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Dilma Rousseff

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Dilma Vana Rousseff é uma economista e política brasileira, filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT) e 36ª Presidente do Brasil, tendo exercido o cargo de 2011 até seu afastamento por um processo de impeachment em 2016.
Interessou-se pelo socialismo durante a juventude, logo após o Golpe Militar de 1964, ingressou então na luta armada de esquerda como membro do Comando de Libertação Nacional (COLINA) e, posteriormente, da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares– ambas as organizações defendiam a luta armada contra a ditadura militar. Passou quase três anos em reclusão, de 1970 a 1972, primeiramente pelos militares da Operação Bandeirante, pelos quais foi torturada, e, posteriormente, pelo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS).
De 1985 a 1988, durante a gestão de Alceu Collares à frente da prefeitura de Porto Alegre, foi Secretária Municipal da Fazenda. De 1991 a 1993 foi presidente da Fundação de Economia e Estatística e foi Secretária Estadual de Minas e Energia entre os períodos de 1993 a 1994 e de 1999 a 2002, durante o governo de Alceu Collares e do sucessor Olívio Dutra. Em 2001 decidiu filiar-se no Partido dos Trabalhadores (PT). Em 2002 participou da equipe que formulou o plano de governo de Luiz Inácio Lula da Silva para a área energética.
Durante o governo Lula, assumiu a chefia do Ministério de Minas e Energia e posteriormente da Casa Civil. Em 2010 foi escolhida pelo PT para concorrer à eleição presidencial, disputando contra José Serra (PSDB) no segundo turno, cujo resultado, anunciado em 31 de outubro, tornou Dilma a primeira mulher a ser eleita para o mais alto cargo, o de chefe de Estado e chefe de governo, em toda a história do Brasil. Em 26 de outubro de 2014 foi reeleita, novamente no segundo turno das eleições, disputado contra Aécio Neves (PSDB). Em 12 de maio de 2016, com o acirramento da crise político-econômica de 2014, foi afastada de seu cargo por até 180 dias devido à instauração de um processo de impeachment que vinha sendo movido contra ela, com base em irregularidades fiscais. Teve o mandato presidencial definitivamente cassado em 31 de agosto de 2016, porém não perdeu o direito de ocupar outros cargos públicos. Em 2018 candidatou-se a senadora por Minas Gerais, ficando em 4° lugar na disputa.
Atuação no COLINA
Em 1964, ingressou na Política Operária (POLOP), uma organização fundada em 1961, oriunda do Partido Socialista Brasileiro, onde militou. Seus militantes logo viram-se divididos em relação ao método a ser utilizado para a implantação do socialismo: enquanto alguns defendiam a luta pela convocação de uma assembleia constituinte, outros preferiam a luta armada. Dilma ficou com o segundo grupo, que deu origem ao Comando de Libertação Nacional (COLINA). Para Apolo Heringer, que foi dirigente do COLINA em 1968 e havia sido professor de Dilma na escola secundária, a jovem fez opção pela luta armada depois que leu Revolução na Revolução, de Régis Debray, filósofo e intelectual francês. Segundo Heringer, "O livro incendiou todo mundo, inclusive a Dilma".
Foi nessa época que conheceu Cláudio Galeno de Magalhães Linhares, cinco anos mais velho, que também defendia a luta armada. Casaram-se em 1967, apenas no civil, depois de um ano de namoro. Segundo companheiros de militância, Dilma teria desenvoltura e grande capacidade de liderança, impondo-se perante homens acostumados a mandar. Não teria participado diretamente das ações armadas, pois era conhecida por sua atuação pública, contatos com sindicatos, aulas de marxismo e responsabilidade pelo jornal O Piquete. Apesar disso, aprendeu a lidar com armas e a enfrentar a polícia.
Na VAR-Palmares
Em 1970, durante audiência com militares
Dilma participou de algumas reuniões sobre a fusão do COLINA com a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), que acabou formalizada, originando a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares). De acordo com um integrante de buscas da Operação Bandeirante (Oban), Dilma era a grande líder da organização clandestina VAR-Palmares. Usando vários codinomes, teria recebido epítetos superlativos dos relatórios da repressão, definindo-a como "um dos cérebros" dos esquemas revolucionários. O Promotor de Justiça que denunciou a organização rotulou-a como sendo a "Joana d’Arc da subversão", por chefiar greves e assessorar assaltos a bancos, que Dilma contesta, dizendo nada lembrar das tantas ações que lhe atribuíram. 
Mesmo com grande quantidade de dinheiro, o VAR-Palmares não conseguiu manter a unidade. Durante um congresso em Teresópolis, entre agosto e setembro de 1969, teria havido grande divisão entre os "militaristas", focados na luta armada, e os "basistas", que defendiam um trabalho de massas. Dilma estava com o segundo grupo. Enquanto os primeiros se agruparam na VPR militarista, liderados por Lamarca, Dilma ficou no segundo grupo, a VAR-Palmares basista.
Após a divisão, Dilma foi enviada a São Paulo, onde esteve encarregada de manter em segurança as armas que couberam a seu grupo. Evitando mantê-las em apartamentos sem a segurança necessária, ela e a amiga Maria Celeste Martins (décadas mais tarde, sua assessora na Casa Civil) mudaram-se para uma pensão simples na zona leste urbana, escondendo o arsenal debaixo da cama.
Prisão
Foi torturada por vinte e dois dias com palmatória, socos, pau de arara e choques elétricos. No meio militar, há quem veja o relato de Dilma com ironia e descrédito, especialmente quanto à possibilidade de alguém sobreviver a tanto tempo de tortura. Posteriormente, Dilma denunciou as torturas em processos judiciais e a Comissão Especial de Reparação da Secretaria de Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro aprovou pedido de indenização por parte de Dilma e de outras dezoito pessoas.
Dilma foi condenada em primeira instância a seis anos de prisão. Havendo cumprido três anos, o Superior Tribunal Militar reduziu, então, a condenação a dois anos e um mês. Teve também seus direitos políticos cassados por dezoito anos. 
Mudança para Porto Alegre
Dilma saiu do Presídio Tiradentes no fim de 1972, dez quilos mais magra e com uma disfunção na tireoide. Havia sido condenada em alguns processos e absolvida noutros. 
Punida por subversão, de acordo com o decreto-lei 477, ela havia sido expulsa da Universidade Federal de Minas Gerais e impedida de retomar seus estudos naquela universidade em 1973, o que levou Dilma a prestar vestibular para economia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Sua primeira atividade remunerada, após sair da prisão, foi a de estagiária na Fundação de Economia e Estatística (FEE), vinculada ao governo do Rio Grande do Sul. Graduou-se em 1977, não tendo participado ativamente do movimento estudantil.
A sua militância política, desta vez dentro da legalidade, foi reiniciada no Instituto de Estudos Políticos e Sociais (IEPES), ligado ao então único partido legalizado de oposição, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Mesmo não tendo se filiado ao partido, Dilma organizava debates no instituto, que recebia palestras de intelectuais. Em 1976, Araújo e Dilma trabalharam na campanha a vereador de Glênio Peres, pelo MDB. Em novembro de 1977, o nome de Dilma foi divulgado no jornal O Estado de S. Paulo como sendo um dos 97 subversivos infiltrados na máquina pública em uma relação elaborada pelo então demissionário Ministro do Exército, Sílvio Frota, que classificou Dilma como "amasiada com o subversivo" Carlos Araújo. Com isso, foi exonerada da FEE, sendo, contudo, anistiada mais tarde.
Pós-presidência
Manteve alguns benefícios dados a ex-presidentes da República. Ela perdeu o direito ao salário integral, de mais de R$ 30 mil, mas se aposentou pelo Regime Geral de Previdência Social logo depois de sua cassação ser aprovada, passando a receber cerca de R$ 5 mil mensais.
Em dezembro de 2016, assumiu a presidência do conselho consultivo da Fundação Perseu Abramo, um trabalho remunerado; 
Ativismo
Dilma manteve a retórica de que foi vítima de um golpe de Estado, realizando palestras em várias universidades e eventos, incluindono exterior. Ela também planejava escrever um livro sobre seu governo e os bastidores do impeachment. Como o Senado manteve seus direitos políticos, a ex-presidente não descartou uma candidatura à Câmara dos Deputados ou ao Senado pelo Rio Grande do Sul em 2018. Em 25 de agosto de 2017, Dilma passou a integrar a caravana de Lula no Nordeste brasileiro, tornando-se o principal cabo eleitoral de seu antecessor, que foi pré-candidato à presidência da República em 2018. Foi uma das fundadoras do Grupo de Puebla, entidade apontada como a sucessora do Foro de São Paulo, criada no México em 12 de julho de 2019.
Candidatura ao Senado Federal
Dilma ao lado de Fernando Pimentel e Manuela d'Ávila durante evento de campanha, em agosto de 2018.
O plano do PT para Dilma era elegê-la para o Senado Federal; o partido chegou a cogitar uma candidatura da ex-presidente pelos estados do Ceará e Piauí, onde o cenário seria mais favorável, mas Dilma mantinha preferência pelo Rio Grande do Sul ou Minas Gerais, seu estado natal. 
Em 28 de junho, Dilma anunciou sua pré-candidatura ao Senado pelo PT, que foi oficializada pela convenção dos petistas realizada em 5 de agosto. Durante a campanha, Dilma impôs sua opinião ao PT mineiro: escolheu ela mesma seus dois suplentes e rejeitou uma coligação com o MDB, fazendo uma campanha cuja principal narrativa foi seu processo de impeachment, o qual considerou um golpe de Estado de cunho misógino. Apesar de liderar as pesquisas de intenção de voto, acabou sendo derrotada, ficando em quarto lugar com 2 709 223 votos, ou 15,33% dos votos válidos; era necessário que recebesse pelo menos 860 mil votos (5,14%) a mais para ser eleita no lugar do jornalista Carlos Viana.

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