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Marcela Barbosa Hércules ALTERAÇÕES NO SISTEMA NERVOSO DO RECÉM-NASCIDO HEMORRAGIA INTRACRANIANA Ocorrem inversamente proporcional à idade gestacional. Ocorre geralmente nas primeiras 72 horas de vida por desequilíbrio da homeostase: hipotensão/hipertensão, hipovolemia/hipervolemia, manipulação excessiva. É atribuída diretamente à imaturidade da matriz germinativa subependimária com sangramento que pode ou não romper para dentro dos ventrículos. Classifica-se em hemorragia subdural, subaracnoide e periintraventricular (HPIV), a qual se divide, ainda, em periventricular (HPV) e intraventricular (HIV). Se houver infarto hemorrágico da substância branca periventricular, poderá romper-se para dentro do ventrículo. Os fatores predisponentes para ocorrer hemorragia periintraventricular são prematuros ou de baixo peso, síndrome da angustia respiratória, lesão hipoxico- isquemica, hipotensão, hipervolemia e hipertensão. HEMORRAGIA PERIVENTRICULAR (HPV) Pode ocorrer dentro de 3 dias após o nascimento, acompanhada ou não de convulsões tônicas. HEMORRAGIA INTRAVENTRICULAR (HIV) Caracteriza-se por hemorragia nas primeiras 24 a 48 horas de vida. LEUCOMALÁCIA PERIVENTRICULAR Quando há necrose da substância branca, formam-se cistos com perda de parênquima cerebral. Se intenso, existe risco dos cistos se unirem aos ventrículos ocasionando ventriculomegalia por vácuo. Aumenta o risco de alterações motoras e cognitivas. Normalmente é secundaria à hipotensão sistêmica com redução do fluxo sanguíneo. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Dependem da severidade do acometimento e da velocidade em que ocorre. FORMA SILENCIOSA 25 a 50% - pequenos sangramentos na sua maioria assintomática; achado do exame. FORMA CATASTRÓFICA Minutos/hora – sangramentos massivos com palidez súbita, fontanela anterior abaulada, hipoatividade e instabilidade hemodinâmica. A leucomalácia periventricular costuma ser assintomática até que as sequelas se tornem aparentes com déficit motor espástico, mais tardiamente, na infância. Também pode ocorre hidrocefalia ex-vácuo. Os sintomais mais comuns soa ausência do reflexo de moro, hipotonia muscular, letargia, sonolência e apneia. DIAGNÓSTICO Avaliação dos RNs prematuros como rotina. Neonatos de peso menor que 1500g ou que nasceram com menos de 32 semanas de idade gestacional. ULTRASSOM TRANSFONTANELAR 3° dia de vida Se normal e boa evolução – 7 dias, 1 e 2 meses Se hemorragia intensa – repetir a cada 1 a 2 semanas (dependendo da evolução do PC) Marcela Barbosa Hércules TC/RMN CÉREBRO Menos usado Diagnóstico definitivo Riscos – transporte + sedação + hipotermia PUNÇÃO LIQUÓRICA Esta indicada a neonatos com sinais de aumento da pressão intracraniana ou deterioração clinica para identificar hemorragia subaracnóidea grosseira e descartar meningite bacteriana. Os níveis proteicos estarão elevados com células vermelhas ou macrófagos fagocitando hemossiderina. CLASSIFICAÇÃO DE PAPILE- HIC Grau I: hemorragia restrita à matriz germinativa; Grau II: HIV sem dilatação ventricular; Grau III: HIV com dilatação ventricular; Grau IV: hemorragia intraparenquimatosa. CLASSIFICAÇÃO DE VOLPE – HIC Grau I: hemorragia com sangramento intraventricular mínimo – menor que 10%; Grau II: hemorragia que ocupa de 10 a 50% do ventrículo lateral; Grau III: hemorragia que ocupa mais de 50% do ventrículo lateral, geralmente com distensão ventricular; Grau IV: hemorragia parenquimatosa. PREVENÇÃO Abordagem criteriosa de desproporção cefalopélvica e partos operatórios quando necessário; Hemorragia fetal ou neonatal devido à púrpura trombocitopênica idiopática ou aloimune, que pode ser reduzida pelo tratamento materno com esteroides, imunoglobulinas ou transfusão plaquetária fetal e cesárea. As mulheres em trabalho de parto prematuro devem receber dose única antenatal de corticoides até a trigésima quarta semana de gestação: betametasona ou dexametasona para a prevenção de sangramentos do SNC. Adoção de protocolos de manipulação mínima durante as primeiras 72 horas de vida em prematuros menores de 32 semanas e peso abaixo de 1500g. Clampeamento tardio do cordão umbilical; Reduzi luz e ruídos na UTI; Manter cabeça em posição neutra; evitar mudanças súbitas de posição – não prona. Agrupar cuidados interdisciplinares Pesar somente após 72 horas de vida. TRATAMENTO O tratamento da HIV do RN avançou bastante, para hemorragia de grau 4 não se deve recomendar cirurgia pelo risco que ela oferece. Aconselha-se, nesses casos, não fazer nada além de propiciar bons cuidados de enfermagem e tratamento de apoio. Nos casos mais leves, a ventilação assistida é essencial nos estágios iniciais do tratamento, e transfusões frequentes podem ser necessárias até que a hemorragia cesse. Antibioticos, anticonvulsivantes e alimentação parenteral também são administrados. Nos casos de hemorragia grau 3, a drenagem ventricular é preferível a punções lombares repetidas. A técnica mais implementada ainda é ventriculoperitoneal. Atualmente também se usa a brainwash, técnica que retira coágulos que impendem a drenagem do liquido ventricular em crianças que Marcela Barbosa Hércules apresentam hidrocefalia hemorrágica pós-obstrutiva. Nos casos de hemorragias grau 1 e 2, em razão do pequeno risco de hidrocefalia, a drenagem do liquido cerebrospinal não está indicada. Graus I/II – expectante Graus III/IV – evento agudo: transfusão CH + estabilidade hemodinâmica. Hidrocefalia hemorrágica pós-obstrutiva: aferir PC a cada 2-3 dias, USG semanais, aval NC – derivação ventriculoperitoneal ou brainwash. PROGNÓSTICO HIC I/II – boa evolução. HIC III/IV – risco de mortalidade; risco de convulsões + sequelas neurológicas. LMPV extensas – paralisia cerebral com diplegia espástica (acometimento cerebral bilateral dos 4 membros com predomínio dos membros inferiores). PARALISIA BRAQUIAL Costuma ocorrer em neonatos macrossômicos, associada, na maioria das vezes, à distocia de ombro e tração excessiva do pescoço do RN. A paralisia da parte superior do braço tem prognostico melhor do que a paralisia da parte inferior. Podendo ser permanente. NÍVEIS DA LESÃO ERB-DUCHENE Nível C5/6 – melhor prognostico Rotação interna + adução do braço Pronação do antebraço Moro ausente do lado comprometido KLUMPKE C7 a T1 – pior prognostico Paralisia da mão Miose + ptose palpebral ipsilateral Preensão palmar ausente do lado comprometido TRATAMENTO Fisioterapia motora Imobilização parcial – se Fx clavícula com posicionamento adequado para que não haja contraturas Tratamento cirúrgico – se persistir por 3 a 6 meses PARALISIA FACIAL Tocotrauma – fórcipe, pressão contra o sacro materno ou pressão da clavícula contra o ângulo da mandíbula durante o parto. Congênitas – ausência da musculatura facial, osteopetrose, colesteatoma, síndrome de moebius e ausência de unidade motora. A paralisia periférica se apresenta com ausência da contração palpebral e elevação do ângulo da boca em um hemilado. Em geral, a recuperação é boa e completa em 90% dos casos. CONVULSÃO NEONATAL Encefalopatia hipóxico isquêmica – 50 a 60% dos casos Distúrbios metabólicos – hipoglicemia, distúrbios hidroeletrolíticos (Na, Ca e Mg), erros inatos do metabolismo e dependência de piridoxina. HIC: 10 a 20% Sepse: 5 a 10% Malformações cerebrais: 5 a 10% QUADRO CLÍNICO 80% das crises convulsivas não apresentam nenhuma alteração clinica característica. Marcela Barbosa Hércules Quando presentes, podem ser alterações sutis e facilmente desapercebidas como: movimentos de mastigação, sialorreia, apneia, piscar de olhos, nistagmo, movimentos dos membros, fenômeno autonômico abruptos. DIAGNÓSTICO Da crise – aEEG + EEG Da etiologiaExames de imagem: USG tranfontanelar. Exames de sangue: glicemia, cálcio, magnésio, sódio, ureia. Punção lombar: investiga se há infecção. Fundo de olho: pode mostrar hemorragia ou coriorretinite. TRATAMENTO 1. Fenobarbital 2. Fenitoína 3. Midazolam LESÕES HIPÓXICO-ISQUÊMICA São necessários pelo o menos três critérios positivos dos seguintes: Acidemia metabólica ou mista profunda – pH menor que 7 – em sangue arterial do cordão umbilical; Escore de Apgar no decimo minuto de vida menor do que 5; Manifestações neurológicas neonatais – convulsões, coma ou hipotonia; Disfunção orgânica multissistêmica – sistemas cardiovascular, gastrintestinal, hematológico, pulmonar ou renal.
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