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ANÁLISE DE FILME - UP ALTAS AVENTURAS

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CAMILA NASCIMENTO DOS SANTOS
AUTOR
AUTOR
ANÁLISE DE FILME SOB A PERSPECTIVA DA VELHICE: UP, ALTAS AVENTURAS
ITAJAÍ
2021
1. INTRODUÇÃO 
O filme “Up, Altas Aventuras” narra a história de Carl Fredricksen, que desde criança é apaixonado por aviação, e ao andar na rua brincando com seu balão, acaba escutando, em uma casa abandonada, outra criança falando “A aventura está lá fora”, lema do filme. Nessa casa, ele descobre a menina Ellie, que também ama aviação e brinca nesta casa, daí por diante, os dois viram muito amigos e se casam posteriormente, comprando essa mesma casa. Eles vivem muitas aventuras, trabalham juntos e Ellie até fica grávida, mas perde a criança depois, isso a abala muito, portanto, eles decidem guardar dinheiro para realizar seu sonho de ir para a América do Sul, no entanto, sempre ocorre algum imprevisto e a reserva financeira tem que ser adiada. 
À medida que envelhecem juntos, os dois planejam muitas coisas, até que a esposa adoece e a fim de tentar animá-la, Carl compra duas passagens para a América do Sul, mas Ellie infelizmente falece antes da viagem ocorrer. A partir de então, o personagem fica apático, rabugento e infeliz com a sua vida, tendo uma vida completamente monótona. Além disso, ele está prestes a perder o terreno em que sua casa está alocada, para um empresário que está construindo prédios na região, revoltado com isso, ao ver o andamento das obras, Carl acerta sem querer um funcionário da empresa com sua bengala. Depois de ser acusado por violência, ele começa a ser considerado como uma ameaça para a sociedade e a justiça decide então, enviá-lo para um asilo. Evitando ir para o asilo, e perder a sua casa também, o personagem decide usar muitos balões para que sua casa voe consigo dentro. 
Infelizmente nessa aventura, o escoteiro Russel acaba indo junto, já que estava na varanda da casa, e então, os dois partem para a América do Sul. A partir desse momento, os dois vivem muitas aventuras ao ir para o destino e tendo que retornar para casa logo após alguns incidentes que ocorrem no filme. 
O fato é que Carl descobre outra realidade ao aventurar-se com Russel, até então, desde a morte de Ellie a vida dele não fazia sentido, mas agora com o novo amigo, ele percebe que as coisas podem ser boas quando mudamos nosso ponto de vista e saímos da “caixa”. 
2. RELAÇÕES ENTRE A TEORIA E PRÁTICA
Neri (2013) descreve na terceira edição do Tratado de Geriatria e Gerontologia que a interação social e a socialização são conceitos básicos do paradigma do curso de vida, o sucesso no cumprimento das tarefas evolutivas típicas de cada idade conduz à satisfação, ao senso de ajustamento e ao sucesso no enfrentamento de tarefas futuras, ao passo que o fracasso conduz à insatisfação, à desaprovação social e a dificuldades na realização de futuras tarefas. 
O conceito organizador das tarefas evolutivas relacionadas com a velhice é a atividade, descrita como condição de uma velhice exitosa, caracterizada por altos níveis de satisfação, saúde e produtividade, em contrapartida, por desengajamento, entende-se o afastamento natural e normal das pessoas que envelhecem dos papéis sociais e das atividades anteriores (NERI, 2013).
No paradigma de curso de vida, o indivíduo e o ambiente social são vistos como entidades mutuamente influentes e, assim, coparticipantes no processo de construção da trajetória de desenvolvimento individual e das diferentes coortes. O desenvolvimento é visto como um processo contínuo de adaptação que dura por toda a vida (NERI, 2013).
O paradigma de curso de vida tem especial interesse pela análise do significado dos eventos de transição na vida das pessoas, que ao mesmo tempo em que quebram a estabilidade do desenvolvimento, também representam condições para mudanças adaptativas, Carl Fredricksen no filme, vai se desenvolvendo ao decorrer do filme, a partir especialmente do curso da sua vida, onde os indivíduos, no caso Ellie, foi muito influente em sua vida, mudando seu modo de pensar e agir fazendo-o ser uma pessoa mais feliz. E também o ambiente social, onde quando o mesmo se viu prestes a perder sua casa, teve que mudar o rumo de sua vida para que isto não acontecesse. É importante destacar também que o personagem foi se ajustando a medida em que as situações foram acontecendo, a morte de sua esposa lhe trouxe algumas modificações em sua vida, como por exemplo o fato de não descer a escada sozinho, e também, quando o mesmo estava dentro da floresta, ele teve que enfrentar, mesmo com insatisfação, pensando no futuro dele (sair da floresta e sobreviver), estes eventos todos geraram uma mudança adaptativa em Carl, gerando no final, uma mudança positiva de humor e estilo de vida. 
Além disso, Neri (2013) fala sobre o paradigma organicista onde o crescimento, culminância e contração são fundamentais. Os conceitos centrais desse paradigma citam sobre processo, integração e organização e de desenvolvimento como processo ativo de mudança ordenada. Segundo a visão organicista, o desenvolvimento é uma sucessão de estágios regulados por princípios intrínsecos de mudança, sendo os determinantes sociais, históricos e culturais oferecem as condições. Erikson cita que o potencial para a evolução sempre esteve e está dentro do indivíduo, porém, cabe ao ambiente sociocultural dar oportunidades para a manifestação desse potencial. De acordo com o autor, as influências socioculturais contextualizam a manifestação e a resolução das crises evolutivas que se desdobram em ciclos particulares ao longo do ciclo vital. As crises são consideradas como temas cruciais que emergem sequencialmente ao longo da vida, do nascimento à velhice. 
No filme, Carl enfrenta muitos desafios mesmo na sua velhice, especialmente quando está próximo à América do Sul e sua casa começa a cair, devido a vários balões já terem estourado. No primeiro momento do filme, vemos que o personagem tem problemas de coluna, dificuldades para andar, dentre outros problemas da velhice, já na metade do filme, vemos um personagem mudado, disposto, andando melhor e sem problemas aparentes, isto porque, concordando com o paradigma organicista, houve uma modificação do ambiente ou seja, esta mudança sempre esteve dentro de Carl, só lhe bastava mudar o local onde estava inserido. 
Neri (2006) em outra obra, cita que são influencias normativas graduadas por idade, eventos que tendem a ocorrer na mesma época e com a mesma duração para a maioria dos indivíduos. Tais eventos não são causados pela passagem do tempo, mas pelas interações entre o indivíduo e o ambiente, sendo dois conjuntos de influências que afetam a todos os seres humanos, ou seja, a questão biológica, que caracteriza o crescimento e o envelhecimento, assim como as sociais, que caracteriza o processo de socialização durante toda a vida. Observando estes dois itens, os eventos que ocorrem podem ser muito parecidos entre os indivíduos. 
O processo biológico normativo diz respeito especialmente a fragilidade biológica e da plasticidade comportamental (possibilidade de mudar para se adaptar ao meio), os eventos graduados por idade relacionados à socialização, incluem as expectativas sociais e a ecologias especificas do desenvolvimento envolvendo a família, a educação, o trabalho, as instituições e as políticas sociais. As influencias normativas graduadas por história, falam de eventos macro em que várias pessoas experimentaram ao mesmo tempo, em contrapartida, as não-normativas não atingem todos os indivíduos de um grupo etário ao mesmo tempo, ou seja, não são dependentes da ontogenia e nem do tempo histórico, sendo imprevisível (NERI, 2006).
No filme, observa-se que a vida de Carl segue um processo biológico, onde o casal vai envelhecendo fisiologicamente e Ellie acaba falecendo na época em que está mais velha, da mesma forma que Carl vai tendo dificuldades de resistência biológica, como por exemplo para descer as escadas, representando um processo que ocorre para todos que chegam nesta idade e possuem dificuldades característicasda velhice. Da mesma forma que segue um processo social, onde o casal se conhece, viram amigos, se casam, compram uma casa juntos, planejam ter filhos e envelhecem juntos também, este processo é considerado normal dentro da sociedade, sendo que, na maioria das vezes, o fluxo acontece da mesma forma que no filme sendo comum para todos os espectadores, representando um processo normativo social. 
Por fim, Neri (2006) fala sobre a trajetória das influências que afetam o desenvolvimento e o envelhecimento, que relaciona-se especialmente com a alocação de recursos nos diferentes momentos da vida, caracterizando percursos típicos, tais com o do crescimento na infância, o da manutenção na vida adulta e o da adaptação com as perdas na velhice. Este mesmo raciocínio conduziu Baltes e Baltes a conduzirem à proposição da teoria de seleção, otimização e compensação (teoria SOC), segundo a qual os ganhos e as perdas evolutivas são resultantes da interação entre os recursos da pessoa com os recursos do ambiente. 
Duas são as metas da teoria de seleção, otimização e compensação (teoria SOC), descrever o desenvolvimento em geral e estabelecer como os indivíduos podem, efetivamente, manejar as mudanças nas condições biológicas, psicológicas e sociais que se constituem em oportunidades de desenvolvimento. Seleção, otimização e compensação são mecanismos cuja existência e funcionalidade podem ser intuídas na experiência pessoal e na experiência cultural.  Na velhice, ocorre diminuição normativa dos níveis de alerta e da intensidade das respostas emocionais e aumento da seletividade emocional, além da integração dos temas anteriores do desenvolvimento, autoaceitação, formação de um ponto de vista sobre a morte e preocupação em deixar um legado espiritual e cultural.
Percebe-se no filme, que no início Carl não gostava muito de Russel, não queria ceder sua casa, não gostava dos barulhos, dentre outros, caracterizando uma seletividade emocional. A partir a morte de Ellie, o personagem também forma um ponto de vista sobre a morte e o morrer, apesar de não ser tão explicito no filme, é perceptível que este acontecimento mexe muito com ele. Ademais, observa-se o desenvolvimento do personagem no filme, que foi de uma pessoa muito rabugenta, para no final fazer amizade com Russel e se tornarem melhores amigos, Carl também ensina várias coisas da vida para seu novo amigo, deixando seu próprio legado cultural, observando assim, características da teoria SOC. 
3. ANÁLISE CRÍTICA
O filme “Up, Altas Aventuras” é uma obra muito interessante observando diferentes aspectos, o filme retrata questões de luto, envelhecimento, quebra de padrões, sair da zona de conforto, dentre outros temas importantes. Observa-se que o personagem principal passa por diversas modificações em sua vida, crescendo, conhecendo pessoas, trabalhando, casando, se decepcionando pela perda do filho, vendo o falecimento da sua esposa e afins, mesmo durante a velhice, ele parte para uma grande aventura, quebrando o paradigma de que na velhice não há mais desenvolvimento e seguindo o curso de vida, apresentando as mudanças adaptativas.
Carl nos mostra que é possível, e as vezes necessário, fazer alguma mudança extraordinária, mesmo que durante o processo de envelhecimento, caracterizando assim um processo de integração, organização e desenvolvimento como estágio ativo de mudança ordenada. 
4. REFERÊNCIAS
NERI, A. O legado de Paul Baltes à Psicologia do Desenvolvimento e Envelhecimento. Temas em Psicologia, v. 14, n.1, 2006. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2006000100005. Acesso em: 26 ago. 2021.
NERI, L. A. Teorias psicológicas do envelhecimento: percurso histórico e teorias atuais. In: FREITAS, E. V. et al. Tratado de geriatria e gerontologia. 3. ed. Revisada. Rio de Janeiro, RJ: Editora Guanabara Koogan S/A, 2013. Cap. 3.

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