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EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 – 6ª FASE TUT 4 – Imobilidade, úlcera, mieloma múltiplo Síndrome da imobilidade – cap. 96 - Piora questão funcional + rapidamente a partir de 75 anos: piora incapacidade, imobilidade e mortalidade. - Idosos fragilizados: >75 anos, dependem de terceiros para AVD, vivem geralmente em instituições, são incapazes de movimentar-se, usam múltiplos fármacos, são desnutridos e apresentam alterações nos exames laboratoriais. - Geralmente mantidos confinados no leito e, devido a essa imobilidade, adquirem ou evoluem para outras complicações, que chamamos de síndrome de imobilização (SI). - Deterioração intelectual e comportamental, dos estados depressivos, dos distúrbios cardiovasculares, respiratórios, digestivos e metabólicos, constipação intestinal, hipotonia muscular, osteoporose, desnutrição, contratura e negativação do balanço nitrogenado: complexo de alterações que repercutem negativamente sobre o organismo, tendo origem na imobilidade: Pietro de Nicol. - Síndrome de imobilização: complexo de sinais e sintomas resultantes da supressão de todos os movimentos articulares, que, por conseguinte, prejudica a mudança postural, compromete a independência, leva à incapacidade, à fragilidade e à morte. - Imobilidade: supressão dos movimentos de uma ou mais articulações em decorrência da diminuição das funções motoras, impedindo a mudança de posição ou translocação corporal. - Nem todo pcte confinado no leito tem Classificação temporal: “repouso” a permanência no leito de 7 a 10 dias; “imobilização de 10 a 15 dias” e “decúbito de longa duração >15 dias”. Para caracterizar a síndrome: características do critério maior + pelo menos 2 do menor. - Maior: déficit cognitivo médio a grave e múltiplas contraturas. - Menor: sinais de sofrimento cutâneo ou úlcera de decúbito, disfagia leve a grave, dupla incontinência e afasia. Causas da imobilidade: AVE, DPOC, cegueira, surdez, desnutrição, doenças dos pés, fibrosite, polimialgia, ICC, sequela de trombose venosa, iatrogenia (neurolépticos, ansiolíticos, hipnóticos, anti-hipertensivo). - O resultado desses problemas em última instancia: equilíbrio precário, quedas, limitação da marcha, perda da independência, imobilidade no leito e, finalmente, suas complicações - a sd da imobilidade. Independente da causa, mesmo por curto período, a imobilização modifica para pior, diversos sistemas. Prevalência e taxa de mortalidade: Por vezes, cura-se a doença de base, mas independência e mobilidade estão comprometidas. Os indivíduos que chegam à SI são fragilizados, internam-se em hospitais ou instituições, com repouso prolongado, desnutrição, iatrogenia e comorbidade que o tornam dependente. - Esses idosos necessitam de dieta especial por sonda, usam atb de última geração para tratamento de ITU, pneumonias e úlceras e requerem curativos especiais. - Taxa de mortalidade entre idosos imobilizados no leito é de 50%. A causa de morte: quase sempre é por falência múltipla de órgãos, mas pode ter causa específica como pneumonia, embolia pulmonar e septicemia. Consequências da imobilidade: - Falta de atividade física leva ao descondicionamento global, levando ao agravo de sua condição física, cognitiva e emocional. - Sd. da desaptação psicomotora: desequilíbrio para trás (na posição sentada ou em pé), hipertonia reacional, alterações na reação postural, modificação da marcha e medo de cair: resultado da perda de mecanismos de reserva postural, atingindo limiar que impede individuo de manter nível funcional adequado. Pode ser causada por demência, queda e imobilidade prolongada no leito. - Imobilidade prolongada: provoca uma deterioração funcional progressiva dos vários sistemas, muito além da senescência normal, chegando-se mais tarde à síndrome de imobilização. SNC: depressão, piora do déficit cognitivo, inversão do ritmo do sono, delirium. SR: insuf respiratória. Amplitude do movimento do diafragma e expansibilidade tá diminuído. Acúmulo de secreção pulmonar aumenta pq cílios danificados, eliminação da secreção diminui. - Pneumonia: principal causa de morte em idosos acamados, tem diminuição da capacidade elástica do pulmão pq degenera colágeno e elatina. Alvéolo raso e com superfície menor, redução de capilares. DPOC, Bronquiectasia, sequela de tuberculose, fibrose pulmonar predispõem a infecção. Sintomas inespecíficos, mas ALERTA: desnutrição, hipotensão, confusão mental. Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae são comuns em pneumonia comunitária. Em idosos com SI, que vivem em instituição ou passagem por hospitais: Legionella pneumophila, Pseudomonas, Proteus e Klebsiella, Chlamydia pneumoniae e Moraxella catarrhalis. - Estertores e crepitação basal são comuns em idosos acamados e ñ tem relação com pneumonia, mas com estase pulmonar. SCV: trombose venosa (estase facilita ativadores de coagulação, bomba da panturrilha ñ funciona. Idade avança, hipercoagulabilidade e lesões das paredes venosas facilitam. Sua incidência é aumentada qdo se somam as comorbidades associadas. Pode passar despercebido. Aumento súbito do diâmetro dos MMII), tromboembolia (consequência da TVP, 20% da causa de morte. Embolo da veia ilíaca, femoral e da panturrilha, manifesta-se como dispneia, taquipneia, tosse, cianose, febre), isquemia arterial (obstrução ateromatosa da artéria, comprometida com idade, DM, DLP, HAS, tabagismo. Há contratura do quadril, estrangula espaço arterial nesses locais e forma trombo: isquemia. Leva em poucas h a cianose, hipotermia, ausência de pulso, gangrena), hipotensão postural. Sistema endocrinometabólico: diminui resposta à insulina, retenção hídrica, diminui eritropoiese, diminui suprarrenal. SD: desnutrição (deficiência de oligoelementos, minerais e vitaminas leva a caquexia. Pouca oferta e aceitação de líquido pq ñ tem sede, mais eliminação urinária e fecal e Ca, P, Zn, N. inúmeras causas como AVE, disfagia, sonda, anorexia, perda de olfato, visão e paladar, pode precisar de sonda para alimentação), disfagia (antecede a síndrome, pcte perde a capacidade de trabalhar o alimento dentro da boca), constipação intestinal (eliminação de fezes endurecidas <3x/sem, com volume abaixo do habitual. Essas fezes endurecidas e impactadas no sigmoide/reto evolui para fecaloma. Pode ser causada por disfunção anorretal, trânsito intestinal lento, menos ingestão de líquidos e fibras, manutenção do pcte no leito. Pcte tem desconforto abdominal, anorexia, vômitos e agitação psicomotora). SGU: incontinência urinária (portadores de quadro demencial agravado, dificuldade de comunicação, ñ deambulam, TU crônica, isso facilita dermatite e outros), retenção urinaria (bexigoma, fecaloma, diurético e anticolinérgico), ITU (40%, infecção + comum nos idosos institucionalizados, FR é uso de fralda, IU, obstrução uretral, pouca ingesta de líquido, diminuição da capacidade renal, uso de sonda vesical de demora, E. coli, Klebsiella, Proteus, Enterobacter e Pseudomonas). Sistema tegumentar: diminui produção de células epiteliais, diminui n° gland sudoríparas, diminui tecido de sustentação e vascularização, derme desidrata, perde elasticidade e facilita lesão dermatológica. - Atrofia de pele, úlceras de decúbito (compressão por mais d 2h de uma área restrita, que faz pressão e isquemia dos vasos sanguíneos), escoriações, equimoses, micose (umidade constante, suor, urina e resto de comida piora. Porta de entrada para bactérias), laceração (ressecamento da pele, atrito no leito e pele pouco elástica, cuidar com manusear pelo antebraço), dermatite (urina em contato com a pele). Sistema Muscular: atrofia (já no 10d, perde força, perde fibra de contração rápida tipo II, predomina fibras lentas, perde mais massa muscular na coxa do que MMSS, perde coordenação motora), encurta tendões, hipertonia,contraturas (limitação da amplitude do movimento articular e impede desempenho normal da função). Sistema esquelético: osteoporose (perde ~1% de massa óssea/semana, formação óssea diminui, osteomalácia por menor exposição à vitD), artrose (2sem de imob, reabsorção óssea e cartilaginosa com cisto subcondral), anquilose (tecido conectivo hipertrofiado e com fibrose), fraturas. Conclusão: ortotanásia, quadro irreversível, então não se justifica manter a qualquer custo sua existência e sofrimento. - Uso de oxigênio, sonda para hidratação e alimentação, analgésicos, bom aquecimento, posicionamento no leito, higiene, opioides e a presença constante de familiares dividindo os últimos cuidados são essenciais. - Não se deve isolar o pcte em um ambiente frio e distante (CTI), intubá-lo, ressuscitá-lo, indicar procedimentos cirúrgicos ou hemotransfusão, a fim de evitar o óbito. Úlcera por pressão – cap. 120 Definição: lesão localizada na pele e/ou no tecido subjacente, normalmente sobre uma proeminência óssea, em resultado da pressão ou de uma combinação entre esta e forças de cisalhamento e fricção. Localizações mais frequentes: isquiática, sacrococcígea, trocantérica e calcânea. Envelhecimento: pele apresenta alentecimento da renovação epidérmica, adelgaçamento da junção dermoepidérmica, diminuição da produção do colágeno e da elasticidade, diminuição das glândulas sudoríparas e sebáceas, redistribuição da gordura subcutânea para regiões mais profundas, ocorrendo maior exposição das proeminências ósseas e diminuição da capacidade do tecido de distribuir pressão, com redução da vascularização. Essas alterações aumentam o risco de úlcera por pressão (UP) e alentecimento da sua cicatrização. Predispõem ao aparecimento de UP: idade avançada, associada a doenças crônico-degenerativas e a outros fatores, como incontinência urinária/fecal, umidade, desnutrição, quedas, má higiene, obesidade, doença cardiorrespiratória e fraturas com imobilização por período prolongado. Etiologia: pode desenvolver em 24h ou levar até 5d para se manifestar. - Fatores extrínsecos: relacionados ao mecanismo de lesão, influenciando a tolerância tissular pela obstrução da circulação sobre a superfície da pele; refletem o grau em que a pele é exposta. • Pressão: quando pressão de fechamento capilar é de ~ 32mmHg prejudica o fluxo sanguíneo (pressão do fechamento capilar é 32 para arteríolas e 12 para vênulas) para a área e com a pressão não aliviada, a isquemia tecidual ocorre e resíduos metabólicos acumulam-se no tecido intersticial, levando à anoxia tissular e à morte celular. Relacionamento inverso entre a duração e intensidade da pressão para aparecimento da isquemia tecidual: pode ter pressão de baixa intensidade por longo período causando danos. • Fricção: força de duas superfícies, esfregando-se uma na outra. Capacidade de dano restrita a derme e epiderme, fazendo abrasão e aparecimento de bolhas. Acontece em pctes agitados ou em transferências mal executadas. A umidade piora a fricção. • Cisalhamento: pela combinação da gravidade e fricção: gravidade empurra o corpo para baixo, mas a pele resiste ao movimento devido à fricção entre o pcte e a superfície de suporte, provocando danos aos tecidos mais profundos. Obstruir, lacerar ou estirar vasos sanguíneos. Isso ocorre por movimentação ou posicionamento incorreto. • Umidade: altera resistência da epiderme para forças externas, tornando efeito da fricção mais significativo. Resultado da incontinência urinária e/ou fecal, sudorese, banho e drenagem de feridas. - Fatores intrínsecos: correlacionados com a vulnerabilidade do estado físico do pcte, que influencia na constituição e integridade, além do tempo de cicatrização. • Idade avançada: achatamento da junção entre derme e epiderme, menor troca de nutrientes, menor resistência à força de cisalhamento, diminuição da capacidade de redistribuir a carga mecânica da pressão. • Hipotensão/perfusão sanguínea: associada a isquemia tecidual: baixa pressão arterial, o corpo desvia o sangue do sistema vascular periférico em direção aos órgãos vitais. Pressão diastólica ≤60 indica alto risco para úlcera de pressão. • Imobilidade: mobilidade diminuída compromete a capacidade do pcte de se mover em resposta à pressão, predispondo ao cisalhamento e à fricção no momento da transferência. • Peso: diminuição da massa corporal expõe as proeminências ósseas, deixando-as vulneráveis à pressão. Obesos são mais difíceis de mobilizar: aumenta os riscos das forças de cisalhamento e de fricção. Tecido adiposo é pouco vascularizado e não elástico, sendo + frágil a pressão e + propenso a se romper. • Fármacos: diminuem mobilidade e percepção sensorial, além de drogas vasoativas inotrópicas que diminuem a perfusão periférica e aumentam o risco de lesão tissular em áreas predispostas. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 – 6ª FASE • Nutrição: deficiência nutricional está intimamente ligada ao desenvolvimento de úlcera por pressão. Vitaminas A, C e E agem na síntese de colágeno, imunidade e integridade epitelial. Zinco, cobre e selênio: benefícios no processo cicatricial por terem propriedades antioxidantes. Hipoalbuminemia: muda pressão oncótica, fazendo formação de edema, comprometendo a difusão tissular de oxigênio e de nutrientes, o que predispõe à hipoxia e à morte celular. Anemia afeta transporte de O2 para fibroblastos, diminuindo formação do colágeno. Deficiência de proteínas interfere no processo cicatricial, por ser responsável pela revascularização, formação de tecidos e síntese de colágeno. • Temperatura elevada: aumento da demanda de O2. Pele pode ficar exposta à maceração pela sudorese. - Condições predisponentes: insuficiência cardíaca, doença vascular periférica, DM, demência, neoplasias, depressão, doença terminal, contraturas, doença da tireoide, insuficiência renal, desidratação, DPOC, alterações neurológicas, dor, tabagismo. Classificação das úlceras por pressão (NPUAP/EPUAP/PPPIA): ajudar a descrever a extensão dos danos na pele e nos tecidos que se apresentam sob a forma de úlcera por pressão. Verificar se o eritema branqueia ou ñ pode ser difícil observar. - Categoria/grau I: eritema não branqueável em pele intacta de uma área localizada: normalmente sobre uma proeminência óssea, tendo descoloração da pele, calor, edema, tumefação ou dor. Pode ser difícil identificar nos tons de pele escuros. Indicativo de pessoas em risco. - Categoria/grau II: perda parcial da espessura da pele: ferida superficial (rasa) com leito vermelho-rosado sem crosta. Pode apresentar-se como flictema fechado ou aberto preenchido por líquido seroso ou serohemático. Úlcera brilhante ou seca, sem crosta ou equimose. - Categoria/grau III: perda total da espessura da pele: perda total da espessura tecidual. Pode ser visível o tecido adiposo subcutâneo, mas não estão expostos os ossos, tendões ou músculos. Pode incluir descolamento e túneis. Profundidade depende da localização anatômica. - Categoria/grau IV: perda total da espessura dos tecidos: perda total da espessura dos tecidos com exposição óssea, dos tendões ou músculos. Pode ter tecido desvitalizado e/ou necrótico. - Não graduáveis/inclassificáveis: profundidade indeterminada: perda total da espessura dos tecidos na qual a profundidade base da úlcera está coberta por tecido necrótico (amarelo, acastanhado, cinza, esverdeado ou castanho) e/ou escara (acastanhado, castanho ou preto) no leito da ferida. Até que seja removido tecido necrótico suficiente para expor a base da ferida, a verdadeira profundidade não pode ser determinada, mas é, no entanto, uma úlcera de categoria III ou IV. - Nos calcâneos, uma escara estável (seca, aderente, intacta e sem eritema ou flutuação) serve como cobertura natural (biológica) corporal e nãodeve ser removida - Suspeita de lesão tissular nos tecidos profundos: área localizada de pele intacta de coloração púrpura ou castanha, ou flictema, preenchida com sangue, devido a dano no tecido mole, decorrente de pressão e/ou cisalhamento. Lesão pode evoluir, ficando coberta por uma fina camada de tecido necrótico (escara). Estadiamento reverso: com cicatrização da úlcera por pressão de espessura total o músculo, a gordura e a pele perdidos não são substituídos no organismo. A cicatrização é preenchida com tecido de granulação e tecido composto, principalmente, de células endoteliais, fibroblastos, colágeno e da matriz extracelular. Úlcera de pressão grau IV não pode progredir para graus III e II e depois I. Escala preditiva de Braden: ferramenta de avaliação do risco para o desenvolvimento de úlcera de pressão. Única escala de risco validade em português. Composto por 6 subescalas: (1) percepção sensorial (completamente limitada, muito limitada, pouco limitada, ñ prejudicada); (2) umidade; (3) atividade; (4) mobilidade; (5) nutrição; (6) fricção e cisalhamento: escore varia de 6-23, quanto menor pontuação final, maior risco de desenvolver úlcera por pressão Inspeção da pele: diferenciar lesões por umidade (lesões cutâneas ñ causadas por pressão e/ou força de deslizamento) de úlceras por pressão. - Observar causas, localização, forma, profundidade, necrose, bordas, coloração, característica dos doentes. • Inspecionar regularmente a pele, especialmente para verificar pontos de pressão como sacro, calcâneo, trocanter, cotovelo, maléolo. • Identificar sinal inicial de dano à pele e atentar para indivíduos de pele negra, pois as áreas de rubor não são facilmente visíveis. Os pontos a observar são: inchaço, desconforto e alterações de temperatura da pele. • Identificar as condições da pele – ressequida, eritema, maceração, fragilidade, tumefação, calor, escoriações. • Vigiar a pele quanto a danos causados por pressão devidos a dispositivos médicos. • Documentar todas as avaliações da pele. Cuidados com a pele: • Evitar posicionar o indivíduo em uma superfície corporal que ainda se encontre ruborizada. • Não massagear a pele e não esfregar vigorosamente. • Usar emolientes para hidratar a pele seca, a fim de reduzir o risco de dano na pele. • Proteger a pele da exposição à umidade excessiva por meio do uso de produtos barreira de forma a reduzir o risco de lesão por pressão. Reposicionamento para prevenção das úlceras por pressão: • Alternância de decúbitos/posicionamentos: realizada para reduzir a duração e a pressão exercida sobre as áreas vulneráveis do corpo. Frequência da mudança de decúbito será influenciada por variáveis relacionadas às características do pcte e pelas superfícies de apoio em uso. • Técnicas de reposicionamento: reposicionamento deve ser feito usando 30° na posição de semi-Fowler, e uma inclinação de 30° para posições laterais, se o indivíduo tolerar estas posições e a sua condição clínica permitir. • Reposicionamento do indivíduo sentado: quando sentado, se os pés do pcte não chegam ao chão, coloque-os sobre um banquinho ou apoio para os pés, pois se os pés não se apoiam no chão o corpo desliza para fora da cadeira. Quando um indivíduo está sentado em uma cadeira, o peso do corpo faz com que as tuberosidades isquiáticas fiquem sujeitas a um aumento de pressão. • Usar colchões de espuma para redistribuir a pressão; calcâneos livres da pressão; almofada ou travesseiro debaixo das pernas. TRATAMENTOS/CURATIVOS Função dos curativos: prevenir perda de água e calor das feridas, proteger a ferida de bactérias e corpos estranhos, absorver exsudato da ferida, comprimir para minimizar o edema e obliterar o espaço morto, não ser aderente para minimizar a lesão, criar um ambiente quente, úmido e ocluído para maximizar a epitelização e minimizar a dor, ser esteticamente atraente Tratamento da úlcera por pressão segue 4 etapas básicas: 1. Desbridamento do tecido necrótico e limpeza da ferida, para remoção de fragmentos. 2. Manutenção de ambiente úmido para promover a cicatrização da ferida com uso de curativos adequados. 3. Proteção da ferida contra lesão adicional. 4. Nutrição essencial para cicatrização da ferida. Guia rápido de prevenção e TTO de úlceras por pressão - Prevenção: controle do excesso de umidade, suporte nutricional, mobilizações (mudanças de decúbito), superfícies especiais para minimizar pressão, protetores e aliviadores locais (ácidos graxos, filmes transparentes, hidrocoloide fino, hidropolímero-espuma de poliuretano). - Tratamento: manter medidas de prevenção, suporte nutricional, controle da dor, limpeza da ferida, cuidado da pele subjacente. Síndromes mielodisplásicas – cap. 105 - 1865 - SMD = pré-leucemia -> distúrbios hematopoiéticos clonais, caracterizado por hematopoese ineficaz, citopenia do sangue periférico e hipercelularidade da medula óssea. - As céls da linhagem afetada são incapazes de sofrer maturação e diferenciação -> citopenias. ↑ morbidade associada à intensa citopenia e potencial de evoluir para LMA. - 2/3 dos pctes idosos com SMD são do sexo masculino. Idade média de 65 a 70 anos. Há certa associação com o tabaco. - Dx é baseado no sangue periférico e em achados da medula óssea. Deve ser suspeitado em pctes com citopenia. - No dx os pctes apresentam Hb <11g/dL; plaquetas <100.000mm³; neutrófilos <1.000mm³. Mtos pctes são assintomáticos. PATOGÊNESE: Não é bem esclarecida -> maioria idiopática (85%). - Fatores de Risco: exposição a quimioterápicos, exposição à RT; ao benzeno e doenças hematológicas congênitas e adquiridas (anemia Fanconi e anemia aplásica adquirida). - Alterações na cél-tronco hematopoiética -> clone anômalo de proliferação instável e aberrante – ↑ da apoptose intramedular gerando hematopoese ineficaz. - Grande parte das SMD (1ª e 2ª à QT) possuem ganhos e/ou perdas de cromossomos. Metilação do DNA pode estar envolvida. QUADRO CLÍNICO E DIAGÓSTICO - Mtos pctes são diagnosticados ao acaso e são assintomáticos. Investiga se >50a e citopenia de uma ou mais linhagem inexplicada. - Os sintomas são devido a citopenias isoladas e/ou combinadas, podendo levar às infecções recorrentes, hemorragias (plaquetopenias) e anemia (presente em 90%), geralmente macrocítica (VCM). - Deficiências nutricionais (folato, vit.B12 e cobre), etilismo, medicações (metotrexato, azatioprina, sulfa/trimeto) e HIV podem apresentar citopenias e alterações displásicas na MO, devendo ser afastadas. - Hepatoesplenomegalia e linfadenomegalia são raras. - Maior causa de morbimortalidade nas SMD é devido a complicações de falência medular (citopenias), porém a progressão para LMA é uma complicação séria, principalmente em idosos. - Risco de progressão para LMA é 30% e os fatores de risco são: blastos na MO, alterações citogenéticas e grau de citopenias. - Análise de sangue periférico -> blastos mieloides, neutrófilos hipogranulados e pseudocélulas de Pelger Huet; análise da medula óssea -> ↑celularidade e hematopoese ineficaz (morfologia das céls). - Encontram-se achados displásicos na MO e alterações citogenéticas em metade dos casos. A MO é normo ou hipercelular em 80% dos casos. - Citogenética é importante para ajudar na determinação do prognóstico e da resposta terapêutica. - Em caso de dúvida dx -> acompanhamento clínico e laboratorial, com nova avaliação da MO em 3 a 6 meses. CLASSIFICAÇÃO DA OMS, 2008 Citopenia Refratária com Displasia de uma Linhagem - Representa 20% das SMD. Principal representante é anemia refratária (AR), com Hb<10mg/dL, alterações displásicas em mais de 10% dos precursores eritrocíticos na MO. - Alterações megaloblásticas e sideroblastos em anel não ocorrem. Neutropenia (<1.800/µL) e trombocitopenia (<100.000/µL) refratárias não são comuns.- Nº de blastos na MO <5%, e blastos não estão presentes no sangue periférico; nº de monócitos circulantes é <1.000/µL. - Alterações citogenéticas presentes em 25% dos casos. Anemia Refratária com Sideroblastos em Anel - 10% dos casos de SMD. Preenche os critérios para SMD com anemia refratária. - Tem <5% de blastos na MO e sideroblastos em 15% ou mais dos precursores eritrocíticos. - Alterações citogenéticas estão em 5 a 20% dos casos. Citopenia Refratária com Displasia de Múltiplas Linhagens - Representa 30% dos casos de SMD. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 – 6ª FASE - Bicitopenia e pancitopenia além de alterações displásicas em precursores de duas ou mais linhagens mieloides. - O nº de blastos na MO é <5% e estão ausentes no sangue; nº de monócitos circulantes é <1.000/µL; sideroblastos em anel podem estar presentes. - Progressão para leucemia aguda em 10% dos casos. Anemia Refratária com Excesso de Blastos-1 - Citopenias estão presentes e alterações displásicas ocorrem em linhagens de um ou mais precursores mieloides. - Nº de blastos na MO varia entre 5-9% e no sangue periférico é <5%. - Alterações citogenéticas estão presentes em 30 a 50% dos casos. Progressão para leucemia aguda em 25% dos casos. Anemia Refratária com Excesso de Blastos-2 - Citopenias presentes e alterações displásicas em linhagens de um ou mais precursores mieloides. - Nº de blastos na MO entre 10-19% e no sangue periférico entre 5-19%. - Nas duas anemias refratárias com excesso de blastos (AREB) o nº de monócitos circulantes é <1.000/µL. - Alterações citogenéticas em 50-70% e progressão para leucemia aguda em 30%. - AREB-1 e AREB-2 correspondem a 40% das SMD. Síndrome Mielodisplásica Associada a Deleção Isolada do Braço Longo do Cromossomo 5 (del[5q] - Anemia característica e com plaquetas de nº normal ou aumentado. - Nº de blastos na MO é <5% e no sangue periférico é <1%. - Displasia megacariocítica é comum com formas hipolobadas. Síndrome Mielodisplásica Não Classificada - É dx de exclusão, com citopenias e mudanças displásicas na MO não classificadas anteriormente. - Nº de blastos no sangue periférico é <1% e na MO <5%. - Essa síndrome pode ser dx sem displasia se identificada como alteração citogenética associada a SMD. Síndrome Mielodisplásica Secundária - É associada ao uso prévio de QT (alquilantes – melfalana, ciclofosfamida, bussulfano e os inibidores da topoisomerase – etoposídeo) ou RT. - Período de latência entre a exposição à subst. e à SMD pode variar de 1 a 10 anos. - Apresenta-se com quadro de falência medular com citopenias associada a displasia multilinhagem e cariótipo complexo ou com monossomia dos cromossomos 5 ou 7 (para alquilantes) ou leucemia franca com alterações do cariótipo envolvendo anormalidades do 11q23 ou 21q22 (associada aos inibidores da topoisomerase). TRATAMENTO - O tto é baseado no Sistema de Escore Prognóstico Internacional, que considera: % de blastos medulares, alterações cariotípicas e nº de citopenias. Pontuações do escore prognóstico são somadas para definir a categoria de risco. Tem como objetivo abordar o causador da falência medular (citopenias) e prevenir a progressão para LMA. Síndrome Mielodisplásica de Risco Muito Baixo, Baixo ou Intermediário - Eritropoetina associada ou não a fator estimulante de colônias de granulócitos (G-CSF) em pctes com eritropoietina sérica <500mU/mL. - Cariótipo com del(5q) -> LENALIDOMIDA (Revilimid). - Considerar GLOBULINA ANTITIMOCÍTICA (ATG) de cavalo ou ATG de coelho, em casos de parâmetros favoráveis a imunossupressão (idade menos avançada, HLA-DR 15 e tempo de transfusão de glóbulos vermelhos). - AZACITIDINA (AZA) -> nos pctes com eritropoietina sérica >500mU/mL e cariótipo sem del(5q) ou ausência de parâmetros associados a imunossupressão. Síndrome Mielodisplásica de Risco Alto ou Muito Alto - Transplante de MO em pctes com <70anos, com doador histocompatível e sem comorbidades. - Nos pctes com <60anos -> condicionamento ABLATIVO; nos entre 60-70anos -> condicionamento com intensidade reduzida. - Em caso de transplante não viável, considerar AZA (hipometilante) ou DECITABINA. Mieloma múltiplo – Cap. 105 p. 1882 - Grupo de doenças associadas à proliferação e ao acúmulo de cels secretoras de imunoglobulina (Ig) monoclonal (proteína M). - Proteína M pode ser a Ig íntegra (anticorpo normal) ou parte dela, cadeia kappa ou lambda, ou cadeia pesada. ESTRUTURAS DA GAMAGLOBULINAS (Ig) - São proteínas compostas de 4 cadeias polipeptídicas- 2 cadeias pesadas e 2 cadeias leves. - Cada cadeia (leve ou pesada) possui em uma de suas extremidades a região variável (V) que confere especificidade do anticorpo ao seu antígeno, e em outra extremidade a região constante. - Há 5 isotipo de cadeia pesada: gama, alfa, mu, delta e épsilon. São as cadeias pesadas que formam a base para a classificação de imunoglobulinas, fazendo analogia a letra grega do isotipo: IgG, IgA, IgM, IgD e IgE. - Já as cadeias leves são: kappa e lambda. - Nas discrasias plasmocitárias, o componente M pode ser formado pela Ig completa ou apenas por uma cadeia pesada ou uma leve. - Outras condições que têm secreção de Ig monoclonal: recuperação de pneumonia, hepatites virais B e C, após reações a substâncias, doença do colágeno (sd de Sjögren), leucemia mieloide crônica, tumores sólidos (mama, cólon e próstata), pctes submetidos a transplante de órgão sólidos ou alogênico de medula óssea. MIELOMA MÚLTIPLO - MM - Proliferação neoplásica de células plasmáticas que produzem Ig monoclonal. Plasmócitos proliferam na medula óssea, que resulta em extensa destruição esquelética com lesões osteolíticas, osteopenia e/ou fraturas patológicas. EPIDEMIOLOGIA: + em negros (2-3x), + em homens que nas mulheres, idade média ao dx é de 66 anos, sendo uma doença de idosos. Risco 3,7x maior para quem em parente de 1° grau com mieloma múltiplo. (pequena fração dos casos é familiar). - Responsável por 1% de todos os CA e >10% de malignidades hematológicas os EUA. 4-5/100mil hab. - O tipo mais comum é o MM-IgG, seguido do MM-IgA, mieloma de cadeia leve. O MM-IgE é mais raro. Já a gamopatia monoclonal com IgM não se chama mieloma, e sim macroglobulinemia de Wladenstrom. - A cadeia leve mais encontrada é a kappa numa proporção de 2:1 sobre o lambda. - O MM-IgG é o mieloma de melhor px, com chance ↓ de insuficiência renal, hipercalcemia e amiloidose. Porém, cursa com maior componente de M e com mais infecções. Já o MM- IgA causa mais hipercalcemia e hiperviscosidade, com ↓ chance de infecções. - O mieloma de cadeia leve é considerado um tipo de mau prognóstico, pois gera maior chance de insuficiência renal, hipercalcemia, lesões ósseas disseminadas, amiloidose e sobrevida média mais curta. Porém, o MM-IgD é o pior, sendo que 100% cursam com insuficiência renal e sobreviva de 21 meses. IgG + comum 52%, IgA 21%, cadeia leve 16% e IgD + grave 2%. A gamopatia monoclonal com IgM é chamada de macroglobulinemia de Wladenstrom. FISIOPATO: clone neoplásico do MM se origina de um linfócito de memória ou plasmoblasto, que migra para MO, vira plasmócito e produz anticorpo. MO fica cheia desses plasmócitos neoplásicos, que se proliferam e ocupam o espaço das céls hematopoiéticas, inibe proliferação de eritroblastos (dá anemia e pancitopenia) e ativam osteoclasto (destrói osso). QUADRO CLÍNICO: sinais ou sintomas relacionados com a infiltração de células plasmáticas em osso ou outros órgãos ou com danos nos rins devido ao excesso de cadeias leves. • Anemia: anemia normocítica normocrômica (hb<12) está presente em 73% no momento do dx e 97% durante o curso da doença. Relação com fadiga e palidez. Causas: substituição de medula óssea, dano renal, diluição quando há grande quantidade de proteínaM. • Dor óssea: 58%, principalmente nas costas ou no peito e, menos frequentemente, nas extremidades. Dor induzida pelo movimento, ñ ocorre à noite. Estatura do pcte pode ser reduzida pelo colapso vertebral. Plasmocitoma da costela pode se mostrar como expansão costal, lesão ou massa de tecido mole. • Doença renal: insuficiência renal pode ser a manifestação inicial, sendo as principais causas hipercalcemia e nefropatia de cadeia leve (rim de MM). Os pctes que não secretam cadeias leves não apresentam risco para desenvolver IR. Creatinina aumentada em 48% dos pctes. • Fraqueza: 32% dos pctes têm, geralmente pela anemia. • Hipercalcemia: ocorre devido à ligação da proteína monoclonal com o cálcio (>11), tto urgente, 13% dos pctes. • Perda de peso: em torno de 9kg ou mais em 24% dos pctes. • Doença neurológica: radiculopatia, geralmente na área torácica ou lombossacra, é a complicação neurológica mais comum. - Compressão da medula espinal ocorre em 5% dos pctes e pode ser devido a plasmocitoma extramedular ou um fragmento de osso devido à fratura de corpo vertebral; deve-se suspeitar em pctes com dores nas costas, fraqueza ou parestesia de extremidades inferiores, disfunção do intestino ou bexiga com incontinência. RM ou TC de urgência, com tto com QT, RT ou neurocirurgia para evitar paraplegia. - Neuropatia periférica é incomum no momento do dx, é devido a amiloidose. Síndrome POEMS, mieloma osteoesclerótico, tem doença monoclonal de plasmócitos, polineuropatia periférica e endocrinopatias, alterações cutâneas, e outras. Causa incerta, mas acredita-se em mecanismo paraneoplásico OUTROS SINTOMAS: parestesias, hepatomegalia, esplenomegalia, linfadenopatia e febre. Podem ser vistos plasmocitoma extramedulares em 7%, associado a sobrevivência reduzida. Pctes tem mais risco dei infecção por combinar disfunção imune (linfócito ruim) com fatores físicos (hipoventilação secundária por dor ou fratura) S. peumoniae. DIAGNÓSTICO E ESTADIAMENTO - Avaliação precoce do pcte com suspeita de MM tem impacto positivo no curso da doença. SUSPEITA: pelas seguintes apresentações clínicas: dor nos ossos com lesões líticas (descobre em rotina radiológica), aumento de concentração sérica de proteínas totais e/ou a presença de uma proteína monoclonal no soro ou urina, sinais sistêmicos ou sintomas sugestivos de malignidade (anemia inexplicada), hipercalcemia, insuficiência renal aguda com exame de urina pouco alterado ou síndrome nefrótica por amiloidose primaria simultânea. - Labs: hemograma, creatinina sérica, cálcio total e iônico, ácido úrico, proteínas totais e frações (albumina) séricas, β2- microglobulina (beta-2-m) sérica, PCR, DHL. - Eletroforese de proteínas (EFP) no soro e na urina de 24 h: no soro revela uma banda localizada ou pico monoclonal (proteína M) em 82% dos pctes. Na urina apresenta componente-M em 97%. - Quando um clone plasmocitário se multiplica no organismo, aparece no plasma uma iG monoclonal. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 – 6ª FASE - Eletroforese de proteína normalmente detecta seis bandas: albumina, alfa1, alfa2, beta1 e 2 e gamaglobulina. Os picos monoclonais são resultado de uma única classe ou subclasse de imunoglobulinas produzidas por uma única linhagem de plasmócitos ou linfócitos B. Picos policlonais decorrem da produção heterogênea de anticorpos que produzem elevação difusa das gamaglobulinas na resposta a quadros infecciosos e inflamatórios crônicos, doenças hepáticas e neoplasias. Bandas oligoclonais (dois ou mais picos monoclonais) estão presentes ocasionalmente na hepatite aguda fulminante, infecções virais crônicas, infecções bacterianas e imunodeficiências. - Albumina pode ter elevação em desidratação, inflamação aguda ou crônica, linfoma, leucemia, uso de corticoide, outros. - Imunoeletroforose ou imunofixação do soro ou urina: para confirmar a presença de componente–M e para identificar os tipos de cadeia pesada (classe da Ig) e de cadeia leve (proteína de Bence-Jones), reconhecimento da doença de cadeia pesada e identificação de gamopatia biclonal ou de um pequeno componente monoclonal, situações que podem não ser evidenciadas na eletroforese sérica. Revela prot M em 97%. - Quantificação das Ig séricas (IgA, IgD, IgE, IgG ou IgM). - Mielograma (punção aspirativa da medula óssea) e biopsia de medula óssea (obtido fragmento ósseo por introdução de agulha calibrosa no osso da bacia): necessários e complementares, identificando aumento no número (>10%) e morfologia dos plasmócitos. Nos cortes histológicos podem ser realizadas reações imunohistoquímicas. Quando disponíveis devem ser realizados: citometria de fluxo, citogenética convencional, hibridização in situ por fluorescência (FISH). - Avaliação radiológica do esqueleto: Rx de crânio, coluna vertebral, úmero, rádio, ulna, ossos da bacia, fêmur, tíbia e fíbula. Na suspeita de compressão da medula espinal o exame de escolha é a RM com gadolínio (diferencia compressão por fratura patológica ou fratura associada ao plasmocitoma). CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DE MIELOMA MÚLTIPLO MIELOMA MÚLTIPLO SINTOMÁTICO: critérios diagnósticos de mieloma múltiplo. • Plasmócitos monoclonais na medula óssea ≥ 10% ou no plasmocitoma confirmado por biopsia: OBRIGATÓRIO • Proteína-M no soro e/ou urina. • Dano orgânico relacionado com o mieloma (presença de um ou mais): cálcio no sangue > normal ou >10, insuficiência renal (clearance de creatinina< 40 ou creatinina >2), anemia (hb <10 ou >2 abaixo do limite inferior da normalidade), doença óssea (uma ou mais lesões líticas em Rx do esqueleto, TC ou PET- TC). • CRAB (mnemônico em inglês): cálcio elevado, insuficiência renal, anemia e lesões ósseas. Outros: hiperviscosidade sintomática, amiloidose, infecções bacterianas recorrentes (>2 episódios ao ano) *** GAMOPATIA MONOCLONAL DE SIGNIFICADO INDETERMINADO: + comum, componente M encontrado em 1% da pop e 60% ñ detecta doença, prevalência aumenta com idade, condição predisponente ao mieloma múltiplo, 25% dos pctes com GMSI desenvolverão MM em 10 anos, 15% MW. Não precisa de tratamento, só acompanha. Critérios diagnósticos: • Proteína-M < 3, IgA 2, kappa ou lambda urinária <1/24h • Plasmócitos monoclonais na medula < 10% • Ausência de doenças proliferativas de linfócito B • Ausência de dano orgânico relacionado com o mieloma múltiplo *** MIELOMA MÚLTIPLO ASSINTOMÁTICO: smoldering: condição pré-clínica (15% dos casos recém-dx), maioria progride para MM sintomático em torno de 2-4a, com maior taxa de progressão naqueles pctes com infiltração plasmocitária da MO >10%, não trata, apenas acompanha, critérios (ambos necessários): • Proteína sérica monoclonal (IgG ou IgA) > 3 g/dℓ e/ou plasmócitos monoclonais na medula > 10%. • Ausência de dano orgânico relacionado com o MM. *** MIELOMA MÚLTIPLO NÃO SECRETOR: oligossecretor: é raro. • Ausência de proteína M sérica e/ou urinária • Plasmócitos monoclonais na medula óssea ≥ 10% ou plasmocitoma • Presença de dano orgânico relacionado com o mieloma *** PLASMOCITOMA OSSEO SOLITÁRIO: ausência de proteína M sérica e/ou urinária, área única de destruição óssea por plasmócitos monoclonais, MO não consistente com MM, investigação de esqueleto (crânio, coluna, bacia, fêmures e úmeros) normal, ausência de dano orgânico relacionado com o mieloma. *** PLASMOCITOMA EXTRAÓSSEO: ausência de proteína M sérica e/ou urinária (20%: pequeno pico monoclonal pode ser detectado), tumor extramedular de plasmocitomas, MO normal, investigação de esqueleto normal, ausência de dano orgânico relacionado. *** LEUCEMIA DE CELS PLASMÁTICAS: plasmócitos em sangue periférico ≥ 2.000/μℓ em número absoluto ou > 20% na contagem diferencial de leucócitos. ESTADIAMENTO: sistema internacional de estadiamento (ISS), sendo sobrevida mediana no I 62 meses,II 44 meses e III 29 meses - Estádio I: β2-microglobulina sérica < 3,5 mg/ℓ, albumina sérica > 3,5 g/dℓ. - Estádio II: β2-microglobulina sérica < 3,5 mg/ℓ e albumina sérica < 3,5 g/dℓ; ou β2-microglobulina sérica de 3,5 a < 5,5 mg/ℓ, independentemente do nível de albumina sérica. - Estádio III: β2-microglobulina sérica > 5,5 mg/ℓ. FATORES PROGNÓSTICOS: fatores e condições de pior prognóstico: idade mais avançada, estado funcional com restrição ao leito por tempo> 50%, β2-microglobulina elevada, albumina sérica reduzida, creatinina sérica elevada, DHL sérica elevada, PCR elevada, hemoglobina reduzida, plasma cell index alto; morfologia plasmocitária: plasmoblástica; citogenética convencional: hipodiploidia/deleção do cromossomo 13; análise FISH: deleção do cromossomo 13; TC por emissão de pósitrons com utilização de fluordesoxiglicose (FDG-PET-scan): extramedular. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: condições que causem ou cursem com anemia, lesões ósseas líticas ou componente M (carcinoma metastático, doenças do colágeno, infecções crônicas, linfomas). TRATAMENTO: QT, RT e medidas de suporte. - Indicações para início de QT são: anemia, insuficiência renal, hipercalcemia, presença de lesão lítica, plasmocitoma extramedular. - Melfalana e prednisona (resposta 50-60%); melfalana e prednisona + talidomida (70-75%); talidomida e dexametasona (65%). Lenalidomina é análogo da talidomida, mas junto com dexa, embora 90% de resposta, pode causar TVP. Boretezomibe é um antineoplásico que inibe atividade proteolítica do proteassomo. - Para pctes mais jovens muitas vezes são sugeridos transplantes de medula óssea autólogos com substancial sobrevivência livre de doença a longo prazo. Plasmocitoma solitário: RT envolvendo o tumor demarcado por RM, cirurgia indicada se houver instabilidade estrutural ou comprometimento neurológico. TTO AUXILIAR: • Dor: analgésicos opioides ou ñ opioides, RT, evitar AINH • Fraturas: considerar vertebroplastia e cifoplastia. • Hipercalcemia: hidratação, furosemida, bifosfonatos • Anemia: eritropoetina se Hb<9 ou acima disso em pcte sintomático • Infecções: ATB adequada • Hiperviscosidade: plasmaférese • Disfunção renal: manter hidratação, evitar AINH e constraste IV • Lesões líticas: pamidronato ou ác zolendrônico, com o intuito de reduzir as complicações esqueléticas (fraturas patológicas, compressão da medula), analgesia adjuvante para dor do envolvimento ósseo. Bifosfonatos em pcte com osteopenia, mesmo sem lesão lítica. RT localizada usada no controle de dor óssea e reduz risco de fratura. MACROGLOBULINEMIA DE WALDENSTRÖM - É uma discrasia plasmocitária maligna bem menos comum que o MM, sendo responsável por apenas 2% de todas as neoplasias hematológicas. Preferência pela terceira idade (50- 70 anos) e para o sexo masculino. - Caracterizada pela presença de IgM monoclonal (macroglobulina) produzida por um clone linfoplasmocitário. Além da MW, a IgM pode gerar uma gamopatia monoclonal de significado indeterminado ou estar relacionado com linfomas não Hodgkin B indolentes. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Manifesta-se de forma insidiosa ou indolente. A apresentação clínica mais comum da MW é a síndrome de hiperviscosidade. O pcte começa a ter sintomas gerais como fadiga e indisposição e tem uma predisposição ao sangramento. - Sempre há acometimento do tecido linfoide, sendo que a doença se assemelha a um linfoma indolente ou LCC. Nesse momento o pcte pode apresentar hepatoesplenomegalia e adenopatia cervical ou generalizada. - A pele pode apresentar nódulos e pápulas nas extremidades, vasculites leucocitoclásticas (púrpura palpável), lesões urticariformes. - Síndrome de Schnitzler: lesões urticariformes com presença de hiperostose e febre intermitente. - A polineuropatia periférica ocorre em 5% dos pctes. É associada à presença de IgM monoclonal com atividade anti- MAG (glicoproteína associada a mielina) e anti-SGPG. Geralmente acomete propriocepção e tato discriminativo. Pcte perde equilíbrio na deambulação e capacidade de ficar em pé com os pés juntos e olhos fechados. ● Síndrome da Hiperviscosidade: os sintomas geralmente aparecem quando a viscosidade do sangue está > 4. Os sinais dessa síndrome são provenientes do prejuízo ao fluxo cerebral e retiniano, sobrecarga cardíaca e alteração na hemostasia. Pcte queixa-se de cefaleia refratária, tonteira, vertigem, borramento visual, diplopia ou sonolência. Pode evoluir para crise convulsiva ou coma. A fundoscopia revela achados de “vasos de salsicha”, hemorragia, papiledema e exsudatos. Pode haver perda visual. Pode haver sangramento de mucosas. O tto consiste em plasmaférese imediatamente. ● Crioglobulinemia: a IgM monoclonal tem propriedades de precipitação em baixas temperaturas (< 28 graus). Pode gerar fenômeno de Raynaud, cianose, gangrena de dígitos, glomerulite e poliartralgias. ● Crioglutinina (hemólise): desencadeamento de anemia hemolítica autoimune por anticorpos frios. ● Distúrbios hemostático: o IgM monoclonal reveste superfícies de plaquetas, inibindo parcialmente a sua função e predispondo a sangramento gengival, epistaxe, púrpura, petéquias, equimoses, sangramentos digestivos. DIAGNÓSTICO - Maioria apresenta anemia normocítica e normocrômica, multifatorial. A leucometria está normal, mas há plaquetopenia na maioria dos pctes. Há ↑ do VSH e formação de rouleaux no sangue periférico devido agregação eritrocitária provocada pelo componente M. - Dx é confirmado pela associação do componente M do tipo IgM detectado na eletroforese e tipado pela imunoeletroforese, > 10% de infiltrado linfoplasmocitário na biópsia de MO. - A MO é acometida em 90% dos pctes, contendo padrão difuso ou nodular de infiltrado plasmocitoide monoclonal. TRATAMENTO - Tratamento depende da gravidade dos sintomas. - Na síndrome da hiperviscosidade: plasmaférese emergencial para remover IgM da circulação. - Tto da MW propriamente dita: rituximabe + QT. - Doença refratária e com recidiva: transplante autólogo de células-tronco hematopoiéticas. Fonte: Tratado de Geriatria e Gerontologia
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