à procura de visceromegalias e massas palpáveis. À percussão, avalie o timpanismo. À ausculta, observe os ruídos hidroaéreos. Avalie o cordão umbilical, contando o número de artérias e veias (normalmente duas artérias e uma veia). Quanto à genitália. Verifique se é tipicamente masculina ou feminina. Se for masculina, procure testículosna bolsa escrotal e região inguinal. Verifique se há exposição da glande e, havendo, observe se há epispadia ou hipospadia. Em meninas, é preciso verificar se há sinequia de lábios, hipertrofia de lábios vulvares e de clitóris. Identifique anormalidades da diferenciação sexual. Observe a região sacral em busca de fóveas, fossetas, tufos capilares, proeminências (mielomeningocele), manchas (mancha mongólica). OBS.: Caso haja dúvida quanto à genitália, não se deve dizer qual o sexo do RN até que uma avaliação mais completa seja feita e tenha-se certeza do sexo (em alguns casos essa determinação só é possível após análise do cariótipo). Quanto aos mamilos. Observe a posição dos mamilos (podem estar afastados na linha média), assim como a posição de inserção do coto umbilical no abdome. Verifique se o coto umbilical tem duas artérias e uma veia. Quanto aos membros. Deve-se realizar pesquisa dos sinais de Ortolani e Barlow para identificar luxação congênita do quadril. Observe a conformação dos membros, se há edema, hipoplasia, alterações em dedos dos pés ou das mãos. Tenha atenção especial aos dedos das mãos (quirodáctilos) e dos pés (pododáctilos) em busca de polidactilias, sindactilias, dedos mais curtos ou mais longos que o habitual. Observe a palma das mãos em busca de linha palmar transversa contínua. Analise o formato da planta do pé (pé plano). Veja a posição dos pés em relação aos tornozelos (pés tortos congênitos). Quanto à pesquisa de reflexos e sinais neurológicos. Identifique hipertonias, hipotonias, movimentos anormais e reflexos tendinosos e cutâneo plantar (devem ser interpretados no contexto geral do exame neurológico; isolados, nessa faixa etária, não são conclusivos para diagnóstico nem ditam conduta). Avalie os reflexos primitivos (reflexo de Moro), o tônus cervical e a preensão palmar. O reflexo de Moro. É deflagrado com algum estímulo (som mais intenso ou movimentando-se o recém-nascido subitamente): a coluna arqueia-se para trás, e os braços e as mãos abrem-se, simulando um abraço. Pode ser observado até os 5 a 6 meses de vida. Referência bibliográfica: PORTO, Celmo Celeno Semiologia médica / Celmo Celeno Porto; coeditor Arnaldo Lemos Porto. - 8. ed. -Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019.
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