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GRUPO DE ESTUDOS SOBRE FRATURA DE MATERIAIS DEMET/EM/UFOP DESCONTINUIDADES ESTRUTURA DE MATERIAIS Cristais perfeitos Resistência coesiva teórica e real Tipos de descontinuidades Descontinuidades eletrônicas Descontinuidades pontuais Descontinuidades lineares Descontinuidades superficiais Descontinuidades volumétricas DESCONTINUIDADES (DEFEITOS) Empilhamento perfeito de átomos. CRISTAIS PERFEITOS Os materiais cristalinos foram considerados isentos de descontinuidades até aqui neste curso. Por outro lado, mesmo os cristais crescidos cuidadosamente em laboratório apresentam descontinuidades cristalinas. Na realidade, cristais perfeitos não existem, pois como veremos neste capítulo, acima de 0K sempre existe uma determinada concentração de defeitos puntiformes em equilíbrio termodinâmico dentro dos cristais. Portanto, os materiais cristalinos apresentam uma microestrutura. A microestrutura dos materiais cristalinos é constituída basicamente de descontinuidades cristalinas e constituintes microestruturais tais como fases e inclusões. A microestrutura de um material é determinada principalmente pela sua composição química e pelo seu processamento (solidificação, conformação mecânica, tratamentos térmicos, etc.). Algumas vezes a microestrutura do material se modifica durante sua utilização. RESISTÊNCIA COESIVA TEÓRICA E REAL DOS CRISTAIS Decomposição de uma tensão de tração em duas componentes: uma normal e uma paralela a um plano de deslizamento. eixo de tração direção de deslizamento plano de deslizamento normal ao plano de deslizamento Um cristal perfeito (sem descontinuidades) tem uma resistência mecânica “teórica” controlada exclusivamente pelas ligações químicas entre os seus átomos ou moléculas constituintes, pela temperatura e pelo estado de tensões. Vamos utilizar o cálculo desta resistência teórica para mostrar que os cristais não são perfeitos. Neste sentido, serão apresentados modelos que prevêem a separação do empilhamento atômico por clivagem ou cisalhamento. RESISTÊNCIA COESIVA TEÓRICA Resistência Mecânica Comportamento Frágil Comportamento Dúctil Modelo de Orowan Modelo de Frenkel 0a E máx Inclinação inicial = d/dx = c sen(x/d) RESISTÊNCIA TEÓRICA DE CLIVAGEM Tensão requerida para separar planos atômicos. 0a E máx a bG máx 2 RESISTÊNCIA TEÓRICA DE CISALHAMENTO Tensão requerida para deslizar planos atômicos. a bG máx 2 WHISKERS Materiais de Engenharia Deformação plástica Presença de descontinuidades A resistência mecânica é bem menor do que as estimativas anteriores. Tensão limite de escoamento de diversos metais. Material G/2 Limite de Escoamento experimental (GPa) (MPa) m / exp Prata 12,6 0,37 3 x 104 Alumínio 11,3 0,78 1 x 104 Cobre 19,6 0,49 4 x 104 Níquel 32,0 3,2-7,35 1 x 104 Ferro 33,9 27,5 1 x 103 Molibdênio 54,1 71,6 8 x 102 Nióbio 16,6 33,3 5 x 102 Cádmio 9,9 0,57 2 x 104 Magnésio (basal) 7,0 0,39 2 x 104 Magnésio (prismático) 7,0 39,2 2 x 102 Titânio (prismático) 16,9 13,7 1 x 103 Berílio (basal) 49,3 1,37 4 x 104 Berílio (prismático) 49,3 52,0 1 x 103 Tipos de descontinuidades cristalinas. DESCONTINUIDADES CRISTALINAS Características microestruturais. Tipos de aparelhos utilizados para observar a microestrutura. Tipos de descontinuidades cristalinas. DESCONTINUIDADES ELETRÔNICAS No estudo da ligação metálica foi apresentada uma diferenciação entre metais, semicondutores e isolantes, em função do posicionamento de suas respectivas bandas de valência e de condução. Diagrama simplificado de bandas de energia para metais, semicondutores e isolantes. A condutividade elétrica de materiais semicondutores não é tão elevada quanto a dos metais. Entretanto, eles possuem algumas características elétricas que os tornam úteis para certas aplicações. Um semicondutor intrínsico consiste em um material no qual o comportamento elétrico está baseado na estrutura eletrônica inerente ao material puro. Por outro lado, as propriedades elétricas desses materiais são extremamente sensíveis à presença de pequenas concentrações de impurezas. Assim, quando essas características são ditadas por átomos de impurezas, o semicondutor é chamado de extrínsico. Exemplos de materiais semicondutores intrínsicos. Semicondutores Intrínsicos Semicondutores intrínsicos são caracterizados a 0K por uma banda de valência cheia, separada da banda de condução por uma estreita faixa, geralmente menor do que 2eV. Típicos materiais intrínsicos são o Si e o Ge, mas existem também compostos com este comportamento. Conceito de um “vazio” Em semicondutores intrínsicos, para cada elétron excitado para a banda de condução existe um estado eletrônico vazio na banda de valência. Pode-se tratar este estado como um vazio ou buraco. Este vazio é tratado como um elétron, de mesma carga elétrica mas de sinal oposto. Sob a influência de um campo elétrico, elétrons e vazios se movem em direções opostas. Semicondutores extrínsicos A condutividade elétrica de um semicondutor pode ser aumentada através da adição de impurezas. Tem-se assim um semicondutor extrínsico. As impurezas têm a função de fornecer níveis de energia ao semicondutor dentro de sua faixa proibida, facilitando a passagem de elétrons para níveis mais energéticos, e conduzindo melhor a corrente elétrica. Os semicondutores extrínsicos podem se classificar em tipo n e tipo p, conforme a impureza adicionada. No primeiro caso as impurezas são doadoras de elétrons, e a faixa de energia adicionada se encontra próxima da faixa de condução. No segundo caso as impurezas são receptoras de elétrons, e a faixa de energia adicionada se encontra próxima da faixa de valência. Modelo de um semicondutor do tipo n. Modelo de um semicondutor do tipo p. Dispositivos Semicondutores Junção p-n: retificador diodo. Dispositivos Semicondutores Junção p-n-p: transistor. Dispositivos Semicondutores MOSFET: metal-oxide-semiconductor field-effect transistor. Dispositivos Semicondutores Chip microprocessador, MEV, 2000X. Conectores de alumínio (branco) e camada de silício dopado (cinza). Chip microprocessador, MO, 50X. Conectores de alumínio (branco) e dispositivos semicondutores (quadrados). Tipos de descontinuidades cristalinas. DESCONTINUIDADES PUNTIFORMES Uma descontinuidade puntiforme é uma interrupção muito localizada na regularidade da rede cristalina. Como regra, ela aparece por causa da ausência de um átomo da matriz (que estaria presente no cristal perfeito) ou a presença de um átomo (da matriz ou de impureza) em um sítio não ocupado ou em um interstício da rede cristalina. Nas estruturas metálicas, as descontinuidades puntiformes elementares podem ser de três tipos: a) Lacunas, quando uma posição atômica do retículo de Bravais está vaga; b) Intersticial, quando um átomo ocupa uma posição intersticial do retículo; c) Substitucional, quando uma posição atômica do retículo está sendo ocupada por um átomo de impureza. Em cristais iônicos, as seguintes descontinuidades são consideradas: a) Lacuna catiônica ou aniônica, ausência de um cátion ou de um ânion do retículo; b) Defeito Frenkel, associação entre lacuna catiônica e cátion intersticial; c) Defeito Schottky, associação entre lacuna catiônica e aniônica. (a) Lacuna (b) Auto-intersticial (c) Substitucional (d) Intersticial (e) Schottky (f) Frenkel Descontinuidades puntiformes Descontinuidades puntiformes Descontinuidades puntiformes Descontinuidades puntiformes Equilíbrio de descontinuidades puntiformes A presença de descontinuidades cristalinas dentro de um material causa aumentos da energia interna (U) do mesmo e da sua entropia (S). A grande maioria das descontinuidades cristalinas encontra-se fora de equilíbrio termodinâmico dentro do material. Elas aumentam muito a energia interna e tendema desaparecer quando o material é recozido. Nos casos das lacunas e dos intersticiais, o aumento da energia interna ou da entalpia (H = U + PV) é compensado pelo aumento da entropia. Portanto, existe uma concentração de equilíbrio de lacunas e de intersticiais (ao contrário das outras descontinuidades cristalinas) que é função da temperatura e do material. Em seguida, calcularemos a concentração em equilíbrio de lacunas. Faremos esta análise à pressão e temperatura constantes. Nestas condições, isto é, à P e T constantes, o equilíbrio termodinâmico é atingido quando a energia livre de Gibbs (G = H − TS) é mínima. Deve-se mencionar que as variações de P e V nas transformações do estado sólido são muito pequenas e H ≈ U. Variação da energia livre de Gibbs, da entalpia e da entropia em função do número de lacunas. G = H - TS G/n = 0 constante de Boltzmann (1.38 x 10 -23 J/atom-K) (8.62 x 10 -5 eV/atom-K) Nv N exp -H f k T No. of defeitos N0 potencial de descontinuidades. Energia de ativação Temperatura Cada posição atômica é uma potencial posição para lacuna • Concentração em equilíbrio varia com a temperatura! Concentração em equilíbrio de descontinuidades puntiformes • Nós podemos estimar Hf a partir de uma experiência. Nv N = exp -H f k T Determinação da Energia de Ativação • Mede-se isto… Nv N T dependência exponencial! Concentração de descontinuidades • Replotamos isto… 1/T N Nv ln -Hf /k inclinação Encontrar o número de lacunas em equilíbrio em 1 m3 de Cu a 1000C. • Dados: ACu = 63.5 g/molr = 8.4 g /cm 3 Hf = 0.9 eV/atom NA = 6.02 x 10 23 atoms/mol Exemplo: estimativa da concentração de lacunas Para 1 m3 , N = NA ACu r x x 1 m3 = 8.0 x 1028 sítios 8.62 x 10-5 eV/atom-K 0.9 eV/atom 1273K Nv N exp -H f k T = 2.7 x 10 -4 • Resposta: Nv = (2.7 x 10 -4)(8.0 x 1028) sítios = 2.2 x 1025 lacunas A energia ou entalpia de formação de lacunas varia de material para material. De um modo geral, pode-se afirmar que quanto mais forte forem as ligações entre os átomos, mais difícil será a formação de lacunas e maior será o valor de Hf. No capítulo sobre difusão atômica veremos que as lacunas estão intimamente ligadas com a movimentação atômica e que também existe uma energia para migração de lacunas (Hm). A tabela a seguir apresenta valores de Hf e de Hm em função do ponto de fusão para alguns metais. Devido à imprecisão nas determinações, são apresentadas faixas de valores, ao invés de um único valor. A energia de formação de intersticiais de um material é muito maior que a energia de formação de lacunas para o mesmo material. Por exemplo, enquanto a energia de formação de lacunas no cobre é cerca de 1,2 eV, a energia de formação de intersticiais é 4 eV para o mesmo metal. Por isto, a concentração de equilíbrio de intersticiais numa dada temperatura para um dado material é muito menor que a concentração de lacunas. Lembre-se que a energia de formação é expoente da função exponencial. Experiência de Simmons e Balluffi A presença de descontinuidades puntiformes causa variação de volume nos sólidos. A presença de lacunas causa aumento de volume, enquanto os intersticiais causam diminuição. Em 1960, os pesquisadores americanos R. Simmons e R. Balluffi conseguiram comprovar este fato experimentalmente. Eles aqueceram um corpo de prova de alumínio até próximo do seu ponto de fusão e durante o aquecimento (ou resfriamento) mediram a variação de comprimento ΔL⁄L (com auxílio de um dilatômetro de precisão) e a variação do parâmetro de reticulado Δa⁄a (com auxílio de difração de raios-X). Estes resultados estão apresentados na figura seguinte. Esta figura mostra que, para altas temperaturas, a variação de comprimento é maior que a variação de parâmetro de rede. Esta diferença é devida às lacunas. Quando um pedaço de metal é aquecido seu comprimento aumenta. Esta expansão é devida ao afastamento dos planos atômicos do cristal e também à criação de lacunas. Enquanto a difração de raios–X mede apenas o afastamento dos planos atômicos, o dilatômetro mede a variação total de comprimento. É interessante mencionar que, se o número de intersticiais criados durante o aquecimento fosse maior que o número de lacunas criadas, o valor de Δa⁄a seria superior ao valor de ΔL⁄L para cada temperatura. Variações de comprimento (ΔL⁄L) e de parâmetro de rede (Δa⁄a) do alumínio em função da temperatura Produção de descontinuidades puntiformes Fabricação da liga Deformação plástica Tratamento de têmpera Irradiação Na fabricação da liga metálica, são adicionados propositalmente uma certa quantidade de elementos de liga, que ocuparão posições intersticiais ou substitucionais na rede do material. Dessa forma, são formadas as soluções sólidas. A têmpera, ou resfriamento ultra-rápido, consiste em trazer para a temperatura ambiente a concentração de lacunas existentes em uma elevada temperatura. Conforme visto anteriormente, a concentração de lacunas é proporcional à temperatura. Assim, eleva-se a temperatura do material, até se atingir uma elevada concentração de lacunas em equilíbrio, e resfria-se rapidamente o material, para impedir a difusão de lacunas para “sumidouros” (discordâncias, contornos de grãos, etc.). A deformação plástica se processa num material mediante o movimento de discordâncias. Este movimento pode resultar na formação de descontinuidades puntiformes, principalmente através de movimentos não conservativos de “jogs” e a aniquilação de discordâncias paralelas de sinal contrário, produzindo uma fila de lacunas ou intersticiais. A irradiação do material é feita por partículas com elevada energia. As partículas usadas no bombardeio podem ser: nêutrons, prótons, elétrons, raios-X, partículas , etc. O choque entre essas partículas e os átomos da rede faz com que os átomos se desloquem de suas posições originais, e passem a ocupar outras posições. Desta forma, podem se criar lacunas ou interstícios. Aglomerado de lacunas induzidas por choque de laser em uma amostra de tungstênio. Amostra de níquel aquecida a 600oC por 10min e temperada em nitrogênio líquido, com anéis de lacunas. Efeito de descontinuidades puntiformes nas características dos materiais A presença de descontinuidades puntiformes na rede cristalina dos metais tem um importante papel na formação das soluções sólidas, que são as ligas metálicas tão difundidas na Engenharia. Sem a possibilidade de existirem as descontinuidades puntiformes seria impossível a fabricação das ligas metálicas, e não seriam atingidas as propriedades que dão aos metais sua importância. As descontinuidades puntiformes interagem com as discordâncias durante uma solicitação mecânica do tipo tração, sendo responsáveis pelo encruamento do material. A presença de descontinuidades puntiformes altera a solubilidade das fases presentes em uma liga, em função da temperatura, influenciando portanto na realização de um tratamento térmico e na obtenção da microestrutura desejada para o material. Soluções Sólidas: Aumento da tensão limite de escoamento de aço ferrítico, com a introdução de átomos de soluto. • Teutectoid muda: • Ceutectoid muda: T E u te ct o id (° C ) wt. % of alloying elements Ti Ni Mo Si W Cr Mn wt. % of alloying elements C eu te ct o id (w t% C ) Ni Ti Cr Si Mn W Mo F e 3 C ( ce m en ti te ) 1600 1400 1200 1000 800 600 4000 1 2 3 4 5 6 6.7 L (austenita) +L + Fe3C + Fe3C L+Fe3C Co, wt% C 1148°C T(°C) 727°C Soluções Sólidas Substitucional Intersticial Fases intermediárias Compostos intermetálicos Alguns metais usados comercialmente em aplicações de engenharia são puros. Isso ocorre com o cobre usado em condutores elétricos, e com a camada de zinco em aços galvanizados. Mas na maioria dos casos elementos “estranhos” são intencionalmente adicionados a um metal, a fim demelhorar suas propriedades. Se tal adição passa a fazer parte integral da fase sólida, a fase resultante recebe o nome de solução sólida. Soluções Sólidas Em um metal puro A pode-se dissolver átomos estranhos B sem modificar a estrutura cristalina de A. O elemento B passa a formar uma solução no interior de A, criando-se a solução sólida AB. O átomo estranho é considerado um elemento de liga. Em alguns casos, por exemplo Au+Ag ou Cu+Ni, a adição de átomos de B em A não está sujeita a limitações. Os metais A e B são miscíveis em todas as proporções: A e B formam uma solução sólida contínua. Na maioria dos casos, existe uma concentração limite CB a partir da qual a estrutura cristalina se modifica. No intervalo de concentrações compreendido entre A puro e a liga AB de concentração CB, existe uma solução sólida extrema, terminal, ou primária, chamada desta forma porque aparece nos extremos do diagrama de equilíbrio. Um exemplo é o latão no diagrama Cu-Zn. Acima de CB, A e B podem formar uma solução sólida com uma estrutura cristalina distinta de A puro, a qual se denomina solução sólida intermediária (por exemplo, o latão ). Os átomos dos elementos de liga B podem formar soluções em A, seja substituindo os átomos de A nos nós da rede de A (lacunas), seja situando-se nos interstícios da rede de A. Desta forma, existem duas grandes classes de soluções sólidas, caso o elemento de liga se encontre em substituição ou nos interstícios da rede. Existem também soluções de A e B cuja existência só é possível para uma concentração limitada. Neste caso, diz-se que A e B formam um composto intermetálico, que se caracteriza geralmente por uma fórmula AxBy (por exemplo, Mg2Pb). Duas maneiras de uma impureza (B) se somar ao hospedeiro (A): • Solução sólida de B em A (i.e., distribuição aleatória de descont. puntiformes) • Solução sólida de B em A + partículas de uma nova fase (geralmente para uma grande quantidade de B) OU Sol. Sólida Substitucional (p.ex., Cu em Ni) Sol. Sólida Intersticial (p.ex.., C no Fe) Partícula de segunda fase --composição diferente --geralmente estrutura diferente. Soluções Sólidas Soluções Sólidas Substitucionais A maior parte das soluções sólidas é do tipo substitucional: os átomos estranhos de B ocupam uma parte das lacunas, substituindo os átomos do metal de base A. A estrutura cristalina não sofre alteração, mas o parâmetro da rede se modifica, em razão da concentração de átomos de B. Os átomos de B devem encontrar-se distribuídos de forma totalmente aleatória nos diferentes nós da rede. Por outro lado, às vezes isto não acontece, por existir uma ordem aproximadamente perfeita, ou uma tendência para agrupamento (clusters) de átomos de mesma espécie. Consideremos os seguintes metais de estrutura CFC e de dimensões atômicas semelhantes: Cu/Ag/Au. Comprova-se experimentalmente que Cu e Au, assim como Ag e Au, são totalmente miscíveis. Porém, não ocorre o mesmo com Cu e Ag. As chamadas regras de W.Hume–Rothery procuram explicar este comportamento. Condições para formação de uma solução sólida substitucional: Tamanho atômico: a diferença r de raio atômico deve ser menor do que 15%; Estrutura cristalina: o tipo de estrutura cristalina deve ser o mesmo; Valência química: um metal de elevada valência é mais fácil de se dissolver em uma larga extensão em um metal de baixa valência do que o contrário; Eletronegatividade: as eletronegatividades devem ser semelhantes (proximidade na Tabela Periódica. Caso as regras de Hume-Rothery não sejam satisfeitas, há uma tendência para formação de novas fases/compostos. Aplicação das regras de Hume–Rothery 1. Você preveria mais Al ou Ag dissolvido em Zn? 2. Mais Zn ou Al em Cu? Element Atomic Crystal Electro- Valence Radius Structure nega- (nm) tivity Cu 0.1278 FCC 1.9 +2 C 0.071 H 0.046 O 0.060 Ag 0.1445 FCC 1.9 +1 Al 0.1431 FCC 1.5 +3 Co 0.1253 HCP 1.8 +2 Cr 0.1249 BCC 1.6 +3 Fe 0.1241 BCC 1.8 +2 Ni 0.1246 FCC 1.8 +2 Pd 0.1376 FCC 2.2 +2 Zn 0.1332 HCP 1.6 +2 Quando se faz um resfriamento bem lento de uma solução sólida substitucional, os átomos podem ocupar progressivamente locais bem determinados da rede cristalina. Nesse caso, a solução é dita ordenada, ou toma o nome de superestrutura ou superrede. Aqui, todas as células são idênticas. A proporção dos átomos diferentes sempre guarda uma relação de números inteiros e simples, como 1:1, 1:3, 2:1:1, etc. O abaixamento da temperatura favorece o aparecimento do arranjo ordenado, enquanto a elevação da temperatura aumenta a mobilidade atômica, favorecendo a desordem. Exemplo: no sistema Cu-Zn, o latão é uma solução desordenada acima da faixa 450oC-470oC, enquanto o latão ’ é ordenada abaixo desta faixa. Como a ordem aumenta a compacidade, do ponto de vista mecânico aumenta-se a tensão limite de escoamento e a dureza do material. Soluções Sólidas Ordenadas Uma condição necessária para que se forme uma solução sólida ordenada é que os átomos diferentes se atraiam com maior intensidade do que os átomos idênticos. Em adição, a liga precisa existir na composição ou próxima da composição que seja expressa por uma fórmula simples, como AB, A3B ou AB3. Soluções Sólidas Intersticiais Soluções sólidas intersticiais são formadas quando os átomos de soluto podem se ajustar nos interstícios da rede do solvente. Entretanto, um exame das redes cristalinas mais comuns mostra que o tamanho disponível de interstícios é muito pequeno. Conseqüentemente, somente átomos de tamanho pequeno, como H, B, C ou N, com raio atômico muito menor do que 1nm, vão formar este tipo de solução sólida. Os exemplos mais comuns ocorrem com os elementos de transição, e em particular a solução de C ou de N no Fe é de grande importância prática. Sítios intersticiais. (a) Estrutura CFC, sítios octaédricos. (b) Estrutura CFC, sítios tetraédricos. (c) Estrutura CCC, sítios octaédricos. (d) Estrutura CCC, sítios tetraédricos. Soluções Sólidas Intersticiais Soluções Sólidas Intersticiais Soluções Sólidas Intersticiais Soluções Sólidas Intersticiais Interstício CCC CFC HC Octaédrico R = a/2- r R = 0,067 a R = a/2 - r R = 0,147 a R = a/2 - r R = 0,207 a Tetraédrico R = a5/4 - r R = 0,127 a R = a3/4 - r R = 0,08 a R = (a3)/(22) - r R = 0,112 a Fases Intermediárias e Compostos Intermetálicos Uma fase intermediária difere de soluções sólidas primárias pelo fato de possuir uma estrutura cristalina distinta, ordenada ou desordenada, situando-se entre essas fases primárias em um diagrama de equilíbrio. Algumas fases intermediárias apresentam relações estequiométricas bem definidas de átomos constituintes, do tipo ordenado AB, A3B ou AB3. Por outro lado, elas possuem um domínio de existência bastante amplo em torno da composição estequiométrica. Um exemplo típico de fases intermediárias é o sistema Cu-Zn: a) Fase , com composição próxima de CuZn; b) Fase , com composição próxima de Cu5Zn8; c) Fase , com composição próxima de CuZn3. Deve-se fazer uma distinção entre fases intermediárias e compostos intermetálicos. Quando a fase intermediária existe unicamente no estado ordenado, ela recebe o nome de composto intermetálico. Por regra geral, estes compostos somente são estáveis em uma faixa de concentração muito mais estreita do que as fases intermediárias desordenadas, daí a denominação de compostos estequiométricos. Sistema Cu-Zn, com soluções primárias e , fases intermediárias , , e , fase ordenada ’. Fases Intermediárias Compostos eletrônicos Fases de Laves Fases complexas , , P Compostos semi-metálicos Estrutura do tipo NiAs Estrutura do tipo ZnS Estrutura do tipo CaF2 Compostos com elementos intersticiais Compostos de Hägg Carbonetos complexos Compostos de Hägg (rX/rM < 0,59) Estrutura CCC Carbonetos TiC ZrC VC NbC UC Nitretos TiN ZrN VN NbN UM Óxidos TiO ZrO VO NbO UO EstruturaHC Hidretos Ti2H Ta2H Zr2H Nitretos Mn2N Cr2N Fe2N Carbonetos Ta2C W2C Mo2C Carbonetos complexos (rX/rM > 0,59) Cementita Fe3C Rede ortorrômbica, empilhamento compacto de átomos de Fe, cada átomo de C rodeado por 6 átomos de Fe situados nos vértices de um prisma triangular ligeiramente deformado. Carbonetos complexos Elementos das colunas V A e VI A podem formar carbonetos complexos. Ex.: Cr23C6 (cúbico complexo), Cr7C3 (hexagonal), Cr3C2 (ortorrômbico). Tipos de descontinuidades cristalinas. DESCONTINUIDADES LINEARES Em 1934, E. Orowan, M. Polanyi e G. I. Taylor propuseram, em trabalhos independentes, a existência de uma descontinuidade cristalina linear denominada “Versetzung”, em alemão, por Orowan e Polanyi, e “dislocation”, por Taylor. Esta descontinuidade será denominada discordância neste curso, embora alguns grupos de pesquisa no Brasil prefiram o termo deslocação. O conceito de discordância, na verdade de discordância em cunha, pode justificar a discrepância entre as tensões calculada e medida nos sólidos cristalinos para a deformação plástica. O conceito de discordância em hélice, que será apresentado a seguir, foi introduzido por J. M. Burgers somente em 1939, junto com os conceitos de vetor e circuito, hoje conhecidos como vetor de Burgers e circuito de Burgers. Discordância em cunha AB. Átomos em compressão Átomos em tração Discordância em cunha. Discordância em hélice CD. Deformação cisalhante Discordância em hélice. Comparação entre a disposição dos planos cristalinos. (a) Cristal perfeito. (b) Ao redor de uma discordância cunha. (c) Ao redor de uma discordância hélice. Discordância mista. A discordância é a fronteira entre a parte do cristal que deslizou ou escorregou e a parte que ainda não escorregou, conforme ilustra a figura abaixo. Ela não pode terminar no interior do cristal. Agora podemos afirmar que a deformação plástica ocorre pelo movimento de discordâncias “varrendo” os planos de escorregamento. O movimento das discordâncias envolve o rearranjo de apenas alguns átomos ao seu redor e não mais o movimento simultâneo e cooperativo de todos os átomos de um plano cristalino, conforme supõe o modelo de Frenkel. Os planos de escorregamento, isto é, os planos onde as discordâncias se movimentam, são normalmente aqueles de maior densidade atômica. A movimentação atômica ao redor de uma discordância em cunha em movimento é mostrada na figura abaixo. Vetor de Burgers. Discordâncias em uma amostra de ferro, observadas em um MET. Discordâncias em um aço inoxidável, observadas em um MET. Discordâncias em uma partícula de ouro, observadas em um MET de elevada resolução. Imagem no MET de uma folha de aço inoxidável 18Cr-8Ni, mostrando o arranjo de discordâncias ao longo de um plano de deslizamento. Multiplicação de discordâncias durante a deformação plástica, superliga Hastelloy. a) Material recozido; b) Material deformado 5%; c) Material deformado 15%. Multiplicação de discordâncias em uma amostra de alumínio. Discordâncias e estrutura cristalina •Estrutura: planos e direções densamente ocupados são preferíveis para deformação. vista de dois planos densos. plano denso (inferior) plano denso (superior) direções densas • Comparação entre estruturas cristalinas: CFC: muitos planos/direções densos; HC : somente um plano, 3 direções; CCC: nenhum • Amostras que foram testadas em tração. Mg (HC) Al (CFC) direção de tração Variação do limite de escoamento com a densidade de discordâncias para amostras de titânio deformadas na temperatura ambiente e numa taxa de 10-4s-1. = o + k r 1/2 Tipos de descontinuidades cristalinas. DESCONTINUIDADES SUPERFICIAIS Descontinuidades bidimensionais ou planares Contornos de grãos Contornos de subgrãos Contornos de maclas Falhas de empilhamento Interfaces entre fases Superfícies externas Contornos de antifase Fronteiras de domínios Superfície Externa A superfície externa dos monocristais e dos policristais é a descontinuidade cristalina que causa maior distúrbio na estrutura e portanto apresenta maior energia por unidade de área. Esta energia por unidade de área pode ser entendida como uma tensão superficial ou interfacial entre as fases sólido e vapor (no caso a atmosfera). Esta energia está associada com as ligações rompidas ou insatisfeitas na superfície, ou seja, os átomos do cristal localizados na superfície têm número de coordenação que é aproximadamente a metade do número de coordenação no interior do cristal. Embora seu valor absoluto seja alto, sua importância relativa é pequena, pois a quantidade de superfície por unidade de volume nos componentes é praticamente desprezível. Em algumas áreas, tais como metalurgia do pó e processamento de materiais cerâmicos, a quantidade de superfície por unidade de volume é alta e a energia de superfície desempenha um papel importante. A tabela abaixo apresenta valores de energia de superfície para alguns materiais. De uma maneira geral, quanto maior for o ponto de fusão do material, maior será sua energia de superfície. Contornos de Grãos A grande maioria dos materiais cristalinos utilizados em engenharia é policristalina. O agregado policristalino consiste de pequenos cristais, denominados grãos, com dimensões de poucas dezenas de micrômetros, arranjados de maneira a preencher todo o espaço (sem deixar vazios). Contornos de grãos são as fronteiras bidimensionais que separam cristais de diferentes orientações em um agregado policristalino. A região do contorno tem uma espessura de aproximadamente duas a três distâncias interatômicas e é bastante defeituosa. Pode-se dizer que os átomos do contorno apresentam um número de coordenação menor do que os átomos no interior dos grãos. A natureza de um contorno de grão depende da desorientação entre os dois grãos adjacentes e da orientação do plano do contorno em relação aos grãos. As células unitárias dos dois grãos podem se tornar coincidentes pela rotação de um ângulo adequado ao redor de um eixo. Existem dois tipos simples de contornos de grãos: de inclinação e de torção. Um contorno de inclinação ocorre quando o eixo de rotação é paralelo ao plano do contorno. Um contorno de torção é formado quando o eixo de rotação é perpendicular ao plano do contorno. Esquema de um contorno de grãos. Espessura de 2 a 3 distâncias interatômicas Orientação relativa dos grãos e do contorno, formando (a) um contorno de inclinação e (b) um contorno de torção. É mais fácil considerar o modelo de um contorno de grão quando a desorientação entre os dois grão é pequena (< 10-15º). Neste caso, tem-se um contorno de baixo ângulo. Este tipo de contorno pode ser simplesmente considerado como um arranjo de discordâncias. O contorno de inclinação de baixo ângulo é um arranjo de discordâncias em cunha paralelas, enquanto o contorno de torção de baixo ângulo é uma grade cruzada de dois conjuntos de discordâncias em hélice. Em cada caso, os átomos nas regiões entre as discordâncias ajustam-se quase perfeitamente em ambos grãos adjacentes, e os átomos nos núcleos das discordâncias são regiões de fraco ajuste, onde a estrutura cristalina é fortemente distorcida. Por outro lado, devem ocorrer também diferenças de orientação entre grãos vizinhos de dezenas de graus. Por esta razão, este tipo de descontinuidade é denominada contorno de alto ângulo. Estas grandes diferenças de orientação impedem que este tipo de contorno possa ser descrito ou representado por arranjos convenientes de discordâncias, pois, neste caso, elas estariam muito próximas, a ponto de ocorrer interações entre seus núcleos. Esquema de contornos de grãos. Contorno de inclinação de baixo ângulo. Contorno de torção de baixo ângulo. átomos do cristal abaixo do contorno; átomos do cristal acima do contorno. Contorno de baixo ângulo em uma liga Al-Cu deformada 0,7% por tração e observadaem um microscópio eletrônico de transmissão (32.000X) Este contorno possui tanto característica de inclinação como de torção. Micrografia (microscópio ótico) de uma amostra de ferro policristalino, mostrando contornos de baixo e de alto ângulo. Micrografia (microscópio ótico) de uma amostra de aço extra doce, policristalino, enfatizando a orientação cristalográfica de cada grão. 64 milhões de grãos/cm3 Existem alguns modelos que tentam descrever os contornos de grão em agregados policristalinos, apesar disto, o conhecimento de sua estrutura é bastante limitado. Um dos primeiros modelos propostos para descrever os contornos de grão foi o modelo do cimento amorfo, apresentado em 1900, por J. A. Ewing e W. Rosenhain. Segundo eles, os contornos de grão são regiões não cristalinas ou amorfas, que envolvem os diferentes cristais ou grãos mantendo-os unidos. Atualmente, um dos modelos mais aceitos é o proposto pelo pesquisador alemão H. Gleiter, apresentado a seguir. Note neste modelo a presença de degraus (“ledges”) nos contornos de grão. Degraus em contornos de grão são uma característica importante dos contornos de alto ângulo. Observações recentes utilizando microscopia de alta resolução sugerem que os contornos de alto ângulo consistem de grandes regiões em que a adaptação atômica entre os dois grãos é relativamente boa separadas por regiões de má adaptação. Os degraus estão associados com estas regiões de má adaptação. De uma maneira geral, pode-se afirmar que a quantidade (ou densidade) de degraus aumenta com o aumento da diferença de orientação entre grãos vizinhos. Modelo de contorno de grão contendo degraus, segundo H. Gleiter. O contorno de grão tem a ele associado uma energia por unidade de área ou tensão superficial. Esta energia é praticamente uma constante do material, embora existam alguns contornos especiais de menor energia, denominados contornos de alta coincidência ou simplesmente contornos de coincidência. A tabela a seguir apresenta uma coletânea de energias de contornos de grão para diversos materiais. A energia dos contornos de grão está relacionada com a energia da superfície externa. De um modo geral, a energia média de contorno de grão é cerca de 0,45 a 0,75 da energia de superfície de um material. A energia de um contorno de grão de baixo ângulo é simplesmente a energia total das discordâncias por unidade de área do contorno. Ela depende do espaçamento das discordâncias, obtido a partir de um arranjo de discordâncias: Modelo de discordâncias para um contorno de baixo ângulo. Relação geométrica entre o ângulo de desorientação θ e o espaçamento d entre discordâncias. Para valores muito pequenos de θ o espaçamento entre discordâncias torna-se muito grande, e a energia γ do contorno de grão é aproximadamente proporcional à densidade de discordâncias no contorno (1/d), isto é: Por outro lado, para uma desorientação relativamente elevada o espaçamento entre discordâncias torna-se muito pequeno, os núcleos das discordâncias se sobrepõem, tornando-se impossível a identificação física das discordâncias. Neste momento, a energia do contorno de grão é praticamente independente da desorientação. Esquema mostrando a estrutura de um contorno de grão desordenado. Contornos de alto ângulo contêm extensas áreas de fraco ajuste, e uma estrutura relativamente aberta. As ligações entre os átomos estão quebradas ou altamente distorcidas, e o contorno é associado com uma elevada energia. Esquema mostrando a variação da energia de um contorno de grão com a desorientação. Resultados da variação da energia de um contorno de grão com a desorientação para uma amostra de Fe-Si. É importante destacar que um grão em um agregado policristalino é um poliedro que deve preencher todo o espaço (sem deixar vazios), satisfazer o equilíbrio de tensões superficiais e, é claro, satisfazer as relações entre o número de vértices, arestas e faces (teorema de Euler). O poliedro que mais se aproxima destas exigências é o ortotetracaidecaedro, apresentado na figura abaixo. Forma provável dos grãos de um material policristalino: (a) ortotetracaidecaedro (24 vértices, 36 arestas e 14 faces); (b) arranjo tridimensional (sem vazios) destes poliedros. A figura abaixo apresenta diferentes secções de um material policristalino monofásico, conforme observadas por microscopia ótica. Microestrutura monofásica policristalina (esquema). Aços inox ferríticos laminados a frio – 1.50mm SL SL SL SL 16Cr4Nb (14,5mm) 18Cr1Ti6Nb (64,3mm) 16Cr5Ti (16,5mm) 17Cr2Ti2Nb (49,4mm) O número de faces, arestas e vértices dos grãos em um agregado policristalino pode ser determinado experimentalmente. Tomemos, por exemplo, um pedaço de alumínio puro com grãos grandes (isto pode ser obtido fazendo-se um tratamento térmico em altas temperaturas, quando ocorre crescimento de grão). Se o alumínio policristalino for colocado em contato com gálio líquido (ponto de fusão 40°C), ocorre difusão preferencial dos átomos de gálio pelos contornos de grão do alumínio e a concentração de gálio nestas regiões é bastante aumentada. A presença de gálio nos contornos (segregação) diminui a força de coesão entre os grãos, tornando o material frágil (fragilização por metal líquido). Sob aplicação de pequenas tensões, os grãos se desagregam por fratura intergranular, como fossem os grãos de uma romã. Se os números de faces, arestas e vértices de vários grãos forem determinados, os valores médios serão muito próximos aos do ortotetracaidecaedro. Grãos removidos de uma amostra de latão, apresentando três tamanhos distintos. Tamanho de Grão Método comparativo Método planimétrico Método do intercepto MET-155 Efeito do tamanho de grão ferrítico no limite de escoamento e na temperatura de transição de impacto de um aço com 0,10%C, 0,50%Mn, 0,2%Si, 0,006%N. 2 1- dk oys Falhas de empilhamento No capítulo sobre “arranjos atômicos”, foi mencionado que uma determinada estrutura cristalina pode ser obtida por meio do empilhamento de planos arranjados em uma seqüência regular. Estas seqüências regulares podem ser localmente alteradas por deformação plástica e aglomerados de defeitos puntiformes criados por irradiação do material com partículas pesadas de alta energia ou por têmpera, dando origem a falhas de empilhamento. As falhas de empilhamento são limitados por discordâncias parciais, conforme mostra esquematicamente a figura abaixo. Estas discordâncias parciais se repelem. Discordâncias parciais delimitando falhas de empilhamento. Esquema tridimensional de uma falha de empilhamento em um cristal CFC. A falha consiste na faixa cinza, com espessura igual a diversos diâmetros atômicos. Ela é contornada por discordâncias parciais AB e CD. Discordâncias parciais e falha de empilhamento no MET. Aço AISI 304. Quanto maior for a energia por unidade de área da falha de empilhamento, mais próximas estarão as discordâncias parciais, de modo a minimizar a área defeituosa. A energia de falha de empilhamento (EFE) pode ser determinada experimentalmente medindo-se a distância entre as discordâncias parciais com auxílio de microscopia eletrônica de transmissão (MET). Além deste método, existem vários outros, a maioria envolvendo MET, utilizados na determinação da EFE. A EFE é um dos mais importantes parâmetros indicativos das propriedades dos materiais. Por exemplo, um material com energia de falha de empilhamento baixa apresenta após deformação plástica maior densidade de discordâncias, distribuição mais uniforme de discordâncias e maior energia armazenada na deformação, do que um material com energia de falha de empilhamento alta e deformado nas mesmas condições. Além disto, os materiais com baixa EFE geralmente apresentam maior taxa de encruamento, maior resistência à fluência e maior suscetibilidade à corrosão sob tensão que materiais com alta EFE. A tabela a seguir apresenta energias de falha de empilhamentode alguns materiais. A grande maioria das determinações de EFE foram realizadas na temperatura ambiente. As determinações de EFE acima da temperatura ambiente apresentam dificuldades experimentais. Os poucos resultados experimentais disponíveis sugerem que a EFE da maioria dos materiais aumenta com o aumento da temperatura. Células de discordâncias A distribuição das discordâncias em um metal ou liga deformado plasticamente depende de vários fatores: estrutura cristalina, energia de falha de empilhamento, temperatura e velocidade de deformação. Por exemplo, quando um metal com estrutura CFC e baixa EFE é deformado por método usuais (ensaio de tração, laminação ou forjamento), suas discordâncias têm baixa mobilidade devido ao fato das discordâncias parciais estarem muito afastadas entre si. Isto implica em dificuldade para ocorrência de fenômenos de escorregamento com desvio (“cross- slip”) e escalada (“climb”) de discordâncias. Uma vez tendo baixa mobilidade, as discordâncias geradas na deformação tenderão a ter uma distribuição plana (homogênea) na microestrutura, conforme mostra esquematicamente a figura abaixo. Arranjo de discordâncias homogeneamente distribuídas em grão encruado. Por outro lado, metais e ligas com estrutura CCC, ou metais e ligas com estrutura CFC e alta EFE, deformados plasticamente por métodos habituais na temperatura ambiente, apresentam discordâncias dissociadas em parciais próximas umas das outras, facilitando a ocorrência de escorregamento com desvio e de escalada. Isto implica em discordâncias com alta mobilidade, que tendem a se localizar em planos cristalinos de baixos índices de Miller, assim como aniquilar-se com discordâncias vizinhas de sinal oposto. Devido a estes fatores, metais e ligas com alta EFE tendem a apresentar uma distribuição heterogênea de discordâncias, como mostra a figura abaixo. Nesta figura é representado esquematicamente um grão com células de discordâncias ou células de deformação no seu interior. As discordâncias concentram-se preferencialmente nas paredes de célula e o interior das células permanece praticamente livre de discordâncias. A diferença de orientação entre células vizinhas é em geral muito pequena, menor que 2°. Aumentos na temperatura de deformação e/ou diminuição na velocidade de deformação favorecem a formação de estrutura celular. Arranjo celular de discordâncias em grão encruado. Alumínio – elevada EFE Cobre – baixa EFE Cu-7%Al – baixíssima EFE Contornos de subgrãos Um monocristal ou um grão em um agregado policristalino pode estar subdividido em regiões (subgrãos) que têm entre si pequenas diferenças de orientação, em geral menores que 5°. A fronteira que separa os dois subgrãos é denominada contorno de pequeno ângulo ou subcontorno. Em geral, os contornos de pequeno ângulo podem ser descritos por arranjos convenientes de discordâncias. Um tipo particular de subcontorno é o contorno inclinado puro, composto apenas de discordâncias em cunha (vide figura a seguir). A diferença de orientação é dada neste caso pelo ângulo , em radianos, que pode ser calculado pela relação: θ = b/D onde b é o vetor de Burgers e D é o espaçamento médio entre discordâncias. Note que as discordâncias neste tipo de arranjo minimizam a energia devida aos seus campos de tensão. Embora subcontornos do tipo inclinado puro realmente existam, a maioria dos subcontornos é mais geral e contém vários tipos de discordâncias. Arranjo de discordâncias em cunha. Um mecanismo de formação destes subcontornos foi proposto pelo pesquisador inglês R. W. Cahn, em 1950. Segundo o modelo de Cahn, durante o aquecimento de um metal deformado plasticamente, as discordâncias são reagrupadas, havendo aniquilação de discordâncias de sinais opostos e rearranjo das restantes minimizando seus campos de tensão elástica (vide figura abaixo). Este mecanismo é denominado poligonização, devido ao facetamento da superfície externa do cristal. O conceito de poligonização pode ser ampliado de modo a descrever a formação de subgrãos em monocristais e policristais. Representação esquemática do mecanismo de poligonização: (a) distribuição ao acaso de discordâncias em um monocristal deformado por flexão; (b) rearranjo das discordâncias ativado termicamente originando os subcontornos (poligonização). Durante o aquecimento de um metal deformado plasticamente e que apresenta subestrutura celular, ocorre o “aperfeiçoamento” das paredes de células (formadas por emaranhados de discordâncias) que se transformam em subcontornos de grão. Os materiais com baixa EFE, que não apresentam subestrutura celular após a deformação a frio, também apresentam formação de subgrãos (poligonização) no posterior recozimento. De uma maneira geral, pode-se afirmar que mesmo monocristais bem recozidos podem apresentar subgrãos. A diferenciação entre células de deformação e subgrãos é um tanto arbitrária. O principal critério para diferenciá-los é o grau de ativação térmica envolvido na sua formação, já que ambos são constituídos de arranjos de discordâncias e a diferença de orientação entre regiões vizinhas que eles separam é da mesma ordem de grandeza. Em geral, um subcontorno é mais aperfeiçoado que uma parede de célula, pois a subestrutura de subgrãos envolve uma considerável ativação térmica durante sua formação, o que permite o rearranjo das discordâncias. A energia dos subcontornos depende fortemente da diferença de orientação, ao contrário da energia dos contornos de grão. Esta energia depende também da natureza do subcontorno, ou seja, do tipo e do arranjo de discordâncias do subcontorno. Evolução da microestrutura de um material deformado plasticamente. (a) emaranhados de discordâncias. (b) formação de células. (c) aniquilação de discordâncias nas paredes das células. (d) formação de subgrãos. Uma das primeiras fotografias em MET do extensivo trabalho pioneiro de Hirth, Horne e Whelan, 1956, sobre a poligonização em alumínio, 65.000 X. Subgrãos observados no MET em amostra de tântalo policristalino deformado a frio até 99% de redução em área por forjamento rotativo e depois recozida por 1h a 750oC. Formação de contornos de baixo ângulo observados no MET durante a deformação a quente de aço inoxidável austenítico AISI 304. Contornos de maclas Contornos de macla são descontinuidades bidimensionais que separam duas regiões do cristal ou do grão que são imagens especulares uma da outra, conforme mostra a figura ao lado. Representação esquemática de uma macla no sistema CFC. O plano da figura é o plano (110). Os planos A1 e A2 são os planos de maclação. Empilhamento CFC. Plano de macla A. Deformação ou tratamento térmico Este tipo de descontinuidade pode ocorrer durante a solidificação, deformação plástica, recristalização ou durante o crescimento de grão. Normalmente, distinguem-se dois tipos de macla conforme a origem: macla de recozimento e macla de deformação. Embora os dois tipos mencionados sejam cristalograficamente idênticos na mesma estrutura, as maclas de recozimento, formadas em altas temperaturas, apresentam contornos retilíneos, enquanto as maclas de deformação, formadas durante a deformação a frio, apresentam contornos lenticulares (vide figura abaixo). Grãos maclados: (a) e (b) maclas de recozimento em materiais com estrutura CFC;(c) macla de deformação em materiais com estrutura HC. (a) Maclas de deformação em magnésio. (b) Maclas de recozimento em latão. As maclas de recozimento ocorrem mais freqüentemente durante a recristalização e/ou durante o crescimento de grão. Elas são mais freqüentes em materiais com baixa energia de falha de empilhamento. A energia do contorno coerente de macla é aproximadamente a metade da energia de falha de empilhamento. Desta maneira, é esperado que materiais com baixa EFE apresentem alta frequência de maclas de recozimento. Por exemplo, as maclas de recozimento são raríssimas em alumínio, ferro-alfa, nióbio,molibdênio e tungstênio, mas são muito freqüentes em cobre, prata, ouro, latão e em aços inoxidáveis austeníticos. As maclas de recozimento são raras no estado bruto de fundição, mesmo em materiais de baixa EFE. Isto mostra que sua formação ocorre principalmente durante a recristalização e o crescimento de grão, quando ocorre migração de contornos de alto ângulo. Freqüentemente, as maclas de recozimento terminam no interior do grão. Neste caso, aparece um contorno incoerente de macla (vide figura a seguir). A energia por unidade de área destes contornos incoerentes de macla é comparável a energia dos contornos de grão. Contornos coerentes e incoerentes de macla: (a) arranjo atômico; (b) aspecto observado em metalografia. A maclação mecânica (maclas de deformação) é uma maneira alternativa de deformação plástica, conforme mostra a figura a seguir. Como este modo de deformação plástica exige o movimento coordenado de muitos átomos, embora os deslocamentos sejam pequenos, ele ocorre principalmente em situações em que a deformação plástica por deslizamento de planos é muito difícil. A maclação mecânica ocorre, por exemplo, em metais HC, devido ao baixo número de sistemas de escorregamentos nesta estrutura. Em metais CCC, quando deformados abaixo a temperatura ambiente ou com altas velocidades de deformação, também ocorre maclação mecânica. Este mecanismo de deformação plástica não tem muita importância em metais e ligas com estrutura CFC. A maclação mecânica não envolve difusão, exige o movimento coordenado de átomos e este movimento envolve pequenos deslocamentos. Estas características são comuns às transformações martensíticas ou “militares”. Maclação mecânica em cristais CFC. Aços TWIP apresentam plasticidade induzida por maclação. Trata-se de ligas austeníticas que possuem elevado teor de manganês, alguma quantidade de alumínio e de silício (por exemplo, Fe-25Mn-3Si-3Al) e carbono e nitrogênio presentes essencialmente como impurezas. Estas ligas possuem baixo limite de escoamento (200-300 MPa), mas elevados valores de limite de resistência (1100 MPa) e de deformação total (60-95%). O efeito da maclação mecânica é duplo. As maclas ajudam na plasticidade, mas também aumentam a taxa de encruamento, pela subdivisão da austenita não maclada em finas regiões. Uma conseqüência prática importante é a capacidade deste tipo de aço de absorver elevada quantidade de energia por impacto. Interfaces A grande maioria dos materiais de engenharia apresenta na sua microestrutura mais de uma fase, isto é, eles são polifásicos. Freqüentemente, as fases presentes na microestrutura de um material polifásico apresentam diferentes composições e estruturas, embora também ocorram casos em que a estrutura cristalina é a mesma mas a composição é diferente e vice-versa. A fronteira que separa as duas fases é denominada interface. A figura abaixo apresenta uma microestrutura policristalina e bifásica vista em três dimensões. Microestrutura polifásica e bifásica (esquema). Material: aço AISI/SAE 1045 Microestrutura, ataque Nital Material: aço DP 600 Microestrutura, ataque Le Pera Dependendo das relações de orientação entre as duas fases, as interfaces podem ser classificadas como coerentes, semicoerentes ou incoerentes. As interfaces coerentes são mais raras e só ocorrem quando as duas fases apresentam mesma estrutura cristalina e parâmetros de rede quase idênticos. Além disto, uma das fases deve estar dispersa na outra (matriz) e ter dimensões muito pequenas, em geral, menores que 0,1 μm. As interfaces semicoerentes são mais freqüentes e podem ocorrer mesmo quando as duas fases tem diferentes estruturas cristalinas. Neste caso, o ajuste dos reticulados das duas fases pode ser facilitado pela presença de discordâncias na interface. As interfaces incoerentes são muito mais freqüentes e representam o caso geral. Os três tipos de interface mencionados são apresentados na figura abaixo. Arranjo dos átomos ao redor das interfaces: (a) coerente; (b) semicoerente e (c ) incoerente (segundo E. Hornbogen). Quanto mais diferentes forem as duas fases entre si e principalmente quanto maior for o grau de desajuste entre as suas estruturas tanto maior será a energia da interface. A tabela abaixo apresenta as energias de interface para alguns sistemas. Os valores da tabela acima mostram que a energia por unidade de área de uma interface coerente é comparável com a energia de subcontornos e contornos coerentes de macla. Por outro lado, a energia das interfaces incoerentes é comparável com a energia dos contornos de grão. Contornos de antifase Conforme já foi mencionado no ítem sobre soluções sólidas, algumas fases apresentam reação do tipo ordem-desordem. Em geral, as regiões ordenadas tem o mesmo tipo de estrutura cristalina que a matriz. Vamos considerar o caso do latão β, com concentração equiatômica de cobre e zinco. Em altas temperaturas predomina a estrutura CCC, com os átomos de cobre e de zinco ocupando as posições do centro da célula e dos vértices indistintamente e sem preferência. Diz-se nesta situação que a fase é desordenada. Em temperaturas mais baixas, os átomos de cobre têm preferência pelas posições do centro da célula enquanto os átomos de zinco ocupam as posições do vértice do cubo. Diz-se nesta situação que a fase é ordenada. Uma liga ou uma fase que sofre ordenação apresenta regiões em que o tipo de ordem difere. A fronteira entre estas regiões é denominada contorno de antifase. A figura ao lado apresenta este tipo de descontinuidade bidimensional. A passagem de uma discordância por uma fase ordenada pode criar um contorno de antifase. Por esta razão, as discordâncias atravessam as fases ordenadas aos pares. Enquanto a discordância “à frente” desordena, a discordância “de trás” reconstitui a ordem. Este par de discordâncias é denominado superdiscordância. Estrutura ordenada bidimensional apresentando contornos de antifase. (a) Diagrama esquemático mostrando a configuração atômica do Cu3Au, que resulta na formação de contornos de antifase planos. (b) Observação dos contornos de antifase no MET. Fronteiras de Domínios Em muitas fases ocorre o alinhamento dos spins eletrônicos dando origem a domínios magnéticos. As fronteiras que separam estes domínios são denominadas fronteiras de domínio ou fronteiras de Weiss, em homenagem ao físico francês P. Weiss, que sugeriu pela primeira vez a existência de domínios magnéticos, em 1907. A figura abaixo apresenta uma representação esquemática de domínios magnéticos em um cristal de metal ferromagnético. As direções de magnetização são representadas na figura por flechas. Existem nos materiais magnéticos outros tipos de domínio e de fronteiras de domínio que não foram abordados neste capítulo, mas podem ser encontrados em livros especializados sobre magnetismo e materiais magnéticos. Esquema ilustrativo de fronteiras de domínios. DESCONTINUIDADES VOLUMÉTRICAS Tipos de descontinuidades cristalinas. Descontinuidades volumétricas são encontradas no material quando uma parte da estrutura é substituída por um volume de um composto diferente. A diferença é de natureza química, podendo ou não ser acompanhada de diferenças cristalográficas. A nível ainda microscópico, podemos considerar como descontinuidades volumétricas os precipitados, os dispersóides e as inclusões. Estes compostos foram apresentados neste capítulo, no item de soluções sólidas (fases intermediárias) e interfaces. A nível macroscópico temos: cavidades de contração e vazios de gás (durante a solidificação), trincas de transformação mecânica, defeitos de solda, etc. Representação esquemática de partículas de segunda fase em um sólido cristalino. • precipitado coerente; • precipitado semi-coerente (dispersóide); • precipitado incoerente (inclusão). Representação esquemática de partículas de segunda fase em um sólido cristalino. • precipitado coerente; • precipitadosemi-coerente; • precipitado incoerente. Seqüência de precipitação em ligas de Al-Cu, MET. (a) zonas GP, 720.000X; (b) θ” , 63.000X; (c) θ’ , 18.000X; (d) θ , 8.000X. Precipitados coerentes em uma liga de Al-4%Ag, MET, 300.000X. Precipitados semi-coerentes ’ (morfologia de Widmanstätten) em uma liga de Al-4%Ag, Zonas GP podem ser vistas entre os precipitados ’ (por exemplo, em H). MET, 7.000X. Precipitação de carboneto de nióbio em contornos de subgrãos de aço microligado. MET. Interação entre contornos de alto ângulo e precipitados de M23C6 durante a recristalização do aço AISI 304. MET. Microestrutura da bainita superior, com Fe3C nos contornos das ripas de ferrita. MET. Precipitado de TiN em uma amostra de aço ferrita-bainita do tipo DP-780. MEV. Aço com 0,03%C, envelhecido a 600C Inclusão de sulfeto de manganês. Inclusões de sulfeto de manganês (500X) e de silicatos (1.000X) em aço. MO. Gancho de aço moldado, mostrando vazios e porosidades. Influência de segregação sobre a resistência de um trilho. A trinca acompanha a região onde as impurezas se agruparam. Fora destas zonas o material apresenta razoável homogeneidade. Trincas em carbonetos de aço inoxidável martensítico, devido a excessiva deformação plástica a frio. MO. Trincas e vazios em região de solda de eixo de correia transportadora de minério. MO. Representação esquemática das características microestruturais de materiais metálicos. Descontinuidades Estruturais Representação esquemática das características microestruturais dos materiais. A Microestrutura dos Materiais Classificação das microestruturas em função da forma (morfologia) e da distribuição das fases presentes. A Microestrutura dos Materiais
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