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Abuso de autoridade

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ABUSO DE AUTORIDADE (LEI 4.898/65) 
 
PROFESSOR LEANDRO MENINO 
 
 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS: 
 
Em 2005, esta lei completou 50 anos de vigência. Ela regula o direito de representação e o processor de 
responsabilidade administrativa, civil e penal contra autoridades que cometem abusos no exercício de suas 
funções. Dispõe o art. 1º da Lei: “o direito de representação e o processo de responsabilidade administrativa, 
civil e penal, contra as autoridades que, no exercício de suas funções, cometerem abusos, são regulados pela 
presente Lei”. Trata-se de lei que disciplina a responsabilização do agente em três esferas distintas: a 
administrativa, a civil e a criminal. 
 
2. DIREITO DE REPRESENTAÇÃO: 
 
Qualquer pessoa pode pleitear perante as autoridades competentes a punição dos responsáveis por abuso. 
Trata-se do direito de representação previsto na Constituição Federal nos seguintes termos: “são a todos 
assegurados independentemente do pagamento de taxas: o direito de petição aos Poderes Públicos em 
defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder (art. 5º, XXXIV,CF). 
 
2.1. FORMAS DE EXERCÍCIO DO DIREITO DE REPRESENTAÇÃO: 
 
O artigo 2º disciplina o exercício do direito constitucional de representação. Assim, qualquer pessoa que se 
sentir vítima de abuso de poder poderá, direta, pessoalmente e sem necessidade de advogado, encaminhar 
sua delação à autoridade civil ou militar competente para apuração e responsabilização do agente. De acordo 
com o mencionado dispositivo legal, o direito de representação será exercido por meio de petição: 
a) dirigida a autoridade superior que tiver competência para aplicar, à autoridade civil ou militar culpada, a 
respectiva sanção. 
b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver competência para iniciar o processo-crime contra a 
autoridade culpada. 
 
2.2. REQUISITOS DO DIREITO DE REPRESENTAÇÃO: 
 
De acordo com o parágrafo único do artigo 2º da Lei, a representação será feita em duas vias (original e cópia) 
e conterá: 
 
a) a exposição do fato, com todas a circunstâncias. 
b) qualificação do acusado. 
c) rol de testemunhas (no máximo três) 
 
2.3. REPRESENTAÇÃO FORMULADA PERANTE O MINISTÉRIO PÚBLICO: CONDIÇÃO OBJETIVA DE 
PROCEDIBILIDADE? 
 
A representação de que trata o artigo 2º, pela forma como está redigida, poderia ser interpretada como a 
autorização dada pelo ofendido ou seu representante legal para a propositura da ação penal pública, isto é, 
 
como condição objetiva de procedibilidade, sem a qual o Ministério Público está impedido de oferecer 
denúncia. 
 
De acordo com a letra expressa da Lei 5.249/67, “a falta de representação do ofendido, nos casos de abuso 
previstos na Lei 4.898/65, não obsta a iniciativa ou o curso de ação pública”. A ação é, portanto, pública 
incondicionada, por expressa determinação legal. 
 
3. TRÍPLICE RESPONSABILIDADE: 
 
A Lei de Abuso de Autoridade regulamenta as três responsabilidades. Assim, ato de abuso de autoridade 
enseja tríplice responsabilização (Art. 1º da Lei 4.898/65): Administrativa; Civil; Penal 
 
3.3. RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA: 
A Administração pública possui mecanismos internos aptos a punir o funcionário publico em geral. Tal 
poder punitivo decorre dos poderes hierárquico e disciplinar. Não se deve confundir o poder disciplinar da 
Administração com o poder punitivo do Estado, realizado através da justiça penal. 
O servidor público que com sua conduta violar norma administrativa e penal, sofrerá sanção nas duas 
esferas, sendo que uma não exclui a outra. 
A lei de abuso de autoridade prevê como penalidades administrativas ao servidor que comete crime de 
abuso: 
a) advertência; 
b) repreensão; 
c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de cinco a cento e oitenta dias, com perda de 
vencimentos e vantagens; 
d) destituição de função; 
e) demissão; 
f) demissão, a bem do serviço público. 
Art. 6º da Lei 4.898/65. O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção administrativa civil e 
penal. 
 
§ 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo com a gravidade do abuso cometido e consistirá 
em: 
 
a) advertência; 
b) repreensão; 
c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de cinco a cento e oitenta dias, com perda de 
vencimentos e vantagens; 
d) destituição de função; 
e) demissão; 
f) demissão, a bem do serviço público. 
 
Art. 7º Recebida a representação em que for solicitada a aplicação de sanção administrativa, a 
autoridade civil ou militar competente determinará a instauração de inquérito para apurar o fato. 
 
§ 1º O inquérito administrativo (inquérito administrativo, leia-se processo administrativo) 
obedecerá às normas estabelecidas nas leis municipais, estaduais ou federais, civis ou militares, que 
estabeleçam o respectivo processo. 
 
 
4. RESPONSABILIDADE CIVIL: 
Consiste no pagamento de uma importância em dinheiro, em razão do dano moral e material sofrido pela 
vitima do abuso. O agente responsável pelo abuso fica obrigado a reparar o dano civil decorrente do seu 
ato ilícito. 
Se o ofendido preferir, não será necessário aguardar o trânsito em julgado, para ingressar na busca de 
ressarcir seu prejuízo, podendo ser ajuizada ação civil “ex delicto”, que no caso será ajuizada em desfavor 
do Estado, já que o artigo 37 § 6º da Constituição Federal traz a responsabilidade objetiva do Estado pelos 
atos ilícitos praticados por seus agentes, nessa qualidade. 
A prefixação do valor indenizatório, em face da desvalorização da moeda, tornou-se letra morta. 
Art. 6º da Lei 4.898/65. O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção administrativa civil e 
penal. 
 
§ 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do dano, consistirá no pagamento de uma 
indenização de quinhentos a dez mil cruzeiros. 
 
 
5. RESPONSABILIDADE PENAL: 
O agente condenado por crime de abuso de autoridade responde pelo crime com as seguintes penas: 
 
a) multa de cem a cinco mil cruzeiros; 
b) detenção por dez dias a seis meses; 
c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer outra função pública por prazo até três anos. 
Tais penais podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente (aplica uma, duas ou as três). 
 
Quanto a pena de multa, com o advento da reforma da Parte Geral do Código Penal em 1984, foi revogado 
o sistema anterior de penas de multa. Todas as penas pecuniárias com valor expressos em cruzeiros, 
cruzados ou qualquer outra unidade monetária tiveram esses valores suprimidos. 
 
Quanto à perda ou inabilitação par ao exercício de função pública, não se trata de efeito automático, deve 
ser aplicada na sentença de forma motivada, diferente da lei de tortura onde a perda do cargo é efeito 
automático da condenação. 
 
Na Lei de abuso de autoridade há a inabilitação para o exercício de qualquer outra função pública pelo 
prazo de até 3 anos. 
Na lei de tortura, a inabilitação para o exercício de função pública é aplicada pelo dobro do prazo aplicado 
na pena de prisão (5 anos de reclusão – 10 anos de inabilitação para a função pública). 
Tendo em vista que a pena máxima de reclusão prevista o crime é de 6 (seis) meses, os crimes desta lei são 
infrações penais de menor potencial ofensivo, sendo da competência dos juizados especiais criminais, 
segundo o artigo 98, I, CF/88 e artigo 61, da Lei 9.099/95. 
 
 
6. SUJEITOS DO CRIME: 
 
6.1 Sujeito ativo 
 
Tais crimes são próprios (crimes funcionais). Ou seja, exige uma condição especial do sujeito ativo (ser 
funcionário público). 
 
Qualquer agente público no exercício de suas funções ou qualquer pessoa que exerça uma função pública 
seja ou não integrante da administração pública. Art. 5º, L. 4.898/65 – Lei de Abuso de Autoridade. 
 
Mesmo conceito de funcionário público para fins penais (art. 327, CP). 
 
OBS: Encontra-se no conceito de autoridade pública também as pessoas que não integram a administração 
pública, mas que exerçam uma função pública, mesmo que transitório e sem remuneração (p. ex.: mesário 
eleitoral, jurado).OBS: Não está incluído no conceito de autoridade pessoas que exercem múnus público (encargo imposto 
pela lei ou pelo juiz para defesa de interesse particular ou social – p. ex.: depositário judicial, administrador 
de falência, advogado, tutores dativos, curadores dativos). 
 
OBS: Particular que não exerça nenhuma função pública pode cometer abuso de autoridade, desde que 
pratique em coautoria ou participação com autoridade pública (e tenha conhecimento). 
 
Ex.: policial agredindo uma pessoa, auxiliado pelo pipoqueiro. 
 
 
 
Art. 6º da Lei 4.898/65. O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção administrativa civil e 
penal. 
 
§ 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as regras dos artigos 42 a 56 do Código Penal e 
consistirá em: 
 
a) multa de cem a cinco mil cruzeiros; 
b) detenção por dez dias a seis meses; 
c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer outra função pública por prazo até três 
anos. 
 
§ 4º As penas previstas no parágrafo anterior poderão ser aplicadas autônoma ou cumulativamente. 
 
§ 5º Quando o abuso for cometido por agente de autoridade policial, civil ou militar, de qualquer 
categoria, poderá ser cominada a pena autônoma ou acessória, de não poder o acusado exercer 
funções de natureza policial ou militar no município da culpa, por prazo de um a cinco anos. 
Art. 5º, da Lei 4.898/65. Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei, quem exerce cargo, 
emprego ou função pública, de natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem 
remuneração. 
 
6.2 Sujeito passivo: tem dupla subjetividade passiva (tem dois sujeitos passivos). 
 
a) Sujeito passivo imediato ou principal: é a pessoa física ou jurídica que sofre a conduta abusiva. 
 
Qualquer pessoa física capaz ou incapaz, nacional ou estrangeira pode ser sujeito passivo. 
 
No caso de vítima criança ou adolescente pode configurar crime do ECA. 
 
Autoridade pública pode ser vítima de abuso de autoridade (praticado por outra autoridade). 
 
Também podem ser sujeitos passivos, pessoas jurídicas de direito público ou privado. Art. 4º, L. 4.898/65 – 
Lei de Abuso de Autoridade. 
b) Sujeito passivo mediato ou secundário: é o Estado. Todo ato de abuso de autoridade prejudica a 
regular prestação dos serviços públicos. 
 
7. ELEMENTO SUBJETIVO: 
Só o dolo. Não se pune a forma culposa do abuso de autoridade. Autoridade, por culpa, excede os limites 
de sua atuação (abusa culposamente) não haverá crime de abuso de autoridade, mas existe o ato de abuso 
de autoridade. 
 
8. AÇÃO PENAL. 
Da simples leitura do artigo 1° da lei de abuso de autoridade, pode-se pensar que este crime se procede 
mediante representação (ação publica condicionada a representação), no entanto a representação a que se 
refere à lei não é condição de procedibilidade das ações publicas condicionadas, mas mero direito de 
informar as autoridades competentes sobre o crime. 
Portanto os crimes da lei 4.898/65 são de ação pública incondicionada. 
Art. 1º, da Lei 4.898/65. O direito de representação e o processo de responsabilidade administrativa 
civil e penal, contra as autoridades que, no exercício de suas funções, cometerem abusos, são 
regulados pela presente lei. 
 
9. COMPETÊNCIA: 
O crime de abuso de autoridade é comum, em regra, é de competência da justiça comum estadual. Se o 
crime atingir bens, interesses ou serviços da União serão da competência da Justiça Federal. 
Tratam-se de crimes de menor potencial ofensivo da competência do JECRIM Estadual ou Federal. 
OBS: Abuso de autoridade praticado por militar será julgado pelo JECRIM estadual ou federal. Não é de 
competência da justiça militar (súm. 172 do STJ). Pois não é crime militar, é crime comum. 
 
10. CONCURSO DE CRIMES: 
O STF reconheceu a possibilidade de concurso de crimes entre lesão corporal e abuso, e entre violação de 
domicílio e abuso. (HC. 92.912, STF) 
 
O STJ reconheceu o concurso de crimes: abuso de autoridade (Justiça Comum)+ lesão corporal (Justiça 
Militar) + violação de domicilio (Justiça Militar) (separação dos processos, competências diversas). (HC. 
81.752, STJ). 
Também é possível o concurso de crime contra a honra e abuso de autoridade (Resp. 684.532, STJ). 
Súmula: 172 do STJ. Compete a justiça comum processar e julgar militar por crime de abuso de 
autoridade, ainda que praticado em serviço. 
 
CRIMES DE ABUSO: 
11. ARTIGO 3° DA LEI 4.898/65: 
Art. 3º, da Lei 4.898/65. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: 
 
a) à liberdade de locomoção; 
b) à inviolabilidade do domicílio; 
c) ao sigilo da correspondência; 
d) à liberdade de consciência e de crença; 
e) ao livre exercício do culto religioso; 
f) à liberdade de associação; 
g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do voto; 
h) ao direito de reunião; 
i) à incolumidade física do indivíduo; 
j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional. (Incluído pela Lei nº 6.657,de 
05/06/79) 
 
Segundo o artigo 3º da lei de abuso de autoridade, qualquer atentado aos direitos e garantias fundamentais 
de 1° geração nele elencados. 
Esse tipo penal não admite a tentativa, tendo em vista, que o mero atentado já configura crime consumado. 
 
11.1 Atentado à liberdade de locomoção; 
 
Art. 5º XV, CF/88 – é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer 
pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; 
 
Ex: policial militar manda cidadão de bem sair de uma praça pelo simples fato de estar mal vestido. 
Os atos decorrentes do poder de polícia estatal como são auto executáveis (não dependem de ordem 
judicial) não configuram abuso de autoridade se justificados. (Exercício do poder de polícia legítimo do 
Estado – NUCCI). 
Ébrios e doentes mentais, eles podem ser retirados de determinados locais e retidos em órgãos públicos (p. 
ex.: hospital) ou encaminhados para suas casas, desde que estejam perturbando a ordem pública ou 
colocando em perigo a segurança própria ou alheia. 
11.2 Atentado à inviolabilidade de domicilio; 
 
Art. 5º XI, CF/88 – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem 
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, 
ou, durante o dia, por determinação judicial; 
Ex: executar busca e apreensão durante a noite e sem o consentimento do morador, mesmo que munido do 
mandado. 
Domicílio: é qualquer local não aberto ao público que seja utilizado para o trabalho ou para moradia, ainda 
que momentânea. 
Estão dentro de conceito de domicilio o trailer, escritório, cortiço, quarto de hotel, motel, etc. 
 
11.3 Atentado ao sigilo da correspondência; 
Art. 5º XII, CF/88 – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e 
das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que 
a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; 
 
Violar o sigilo das correspondências e das comunicações constitui crime de abuso de autoridade. Existem 
hipóteses em que o legislador pode limitar o direito ao sigilo, em atendimento a imperioso interesse 
público. Vejamos os exemplos: 
 Durante a busca e apreensão domiciliar. (art. 250, CPP) 
 A correspondência do preso (art. 41, LEP) 
Obs: somente ocorre crime a violação da correspondência fechada, pois a aberta não é considerada sigilosa. 
Obs: a lei de abuso de autoridade revogou o artigo 151 do CP (violação de correspondência), quando o 
agente for funcionário público, restando ainda o enquadramento quanto ao particular. 
 
11.4 Atentado a liberdade de crença. 
Art. 5º VI, CF/88 – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre 
exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas 
liturgias; 
A liberdade de crença é protegida pela norma constitucional, constituindo abuso qualquer atentado contra 
esta.Mas o agente que no regular exercício de sua função (estrito cumprimento do dever legal), dissolve culto 
religioso, por estar este perturbando com barulhos excessivos não comete ilícito. 
 
11.5 Atentado a liberdade de associação e a liberdade de reunião: 
Art. 5º XVII, CF/88 - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter 
paramilitar. 
 
Art. 5º XVI, CF/88 - todos podem reunir‑se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, 
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada 
para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente 
Associação é a reunião estável e permanente, enquanto a reunião é o agrupamento voluntario de pessoas 
sem fim permanente. 
A CF diz que as associações podem ser criadas livremente, sem autorização do poder público. 
A CF veda apenas dois tipos de associações: com fins ilícitos e as com caráter paramilitar. 
Garante-se, o direito de reunião desde que seja pacífica, sem armas, seja em locais público desde que não 
prejudique uma outra reunião anteriormente marcada para o mesmo local. 
 
OBS.: Não precisa de autorização para fazer a reunião, mas precisa avisar a autoridade pública (pré-aviso). 
 
Se a reunião foi feita de forma legal, atendendo aos requisitos constitucionais, a interferência na reunião é 
abuso de autoridade. 
 
Não pode a reunião estar sendo realizada de forma desordeira ou violenta, ex.: passeata armada, reunião 
com agressões etc. 
Não pode uma reunião atrapalhar outra reunião já marcada para aquele local. 
 
11.6 Atentado ao direitos e garantias legais assegurados ao voto. 
Art. 1º Parágrafo único, CF/88 - Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de 
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição 
 
Art. 14, CF/88 - A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, 
com valor igual para todos, e, nos termos da lei. 
 
11.7 Atentado à incolumidade física do individuo. 
Pode ser até uma vias de fato, como até uma tentativa de homicídio. 
 
OBS: E a incolumidade psíquica? R.: Prevalece o entendimento de que sim! Incolumidade física é o que 
atinge o indivíduo em si (psicologicamente ou fisicamente). 
Não se trata de analogia in malam partem ou interpretação extensiva em desfavor do réu. 
 
OBS: E se a vítima sofre lesões haverá concurso formal de crimes (lesão corporal (ou homicídio) + abuso de 
autoridade). 
 
Tal perigo à incolumidade física do indivíduo não é absorvido pelo homicídio ou lesão corporal. 
 
Mas, se o abuso de autoridade caracterizar tortura, prevalece o entendimento de que ele ficará absorvido 
pelo o crime de tortura. 
 
11.8 Atentado aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício da profissão. 
 
Art. 5º XIII, CF/88 é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as 
qualificações profissionais que a lei estabelecer; 
Trata-se de norma penal em branco – o direito ou garantia profissional deve estar previsto em outra lei. 
Ex: violar os direitos do advogado (com intuito de abusar) – são garantidos pelo o art. 7º do EOAB. 
 
12. ARTIGO 4° DA LEI 4.898/65: 
Art. 4o Constitui também abuso de autoridade: 
 
a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual, sem as formalidades legais ou com 
abuso de poder; 
b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em 
lei; 
c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a prisão ou detenção de qualquer pessoa; 
d) deixar o juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que lhe seja comunicada; 
e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a prestar fiança, permitida em lei; 
f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial carceragem, custas, emolumentos ou qualquer 
outra despesa, desde que a cobrança não tenha apoio em lei, quer quanto à espécie, quer quanto ao 
seu valor; 
g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo de importância recebida a título de 
carceragem, custas, emolumentos ou de qualquer outra despesa; 
h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou jurídica, quando praticado com abuso 
ou desvio de poder ou sem competência legal; 
i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de segurança, deixando de 
expedir em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade. 
 
a) Ordenar ou executar medidas privativas de liberdade sem as formalidades legais ou com abuso de 
poder 
 
Esta alínea a revogou tacitamente o art. 350, caput, do CP (apenas o caput; o resto do artigo continua em 
vigor, como já aqui visto). 
 
 
Ex.1: sem as formalidades legais – manter alguém preso sem lavrar o auto de prisão em flagrante. 
 
Ex.2: com abuso de poder – cumprir mandado de prisão algemando desnecessariamente 
 
 
Súmula vinculante n. 11. 
 
Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à 
integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade 
por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar civil e penal do agente ou da autoridade e de 
nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do 
Estado. 
 
 
OBS.: Muitas das condutas previstas na Lei de abuso de autoridade, quando praticadas contra criança e 
adolescente, caracterizam crime previsto no ECA. Assim, se a vítima for criança ou adolescente, apreendida 
ilegalmente, caracteriza o art. 230 do ECA. 
 
Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar 
em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária competente: 
 
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
 
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à apreensão sem observância das 
formalidades legais. 
 
 
b) Submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei. 
 
O autor deste crime só pode ser a autoridade que tenha a guarda ou a custódia da vítima. 
 
Vítima pode ser qualquer pessoa, e não apenas o preso. 
 
Fala-se de guarda e custódia de maneira genérica, ex.: pessoa que esteja cumprindo medida de segurança, 
pessoa que foi à Delegacia prestar testemunho e lá está sob custódia da autoridade policial etc. Submeter a 
pessoa a vexame ou constrangimento não autorizado em lei: 
 
Ex.: impedir o preso, sem justa causa, de receber visitas; expor o preso na mídia sem o seu consentimento. 
 
Se o vexame ou o constrangimento for legal, não haverá crime. 
 
Ex.: suspender direito de visita do preso por justo motivo. 
 
OBS.: Se esta conduta for praticada contra criança ou adolescente, o crime será o do art. 232 do ECA. 
 
 
 
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a 
constrangimento: 
 
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
 
c) Deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a prisão ou detenção de qualquer pessoa. 
 
A CF diz que a prisão precisa ser comunicada aos familiares ou pessoa de interesse do preso, 
imediatamente.. 
 
Art. 5º, LXII, da CF - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados 
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; 
 
O crime de abuso de autoridade só existe se a prisão não for comunicada ao juiz. Deixar de comunicar a 
família do preso ou a pessoa por ele indicada não é crime de abuso de autoridade. 
 
OBS.2: Se a vítima for criança ou adolescente, o crime será o art. 231 do ECA. 
 
Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela apreensão de criança ou adolescente de fazer 
imediata comunicação à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por 
ele indicada: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
 
d) Deixar o juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que lhe sejacomunicada 
 
O Delegado comunica o juiz quanto à prisão ilegal e este a mantém, deixando de relaxá-la caracteriza o 
crime em estudo. 
 
A palavra “juiz” entende-se: juiz, desembargador, Ministro de Tribunal Superior, ou seja, qualquer 
magistrado. 
 
Se a vítima for criança ou adolescente, o crime será o do art. 234 do ECA. 
 
Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de ordenar a imediata liberação de 
criança ou adolescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos 
 
 
e) Prender ou deter quem quer se que proponha a prestar fiança permitida em lei. 
 
f) Cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial carceragem, custas, emolumentos ou qualquer 
outra despesa, desde que a cobrança não tenha apoio em lei, quer quanto à espécie quer quanto ao seu 
valor. 
 
g) Ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou 
desvio de poder ou sem competência legal. 
 
 
Deve lesar a honra ou patrimônio de pessoa física ou jurídica de forma ilegal. Se a lesão à pessoa for de 
forma legal, não haverá crime (interdição do estabelecimento comercial pela vigilância sanitária pois não 
cumpriu as regras básicas de saúde). 
 
h) Prolongar a execução de prisão temporária ou de pena ou medida de segurança: 
 
A Lei 7960/89 de Prisão temporária traz prazo de 5 dias prorrogável por mais 5 dias nos crimes comuns e de 
30 dias prorrogável por mais 30 dias nos crimes hediondos e equiparados. Decorrido o prazo da prisão, a lei 
estipula que a autoridade policial deve soltar o preso, independentemente de alvará de soltura. 
 
Tal prolongamento pode decorrer por deixar de expedir ordem de soltura ou por deixar de cumprir ordem 
de soltura.

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