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ESAB - História das Ciências Políticas

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MÓDULO DE: 
 
História da Ciência Política 
 
 
 
 
AUTORIA: 
 
Dr. Richard Ybars 
Dr. Carlos Cariacás 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © 2014, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
1 
2 
Copyright © 2014, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
 
 
Módulo de: HISTÓRIA DA CIÊNCIA POLÍTICA 
 
Autoria: Richard Ybars e Carlos Cariacás 
 
 
 
Primeira edição: 2003 
 
 
1ª Revisão: 2005 
 
2ª Revisão: 2006 
 
3ª Revisão: 2007 
4ª. Revisão: 2010 
5ª Revisão: 2014 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Todos os direitos desta edição reservados à 
ESAB – ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL 
LTDA http://www.esab.edu.br 
Av. Santa Leopoldina, nº 840/07 
Bairro Itaparica – Vila Velha, ES 
CEP: 29102-040 
http://www.esab.edu.br/
 
 
 
 
 
UNIDADE 1 ..............................................................................................................................5 
Primórdios da ciência política: um pouco de história ...........................................................5 
UNIDADE 2 ..............................................................................................................................9 
UNIDADE 3 ............................................................................................................................11 
UNIDADE 4 ............................................................................................................................13 
As formulações do pensamento político de Maquiavel .....................................................13 
UNIDADE 5 ............................................................................................................................20 
UNIDADE 6 ............................................................................................................................24 
UNIDADE 7 ........................................................................................................................... 30 
UNIDADE 8 ........................................................................................................................... 35 
UNIDADE 9 ........................................................................................................................... 37 
Thomas Hobbes ................................................................................................................37 
UNIDADE 10 ..........................................................................................................................41 
Continuando o pensamento de Hobbes ............................................................................41 
UNIDADE 11 ..........................................................................................................................45 
John Locke ........................................................................................................................45 
UNIDADE 12 ..........................................................................................................................49 
Montesquieu......................................................................................................................49 
UNIDADE 13 ..........................................................................................................................52 
UNIDADE 14 ..........................................................................................................................56 
Adam Smith.......................................................................................................................56 
UNIDADE 15 ..........................................................................................................................62 
Hayek ................................................................................................................................62 
UNIDADE 16 ..........................................................................................................................67 
John Rawls........................................................................................................................67 
UNIDADE 17 ..........................................................................................................................71 
Socialismo e materialismo histórico: crítica ao modelo e prática liberal ............................71 
3 
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SUMÁRIO 
 
 
UNIDADE 18 ..........................................................................................................................76 
O pensamento marxista: aprofundamento I ......................................................................76 
UNIDADE 19 ..........................................................................................................................86 
UNIDADE 20 ..........................................................................................................................88 
As formulações de Lênin ...................................................................................................88 
UNIDADE 21 ..........................................................................................................................92 
Gramsci .............................................................................................................................92 
UNIDADE 22 ..........................................................................................................................97 
UNIDADE 23 ........................................................................................................................100 
Slicitamos, novamente na mesma dinâmica, que assista os outros dois vídeos e, em 
seguida continue a compará-lo com o artigo de Giorgio Agamben ( .............................. 100 
UNIDADE 24 ....................................................................................................................... 102 
Vilfrido Pareto e Gaetano Mosca .....................................................................................102 
UNIDADE 25 ........................................................................................................................108 
Robert Michels ................................................................................................................108 
UNIDADE 26 ........................................................................................................................111 
Max Weber ......................................................................................................................111 
UNIDADE 27 ........................................................................................................................116 
UNIDADE 28 ........................................................................................................................120 
Assista ao vídeo intitulado ―Entrevista Paulo Nascimento – Conferência Bento Prado Jr‖ e 
reponda as questões abaixo ........................................................................................... 120 
UNIDADE 29 ........................................................................................................................125 
UNIDADE 30 ........................................................................................................................127 
5 
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Objetivos: Apresentar uma definição breve de ciência política e tratar do contexto histórico 
dos primórdios da ciência política apresentando o panorama renascentista dentro da 
conjuntura histórica abordada. 
 
Primórdios da ciência política: um pouco de história 
 
 
Iniciaremos este nosso estudo atentando para a Definição de Ciência Política. 
 
Entendemos ciência política como um tipo de conhecimento sistemático acerca dos fatos 
concernentes à manutenção e reprodução do Estado, entendendo-se por Estado toda 
instituiçãoque pretenda, com sucesso, o monopólio do uso legítimo da força física em 
determinado território. 
Para iluminar um pouco a compreensão da construção do universo da Ciência política 
precisamos nos remeter á sua dimensão histórica. Por isto uma pergunta aqui deve ser feita: 
Quais as condições históricas que possibilitaram o surgimento da ciência política ? 
 
Respondemos. O reconhecimento da política como uma esfera autônoma só foi possível 
após o desenvolvimento dos estados nacionais, no cenário europeu dos séculos XV e, 
sobretudo, XVI. Até então, as ações políticas eram avaliadas em termos morais e religiosos, 
sobretudo por filósofos e teólogos. A Igreja mantinha o monopólio do saber erudito na Idade 
Média européia. Os intelectuais pertenciam às ordens religiosas e, conseqüentemente, as 
principais questões filosóficas eram também questões de fé. 
A chamada teoria dos dois gládios [espadas], formulada por Santo Agostinho (354-430), era 
até então considerada um dogma indiscutível. O simbolismo das duas espadas ou gládios 
significava a existência de dois poderes: um material, também chamado secular (pois 
pertenceria ao tempo), e outro espiritual, referente aos valores eternos da religião. Mesmo se 
tratando de poderes separados, o papado, representante máximo do poder espiritual, 
UNIDADE 1 
6 
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intervinha muitas vezes nos assuntos de Estado. Durante, por exemplo, a chamada querela 
das investiduras, no século XI, o papa Gregório VII excomungou Henrique IV, rei da 
Germânia, e o depôs, na medida em que desobrigou os súditos deste do dever de fidelidade. 
Conta a história que o rei, descalço, implorou por três dias o perdão do papa. No século XIII, 
os choques entre Frederico II e o papa Inocêncio IV e, no final do mesmo século, entre Filipe, 
o Belo, de França, e o papa Bonifácio VIII mostram as tentativas dos reis de recusarem a 
interferência religiosa na condução das ações políticas de Estado. No final do século XIV, o 
Grande Cisma entre católicos e ortodoxos acentuaria essa divergência e a tentativa do 
Estado de firmar sua soberania. Essas divergências culminariam no século XVI com a 
Reforma Protestante. 
O aparecimento das cidades também contribuiu para o início do processo de laicização da 
sociedade, expressa na oposição ao poder religioso. As heresias encontravam aí terreno 
fértil em meio a muitas manifestações anticlericais. A partir do século XII, a Igreja reagiria 
criando a Inquisição, com tribunais que puniam os desvios da fé católica, com condenações 
variando da prisão perpétua à pena de morte. Embora essas novas idéias não tenham 
provocado alterações políticas imediatas, iniciava-se com elas uma lenta e profunda 
transformação. 
Entre os autores considerado herege pela Igreja, poderia destacar a figura de Dante Alighieri 
(1265-1321). Poeta italiano, Dante é muito conhecido como autor da Divina Comédia, mas 
também escreveu A monarquia, onde pregou a eliminação do poder mediador do papa, 
introduzindo teses naturalistas. Segundo ele, Deus, criador da natureza, dotou os homens de 
livre raciocínio e vontade, fato que nos permitiria a perfeita condução do Estado. A potência 
intelectual seria, em si, o guia e norma de todas as coisas. Do contrário, o homem não 
poderia alcançar seus fins. Colocando a autoridade temporal e política independente da 
autoridade do papa e da Igreja, Dante considerou que o governante deveria depender 
diretamente de Deus, o que de certa forma já antecipava a chamada doutrina do direito 
divino dos reis e o fortalecimento das monarquias. 
7 
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O que estava sendo prenunciado por Dante e por outros pensadores eram as novas formas 
de relação de poder, iniciando a tendência à superação das relações feudais, com a aliança 
que se daria, em breve, entre a burguesia e os reis na formação dos estados nacionais. 
Para entender melhor a conjuntura apresentada se faz necessário atentar para o Panorama 
político na península itálica durante o Renascimento. 
Na renascença italiana, a tirania imperava em pequenos principados, governados 
despoticamente por casas reinantes sem tradição dinástica. A ilegitimidade do poder gerava 
situações de crise e instabilidade permanente, onde somente o cálculo político, a astúcia e a 
ação rápida e fulminante contra os adversários eram capazes de manter os príncipes 
governantes em seus postos. Esmagar ou reduzir à impotência a oposição interna, 
atemorizar os súditos para evitar a subversão e realizar alianças com outros principados 
constituíam o eixo da administração. Como o poder se fundava, exclusivamente, em atos de 
força, era previsível e natural que pela força fosse deslocado, deste para aquele senhor. 
Nem a religião, nem a tradição, nem a vontade popular legitimavam o soberano e ele tinha 
de contar tão somente com a sua capacidade criadora. A ausência de um Estado central e a 
extrema multipolarização do poder criavam um vazio, que as mais fortes individualidades 
tinham capacidade para ocupar. 
Os condottieri eram hábeis nessas manobras. Especialistas na técnica militares, aventureiros 
e filhos da fortuna, vendiam serviços de segurança e conquista ao príncipe que melhor 
pagasse. Os pequenos estados não tinham recursos para financiar tropas regulares e não 
era politicamente possível a criação de um exército que implicasse a entrega de armas ao 
povo, fato sempre perigoso para governantes de populações descontentes. Os condottieri 
adquiriam importância crescente e alguns conquistavam principados para si e estabeleciam 
alianças com reis, cardeais e papas. 
Esse panorama fluido e mutável, de um país dividido em múltiplos estados, contrastava com 
a situação da maior parte da Europa ocidental, onde alguns governos enfeixavam todo o 
poder. Os principados italianos costumavam apelar para as monarquias absolutas européias, 
a fim de solucionar suas disputas internas. Alguns pequenos estados sofriam, ainda, a 
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Este bloco de questões serve como diretriz para o seu estudo. 
 
1) Como foi definido o conceito de ciência política? 
 
2) O que era a teoria dos dois gládios? 
 
3) Qual a importância das heresias para o desenvolvimento do pensamento político? 
 
4) Qual o papel da tirania na abordada conjuntura histórica? 
 
5) Em que situação política e militar encontrava-se a Península Itálica? 
 
soberania do Império Germânico. E França e Espanha disputavam a posse de vários de 
seus territórios. 
A fraqueza militar e política da península itálica, já no começo do século XIV, representava 
forte impedimento para a expansão e acumulação de capital. Periodicamente, os reis 
europeus declaravam a falência de seus reinos, com os credores italianos estando 
desprovidos dos recursos militares capazes de obrigar esses reis a saldar as dívidas 
contraídas. A península era, assim, desarmada política, militar e institucionalmente pelo 
anacronismo da organização das cidades-Estado e pela ausência de liderança central 
incontrastável. A essas razões acrescentava-se a política temporal do papado que, sendo 
muito fraca para reduzir todos os estados ao seu domínio, era forte o suficiente para impedir 
a unificação dos principados. 
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VÍDEO 
http://www.youtube.com/watch?v=HPfZb95_Q8A&feature=related 
 
 
 
Objetivo: Aprofundar a fundamentação filosófica da ciência política dada com o 
Renascimento a partir dos primórdios gregos. 
 
Partiremos, neste momento, para uma rápida revisão das teorias políticas da antiguidade 
como propósito de traçarmos paralelos desta com a modernidade (onde surge a Ciência 
Política. Neste sentido sugiro que você leia o texto contido no site MUNDO DOS 
FILÓSOFOS que se encontra no site: 
http://files.conscienciapolitica.webnode.pt/200000003-996e49a681/Reflex%C3%B5es%20%C3%A9tico-pol%C3%ADticas_A%20filosofia%20Grega%20cl%C3%A1ssica%20e%20a% 
20pol%C3%ADtica%20brasileira.pdf 
 
Após o estudo deste texto, em linhas gerais, assista a aula que esboça a perspectiva da 
política na antiguidade. Para tanto, dirija-se ao site: 
Agora vamos fazer o percurso do entendimento do texto. Para tanto sugiro que você: 
 
1. Mostre as diferenças entre Platão e Aristóteles acerca do conceito ESTADO. 
 
2. Como a virtude é inserida na reflexão acerca do estado (a questão ética? 
UNIDADE 2 
http://www.youtube.com/watch?v=HPfZb95_Q8A&feature=related
http://files.conscienciapolitica.webnode.pt/200000003-996e49a681/Reflex%C3%B5es%20%25
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Renascença italiana – Wikipédia 
 
A Renascença foi um grande fenômeno europeu, principalmente italiano, política da Itália e a 
participação dos eclesiásticos na Renascença italiana. 
www.pime.org.br/noticias.inc.php?&id_noticia=3494&id_sessao=3 
 
Renascença Italiana é como ficou conhecida a fase de abertura da Renascimento (ou ..... O 
sucessor de Nicolau V, o Papa Calisto III, não continuou a política ... 
pt.wikipedia.org/wiki/Renascença_italiana 
 
Aprende Brasil 
 
Política Nova e a Ciência Nova, Nicolau Machiavelli, Galileu Galilei, a Ciência Nova e a 
Metafísica Tradicional na Renascença. 
www.aprendebrasil.com.br/pesquisa/respostadisci1.asp?id=661&pg=1&img=9 - 74k - 
http://www.pime.org.br/noticias.inc.php?&id_noticia=3494&id_sessao=3
http://www.aprendebrasil.com.br/pesquisa/respostadisci1.asp?id=661&pg=1&img=9
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VÍDEO 
http://www.youtube.com/watch?v=qyJ_s8D8VoU&feature=related 
 
 
 
Objetivo: relacionar a política com os demais fenômenos da vida humana. 
 
 
 
Esta unidade caminhará na proposta de levantar paralelos entre a arte e a ciência. Pergunto 
para você: 
 
É possível que os fenômenos como a arte, a religião, a economia e a política andem 
historicamente separadas? 
 
Assita o primeiro vídeo acerca do renascimento e, na sequencia leia o texto em questão. 
 
 
Segundo Karl Marx, a cultura, a espiritualidade, a política, a economia, etc.não se separam. 
São realidades que só podem ser compreendidas em relação. E aqui temos um conceito 
dado por Marz que nos auxiliará a saber melhor no que consiste este tópico que por ora 
queremos tratar: o materialismo histórico dialético. É claro que existem muitas concepções 
de pensar o mundo que 
 
(...) sustentam que“embora a realidade externa exista em si e por si mesma, só 
podemos conhecê-la talcomo nossas idéias a formulam e a organizam e não tal 
como ela seria em si mesma. 
(...) O que chamamos realidade, portanto, é apenas o que podemos conhecer por 
meio das idéias de nossa razão” (Chauí, 2002, p. 69); por sua vez, as posições 
materialistas afirmam “a existência objetiva ou em si da realidade externa como 
uma realidade racional em si e por si mesma e, portanto, que afirma a existência da 
razão objetiva” (Chauí, op. cit., p. 68). Em outras palavras, o conhecimento humano 
UNIDADE 3 
http://www.youtube.com/watch?v=qyJ_s8D8VoU&feature=related
12 
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VÍDEO 
http://www.youtube.com/watch?v=g-FmXMp70ZU 
 
 
 
Elabore uma síntese com os tópicos apresentados no texto do MUNDO DOS 
FILÓSOFOS - como aprofundamento. 
Esta síntese deve ser feita com uso de abreviações (para termos e palavras muito 
usuais) e sinais (que facilitem a compreensão rápida do conteúdo). 
 
é umreflexo da realidade objetiva que se produz no cérebro, e não conceitos e 
definições que existiriam a priori, independentes da realidade em si. 
Essas duas perspectivas, como se pode depreender, são antagônicas, pois 
enquanto a segunda admite a possibilidade de uma razão objetiva - que não existe 
por si, mas como decorrência da organização sócio-histórica em permanente 
mudança, portanto, ela própria igualmente em constante mudança, a primeira 
concebe uma razão de natureza subjetiva que é tomada, em geral, como acabada 
em sua estrutura lógico-racional. Esse debate teórico é antigo no campo da filosofia 
e, ao longo da história e especialmente nos últimos dois séculos, vai extrapolar o 
debate para outros âmbitos da vida: o político, o econômico, o cultural, o religioso e 
o estético. 
PERNA, Paulo; CHAVES, Maria. O materialsimo histórico-dialético e a Teoria Práxica da 
enfermagem em saúde coletiva In Trabalho necessário, ano 6, no. 6, 2008. 
Por isto, solicito que procure se deparar com a realidade enquanto fenômeno que se dá em totalidade. 
Nesta perspectiva é que entramos no estudo da teoria de Maquiavel. Analise-o com este olhar: o da 
totalidade. Assista o vídeo e, depois, pense em que medida a filosofia política de Maquiavel é ressonância da 
novidade dos tempos. 
 
 
 
 
 
http://www.youtube.com/watch?v=g-FmXMp70ZU
13 
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Objetivo: Conhecer o pensamento político de Nicolau Maquiavel e compreender a 
importância do legado político deste grande filósofo. 
 
As formulações do pensamento político de Maquiavel. 
 
 
Nicolau Maquiavel (1469-1527) viveu na cidade italiana de Florença. Com ele teve início a 
ciência política, tal como a entendemos hoje. Até então, a teoria do Estado não ultrapassava 
os limites da especulação filosófica. Em Platão (428-348 a.C.), Aristóteles (384-322 a.C.), 
Tomás de Aquino (1225-1274) e mesmo em Dante (1265-1321), o estudo desse assunto 
vinculava-se à moral e constituía-se como uma teoria de ideais de organização política e 
social. Os contemporâneos de Maquiavel também não fugiam a essa tendência, como 
Erasmo de Rotterdam (1465-1523), no Manual do príncipe cristão, e Thomas Morus (1478- 
1535), na Utopia, que, baseados em um humanismo abstrato e afastado da realidade 
concreta, construíram modelos ideais do bom governante e de uma sociedade justa. 
Maquiavel, deliberadamente, propôs o estudo da política através da análise efetiva de fatos 
reais, dispensando todo e qualquer tipo de especulação. O objeto de suas reflexões era a 
realidade política, pensada em termos de prática humana concreta, e o centro maior de seu 
interesse era o fenômeno do poder formalizado na instituição do Estado. Não se tratava, 
para ele, de estudar o tipo ideal de Estado, mas de compreender como as organizações 
políticas se fundam, se desenvolvem, persistem e decaem. 
A esse realismo antiutopista aliava-se uma tendência utilitarista, pela qual Maquiavel 
pretendia desenvolver uma teoria voltada para a ação eficaz e imediata. Para ele, a ciência 
política só teria sentido se propiciasse o melhor exercício da arte política. Tratava-se do 
começo da ciência política: da teoria e da técnica da política, entendida como disciplina 
autônoma. 
UNIDADE 4 
14 
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A Itália fragmentada no Renascimento 
 
 
 
As principais formulações de Maquiavel para a ciência política estão contidas em um 
pequeno livro nomeado O príncipe (1513). O seu primeiro capítulo, intitulado de Quantas 
espécies são os principados e de quantos modos se adquirem, possui um único parágrafo, 
abaixo transcrito: 
“Todos os Estados, todos os domínios que tem havido e que há sobre os homens foram e 
são repúblicas ou principados. Os principados ou são hereditários, cujo senhor é príncipe 
pelo sangue, por longo tempo, ou são novos. Os novos são totalmente novos, como Milão 
com Francesco Sforza, ou são como membros acrescentados a um Estado que um príncipe 
adquire por herança, como o reino de Nápoles ao rei da Espanha. Estes domínios assim 
adquiridos são, ou acostumados à sujeição a um príncipe, ou são livres, e são adquiridos 
com tropas de outrem ou próprias, pela fortuna ou pelo mérito” (Maquiavel, 1983: 5). 
Essa passagemé bastante ilustrativa do que até aqui ficou dito. Negligenciando falar sobre a 
origem e a finalidade do Estado, dos méritos comparados dos diversos regimes, da função 
do príncipe na sociedade, da legitimidade ou ilegitimidade de certas formas de poder, 
simplesmente por seu silêncio leva a pensar que tais idéias deixaram de ser pertinentes ou, 
pelo menos, convida o leitor a perguntar se permanecem válidas e em que sentido. Tudo se 
passa como se, doravante, uma única questão comandasse a reflexão política, questão que 
o autor se apressa em formular logo depois de haver distinguido os vários tipos de 
principado: “discutir e mostrar como esses principados (...) podem ser governados e 
mantidos” (Op. cit.: 7). 
15 
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Esse exame que se pretende puramente empírico depende, contudo, de uma coordenada 
teórica básica. Maquiavel conclui, através do estudo da história antiga e da convivência com 
os poderosos da época, que os homens são todos egoístas e ambiciosos, só recuando da 
prática do mal quando coagidos pela força da lei. Todo príncipe que pretenda conquistar e 
manter um dado domínio deverá, segundo Maquiavel, levar em conta essa característica 
fundamental da natureza 
humana, agindo sempre em conformidade com a mesma. Donde, a astúcia e a força sejam 
avaliados como os únicos instrumentos verdadeiramente eficazes na resolução de conflitos. 
Colocando-se a questão se seria melhor para um príncipe ser amado ou temido pelos seus 
governados, Maquiavel dá-nos uma resposta bastante significativa, nesse sentido: 
“(...) Nasce daí essa questão debatida: se será melhor [para o príncipe] ser amado que 
temido ou vice-versa. Responder-se-á que se desejaria ser uma coisa e outra; mas como é 
difícil reunir ao mesmo tempo as qualidades que dão aqueles resultados, é muito mais 
seguro ser temido que amado, quando se tenha que falhar numa das duas. É que os homens 
geralmente são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ambiciosos de dinheiro, e, 
enquanto lhes fizeres bem, todos estão contigo, oferecem-te sangue, bens, vida, filhos, como 
disse acima, desde que a necessidade esteja longe de ti. Mas, quando ela se avizinha, 
voltam-se para outra parte. E o príncipe, se confiou plenamente em palavras e não tomou 
outras precauções, está arruinado. Pois as amizades conquistadas por interesse, não por 
grandeza e nobreza de caráter, são compradas, mas não se pode contar com elas no 
momento necessário. E os homens hesitam menos em ofender aos que se fazem amar do 
que aos que se fazem temer, porque o amor é mantido por um vínculo de obrigação, o qual, 
devido a serem os homens pérfidos, é rompido sempre que lhes aprouver, ao passo que o 
temor que se infunde é alimentado pelo receio de castigo, que é um sentimento que não se 
abandona nunca”(Op. cit.: 70) (colchetes nossos). 
Como se vê essa nova ética analisa as ações não mais em função de uma hierarquia de valores 
dada a priori
1
, mas sim em vista das conseqüências, dos resultados da ação política
2
. 
 
 
1 
A priori: anterior a toda experiência; preconcebido. 
16 
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Não se trata de um amoralismo, mas de uma nova moral fundada nos critérios do que é útil à 
comunidade e, nesse sentido, às vezes é legítimo o recurso ao ―mal‖ (o emprego da força 
coercitiva do Estado, o recurso à guerra, a prática da espionagem, o emprego da violência, 
da astúcia e da mentira). Estamos diante de uma moral imanente, mundana, que vive do 
relacionamento concreto entre os homens. E se há a possibilidade de os homens serem 
corruptos, constitui-se dever do príncipe manter-se no poder a qualquer custo. 
Além disso, o príncipe deve ser um indivíduo especial, dotado de virtú (virtude – no sentido grego 
de energia, força, valor, qualidade de lutador e guerreiro viril), e a eficiência de sua ação decorre 
não só dessa força, mas também da astúcia para aproveitar a fortuna, isto é, as oportunidades 
históricas que se lhe apresentam. De nada adiantaria um príncipe virtuoso se não soubesse ser 
precavido ou ousado, aguardando uma ocasião propícia, ou aproveitando o acaso e a sorte das 
circunstâncias, como observador atento do curso da história. 
O legado de Maquiavel 
 
O príncipe tem provocado inúmeras interpretações e 
controvérsias. Uma primeira leitura nos dá a visão de uma 
defesa do absolutismo e do mais completo imoralismo: “É 
necessário a um príncipe, para se manter, que aprenda a poder 
ser mau e que se valha ou deixe de valer-se disso segundo a 
necessidade” (Op. cit.: 49). Mas, segundo ROUSSEAU (1987: 89), trata-se de uma sátira e a 
intenção verdadeira de Maquiavel seria o desmascaramento das práticas despóticas, 
ensinando, portanto, o povo a se defender dos tiranos. 
Aliás, essas idéias democráticas aparecem veladamente também no capítulo IX de O 
príncipe, quando Maquiavel se refere à necessidade de o governante ter o apoio do povo, 
sempre melhor do que o apoio dos grandes, que podem ser traiçoeiros. O que está sendo 
 
 
 
2 
Mais adiante, teremos a oportunidade de discutir a maneira como Max WEBER (1972) retomará essa 
discussão sobre os critérios de avaliação ética da ação política. Por ora, basta-nos asseverar que as 
formulações de Maquiavel fundam o uso da chamada razão de Estado como princípio justificador das ações do 
príncipe. 
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timidamente esboçado aí é a idéia de consenso, que terá importância fundamental nos 
séculos seguintes. 
O pensamento de Maquiavel nos leva à reflexão acerca da situação dramática e ambivalente 
do homem de ação: se o indivíduo aplicar de forma inflexível o código moral que rege sua 
vida pessoal à vida política, sem dúvida colherá fracassos sucessivos; se privilegiar a sua 
integridade moral, poderá vir a ser um político incompetente. Essa posição tende a reprovar 
a conduta dos ―políticos imorais‖. A leitura maquiaveliana sugere a superação desses 
escrúpulos imobilistas: 
“Se o indivíduo, na sua existência privada, tem o direito de sacrificar o seu bem pessoal 
imediato e até sua própria vida a um valor moral superior, ditado pela sua consciência, pois 
em tal hipótese estará incorrendo apenas seu destino particular, o mesmo não acontece com 
o homem de Estado, sobre o qual pesam a pressão e a responsabilidade dos interesses 
coletivos; este, de fato, não terá o direito de tomar uma decisão que envolva o bem-estar ou 
a segurança da comunidade, levando em conta tão-somente as exigências da moral privada; 
casos haverá em que terá o dever de violá-la para defender as instituições que representa ou 
garantir a própria sobrevivência da nação” (Escorel, 1979: 104). 
No entanto, vale lembrar que o pensamento de Maquiavel tem sentido na medida em que ele 
expressa uma tendência fundamental de sua época, ou seja, a defesa do absolutismo do 
Estado e a valorização de uma política secular. Talvez por isso se explique o extremo 
politicismo, ou seja, a hipertrofia do valor político, de cujas conseqüências últimas talvez nem 
ele próprio pudesse suspeitar. Ernesto Cassirer (1976: 157), filósofo alemão contemporâneo, 
observa que a experiência pessoal de Maquiavel se baseava nas pequenas tiranias italianas 
do século XVI, que não podem ser comparadas às monarquias absolutas do século XVII nem 
às nossas ditaduras modernas, o que nos faria ver hoje o maquiavelismo através de uma 
lente de aumento. 
Para finda esta análise a sugestão é que leia a obra de Maquiavel, mas enquanto isto não 
acontece aproveite de um trecho do mesmo. 
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Quem quiser praticar a bondade em tudo o que faz está condenado a penar, entre tantos 
que não são bons. É necessário, portanto, que o príncipe que deseja manter-se aprenda a 
agir sem bondade, faculdade que usará ou não, em cadacaso, conforme seja necessário. 
[…] 
Pode-se observar que todos os homens – especialmente os soberanos, colocados em 
posição mais elevada – têm a reputação de certas qualidades que lhe valem elogios ou 
vitupérios (palavra ou atitude ofensiva). Assim, alguns são tidos como liberais, outros por 
miseráveis […]; um é considerado generoso; o outro, ávido; um cruel; o outro, 
misericordioso; um, efeminado e pusilânime (covarde); e outro bravo e corajoso; […] e 
assim por diante. 
Naturalmente, seria muito louvável que um príncipe possuísse todas as boas qualidades 
acima mencionadas, mas como isso não é possível, pois as condições humanas não o 
permitem, é necessário que tenha a prudência necessária para evitar o escândalo 
provocado pelos vícios que poderiam faze-lo perder seus domínios, evitando os outros, se 
for possível; se não for, poderá pratica-los com menores escrúpulos. Contudo não deverá 
preocupar-se com a prática escandalosa daqueles vícios sem os quais é difícil salvar o 
Estado; isto porque, se se refletir bem, será fácil perceber que certas qualidades que 
parecem virtudes levam à ruína, e outras, que parecem vícios, trazem como resultado o 
aumento da segurança e do bem-estar. 
MAQUIAVEL.O príncipe.Apud: ARANHA, Maria Lucia de Arruda. Maquiavel – A lógica da 
força. São Paulo: Moderna, 1993 
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1) Qual a importância da obra de Maquiavel para o desenvolvimento da ciência política? 
 
2) Qual a conclusão que Maquiavel chega ao observar e estudar os homens e a 
sociedade de seu tempo? 
3) Quais pontos do Texto acima indicam com clareza o legado de Maquiavel para a 
compreensão da política? 
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VÍDEO 
http://www.youtube.com/watch?v=KYDSWpwxj7o 
 
 
 
Objetivo: Levar o aluno a se situar dentro das teorias intitulada Direito Natural, 
Contratualismo e Liberalismo. 
 
 
 
Dentro do cenário dos estudos da Ciência Política destaca-se a abordagem acerca do 
pensamento contratualista Jusnaturalista e do Liberalismo Inglês, Nesta unidade 
adentraremos de modo introdutório nestes tópicos que serão abordados em outras unidades. 
 
Iniciaremos pelo contratualismo. Afinal, no que ele consiste? 
 
Há um vídeo que, em sua simplicidade, o ajudará adentrar na perspectiva e clima da 
formação dessa corrente. Assista! 
 
 
Peço que assista novamente o vídeo e anota os dados referentes a corrente filosófica 
explícitos no mesmo. 
Inseridos no bojo do contratualsmo encontramos a reflexão acerca do jusnaturalismo. Afinal, 
o que é o jusnaturalismo? 
UNIDADE 5 
http://www.youtube.com/watch?v=KYDSWpwxj7o
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O modelo jus naturalista é construído com base na grande dicotomia estado de natureza 
vs. Estado de sociedade. Ele contém alguns elementos caracterizadores, que podem ser 
enumerados do seguinte modo: 
1. o ponto de partida da análise da origem e do fundamento do Estado é o estado de 
natureza, ou seja, uma situação não política e antipolítica; 
2. entre o estado de natureza e o estado de sociedade há uma relação de contraposição, 
no sentido em que o estado de sociedade surge como a antítese do estado de natureza, 
do qual é chamado a corrigir os males ou eliminar os defeitos; 
3. o estado de natureza é um estado cujos elementos constitutivos são, primária e 
principalmente, os indivíduos singulares não associados, embora associáveis; 
4. os elementos constitutivos do estado de natureza, ou seja, os indivíduos, são livres e 
iguais uns em relação aos outros, de modo que o estado de natureza é sempre figurado 
como um estado no qual reinam a igualdade e a liberdade; 
5. a passagem do estado de natureza ao estado de sociedade não ocorre 
necessariamente pela própria força das coisas, mas através de uma ou mais convenções, 
ou seja, através de um ou mais atos voluntários e deliberados dos indivíduos interessados 
em sair do estado de natureza, com a conseqüência de que o estado de sociedade é 
concebido como um ente artificial, ou, como se diria hoje, como um produto da cultura e 
não da natureza; 
6. o princípio de legitimação da sociedade política, diferentemente de qualquer outra 
forma de sociedade natural, em particular da sociedade familiar, é o consenso. 
In http://www.coladaweb.com/direito/sociedade_estado_direito.htm 
 
E o Liberalismo? No que consiste? 
 
 
 
Em Filosofia Política, o que chamamos Liberalismo é a forma ao mesmo tempo racional e 
intuitiva de organização social em que prevalece a vontade da maioria quanto à coisa 
pública, e que está livre de qualquer fundamento filosófico ou religioso capaz de limitar ou 
impedir a liberdade individual e a igualdade de direitos, e no qual o desenvolvimento e o 
bem 
http://www.coladaweb.com/direito/sociedade_estado_direito.htm
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estar social dependem da divisão do trabalho, do direito de propriedade, da livre 
concorrência e do sentimento de fraternidade e responsabilidade filantrópica frente à 
diversidade de aptidões e de recursos dos indivíduos. Em sua inteira expressão, o 
pensamento liberal contem um aspecto intuitivo, além do puramente racional, e esquecer 
essa particularidade – como, me parece, faz grande número de filósofos e cientistas 
políticos – implica em não compreender inteiramente a essência do Liberalismo. 
 
Na antiguidade – na Grécia de alguns séculos antes de Cristo –, existiu um regime 
semelhante ao Liberalismo, pelo menos no que diz respeito à livre decisão do povo, 
através do voto da maioria, nas questões de interesse público. Porém foi nessa mesma 
Grécia, daquela mesma época, que a idéia rival do Liberalismo foi ensinada por Platão. 
Em sua obra A República ele argumenta que a maioria do povo é ignorante, e não sabe 
decidir racionalmente de acordo com a vontade geral de bem estar social. Por esse 
motivo, o voto deveria ser privilégio da elite de filósofos, homens esclarecidos que 
saberiam muito melhor o que seria o bem para todos. Embora não existissem as 
denominações Liberalismo (vontade livre da maioria) e Socialismo (vontade racional da 
minoria esclarecida), os germes dessas duas idéias opostas já estavam nessas duas 
posições políticas. 
 
O Liberalismo parte do princípio de que o homem nasce livre, tem a propriedade dos bens 
que extrai da natureza ou adquire por via de seu mérito ou diligência e, quando 
plenamente maduro e consciente, pode fazer sua liberdade prevalecer sobre as reações 
primárias do próprio instinto e orientar sua vontade para a virtude. Uma pessoa madura e 
livre está à altura de perseguir sua felicidade a seu modo, porém respeitada uma escala 
de valores discutida e aprovada por todos, ou seja, ela deve reconhecer sua 
responsabilidade em relação ao seu próprio destino e ao objetivo da felicidade coletiva 
em sua comunidade ou nação. Será contraditório que alguém ou algum grupo tenha 
naturalmente poderes para cercear essa liberdade sem que parta do próprio indivíduo 
uma concordância para tal. 
 
 
Prof. Dr. Rubem Queiroz Costa 
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1) Quais são os elementos que caracterizam o modelo Jus naturalista? 
 
2) Quais os seriam os principais nexos existentes entre o modelo jusnaturalista e o 
liberalismo burguês? 
 
Dirija-se ao sítio virtual abaixo e leia o artigo de Rubem Queiroz Costa e, em seguida, 
responda as questões: 
http://www.cobra.pages.nom.br/ftm-liberalismo.html 
 
 
http://www.cobra.pages.nom.br/ftm-liberalismo.html
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Objetivo: Aprofundar o estudo sobre as teorias acerca do conceito Estado 
 
Um dos principais pontos tratados na Ciência política é o conceito ESTADO. Nesta unidade 
faremos um estudo dirigidousando de trechos de Said Maluf (*) ―Sociedade, Estado e 
Direito‖ no qual solicito que indiques a que teorias os mesmos remetem. Para isto, leia o 
texto abaixo. 
ESTADO E DIREITO. 
O PROBLEMA DA PERSONALIDADE DO ESTADO. 
 
 
CONCEITO: O Estado é uma organização destinada a manter, pela aplicação do Direito, as 
condições universais de ordem social. E o Direito é o conjunto das condições existenciais da 
sociedade, que ao Estado cumpre assegurar. 
Para o estudo do fenômeno estatal, tanto quanto para a iniciação na ciência jurídica, o 
primeiro problema a ser enfrentado é o das relações entre Estado e Direito. Representam 
ambos uma realidade única? São duas realidades distintas e independentes? 
No programa da ciência do Estado, este problema não pode passar sem um esclarecimento 
preliminar. E sendo tão importante quanto complexo, daremos aqui pelo menos um resumo 
das correntes que disputam entre si a primazia no campo doutrinário. 
Dividem-se as opiniões em três grupos doutrinários, que são os seguintes: 
 
TEORIA MONÍSTICA 
 
 
Também chamada do estatismo jurídico, segundo a qual o Estado e o Direito confundem- 
se em uma só realidade. 
UNIDADE 6 
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Para os monistas só existe o direito estatal, pois não admitem eles a idéia de qualquer regra 
jurídica fora do estado. O Estado é a fonte única do direito, porque quem dá vida ao Direito 
é o Estado através da ―força coativa‖ de que só ele dispõe. Logo, como só existe o Direito 
emanado do Estado, ambos se confundem em uma só realidade. 
Foram precursores do monismo jurídico: Hegel, Thomas Hobbes e Jean Bodin. 
Desenvolvida por Rudolf von Ihering e John Austin, alcançou esta teoria a sua máxima 
expressão com a escola técnico-jurídica liderada por Jellinek e com a escola vienense de 
Hans Kelsen. 
TEORIA DUALÍSTICA 
 
Também chamada pluralística, que sustenta serem o Estado e o Direito duas realidades 
distintas, independentes e inconfundíveis. 
Para os dualistas o Estado não é a fonte única do Direito nem com este se confunde. O que 
provém do Estado é apenas uma categoria especial do Direito: o direito positivo. Mas 
existem também os princípios de direito natural, as normas de direito costumeiro e as regras 
que se firmam na consciência coletiva, que tendem a adquirir positividade e que, nos casos 
omissos, o Estado deve acolher para lhes dar jurisdicidade. 
Afirma esta corrente que o Direito é criação social, não estatal. O Direito, assim, é um fato 
social em contínua transformação. A função do Estado é positivar o Direito, isto é, traduzir 
em normas escritas os princípios que se firmam na consciência social. 
O dualismo (ou pluralismo), partindo de Gierke e Gurvitch, ganhou terreno com a doutrina 
de Léon Duguit o qual condenou formalmente a concepção monista, admitiu a pluralidade 
das fontes do Direito positivo e demonstrou que as normas jurídicas têm sua origem no 
corpo social. 
Desdobrou-se o pluralismo nas correntes sindicalista e corporativistas, e, principalmente, no 
institucionalismo de Hauriou e Rennard, culminando, afinal, com a preponderante e vigorosa 
doutrina de Santi Romano, que lhe deu um alto teor de precisão científica. 
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TEORIA DO PARALELISMO 
 
Segundo a qual o Estado e o Direito são realidades distintas, porém necessariamente 
interdependentes. 
Esta terceira corrente, procurando solucionar a antítese monismo-pluralismo, adotou a 
concepção racional da graduação da positividade jurídica, defendida com raro brilhantismo 
pelo eminente mestre de Filosofia do Direito na Itália, Giorgio Del Vecchio. 
Reconhece na teoria do pluralismo a existência do direito não-estatal, sustentando que 
vários centros de determinação jurídica surgem e se desenvolvem fora do Estado, 
obedecendo a uma graduação de positividade. Sobre todos estes centros particulares do 
ordenamento jurídico, prepondera o Estado como centro de irradiação da positividade. 
A teoria do paralelismo completa a teoria pluralista, e ambas se contrapõem com vantagem 
à teoria monista. Efetivamente, Estado e Direito são duas realidades distintas que se 
completam na interdependência. Como demonstra o Prof. Miguel Reale, a teoria do sábio 
mestre da Universidade de Roma coloca em termos racionais e objetivos o problema das 
relações entre o Estado e o Direito, que se apresenta como um dos pontos de partida para o 
desenvolvimento atual do Culturalismo. 
 
RELAÇOES ENTRE O ESTADO E O DIREITO: 
 
Teoria monista (do estatismo jurídico) 
Teoria dualista (ou pluralística) 
Teoria do paralelismo 
 
Na equação dos termos Estado-Direito é necessário ter sempre em vista esses três troncos 
doutrinários, dos quais emana toda a ramificação de teorias justificativas do Estado e do 
Direito. 
O Problema da Personalidade do Estado 
 
A questão teve origem com os contratualistas, pois necessitavam do Estado como 
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Pessoa Jurídica para figurar no ―Contrato Social‖. 
 
No Século XIX, os publicistas alemães passaram a estudar esse problema que de 
essencialmente político passou a ser objeto da dogmática jurídica. 
 
 
As teorias sobre o terna se dividem em: 
 
1) Ficcionistas: conceituam o Estado como fruto de uma ficção ou artifício. 
 
SAVIGNY: Pessoa Jurídica, sendo o Estado um sujeito artificial. 
 
HANS KELSEN, já no século XX, também conceituou o Estado como sujeito artificial como a 
personalização da ordem jurídica. 
2) Realistas: Estadoorganismo biológico (corpo, tigre, leão, dragão, Leviatã) 
 
ALBECHT: asseverava em 1837: ―Ainda nos veremos obrigados a representar o Estado 
como uma pessoa jurídica‖. 
GERBEN: organicismo ético (moral); não- palpável. 
 
GIERKE: o Estado atua através das pessoas físicas dos órgãos estatais. 
LABAND: a capacidade do Estado é manifestada pela vontade do governante. 
JELLINEK: a unidade coletiva, consistente na associação não é ficção, mas a forma 
necessária de síntese de nossa consciência forma a base das instituições e estas tais 
unidades jurídicas não são menos capazes de adquirir subjetividade jurídica que os 
indivíduos humanos. 
ALEXANDRE GROPPLI: analisando estas teorias chamou de ―abstração‖ o processo pelo 
qual se afirma o Estado como pessoa jurídica explicando que a vontade não tem vida física. 
OS OPOSITORES A ESSAS TEORIAS SÃO OS NEGATIVISTAS: 
 
MAX SEYDEL: nega a unidade e o organismo estatal. Não existe vontade do Estado, mas 
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EXERCÍCIO 
 
Obs.: leia os textos abaixo (extraídos do artigo de Said Maluf) e escreva abaixo de 
cada um dos trechos a que teoria se refere. No final do exercício estará a resposta – 
que você deverá olhar no término do mesmo. 
A) 
 
―Reconhece à existência do Direito não estatal, sustentando que vários centros de 
determinação jurídica surgem e se desenvolvem fora do Estado, obedecendo a uma 
graduação de positividade. Sobre todos esses centros particulares do ordenamento jurídico, 
prepondera o Estado como centro de irradiação da positividade. O ordenamento jurídico do 
Estado, afirma Del Vecchio, representa aquele que, dentro de todos os ordenamentos 
jurídicos possíveis, se afirma como o ―verdadeiro positivismo‖, em razão de sua 
conformidade com a vontade social predominante‖. 
R.: Esta é a teoria . 
Estado, não se confunde com a pessoa natural, só a pessoa tem direitos e obrigações e o 
Estado para ter direitos e obrigações tem de ser reconhecido como pessoa. Também para o 
limite jurídico no relacionamento do Estado com o cidadão. 
http://www.loveira.adv.br/material/tge6.htm 
do órgão como age quando física pessoa a DALMO DALLARI: 
sobre o Estado. 
 
DONATI: o que é a vontade do governante que é o portador da soberania e subjetividade 
estatal. 
LÉON DUGUIT: relaçãode subordinação entre os que mandam e os que são mandados. 
http://www.loveira.adv.br/material/tge6.htm
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B) 
 
Também chamada de estatismo jurídico, segundo a qual o Estado e o Direito confundem-se 
em uma só realidade.Para os monistas só existe o direito estatal, pois não admitem a idéia 
de qualquer regra jurídica fora do Estado. O Estado é a única fonte do Direito, porque quem 
dá vida ao Direito é o Estado através da ―força coativa‖ de que só ele dispõe. Regra jurídica 
sem coação, disse Ihering, é uma contradição em si, um fogo que não queima, uma luz que 
não ilumina. Logo, como só existe o Direito emanado do Estado, ambos se confundem em 
uma só realidade‖. 
R.: Esta é a teoria . 
 
Foram precursores do monismo jurídico Hegel, Hobbes e Jean Bodin. Desenvolvida por 
Rudolf Von Ihering e John Austin, alcançou esta teoria a sua máxima expressão com a 
escola técnico-jurídica liderada por Jellinek e com a escola vienense de Hans Kelsen. 
 
 
C) 
 
(...) Estado não é a única fonte do Direito nem com este se confunde. O que provém do 
Estado é apenas uma categoria especial do Direito: o direito positivo. Mas existem também 
os princípios de direito natural, as normas de direito costumeiro e as regras que se firmam na 
consciência coletiva, que tentem a adquirir positividade e que, nos casos omissos, o Estado 
deve acolher para lhes dar juridicidade. Além do Direito não-escrito existem o direito 
canônico que independe da força coativa do poder civil, e o direito das associações menores 
que o Estado reconhece e ampara. 
R.: Esta é a teoria . 
 
RESPOSTAS: Paralelsmo; B) Monista; C) Dualista. 
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PESQUISE 
 
Sobre a defesa de tal teoria por Robert Filmer, (no período de Carlo I – monarca absolutista). 
 
 
 
Objetivo: adentrar na problemática de algumas teorias acerca da origem do Estado 
 
 
Muitas são as teorias que abordam a origem do Estado – assunto relevante para a 
perspectiva do estudo da Ciência política. Temos alguns posicionamentos. 
O primeiro bloco é o das teorias que afirmam que foram as bases familiares que 
impulsionaram a formação da origem o Estado. Estas são de conteúdo religioso (dizendo 
haver um primeiro casal que deu origem a tudo). Tem caráter patriarcal, onde os velhos são 
respeitados. E, deste modo, o Estado seria um ampliação da realidade familiar. Os principais 
divulgadores desta teoria foram Sumner Maine, Westermack e Starke. 
Tem como base política central a defesa da autoridade do monarca, o direito da 
promogenituta... 
 
 
 
 
 
Outra teoria na mesma perspectiva é a matriarcal. Onde os primórdios das organizações se 
deram no seio da concepção materna donde, posteriormente, foi substituído pelo patriarcado. 
UNIDADE 7 
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Na seqüência temos a chamada teoria patriarcal 
 
Essa teoria tem suas raízes, segundo alguns autores da filosofia de Platão, que admitiu, 
no Livro II de sua República, originar-se o Estado da união das profissões econômicas. 
Também Cícero explica o Estado como uma organização destinada a proteger a 
propriedade e regulamentar as relações de ordem patrimonial. 
Decorre desta teoria, de certo modo, a afirmação de que o direito de propriedade é um 
direito natural, anterior ao Estado. 
O Estado feudal, da Idade Média, ajustava-se perfeitamente a esta concepção: era uma 
organização essencialmente de ordem patrimonial. Entretanto, como instituição anômala, 
não pode fornecer elementos seguros à determinação das leis sociológicas. 
Haller, que foi o principal corifeu da teoria patrimonial, afirmava que a posse da terra 
gerou o poder público e deu origem à organizaçào estatal. 
Modernamente esta teoria foi acolhida pelo socialismo, doutrina política que considera o 
fator econômico como determinante dos fenômenos sociais.(*) 
Outra Teoria e a da força: 
 
Também chamada ―da origem violenta do Estado‖, afirma que a organização política 
resultou do poder de dominação dos mais fortes sobre os mais fracos. Dizia Bodim que ―o 
que dá origem ao Estado é a violência dos mais fortes‖. 
 
 
 
PESQUISE 
Sobre os principais defensores desta teoria: Bachofen, Morgan, Grose, Kholer e Durkheim. 
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Gumplowicz e Oppenheimer desenvolveram amplos estudos a respeito das primitivas 
organizações sociais, concluindo que foram elas resultantes das lutas travadas entre os 
indivíduos, sendo o poder público uma instituição que surgiu com a finalidade de 
regulamentar a dominação dos vencedores e a submissão dos vencidos. Franz 
Oppenheimer, médico, filósofo e professor de ciência política em Frankfurt, escreveu 
textualmente: ―o Estado é inteiramente, quanto `a sua origem, e quase inteiramente 
quanto à sua natureza, durante os primeiros tempos de sua existência, uma organização 
social imposta por um grupo vencedor a um grupo vencido, destinada a manter esse 
domínio internamente e proteger-se contra ataques exteriores‖. 
Thomas Hobbes discípulo de Bacon, foi o principal sistematizador desta doutrina, no 
começo dos tempos modernos. Afirma este autor que os homens, no estado de natureza, 
eram inimigos uns dos outros e viviam em guerra permanente. E como toda guerra 
termina com a vitória dos mais fortes, o Estado surgiu como resultado dessa vitória, sendo 
uma organização do grupo dominante para manter o domínio sobre os vencidos. 
Note-se que Hobbes distinguiu duas categorias de Estados: real e racional. O Estado que 
se forma por imposição da força é o Estado real, enquanto que o Estado racional provém 
da razão, segundo a fórmula contratualista. 
Esta teoria da força, disse Jellinek, ―apoia-se aparentemente nos fatos históricos: no 
processo da formação originária dos Estados quase sempre houve luta; a guerra foi, em 
geral, o princípio criador dos povos. Ademais, essa doutrina parece encontrar confirmação 
no fato incontestável de que todo Estado representa, por sua natureza, uma organização 
de forma e dominação. 
Entretanto, como afirma Lima Queiroz, o conceito de força como origem de autoridade, é 
insuficiente para dar a justificação a base da legitimidade e a explicação jurídica dos 
fenômenos que constituem o Estado. 
Ressalta à evidência que, sem força protetora e atuante, muitas sociedades não teriam 
podido organizar-se em Estado. Todos os poderes, inicialmente, foram protetores. Para 
refrear a tirania das inclinações individuais e conter as pretensões opostas, recorreu-se, a 
princípio, à criação de um poder coercitivo, religioso, patriarcal ou guerreiro. E tal poder 
teria sido o primeiro esboço do Estado. 
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SAIBA MAIS 
Acessando o site: 
http://www.loveira.adv.br/material/tge2.htm 
http://books.google.com.br/books?id=yJ96sUg6vIYC&pg=PA121&lpg=PA121&dq=teoria+patri 
arcal+estado&source=bl&ots=kfDUrOWYml&sig=QA3DNVKF-JOR8ArpbsaPb1pVquA&hl=pt- 
BR&ei=HPrrTOfxNMnDnAeikaXKAQ&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=9&ved=0CE0 
Q6AEwCA#v=onepage&q=teoria%20patriarcal%20estado&f=false 
 
Segundo um entendimento mais racional, porém, a força que dá origem ao Estado não 
poderia ser a força bruta, por si só, sem outra finalidade que não fosse a dominação, mas 
sim, a força que promove a unidade, estabelece o direito e realiza a justiça. Neste sentido 
é magnifica a lição de Fustel de Coulanges: as gerações modernas, em suas idéias sobre 
a formação dos governos, são levados a crer, ora que eles são resultantes 
exclusivamente da força e da violência, ora que são uma criação da razão. É um duplo 
erro: a origem das instituições sociais não deve ser procurada tão alto nem tão baixo. A 
força bruta não poderia estabelecê-las; as regras da razãosão impotentes para criá-las. 
Entre a violência e as vãs utopias, na região média em que o homem se move e vive, 
encontram-se os interesses. São eles que fazem as instituições e que decidem sobre a 
maneira pela qual uma comunidade se organiza politicamente.(*) 
(*)http://www.coladaweb.com/direito/sociedade,-estado-e-direito 
 
 
 
http://www.loveira.adv.br/material/tge2.htm
http://books.google.com.br/books?id=yJ96sUg6vIYC&pg=PA121&lpg=PA121&dq=teoria%2Bpatri
http://www.coladaweb.com/direito/sociedade%2C-estado-e-direito
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1) Quais são os problemas iniciais propostos pelo autor? 
2) Comente o parágrafo apontando o que está por trás de suas linhas: 
O que quer que seja, não é o mesmo que o poder (absoluto). A autoridade decorre da 
legitimidade que se possui para governar, e o simples poder não garante esta 
legitimidade. Há uma máxima bastante popular entre os tiranos que diz "o poder faz o 
direito". 
 
 
 
Objetivo: perceber a justificação do Estado. 
 
O que justifica a existência e presença do Estado? 
 
 
 
Uma justificativa objetiva e certa não é possível ser pensada. Na verdade justificar o Estado 
é sempre uma tarefa de grande esforço. Este estudo faremos com o auxílio do prof. Jean 
Hampton (da Universidade do Arizona) em seu artigo: O problema da justificativa do Estado 
(publicado na Revista Crítica na Rede). Por favor, acesse, imprima e dialogue om o texto 
mediante as questões abaixo: 
http://criticanarede.com/html/pol_justestado.html 
 
 
3) Como legitimidade e obediência estão relacionadas? 
 
UNIDADE 8 
http://criticanarede.com/html/pol_justestado.html
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―Não posso odiar ou gostar do que me mandam fazer, pois desde que essa ordem derive de 
uma autoridade política legítima, acredito que tenho a obrigação de a cumprir. Essa 
obrigação suplanta todo o tipo de razões que eu possa ter contra a obediência a ordens 
directas (ainda que possamos pensar que não suplanta todas as razões — por exemplo, 
pode não suplantar as razões baseadas em certos princípios morais que possam parecer 
mais importantes do que a obrigação política, como afirmam os defensores da desobediência 
civil)‖. 
Hampton 
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VÍDEO 
 
http://www.youtube.com/watch?v=hl7ZTOycrmU&feature=fvsr 
 
 
 
Objetivo: Aprofundar o pensamento político de Thomas Hobbes. 
 
 
Thomas Hobbes 
 
 
 
Olá! 
 
Dentro do estudado na Unidade anterior nos aplicaremos nesta unidade ao pensamento 
político de Thomas Hobbes. Para tanto sugiro que assista o vídeo abaixo sobre a vida do 
filósofo. A intenção deste simples vídeo é auxiliá-lo a integrar-se no universo do tempo de 
Hobbes e de sua vida. 
 
 
 
Thomas Hobbes, inglês de família pobre, conviveu com a 
nobreza, de quem recebeu apoio e condições para estudar, e 
defendeu ferrenhamente o direito absoluto dos reis, ameaçado 
pelas novas tendências liberais. Teve contato com Descartes, 
Francis Bacon e Galileu. Preocupou-se, entre outras coisas, com 
o problema do conhecimento, tema básico das reflexões de sua 
época. 
UNIDADE 9 
http://www.youtube.com/watch?v=hl7ZTOycrmU&feature=fvsr
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O que ocorria no século XVII, tempo em que Hobbes viveu? 
 
O absolutismo, atingindo o apogeu, encontrava-se em vias de ser ultrapassado, enfrentando 
inúmeros movimentos de oposição, baseados em idéias liberais. Se, numa primeira fase 
(Inglaterra de Isabel e França de Luís XIV) o absolutismo era o corolário das práticas 
econômicas mercantilistas, pois as indústrias nascentes eram protegidas pelo governo, numa 
segunda fase o desenvolvimento do capitalismo comercial contribuiu para miná-lo, com a 
burguesia ascendente agora aspirando ao poder. 
Continuava o processo de laicização do pensamento, a partir de um sentimento de 
independência em relação ao papado e de uma crítica à teoria do poder divino dos reis. 
A vida política era agitada por movimentos revolucionários: na França, terminada a Guerra 
dos Trinta Anos (1618-1648), rebentava a Fronda; na Inglaterra, Cromwell, comandando a 
Revolução Puritana, destronava e executava o rei Carlos I (1649). 
Ao contrário da maioria dos escritores políticos, Hobbes jamais se ocupou ativamente da 
prática política, nem como homem de partido e nem como conselheiro de príncipes. 
Portanto, foi um teórico político no sentido mais estrito da expressão. Em comparação com 
Maquiavel, ele poderia bem ser considerado ―apenas um erudito‖. 
Mesmo não tendo sido jamais um político militante, Hobbes escreveu sobre a política partindo do 
problema real e crucial de seu tempo: o problema da unidade do Estado, ameaçada, por um 
lado, pelas discórdias religiosas e pelo contraste entre os gládios temporal e espiritual e, pelo 
outro lado, pelo dissenso entre a Coroa e o parlamento ingleses, sempre envolvidos em disputas 
em torno da divisão de poderes. O ideal defendido por Hobbes é o da unidade contra a anarquia. 
Hobbes é obcecado pela idéia da dissolução da autoridade, pela desordem que julga resultar da 
liberdade de discordar sobre o justo e o injusto, pela desagregação da unidade do poder, 
destinada a ocorrer quando se começa a defender a idéia de que o poder deve ser limitado, ou, 
numa palavra, obcecado pela anarquia que seria o retorno do homem ao estado de natureza. O 
mal que ele mais teme não é a opressão que deriva do excesso de poder, mas a insegurança 
que resulta, ao contrário, da escassez de poder centralizado. Insegurança, antes de mais nada, 
da vida, entendida como 
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, 
 
o bem supremo e condição de possibilidade do gozo dos demais bens, tal como o da 
propriedade privada. 
Na descrição do estado de natureza que nos é oferecida nas duas principais obras políticas 
de Hobbes
3 
ele aduz os argumentos que justificam a criação do Estado (ou Leviatã, 
poderoso monstro bíblico ao qual Hobbes faz referência repetidas vezes, por analogia). 
Esses argumentos nascem de uma análise tanto das condições objetivas em que os homens 
se encontram no estado de natureza (condições independentes de suas vontades) quanto 
das paixões ou desejos humanos (que as condições contribuem em parte para alimentar). 
A principal condição objetiva do homem em estado de natureza é a igualdade de fato: 
enquanto iguais por natureza, os homens são capazes de causar uns aos outros o maior dos 
males: a morte. Se acrescenta depois uma segunda condição objetiva, a escassez dos bens, 
pelo que pode ocorrer que mais de um homem deseje possuir a mesma coisa, a igualdade 
faz surgir em cada um a esperança de realizar seu próprio objetivo. Disto nasce um estado 
permanente de desconfiança recíproca, que leva cada um a se preparar mais para a guerra 
(e, quando necessário, a realizá-la) do que para a busca da paz. Entre as condições 
objetivas, a obra do cidadão dá particular relevo ao jus in omnia, isto é, ao direito que a 
natureza deu a cada um que vive fora da sociedade sobre todas as coisas: direito sobre 
todas as coisas significa que, quando as leis civis ainda não introduziram um critério de 
distinção entre o meu e o teu, todo homem tem direito de se apropriar de tudo o que cai 
sobre o seu poder, ou de tudo o que é útil para a sua própria conservação. Na verdade, 
essas condições objetivas bastariam por si só para explicar a infelicidade do estado de 
natureza: a igualdade de fato, unida à escassez dos recursos e ao direito sobre tudo, 
destina-se por si só a gerar um estado de impiedosa concorrência, que ameaça converter-se 
continuamente em luta violenta. A seguinte passagem do Leviatã é bastante ilustrativa, 
nesse sentido:3 
Do cidadão, publicado originalmente em 1642, e Leviatã ou matéria, forma e poder de um Estado eclesiástico 
e civil, publicado originalmente em 1651. As respectivas referências bibliográficas dessas duas obras, por nós 
utilizadas neste texto, são HOBBES, Thomas (1992 e 1988). 
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“A natureza fez os homens tão iguais, quanto às faculdades do corpo e do espírito que, 
embora por vezes se encontre um homem manifestamente mais forte de corpo, ou de 
espírito mais vivo do que outro, mesmo assim, quando se considera tudo isto em conjunto, a 
diferença entre um e outro homem não é suficientemente considerável para que qualquer um 
possa com base nela reclamar qualquer benefício a que outro não possa também aspirar, tal 
como ele. Porque quanto à força corporal o mais fraco tem força suficiente para matar o mais 
forte, quer por secreta maquinação, quer aliando-se com outros que se encontram 
ameaçados pelo mesmo perigo”. 
Quanto às faculdades do espírito (...) encontro entre os homens uma igualdade ainda maior 
do que a igualdade de força. Porque a prudência nada mais é do que a experiência, que um 
tempo igual igualmente oferece a todos os homens, naquelas coisas a que igualmente se 
dedicam. O que talvez possa tornar inaceitável essa igualdade é simplesmente a concepção 
vaidosa da própria sabedoria, a qual quase todos os homens supõem possuir em maior grau 
do que o vulgo; quer dizer, em maior grau do que todos menos eles próprios. 
(Continua...) 
 
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Objetivo: Aprofundar o pensamento político de Thomas Hobbes. 
 
 
Continuando o pensamento de Hobbes... 
 
 
 
Desta igualdade quanto à capacidade deriva a igualdade quanto à esperança de atingirmos 
nossos fins. Portanto se dois homens desejam a mesma coisa, que é impossível ela ser 
gozada por ambos, eles tornam-se inimigos. E no caminho para seu fim (que é 
principalmente a sua própria conservação e às vezes apenas seu deleite) esforçam-se por se 
destruir ou subjugar um ao outro. E disto se segue que, quando um invasor nada mais tem a 
recear do que o poder de um único outro homem, se alguém planta, semeia, constrói ou 
possui um lugar conveniente, é provavelmente de esperar que outros venham preparados 
com forças conjugadas, para desapossá-lo e privá-lo, não apenas do fruto de seu trabalho, 
mas também de sua vida e de sua liberdade. por sua vez, o invasor ficará no mesmo perigo 
em relação aos outros. 
E contra esta desconfiança de uns em relação aos outros, nenhuma maneira de se garantir é 
tão razoável como a antecipação; isto é, pela força ou pela astúcia, subjugar as pessoas de 
todos os homens que puder, durante o tempo necessário para chegar ao momento em que 
não veja qualquer outro poder suficientemente grande para ameaçá-lo (...). 
Por outro lado, os homens não tiram prazer algum da companhia uns dos outros ( e sim, pelo 
contrário, um enorme desprazer), quando não existe um poder capaz de manter a todos em 
respeito. 
(...) 
 
Com isto se torna manifesto que, durante o tempo em que os homens vivem sem um poder 
comum capaz de mantê-los a todos em respeito, eles se encontram naquela condição a que 
UNIDADE 10 
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se chama guerra; e uma guerra que é de todos os homens contra todos os homens. Pois a 
guerra não consiste apenas na batalha, ou no ato de lutar, mas naquele lapso de tempo 
durante o qual a vontade de travar batalha é suficientemente conhecida (...). 
Portanto, tudo aquilo que é válido para um tempo de guerra, em que todo homem é inimigo 
de todo homem, o mesmo é válido também para o tempo durante o qual os homens vivem 
sem outra segurança senão a que lhes pode ser oferecida por sua própria força e sua própria 
invenção. Numa tal situação não há lugar para a indústria, pois seu fruto é incerto; 
consequentemente não há cultivo da terra, nem navegação, nem uso das mercadorias que 
podem ser importadas pelo mar; não há construções confortáveis, nem instrumentos para 
mover e remover as coisas que precisam de grande força; não há conhecimento da face da 
Terra, nem cômputo do tempo, nem artes, nem letras; não há sociedade; e o que é pior do 
que tudo, um constante temor e perigo de morte violenta. E a vida do homem é solitária, 
pobre, sórdida, embrutecida e curta” (Hobbes, 1988: 74-6). 
A concepção que Hobbes tem do estado de natureza distancia-o da maior parte dos teóricos 
da política que o antecederam, os quais acreditaram haver no homem uma disposição 
natural para viver em sociedade. Em Do cidadão, Hobbes argumenta contra Aristóteles (384 
a.C. – 322 a.C.), para quem o homem é um animal político e já está naturalmente incluído 
numa ordem social. Como o desejo de conservação da vida é básico na teoria hobessiana, 
para ele os indivíduos entram em sociedade somente quando essa conservação se vê 
ameaçada. Os homens não viveriam em cooperação natural, como o fazem as abelhas e as 
formigas. O ―acordo‖ entre esses insetos é natural; entre os homens, só pode ser artificial. 
O homem, não sendo sociável por natureza, o será por artifício, por pacto ou contrato. É o 
medo da morte violenta que o leva a fundar um estado social e a autoridade política, 
abdicando de seus direitos naturais sobre todas as coisas em favor do soberano, que por 
sua vez terá um poder absoluto. A transmissão do poder deve ser total, caso contrário, se se 
conservar um pouco que seja da liberdade natural do homem, instaura-se de novo a guerra. 
Esse poder concentrado e absoluto se exerce ainda pela força, pois só a iminência do 
castigo pode atemorizar os homens. ―Os pactos sem a espada [sword] não são mais do que 
palavras [words]‖. Cabe ao soberano julgar sobre o bem e o mal, sobre o justo e o injusto; 
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Antes de continuar seus estudos é fundamental que você faça a Atividade 1, no link 
―Atividades‖. 
 
ninguém pode dele discordar, pois tudo o que o soberano faz é justificado pela autoridade 
que lhe foi investida pelo súdito no momento do pacto social. 
Investido de autoridade e dotado de poder, o soberano não pode ser destituído, punido ou 
morto, salvo se for incapaz de garantir aos seus súditos a paz social almejada pelo contrato. 
Ele tem o poder de prescrever leis, de julgar, de fazer a guerra e a paz, de recompensar e 
punir, de escolher os conselheiros, distribuir cargos e funções. Hobbes preconiza ainda a 
censura, sobretudo em matérias religiosas, já que o soberano é juiz das opiniões e doutrinas 
contrárias à sua própria vontade. E quando, afinal, Hobbes se pergunta se não seria muito 
miserável a condição de súdito diante de tantas restrições, conclui que nada se compararia 
às misérias que acompanham a guerra civil ou a condição dissoluta de homens sem 
soberano. 
 
A maneira como se dá, na teoria hobbesiana, a passagem do estado de natureza ao estado 
de sociedade é própria da concepção racionalista, segundo a qual a política é a esfera onde 
se chocam interesses contrapostos, mas compatíveis com procedimentos nos quais possa 
haver uma parcela relevante de cálculo racional que resulte em consenso. Tal concepção é 
contrária à concepção realista, cujo representante óbvio seria Maquiavel, a qual busca 
considerar a política do ponto de vista das paixões que nela se agitam e que precisam ser 
freadas por um poder externo não necessariamente consensual. O também inglês John 
Locke, escrevendo cerca de meio século após Thomas Hobbes, daria continuidade à sua 
concepção racionalista da política, como veremos a seguir em nossa próxima unidade. 
 
 
 
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Leia o trecho do texto de Hobbes abaixo, sob a recomendação de que leia integralmente 
a obra. 
 
O motivo que levaos seres humanos a criar os Estados é o desejo de abandonar 
essa miserável condição de guerra que […] [surge] quando não existe poder visível 
que os controle […]. O único caminho para criar semelhante poder comum, capaz 
de defende-los contra a invasão dos estrangeiros […], assegurando-lhes de tal 
modo que por sua própria atividade e pelos frutos da terra poderão alimentar-se a si 
mesmos e viver satisfeitos, é conferir todo o seu poder e fortaleza a um homem ou 
a uma assembléia de homens […] que representem sua personalidade […]. Isso é 
algo mais que consentimento ou concórdia; é uma unidade real de tudo isso em 
uma e mesma pessoa, instruída por pacto de cada homem com os demais […]. 
Feito isso, a multidão assim unida em uma pessoa se denomina Estado. 
Tradução livre de HOBBES, Thomas. O Leviatã. Apud: ARTOLA, Miguel. Textos fundamentales para 
 
la História. Madrid: Revista de Occidente, 1973. p. 327-8 
 
 
 
Para Hobbes: 
 
O que é o homem? 
 
O que é a sociedade? 
 
Qual a relação que ele estabelece entre o homem e a sociedade? 
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Objetivo: Estudar a contribuição de John Locke para o pensamento político. 
 
 
John Locke 
 
 
Olá! 
 
Passaremos nesta unidade a estudar a contribuição de John Locke para o pensamento 
político. 
 
 
As formulações de John Locke (1632-1704) 
 
Como a maior parte dos teóricos de sua época, John Locke refletiu sobre a origem e as 
condições de possibilidade do conhecimento humano. Sua teoria do conhecimento, exposta 
no Ensaio sobre o entendimento humano (1991, publicado originalmente em 1690) constitui 
uma longa, pormenorizada e hábil demonstração de uma tese: a de que o conhecimento 
humano é fundamentalmente derivado da experiência sensível. Fora dos limites da 
experiência sensível, a mente humana produziria, por si mesma, idéias cuja validez residiria 
apenas em sua compatibilidade interna, sem que se possa considerá-las como expressão de 
uma realidade exterior à própria mente. 
As teses políticas de Locke caminham em sentido paralelo às suas teses sobre a teoria do 
conhecimento. Assim como não existem idéias inatas no espírito humano, também não 
existe poder que possa ser considerado inato e de origem divina, como queriam os teóricos 
do absolutismo divino. Antes, Robert Filmer (1588-1653), autor de O patriarca, e um dos 
defensores do absolutismo divino, procurara demonstrar que o povo não é livre para escolher 
sua forma de governo e que os monarcas possuem um poder inato. Contra Filmer, Locke 
dirigiu seu Primeiro tratado sobre o governo civil; depois, desenvolveu suas próprias 
UNIDADE 11 
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formulações no Segundo tratado sobre o governo civil (1991, publicado originalmente em 
1689-90). Neles, Locke sustenta que o estado de sociedade e, conseqüentemente, o poder 
político nascem de um pacto entre os homens. Antes desse acordo, os homens viveriam em 
estado de natureza. 
Como vimos, as teses do estado de natureza e do pacto social também foram defendidas por 
Thomas Hobbes, mas o autor de Leviatã tinha objetivos inteiramente opostos aos de Locke, 
pois pretendia justificar o absolutismo. A diferença entre os dois resultava, basicamente, do 
que entendiam por estado de natureza, acarretando diferentes concepções sobre a natureza 
do contrato social e a estrutura do governo político. 
Para Locke, no estado de natureza ―nascemos livres na mesma medida em que nascemos 
racionais‖. Os homens, por conseguinte, seriam iguais, independentes e governados pela 
razão. O estado de natureza seria a condição na qual o poder executivo da lei natural 
permanece exclusivamente nas mãos dos indivíduos, sem se tornar comunal. Todos os 
homens participariam dessa sociedade singular que é a humanidade, ligando-se pelo laço 
comum da razão. No estado de natureza, todos os homens teriam o destino de preservar a 
paz e a humanidade e evitar ferir os direitos dos outros. 
Entre os direitos que Locke considera naturais, está o de propriedade, no qual os dois 
tratados sobre o governo concedem especial destaque. O direito à propriedade seria natural 
e anterior à sociedade civil, mas não inato. Sua origem residiria na relação concreta entre o 
homem e as coisas, através do processo de trabalho. Se, graças ao trabalho, o homem 
transforma as coisas, pensa Locke, o homem adquire o direito de propriedade: “Todo o 
homem possui uma propriedade em sua própria pessoa, de tal forma que a fadiga de seu 
corpo e o trabalho de suas mãos são seus”. Assim, em lugar de opor o trabalho à 
propriedade, Locke sustenta a tese de que o trabalho é a origem e o fundamento da 
propriedade. As coisas sem trabalho teriam pouco valor, e seria mediante o trabalho que elas 
deixariam o estado em que se encontram na natureza, tornando-se propriedades: 
“Embora a terra e todas as criaturas inferiores sejam comuns a todos os homens [no estado 
de natureza], cada homem tem uma propriedade em sua própria pessoa; a esta ninguém tem 
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qualquer direito senão ele mesmo. O trabalho do seu corpo e a obra das suas mãos, pode 
dizer-se, são propriamente dele. Seja o que for que ele retire do estado que a natureza lhe 
forneceu e no qual o deixou, fica-lhe misturado ao próprio trabalho, juntando-se algo que lhe 
pertence, e, por isso mesmo, tornando-o propriedade dele. Retirando-o do estado comum em 
que a natureza o colocou, anexou-lhe por esse trabalho algo que o exclui do direito comum 
de outros homens. Desde que esse trabalho é propriedade exclusiva do trabalhador, nenhum 
outro homem pode ter direito ao que se juntou, pelo menos quando houver bastante e 
igualmente de boa qualidade em comum para terceiros. 
Aquele que se alimenta das bolotas colhidas debaixo de um carvalho ou das maçãs 
apanhadas nas árvores da floresta, com toda certeza delas se apropriou para si. Ninguém 
pode negar que lhe pertença o alimento. (...) O trabalho [de colheita] que era meu, retirando- 
o do estado comum em que se encontrava, fixou a minha propriedade sobre ele” (Locke, 
1991: 227-8) (colchetes meus). 
Vivendo em perfeita liberdade e igualdade no estado de natureza, o homem, contudo, estaria 
exposto a certos inconvenientes. O principal seria a possível inclinação no sentido de 
beneficiar-se a si próprio. Como conseqüência, o gozo da propriedade e a conservação da 
liberdade e da igualdade ficariam seriamente ameaçados. 
Justamente para evitar a concretização dessas ameaças, o homem teria abandonado o 
estado de natureza e criado a sociedade política, através de um contrato não entre 
governantes e governados, mas entre homens igualmente livres. O pacto social não criaria 
nenhum direito novo, que viesse a ser acrescentado aos direitos naturais. O pacto seria 
apenas um acordo entre indivíduos, reunidos para empregar sua força coletiva na execução 
das leis naturais, renunciando a executá-las pelas mãos de cada um. Seu objetivo seria a 
preservação da vida, da liberdade e da propriedade, bem como reprimir as violações desses 
direitos naturais. Em oposição às idéias de Hobbes, Locke afirma que, através do contrato 
social, os homens não renunciam aos seus próprios direitos naturais, em favor do poder dos 
governantes. Após o pacto, os direitos naturais dos homens não desaparecem, subsistindo 
para limitar o poder do soberano, legitimando, em última instância, o direito à resistência e à 
insurreição. Em Locke, o poder político é um trust, um depósito confiado aos governantes. 
 
 
 
 
 
Em que Locke diverge de Hobbes? Justifique. 
 
Qual a influência de Locke no pensamento ocidental? 
O que é o poder político para Locke? 
 
Trata-se se uma relação de confiança entre governados e governantes e, se estes não 
visarem ao bem público, é permitido aos governados retirá-lo e confiá-lo a outrem.

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