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PLANEJAMENTO ESCOLAR E AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM

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PLANEJAMENTO ESCOLAR E AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM (EEL0111)
Professor: GABRIELA MAFFEI MOREIRA MALAGOLLI
DEFINIÇÃO
A evolução histórica e a definição atual dos conceitos de planejamento e de planejamento escolar com sua função no âmbito escolar.
PROPÓSITO
Compreender os modos de organização educacional e escolar que as diferentes perspectivas do planejamento viabilizam por meio do conhecimento escolar e de suas características e aplicações.
OBJETIVOS
Módulo 1
Identificar os conceitos de planejamento e de planejamento escolar, reconhecendo as diferentes compreensões do termo ao longo da história
Módulo 2
Reconhecer as funções do planejamento no âmbito escolar e na organização da escola
Módulo 3
Identificar as características do planejamento estratégico no âmbito educacional e escolar
INTRODUÇÃO
O desejo de planejar advém da necessidade de alguém ou de algum grupo social. Ou seja, devido à realidade colocar diante das pessoas ou de grupos alguma situação que é percebida como problema, exigindo uma reflexão para solucioná-lo, planejamos ações. Sem um problema originário percebido como tal, não se colocaria a necessidade do planejamento. Ao perceber que algo vai mal, há um diálogo mais efetivo com a realidade, que será “examinada” e sobre a qual se deseja intervir. Assim, a intervenção exigirá um plano, um planejamento.
O ato de planejar existe desde os tempos em que o homem se percebeu como ser humano. Antes mesmo de querer pensar em formar uma sociedade mais estruturada, o homem já planejava. E o fazia porque, diferentemente de outros animais, percebia a necessidade de articular ações para tornar sua atitude mais eficaz. Assim, planejava formas de caçar em função das possibilidades de sucesso; passou a retirar as peles dos animais para proteger-se do frio; dominou o fogo e desenvolveu técnicas de preservação da chama; percebeu que precisava se proteger da chuva e outras intempéries e, sabendo estimar quando ela viria, planejava a hora de se abrigar, entre outras ações que, antes de serem praticadas, eram pensadas, ou seja, planejadas.
Com o passar do tempo e a complexificação das estruturas sociais, o planejamento foi se tornando parte estruturante da vida humana. A agricultura exigia aprender a cuidar da terra, a plantar na estação correta do ano, a colher no momento apropriado de cada cultura. Os locais e momentos em que apareceriam as caças também passaram a ser conhecidos e permitiam o planejamento do ato de caçar; as migrações de inverno eram preparadas conforme a chegada do frio. Tudo isso exigia planejamento.
MÓDULO 1
Identificar os conceitos de planejamento e de planejamento escolar, reconhecendo as diferentes compreensões do termo ao longo da história
O QUE É PLANEJAMENTO
Assista ao vídeo a seguir para saber mais sobre o planejamento escolar.
Com a complexificação das sociedades, foi necessário ampliar e melhor estruturar a organização de diferentes setores, como o da produção, do comércio, do uso dos espaços públicos e a estruturação das normas sociais, além de aperfeiçoar as estratégias de guerra, tornando-as mais eficientes. Assim, o ato de planejar ganhou maior sistematicidade e uso social diversificado, passando a integrar a vida social e mesmo a familiar.
A noção de planejamento tornou-se mais ampla e complexa, de acordo com o setor, com o nível institucional ao qual se aplica e com a abrangência de seu conteúdo. Atualmente, é percebido como uma ferramenta usada pela administração que viabiliza uma percepção mais precisa da realidade, da avaliação dos caminhos possíveis para se chegar a determinados objetivos.
Dica
Um bom planejamento exige uma construção anterior do que se espera produzir como resultado e os trâmites e caminhos a serem seguidos para se chegar aos objetivos.
A racionalidade da reflexão e proposição de ação é uma marca do planejamento, que normalmente não está sujeito, como as ações estão, a problemas eventuais e imprevisíveis que podem ocorrer. É fruto de um processo de deliberação abstrato e explícito que escolhe e organiza ações, antecipando os resultados esperados a partir de objetivos predefinidos. Sua constante avaliação é necessária, já que tanto as circunstâncias de sua aplicação quanto interferências externas podem ocorrer, comprometendo os resultados.
Vejamos alguns tipos de planejamento:
1. Planejamento estratégico
Destina-se à organização como um todo e ao longo do tempo.
Menos ligado às ações do que aos propósitos e à estrutura da organização – educacional ou de qualquer outro setor da sociedade.
É uma ferramenta gerencial adotada pelas empresas, buscando estabelecer metas de médio e longo prazo.
Centraliza as decisões nos gestores que chefiam a empresa ou a instituição.
É um processo contínuo e permanente pelo qual são definidos e revisados a missão da organização, sua visão de futuro, os objetivos e os projetos de intervenção que visam a mudanças ou permanências desejadas por aqueles que lideram a organização.
2. Planejamento tático
É mais setorial e envolve metas e tarefas a serem executadas pelo pessoal do setor.
3. Planejamento operacional
É por meio do qual planos de aplicação imediata aos níveis mais rotineiros e básicos de uma instituição são produzidos.
Nas sociedades atuais, o planejamento é tão familiar que às vezes passa despercebido, mesmo estando presente em todos os segmentos de nossas vidas. Atualmente, o ato de planejar está consolidado como algo de suma importância, e temos formas e esferas do planejamento percebidos e definidos de diferentes maneiras. Falamos em:
Planejamento pessoal - Planejamento financeiro
Planejamento organizacional - Planejamento empresarial
Planejamento estratégico - Planejamento familiar
Planejamento operacional - Planejamento urbano
Planejamento educacional e escolar
Pode-se dizer que o termo planejamento foi e vem sendo empregado em diferentes cenários. Algumas vezes de maneira mais restrita e em outros momentos de modo mais amplo e complexo. Mas a notoriedade que o termo possui atualmente advém do período da Revolução Industrial e com as novas perspectivas de compreensão da administração no final século XIX e início do século XX, incluindo-se a administração do Estado. Foi também nesse período, após a Primeira Guerra Mundial e com a Revolução Russa de 1917, que o planejamento começou a ser aplicado no campo da economia. Rejeitado pelos liberais, que entendiam que a economia seria autorregulável e apostavam na “mão invisível” do mercado, o planejamento econômico centralizado no Estado foi adotado pelo regime comunista implantado na União Soviética e, gradativamente, foi sendo incorporado como necessidade nas economias capitalistas. Atualmente, é impensável uma economia não planejada, mesmo que não gerenciada em detalhes pelo Estado.
Sendo o planejamento intimamente relacionado com os conceitos de organização ou administração e de produtividade, o planejamento em níveis distintos e formas específicas em função do setor a que se aplica é parte da vida de todos nós. Como não poderia deixar de ser, ele está também no campo da Educação, em níveis mais gerais por meio do planejamento educacional e, mais especificamente em cada unidade escolar, em diferentes instâncias das escolas. Os estudos do Planejamento Educacional e Escolar se situam, portanto, no campo da Administração Educacional e Escolar, respectivamente.
Saiba mais
Historicamente, além desse espraiamento em campos e da estruturação em níveis, o planejamento também evoluiu conceitualmente e encontrou em Frederick Winslow Taylor seu autor de referência. O livro escrito por ele, Os Princípios da Administração Científica, publicado em 1911, tornou-se um clássico incontornável nos estudos de Administração e Economia em geral, e mesmo nos estudos da administração educacional e escolar ainda atualmente. Foi a partir de seus estudos e de sua obra, trazendo o termo para a área empresarial, que cursos e formações específicas para o campo da Administração ganharam corpo e notoriedade.
Frederick Winslow Taylor.
O planejamento, para Taylor, é um dos cinco princípiosdo que ele nomeia como sendo a Administração Científica, origem da disciplina acadêmica Administração de Empresas, e consiste em substituir o critério individual do operário, a improvisação e o empirismo por métodos planejados e testados de gestão. Os outros quatro Princípios da Administração Científica (seleção ou preparo, controle, execução e singularização das funções) não estudaremos neste tema.
A Administração Científica é, portanto, um modelo de gestão que se baseia na aplicação do método científico à administração com o objetivo de garantir uma melhor relação custo/benefício nos sistemas de produção, aumentando-se, com isso, a produtividade da empresa e, consequentemente, seus lucros. O pensador percebeu que a padronização de métodos de produção poderia contribuir sensivelmente para o incremento da produção, sem ampliação de custos, e formulou cientificamente os seus princípios.
Ao incorporar o termo à gestão empresarial no início do período da interferência mais efetiva do Estado na economia e de complexificação dos processos de produção industrial, Taylor tornou-se uma referência tanto para empresas – Henry Ford foi um dos primeiros a adotar o taylorismo em suas fábricas – quanto para o campo acadêmico, e suas ideias se tornaram influentes até mesmo no nível estatal.
Atualmente, embora a Administração Científica e seus princípios ainda exerçam influências sobre o campo de estudos da Administração, muitas outras perspectivas são consideradas relevantes, questionando o taylorismo e buscando outras formas de administrar e de incluir o planejamento da gestão do Estado e de empresas. Uma das novas formas de planejamento que tem adesões em muitos setores é o planejamento participativo, que envolve um número maior de pessoas e de setores de empresas, escolas e parte do Estado.
A mais notória experiência de planejamento participativo no Brasil aconteceu na Prefeitura de Porto Alegre no início dos anos 2000, por meio do que ficou conhecida como “Orçamento Participativo”, uma forma de planejamento financeiro da prefeitura, do qual participavam cidadãos e organizações sociais para definir os destinos da verba disponível.
Muitas outras experiências e propostas de planejamento vêm ocorrendo mundo afora e são estudadas, aperfeiçoadas e corrigidas por meio daquilo que se convencionou chamar de feedback (a análise avaliativa dos resultados das ações planejadas, que sugere as correções de rumo a serem implantadas). Essa avaliação é um procedimento permanente dos processos de planejar, sempre retomados pós-ação para serem melhorados e redefinidos. Ao incorporarmos a noção de feedback ao ato de planejar, estamos reconhecendo o caráter cíclico de todo o planejamento, que é retomado desde o início cada vez que uma avaliação se faz e a realimentação do processo é efetivada.
O PLANEJAMENTO EDUCACIONAL E ESCOLAR
O planejamento faz parte de todos os setores da sociedade e pode se organizar de modos distintos conforme escolhas daqueles a quem cabe a responsabilidade por ele. Essas escolhas envolvem gestores, mas também (mesmo antes deles) decisões políticas a respeito do modo de planejar e daquilo que deverá ser o conteúdo do plano. Isso porque a definição dos objetivos mais amplos de qualquer organização é sempre fruto de uma opção política.
Isso significa que, concretamente, pouco a pouco, o conceito de planejamento também foi incorporado pelo campo da Educação e pela escola e, assim como em outros campos da vida humana e da sociedade, muitos dos princípios básicos do planejamento já eram praticados no dia a dia da administração escolar. Isso porque, sem uma organização básica, uma escola não teria a mínima condição de funcionamento. Mais do que isso, o planejamento escolar se inscreve em uma política educacional – pública ou privada – definida em documentos que devem ser respeitados por todas as escolas do sistema no momento de sua organização específica.
Um dos grandes conflitos em torno do planejamento – em especial o chamado estratégico – no campo da Educação reside no fato de sua origem estar ligada às necessidades da economia capitalista, do mercado, da indústria. Seus princípios básicos estão centrados em uma racionalidade tecnicista e seus desdobramentos – a partir dos anos 1970 – nos princípios da tecnocracia, na qual eficiência e produtividade são características básicas da lógica reprodutivista do modo de produção capitalista que esse modelo encarna. Traduzindo: um modelo pautado na técnica, no domínio da técnica e na reprodução da técnica como a coisa mais importante para ter sucesso na educação.
Saiba mais
Existem muitas formas econômicas de compreender o cotidiano social do capitalismo; as principais delas são dos autores de economia, com destaque para Adam Smith e Karl Marx como os primeiros interpretadores do fenômeno do capital nos séculos XVIII e XIX. O conceito de Modo de Produção é cunhado por Marx, ampliando a visão de Smith, no sentido de perceber qual a principal forma de produção de riqueza. Com o capital e suas dinâmicas, entende-se que controlar a produção – ora industrial, ora de riquezas setorizadas – marca o momento de uma sociedade definida pelo capital.
Exemplo
Pense no impacto que isso provoca: o professor deixa de ser um intelectual que promove para ser um técnico que executa uma missão; os gestores e a equipe pedagógica têm técnicas, procedimentos e ações que, se cumpridos, garantem resultados semelhantes, ainda que com poucas correções de rumo.
Esse primado do planejamento tecnicista não é total, e o planejamento educacional e escolar atualmente o transcendem, indo muito além dessa visão tecnicista, bastante questionada na atualidade. A mais difundida das propostas de superação do planejamento tecnicista tradicional, reconhecido por alguns como tecnocrático e por outros como burocrático, é o planejamento participativo.
A principal característica do que atualmente se chama planejamento participativo não é o fato de nele se estimular a participação das pessoas. Isso existe em quase todos os processos de planejamento: não há condições de fazer algo na realidade atual sem, pelo menos, pedir às pessoas que tragam sugestões. Usa-se essa “participação” até para iludir ou cooptar. O planejamento participativo é, de fato, uma tendência (uma escola) dentro do campo de propostas de ferramentas para intervir na realidade. Ele se alinha a outras correntes, como o gerenciamento da qualidade total e o planejamento estratégico. Como tal, ele tem uma filosofia própria e desenvolveu conceitos, modelos, técnicas e instrumentos também específicos.
GANDIM, 2001
O planejamento participativo recebe esse nome porque pressupõe que seja feito, não por técnicos especializados ou por políticos no poder, mas pelo conjunto de pessoas envolvido com a instituição (seja ela qual for, mas, no nosso caso, as escolas) e interessado em pensá-la e em suas ações, com autonomia suficiente para que a participação não seja um simulacro, caindo na cooptação de que fala Gandim. A pensadora da Educação, Ilma Veiga (2005), afirma que a escola é o lugar de concepção, realização e avaliação de seu projeto educativo, uma vez que necessita organizar seu trabalho pedagógico com base em seus alunos. Ou seja, a participação dos diferentes sujeitos da escola é fundamental para que o projeto elaborado considere, efetivamente, as especificidades locais, de alunos, professores e demais trabalhadores, suas possibilidades e seus limites. Por isso, a opção pelo planejamento participativo parece tão relevante para esses autores.
Nos campos educacional e escolar, é preciso, também, diferenciar o caráter do planejamento nas instituições públicas e privadas. Podemos dizer que, no caso:
Redes privadas
Os Planos de Desenvolvimento Institucional (PDI) e os Projetos Pedagógicos Institucionais (PPI) são definidos pelos proprietários e gestores contratados para a tarefa.
Redes públicas
As escolas não formulam nem seguem esses tipos de planos, já que a elas cabe apenas elaborar os projetos político-pedagógicos locais – tornados obrigatórios paratodas as escolas a partir da aprovação da LDB em 1996 –, recebendo orientações gerais da Administração do sistema, o Ministério e as Secretarias de Educação estaduais e municipais. Há, ainda, o planejamento especificamente pedagógico, definido dentro das escolas e do qual, normalmente, participam os docentes da escola e, eventualmente, representantes dos responsáveis, de acordo com as normas gerais da gestão democrática da escola pública.
Vejamos a seguir alguns artigos da LDB, Lei n. 9394/1996, que demonstram a importância que o planejamento assume nos atuais sistemas de ensino, a preocupação em normatizá-lo de modo democrático e o investimento na autonomia das unidades escolares. Percebendo, ainda, os diferentes níveis em que o planejamento deve ocorrer, bem como a subalternidade dos níveis mais específicos ao projeto da escola:
Clique nas barras para ver as informações.
ARTIGO 12
Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: I – elaborar e executar sua proposta pedagógica (...).
ARTIGO 13
Os docentes incumbir-se-ão de: I – participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; II – elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino (...).
ARTIGO 14
Os sistemas de ensino definirão as normas de gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.
ARTIGO 15
Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público.
A tentativa de legislar dessa forma sobre o planejamento escolar está baseada no princípio da gestão democrática, presente na LDB e inspirador dos itens I do Artigo 13, e do Artigo 14, ao determinar que todos os profissionais da Educação participem na elaboração do Projeto Político-Pedagógico da escola, reconhecendo funcionários de apoio como “educadores” e incorporando pais e responsáveis à gestão da escola. Ressaltamos, ainda, o Artigo 15 e a perspectiva de autonomização progressiva das escolas em relação ao sistema de ensino que integram, democratizando não apenas a gestão local, mas também a relação dela com o sistema. Como vimos, essa preocupação democrática também se faz presente no campo acadêmico do estudo do planejamento escolar e sua proposta de planejamento participativo.
Celso Vasconcellos (2008), pensador brasileiro que se dedica ao estudo do planejamento escolar, propõe o planejamento estruturado da seguinte forma:
PPP E O PLANEJAMENTO
O projeto político-pedagógico é um documento legal obrigatório desde a LDB 9394/1996 e que deve ser elaborado pelas escolas, definindo objetivos, interações, missões, entre outros aspectos.
Nos níveis mais especificamente pedagógicos dos planos de ensino e das aulas, sempre em consonância com o PPP da escola, os planejamentos devem obedecer, também, a uma lógica participativa. Vejamos:
Clique nas barras para ver as informações.
PLANO CURRICULAR OU DE ENSINO
Constitui-se no referencial basilar para a fundamentação de cada disciplina e de cada ação junto aos alunos.
É no plano curricular que são expressos os conteúdos previstos, as expectativas de aprendizagem e as propostas de avaliação para cada ano/série.
PLANOS DE AULA
Constitui-se da organização didática do processo ensino-aprendizagem destinado a cada turma, apontando explicitamente o conteúdo de ensino, os objetivos a atingir, as estratégias de ensino e o material didático de apoio, além de prever avaliações e seu tempo de execução. Essa estrutura clássica dos planos de aula continua válida por ser uma forma completa e útil de acompanhamento de conteúdos ministrados e de alunos.
Essa esfera pontual do planejamento escolar exige do docente algum trabalho anterior de diagnóstico dos alunos, já que os planos de aula precisam levar em consideração os conhecimentos prévios destes e as defasagens existentes, procurando garantir que todos os alunos alcancem os objetivos de aprendizagem contidos no plano curricular geral e expressos especificamente em cada plano de aula.
Como instrumento personalizado de trabalho, o plano de aula deve ser desenvolvido para atingir os objetivos definidos no plano curricular, mas respeitando a especificidade de cada turma, precisando, portanto, ser formulado para cada grupo em suas características, quando estamos diante dos mesmos conteúdos. Isso significa, do ponto de vista conceitual, que o conhecimento da realidade sobre a qual se quer intervir antecede o próprio ato de planejar.
FIXANDO CONCEITOS
Podemos resumir os principais conceitos trabalhados neste módulo por meio de uma esquematização e das principais noções envolvidas.
Tivemos acesso aos níveis de planejamento atualmente reconhecidos como necessários à gestão de empresas, de instituições educativas autônomas e de escolas que integram sistemas de ensino. Em cada caso, os níveis do planejamento se repetem, do mais amplo ao mais específico, sendo que, nas escolas que integram sistemas educacionais, a autonomia na definição do PPP é parcial, já que este, como vimos na legislação, deve obedecer às normas do sistema de ensino no qual se inscreve a escola.
Ressaltamos, também, a importância de sabermos que esse esquema visa a facilitar a retenção dos conteúdos trabalhados, mas requer o conhecimento das definições específicas que não estão no esquema, mas foram devidamente trabalhadas acima.
Finalmente, dentro desse esquema, cabe tanto o planejamento científico burocrático ou tecnocrático quanto as propostas de planejamento participativo que discutiremos no próximo módulo, de aprofundamento do estudo do planejamento escolar.
Vejamos a seguir os conceitos já estudados:
	Níveis do planejamento
	Planejamento em empresas
	Planejamento em instituições educativas
	Planejamento escolar
	Institucional
(Níveis hierárquicos mais altos)
	Estratégico
	PDI → PPI
	PPP
(participativo)
	Intermediário
(Gerências e subdivisões)
	Tático
	Planos de curso/disciplinas
	Plano curricular
	Local
(Setor específico)
	Operacional
	Planos de aula
	Planos de aula
Vamos fixar o que foi aprendido? Sua vez de escrever. Faça seus registros e guarde suas anotações. Vê-las daqui a algum tempo dará a você outra possibilidade de compreensão.
Embora a humanidade tenha sempre realizado o planejamento de ações, a aceitação da necessidade do planejamento para diferentes setores da vida e a proposição científica e estruturada do planejamento são bem mais recentes. Explique o que ocorreu a partir do que estudou neste módulo. 
RESPOSTA
A complexificação dos processos produtivos e da sociedade exigiram, a partir da Revolução Industrial, que as empresas passassem a planejar melhor suas ações. Desde então, o conceito de planejamento evoluiu e, no início do século XX, foi formulado cientificamente. O planejamento da economia por governos ganha notoriedade com a Revolução Russa e a planificação da economia pelo Estado soviético. Atualmente, em todos os setores da sociedade, os planejamentos são feitos e a ação de planejar parece incontornável.
O planejamento escolar sempre sofre variações quando chega às salas de aula, permanentemente sujeitas a mudanças de rumo. Ao avaliarmos os resultados da prática docente, temos por hábito responsabilizar os professores ou os alunos em caso de fracasso. Do ponto de vista da teoria do planejamento, que outras instâncias deveriam ser consideradas quando há fracasso nos resultados planejados?
R: O planejamento escolar não envolve apenas a perspectiva da ação pedagógica, mas a configuração dos espaços e seu uso, a ação do pessoal administrativo e de gestores, bem como o aporte financeiro necessário ao bom funcionamento da escola. Caso seja corretopensar que algo deu errado no planejamento para que os resultados almejados não fossem alcançados, é importante considerar não apenas a ação docente e os processos de ensino-aprendizagem. O problema pode estar em qualquer um dos setores, ou mesmo em todos. Uma avaliação correta do problema dos resultados precisa interrogar se houve falhas na logística, no financiamento, na estruturação dos espaços ou em outras dimensões do planejamento.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
Parte superior do formulário
1. No período de influência do tecnicismo na educação, o planejamento prevaleceu como:
Prática refletida a serviço da transformação da realidade, e da humanização e emancipação do sujeito.
Instrumento de diagnóstico sobre a prática com vistas a incorporar, na ação docente, os anseios dos discentes.
Abordagem que favoreceu o desenvolvimento de práticas coletivas e colaborativas.
Mecanismo burocrático de padronização e controle do trabalho dos professores, privilegiando a forma.
Parabéns! A alternativa "D" está correta.
A ideia de que o mundo contemporâneo pertence ao capital é bastante consolidada, mas ainda estava em formação no século XIX e princípio do século XX. No entanto, percebe-se que a escola atual é filha desse processo e, portanto, seu início e suas formas de planejamento dialogavam efetivamente com a forma de produção, comercialização e treinamento. Assim, a escola e as empresas guardam uma relação intrínseca que ainda pode ser observada em nosso cotidiano.
Parte superior do formulário
2. A identificação do planejamento tem níveis e tipologias diversas quando pensamos em educação. A partir desse ponto, podemos afirmar que:
Em instituições de educação, o principal documento de planejamento é o projeto político-pedagógico.
Nas empresas, o planejamento é algo completamente diferente da concepção de planejamento escolar.
Nas escolas, o planejamento tem, em nível operacional, a produção de planos de aula.
Nas escolas, o planejamento deve dialogar com as decisões da direção, espelhando o olhar dos dirigentes.
Parabéns! A alternativa "C" está correta.
O planejamento escolar tem três partes fundamentais:
Institucional – em que é estruturado o PPP.
Gerencial e diretivo – marcados pelos planos governamentais e curriculares.
Local – voltado aos planos de aula.
Esse planejamento equivale, nas empresas, aos planos operacionais.
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MÓDULO 2
Reconhecer as funções do planejamento no âmbito escolar e na organização da escola
PLANEJAR E A INSTITUIÇÃO ESCOLA
É comum acreditar na diferença entre os que pensam e planejam e aqueles que executam as tarefas. Não há, nas instituições, empresas e escolas, profissionais isentos da tarefa de planejar. Mesmo que em escala e níveis diferentes, todo profissional atuando na escola – e nas empresas– em algum momento precisa planejar sua ação.
É um equívoco acreditar que cabe às autoridades governamentais a obrigação de apresentar um planejamento para as escolas. Não é assim que o processo educativo funciona. Por mais que o governo de um estado ou de um país defina normas gerais de funcionamento ou mesmo diretrizes para a ação pedagógica, cada escola precisa ter seu próprio planejamento. Não se faz uma escola somente com uma sala de aula e um professor que siga um planejamento externo do qual não participou. O processo escolar vai muito além disso e envolve muita planificação.
Atenção
Por mais que haja uma responsabilidade do Estado pelo planejamento nas escolas da rede pública, notadamente há elementos centrais da ação pedagógica na definição das políticas educacionais e de financiamento que devem ser planejados dentro das escolas. Ou seja, são instâncias diferentes de organização do trabalho escolar, todas responsáveis pelo planejamento.
PLANEJAMENTO NA ESCOLA
Quando pensamos em uma escola funcionando, às vezes não percebemos o quanto aquela rotina exigiu ações de planejamento anterior. Desde a elaboração dos projetos político-pedagógicos, passando pela logística de funcionamento no dia a dia, pela organização da gestão e do trabalho educativo em si, nos processos ensino-aprendizagem, tudo numa escola precisa ser planejado, de preferência coletivamente.
Dos horários das diferentes aulas à organização do uso dos espaços e chegando aos conteúdos escolares, nada se faz espontaneamente. A estruturação de uma escola se assemelha a um quebra-cabeça, no qual cada peça precisa encontrar seu lugar sob pena de jamais se chegar a uma organização satisfatória. Ou seja, para que uma escola funcione satisfatoriamente no cotidiano, muitos planos e muitas reflexões precisam ser realizados antes. Não é por acaso que, em geral, profissionais de educação retornam às escolas alguns dias antes dos alunos: é para planejar.
Alguns exemplos úteis à compreensão dessa necessidade de planejamento logístico para o bom funcionamento de uma escola podem ser úteis. Vamos a eles:
Clique nas informações a seguir.
Recreação
Aulas
Horários
Espaços especializados
Junte-se a ele o planejamento mais propriamente pedagógico, do qual os professores devem participar e levar em conta ao organizar o trabalho, como em que dia e horário eles encontram melhores condições para ministrar conteúdos mais densos e quando será necessário trabalhar exercícios ou atividades de menor exigência intelectual. E usando essa informação, organizar as ações para cada turma, respeitando as sequências necessárias dos conteúdos e, por caminhos diferentes, chegar com suas turmas ao mesmo ponto nas avaliações mais gerais.
Exemplo
Caio é professor de Artes da educação infantil e está trabalhando competências motoras com seus alunos. Ao planejar, Caio precisa utilizar diferentes ambientes da escola para desenvolver seu trabalho. Mais do que isso, uma das turmas de Caio tem três alunos com grave deficiência motora. Caio não pode avaliar ou construir seu planejamento de forma individual, precisa planejar apoiado por um plano maior, trabalhado com a equipe pedagógica, pensado para atender a demandas e grupos diversos, sabendo que têm objetivos a serem alcançados. Logo, planejar passa por ver os limites, mas também garantir ao máximo que os instrumentos necessários estejam disponíveis para auxiliar o professor em sua complexa missão: conduzir alunos a atingir pontos de aprendizagem específica.
Poderíamos multiplicar os exemplos e ampliar as variáveis dos nossos quebra-cabeças, mas o importante a reter nesse momento é que o ato de planejar permeia, basicamente, toda a estrutura e ação de uma escola, tanto física quanto pedagógica, passando pela gestão dos espaços, pelas normas curriculares e a sequência do trabalho pedagógico, pelos critérios e processos de contratação dos professores e demais profissionais de educação, pelos modos de relacionamento interno e com a comunidade escolar. Tudo envolve planejamento!
Planejar é necessariamente perceber que vivemos sob um acúmulo de planejamentos que precisam ser articulados para serem efetivamente atingidos. As secretarias planejam, e o planejamento de uma escola dialoga com o das secretarias e com os seus planejamentos pedagógicos, financeiros, de projetos, em vários níveis. Depois vem o planejamento docente, que dialoga como o da escola, com o da secretaria e com os seus. Ainda temos os alunos, enfim, se não houver uma concatenação de objetivos e fins, ocorre a fragilização dos resultados. Diante de um processo tão complexo, só há uma solução: planejar com muito cuidado!
O planejamento prevê ações para todas as áreas da escola, envolvendo gestores, professores, profissionais de educação não docentes e a comunidade escolar. A gestão escolar envolve, portanto, a estruturação da escola a partir de sua proposta geral, expressa no projeto político-pedagógico, referência para tudo o que lhe sucede na organização escolar.
Como vimos, há também uma dimensão logística de estruturação dos espaços e tempos da escola, bem como toda a parte estritamente administrativa a ser planejada e estruturada segundo um plano de gestão escolar.
Finalmente, temos o planejamento propriamente pedagógico, queenvolve a organização dos conteúdos a serem trabalhados ao longo do ano letivo, chegando ao detalhamento de planos de aula, passando pelos momentos de avaliação e replanejamento.
No campo estritamente pedagógico, é por meio do planejamento que a escola coloca em prática o seu projeto político-pedagógico, define os caminhos a serem traçados para atingir seus objetivos, os modos de como será desenvolvida cada etapa do trabalho, qual o eixo condutor do ensino e dos diferentes componentes curriculares. Nesse contexto, todas as ações pedagógicas precisam estar claras e definidas, bem como as estratégias para o bom desenvolvimento do ensino e quais as formas de avaliação utilizadas. Percebe-se, com isso, que o planejamento é fundamental para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem, bem como para o desenvolvimento do dia a dia da escola.
Considerando essa relevância do planejamento pedagógico dentro do planejamento escolar, faz-se necessário considerar os docentes como elementos de grande importância, não apenas na execução de planos, mas em sua elaboração cotidiana.
Dica
Quanto maior a clareza do docente no que diz respeito ao planejamento, à importância dele e do ato de planejar propriamente dito, maior liberdade e autonomia docente e discente podem ser alcançadas no processo ensino-aprendizagem.
Com isso, afirmamos que a tarefa de ensinar não pode ser concebida como um processo mecânico ou estático, onde os resultados estão definidos e podem ser predeterminados como produto de uma ação mecanizada. Vejamos:
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Sala de aula
Educadores
Prática pedagógica
CITAÇÃO
(...) quando se fala em planejamento escolar, estamos indo muito além da elaboração de planos de aula pelos docentes a partir de alguma orientação externa. Não se deve, portanto, confundir o planejamento com a elaboração de planos de aula. São bem diferentes! Planos de aula fazem parte do planejamento, mas se integram às demais instâncias. Ou seja, pode-se dizer que o planejamento, como processo, é permanente; o plano de aula, por sua vez, como produto, é provisório.
VASCONCELOS, 2010
IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO ESCOLAR
Quando a ideia de planejamento chegou à Educação e às escolas, a partir das interferências da Administração Científica Burocrática sobre a Administração Escolar, houve muita resistência. Não porque não houvesse planejamento nas escolas, mas porque a ideia de se assemelhar uma escola a uma empresa causava estranheza e muita resistência no meio educacional. Nos últimos cinquenta anos, no entanto, os debates foram intensos, muitas vezes acalorados, e, apesar dessa forma dominante de se pensar o planejamento ser de fato considerada imprópria para escolas e espaços educativos em geral, o planejamento se consolidou não só como algo necessário, mas também como relevante.
Atualmente, existe um consenso em torno da ideia de que o planejamento veio para ficar e que o ato de planejar de modo sistemático traz vários benefícios facilitadores para o bom funcionamento da escola e para a gestão escolar. Além de auxiliar a gestão e a logística administrativa e pedagógica, o planejamento contribui para a organização dos conteúdos a serem ministrados, sua distribuição em meses, semanas e aulas, tornando-se um eixo auxiliar fundamental para o professor na organização do seu trabalho.
O planejamento escolar ou pedagógico, se concebido e implantado de modo cooperativo, proporciona trocas de experiências e de ideias entre professores, entre eles e os coordenadores e supervisores pedagógicos, podendo chegar, em casos de gestão mais democrática do sistema, a autoridades locais de educação, permitindo fazer circular em diferentes grupos e instâncias experiências positivas, questões delicadas e possibilidades de atuação inovadoras. Quando se percebe esse potencial, chega-se à possibilidade de concepção de uma unidade escolar, na qual todos os professores estejam trabalhando em prol dos mesmos objetivos e que pode transcender os muros de uma escola e chegar ao sistema de ensino. Esse favorecimento de trocas de experiências, dúvidas, sucessos e problemas pode levar ao amadurecimento local do trabalho em uma escola específica e, quando se consegue uma interlocução maior, espraiar-se pela rede de ensino.
Um bom planejamento pode levar à transformação de conceitos abstratos em realidade concreta, pois, mais do que um documento, ou vários, expressam possibilidades e servem de eixo norteador do trabalho na escola. Conforme visto, o processo que envolve o planejamento traz consigo a avaliação do que se realizou e a possibilidade de replanejamento.
Considerando o caráter cíclico do ato de planejar, melhor formulado como planejamento-implementação-avaliação, pode-se afirmar que ele é o eixo condutor do trabalho na escola (em permanente mudança), desde que avaliado no tempo correto. A ansiedade em avaliar, antes de dar tempo para a consolidação das ações planejadas, pode trazer mais problemas do que soluções, já que é preciso respeitar o processo antes de avaliar seu sucesso ou não.
Para formular um bom planejamento:
Não raro, boas ideias acabam por se mostrar ineficientes, inovações naufragam em meio a intempéries repentinas e outros problemas do cotidiano se interpõem, exigindo mudanças. Mas o oposto também acontece, quando planos se mostram úteis, eficazes e mesmo multiplicáveis em função do seu sucesso. Saber lidar com ambos, sucessos e fracassos, são qualidades de bons professores, gestores, já que fazem parte daquilo que nenhum planejamento pode prever, a dinâmica da vida cotidiana nas escolas, com suas imprevisibilidades e incontrolabilidades.
Por exemplo, quando os alunos durante as aulas perguntam, questionam, indagam, as circunstâncias são modificadas e o cenário inicialmente planejado perpassa as diferentes formas de ensinar “inventadas” e integra-se a criação de alternativas móveis, provisórias, não planejadas, como resposta aos problemas e às dificuldades da vida cotidiana. Criam-se, então, ações que transcendem objetivos e funções predefinidos da ação pedagógica, levando-a para além do já existente e do já sabido.
E é exatamente porque a vida cotidiana nas escolas tem essas características que o planejamento se torna tão importante.
Essas práticas, comuns nas escolas, criam novidades em relação àquilo que foi previsto e prescrito e, com frequência, levam a adaptações nos planos, que precisam estar lá para que a escola não se desorganize e seja capaz de recriar os planos e seguir com a ação de modo coerente com seus objetivos.
Outra dimensão em que o planejamento escolar surge como elemento de grande relevância é o do diálogo escola-comunidade. A estruturação do projeto político-pedagógico com a participação da comunidade e a existência de conselhos operacionais e ativos dentro das escolas são pontos centrais de atendimento ao princípio da gestão democrática. Nessa perspectiva, o planejamento precisa expressar, também, os interesses da comunidade, de uma maneira geral, influenciando o direcionamento das metas e as diretrizes da escola. Assim, nessa perspectiva, todas as partes internas e externas da escola (docentes, discentes, funcionários, governo, família e toda a comunidade) se envolvem no direcionamento das diretrizes.
Figura 1: Escola indígena baníua no rio Içana, na Amazônia
Rede privada
Muitas são as escolas que, por meio das associações de pais, integram a comunidade em sua gestão, o que normalmente é facilitado pelo fato de as escolhas das famílias já considerarem as semelhanças de compreensão do que seja e do que deva ser o processo educativo, numa perspectiva de consonância de intenções entre família e escola.
Rede pública
Atualmente, os diretores são eleitos pelos corpos envolvidos na escola, alunos, comunidade e funcionários. É um pequeno exemplo.
De qualquer modo, é mais do que recomendável que a comunidade participe efetivamente das decisões do planejamento da escola. Nesse contexto, o planejamento precisa ser pensado ou repensado coletivamente a fim de abrir espaço para que os membros da equipede coordenação pedagógica – quando existirem – e docentes troquem experiências, além de possibilitar que a comunidade se envolva e se comprometa com a instituição de ensino. Essa atitude de conciliar interesses de todos os participantes torna a escola mais consciente das demandas externas e mais democrática.
ETAPAS DO PLANEJAMENTO ESCOLAR
Para que o planejamento escolar cumpra sua função, é preciso que ele seja organizado conforme um cronograma e um sistema em que, gradativamente, possa-se chegar ao conjunto de aspectos que ele abranja.
Planejar é estabelecer uma bússola, definir um caminho; para isso, necessita de procedimentos. No nível macro, o que podemos chamar de estrutura mais geral da escola é a definição de metas gerais. O planejamento deve seguir o PPP da escola, que deve permitir o entendimento do cenário da escola para determinar os objetivos que deseja alcançar. Nesse sentido, temos algumas etapas.
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PRIMEIRA ETAPA
É a do planejamento geral, renovável a cada ano letivo, em função da avaliação do ano anterior e da feitura dos ajustes considerados necessários. Em geral, as escolas promovem reuniões de planejamento em sua primeira semana após as férias, antes do retorno dos alunos, para efetivar as discussões necessárias ao entendimento do “cenário” no momento a ser planejado, partindo dessa compreensão e do seu PPP para definir os objetivos gerais da instituição para o ano letivo que se inicia.
(...) o planejamento do ano não começa da estaca zero. O trabalho já se inicia no ano anterior, quando a equipe escolar realiza a avaliação do último plano. Na semana pedagógica, trabalha-se em cima dos resultados obtidos e com a troca de experiência sobre as turmas entre os docentes, visando sempre melhorar o que tem sido feito.
PASCOAL, 2014
SEGUNDA ETAPA
Trata-se de prever as ações apropriadas aos objetivos, ou seja, de definir e detalhar previamente as estratégias gerais de ação sobre o trabalho que será desenvolvido no dia a dia para atingir os objetivos definidos, aproximando-nos do trabalho especificamente pedagógico.
TERCEIRA ETAPA
Promove-se a adequação, passo a passo na proposta, das estratégias gerais ao dia a dia escolar e suas possibilidades. É nesse momento que toda a estrutura logística precisa estar clara a fim de avaliar se ela está de acordo com o que se pretende desenvolver, que a cooperação entre docentes se faz mais relevante – já que coletivamente é possível tecer propostas mais sólidas – e que a ação gestora precisa refletir sobre as condições efetivas da escola de desenvolver o que se prevê. A distribuição das tarefas por setor pode ser integrada à terceira etapa ou ser percebida como uma etapa específica ao final do processo. Preferimos situá-la aqui, uma vez que os setores já trabalham especificamente naquilo que farão no próprio planejamento do cotidiano.
Embora haja mais duas fases do planejamento a serem apresentadas, esses três momentos expressam uma sequência que vai do nível mais amplo, envolvendo a instituição e suas metas mais gerais ao mais focal, quando chegamos aos planejamentos docentes para o dia a dia.
Resumindo
Na primeira etapa, portanto, estaríamos no nível do planejamento estratégico, conforme o significado a ele atribuído no módulo 1. Na segunda etapa, vamos à definição setorial das estratégias adequadas aos objetivos, determinadas pelos diferentes setores da escola, o que poderia ser percebido como o planejamento tático e, com relação aos docentes, seria a formulação de planos de curso. Finalmente, na terceira etapa, chegamos ao planejamento operacional, talvez o mais fácil de compreender, já que se debruça sobre as ações cotidianas, planos de aula docentes e ações ligadas ao que conhecemos como atividades-meio, ou seja, aquelas necessárias como suporte à atividade-fim, o processo ensino-aprendizagem.
Depois de finalizado o planejamento, ações de acompanhamento do trabalho precisam ser organizadas e elas fazem parte da quarta etapa da nossa reflexão, aquela que prevê a criação de indicadores para que se possa analisar e acompanhar os resultados das ações desenvolvidas, buscando mensurá-los. A definição de critérios apropriados é aqui fundamental, já que da precisão deles dependerá a eficácia da avaliação.
Um bom planejamento não está concluído antes de ser apresentado à comunidade escolar. Assim, após a elaboração do planejamento é necessário divulgá-lo em reuniões gerais e focais para que aquilo que foi decidido pela escola chegue aos seus parceiros externos.
A implantação do planejamento também exige algumas medidas voltadas à ampliação da clareza da equipe e da comunidade escolar em relação ao plano e às funções que lhes cabe desempenhar. Para isso, recomenda-se a elaboração de um plano de trabalho relacionando objetivos e estratégias; explicação clara dos objetivos e a avaliação dos resultados, já prevista na quarta etapa.
Em poucas palavras, o planejamento significa conhecer a realidade e as necessidades da comunidade escolar, estabelecer metas e objetivos, destinar recursos financeiros e materiais e gerir tempo e pessoas. Assim, é possível antecipar problemas e antever ações para contribuir com o desenvolvimento educacional dos estudantes.
PASCOAL, 2014
Vamos pesquisar um pouco?
O que é um projeto político-pedagógico?
O projeto político-pedagógico, também chamado de PPP, é um documento que define desde a filosofia de trabalho de uma unidade escolar, seus objetivos e fundamentos, até suas diretrizes, metas e métodos de trabalho para atingir os objetivos a que se propõe. De acordo com a LDB, ele deve ser elaborado com a participação dos profissionais de educação atuantes no local.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
Parte superior do formulário
1. O planejamento escolar tem muitas dinâmicas, desde o entendimento de que o planejamento é aplicado na escola até como a instituição pode cumprir seus objetivos, como nas ações individuais e cotidianas dos seus docentes com planos de cursos e de aula. Observando a primeira visão, o que se entende por planejamento escolar?
Planejamento escolar é um termo abrangente que se refere à estruturação das atividades de gestão, logísticas e pedagógicas em uma escola.
Qualquer coisa que acontece em uma instituição de ensino deve estar devidamente organizada como parte de um planejamento escolar geral, ainda que seu foco seja os fins de ensino.
O planejamento é, exclusivamente, uma ferramenta que auxilia os professores a concretizarem seu trabalho na prática docente, ou seja, no cotidiano escolar.
As práticas cotidianas desenvolvidas em salas de aula são reguladas por planejamentos individuais dos professores que devem ser registrados e arquivados pela escola.
Parabéns! A alternativa "A" está correta.
O planejamento é um recurso organizativo que ajuda a escola a prever, estruturar, ordenar e solucionar problemas para seu pleno funcionamento. Ainda que o planejamento docente individual faça parte do processo, aqui referimo-nos à dinâmica e ao ordenamento escolar.
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2. (UFG/2019/TÉCNICO-ADMINISTRATIVO EM EDUCAÇÃO – ADAPTADA) A gestão da escola se constrói com a colaboração de todos os envolvidos no processo educativo; no entanto, é preciso que cada profissional assuma as funções específicas do cargo que ocupa. Para tal, é necessário que a escola possua:
Um planejamento que leve em consideração seus alunos, suas histórias, seus objetivos, suas dificuldades e suas famílias, suas demandas docentes, entre outros.
Um único planejamento direcionado para o trabalho dos professores, seus planejamentos individuais, suas metodologias e seus projetos desenvolvidos.
Um planejamento que deve ser executado pela a equipe diretiva, suas ações, atuações e decisões.
Um planejamento exclusivo e estruturado para a atuação dos funcionários, sua produção e qualificação.
Parabéns! A alternativa "A" está correta.
Planejar é buscar soluções, estar pronto para solucionar demandas, atender aos diversos grupos envolvidos, às demandas que surjam, e não perder o sentido de processo de execução.MÓDULO 3
Identificar as características do planejamento estratégico no âmbito educacional e escolar
O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
O planejamento estratégico é aquele que envolve o próprio perfil de uma empresa ou instituição, suas metas de longo prazo e o conjunto dos seus membros. Assim, é comum encontrar a responsabilidade por essa definição ampla e geral daquilo que interessa à instituição na mão de gestores altamente profissionalizados e percebidos como capazes de avaliar e propor planos de grande escala e longa duração.
O planejamento estratégico tanto se diferencia de instâncias mais específicas do planejamento, de conjuntos de setores ou mesmo locais – nas quais se desenvolvem o planejamento tático e operacional – como também de formas de planejamento mais democráticas, especialmente presentes no planejamento participativo.
No campo da Educação, sobretudo a partir da Lei n. 9.394/1996 e da definição do princípio da gestão democrática como obrigação no sistema público de ensino, o planejamento participativo vem ganhando adeptos e formulações importantes para entendermos como ele contribui para a democratização da educação e das escolas. Pode-se dizer que:
Planejamento participativo
É aquele em que a responsabilidade pela definição das estratégias está democratizada e envolve os diferentes atores sociais.
Planejamento estratégico
É centralizado nas principais autoridades da empresa ou da instituição (em sentido estrito).
Relembrando
Como vimos no módulo 1, a ideia de planejamento advém de necessidades do sistema econômico, notadamente a partir da Revolução Industrial, que exigiu e promoveu grandes mudanças no mundo da produção e do trabalho. A complexificação dos sistemas produtivos e a necessidade de ampliar a produtividade trouxeram consigo a demanda por formas mais precisas e estruturadas de organização, exigindo mais e melhores planejamentos.
Não é exagero pensar que duas visões de administração emergem e ganham notoriedade: uma que propõe especificamente que o campo da Administração seja mais uma das ciências em formação, e outra que pensava na herança das hierarquias sociais tradicionais como foco central das decisões em torno da Administração.
A evolução dessas noções no século XIX e início do século XX, juntamente à crise do capitalismo e à Primeira Guerra Mundial, faz com que a Administração Científica e a planificação da economia assumam certo protagonismo em relação às tradições.
Antigas estruturas da administração, em especial no que tange ao planejamento, tornam-se rapidamente obsoletas. Os avanços muito rápidos das tecnologias transformam o mundo e os processos de produção, exigindo adaptações e novos planos de gestão do trabalho em diferentes setores. Nesse contexto, muitas foram as teorias do planejamento formuladas, com maior ou menor projeção e expressando possibilidades múltiplas de gestão nos mais diferentes setores e instituições, incluindo a Educação.
Foi no imediato pós-guerra, em 1945, que a noção de planejamento estratégico ganhou notoriedade. A partir de seu uso pelo governo dos Estados Unidos nos anos 1950 como parte do exercício orçamentário oficial, a ideia se generaliza como modo de planejamento eficiente.
Segundo Christensen e Rocha (1995), o termo estratégia advém dos estudos da guerra e, ao ser ressignificado para a gestão, corresponde à capacidade de se trabalhar contínua e sistematicamente o ajustamento da organização às condições ambientais que se encontram em constante mudança, tendo sempre em mente a visão de futuro e a perpetuidade organizacional.
Planejamento estratégico é definido como o processo gerencial de desenvolver e manter uma adequação razoável entre os objetivos e recursos da empresa e as mudanças e oportunidades de mercado. O objetivo do planejamento estratégico é orientar e reorientar os negócios e produtos da empresa de modo que gere lucros e crescimento satisfatórios. O planejamento estratégico, em todos os aspectos técnicos, surgiu somente no início da década de 1970. Nas décadas de 1950 e 1960, os administradores empregavam apenas o planejamento operacional porque o crescimento de demanda total estava controlado e era pouco provável que mesmo um administrador inexperiente não fosse bem-sucedido no negócio.
KOTLER, 1992
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO NA EDUCAÇÃO
E NO PLANEJAMENTO EDUCACIONAL
Quando tratamos de planejamento estratégico voltado à Educação, a principal linha reconhecida como importante para o campo é o modelo da abordagem sistêmica, pautada na Teoria Geral dos Sistemas, elaborada por Ludwig von Bertalanffy. A proposta sistêmica busca demonstrar que diferentes instituições de diversos setores, quando desenvolvem seus sistemas administrativos, apresentam características comuns. Isso significa que é possível encontrar as mesmas características em planejamentos aplicadas a sistemas distintos, permitindo, consequentemente, a percepção do planejamento educacional a partir dessas teorias.
Essa teoria é claramente integradora, uma vez que expõe a necessidade de se compreender os diferentes sistemas de modo conjunto, já que perspectivas isoladas gerariam uma miopia da percepção dos processos de planejamento. Acreditando em uma “dependência recíproca” entre os agentes que compõem um conjunto a ser analisado, essa teorização acaba por explicitar, em relação ao planejamento, que é necessário um conjunto analítico interdisciplinar a fim de constituir um campo decisório que permita “prever” resultados possíveis, assim como direcioná-los a tais tendências. Esse é um modelo possível para a compreensão do planejamento educacional na relação com o planejamento estratégico, mas não o único.
A compreensão do planejamento estratégico como um sistema complexo é recorrente quando pensado no âmbito da Educação, mas nem por isso é livre de críticas de percepções que anunciam sua ascensão e seu fim no mundo. Há uma tendência que considera essa forma de planejamento como muito vaga e abstrata, sendo incapaz, portanto, de cumprir a função de conceber efetivamente a construção do futuro. Indo mais longe ainda, afirma-se que qualquer probabilidade de controle do futuro por meio do planejamento tem pouco sentido. Voltamos, aqui, aos limites que a realidade cotidiana em sua mutabilidade impõe aos planejamentos, sejam eles estratégicos ou não. De qualquer modo, a lição que fica é a da necessidade de consideração do imponderável nas elaborações de planejamentos, sobretudo no campo da Educação.
A complexidade do sistema educacional e as inúmeras variáveis nele intervenientes, bem como as influências recíprocas, tornam o planejamento educacional uma tarefa árdua e habitada por imensos desafios.
Quando se reflete sobre os sistemas educacionais, pensando em planejar ações para seu bom desempenho e aperfeiçoamento permanente, o que se encontra são possibilidades organizativas e de articulação múltiplas, sem que se possa definir, com base apenas na racionalidade cognitiva, as melhores escolhas. É um tipo de planejamento que inclui as decisões sobre a educação no conjunto do desenvolvimento geral do país. A elaboração desse tipo de planejamento requer a proposição de modos de organização do sistema, objetivos ou competências em longo prazo que definam uma política da Educação. É aquilo que deveria ser realizado pelo governo federal e pelos governos estaduais que possuem seus próprios sistemas de ensino por meio de planos e programas educacionais, normas legais e outras. Suas principais expressões são:
Plano Nacional de Educação (PNE)
Legislação vigente
Relembrando
Você se lembra de que falamos de planejamentos organizados pelos estados, pelo governo federal, municípios e que eles funcionam em cascata na organização do planejamento? Eles se materializam nesse documento obrigatório, que precisa ser renovado a cada decênio e fundamenta metas para a Educação.
A complexidade e dificuldade inerentes à formulação desse plano e dessas leis devem-se ao fato de que pensar a Educação exige pensar em políticas voltadas à estruturação das escolas e à adequação de diferentes estudantes,com diversas características sociais e individuais, a distintos espaços e realidades sociais. É preciso definir modelos educativos em função de objetivos também definidos para a Educação, chegando ao planejamento estritamente pedagógico, que envolve a dimensão da formação e da contratação de docentes. Há, ainda, as questões relacionadas à logística de implantação de todo esse sistema de modo coerente e, sobretudo, à definição de uma política de financiamentos compatível ao que se pretende. Para cada uma dessas tantas variáveis, e outras não consideradas nessa lista, existem atores distintos, muitas vezes com necessidades específicas e interesses opostos.
O que se percebe na realidade brasileira é, precisamente, a falta de articulação entre os diferentes atores, além de muitas vezes serem adotadas medidas autoritárias, que nem estratégicas são, já que seguem mais a ditames políticos do que técnicos, como seria o caso de qualquer planejamento estratégico. O que encontramos, com frequência, são planejamentos parciais, impossíveis de levar o sistema a avançar em direção ao cumprimento de metas, uma vez que, sendo definidos em espaços distintos de decisão, muitas vezes são incompatíveis uns com os outros.
Exemplo
Exemplo disso foi uma proposta organizacional para o sistema municipal de ensino da cidade do Rio de Janeiro, em que a Secretaria Municipal de Educação definiu que a metodologia adotada no município, à época contando com mais de mil escolas, seria a construtivista, mas não ofereceu nenhuma formação específica para docentes, nem adaptação de espaços escolares, para que se pudesse implantar o que, supostamente, fora planejado.
Figura 2: Placa na entrada de uma escola municipal do Rio de Janeiro
Em outras circunstâncias, fala-se em democratização das decisões, mas resumem a participação efetiva dos interlocutores à confirmação ou não do que foi elaborado em gabinetes e por poucos, ferindo o princípio fundante da deliberação democrática. A lista pode ser interminável, mas não vamos seguir com ela. O importante nesse debate é perceber, simultaneamente, como mais do que planejamento impróprio, nosso sistema educacional sofre com a falta de um planejamento estruturado, ao mesmo tempo em que lida com uma centralização decisória incompatível com a pluralidade de interesses em jogo e de atores envolvidos.
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E ESCOLA: O PLANEJAMENTO ESCOLAR
Nossa discussão já permitiu perceber que o planejamento é uma necessidade dos tempos atuais e vem se mostrando cada vez mais relevante para a Educação e nas escolas. Ele não pode ser confundido com uma ação puramente técnica, já que envolve decisões que transcendem as compreensões de certo e errado e se vinculam a objetivos previamente estabelecidos. Assim, pode-se afirmar que o planejamento é, também, um ato político que envolve reflexão, tomada de decisão e participação.
De acordo com Daibem e Minguili (1996), a meta da perspectiva mais democrática de compreensão da organização da escola é que ele se efetive por meio de uma prática docente desenvolvida de maneira solidária e articulada, levando ao avanço contínuo do conhecimento, consolidando caminhos já descobertos e construindo novos e melhores caminhos a partir do desejado: um projeto de vida para o ser humano em suas relações sociais e com a natureza.
O planejamento, por outro lado, também deve revelar um conhecimento amplo da realidade a que se destina, obtido por meio de um diagnóstico tão amplo e preciso quanto possível, o que, feito coletivamente, também tem vantagens sobre perspectivas centralizadas de análise. É preciso, para definir de modo consistente os objetivos do planejamento, que as ações propostas se articulem para permitir que, em conjunto, atinjam os objetivos e avaliem de modo sistemático o que foi feito para, coletivamente, fazerem uma apreciação sólida das “ações desenvolvidas” que permita levar à produção de sugestões de correção de rumo também eficientes.
Entre as diferentes dimensões e instâncias do planejamento escolar estão aquelas que envolvem:
Aspectos decisórios sobre a filosofia de educação a ser adotada.
Aspectos logístico e administrativo.
Aspectos pedagógicos centrados no fazer docente, nos currículos propostos e nas práticas pedagógicas e de avaliação dos estudantes.
Umas dimensões dialogam e interferem nas outras, mas a interdependência entre elas não anula suas especificidades nem a necessidade de se pensar essa articulação ao longo dos processos de planejar. Em instâncias e dimensões diferentes, os participantes desse planejamento vão se alterar, mas é necessário que, em alguns momentos, todos estejam juntos, já que a escola é uma só.
Em que pese o fato de que muitas sejam as formas de organizar o planejamento escolar, em função das opções de cada grupo por esta ou aquela forma de estruturar sua escola e seu planejamento, temos, na atualidade, um debate muito específico entre duas formas de planejar: o planejamento estratégico e o planejamento participativo.
PLANEJAMENTO ESCOLAR ESTRATÉGICO E PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO
A principal característica do modelo de planejamento estratégico é a centralização decisória. O poder de decisão fica concentrado em uma única pessoa, geralmente, no caso das escolas, o diretor, que define o que será feito, deixando a cargo dos demais atores apenas decisões de como fazer.
O modelo de planejamento escolar estratégico se baseia em métodos qualitativos e quantitativos em formato de metas, analisando-se os pontos fracos, as oportunidades e as restrições do ambiente. Missão, visão do futuro e valores norteiam essa perspectiva, que passa a medir, por meio de indicadores e de um conjunto de metas organizacionais, o desempenho e as possibilidades de desenvolvimento.
É um tipo de planejamento que se desenvolveu dentro de uma concepção de administração estratégica, que se articula aos modelos e padrões de organização da produção construídos no contexto das mudanças do mundo, do trabalho e da sociedade a partir da segunda metade do século XX e notadamente dos anos 1970. Essa concepção de administração e de planejamento procura definir a direção a ser seguida por determinada organização, especialmente no que se refere ao âmbito de atuação, às macropolíticas e às políticas funcionais, à filosofia de atuação, aos objetivos de nível macro e funcionais, sempre com vistas a um maior grau de interação dessa organização com o ambiente.
A interação com o ambiente, no entanto, é compreendida como a análise das oportunidades e ameaças do meio ambiente à instituição, de forma a estabelecer objetivos, estratégias e ações que possibilitem um aumento da competitividade da empresa ou da organização; no caso das escolas, a melhoria de índices de rendimento e desempenho de alunos e professores.
Em síntese, o planejamento estratégico concebe e realiza o planejamento dentro um modelo de decisão unificado e homogeneizador, que pressupõe os seguintes elementos básicos:
Determinação do propósito organizacional em termos de valores, missão, objetivos, estratégias, metas e ações com foco em priorizar a alocação de recursos.
Análise sistemática dos pontos fortes e fracos da organização, inclusive com a descrição das condições internas de resposta ao ambiente externo e à forma de modificá-las com vistas ao fortalecimento dessa organização.
Delimitação dos campos de atuação.
Engajamento de todos os níveis da organização para a consecução dos fins maiores.
Em contraposição a esse modelo de planejamento, que pensa a escola como uma empresa ou organização, a perspectiva da gestão democrática da educação e da escola pressupõe o planejamento participativo como concepção e modelo de planejamento:
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PRINCÍPIOS DEMOCRÁTICOS
É a participação de todos os membros da comunidade escolar nos processos decisórios da escola. Diretores, professores, alunos e funcionários participam de discussões em todos os níveis e em todas as dimensões da escola e têm direito ao voto nesse modelo de planejamento escolar. Análise, decisão, execução eavaliação das ações são de responsabilidade desses atores sociais. A grande vantagem desse modo de planejar é a possibilidade de construção de uma cultura de planejamento coletivo, fortalecendo as práticas democráticas e a distribuição horizontal do poder da decisão.
TOMADA COLETIVA DE DECISÕES
Tem como objetivo, não só a democracia das decisões, mas o estabelecimento de prioridades entre os envolvidos, apontando os caminhos da escola em função das urgências e prioridades coletivas, permitindo a organização de pautas conforme as necessidades e possibilidades da escola para definição, inclusive, de temas futuros. Diretores, professores, alunos e funcionários têm direito ao voto no modelo do planejamento escolar participativo, mas o mais importante é o debate do qual todos participam em igualdade de condições para convencer outros ou serem convencidos por eles dos melhores rumos a seguir no planejamento e no desenvolvimento das ações da escola.
GESTÃO PARTICIPATIVA
São relacionados, justamente, ao aprendizado coletivo, focando em valores como a cidadania, a organização e a gestão coletiva.
Entretanto, para que o modelo funcione da forma esperada, é um requisito que todos estejam inteirados da realidade da escola para diagnosticar os problemas e apontar as soluções. Ou seja, se todos vão intervir, é necessário que o façam com conhecimento de causa e ciência da responsabilidade assumida. Informações sobre a comunidade, o local e a realidade presente e futura são a base desse tipo de planejamento. Análise, decisão, execução e avaliação das ações são de responsabilidade desses atores sociais, coletivamente.
Saiba mais
O planejamento de ações de ensino-aprendizagem já existia, mas como instituição, nem as escolas nem as universidades buscavam definir estratégias gerais para suas diferentes instâncias e níveis. Do ponto de vista do sistema educacional, havia estruturas concebidas por diferentes atores sociais, como algumas ordens religiosas e comunidades. Mas, talvez se possa dizer que o primeiro sistema escolar nacional do mundo, público, laico e gratuito, foi o francês, criado em 1871. Ou seja, o primeiro país a centralizar o planejamento educacional teria sido a França.
Atualmente, o planejamento educacional e escolar faz parte da vida de educadores e estudantes mundo afora, e mesmo da vida de pais e responsáveis, quando se opta por meios mais democráticos de planejar, como o planejamento participativo. O certo é que, atualmente, é impensável um sistema educacional ou uma escola que não planeje suas ações.
Por meio de estratégias de planejamento distintas, de modo mais ou menos democrático ou completo, sempre há planejamento. E ao estudar o tema, habilitamo-nos a perceber não apenas sua importância, mas também seu alcance, mais amplo ou mais restrito em relação à estrutura institucional ou escolar ou governamental; e sua democraticidade, definida conforme se preveja e se pratique uma maior participação decisória dos diferentes atores das escolas e da sociedade.
A participação decisória não pode se restringir a um direito de voto; exige uma discussão aberta entre alternativas e a possibilidade de participação argumentativa, sem que o ponto de vista dos gestores prevaleça em virtude apenas da função que exercem. Ou seja, essa participação democrática, para ser considerada como estilo de planejamento e de gestão, não deve se restringir ao consentimento de todos sobre a proposta da direção.
Vamos pesquisar?
Em 2016, o Congresso Nacional aprovou uma emenda constitucional que proíbe o aumento de investimentos em Educação pelos próximos vinte anos. Em 2017, a Reforma do Ensino Médio previu a ampliação das horas obrigatórias de 800 para 1400 anuais. Ao observar essas duas medidas, como se pode interpretá-las do ponto de vista do planejamento educacional do país? 
RESPOSTA
Assista ao vídeo a seguir para saber mais sobre planejamento estratégico.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
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1. O planejamento participativo e o planejamento estratégico partem de pressupostos diferentes e presumem ações distintas na organização do planejamento escolar. Qual das alternativas explica essas diferenças no que se refere aos processos decisórios?
No planejamento estratégico, o poder de decisão é centralizado, ainda que por um comitê; no planejamento participativo, é o conjunto dos profissionais de educação envolvidos com o trabalho na escola que tem a palavra final sobre o que será feito.
No planejamento estratégico, são definidos os objetivos de forma clara, tendo um fim específico; no planejamento participativo, o corpo de funcionários democraticamente tem a palavra.
No planejamento estratégico, as definições sobre as fases e a implementação são relativas, devendo ser modificadas sempre que demandadas pelo planejamento participativo.
No planejamento – estratégico ou participativo – existe a preocupação do funcionamento institucional com qualidade, sendo a diferença que um é voltado para a empresa e o outro para as escolas.
Parabéns! A alternativa "B" está correta.
Ambos os planejamentos têm fins importantes. O primeiro permite a melhora do controle, das ações e dos resultados; o segundo oferece uma participação ativa e forte engajamento da comunidade escolar. Deve-se levar em consideração que a execução do primeiro é concentrada, mais veloz, centralizada. O participativo é lento, mas permite ser mais vivo de engajamento dos participantes.
Parte superior do formulário
2. (UFG/2019/TÉCNICO-ADMINISTRATIVO EM EDUCAÇÃO) O planejamento é um processo de sistematização, organização e coordenação da ação docente que articula a atividade escolar ao contexto social. A escola, os professores e os alunos são integrantes desse processo. Nesse sentido, o planejamento de ensino necessita:
Ser elaborado considerando a realidade externa à escola desvinculada dos programas e conhecimentos a serem trabalhados em sala de aula.
Ser produzido de forma consciente e qualitativamente satisfatória no que diz respeito aos aspectos de gestão e aos aspectos político-pedagógicos.
Estar vinculado diretamente aos objetivos da comunidade para a proposição das ações técnico-administrativas da escola.
frçiOrientar as decisões dos gestores das redes de ensino em relação às situações exclusivas ao funcionamento administrativo da escola.
Parabéns! A alternativa "B" está correta.
O planejamento escolar precisa ser moderno, pleno de sentido estratégico para que a educação possa ser organizada de forma qualitativa. É um processo integrado entre as ações de administração, a relação com as redes de ensino e os aspectos político-pedagógicos, que deve ter sido elaborado de forma colaborativa.
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CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo deste tema nos permitiu não só definir conceitualmente o que é planejar, como também nos levou à compreensão de muitas variações e distinções entre dimensões, instâncias e perspectivas relacionadas ao ato de planejar.
Iniciamos nosso trabalho buscando definir de modo global as ações de planejamento que acompanham o ser humano desde a Pré-história, evidenciando a própria necessidade de planejar que acompanha a humanidade. Depois, mostramos como, à medida em que a sociedade crescia e se complexificava, as exigências colocadas ao planejamento se modificavam.
Planejar foi, sempre, uma questão de sobrevivência, individual e coletiva, já que os seres humanos necessitavam de abrigo, alimento e armas para se manterem vivos no planeta, organizando-se e planejando os modos de fazer cada uma dessas coisas.
Planejar é, antes de tudo, responder antecipadamente a questões com a clara definição do estudo em que todas as possibilidades devem ser observadas.
No mundo organizado, já bem depois das primeiras sociedades humanas, as exigências da produção de bens, da estratificação social e das guerras elevaram o planejamento a outro patamar. Surgem armamentos mais sofisticados, estruturas de governo mais organizadas. Estratégias de ação são definidas com maior antecedência e as instituições de apoio a esses planos e açõestambém se complexificam.
Tudo isso exigiu, sempre, planejamento, mas a generalização da prática de planejar como válida e socialmente necessária emergiu da Revolução Industrial e, posteriormente, consolidou-se nos fins do século XIX e início do século XX, chegando ao campo da educação formal, tanto na organização da instituição escolar e dos sistemas de ensino quanto do trabalho pedagógico em si.
PRATICA DO PLANEJAMENTO ESCOLAR
DEFINIÇÃO
O processo de planejamento e suas especificidades: a importância da elaboração de planos, programas e projetos na organização do processo de ensino e aprendizagem.
PROPÓSITO
Apresentar as formas de elaboração de planejamentos escolares e sua importância no processo de ensino e aprendizagem.
OBJETIVOS
Módulo 1
Reconhecer a importância do planejamento para o cotidiano escolar
Módulo 2
Definir planejamento de ensino, planejamento de aula e planejamento por projetos
INTRODUÇÃO
O cotidiano escolar precisa ser planejado. A escola é composta por um grande grupo de pessoas de formações diversas e atende a fins específicos. É falso que a escola é somente um ambiente de transmissão de conteúdo, ou ainda que é um espaço para que o aluno aprenda os conteúdos. A escola é uma instituição social, envolve a comunidade, os pais, alunos e funcionários, e essas convivências precisam ser organizadas, claras e com fins que atendam a todos esses grupos.
Neste tema, trataremos sobre o cotidiano escolar e a organização e execução de planejamentos para que a escola possa cumprir seus muitos fins: um ambiente acolhedor para os alunos, um espaço saudável para se trabalhar, fomentar o aprendizado, medir o “êxito” e o “fracasso”, buscando ações corretivas, dinâmicas e democráticas.
Seja bem-vindo à escola e entenda o compromisso com a educação que move os objetivos.
Assista à entrevista concedida pela Prof(a). Nilda Alves sobre planejamento e cotidiano escolar.
MÓDULO 1
Reconhecer a importância do planejamento para o cotidiano escolar
POR QUE PLANEJAR É UM ATO IMPORTANTE?
O planejamento é um processo ininterrupto, processual, organizador da conquista prazerosa dos nossos desejos onde o esforço, a perseverança, a disciplina são armas de luta cotidiana para a mudança pedagógica.
(FREIRE et al., 1997)
Planejar compreende o ato de organização do cotidiano. E o planejamento escolar? Por que ele é tão importante? Será que as perspectivas de planejamento sempre foram as mesmas? Os planejamentos são estanques ou se modificam de acordo com o desenvolvimento de cada turma?
Sabemos que, por mais que planejemos uma aula, ela nunca ocorrerá exatamente como o programado, já que é modificada com a interação dos estudantes. Então, por que planejamos? O planejamento anual de uma escola é marcado por constantes demandas e reorientações, sendo assim, por que planejar?
Essas reflexões não têm respostas prontas. Elas devem fazer parte do seu cotidiano como docente. Nesse sentido, é fundamental que você, como futuro docente, independentemente do segmento e da forma como vai atuar, compreenda as discussões que existem em relação ao planejamento na escola.
Em quais palavras você pensa quando falamos sobre planejamento?
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Comentário
Existem muitas variáveis. O que pensamos, normalmente, é por que e para quem planejamos. Esses objetivos são fundamentais. Ao planejarmos, devemos ter em mente a finalidade e os envolvidos.
PLANEJAMENTO NO COTIDIANO
Planejar faz parte da história da humanidade. Sempre foi necessário pensar sobre as nossas ações, mesmo que não tivéssemos clareza de que isso seria um planejamento. Pensamos sobre nossas ações cotidianamente: o que fizemos ou o que deixamos de fazer, o que faremos no futuro (ou, pelo menos, o que desejamos fazer). Ou seja, o planejamento está presente em nossa vida desde a hora em que acordamos e tomamos nossas decisões: tomar café da manhã ou não? Como chegar ao trabalho? Como organizar uma viagem, uma festa ou um encontro com os amigos? Todas essas escolhas fazem parte do nosso planejamento cotidiano, que nasce de um desejo, de uma intenção, de uma possibilidade ou necessidade.
Esperamos tomar as decisões mais acertadas mesmo sabendo que há uma imprevisibilidade no dia a dia que nem sempre nos permite realizar nossas tarefas da forma como planejamos. Mas, queremos alcançar nossos objetivos e, mesmo sem termos consciência, isso faz parte do ato de planejar.
E você, o que planejou para o dia de hoje? Que objetivos espera alcançar? Todas as ações que você programou foram cumpridas da forma que imaginou?
Assim como acontece na nossa vida cotidiana, as ações pedagógicas também surgem da necessidade de organizar a relação ensino-aprendizagem. O planejamento de ensino constitui-se, então, da necessidade de responder às questões do que – que conhecimentos vamos trabalhar –, do como – os procedimentos e as metodologias que vamos usar para trabalhar com esses conhecimentos – e do porquê trabalhar com esses conhecimentos.
Assim, podemos prever, organizar e avaliar situações que propiciem condições para que os estudantes construam, produzam, teçam conhecimentos sobre determinados conteúdos e valores a serem trabalhados.
DIFERENTES CONCEPÇÕES DO PROCESSO DE PLANEJAMENTO
É importante a compreensão de que há diferentes concepções do processo de planejamento ao longo da história da educação escolar. Nesse sentido, reconhecemos três fases temporais nas quais a concepção do que seria importante em um planejamento é diferente.
A primeira fase é a do princípio prático e que não apresenta uma grande preocupação formal. Essa fase atenderia às atividades de aula, exclusivamente.
Exemplo:
Um professor que dará aula de Matemática no primeiro segmento do ensino fundamental sabe que os alunos precisam contar e fazer as quatro operações. Ele aprendeu dessa maneira, pensa que os alunos devam ser capazes de decorar e reproduzir, afinal, sempre foi assim. Para ele, a apreensão do conhecimento por essa via é natural e, por isso, ele não se empenha em elaborar estratégias de aprendizado ou em adequar o conteúdo às vivências dos alunos.
A segunda fase é a de caráter técnico-instrumental e que estava relacionada a uma tendência tecnicista de educação, que não considerava os fatores sociais, políticos e econômicos.
Exemplo:
O professor organiza sua ação: os alunos precisam aprender as quatro operações matemáticas básicas. Esse é o conteúdo a ser passado. E passa a organizar como ele vai atingir esse objetivo. Define a estratégia, a metodologia, explicita o objetivo principal, os objetivos correlatos, a forma pela qual ele pretende avaliar o aprendizado. De maneira conteudista, ele formaliza, disponibiliza e executa. A dificuldade é atingir resultados semelhantes com alunos diversos utilizando o mesmo planejamento, duro e linear.
A terceira fase é a do planejamento participativo, que “buscou na resistência ao modelo de reprodução do sistema educacional valorizar a construção coletiva, a participação e a formação da consciência crítica a partir da reflexão sobre a prática transformadora” (BOSSLE, 2002).
Exemplo:
Os alunos precisam aprender as quatro operações matemáticas. Planejar: o que os alunos já sabem das operações matemáticas, a importância do domínio desse conteúdo, como e qual a relação dos grupos com a dinâmica desse conhecimento, como esse conhecimento faz parte do seu cotidiano, e estabelecer procedimentos reflexivos e adaptáveis.
Atenção
Não imagine uma linha do tempo! Essas diferentes formas de planejar a aula continuam presentes em nosso cotidiano.
De acordo com Veiga-Neto (1993), podemos identificar apenas duas vertentes quando falamos em planejamento educacional – uma tecnicista e outra participativa ou crítica.
Segundo o autor, pensar o planejamento a partir da primeira vertente traz como problema a manutenção do status quo social porque, nesse caso, a Educação não é vista numa dimensão política mais ampla, mas somente

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