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Diarreia: Fisiopatologia, Etiologia e Fatores de Risco

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Aluno: Davi de Aguiar Portela (0001418) 
Medicina – 4º Período APG IV – S09 P01 
 
Diarreia 
 
Diarreia 
É definida como a diminuição da consistência das 
fezes, geralmente acompanhada de aumento da 
frequência evacuatória (> 3 episódios por dia) e 
aumento da massa fecal (> 200g/dia), em alguns 
casos com presença de sangue ou muco. 
 
FISIOPATOLOGIA 
O intestino tem a função de secretar substância 
que auxiliam no processo digestivo e de absorver 
líquidos, eletrólitos e nutrientes. 
Fisiologicamente, a absorção de nutrientes e 
líquidos excede a secreção, sendo predominante 
o intestino delgado. 
Ele recebe 10 litros de líquido por dia (ingestão, 
secreções da saliva, gástrico, biliar, pancreático e 
intestinal), absorvendo cerca de 6L no jejuno e 
2,5L no íleo. 
O cólon recebe em torno de 1,5L e apenas 
100mL são eliminados nas fezes. 
A capacidade de absorver do cólon é de 4 a 
5L/24h e, quando essa quantidade é 
ultrapassada, surge a diarreia. 
O principal mecanismo pelo qual a água é 
absorvida e secretada se faz segundo o 
gradiente osmótico criado pelo transporte ativo 
do sódio. 
A fisiopatologia da diarreia envolve cinco 
mecanismos básicos, sendo possível que mais de 
um deles ocorram simultaneamente: 
Diarreia secretora: 
Resulta da hipersecreção de água e eletrólitos 
pelo enterócito. Isso pode ocorrer pela: 
o Ação das enterotoxinas bacterianas; 
o Produção excessiva de hormônios e 
outros secretagogos: 
 Gastrinoma (gastrina); 
 Síndrome carcinoide (serotonina, 
prostaglandinas, calcitonina); 
 Cólera pancreática (VIPomas); 
 Adenoma viloso; 
 Insuficiência adrenal; 
 Hipoparatireoidismo. 
Diarreia osmótica: 
Distúrbios da digestão presentes nas 
deficiências de dissacaridases, que mantêm um 
conteúdo hiperosmolar, determinam a 
passagem de líquidos parietais para o lúmen 
intestinal e, consequentemente, diarreia. 
o Ingestão de agentes osmoticamente 
ativos como o manitol, o sorbitol e os 
sais de magnésio; 
o Intolerância a lactose (aumento de 
lactulose). 
Diarreia motora: 
Resulta de alterações motoras com trânsito 
intestinal acelerado, como ocorre nas 
enterocolopatias funcionais ou doenças 
metabólicas e endócrinas: 
o Estresse emocional; 
o Redução da área absortiva 
consequente de ressecções intestinais 
ou de fístulas enteroentéricas. 
Diarreia exsudativa/ inflamatória: 
Decorre de enfermidades causadas por lesões 
da mucosa resultantes de processos 
inflamatórios ou infiltrativos, que podem levar a 
perdas de sangue, muco e pus, com aumento 
do volume e da fluidez das fezes. É 
encontrada: 
o Doenças inflamatórias intestinais; 
o Neoplasias; 
o Shigelose; 
o Colite pseudomembranosa; 
o Linfangiectasia intestinal. 
Diarreia disabsortiva/ esteatorreica 
Resulta de deficiências digestivas e lesões 
parietais do intestino delgado que impedem a 
correta digestão ou absorção. Este processo 
pode causar diarreia com esteatorreia e 
resíduos alimentares: 
o Pancreatite crônica; 
o Isquemia mesentérica. 
 
 
Diarreia Aguda 
A diarreia aguda geralmente manifesta-se como 
quadro de instalação súbita, e que persiste por 
no mínimo 14 dias. 
O organismo saudável possui mecanismos de 
defesa que permitem resistir aos agentes lesivos 
e que incluem: 
o O suco gástrico, que é letal a muitos 
organismos pelo baixo pH; 
o A motilidade intestinal, que dificulta a 
aderência dos microrganismos à parede 
do intestino; 
o Os sistemas linfático (placas de Payer) e 
imune, que promovem a defesa celular e 
humoral contra os agentes nocivos. 
A falha desses mecanismos e/ou a alta 
agressividade do estímulo agressor do intestino 
causam a diarreia. 
 
ETIOLOGIA 
Ocorre em resposta a estímulos variáveis, sendo 
os principais associados a agentes infecciosos 
com evolução autolimitada (gastroenterite). 
Vírus Bactérias 
Norovírus – 50% dos 
surtos, 26% das 
consultas em 
emergência; 
 
Salmonella, 
Rotavírus Shigella 
Adenovírus Campylobacter 
Astrovírus Escherichia coli. 
 Clostridium difficile 
 Yersinia 
 S. aures 
 
Parasitoses 
Protozoários Helmintos 
Giárdias Ascaris 
Entamoeba histolytica Estrongiloides 
Cyclospora Necator americanos 
 Ancylostoma 
duodenalis 
 
Fatores de risco: 
o Alimentos deteriorados e higiene precária 
– Salmonella, Shigella, Campylobacter; 
o Uso recente de antibióticos – colite 
pseudomembranosa; 
o Creche – Shigella, giardíase, 
criptosporidiose, rotavirose; 
o Asilos – colite pseudomembranosa; 
o Promiscuidade sexual – patógenos de 
transmissão fecal-oral; 
o Piscina – giardíase e criptosporidiose 
o Viajantes – E. coli (enterotoxigênica – 
ECE), Campylobacter, vírus, Shiguella, 
Salmonella; 
o Água e alimentos deteriorados – E. coli, 
vírus, Shigella; 
o Carnes e aves – Salmonella, C. 
perfringens, Campylobacter, B. cereus 
(toxina); 
o Ovos, maioneses, cremes – S. aureus 
(toxina), Salmonella; 
o Mariscos e ostras – Vibrio vulnificus, Vibrio 
parahemolytivus, norovírus; 
o Leite não pasteurizado – E. coli, 
Salmonella, Campylobacter. 
Alguns microrganismos estão mais associados ao 
estímulo secretório e outros, ao inflamatório. Essa 
distinção é de grande valia, pois favorece o 
diagnóstico diferencial e ajuda na conduta 
terapêutica. 
 
Diarreia Não-inflamatória 
Em geral, é moderada, mas pode provocar 
grandes perdas de volume. É causada 
habitualmente por vírus ou por bactérias 
produtoras de enterotoxinas e afeta 
preferentemente o intestino delgado. 
o Intoxicação alimentar; 
o Giardia; 
o Escherichia coli. 
Os microrganismos aderem ao epitélio intestinal 
sem destruí-lo, determinando diarreia secretora, 
com fezes aquosas, de grande volume e sem 
sangue; pode estar associada a náuseas e 
vômitos. 
As cólicas, quando presentes, são discretas, 
precedendo as exonerações intestinais. Como 
não há invasão dos tecidos, também não 
aparecem leucócitos nas fezes. 
 
Diarreia Inflamatória 
A diarreia inflamatória geralmente se caracteriza 
por febre e diarreia sanguinolenta (disenteria). 
Esse tipo de diarreia é causado pela invasão das 
células intestinais (p. ex., Shigella, Salmonella, 
Yersiniae Campylobacter) ou toxinas associadas 
às infecções descritas antes por C. difficile ou E. 
coli. 
Como as infecções associadas a esses 
microrganismos afetam predominantemente o 
intestino grosso, as evacuações são frequentes, 
têm volume pequeno e estão associadas a 
cólicas no quadrante inferior esquerdo, urgência 
para defecar e tenesmo. 
A disenteria infecciosa deve ser diferenciada da 
colite ulcerativa aguda, que pode causar diarreia 
sanguinolenta, febre e dor abdominal. 
Diarreia que persiste por 14 dias não pode ser 
atribuída aos patógenos bacterianos (exceto C. 
difficile) e o paciente deve ser avaliado quanto a 
alguma outra causa de diarreia crônica. 
 
Diarreia Crônica 
A diarreia é considerada crônica quando os 
sintomas persistem por 4 semanas ou mais. 
Epidemiologicamente mais persistente em países 
desenvolvidos; 
 
ETIOLOGIA 
A diarreia crônica está associada 
frequentemente aos distúrbios como: 
o Síndrome do intestino irritável; 
o Síndromes de má absorção; 
o Doenças inflamatórias intestinais; 
o Doença celíaca; 
o Doenças endócrinas (hipertireoidismo, 
diabetes, neuropatia autônoma diabética); 
o Colite pós irradiação; 
o Câncer colorretal. 
Existem quatro grupos principais de diarreia 
crônica: conteúdo intraluminal hiperosmótico; 
aumento dos processos secretórios do intestino; 
doenças inflamatórias; e processos infecciosos. 
A diarreia factícia é causada pelo uso 
indiscriminado de laxantes ou pela ingestão 
excessiva de alimentos laxativos. 
Tumores neuroendócrinos produtores de 
neurotransmissores com ação secretagoga, 
como o VIP (peptídio vasoativointestinal) nos 
VIPomas e a serotonina na síndrome carcinoide, 
estão associados a diarreia crônica e intensa 
 
Síndrome do Intestino Irritável 
O início dos sintomas, habitualmente, ocorre em 
períodos de instabilidade emocional e predomina 
em adultosjovens. Nestas condições, deve-se 
evitar investigação invasiva. 
o Ausência de perda ponderal e de sinais 
de desnutrição; 
o Presença de sintomas 
predominantemente diurnos; 
o Alternância do hábito intestinal com 
períodos de constipação intestinal; 
o Crise de dor associada à distensão 
abdominal e aliviada pela evacuação. 
 
Referências: 
1. BRANDT, Kátia Galeão; ANTUNES, 
Margarida Maria de Castro; SILVA, Gisélia 
Alves Pontes da. Diarreia aguda: manejo 
baseado em evidências. Jornal de 
Pediatria, v. 91, p. S36-S43, 2015. 
2. DANI, Renato; PASSOS, Maria do Carmo 
Friche. Gastroenterologia essencial. 4.ed. 
Rio deJaneiro: Guanabara Koogan, 2011. 
1006 p. 
3. ELDIN, Carole; PAROLA, Philippe. Update 
on tick-borne bacterial diseases in 
travelers. Current infectious disease 
reports, v. 20, n. 7, p. 1-9, 2018. 
4. Porth CM, Matfin G. Fisiopatologia. 9ª ed. 
Rio de Janeiro:Guanabara-Koogan, 2015.

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