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Planejamento Institucional

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PLANEJAMENTO 
INSTITUCIONAL
Autoria: Jacqueline Mari Machado
Indaial - 2021
UNIASSELVI-PÓS
2ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Copyright © UNIASSELVI 2021
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Jairo Martins
Marcio Kisner
Marcelo Bucci
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
M149p
 Machado, Jacqueline Mari
Planejamento institucional. / Jacqueline Mari Machado. – In-
daial: UNIASSELVI, 2021.
 106 p.; il.
ISBN 978-65-5646-206-6
ISBN Digital 978-65-5646-207-3
1.Vendas digitais. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da 
Vinci.
CDD 658.45
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
Compreendendo o Planejamento Educacional ......................... 7
CAPÍTULO 2
Projeto Político-Pedagógico (PPP) ......................................... 41
CAPÍTULO 3
Avaliação Institucional: A Busca
Pela Qualidade Educacional ...................................................... 73
APRESENTAÇÃO
Planejar é um ato muito importante em nossas vidas. Se não planejamos, as 
ações são realizadas de maneira impulsiva, desordenada e acabam não alcan-
çando o objetivo esperado. Necessitamos de planos e metas em nosso dia-a-dia 
para não nos sentirmos perdidos.
Sobretudo, quando falamos em educação, o papel do planejamento ganha 
destaque ainda maior. O ato de planejar é o que norteia toda a dinâmica pedagó-
gica em suas diferentes esferas. É um mecanismo legal, que visa a garantia de 
regularidade de ensino a todos, sob a proposta de otimizar e adequar as institui-
ções às demandas próprias da sociedade em que se inserem.
 
Além disso, o planejamento nos auxilia a observar a realidade institucional 
e projetar um cenário futuro. Possibilita compreender as relações entre teoria e 
prática, as relações interpessoais escolares e também as dinâmicas políticas e 
sociais que se estabelecem. Permite envolver toda a comunidade escolar em uma 
concepção de gestão democrática. Consequentemente, contribui para a qualida-
de da educação.
Dessa forma, neste livro, nos propomos a refletir sobre o Planejamento Ins-
titucional, apresentando conteúdos relevantes à temática, organizando o trabalho 
em três capítulos. No primeiro, você poderá encontrar aspectos conceituais do 
planejamento, que contribuirão para a compreensão deste objeto de estudo, bem 
como, para a construção de um olhar crítico sobre ele. No capítulo seguinte, nos 
aprofundaremos em relação ao Projeto Político Pedagógico, ressaltando sua im-
portância no processo de gestão escolar, em sua integralidade. Por fim, com o ter-
ceiro e último capítulo, a avaliação se torna tema de análise, sendo contemplada 
em todas as suas nuances. 
Jacqueline Mari Machado
Mestre em Educação
CAPÍTULO 1
COMPREENDENDO O PLANEJAMENTO 
EDUCACIONAL
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes obje-
tivos de aprendizagem:
 conhecer o que é e para que serve o planejamento educacional;
 conhecer e desenvolver compreensões do planejamento educacional;
 distinguir os tipos de planejamento educacional;
 realizar a análise crítica do planejamento educacional.
8
 Planejamento institucional
9
COMPREENDENDO O PLANEJAMENTO EDUCACIONAL Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Planejamento é uma ação intrínseca à vida humana. Até mesmo nossos an-
cestrais planejavam elaborando estratégias mentais para as suas demandas de 
sobrevivência. Hoje, não precisamos mais caçar mamutes, mas quando quere-
mos que algo ocorra da maneira que esperamos, planejamos. Fazemos o plane-
jamento do jantar que vamos oferecer aos amigos, do carro novo que desejamos 
comprar, do fi lho que pretendemos ter. 
Quanto mais planejamos, menor é o tempo e os custos de nossas realiza-
ções! Tente imaginar, por exemplo, uma viagem para o destino dos seus sonhos. 
Agora pense que você não tem plano algum, pegou algumas roupas, o dinheiro 
que lhe restava na carteira, não reservou hotel, não alugou um carro e não faz a 
mínima ideia de quanto tempo fi cará por lá. Imaginou? Parece a receita perfeita 
para um desastre, não? 
Nada se esquiva de um planejamento. Nada? E os improvisos? Ora, improvi-
sar pode até parecer aceitável em determinadas situações, mas gera insegurança 
e, muitas vezes, conduz a resultados indesejáveis. Logo, se o que você deseja é 
a concretização signifi cativa de seus pensamentos, o negócio é planejar. Mas já 
parou para pensar o que isso signifi ca? 
Em uma defi nição dicionarizada, planejar refere-se a “fazer o plano 
ou planta de, projetar, traçar” (Ferreira, 1999, p. 1582). Verbo transiti-
vo direto que possui dimensões muito mais amplas quando observado 
no contexto dos desejos humanos. Planejar torna-se, então, a materia-
lização das vontades e idealizações dos indivíduos, impulsionando-os à 
ação. Quer que aconteça? Primeiro planeje! 
O ser humano age em função de construir resultados. Para 
tanto, pode agir aleatoriamente ou de modo planejado. Agir 
aleatoriamente signifi ca “ir fazendo as coisas”, sem ter clareza 
de onde se quer chegar; agir de modo planejado signifi ca 
estabelecer fi ns e construí-los através de uma ação intencional 
(LUCKESI, 2002, p. 115).
Todo indivíduo sabe planejar e se não se sabe, a receita é simples: partimos 
de uma determinada realidade ou situação problema. Em seguida, estabelecemos 
os objetivos a serem alcançados e conjuntamente defi nimos as estratégias que 
utilizaremos. Por fi m, analisamos os resultados de todo o processo, após nossa 
efetivação de nossas ações. Pronto! Planejamos. 
Mas já que planejar é tão importante e tão simples, por que ainda se vê tanta 
gente agindo “às cegas” em suas próprias vidas e, também, em assuntos que per-
meiam o bem estar coletivo, como a Educação? 
Planejar torna-se, 
então, a materiali-
zação das vontades 
e idealizações dos 
indivíduos, impul-
sionando-os à ação. 
Quer que aconteça? 
Primeiro planeje!
10
 Planejamento institucional
Talvez uma das respostas, mais aceitável, seja a falta de conhecimento do 
que é o planejar. Por isso, ao longo deste capítulo, traremos subsídios para que 
você entenda o que é o planejamento, em sua essência e, mais precisamente, 
sob o viés educacional. Igualmente, abordaremos de forma detalhada as especifi -
cidades dos diferentes tipos de planejamento em Educação, para que seja capaz 
de elaborar, refl etir e agir sobre este constructo. Aproveite a leitura!
Viu só como planejar é essencial? A propósito, como está o seu 
planejamento de vida? Tem dedicado tempo a planejar o seu dia a 
dia e sonhos futuros ou tem vivido a base de improvisos? E quanto 
aos seus planejamentos de estudo? Vamos lá, “bora” planejar para 
alcançar seus objetivos? A seguir, apresentaremos duas ferramentas 
para lhe auxiliar nesta refl exão.
• Roda da vida
A roda da vida é uma ferramenta útil para você avaliar quais áreas da sua 
vida estão sendo bem conduzidas e quais necessitam de atenção. Funciona da 
seguinte forma: ao refl etir sobre determinada área da sua vida – por exemplo, no 
trabalho, o quanto me sinto realizado com minha profi ssão? Os recursos fi nancei-
ros que obtenho, são sufi cientes? Minhas atividades contribuem para com a so-
ciedade? – você vai preenchendo as linhas pertinentes a cada setor, dando uma 
nota de 1 a 10, de forma progressiva em grau de importância/satisfação. 
11
COMPREENDENDO O PLANEJAMENTO EDUCACIONAL Capítulo 1 
FIGURA 1 – RODADA VIDA
FONTE: <https://institutoloureiro.com.br/wp-content/uploads/2016/08/
roda-da-vida-300x298.png>. Acesso em: 16 out. 2020.
• Planilha de planejamento pessoal
Uma planilha é um excelente recurso para você visualizar os seus objetivos e 
estabelecer as estratégias necessárias para uma tomada de decisão. Aproveite o 
quadro a seguir e estabeleça cinco metas para sua vida (pode se basear em sua 
análise da roda da vida), preenchendo a tabela.
12
 Planejamento institucional
QUADRO 1 – PLANILHA DE PLANEJAMENTO PESSOAL
PLANEJAMENTO PESSOAL
Defi na o que 
você quer
Quais são as 
suas competên-
cias ou recursos 
O que precisa 
abandonar ou 
deixar de fazer 
O que você pre-
cisa aprimorar 
ou adquirir 
Quando? (defi na 
uma data para con-
quistar seu objetivo)
FONTE: A autora
Refl ita também sobre a importância do planejamento assistindo 
à animação Ormie da Arc Productions em: https://www.youtube.com/
watch?v=xd63g3d8qOs.
2 AFINAL, O QUE É PLANEJAMENTO 
EDUCACIONAL?
A história do planejamento se inicia em paralelo à história da humanidade. 
Há indícios de que nossos ancestrais já refl etiam sobre suas ações cotidianas, a 
fi m de sobreviver e otimizar o seu tempo. Na antiguidade, as construções egípcias 
e os grandes feitos greco-romanos, não deixam dúvidas de que o homem planeja-
va e avaliava as importantes tomadas de decisões. 
Contudo, o planejamento começa a ganhar real destaque, somente no sé-
culo XX, durante o período entre guerras, no qual muitos países necessitavam 
de estratégias efi cazes para a reestruturação de suas economias. Foi na Russia 
que a planifi cação é reconhecida como uma experiência bem sucedida e de lá o 
planejamento se expande por todo o Ocidente, alcançando todos os setores, in-
clusive o educacional (MESQUITA; COELHO, 2008).
13
COMPREENDENDO O PLANEJAMENTO EDUCACIONAL Capítulo 1 
Em uma explicação bem clara, Chiavenato (2004, p.152), afi rma que o pla-
nejamento é uma função administrativa, a qual “determina antecipadamente quais 
são os objetivos a serem atingidos e como alcançá-los”. A contribuir, Maximiano 
(2006), aponta que o planejar é um processo que administra as ações orientadas 
ao futuro e implica a defi nição de objetivos, meios e delimitação temporal para o 
alcance dos resultados desejados, assim como, a tomada de decisões no presen-
te, a fi m de diminuir os níveis de incerteza. 
Dentre suas características essenciais, “o bom planejamento é unitário, fl exí-
vel, executável, realístico e claro” (NÉRICI, 1990, p. 149). Tem como fundamentos 
básicos, ou seja, se estrutura a partir de elementos estéticos, utópicos e éticos 
(ABREU, 2004). 
● Fundamento estético: é a preocupação do planejador com o belo. Isto 
é, as decisões tomadas pelo planejador, consideram as transformações 
que podem causar e prezam pela manutenção da harmonia e elevação 
dos padrões de um cenário ou realidade. 
● Fundamento utópico: é o sonho/desejo dos indivíduos de possuir uma 
realidade diferente, melhor, transformada. 
● Fundamento ético: é a busca pela verdade e excelência ética no plane-
jar, considerando a ética como os valores e princípios que promovem a 
harmonia entre os indivíduos, um bem conviver. 
Em seu desenvolvimento, apresenta três fases distintas, sendo elas: previ-
são, programação e avaliação. Na previsão, os objetivos e meios de alcance são 
determinados; em sequência, são estabelecidas as etapas de execução das ati-
vidades previstas, confi gurando a programação; por, último, com a avaliação, são 
analisados os resultados das ações executadas, gerando feedback para outros 
planejamentos. Igualmente, todo o processo é pautado por perguntas que orien-
tam o planejar: o que? (problema), por que? (justifi cativa), para que? (objetivos), 
para quem? (a quem se destina), com quem? (atores do processo), com que? (re-
cursos), como? (metodologia), quando? (limites temporais), onde? (em que lugar), 
quanto? (resultados) (IGNARRA, 2003).
Ok, teoria demais? Quer ver como isso se aplica na prática? Vamos lá! 
Voltemos à viagem dos seus sonhos, agora, concretizada por um planeja-
mento. Um belo dia, você sentou, pegou papel e caneta e começou a imaginar o 
grande evento (PREVISÃO). Em um primeiro momento, colocou em letras bem 
grandes, no topo da página, VIAGEM DOS SONHOS (o que). Na sequência, 
apontou os seus motivos para querer ir para lá (por que), mencionou que preci-
sava conhecer todos os pontos turísticos e provar aquele prato típico maravilhoso 
(para que), assinalou também que, pela primeira vez, faria algo por você (para 
14
 Planejamento institucional
quem) e que não precisaria de ninguém para lhe acompanhar (com quem). Lem-
brou que suas reservas seriam sufi cientes para lhe garantir as coisas básicas, 
como as passagens, hotel e alimentação, mas que também permitiriam certos lu-
xos, como comprinhas aleatórias (com que). Ah!! Que sonho! Já sabia tudo o que 
faria lá e descreveu, uma por uma, as aventuras que iria vivenciar (PROGRAMA-
ÇÃO). Sim, logo tudo se tornaria real: na próxima quinta compraria as passagens; 
ligaria para o hotel e faria a reserva; no sábado, pela manhã, embarcaria em um 
avião e voilà, em menos de seis horas, estaria desfrutando de momentos incríveis 
(como/quando). Já imaginava como seria feliz enquanto estivesse lá (onde/quan-
do)(AVALIAÇÂO). Deu para entender como funciona um planejamento? Claro? 
Sim? Óbvio? Então, me acompanha nessa discussão sobre o planejar dentro da 
educação! É só seguir com a leitura!
2.1 CONCEITOS E CONCEPÇÕES DO 
PLANEJAMENTO EDUCACIONAL
Educação de qualidade é o sonho de qualquer instituição ou docente. Tor-
nar concreto esse desejo pode ser um trabalho dispendioso, que exige dos sis-
temas educacionais um constante estado de refl exão. É preciso que a Educação 
seja pensada e repensada. É preciso ter envolvimento de todos os agentes pe-
dagógicos. É preciso planejar! Historicamente, o conceito de planejamento como 
prática origina-se no campo de conhecimento da Administração, no qual o termo 
“planejar” se relaciona à funcionalidade, efetividade e efi ciência do processo. Não 
obstante, no contexto educacional, o planejamento foi inicialmente relacionado à 
atividade racional de organizar e administrar recursos. 
Assim, em seus primórdios, e até hoje, muitos educadores, concebem o pla-
nejamento por um viés técnico-administrativo. Na citação a seguir, é perceptível 
uma noção linear de planejamento.
Defi nição geral de planejamento: 
- é um conjunto de ações coordenadas entre si, que concorrem 
para a obtenção de um certo resultado desejado;
- é um processo que consiste em preparar um conjunto de 
decisões tendo em vista agir, posteriormente, para atingir 
determinados objetivos;
- é uma tomada de decisões, dentre possíveis alternativas, 
visando atingir os resultados previstos de forma mais efi ciente 
e econômica (TURRA et al.,1995 apud LUCKESI, 2002).
Sob o ponto de vista de Luckesi (2002), essa função estritamente tecnicis-
ta oportuniza o tão comum desengajamento do educador. A exemplifi car, você já 
ouviu a celébre frase “o papel aceita tudo!”? Ela é bem comum nas salas de pro-
15
COMPREENDENDO O PLANEJAMENTO EDUCACIONAL Capítulo 1 
fessores, em tempos de planejamento. O que importa é preencher o documento e 
apresentar à coordenação, independente da não aplicação do planejado à prática 
ou das consequências desse ato. Afi nal, planejar é só burocracia, não é?
Planejar, nas escolas em geral, tem sido um modo de opera-
cionalizar o uso de recursos-materiais, fi nanceiros, humanos, 
didáticos. As denominadas semanas de planejamento escolar, 
que ocorrem no início de cada ano letivo, nada mais têm sido 
do que um momento de preencher formulários para serem ar-
quivados na gaveta do diretor ou de um intermediário do pro-
cesso pedagógico, como o coordenador ou o supervisor (LU-
CKESI, p. 120, 2002).
Não necessariamente, a dimensão burocrática do planejamento deve ser 
desconsiderada. Ela é parte doprocesso. Contudo, considerar que o simples fato 
de operacionalizar meios já é o sufi ciente para planejar, é olhar de forma inocente 
para esta atividade que é intrinsecamente, política, social e cheia de intencionali-
dade em todos os seus níveis de aplicação. 
Em uma visão mais crítica o planejamento educacional é compreendido em 
sua integralidade, ou seja, em toda sua complexidade teórica, política e social 
(lembre-se, não só operanalizar meios). Em suma, consiste no processo de saber 
“para onde ir” e “onde chegar”, analisando o cenário presente e as possibilidades 
futuras, considerando as necessidades desenvolvimentais, da sociedade e dos 
indivíduos (COARACY, 1972). Segundo Menegolla e Sant’anna (2002, p. 31), o 
planejamento educacional “[...] é o instrumento básico para que todo o processo 
educacional desenvolva a sua ação, num todo unifi cado, integrando todos os re-
cursos e direcionando toda a ação educativa”. A corroborar, Vasconcellos (2002) 
defi ne o planejamento educacional como um mediador da ação educativa, carac-
terizado como um instrumento dinâmico, transformador e contínuo. Sob esse viés 
mais consciente e politizado, podemos apontar como características essenciais 
do planejamento em educação:
• Intencionalidade
Mais do que um simples aparato operacional, o planejamento em Educação 
confi gura-se como um ato político pedagógico, não neutro, mas sim, permeado de 
intencionalidade (VASCONCELLOS, 2002). 
• Construção coletiva
O planejamento educacional deve ser entendido como um ato coletivo, en-
volvendo todos os profi ssionais da instituição, em uma mescla de ações individu-
ais e coletivas (LUCKESI, 2002).
16
 Planejamento institucional
• Orientação para a mudança
O ato de planejar só tem sentido se o indivíduo percebe nele a possibilidade 
e a necessidade de mudar algo (VASCONCELLOS, 2002).
Apesar da explicação, eu sei que você ainda deve estar se perguntando qual 
a importância do planejar em educação. Aqui está:
Planejar estabelece todas as urgências, demandas e prioridades a serem ob-
servadas em uma tomada de decisão. Tais aspectos, quando negligenciados, tra-
zem prejuízos individuais e coletivos à instituição e ao processo educativo, danos, 
muitas vezes, irreversíveis.
Igualmente, segundo Vasconcellos (2002), quando não planejamos, fi camos 
à mercê de outras forças. Somos direcionados pelo outro – seja ele o acaso ou o 
Governo – e abrimos mão de direitos e escolhas, sendo levados para caminhos, 
que talvez não desejamos. 
E aí? É ou não é essencial ter o poder de planejar?
PLANEJAR O PROCESSO EDUCATIVO
 É necessário um planejamento que dimensione educativo 
e reconstrutivo do homem, que vise planejar a ação educativa para 
que o homem viva o presente, e, ao mesmo tempo, se projete para 
o futuro, que está cada vez mais próximo. Ainda é necessário pla-
nejar o processo educativo para que o homem, submergido na pro-
blemática existencial, se lance na vida em busca do seu viver, para 
que encontre um sentido de vida e solução para seus problemas. O 
homem através da ação educativa visa superar os obstáculos da pró-
pria existência, de modo consciente e compromissado com o agir e 
o viver. Tal planejamento pode possibilitar ao homem que ele próprio 
possa determinar os seus destinos vivenciais. Portanto, é necessário 
planejar o processo educativo para que o homem não se limite, mas 
se liberte, numa perspectiva dinâmica de ser na vida. Deste modo, 
planejar não signifi ca determinar os limites do homem circundando-
-o num viver estabelecido. Trata-se antes, de planejar para que o 
homem possa, com coragem, encaminhar-se para o desconhecido, 
com lucidez e autonomia, como uma pessoa liberta que é capaz de 
escolher os seus caminhos. Devemos planejar não para formar um 
17
COMPREENDENDO O PLANEJAMENTO EDUCACIONAL Capítulo 1 
tipo exclusivo de homem, ao contrário, para que o homem possa de-
terminar as suas escolhas, a partir dos seus direitos e das suas pos-
sibilidades.
 Planejar um tipo de homem, através da educação, seria ro-
botizar o próprio homem, sem possibilitar-lhe as escolhas, pois uma 
educação inteiramente dirigida, com a fi nalidade de manipular o ho-
mem, não lhe possibilitando sua autodeterminação, não é verdadei-
ra educação. Esta educação planejada de modo rígido e infl exível 
poderá criar tipos de pessoas totalmente desengajadas da realida-
de. Resultando, então, em instrumentos dirigíveis, manipuláveis pela 
sociedade tecnocrata, seres alienados e massifi cados, com poucas 
oportunidades de libertação.
[...] 
Planejar o processo educativo é planejar o indefi nido, porque a 
educação não é um processo, cujos resultados podem ser totalmente 
pré-defi nidos, determinados ou pré-escolhidos, como se fossem pro-
dutos decorrentes de uma ação puramente mecânica e impensável. 
Devemos, pois, planejar a ação educativa para o homem, não lhe im-
pondo diretrizes que o alheie Permitindo, com isso, que a educação 
ajude o homem a ser criador de sua história.
FONTE: MENEGOLLA, M.; SANT’ANA, I. M. Por que planejar? Como planejar? Petró-
polis: Vozes, 2002. p. 24-25. Disponível em: http://bit.ly/3qfV3DY. Acesso em: 16 out. 2020.
Atividade de Estudo:
1 Agora que você já compreendeu o que é planejamento educacio-
nal, analise a tirinha a seguir e refl ita:
FONTE: <https://cutt.ly/DggVXH6>. Acesso em: 16 out. 2020.
18
 Planejamento institucional
 No terceiro quadrinho, temos a personagem Mafalda constatando 
que seu planejamento de organizar a vida restringiu-se à teoria. 
Paralelamente, segundo Luckesi (2002), no ambiente educacio-
nal o mesmo acaba acontecendo, quando percebemos que os 
planejamentos são engavetados sem gerar mudanças práticas no 
funcionamento institucional. Na sua opinião, por que o planeja-
mento é desvalorizado por muitos gestores e educadores? Quais 
ações poderiam ser implementadas para uma melhor relação en-
tre os profi ssionais da Educação e o planejamento escolar?
2 (AEDB, 2017) Planejamento Educacional é: “ processo contínuo 
que se preocupa como o “para onde ir” e “quais as maneiras ade-
quadas para chegar lá”, tendo em vista a situação presente e 
possibilidade futuras, para que o desenvolvimento da educação 
atenda tanto às necessidades do desenvolvimento da socieda-
de, quanto às do indivíduo” (COARACY, Joana. O planejamento 
como processo. Revista Educação, Brasília, ano 1, n. 4, 1972).
 Com base na citação de Joana Coaracy, pode-se afi rmar que são 
objetivos do planejamento educacional, EXCETO :
FONTE: <https://cutt.ly/9ggVZSO>. Acesso em: 16 out. 2020.
a) ( ) Conciliar e aperfeiçoar a efi ciência interna e externa do sistema;
b) ( ) Alcançar maior coerência interna na determinação dos objeti-
vos e nos meios mais adequados para atingi-los;
c) ( ) Estabelecer as condições necessárias para o aperfeiçoamento 
dos fatores que infl uem diretamente na efi ciência do sistema 
educacional;
d) ( ) Relacionar o desenvolvimento do sistema educacional com o 
desenvolvimento econômico, social, político e cultural do Pa-
ís,em geral, e de cada comunidade, em geral;
e) ( ) Previsão das situações específi cas do professor com a classe.
3 TIPOS, NÍVEIS E INSTRUMENTOS 
DE AÇÃO DO PLANEJAMENTO 
EDUCACIONAL 
Como vimos, o planejamento é um processo no qual se tem como propósito 
central a tomada de decisão. A maneira como planejamos pode transformar, quali-
19
COMPREENDENDO O PLANEJAMENTO EDUCACIONAL Capítulo 1 
fi car ou conservar uma determinada realidade, caracterizando modelos diferentes 
de planejar. 
Gandin (1983), discorre que não conseguimos especifi car, precisamente, todos 
os tipos e níveis de planejamento. No entanto, apresentaremos alguns para que 
você adquira um bom entendimento de como o planejamento pode se confi gurar. 
3.1. ASPECTOS DE CLASSIFICAÇÃO 
DO PLANEJAMENTO
Em geral, o ato de planejar recebe diferentes classifi cações em relação a:
● tempo (longo, médio, curto prazo);
● espaço (local, municipal,regional, estadual, nacional, continental, mun-
dial);
● administrativo (público, privado, misto);
● econômico (macro e microeconômico);
● setorial (setorial, intersetorial, global);
● abrangência (estratégico, tático, operacional).
O nível de abrangência ganha destaque quando falamos de instituições. 
Nele, os tipos estratégico, tático e operacional se diferenciam em função das 
variáveis, tempo, espaço, objetivos e diretrizes, as quais acabam por diferenciar. 
QUADRO 2 – TIPOS DE PLANEJAMENTO
TIPOS DE PLANEJAMENTO
Estratégico Tático Operacional
Longo prazo
Atua em todo o território 
Defi ne os objetivos gerais
Médio prazo
Atua em parte do território
Defi ne os objetivos específi cos
Curto prazo
Atua em um espaço determinado
Operacionaliza o plano tático
FONTE: A autora
É Importante, também, lembrar, que dentre as perspectivas mais comuns de 
planejamento, temos: planejamento tradicional/normativo, planejamento es-
tratégico e planejamento participativo.
No planejamento tradicional ou normativo, a previsibilidade é uma das maio-
res características, presumindo-se que os fatores de planejamento podem ser 
20
 Planejamento institucional
controlados sem interferência de variáveis no alcance dos objetivos e resultados. 
É o tipo de planejamento que enfatiza procedimentos e se centraliza na fi gura do 
planejador. 
Em uma situação hipotética, imagine que você planejou um pas-
seio à praia no próximo fi m de semana para pegar aquele bronzeado! 
Você possui o dinheiro sufi ciente e tempo, pois conseguiu uma folga 
com o chefe. Parece perfeito! Está tudo sobre controle! Só não previu 
que na próxima semana as temperaturas cairão e choverá de sexta a 
domingo. 
Nesse caso, um o modelo estratégico seria a sua salvação! O 
planejamento estratégico trabalha com as incertezas e explora novas 
informações. Atua a partir da realidade e envolve diversos atores. Con-
sidera várias explicações para um problema e diversifi ca os tipos de 
planejamento utilizados para o alcance dos objetivos. 
A Figura 2 apresenta uma ilustração de planejamento estratégico.
FIGURA 2 – COMPREENDENDO O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
O planejamento 
estratégico trabalha 
com as incertezas 
e explora novas 
informações. Atua a 
partir da realidade 
e envolve diversos 
atores. Considera 
várias explicações 
para um problema e 
diversifi ca os tipos 
de planejamento 
utilizados para o al-
cance dos objetivos.
21
COMPREENDENDO O PLANEJAMENTO EDUCACIONAL Capítulo 1 
FONTE: Simão et al. (2012, p. 8)
E o participativo? Um planejamento participativo é aquele em que as pesso-
as envolvidas refl etem, discutem e questionam em conjunto, participando e exer-
cendo papéis transformadores na tomada de decisão. Segundo Gandin (2001), é 
o modelo de planejamento mais adequado para responder às demandas sociais, 
sendo utilizado, principalmente, em instituições como a escola. 
A exemplifi car, podemos pensar em uma diretora que precisa organizar uma 
festa junina na escola. Ela poderia planejar tudo sozinha, uma vez que detém 
informações gerais de todas as esferas da sua unidade. Não raro, alguém a ques-
tionaria e a criticaria por uma série de coisas: gastos, ideias de organização, datas 
etc. No entanto, ela decide escolher uma perspectiva participativa para planejar o 
evento e, de quebra, evita uma série de dores de cabeça. Marca uma reunião com 
os funcionários, professores, pais e representantes dos alunos; pede a opinião de 
todos, delineia um consenso, e monte um planejamento com bases democráticos: 
se não agradar a todos, ao menos, agrada a maioria!
Compreendido até aqui? Sigamos!
22
 Planejamento institucional
Em sua sistematização, o planejamento poderá resultar em três instrumentos 
de ação: plano, programa e projeto
QUADRO 3 – INSTRUMENTOS DE AÇÃO DO PLANEJAMENTO
TIPO CARACTERÍSTICAS
Plano É a documentação formal do planejamento. Apresenta o que, como, quando, 
onde, com quem e para quem algo será feito, trazendo as principais deci-
sões, fundamentos políticos e fi losófi cos, estratégias e diretrizes. 
Programa Consiste na setorização do plano, bem como, no conjunto de projetos necessários para 
o alcance dos objetivos de uma determinada política pública.
Projeto Menor unidade do processo de planejamento. Sistematiza e estabelece o desenho pré-
vio das ações de um planejamento. Trata-se do instrumento técnico-administrativo de 
execução das ações planejadas.
FONTE: A autora
É comum as pessoas não conseguirem diferenciar estas três unidades. Cha-
mamos tudo de projeto: meu projeto de viagem, meu projeto de vida, o projeto 
de aula, o projeto político pedagógico. Ou, a tudo, damos o nome de plano: meu 
plano de fuga, meu plano de vida, meu plano de ação. Até nos dicionários as ex-
plicações de plano, programa e projeto se confundem. Mas, como vimos, os três 
termos possuem várias diferenças, e uma das mais importantes é a hierarquia. O 
plano sempre será a unidade maior, terá as diretrizes mais amplas e, logo, pro-
gramas e projetos, deverão ser elaborados a partir de seus direcionamentos. De 
mesmo modo, o projeto sendo o último componente, executará as ações confor-
me as prescrições de programas e projetos. 
Bem, agora que você já sabe como os processos de planejamento, em geral, 
podem se apresentar, podemos pensar em como isso ocorre na educação.
3.2 MODELOS PROCESSUAIS DE 
PLANEJAMENTO EDUCACIONAL 
O planejamento em educação, também passa por diferentes níveis de abran-
gência de ação (macro e micro): planejamento educacional, planejamento escolar, 
planejamento curricular, planejamento de ensino, planejamento de aula.
• Planejamento de educacional
23
COMPREENDENDO O PLANEJAMENTO EDUCACIONAL Capítulo 1 
Desenvolve-se no nível macro, envolvendo as decisões tomadas no âmbito 
Federal, Estadual e Municipal acerca do sistema educacional como um todo. Nele 
são elaborados objetivos de médio e longo prazo, após um diagnóstico preciso da 
realidade do país. Pretendendo resolver as principais demandas educacionais, 
articulando as esferas de governo, a unidade escolar e a ação docente.
É personifi cado pelo Plano Nacional de Educação (PNE), sobre o qual trata-
remos mais adiante. 
• Planejamento curricular 
Realiza o planejamento do currículo em função das diretrizes e orientações 
do plano nacional educacional, respeitando as características e particularidades 
de cada região do país e de cada unidade escolar. Relaciona, de forma multidis-
ciplinar, conteúdos, metodologias e recursos e caracteriza-se como uma atividade 
permanente da escola. 
• Planejamento escolar
O planejamento escolar, envolve a instituição de forma global e tem como 
intuito realizar a previsão das atividades escolares, em acordo com organização 
da escola, em suas realidades e fi losofi as. Destaca-se por seu caráter fl exível e 
dinâmico. Uma vez que a escola muda, objetivos e estratégias devem ser pensa-
dos e repensados de forma constante. 
• Planejamento de ensino
Este nível de planejamento compreende a ação direta do professor em pre-
ver sua prática em sala de aula. Deve embasar-se nos demais níveis de planeja-
mento, propondo, objetivos, métodos, recursos, estratégias e instrumentos avalia-
tivos condizentes com a instituição escolar e as demandas dos alunos. 
• Planejamento de aula
Trata-se de um roteiro pré-estabelecido para a preparação das atividades a 
serem realizadas durante um bimestre ou semestre letivo. Deve ser pensado a 
partir de um diagnóstico da turma, pensando sempre nas demandas individuais e 
coletivas daquele grupo em específi co. 
No que se refere à perspectiva de planejamento adotado em educação, a 
nível de planejamento educacional, ao longo do tempo, os documentos nacionais 
optaram por modelos diferentes, ora normativo, ora estratégico, ora participati-
vo. Consequentemente, as esferas de planejamento, posicionadas no nível micro, 
conduziram o seu planejar em adequação aos documentos federais. 
24
 Planejamentoinstitucional
Atualmente, o planejamento participativo tem sido utilizado por muitas insti-
tuições. Envolvendo a comunidade escolar como um todos, as decisões têm sido 
tomadas de forma coletiva. Para tanto, é necessário que o grande grupo conheça 
dinâmica da instituição, bem como seus objetivos, para que os problemas possam 
ser diagnosticados e solucionados de forma efi caz. O planejamento participativo 
na escola tem como vantagens: 
• o fortalecimento da democracia em âmbito escolar;
• distribuição do poder de decisão entre todos os atores do processo ensi-
no-aprendizagem.
As unidades escolares também podem contar com o planejamento estraté-
gico, o qual orientará as ações educacionais por meio da análise de dados qua-
litativos e quantitativos da instituição. Nesse tipo de planejamento, como vimos 
anteriormente, o poder de tomada de decisão estará centrado na fi gura do diretor 
da escola. A rapidez de resolução de demandas e alcance de objetivos é uma de 
suas principais vantagens.
A escolha por um ou outro modelo de planejamento, fi ca a critério da escola. 
O importante é que se mantenha a organização ao planejar e que a decisão seja 
tomada objetivando o bem comum dos envolvidos e a qualidade do ensino. 
Atividade de Estudo:
1 A perspectiva adotada em um planejamento possui a capacidade 
de defi nir a conservação ou transformação de uma determinada 
realidade. Em relação às abordagens do planejamento, classifi que 
em (V) para verdadeiro ou (F) para falso as seguintes assertivas:
( ) Planejamento participativo é aquele que envolve a refl exão e 
ação de todos os envolvidos. 
( ) Um planejamento estratégico permite a utilização de diferentes 
tipos de planejamento para o alcance do objetivo.
( ) A elaboração de um planejamento normativo considera as rela-
ções sociais e a participação de todos. 
( ) O planejamento estratégico apresenta-se como uma reação às 
limitações do planejamento normativo/tradicional.
( ) O planejamento estratégico pressupõe o controle das variáveis 
da situação ou problema. 
25
COMPREENDENDO O PLANEJAMENTO EDUCACIONAL Capítulo 1 
Assinale a alternativa que apresenta a sequencia correta:
a) ( ) V – V – F – V – F.
b) ( ) V – F – F – F – F.
c) ( ) V – V – V – V – V.
d) ( ) F – V – F – V – F.
e) ( ) Nenhuma das alternativas.
2 O planejar em educação se estabelece em diferentes níveis, com 
fi nalidades e características específi cas. No que diz respeito a es-
tes níveis analise as assertivas a seguir:
I- O planejamento escolar se ocupa das decisões estabelecidas à 
nível federal, estadual e municipal.
II- O Plano Nacional de Educação é um exemplo de Planejamento 
Educacional.
III- Quando falamos em Projeto Político-Pedagógico, um instrumento 
que abrange as propostas e ações globais da escola, estamos nos 
referindo a um instrumento de ação do Planejamento de Ensino.
Assinale a aleternativa CORRETA:
a) ( ) Somente a alternativa I está correta.
b) ( ) I e II estão corretas.
c) ( ) Somente a alternativa II está correta.
d) ( ) I, II e III estão corretas.
e) ( ) Nenhuma das alternativas está correta.
3 Quanto aos instrumentos de ação de um planejamento, é COR-
RETO o que se afi rma em:
a) ( ) Programa é a denominação utilizada para a distribuição do 
plano em diferentes setores.
b) ( ) Projeto consiste em um instrumento de execução das 
ações planejadas.
c) ( ) Plano é o registro formal do planejamento 
d) ( ) As alternativas a, b e c estão corretas.
e) ( ) Nenhuma das alternativas está correta. 
26
 Planejamento institucional
CELSO DOS SANTOS VASCONCELLOS FALA SOBRE 
PLANEJAMENTO ESCOLAR
Paulo Takada
Por onde se deve começar um bom planejamento?
Depende muito da dinâmica dos grupos. Existem três dimen-
sões básicas que precisam ser consideradas no planejamento: a rea-
lidade, a fi nalidade e o plano de ação. O plano de ação pode ser fruto 
da tensão entre a realidade e a fi nalidade ou o desejo da equipe. 
Não importa muito se você explicitou primeiro a realidade ou o de-
sejo. Então, por exemplo, não há problema algum em começar um 
planejamento sonhando, desde que depois você tenha o momento 
da realidade, colocando os pés no chão. Em alguns casos, se você 
começa o ano fazendo uma avaliação do ano anterior, o grupo pode 
fi car desanimado - afi nal, a realidade, infelizmente, de maneira geral, 
é muito complicada, cheia de contradições. Às vezes, começar res-
gatando os sonhos, as utopias, dependendo do grupo, pode ser mais 
proveitoso. O importante é que não se percam essas três dimensões 
e, portanto, em algum momento, a avaliação, que é o instrumento 
que aponta de fato qual é a realidade do trabalho, vai aparecer, co-
meçando o planejamento por ela ou não.
Em alguns contextos, o planejamento ainda é encarado 
como um instrumento de controle?
Sim, em algumas escolas e redes, ele ainda é um instrumento 
burocrático e autoritário. Em um sistema autoritário, o planejamento 
é uma arma que se volta contra o professor porque o que ele disser 
- ou alguém disser por ele - que vai ser feito tem que ser cumprido. 
Caso contrário, ele foi incompetente. E, nem sempre, conseguimos 
fazer o que planejamos. Por diversas razões, inclusive por falha nos-
sa, mas não unicamente por isso. No entanto, o movimento da socie-
dade e o processo de redemocratização têm favorecido o conceito 
de planejamento como real instrumento de trabalho e não como uma 
ferramenta de controle dos professores.
Como evitar que o tempo dedicado ao planejamento anual 
não seja desperdiçado?
Nas escolas, o coordenador pedagógico é o responsável por 
esse processo. É preciso prever momentos específi cos para cada 
tipo de assunto e ser fi rme na coordenação. Às vezes, há uma ten-
tação muito grande em fi car gastando tempo do planejamento com 
27
COMPREENDENDO O PLANEJAMENTO EDUCACIONAL Capítulo 1 
problemas menores, administrativos ou burocráticos. Então, é muito 
importante planejar o planejamento, reservando momentos especí-
fi cos para cada assunto, e ser rigoroso no cumprimento dessa or-
ganização. Ele precisa ser um coordenador pedagógico forte, mas 
onde buscar apoio para se fortalecer? Em alguns casos, há o apoio 
da direção, mas é muito importante que ele faça parte de um grupo 
com outros profi ssionais no mesmo cargo para trocar experiências e 
sentir que não está sozinho nesse trabalho.
Com que frequência as ações do planejamento anual devem 
ser revistas pela equipe?
Eu insisto muito na reunião pedagógica semanal. Na minha opi-
nião, esse encontro não deve ser por área, e sim com todos os pro-
fessores daquele ciclo, daquele período. Se todos os professores, 
por exemplo, do ciclo II do Ensino Fundamental do período da manhã 
estão presentes no mesmo momento, em um dia fi xo da semana, 
no período da tarde, durante cerca de duas horas, o coordenador 
pedagógico pode montar reuniões por área, ou por nível ou gerais, 
conforme as necessidades. Esse momento de encontro é imprescin-
dível para planejar um trabalho de qualidade com coerência entre 
os professores. Além de ser um momento de socialização. Existem 
professores que descobrem coisas excelentes que vão morrer com 
ele porque não foram sistematizadas nem ele compartilhou aquelas 
descobertas. E, na hora do planejamento, há a possibilidade de re-
servar um momento para isso.
Existe algum momento que deve ser planejado com mais 
cuidado?
Sim, as primeiras aulas. Principalmente das séries iniciais. Exis-
tem estudos que mostram que a boa relação professor/aluno pode 
ser decidida nessas aulas. Há pesquisas que vão além e apontam 
os primeiros instantes da primeira aula como determinantes do su-
cesso da atividade docente. Então, se o professor tem de preparar 
bem todas as aulas, as primeiras precisam de mais cuidado. E não 
é só determinar os conteúdos a ser abordados, os objetivos a atingir 
e a metodologia mais adequada. É, sobretudo, se preparar, tornar-se 
disponível para aqueles alunos, acreditando na possibilidadedo en-
sino e da aprendizagem, estando inteiramente presente naquela sala 
de aula, naquele momento
FONTE: <https://novaescola.org.br/conteudo/296/plane-
jar-objetivos>. Acesso em: 16 out. 2020.
28
 Planejamento institucional
O PROCESSO DE PLANEJAMENTO 
PARTICIPATIVO DA UNIDADE ESCOLAR
Pedro Ganzelli
[...]
Planejamento participativo: o signifi cado da realidade cole-
tivamente construída
[...]
Analisar a realidade particular de cada escola, torna-se uma ta-
refa fundamental no processo de planejamento, pois “problemas” se-
melhantes não são necessariamente identifi cáveis, ou seja, o mesmo 
“problema” deve ser pensado de forma diferente, em distintas reali-
dades escolares. 
Vejamos se, mediante a um exemplo, essa idéia fi ca mais clara. 
Suponhamos três escolas: A, B, C. Apesar da violência ser comum 
às três escolas, cada uma delas poderá sofrer o mesmo problema 
de forma distinta, ou seja, na escola “A”, a violência é causada pela 
superlotação de alunos matriculados, na escola “B”, a violência é de-
corrente de brigas geradas por alunos de diferentes bairros que dis-
putam poder no espaço escolar e na escola “C”, o clima agressivo 
entre os diferentes segmentos da escola (pai, professores, funcio-
nários e alunos) é gerado pela forma autoritária, pela qual a direção 
está administrando a escola. Além das causas do problema violência 
serem variadas, outros fatores contribuem nesse processo de dife-
renciação, tais como a estrutura organizacional específi ca de cada 
escola (espaço físico, número de funcionários, localização etc.), ou 
mesmo a “explicação” que cada grupo de agentes educacionais pos-
suem sobre o “mesmo” problema, levando a formas diversas de pla-
nejar ações para o enfrentamento da violência na escola. 
Quando não existe participação pode ocorrer um processo de 
fragmentação dos diferentes “olhares” sobre a escola, ou seja, a es-
cola vista e vivenciada pelo pai, não necessariamente corresponde 
àquela analisada e vivenciada pelo professor, sendo que a “escola” 
do professor pode não corresponder a do diretor, que por sua vez, 
pouco tem a ver com aquela ditada pela política educacional elabora-
da a partir dos órgãos centrais do sistema educacional.
29
COMPREENDENDO O PLANEJAMENTO EDUCACIONAL Capítulo 1 
 A participação de todos os envolvidos no dia-a-dia da escola 
nas decisões sobre os seus rumos, garante a produção de um pla-
nejamento no qual estejam contemplados os diferentes “olhares” da 
realidade escolar, possibilitando assim, a criação de vínculos entre 
pais, alunos, professores, funcionários e especialistas. A presença 
do debate democrático possibilita a produção de critérios coletivos 
na orientação do processo de planejamento, que por sua vez, incor-
pora signifi cados comuns aos diferentes agentes educacionais, co-
laborando com a identifi cação desses com o trabalho desenvolvido 
na escola. Favorece a execução de ações através de compromissos 
construídos entre aqueles diretamente atingidos pelo planejamento 
educacional. [...]
FONTE: <https://bit.ly/39klxNC>. Acesso em: 16 out. 2020. 
4 PLANEJAMENTO 
EDUCACIONAL NO BRASIL
O processo brasileiro de planejamento em educação foi permeado 
pela inconsistência de compreensão. Ora, adotou concepções tecnicis-
ta, ora, dimensões políticas; foi de normativo à estratégico. Igualmente, 
desenvolveu-se de forma descompassada a de outros países e separa-
do de outros setores da sociedade e de sua própria evolução conceitual.
4.1 BREVE HISTÓRICO
Teve como marco histórico inicial o Manifesto dos Pioneiros (1932), 
que trouxe à discussão a necessidade de um projeto educacional sistê-
mico, isto é, que contemplasse a educação em sua totalidade. Em se-
guida, a Constituição de 34 institiuiu os sistemas de ensino e o Conselho Nacional 
de Educação (CNE), o qual incumbiu-se de elaborar o primeiro Plano Nacional de 
Educação (PNE), com caráter de Lei de Diretrizes e Bases (LDB). Com a Consti-
tuição de 1946, o PNE seria destituído de tal funcionalidade.
A primeira LDB, propriamente dita, surge, somente, em 1961, com a outorga 
da Lei 4024/1961. Com ela é criado o Conselho Federal de Educação (CFE), que 
substituiu o CNE, e sob o comando de Anísio Teixeira, lançou um novo PNE. No 
O processo brasilei-
ro de planejamento 
em educação foi 
permeado pela 
inconsistência de 
compreensão. Ora, 
adotou concepções 
tecnicista, ora, 
dimensões políticas; 
foi de normativo 
à estratégico. 
Igualmente, desen-
volveu-se de forma 
descompassada a 
de outros países e 
separado de outros 
setores da socieda-
de e de sua própria 
evolução conceitual.
30
 Planejamento institucional
documento, foram defi nidas várias metas, quantitativas e qualitativas, para todos 
os níveis de ensino, bem como, direcionou-se fundos para aplicação de recursos 
na educação. Contudo, entre as mudanças governamentais dos presidentes Jânio 
Quadros e João Goulart, o plano foi abandonado.
O regime militar, iniciado em 1964, contribuiu para uma regressão na Educa-
ção, transformando-a em um mero instrumento de desenvolvimento e retirando seu 
caráter político-social. Em meio aos novos Planos Nacionais de Desenvolvimento 
(PND), e ao longo do regime, foram elaborados três Planos Setoriais de Educação 
e Cultura (PSECs), que submeteram a educação aos desmandos do militarismo.
Com a promulgação da Constituição Federal (CF) de 1988 e a retomada de-
mocrática, a educação se tornou mais plural. Surgiu a premissa de uma Educa-
ção para Todos e a elaboração de políticas públicas passou a contar com uma 
participação ativa da população. Sequencialmente, redigiu-se o Plano Decenal de 
Educação para Todos (1993-2003), o qual defi niu estratégias para a universali-
zação do ensino fundamental e a erradicação do analfabetismo. Em 1996, a Lei 
9.394/1996 estabelece a nova LDB. 
Já no início do século XXI, um novo PNE (2001-2010) é aprovado, após mui-
ta discussão e vetos de parlamentares. A primeira década do século foi marcada 
pela dedicação à educação, numa resposta às necessidades de melhoria às polí-
ticas educacionais tão fragilizadas pelos governos anteriores. Na década seguin-
te, o governo Lula institui os Planos Plurianuais (PPAs) e o Plano de Desenvolvi-
mento da Educação (PDE), bem como contribuiu para a elaboração do Projeto de 
Lei do PNE (2011-2020) e da implementação do PNE (2014-2024). Articulados ao 
lema “Brasil para Todos”, os documentos pautavam-se na proposta de qualidade, 
equidade e potencialidade da educação.
Assim, ao longo da história são perceptíveis as nuances adotadas pelo plane-
jar em educação. Logicamente, os planejamentos em esferas menores (escolar, 
curricular, ensino) foram afetados e seguiram dinâmicas semelhantes. Importante 
é ressaltar que tivemos muitas crises e desafi os, mas também inegáveis avanços 
educacionais. Sobretudo, o que se destaca é a relação diretamente proporcional 
entre planejamento e qualidade da Educação, reforçando, ainda mais, a necessi-
dade de um olhar atento e de valorização da atividade de planejar. 
4.2 ENTENDENDO O PNE
Como vimos, o PNE é o resultado de um processo sócio-histórico. Idealizado 
na década de 1930, o documento foi organizado, pela primeira vez, em 1962, sen-
do plenamente instituído, somente, após a CF de 1988. 
31
COMPREENDENDO O PLANEJAMENTO EDUCACIONAL Capítulo 1 
Explicitado na Carta Magna, o dever do Estado para com a Educação faz 
com que o PNE ganhe força de lei. Em seu artigo 214, discorre:
Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de 
duração plurianual, visando à articulação e ao desenvolvimento 
do ensino em seus diversos níveis e à integração das ações do 
poder público que conduzam à:
I - erradicação do analfabetismo;
II - universalização do atendimento escolar;
III - melhoria da qualidade do ensino;
IV - formação para o trabalho;
V - promoção humanística, científi ca e tecnológica do País 
(BRASIL, 1988).
Na prática, o que o PNE realiza é um diagnóstico da situaçãoeducacional 
brasileira e assim elabora ações que orientam as políticas públicas. Caracteriza-
-se como uma ferramenta efi caz para a solução de demandas e otimização das 
atividades educacionais em todas as esferas administrativas da União. No Qua-
dro 4, temos uma explicação simplifi cada de PNE para o seu melhor entedimento:
QUADRO 4 – COMPREENDENDO O PNE
PNE
O que Para que Por que
Documento nacional que esta-
belece diretrizes, metas, estra-
tégias, objetivos decenais (dez 
anos) para a Educação.
Guiar a constru-
ção de politicas 
públicas.
Articula as ações educacionais empreendidas 
pela União, Distrito Federal, estados e municí-
pios. Contribui para o planejamento de ações 
que trabalhem pela garantia de qualidade de 
ensino em todo o país.
FONTE: A autora
Em sua versão atual (2014-2024), aprovada após quatro anos de tramitação, 
o PNE se propõe a diminuir a desigualdade e promover a inclusão, apresentando 
20 metas e 254 estratégias, a serem cumpridas até o ano de 2024. 
QUADRO 5 – METAS DO PNE
METAS DO PNE (2014-2024)
1 Universalizar a educação infantil na pré-escola para as crianças de quatro a cinco anos e 
ampliar a oferta de educação infantil em creches, em no mínimo 50%, para crianças de até 
três anos. 
2 Universalizar o ensino fundamental de 9 anos para toda a população de seis a 14 anos. 
3 Universalizar o atendimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos e elevar a taxa de 
matrículas no ensino médio para 85%.
32
 Planejamento institucional
4 Universalizar, para a população de quatro a 17 anos com defi ciência, transtornos globais 
do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao 
atendimento especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, garantindo ensino 
inclusivo, sala de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, pú-
blicos e conveniados.
5 Alfabetizar todas as crianças até o 3º ano do ensino fundamental.
6 Oferecer educação em tempo integral, em no mínimo 50% das instituições públicas.
7 Fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas e modalidades, com melhoria 
do fl uxo escolar e da aprendizagem.
8 Elevar a escolaridade média da população de 18 a 29 anos, de modo a alcançar no mínimo 
12 anos de estudo.
9 Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais. Erradicar o analbetismo 
absoluto e reduzir em 50% o analfabetismo funcional.
10 Oferecer, no mínimo, 25% das matrículas de educação de jovens e adultos, nos ensinos 
fundamental e médio, na forma integrada à educação profi ssional.
11 Triplicar as matrículas da educação profi ssional técnica de nível médio. 
12 Elevar a taxa bruta de matricula na educação superior.
13 Elevar a qualidade da educação superior e ampliar a proporção de mestres e doutores do 
corpo docente em efetivo exercício.
14 Elevar gradualmente o número de matrículas na pós graduação.
15 Garantir uma política de formação de profi ssionais da educação.
16 Formar, em nível de pós graduação, 50% dos professores da educação básica e garantir, a 
todos os profi ssionais da educação básica, formação continuada em sua área de atuação.
17 Valorizar os profi ssionais do magistério das redes públicas de educação básica, de forma a 
equiparar seu rendimento médio ao dos demais profi ssionais com escolaridade equivalente.
18 Assegurar a existência de planos de carreira para os profi ssionais da educação básica públi-
ca, tomando como base o piso salarial profi ssional nacional, defi nido em lei federal.
19 Assegurar condições para a efetivação da gestão democrática da educação, associada a 
critérios técnicos de mérito e desempenho e à consulta pública à comunidade escolar, no 
âmbito das escolas públicas, prevendo recursos e apoio técnico da União.
20 Ampliar o investimento público em educação pública, de forma a atingir, no mínimo o patamar 
de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
FONTE: Adaptado de Brasil (2014)
No escopo do próprio documento, pontua-se que a efetivação das metas es-
tabelecidas serão constantemente monitoradas e avaliadas por instâncias como 
MEC; Comissão de Educação da Câmara de Deputados; Comissão de Educação, 
Cultura e Esporte do Senado Federal; CNE; e Fórum Nacional de Educação. A 
tais instituições cabe a divulgação de resultados, a análise e proposição de polí-
ticas públicas, bem como, a revisão do percentual de investimento em educação.
33
COMPREENDENDO O PLANEJAMENTO EDUCACIONAL Capítulo 1 
A QUALIDADE DA EDUCAÇÃO BÁSICA 
NO NOVO PNE 2014-2024
Janete Azevedo
Herdeiro de todos os limites e avanços que historicamente têm 
marcado a educação nacional e o seu planejamento, o II PNE exprime, 
em certa medida, o amadurecimento da sociedade brasileira no ato de 
pensar o seu futuro, mas a partir de prismas que revelam a presença 
de elementos impostos pela ordem global e pela síntese possível esta-
belecida entre tendências progressistas e conservadoras. 
A realidade educacional brasileira hoje contém avanços impor-
tantes, particularmente no que se refere às infl exões positivas expe-
rienciadas pelos padrões da escolaridade básica nas últimas décadas. 
Excetuando-se os limites ainda a serem superados para o acesso à 
educação infantil, crianças, adolescentes e jovens têm transposto os 
portões da escola com a oportunidade de vivenciar práticas educativas 
na perspectiva de usufruto do direito à educação. Não obstante, os 
processos de ensino e aprendizagem ainda se mostram insufi cientes 
para garantir uma efetiva escolarização de qualidade. 
A questão da qualidade não é tema novo, estando presente no 
debate educacional brasileiro desde o período em que o debate sobre 
a educação de massa colocou-se para a sociedade. Mas, como sa-
bemos, a noção de qualidade implica concepções de múltiplos signifi -
cados que, por seu turno, têm relação com distintas fi losofi as de ação 
que regem projetos de sociedade e, portanto, a ação pública (AZEVE-
DO, 2011b). Nos dias de hoje, como nos alerta Ball (2006), a compre-
ensão a respeito da qualidade não tem apenas por referente a escola 
e seus fi ns precípuos, nos quais a educação constitui um valor univer-
sal, um direito de todos e todas, numa perspectiva de justiça e inclusão 
sociais. Polarizando com essa concepção, encontra-se a que decorre 
das confi gurações sociais, instaladas no mundo ocidental, em face de 
novos padrões de sociabilidade. Nesse caso, o debate é articulado ao 
conceito de qualidade total próprio das empresas e do mercado, o que 
se expressa na retórica que privilegia a educação de resultados, a fl e-
xibilidade, o empreendedorismo nos currículos, destacando vínculos 
entre a efetividade e pressupostos do gerencialismo. 
No primeiro polo, tem se destacado o conceito de qualidade 
socialmente referenciada que reconhece o seu alcance como um 
processo multifacetado que requer, simultaneamente, condições es-
34
 Planejamento institucional
colares adequadas, profi ssionalização docente, gestão democrática, 
consideração das características dos alunos (entre elas as que re-
sultam das históricas desigualdades imperantes no País), articulação 
com a comunidade e com entidades da sociedade civil, avaliação 
dos processos pedagógicos, administrativos e técnicos, presença ati-
va da comunidade circundante e participação ativa da comunidade 
escolar (WEBER, 2007). 
Sem dúvida, como já referido no início, o II PNE constitui hoje 
um dos principais instrumentos das políticas educativas brasileiras 
para a década iniciada em 2014. Em obediência ao que passou a 
prescrever a Constituição, por meio de suas diretrizes, metas e es-
tratégias, confere centralidade à busca da qualidade da educação 
socialmente referenciada. Portanto, a qualidade, mais uma vez, é um 
alvo que se projeta atingir nos próximos anos. 
As suas 10 diretrizes, apresentadas no art. 2º, trazem subjacen-
tes elementos da concepção de qualidade socialmente referenciada, 
quais sejam: 
erradicação do analfabetismo; universalizaçãodo 
atendimento escolar; superação das desigualdades 
educacionais, com ênfase na promoção da cidadania 
e na erradicação de todas as formas de discriminação; 
melhoria da qualidade da educação; formação para o 
trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores 
morais e éticos em que se fundamenta a sociedade; 
promoção do princípio da gestão democrática da 
educação pública; promoção humanística, científi ca, 
cultural e tecnológica do País; estabelecimento de 
meta de aplicação de recursos públicos em educação 
como proporção do Produto Interno Bruto – PIB, que 
assegure atendimento às necessidades de expansão, 
com padrão de qualidade e equidade; valorização dos 
(as) profi ssionais da educação; promoção dos princípios 
do respeito aos direitos humanos, à diversidade e à 
sustentabilidade socioambiental (BRASIL, 2014). 
Levando em conta o seu conjunto, é possível afi rmar que houve 
avanços e inovações signifi cativos em relação ao I PNE na sua forma 
e conteúdo. São em número de 20 as metas e de 254 as estratégias 
estabelecidas, e estas guardam articulação entre si. 
FONTE: AZEVEDO, Janete. Plano Nacional de Educação e planejamento: a 
questão da qualidade da educação básica. Revista Retratos da Escola, Brasí-
lia, v. 8, n. 15, p. 265-280, 2014. p. 273-274. Acesso em: http://retratosdaescola.
emnuvens.com.br/rde/article/download/441/572. Acesso em: 16 out. 2020.
35
COMPREENDENDO O PLANEJAMENTO EDUCACIONAL Capítulo 1 
Atividade de Estudo: 
1 Segundo o artigo 214 da CF, se constitui uma ação pretendida 
pelo PNE:
a) ( ) Erradicação da pobreza e desigualdades sociais.
b) ( ) Universalização do ensino.
c) ( ) Promoção de planejamento normativo na gestão escolar.
d) ( ) Formação voltada de forma exclusiva para o trabalho.
e) ( ) Nenhuma das alternativas.
2 Em relação às metas estabelecidas pelo PNE, julgue os itens a 
seguir:
I- Segundo a meta 2, pretende-se o ensino fundamental seja univer-
salizado a todos os indivíduos com idades entre seis e 14 anos.
II- Entre as metas do PNE (2014-2024) está a erradicação do anal-
fabetismo absoluto. 
III- Na meta 12 é estabelecida a universalização do ensino superior.
Assinale a alternativa CORRETA: 
a) ( ) II e III estão corretos.
b) ( ) Somente o item II está correto.
c) ( ) I, II e III estão corretos.
d) ( ) I e II estão corretos.
e) ( ) Nenhuma das alternativas está correta. 
3 Sobre o Planejamento Educacional brasileiro, julgue as asserti-
vas a seguir:
I- O PNE (2014-2024) é composto por 25 metas e 254 estratégias .
II- O monitoramento e avaliação do PNE (2014-2024) serão realiza-
dos por instâncias como o Ministério da Educação e o Conselho 
Nacional de Educação.
III- O PNE ganhou força de lei através da Constituição Federal de 
1971.
IV- As primeiras intenções de planejamento na educação brasileira 
surgem com o Manifesto dos Pioneiros.
Assinale a alternativa CORRETA: 
a) I,II, III e IV estão corretas.
b) Somente II e IV estão corretas.
36
 Planejamento institucional
c) I, II e IV estão corretas.
d) Somente II está correta.
e) Nenhuma das alternativas está correta.
4 Analise a imagem a seguir – a qual aponta as ações vencidas em 
2016 – e refl ita criticamente discorrendo, em até 20 linhas, sobre 
os resultados da implementação do PNE 2014-2024.
FONTE: https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/YkWjRfYTXksXA-
VWEscnCREZ8z5knsvvvV9xRr8dTjN8BNBta3576K7DnV5th/ne293-politicaspu-
blicas-imagens-2-1.jpg%3Fitok%3DD6UkqK_d. Acesso em: 16 out. 2020.
37
COMPREENDENDO O PLANEJAMENTO EDUCACIONAL Capítulo 1 
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES 
Neste capítulo, refl etimos sobre a ação de planejar, compreendendo seus 
conceitos e características, bem como seus tipos, níveis e instrumentos de ação 
no contexto educacional. Além disso, delineamos uma breve contextualização his-
tórica do planejamento educacional brasileiro. 
Nos próximos capítulos, abordaremos mais detalhadamente o PPP (Projeto 
Político-Pedagógico), compreendendo as particularidades de um dos produtos mais 
importantes do planejamento educacional e de ação pontual na unidade escolar. 
É imprescíndivel que você tenha compreendido a importância do planejar 
para a qualidade da educação. De mesmo modo, entenda o planejamento como 
um processo que, além de técnico, é intencional e contínuo. 
Nos vemos no capítulo seguinte! Até lá!
REFERÊNCIAS
ABREU, F. Introdução à teoria do planejamento. In: FERREIRA, R. T. Planeja-
mento e gestão de desenvolvimento regional. Belém: UFPA, 2004.
AZEVEDO, J. Plano Nacional de Educação e planejamento: a questão da qua-
lidade da educação básica. Revista Retratos da Escola, Brasília, v. 8, n. 15, p. 
265-280, 2014. Disponível em: http://retratosdaescola.emnuvens.com.br/rde/arti-
cle/download/441/572. Acesso em: 16 out. 2020.
BRASIL. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de 
Educacao – PNE e da outras providencias. Brasilia, DF: Diário Ofi cial [da] União, 
2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/
l13005.htm. Acesso em: 16 out. 2020.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasilia, 
DF: Diário Ofi cial [da] União, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 16 out. 2020.
CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração: na administração 
das organizações. Edição Compacta. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
COARACY, J. O planejamento como processo. Revista Educação, Brasília, 
ano 1, n. 4, p. 78-79, 1972
38
 Planejamento institucional
DALCORSO, C. Z. O Planejamento estratégico: um instrumento para o gestor 
da escola pública. São Paulo: Paco Editoria, 2017. 
FERREIRA, A. B. de H. Novo aurélio século XXI: o dicionário da língua portu-
guesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
GANDIN, D. A posição do planejamento participativo entre as ferramentas de 
intervenção na realidade. Currículo sem Fronteiras, Porto Alegre, v. 1, n. 1, 
p. 81-95, jan./jun. 2001. Disponível em: https://www.ets.ufpb.br/pdf/2013/2%20
S1%20Gestao%20Estrategica%20-%20IFES/GANDIN_A%20posi%C3%A7%-
C3%A3o%20do%20planejamento%20participativo.pdf. Acesso em: 16 out. 2020.
GANDIN, D. Planejamento como prática educativa. São Paulo: Edições Loyo-
la, 1983.
KUENZER, A. Z.et al. Planejamento e educação no Brasil. 5. ed. São Paulo: 
Cortez, 2001.
LIBÂNEO, J. Organização e gestão de escola: teoria e prática. Goiânia: Alter-
nativa, 2001
LUCKESI, C. C. Planejamento e avaliação na escola: articulação e necessária 
determinação ideológica. In: LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem esco-
lar: estudos e proposições. 14. ed. São Paulo: Cortez, 2002. p. 102-119.
MAXIMIANO, A. Introdução à administração. São Paulo: Atlas, 2006.
MENEGOLLA, M.; SANT’ANA, I. M. Por que planejar? Como planejar? Petró-
polis: Vozes, 2002.
MESQUITA, M. de F. M.; COELHO, M. H. M. Breve trajetória histórico-pedagógi-
ca do planejamento de ensino e da avaliação da aprendizagem. Dialogia, São 
Paulo, v. 7, n. 2, p. 163 -175, 2008.
NÉRICI, I. Introdução à supervisão escolar. São Paulo: Atlas.1990.
OLIVEIRA, D. P. R. Estratégia empresarial & vantagem competitiva: como 
estabelecer, implementar e avaliar, 6. São Paulo: Atlas, 2009.
SANTOS, P. S.M.B. As dimensões do planejamento educacional: o que os 
educadores precisam saber. São Paulo: Cengage Learning, 2016.
39
COMPREENDENDO O PLANEJAMENTO EDUCACIONAL Capítulo 1 
SIMÃO, S. et al. Planejamento para a melhoria da qualidade educativa. 
Materiais de apoio à formação em competências de inspetores da educação em 
Angola. Buenos Aires: IIPE - Unesco, 2012. (Livro 2). Disponível em: https://unes-
doc.unesco.org/ark:/48223/pf0000245242/PDF/245242por.pdf.multi. Acesso em: 
16 out. 2020.
VASCONCELLOS, C. dos S. Planejamento: projeto de ensino aprendizagem e 
projeto político- pedagógico. São Paulo: Liberdad, 2002.
40
 Planejamento institucional
CAPÍTULO 2
PROJETO POLÍTICO--PEDAGÓGICO (PPP)
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes obje-
tivos de aprendizagem:
 dominar os conceitos de PPP e planejamento estratégico educacional;
 entender os aspectos que envolvem a construção de um PPP;
 relacionar o PPP ao planejamento estratégico educacional.
42
 Planejamento institucional
43
PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO (PPP) Capítulo 2 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Projeto, do latim projectum, que no bom português signifi ca ser lançado para 
frente! Você já havia pensado nessa palavra dessa forma? Visto por essa pers-
pectiva, o termo projeto parece conectar-se com mudança, não parece? 
Quantos projetos você já teve? Quantos projetos você ainda tem? O que eles 
alteraram em sua vida? O que mudou em você?
Acredito que você já tenha tido uma infi nidade de projetos. Projetar e viver 
a própria vida como um projeto é uma característica propriamente humana! Ani-
mais, não projetam, agem de forma instintiva! Pense em um pássaro que constrói 
seu ninho. Diferente de nós, que contratamos um arquiteto para desenhar nossas 
casas, o passáro recolhe todo tipo de material e os arranja da maneira que dá. 
Não há um projeto.
Ter um projeto, humanamente falando, signifi ca buscar algo diferente do que 
já temos, algo ideal, na perspectiva de alcançar algo possível. Para tanto, orga-
nizamos ideias, arranjamos os recursos, mobilizamos ajuda! Rompemos com o 
equilíbrio em que nos encontrávamos!
Todo projeto supõe rupturas com o presente e promessas para 
o futuro. Projetar signifi ca tentar quebrar um estado confortável 
para arriscar-se, atravessar um período de instabilidade e 
buscar uma nova estabilidade em função da promessa que 
cada projeto contém de estado melhor do que o presente. 
Um projeto educativo pode ser tomado como promessa frente 
a determinadas rupturas. As promessas tornam visíveis os 
campos de ação possível, comprometendo seus atores e 
autores (GADOTTI, 1995, p. 579).
No capítulo anterior, estudamos o conceito de planejamento e suas impli-
cações no âmbito da educação. Agora, te ajudaremos a pensar sobre um dos ti-
pos de projeto mais importante no contexto escolar, o Projeto Político-Pedagógico 
(PPP). Sinta se convidado a refl etir sobre a mudança! Arrisque-se a construir uma 
educação diferente da que se apresenta hoje!
Boa leitura!
44
 Planejamento institucional
Atividade de Estudo:
1 Agora é sua vez de construir um projeto. Vamos começar por 
um aspecto que lhe é bem importante: a sua vida! Quais são os 
seus projetos pessoais? Já os colocou no papel? Bem, essa é 
sua oportunidade! No quadro a seguir, você poderá, a partir do 
preenchimento, analisar qualquer tipo de projeto que você queira 
estabecer para sua vida. Quer tentar? 
QUADRO – PROJETO PESSOAL DE VIDA
Assunto/
Área
Como estou? 
Como faço?
Como me 
comporto?
Como devo 
ser ou como 
gostaria de 
ser?
Que atividades 
devo fazer para 
desenvolver 
ou atingir um 
objetivo?
De que 
ajuda eu 
preciso?
Que tempo 
vou utilizar 
para executar 
meu projeto?
Avaliação 
periódica 
do projeto
FONTE: A autora
2 Como vimos, projetos envolvem mudanças e avanços. Se você 
fosse mudar algo na escola em que estudou, na escola de seus 
fi lhos ou na escola em que atua, quais seriam essas mudanças? 
Quais as necessidades da instituição? A seguir, discorra sobre as 
suas refl exões.
R.: ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
45
PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO (PPP) Capítulo 2 
2 DESVENDANDO O PROJETO 
POLÍTICO-PEDAGÓGICO (PPP)
De maneira geral, o PPP é um documento que norteia as ações das insti-
tuições educacionais, em um compromisso de gestão democrática participativa, 
sendo um elemento central do planejamento. Em seu processo histórico, vai se 
delineando juntamente à instituição da gestão democrática e do surgimento da 
LDBEN nº 9394/1996. 
Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) de 1996, 
torna-se uma exigência legal, uma vez que esta, em seu artigo 12, determina que 
as escolas elaborem e executem uma proposta pedagógica, pertinente à identi-
dade institucional. Contudo, a despeito do simples cumprimento legal, o PPP vai 
além de uma mera formalidade ou burocracia, ele organiza o trabalho pedagógico 
como um todo (VEIGA, 2007).
Um instrumento de trabalho que mostra o que vai ser feito, 
quando, de que maneira, por quem para chegar a que resul-
tados. Além disso, explicita uma fi losofi a e harmoniza as di-
retrizes da educação nacional com a realidade da escola, 
traduzindo sua autonomia e defi nindo seu compromisso com 
a clientela. É a valorização da identidade da escola e um cha-
mamento à responsabilidade dos agentes com as racionalida-
des interna e externa. Esta idéia implica a necessidade de uma 
relação contratual, isto é, o projeto deve ser aceito por todos os 
envolvidos, daí a importância de que seja elaborado participa-
tiva e democraticamente (VEIGA, 2005, p. 110).
Segundo Vasconcellos (2002, p. 169), o PPP é um aparato “teórico metodo-
lógico para a intervenção e mudança da realidade”. Confi gura-se como o plano 
global, intencional, fl exível e inconcluso, no qual a instituição reivindica a autono-
mia de explicitar sua identidade. É uma sistematização do planejamento participa-
tivo, num processo contínuo de avaliação e desenvolvimento, que defi ne as ações 
educativas que se pretende realizar (VASCONCELLOS, 2002). 
O PPP é a expressão do compromisso institucional com a qualidade de en-
sino, bem como, consiste em um dos fundamentos principais da gestão escolar, 
da prática docente e da formação dos estudantes (BARTINIK, 2012). Quando a 
escola se organiza por meio do PPP, busca:
Um rumo, uma direção, um sentido explícito para um compro-
misso estabelecido coletivamente. O projeto pedagógico, ao se 
constituir em um processo participativo de decisões, preocupa-
-se em instaurar uma forma de organização do trabalho peda-
gógico que desvele os confl itos e as contradições, buscando 
46
 Planejamento institucional
eliminar as relações competitivas, corporativas e autoritárias, 
rompendo com a rotina do mando pessoal e racionalizado da 
burocracia e permitindo relações horizontais no interior da es-
cola (VEIGA, 1998 apud BARTINIK, 2011, p.147).
Sobretudo, o PPP é a expressão dos desejos da comunidade escolar em 
relação à educação. É uma construção complexa, que envolve uma multiplicidade 
de sujeitos, de diferentes origens, saberes e experiências, e que permite o exer-
cício da cidadania dando voz e vez a todos aqueles que fazem parte do processo 
ensino-aprendizagem.
2.1 CARACTERÍSTICAS, PRINCÍPIOS, 
DIMENSÕES E FINALIDADES DO PPP
 
O PPP se expressa em um processo amplo, integral, global, com longa dura-
ção, de participação coletiva e democrática. Para Veiga (2005), o PPP possui as 
seguintes características:
a) É um movimento de luta em prol da democratização da es-
cola que não esconde as difi culdades e os pessimismos da 
realidade educacional, mas não se deixa levar por esta, pro-
curando enfrentar o futuro com esperança em busca de novas 
possibilidades e novos compromissos. É um movimento cons-
tante para orientar a refl exão e ação da escola.
b) Está voltado para a inclusão a fi m de atender a diversidade 
de alunos, sejam quais forem sua procedência social, neces-
sidades e expectativas educacionais (Carbonell, 2002); proje-
ta-se em uma utopia cheia de incertezas ao comprometer-se 
com os desafi os do tratamento das desigualdades educacio-
nais e do êxito e fracasso escolar.
c) Por ser coletivo e integrador, o projeto, quando elaborado, 
executado e avaliado, requer o desenvolvimento de um clima 
de confi ança que favoreça o diálogo, a cooperação, a negocia-
ção e o direito das pessoas de intervirem na tomada de deci-
sões que afetam a vida da instituição educativa e de compro-
meterem-se com a ação. O projetonão é apenas perpassado 
por sentimentos, emoções e valores. Um processo de constru-
ção coletiva fundada no princípio da gestão democrática reúne 
diferentes vozes, dando margem para a construção da hege-
monia da vontade comum. A gestão democrática nada tem a 
ver com a proposta burocrática, fragmentada e excludente; ao 
contrário, a construção coletiva do projeto político-pedagógico 
inovador procura ultrapassar as práticas sociais alicerçadas na 
exclusão, na discriminação, que inviabilizam a construção his-
tórico-social dos sujeitos.
d) Há um vínculo muito estreito entre autonomia e projeto polí-
tico-pedagógico. A autonomia possui o sentido sociopolítico e 
está voltada para o delineamento da identidade institucional. A 
47
PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO (PPP) Capítulo 2 
identidade representa a substância de uma nova organização 
do trabalho pedagógico. A autonomia anula a dependência e 
assegura a defi nição de critérios para a vida escolar e acadê-
mica. Autonomia e gestão democrática fazem parte da especi-
fi cidade do processo pedagógico.
e) A legitimidade de um projeto político-pedagógico está estrei-
tamente ligada ao grau e ao tipo de participação de todos os 
envolvidos com o processo educativo, o que requer continui-
dade de ações.
f ) Confi gura unicidade e coerência ao processo educativo, 
deixa claro que a preocupação com o trabalho pedagógico 
enfatiza não só a especifi cidade metodológica e técnica, mas 
volta-se também para as questões mais amplas, ou seja, a das 
relações da instituição educativa com o contexto social (VEI-
GA, 2005, p. 277).
Como princípios de fundamentação do PPP, Eyng (2007), aponta que o do-
cumento deve se embasar em pressupostos epistemológicos, didático-metodoló-
gicos e sociopolíticos. 
Os pressupostos epistemológicos apontam o conhecimento mediado pelo 
professor e ressignifi cado pelo aluno. Envolvem a defi nição de conteúdo, avalia-
ção e reorganização da prática pedagógica.
Quanto aos pressupostos sociopolíticos, estes estabelecem as infl uências 
que a sociedade impõe sobre a escola, bem como as que esta estabelece sobre 
a sociedade. 
No que se refere aos pressupostos didático-pedagógicos, pode se afi rmar 
que os mesmos dizem respeito aos encaminhamentos de conteúdos e organiza-
ções de aulas. Vinculam-se à postura do professor no processo de ensino apren-
dizagem. 
Não obstante, o PPP possui, ainda, duas dimensões: uma política e outra 
pedagógica: 
a) Política: o PPP é político porque se integra à comunidade por diferentes 
esferas como a cultural, política e econômica. De mesmo modo tem, por 
compromisso, formar um cidadão para uma determinada sociedade.
b) Pedagógica: o PPP é pedagógico pois expressa as ações intencionadas 
da escola em promover a educação. 
Ressalta-se que o PPP tem, por fi nalidades, o resgate da intencionalidade 
das ações pedagógicas; a transformação da realidade institucional e a participa-
ção efetiva da comunidade escolar. 
48
 Planejamento institucional
2.1.1 Os envolvidos
Afi nal, quem é o responsável por construir o PPP?
A elaboração do PPP envolve: alunos; professores; equipe gestora; pais e 
responsáveis; e, comunidade externa. 
Ele precisa e deve refl etir todas as vozes da escolar!
Conforme a Constituição de 1988 e a LDBEN nº 9394/1996, fi ca estabelecido 
que a escola atue em Gestão Democrática e que o projeto político-pedagógico 
seja elaborado por ação conjunta de toda a comunidade escolar.
Para Padilha (2017), cada segmento participará de forma diferenciada na 
construção do PPP:
• Pais e alunos: envolvimento com a programação de atividades, coorde-
nação de eventos extra e intra-escolares e no estudo da realidade. De-
vem estabelecer vínculo com os colegiados da instituição.
• Associações de bairro, entidades comunitárias e ONGs: integração de 
suas atividades com atividades extra-escolares da instituição.
• Diretor da escola: coordenação de todas as atividades escolares, devem 
mobilizar os demais segmentos da comunidade escolar a se envolverem 
com a construção do PPP.
• Coordenador pedagógico: organização das reuniões de planejamento 
das atividades pedagógicas, envolvimento com a execução, desenvolvi-
mento e avaliação do PPP.
• Professores: participação vinculada à defi nição geral do projeto, dos pla-
nos de currículo, de curso, de aula que também devem fazer parte do 
PPP. 
2.1.2 Implicações e interações com 
outros documentos educacionais
Em primeiro lugar, o PPP deve estar de acordo com todas as leis vigentes, 
bem como se adequar aos planos estaduais e nacionais de educação. 
Com relação ao currículo, o PPP acaba se tornando a sua materialização 
ofi cial. Ou seja, o PPP organiza os planos de ação que dão forma ao currícu-
lo, oferecendo a ele vitalidade e personalidade. Também, oportuniza a refl exão 
49
PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO (PPP) Capítulo 2 
e discussão do currículo oculto (mensagens e conteúdos, transmitidos – através 
de ações, atitudes, regras – de maneira implícita e indireta no texto e contexto da 
escola. Ex: orientações políticas).
Em questão de Regimento Escolar, o paralelo que se estabelece é de que am-
bos, PPP e Regimento, devem ser construídos e aprovados pela comunidade esco-
lar. Igualmente, o Regimento deverá contemplar os parâmetros e princípios do PPP, 
para o detalhamento do regramento administrativo e jurídico da instituição. 
 
RELEVÂNCIA DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO
Celso dos S. Vasconcellos
 Muitas vezes, no dia a dia, a preocupação da direção acaba 
sendo “que a escola funcione”, e a dos professores acaba girando 
em torno do “manter a disciplina e cumprir o programa”. “O nosso ris-
co, porém, é este: somos devorados pelo urgente e não temos tempo 
para posicionarmo-nos diante do importante”. Frente a tantas difi cul-
dades, por que a escola deve se interessar pelo Projeto? Ora, a fun-
ção do projeto é justamente ajudar a resolver problemas, transformar 
a prática e, no limite, tornar menor o sofrimento.
 O Projeto Educativo não é algo que se coloca como um “a mais” 
para a escola, como um rol de preocupações que remete para fora 
dela, para questões “estratosféricas”. Pelo contrário, é uma meto-
dologia de trabalho que possibilita ressignifi car a ação de todos os 
agentes da escola.
C. Wright comparou a situação dos educadores à de remado-
res, no porão de uma galera. Todos estão suados de tanto remar e 
se congratulam uns com os outros pela velocidade que conseguem 
imprimir ao barco. Há apenas um problema: ninguém sabe para onde 
vai o barco, e muitos evitam a pergunta alegando que este problema 
está fora da alçada de sua competência. (Alves, 1981:86).
Houve um tempo em que parecia óbvia a necessidade e a fi na-
lidade da escola. No entanto, especialmente a partir da década de 
setenta, com toda a crítica da sociologia francesa, a escola desco-
bre-se como palco de confl itos e contradições sociais. Desde então, 
a explicitação de seu projeto, do dizer a que veio, vai se tornando 
cada vez mais importante.
50
 Planejamento institucional
a) Rigor e Participação
A grande contribuição do Projeto Político-Pedagógico na pers-
pectiva do Planejamento Participativo está no seguinte:
§ Rigor (qualidade formal)
É uma maneira de se enfrentar o processo de alienação, exigin-
do que as ações sejam intencionais (desligar o “piloto automático”). 
Há atualmente um apelo muito forte pela “prática”; este apelo pode 
nos levar ao imediatismo, ao ativismo. É preciso considerar que a 
prática é fundamental, é a fi nalidade da instituição, mas, por outro 
lado, a realidade é complexa, e como tal deve ser enfrentada. O que 
queremos dizer é que atuar de qualquer forma, sendo condiciona-
do pelas pressões do ambiente (rotinas, ideologias) é fácil; difícil é 
realizarmos uma ação consciente, que de fato corresponda às re-
ais necessidades. Para isto precisamos de um referencial teórico-
-metodológico. O Projeto é justamente o Méthodos que visa ajudar 
a enfrentar os desafi

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