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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA — UNEB COLEGIADO DE FONOAUDIOLOGIA MARINA SANTANA LONGO CALDAS RESENHA CRÍTICA DO FILME “TEMPO DE DESPERTAR” O filme “Tempo de Despertar” é baseado na história verídica do médico neurologista Oliver Sacks, que no longa é chamado de Malcom Sayer. Ele trabalha na ala de doenças crônicas de um hospital psiquiátrico de Nova York, convivendo diariamente com pacientes em estado de completa imobilidade. Enquanto os outros médicos não acreditavam na melhora daqueles pacientes, Malcom por ser muito apaixonado pela área de pesquisa acadêmica, decide que começaria a estudar os seus pacientes, para descobrir do que se tratava aquela doença e qual seria o tratamento adequado. É através de suas pesquisas que o médico chega a conclusão de que aqueles pacientes sofriam de uma doença chamada encefalite letárgica, e ele começa a suspeitar que um medicamento usado para tratar o Parkinson poderia “despertar” os seus pacientes. O médico, então, solicita ao seu chefe a autorização para dar início ao tratamento, e o chefe autoriza com a condição de que fosse usado em somente um paciente. O paciente escolhido, então, é o Leonard, que é “acordado” pelo medicamento com sucesso, e o doutor começa a administrá-lo em outros pacientes. Quando acordam, aquelas pessoas não se reconhecem, não sabem quanto tempo passaram naquele estado de imobilidade, praticamente perdendo sua vida inteira. Eventualmente, é necessário que o tratamento seja interrompido, pois os pacientes começam a apresentar muitos efeitos colaterais que não eram esperados. Mesmo assim, o médico não desiste e procura outras alternativas, enquanto continua no tratamento com o paciente Leonard. Conforme Leonard compreende sobre a vida e as coisas boas, ele expressa o desejo de aproveitar aquilo que tem. Aquilo assusta a equipe médica, afinal, o homem ainda precisava do acompanhamento médico. Então, Leonard passa a rebelar-se contra os médicos para buscar alcançar seus desejos, como o de conhecer pessoas novas, e o fato da equipe do hospital não permití-lo realizar algo tão simples causa a regressão do seu estado, e ele apresenta picos de agressividade. Até que a simples atitude de uma moça, que trata Leonard com afeto, faz com que ele sinta-se amado e com esperança no mundo novamente. Essa atitude nos passa a mensagem que o filme quer nos dizer: o acompanhamento médico é importante, mas este deve ser feito livre de preconceitos. E além dos métodos convencionais, também é preciso explorarmos aquilo que todos nós precisamos sentir durante a vida: afeto, carinho, respeito, amor, proteção. Tudo isso, em complemento com o tratamento hospitalar, revitaliza a saúde corporal e mental. As situações dos pacientes que viveram e vivem até hoje nos manicômios brasileiros ou hospitais psiquiátricos são tristes. São pessoas tidas para a sociedade como “loucas”, e essa construção de um estereótipo consequentemente faz com que pouca atenção seja dada a esses lugares, que sofrem de superlotação, abusos e exploração, um lugar onde médicos não são profissionais, há falta de ética, há preconceito, há falta de cuidados de higiene e o abandono. Como futura profissional da saúde, me sinto na responsabilidade de entender a luta antimanicomial, que é a luta que visa defender as pessoas que passam por sofrimento mental. Para esses pacientes, é necessário um olhar humano, um olhar que enxergue a evolução através de resultados positivos nos tratamentos adequados e individuais para cada paciente, e além disso, é preciso falar sobre a importância do Movimento da Reforma Psiquiátrica para transmutar a concepção que a sociedade criou sobre os doentes mentais.
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