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De Aristóteles a Galileu

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Atividade da Unidade I - Filosofia Moderna II - UEPB 2020.1
Professor: Márcio Correia
Nome: Nalberty Medeiros Santos
Turma / Turno: 6ª Período (Noturno)
1) Explique, a partir do estudo dos movimentos naturais, a física e a cosmologia aristotélica, ou seja, a teoria do que posteriormente seria chamado de geocentrismo.
A teoria a qual ser-se-ia nominada de Geocentrismo, partiu das bases aristotélica-ptolomaica-tomista. Aqui, mostraremos o principal alicerce dessas fontes, que se encontra na obra de Aristóteles, especialmente entre os textos Do Céu, a Física e na sua Metafisica, sendo necessário, segundo a elucubração da Professora Fátima Évora[footnoteRef:1], a cognoscibilidade de alguns princípios que serão base dessa visão do universo, isto é, sobre o movimento, a divisão entre duas esferas, e o motor imóvel. [1: ÉVORA, Fátima Regina. Natureza e Movimento: um estudo da física e da cosmologia aristotélicas. Cad. Hist. Fil. Ci: Campinas. Série 3, v. 15, n. 1, p. 127-170, jan.-jun. 2005.] 
Ela aufere que o sistema aristotélico partirá da análise das cousas, isto é, de todas as cousas que compõem o universo. Assim, assere que nesse filósofo, todas as cousas são, primeiramente, por natureza, e, conseguinte, ou por outras causas. Das cousas que são por natureza, essas têm em si, tanto o movimento quanto o repouso. A que defere a natureza das cousas, essa se diz enquanto Matéria e Forma. A primeira, ou seja, a matéria, está sujeita ao movimento.
Aqui, o movimento, o kinesis é aquilo que nunca se encontra no mesmo estado, isto é, está simultaneamente sobre um processo de mudança como também muda em relação aos demais corpos. Aquele é um processo da mudança. Assim, o movimento (kinesis) é tanto o do ser em potência para em ato, quanto o oposto.
Ainda, assere que há dois outros tipos de mudanças, sendo o primeiro, o de um não-ser para um ser, e o segundo, de um ser para um não-ser. No entanto, esses dois não são movimentos. Só o que vai de um ser para um ser que é movimento.
Dessa forma, o movimento é a mudança de estado, referente a categorias formais a qual pode ser realizada a diferenciação entre potência e ato. Isto é, há três categorias: a de qualidade, lugar, e quantidade, e, estas dizem respeito aos três tipos de movimentos, qualitativo, locomoção e o quantitativo. Vale ressaltar que a mudança diz respeito a substância, quantidade, qualidade e lugar.
Consequentemente, tendo entendido a conceito de movimento e sua sumidade no Universo aristotélico, agora, vem-nos a lume a necessidade de falar sobre a divisão do universo mesmo. Que em Aristóteles o Universo é único, finito, continuo, sendo que o sistema na qual o universo é: composto e divido por duas esferas, a Terrestre, uma pequena, que está no centro, e a das estrelas fixas, que é vastíssima. Ou seja, esse sistema é composto pela região Terrestre e a Celeste. De modo que, a própria Kineses é de sumidade no Universo aristotélico, nessa divisão, deste que contém a si mesmo, sendo sua estrutura as duas esferas, a celeste e a terrestre.
Mas o que é a esfera celeste? Aristóteles nominará o céu, primeiramente, do lugar onde estão as estrelas fixas (a rotação última), conseguinte, asserirá que perto da supracitada, é onde se encontram os planetas, o sol, a lua. Sendo o céu esférico, visto que a esfera é uma figura perfeita, e que no decurso de sua rotação continua sempre no mesmo lugar. A outra parte do universo diz respeito a esfera terrestre, abaixo do mundo sublunar, aquela está no centro do universo (aquela está imóvel, o seu centro que é o centro do universo está imóvel). A despeito da composição da esfera terrestre, lucubrará que o que a compõem são as coisas que derivam dos quatro elementos ou da combinação de tais. Já a região celeste é composta somente por um elemento: o éter (este é eterno, puro).
Em corolário, o lugar da terra é o centro do universo, que é o centro da terra (esta que é muito pesada), e o seu movimento é retilíneo [movimento imperfeito]. Dessa maneia, a terra é composta por esferas ocas, na primeira, se tem os elementos terrestres, depois, água, ar e fogo, sendo que aquilo que se movimenta são essas partes e não o centro. E esse movimento vai se dá devido aquilo que é grave ou leve, sendo o grave o que se move para o centro, e o leve o que se move a partir do centro.
Nesse universo divido em duas esferas, o alicerce que difere ambas é o nominado quinto elemento, este pertence e preenche toda a região celeste. Esse quinto elemento não é nem leve nem pesado, seu movimento natural é a rotação. Além disso, o éter está presente em toda a parte celeste, é o único elemento de tal. Como diz Aristóteles, este primeiro corpo, que os antigos denominavam de éter, existe na eternidade do tempo. Eis aí a razão da superioridade da região celeste, cujo movimento é circular, é perfeito.
Após antolhar sobre a acepção de Aristóteles sobre o Universo, sobre o movimento, e como se dá a sua visão sobre aquele enquanto sistema de duas esferas. É necessário agora, compreender as causas da geração e corrupção e toda e qualquer mudança, em outras palavras, as causas do movimento mesmo. 
Sobre a causa primeira do movimento, Aristóteles assere que tudo que se move é movido por alguma coisa. Aqui, o filósofo deliberará sobre o primeiro motor, o motor imóvel, ou seja, que move tudo, mas que não é movido. Assim, no Livro XII da metafísica, parte de que tudo que se move, de que ambas as esferas, são intermediárias devido a ser algo que se move, e o que se move se movimenta por causa de alguma coisa, então, há algo que é essência de tal, que move tudo e que é imóvel.
Destarte, profere que existe essa essência eterna, que não se move, mas a tudo move, e que os céus, ou seja, a esfera celeste é atraída por tal. Sendo o mundo sub-lunar e as coisas terrestres atraídas pela incorruptibilidade do Céu, desde que age como motor, mais que por mover-se, ainda é sucessível a todo o movimento.
Aqui, temos o que será a base do geocentrismo, depois, logicamente, outras apercepções serão adimplidas tendo como substrato o modelo aristotélico de divisão do mundo em duas esferas, da terra enquanto centro do universo, esse imóvel e de todo o resto movimentando ao seu redor. 
2) Qual foi o embate “realismo x instrumentalismo” sobre a obra Da Revolução dos Orbes Celestes de Nicolau Copérnico que surgiu a partir do prefácio não assinado de Andreas Osiander? 
A insídia entre a questão do realismo versus instrumentalismo, vai se dá (aqui) a partir da construção do modelo heliocêntrico adimplida por Copérnico, este que uniu astronomia e cosmologia, ao passo que lançava várias críticas a tradição aristotélica-ptolomaica. 
No entanto, a sua nova interpretação do Universo, enfrentou forte e radical oposição, em especial por visões radicais dos reformadores, tais levantam a mais radical tese conta o copernicanismo[footnoteRef:2]. O próprio Lutero, na sua crítica a Copérnico, cita passagens da escritura, isto é, aquele assevera que Josué fez o sol parar e não a terra. Copérnico mesmo alerta e pede ao Papa para que o proteja contra os caluniadores que, em suas palavras, de que se: “houver vozes loucas de que apesar de ignorarem totalmente as Matemáticas se permitam [...] atacando o meu trabalho a pretexto de algum passo das escrituras, malevolente destorcido”[footnoteRef:3]. Ou seja, ele estava ciente de que tentava algo ousado, e de que vozes desvairadas urrariam, mas mesmo assim, em tais desventuras, assere de que não lhes daria importância, sendo estes parecidos, com o aqueles que zombam dos que apregoam que a terra é um globo. [2: MOSCHETTI, Marcelo. A unificação do cosmo. O rompimento de Galileu com a distinção aristotélica entre céu e Terra. Unicamp: Campinas, 2002. (dissertação de mestrado, orientada por Fátima Regina Rodrigues Évora).] [3: COPÉRNICO, Nicolau. Da Revolução dos Orbes Celestes. Trad. A. Dias Gomes. 2. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1996, p. 10.] 
Com a crítica da oposição, nesse caso, com a de Lutero, esse que defendia a astronomia a qual Copérnicoestava tentando refutar, isto é, a ptolomaica. Lutero nominou Copérnico de louco e recusou o sistema heliocêntrico, isto porque a visão daquele só era anuente com a ptolomaica, ou seja, com o aperceber instrumentalista, este que é anuente com o vislumbrar luterano de que o conhecimento só era possível devido a revelação divina.
Tais ideias, aparecerão, no psedo-prefácio de Copérnico, que, na verdade, foi escrito por Andreas Osiander, este que impregna tal com sua posição instrumentalista, sendo tal mesmo congênere a ideia luterana. Prefácio não assinado, que, inclusive, escamoteou variegadas pessoas que pensaram que tais palavras eram do Copérnico.
A própria ideia de Copérnico de volver a verdade (a realidade mesma) deixa translúcido as diferenças e contradições dos dois prefácios, pois no primeiro prefácio, este, escrito por Osiander, lemos o seguinte: “Nem tampouco é necessário que estas hipóteses sejam verdadeiras nem até se quer verossímeis” (COPÉRNICO, 1996, p. 1), ao passo que Copérnico, no prefácio dedicado ao papa Paulo III assere: “de que as ideias do filósofo [...] é inquirir da verdade em todas as circunstâncias” (COPÉRNICO, 1996, p. 5), ou seja, aqui mesmo ver-se uma contradição gritante entre os prefácios, porquanto o primeiro defende a ideia instrumentalista, de que não é sumário arguir sobre se as hipóteses são verdadeiras, ou seja, de que se quer salvar as aparências, somente isso, enquanto que no prefácio assinado pelo Galileu se tem a verdade como fundamental.
Sem contar que o próprio Copérnico, no Da Revolução dos Orbes Celestes se nomina filósofo, ao passo, que mormente todos os astrônomos se nominavam de matemáticos.
3) Qual foi a crítica de Giordano Bruno à Copérnico? Explique os principais pontos que Bruno defende sobre o universo infinito presente no primeiro diálogo da obra Sobre o Infinito em relação à filosofia aristotélica.
A principal crítica de Bruno a Copérnico diz respeito que esse, muita embora tire a terra do centro do universo, ainda tem o universo enquanto finito, e coloca o sol como centro. Sobre tal cousa, Bruno concordará com a ideia de que a terra não é o centro, mas que gira em torno do sol, assim diz: “esta terra, que, sendo um deles, não está fixa em parte alguma; a qual provamos girar ao redor do próprio centro e em torno do sol”[footnoteRef:4]. E, sobre a questão da terra ou até mesmo do sol ser o centro, auferirá que as pessoas consideram tais cousas em vista a sua perspectiva, à guisa de exemplo, alguém que está na lua se vê como centro do universo, como as pessoas da terra também o fazem, proferirá que: [4: BRUNO, Giordano. Sobre o infinito, o universo e os mundos. Trad. Helda Barraco e Nestor Deola. 3. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983, p. 36. (Col. Os pensadores).] 
O mesmo acontece com todos os outros corpos, os quais, sob diferentes pontos, todos são ao mesmo tempo centros, pontos de circunferência [...] portanto, a terra não se encontra, em absoluto, no meio do universo, mas só em relação a esta nossa região (BRUNO, 1983, p. 43).
Agora, analisaremos de forma asinha, a filosofia de Giordano Bruno ao que tange a crítica que tecerá ao sistema aristotélico, ou seja, ao antolhar (desse último) do mundo enquanto sistema de duas esferas, a Celeste e a Terrestre, e o enclausurar do mundo em algo finito. E, de acordo com o decurso da abordagem das teses aristotélicas, serão colocadas também a teoria de Bruno sobre o universo infinito.
Bruno faz, primeiramente, na sua crítica a Aristóteles e a perspectiva antiga-medieval do cosmos, mostra as aporias dos sentidos enquanto forma de conhecimento, o coloca em suspeição (parecido com o que Descartes fará decênios depois). Lucubrando que esse tido de cognoscibilidade não pode falar sobre o infinito, porque o infinito não pode ser compreendido pela apercepção. Quer dizer, os sentidos são enganosos, o que podemos obter de tais é um conhecimento meramente parcial.
Conseguinte, medita acerca das querelas do mundo finito aristotélico, dessa maneira, auferirá, que, se o mundo é finito, se é composto somente dessas duas esferas, a Celeste e a Terrestre, fora deste há o nada. No entanto, profere sobre onde está o mundo. Aqui, Aristóteles responderia que o mundo está em si mesmo, que é autossuficiente. Ou que fora do mundo há um ser divino (o motor-imóvel). 
Entretanto, bruno asserirá que tais proposições levam a vários embargos, visto que se o universo for como Aristóteles propõe, então, Deus não estaria em parte alguma, não existiria, porque se fora dele há o nada, e se ele está fora desse mundo, então tal proposição acarreta, necessariamente, a conclusão de que Deus não existe.
Posteriormente, Bruno delineará a ideia de Aristóteles acerca do conceito de lugar, de que lugar é uma superfície do corpo contido, aquele proferirá, que tal afirmação também dá advento a embargos, pois tal superfície, por ser um corpo continente, não possui locação. Dessa maneira, profere que tal asserção é debalde, sem contar que coloca o nada além do céu. 
Dessa forma, enuncia que é ridículo a sentença aristotélica de que sobre o céu não exista nada, que é por si mesmo. De modo que, tal proposição leva a indagação: “que superfície é essa”? E, caso a resposta para tal seja o “nada”, nominará tal de vácuo e de limitado.
O que Giordano Bruno tem encômio, é asserir que pensar a acepção aristotélica é mais morosa do que pensar o universo infinito. Destarte, aquele defende o universo infinito, pleno, espaço e possibilidade ilimitado, isto é, de que Deus é todo o infinito, o universo está todo em tudo. De que existe inumeráveis e incomensuráveis mundos. De que o universo não é mera cousa continente, que não é limitado, mas que é plenamente infindo.
4) Quais são os dois modos do conhecimento presentes no parágrafo 48 de O Ensaiador de Galileu Galilei? Em que aspecto podemos interpretar uma dessas formas como fundamentais para o nascimento da ciência moderna ao estabelecermos uma conexão entre o parágrafo 48 e o célebre argumento do autor presente no parágrafo 6?
Os dois tipos de conhecimento laborados por Galileu aqui, vão ser desenvolvidos e/apresentados na medida em que aquele deliberará sobre sua acepção de que o “movimento é causa do calor”. Ou seja, Galileu, vai tecer sutilmente uma crítica a visões de conhecimentos anteriores, mostrará as aporias do sentido da expressão “calor”, especialmente ao que tange a sua crítica a ideia de universalização, ou seja, vai criticar a teoria do conhecimento que assere que o “calor” e demais cousas estão nos objetos, isto é, vai refutar a ideia de que a: “afecção e qualidade que realmente resida na matéria que sentimos quente”[footnoteRef:5]. [5: GALILEI, Galileo. O ensaiador. Trad. Marcelo Moschetti. UESC: Revista Guairacá, v. 29, n. 2, p. 212, 2013.
] 
Desta maneira, o autor, vai trazer uma outra perspectiva, seu antolhar do modo de conhecer, para isso, partirá, inicialmente, do que quer dizer “calor”, e da sua relação com a cousa corpórea, da ideia de muitos que dizem que determinada cousa é quente, ou que algo é doce, ou vermelho. Galileu elucubrará que: sabor, cor, odor e demais, ao haurir-se tais do sujeito sensitivo, do ser humano, do "eu" que sente, então, restar-se-ia somente puros nomes. Ou seja, os objetos não são sozinhos quente, odoroso, frio, requerem o ser sensitivo para que sejam sentidos como tais, sem isso, são somente nomes, figuras, números.
Conseguinte, para arguir a ideia de que as cousas sem o sujeito que sente são somente puros nomes, de que se não são sentidas sem o “eu” que sente, o “eu” enquanto sujeito que sente, vale ressaltar que o Galileu não fala desse “eu”, mas quando delibera sobre o sujeito está falando de um “eu” [que sente], sendo que sem esse ser sensitivo o que resta são nomenclaturas. Assim, aquele cita um exemplo: de que quando movo a mão sobre um ser vivo, esse ao ser tocado, seja pela mão, ou por uma pena ou por pequeno papel, sentirá a afecção que nomina-se "cócegas", alguns [ousarão] dirão erroneamente que há na mão está faculdade de fazer cócegas[mas só há movimento e contato]. Assim, a sensação (de cócegas) não é da pessoa que está a tocar o outro, mas daquele que é tocado, isso se aplica para as demais cousas.
Dessa maneira, há na argumentação de Galileu uma relação entre o objeto e sujeito, pois vai proferir, em relação ao primeiro, especialmente no que tange de que dentre os corpos há pequeníssimas partículas que estão no ar, sendo mais leves ou graves (que depois nomeará de “corpúsculos”), que vão ter relação com os órgãos do corpo, criando os sentidos, em suas palavras: “E encontram-se bem dispostas, quanto ao lugar, a língua e a cavidade nasal: aquela posta por baixo para receber as incursões descendentes, e esta acomodada para aquelas que sobem” (GALILEI, 2013, p. 214). Com isso, se tem a ideia de que os sentidos também não são por si mesmo o conhecimento, de requer-se aqui uma relação entre objeto e sujeito.
A despeito de uma relação com a ciência moderna nascente e com o parágrafo 6 do Ensaiador, primeiro, percebe-se a crítica a visão tanto universalista quanto nominalista, que percorreu da antiguidade, e foi objeto sumário na filosofia medieval (Vide Tomás de Aquino, Santo Anselmo, Aberlado et.,). Ou seja, há um rompimento tanto da ideia de que a verdade está nas cousas quanto na de que tudo é puro nome. Há, aqui, uma crítica a ideia de que, à guisa de exemplo, o “calor” está no objeto, e que muito embora profira que sem o sujeito não exista: “sabores, odores, cores, etc.,” (GALILEI, 2013, p. 213), sendo que só restaria puros nomes, não quer dizer que aquele tem volição pela ideia nominalista, porque o autor mesmo assere que é necessário a relação entre objeto e sujeito, por isso, ao tratar sobre o “calor” diz que:
Aqueles materiais que em nós produzem e fazem sentir o calor [...] Estes, ao encontrar o nosso corpo, [..] quando de sua passagem através de nossa substância e sentido por nós, seja a afecção a que chamamos ‘calor’. (GALILEI, 2013, p. 216).
Há, nesse caso, a relação entre objeto e sujeito, em outras palavras, do anelar de ambos se têm a sensação de “calor”, isto é, os objetos que ao movimentarem-se [sutilmente] tocam os corpos, “ferem”, e ao sentimos tal cousa, a sensação surge da recepção pelo sujeito sensitivo, do “receber” aquilo que lhe toca, surge, o calor. Sem contar que essa relação entre o sujeito e objeto, aparecerá em Descartes, nas Meditações sobre primeira filosofia, como também no As Paixões da Alma. 
Destarte, há ainda uma outra relação com a ciência moderna nascente da qual podemos conjecturar nesse texto de Galileu, e que antolhamos tanto nas palavras do autor no parágrafo 6 do Ensaiador, quando diz que o universo: “Está escrito em língua matemática, os caracteres são triângulos, circunferências e outras figuras geométricas”[footnoteRef:6], quanto na sua asserção no parágrafo 48, especialmente quando profere que se: “retirados as orelhas, as línguas e os narizes, restam as figuras, os números e os movimentos” (GALILEI, 2013, p. 215), apercebemos de que em ambos, há sumidade da matemática, no desta enquanto linguagem e expressão do Universo. E o que na modernidade será substrato, da matemática enquanto modo de interpretar o mundo, enquanto sumidade para a ciência. [6: GALILEI, Galileo. O ensaiador. Trad. Helda Barraco. 3. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983, p. 119. (Col. Os pensadores).
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