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APG 19 - Meninges

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1 ially mariana SOI V 2020.2 
OBJ 1 – MORFOFISIOLOGIA DAS MENINGES 
Meninges são as três camadas de membranas que circundam 
o cérebro e a medula espinhal. A sua função é proteger o 
sistema nervoso central, sustentar os vasos sanguíneos e formar 
uma cavidade preenchida por LCR. De superficial para profundo, 
elas são: 
 Dura-máter 
 Aracnóide 
 Pia-máter 
 
DURA-MÁTER 
é a meninge mais externa e localiza-se diretamente abaixo do 
crânio. Ela é formada por duas membranas; uma periosteal 
externa, que é bastante aderente ao crânio, e uma meníngea 
interna. 
A dura-máter, meninge mais externa, é composta por tecido 
conjuntivo denso, é formada por duas partes, um folheto que 
fica em contato com a calota craniana e um folheto que fica 
em contato com a aracnoide, o qual possui algumas clivagens, 
que formam as estruturas como foice do cérebro, tenda do 
cerebelo e seio cavernoso, ou seja, nessas regiões os dois 
folhetos da dura-máter se separam para formar essas 
invaginações. Além disso, a dura-máter tem uma parte 
craniana, que é contínua com o periósteo cranianos, e uma 
parte espinal, sendo que a parte em contato com a aracnoide 
é separada do periósteo das vértebras, formando entre os dois 
(dura-máter e canal vertebral) o espaço peridural, no qual há 
veias delgadas, tecido conjuntivo frouxo e tecido conjuntivo 
adiposo. 
Entre a dura-máter e a aracnoide há o espaço subdural, porém 
este espaço é virtual, não existindo em condições normais, 
apenas quando há o hematoma subdural, por exemplo. Além 
disso, a superfície interna da dura- -máter (externa do canal 
vertebral) é formada por epitélio simples pavimentoso de 
origem mesenquimatosa. 
SE LIGA! Hematoma subdural consiste na acumulação de 
sangue no espaço subdural, o que após trauma 
cranioencefálico. É uma complicação grave, que cursa com 
cefaleia, confusão mental, síncope/pré-síncope, náuseas e 
vômitos. 
A dura-máter, ao contrário das outras meninges, é ricamente 
inervada. Como o encéfalo não possui terminações nervosas 
sensitivas, toda ou qualquer sensibilidade intracraniana se 
localiza na dura-máter, que é responsável pela maioria das 
dores de cabeça. 
Pregas da Dura-máter: em algumas áreas o folheto interno da 
dura-máter destaca-se do externo para formar pregas que 
dividem a cavidade craniana em compartimentos que se 
comunicam amplamente. As principais pregas são: 
 Foice do Cérebro: é um septo vertical mediano em forma de 
foice que ocupa a fissura longitudinal do cérebro, separando os 
dois hemisférios. 
 Tenda do Cerebelo: projeta-se para diante como um septo 
transversal entre os lobos occipitais e o cerebelo. A tenda do 
cerebelo separa a fossa posterior da fossa média do crânio, 
dividindo a cavidade craniana em um compartimento superior, 
ou supratentorial, e outro inferior, ou infratentorial. A borda 
anterior livre da tenda do cerebelo, denominada incisura da 
tenda, ajusta-se ao mesencéfalo. 
https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/cerebro
https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/anatomia-da-medula-espinhal
 
2 ially mariana SOI V 2020.2 
 Foice do Cerebelo: pequeno septo vertical mediano, situado 
abaixo da tenda do cerebelo entre os dois hemisférios 
cerebelares. 
 Diafragma da Sela: pequena lâmina horizontal que fecha 
superiormente a sela túrcica, deixando apenas um orifício de 
passagem para a haste hipofisára. 
 
Cavidades da dura-máter: em determinada área, os dois 
folhetos da dura-máter do encéfalo separam-se delimitando 
cavidades. Uma delas é o cavo trigeminal, que contém o gânglio 
trigeminal. Outras cavidades são revestidas de endotélio e 
contém sangue, constituído os seios da dura-máter, que se 
dispõem principalmente ao longo da inserção das pregas da 
dura-máter. Os seios da dura-máter foram estudados no 
sistema cardiovascular junto com o sistema venoso. 
ARACNÓIDE 
é a meninge do meio. Ela se encontra logo abaixo da dura-
máter, mas sem estar aderida a ela. Em alguns pontos, a 
aracnóide possui protrusões para dentro da dura-máter, 
chamadas de granulações aracnóideas. Estas estruturas 
permitem o efluxo do LCR. 
A aracnoide também é dividida em duas partes, uma parte que 
fica em contato com a dura-máter, em forma de membrana, e 
uma parte formada por trabéculas que a ligam à pia-máter. 
Basicamente esta meninge é formada por tecido conjuntivo 
sem vasos sanguíneos revestido por epitélio simples 
pavimentoso. 
Entre a aracnoide e a pia-máter há as trabéculas aracnoides e 
essa região é chamada de espaço subaracnoide, o qual é 
preenchido por um líquido chamado de líquido 
cefalorraquidiado (LCR) ou líquor. Essa porção tem contato 
íntimo com os ventrículos cerebrais, que são as cavidades por 
onde o líquor circular. Este líquor é importante porque 
funciona como um colchão hidráulico, protegendo o SNC de 
traumas e confere a característica de flutuabilidade do sistema 
nervoso. 
A aracnoide possui ainda expansões que perfuram a dura-
máter, como nas saliências em seios venosos e nas vilosidades 
ou granulações da aracnoide, que são dilatações fechadas, 
cuja função é transferir líquor para o sangue no processo de 
reabsorção deste líquido que está sendo produzido 
constantemente pelo plexo coroide. O líquor atravessa a 
parede da vilosidade e seio venoso, entrando para a circulação 
sanguínea. 
 Cisternas Subaracnoideas: a aracnoide justapõe-se à dura-
máter e ambas acompanham apenas grosseiramente o 
encéfalo e a sua superfície. A pia-máter adere intimamente a 
esta superfície que acompanha os giros, os sulcos e depressões. 
Deste modo, a distância entre as duas membranas, ou seja, a 
profundidade do espaço subaracnoideo é muito variável, sendo 
muito pequena nos giros e grande nas áreas onde parte do 
encéfalo se afasta da parede craniana. Forma-se assim nestas 
áreas, dilatações do espaço subaracnoideo, as cisternas 
subaracnoideas, que contém uma grande quantidade de liquor. 
As cisternas mais importantes são as seguintes: 
 Cisterna Magna: ocupa o espaço entre a face inferior do 
cerebelo e a face dorsal do bulbo e do tecto do III ventrículo. 
Continua caudalmente com o espaço subaracnoideo da medula 
e liga-se ao IV ventrículo através da abertura mediana. A 
cisterna magna é a maior e mais importante, sendo às vezes 
utilizada para obtenção de liquor através de punções. 
 Cisterna Pontina: situada ventralmente a ponte. 
 Cisterna Interpeduncular: localizada na fossa interpeduncular. 
 Cisterna Quiasmática: situada diante o quiasma óptico. 
 Cisterna Superior: situada dorsalmente ao tecto 
mesencefálico, entre o cerebelo e o esplênio do corpo caloso. 
A cisterna superior corresponde, pelo menos em parte, à 
cisterna ambiens, termo usado pelos clínicos. 
 Cisterna da Fossa Lateral do Cérebro: corresponde à 
depressão formada pelo sulco lateral de cada hemisfério. 
 
3 ially mariana SOI V 2020.2 
Granulações Aracnoides: em alguns pontos da aracnoide, 
formam-se pequenos tufos que penetram no interior dos seios 
da dura-máter, constituindo as granulações aracnoideas, mais 
abundantes no seio sagital superior. As granulações 
aracnoideas levam pequenos prolongamentos do espaço 
subaracnoideo, verdadeiros divertículos deste espaço, nos 
quais o liquor está separado do sangue apenas pelo endotélio 
do seio e uma delgada camada de aracnoide. São estruturas 
admiravelmente adaptadas à absorção do liquor, que neste 
ponto, vai para o sangue. 
 
4 ially mariana SOI V 2020.2 
PIA-MÁTER 
é a camada mais profunda e se adere aos tecidos do cérebro, 
entrando em seus sulcos e fissuras. Juntas, a aracnóide e a pia-
máter são conhecidas como “leptomeninges”. A membrana 
interna da dura-máter, a aracnóide e a pia-máter atravessam o 
forame magno para circundar a medula espinhal, formando as 
meninges espinhais. 
A pia-máter é a aderida ao sistema nervoso (encéfalo e 
medula), e sua principal característica é o fato de ser 
extremamente vascularizada. Porém, esta meninge não entra 
em contato com células ou fibras nervosas, havendo entreessas estruturas prolongamentos de astrócitos, que separam 
a pia-máter dos elementos nervosos. 
Lembrando que os astrócitos são células da neuroglia, que são 
responsáveis pelo suporte e nutrição dos neurônios. A 
superfície externa da pia-máter é formada por células 
achatadas do mesênquima embrionário, a superfície interna 
possui os vasos sanguíneos, que penetram o tecido nervoso 
por túneis revestidos por pia-máter (espaços perivasculares), 
ou seja, a pia-máter envolve o vaso até o momento em que ele 
se torna capilar (espaços perivasculares somem), protegendo 
o tecido nervoso do contato com o vaso sanguíneo, e isso 
auxilia na formação da barreira hematoencefálica. Os capilares 
também são envolvidos pelos astrócitos. 
O plexo coroide é formado por dobras da pia-máter, ricas em 
capilares fenestrados e dilatados, que provocam uma saliência 
para o interior dos ventrículos, localizados assim no teto do III 
e IV ventrículos e em parte dos ventrículos laterais. É nessa 
região que o líquor é produzido e secretado, que além de 
proteger contra traumas no SNC, é importante para o 
metabolismo do SNC. O plexo coroide então, é formado por 
tecido conjuntivo frouxo da pia-máter, células transportadoras 
de íons, para permitir a produção do LCR, e revestimento de 
epitélio simples cúbico ou colunar baixo. 
Existem três espaços entre as meninges. O espaço epidural 
(extradural), um espaço virtual entre as duas membranas da 
dura-máter, o espaço subdural, um espaço virtual entre a dura-
máter e a aracnóide e o espaço subaracnóide, um espaço real 
entre a aracnóide e a pia-máter.O espaço subaracnóide contém 
vasos cerebrais e líquido cefalorraquidiano (LCR). 
As duas membranas da dura-máter são separadas em quatro 
pontos por septos, formando os seios venosos durais. Os quatro 
septos fibrosos são: 
 Foice do cérebro: separa os hemisférios cerebrais esquerdo e 
direito e contém os seios sagitais superior e inferior 
 Tenda do cerebelo: separa o cérebro do cerebelo e contém os 
seios transverso, reto e petroso superior 
 Foice do cerebelo: separa os dois hemisférios cerebelares e 
contém o seio occipital 
 Diafragma da sela: forma um teto sobre a fossa hipofisária, onde 
a glândula pituitária se localiza, e contém os seios 
intracavernosos anterior e posterior. 
 
SE LIGA! A barreira hematoencefálica é uma barreira 
funcional, ou seja, não é uma barreira anatômica, que confere 
menor permeabilidade dos capilares sanguíneos no tecido 
nervoso, dificultando a passagem de substâncias do sangue 
para o tecido nervoso, protegendo o sistema nervoso de alguns 
antibióticos, toxinas e agentes químicos, por exemplo, pois ou 
neurônios são muito sensíveis. Os principais componentes 
dessa barreira são o capilar, pois o endotélio do capilar nervoso 
é totalmente ocluído (junções oclusivas), além dos 
prolongamentos dos astrócitos. 
 
 
https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/cerebelo-e-tronco-cerebral
 
5 ially mariana SOI V 2020.2 
OBJ – PRINCIPAIS PROCESSOS INFECCIOSOS DO SNC E 
OS SEUS MECANISMOS DE INFECÇÃO 
Artigo 
 
 
 
 
6 ially mariana SOI V 2020.2 
 
7 ially mariana SOI V 2020.2 
 
 
 
8 ially mariana SOI V 2020.2 
 
 
 
9 ially mariana SOI V 2020.2 
 
10 ially mariana SOI V 2020.2 
 
 
 
11 ially mariana SOI V 2020.2 
 
 
 
12 ially mariana SOI V 2020.2 
 
13 ially mariana SOI V 2020.2 
 
14 ially mariana SOI V 2020.2 
 
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17 ially mariana SOI V 2020.2 
 
 
OBJ 3 – SÍNDROMES MENÍNGEAS 
As meningites são as infecções agudas mais temidas, por 
serem responsáveis por grande número de mortes e seqüelas 
neurológicas. Algumas bactérias como a Neisseria 
meningitidis possuem grande importância epidemiológica, 
pelos riscos constantes de epidemias e elevados índices de 
morbimortalidade. No entanto, os avanços terapêuticos e as 
medidas de suporte avançado reduziram a letalidade, que 
varia hoje de 5 a 20%. Para isso, é de fundamental importância 
o diagnóstico e o tratamento precoces. 
Meningite é um processo inflamatório do espaço 
subaracnóideo e das leptomeninges (pia-aracnóide), que 
envolvem o encéfalo e a medula espinal. 
 
PRINCIPAIS AGENTES E TIOLÓGICOS DAS MENINGITES 
Bactérias 
Gram-negativas: meningococo, hemófilo, E. coli, 
Salmonela sp., Proteus, Klebsiela, Pseudomonas 
Gram-positivas: pneumococo, estreptococo, 
estafilococo, Listeria 
Micobactérias 
Espiroquetas: Leptospira, Treponema 
Vírus 
Enterovírus (echo, coxsackie e poliovírus), 
arbovírus, vírus da caxumba, herpes (simplex, tipo 
6, citomegalovírus, vírus Epstein-Barr, variscela-
zoster), sarampo, rubéola, parvovírus, rotavírus, 
varíola, VIH-1 (vírus da imunodeficiência-1) e 
alguns vírus que acometem o trato respiratório 
Fungos Criptococo, Candida, Histoplasma 
Outros 
parasitas 
Cisticerco, ameba, toxoplasma, tripanosoma, 
plasmódio, esquistossomo, Strongyloides 
stercoralis 
DIAGNÓSTICO CLÍNICO 
Será considerado como suspeito de meningite todo paciente 
com síndrome febril com sinais neurológicos. No caso de 
doença meningocócica, também os pacientes com síndrome 
febril hemorrágica. 
 
Algumas complicações freqüentes são: trombose e necrose 
isquêmica do tecido cerebral ou abscessos (localizados 
classicamente na substância branca dos hemisférios cerebrais 
ou do cerebelo). 
 
O quadro clínico resume-se em: síndrome infecciosa (febre, 
anorexia, mal-estar geral, prostração, mialgia, estado 
toxêmico), lesões exantemáticas, lesões petequiais, lesões 
purpúricas, equimoses coalescentes e até sufusões 
hemorrágicas. 
 
A síndrome de hipertensão intracraniana é composta de 
cefaléia holocraniana (que geralmente não cede com 
analgésico comum), vômitos (geralmente incoercíveis, sem 
relação com a alimentação), alteração do nível de consciência 
(vai do torpor mental, obnubilação, coma superficial, podendo 
chegar até o coma profundo), sinais de estimulação simpática 
(taquicardia, palidez, hipertensão arterial, pulso fino e rápido, 
além de sudorese), edema de papila ao exame do fundo de 
olho (diminuição da acuidade visual e auditiva), convulsões 
generalizadas ou localizadas e sinais neurológicos 
localizatórios (paresia ou paralisia espástica). 
 
A síndrome do comprometimento meníngeo é composta de 
rigidez de nuca, decorrente da compressão do exsudato 
purulento sobre a emergência dos nervos raquidianos, 
opistótono (grau máximo de rigidez de nuca, mais contratura 
extensora máxima da musculatura dorsal). 
 
18 ially mariana SOI V 2020.2 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
O hemograma apresenta-se com uma importante leucocitose, 
mas o diagnóstico principal é feito pelo líquor, através da 
punção lombar, que é realizada com pacientes em decúbito 
lateral, entre os espaços de L3-L4, L4-L5, L5-S1, sub-occipital 
ou ventricular (em crianças). O procedimento deve ser feito 
exclusivamente na Sala de Punção. São realizadas análises 
macroscópicas, bioquímicas, citológicas, bacteriológicas e 
micológicas no Laboratório de Bacteriologia. Lembrar sempre 
de coletar um mínimo de 1 ml (20 gotas de líquor. 
A realização de exames de imagem (tomografia 
computadorizada ou ressonância nuclear magnética) é cabível 
apenas quando a resposta clínica à terapêutica é atípica, 
levando-se à suspeita de empiema ou abscesso cerebral. 
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DO LÍQUOR NAS MENINGITES 
Tipo de meningite 
Aspecto do 
líquor 
Citometria Citologia Glicose Proteínas Cultura 
Coloração com a 
tinta da China 
Líquor normal Claro 0 a 5 - 
2/3 da 
glicemia 
<40mg/dl Negativa - 
Meningite bacteriana aguda 
Turvo ou 
purulento 
>500 PMN Diminuída >40mg/dl Positiva - 
Meningite bacteriana aguda 
em uso de antibiótico 
Claro ou 
pouco turvo 
<500 
PMN ou 
MN 
Diminuída ou 
normal 
Normal ou 
aumentada 
Positiva 
(rara) 
- 
Meningite tuberculosa 
Claro ou 
pouco turvo 
<500 MN Diminuída >40mg/dl 
Positiva 
(rara) 
- 
Meningite fúngica Claro <500 MN 
Diminuída ounormal 
>40mg/dl Negativa Positiva 
Meningite viral Claro <500 MN Normal >40mg/dl Negativa - 
A hemocultura constitui outro meio importante para 
identificar o agente etiológico no caso de meningite de 
etiologia bacteriana. A escarificação das lesões petequiais para 
a realização da coloração de Gram é muito importante na 
doença meningocócica. 
O imunodiagnóstico pode ser feito através da contra-
imunoeletroforese e pela aglutinação pelo látex (quando 
disponíveis). 
Pacientes com suspeita de meningoencefalite viral deverão se 
submeter a coleta de líquor a ser entregue à Gerência de 
Virologia (Núcleo de Arbovirologia e Doenças Emergentes) 
para encaminhamento do material para unidade de referência 
nacional. 
 
SINAIS DE IRRITAÇÃO MENÍNGEA 
Meningismo diz respeito à tríade de sintomas composta por 
rigidez nucal, fotofobia e cefaleia. É causada pela irritação das 
meninges, mais comumente devido à sua inflamação 
(meningite) mas também atribuída a hemorragia 
subaracnóidea. 
As meningites bacterianas são extremamente comuns no 
Brasil, respondendo por quase 90% de todos os casos. 
 
+RIGIDEZ NUCAL 
 
 
19 ially mariana SOI V 2020.2 
 
SINAIS E SINTOMAS 
A tríade do meningismo é composta por rigidez nucal, 
fotofobia e cefaleia, não raramente associada a síndrome 
toxêmica – febre, mal-estar e prostração. É importante 
ressaltar que diversos desses achados ficam difíceis ao exame 
físico em crianças muito pequenas, devendo a suspeição da 
doença através de choro intenso e agitação requerer uma 
investigação liquórica imediata. 
A rigidez de nuca pode ser testada através da incapacidade do 
paciente em realizar a flexão do pescoço ou quando este 
apresenta flexão do joelho ou quadril em resposta ao 
movimento forçado do pescoço (sinal de Brudzinski). Ambos 
denotam irritação meníngea, que pode ser ainda investigada 
através da presença de resistência ou dor em membro inferior 
quando o joelho é estendido após flexão do quadril (sinal de 
Kernig). 
Esses sinais estão presentes em ao menos 60 a 80% das 
crianças com meningite bacteriana em um quarto das crianças 
com pesquisa liquórica normal, não devendo ser testados em 
pacientes comatosos ou com déficits neurológicos severos. 
A cefaleia com fotofobia é decorrente da hipertensão 
craniana por edema cerebral, usualmente acompanhada de 
náuseas e vômitos em 30 a 40% dos casos de meningite 
bacteriana. O achado pode ser confirmado por edema papilar 
na fundoscopia. Se focal, a cefaleia pode indicar uma vasculite 
associada a infarto isquêmico do parênquima. 
A meningite viral geralmente tem duração menor e curso 
benigno se comparada à bacteriana. Também podem 
apresentar a tríade do meningismo, bem como manifestações 
encefálicas, especialmente no lobo temporal por HSV. 
Sequelas como surdez, retardo no desenvolvimento motor ou 
convulsões dependem do agente etiológico e do estado de 
imunossupressão da criança. 
COMO CONFIRMAR O DIAGNÓSTICO 
Crianças com sinais de meningismo devem ser investigadas 
primariamente para meningite bacteriana, especialmente se 
história de infecção de vias aéreas superiores ou otite recentes 
e vacinação (pentavalente) inadequada. 
A conduta inicial deve incluir a solicitação de raquicentese 
(punção lombar diagnóstica) e hemocultura (exceto se 
piodermite no local da punção ou hipertensão intracraniana 
grave na ausência de profissional experiente no 
procedimento). 
Na vigência de rebaixamento de nível de consciência ou 
déficits focais, está indicada a investigação de áreas de 
isquemia por ressonância magnética logo após coleta de 
hemoculturas – nos demais casos, ela pode ser feita com 
menos urgência. Nas meningites virais, além da raquicentese, 
devem ser solicitadas amostras de soro, fezes e secreções da 
nasofaringe (se doença com menos de três dias). 
Os valores esperados após exame liquórico nos pacientes 
hígidos e com meningite viral ou bacteriana estão dispostos a 
seguir: 
 
20 ially mariana SOI V 2020.2 
Nos pacientes com meningite bacteriana o exame liquórico 
pode apresentar positividade na aglutinação de antígenos pelo 
látex e no exame microbiológico. A suspeita diferencial de 
hemorragia subaracnóidea deve ser reforçada se a cor do 
líquido for e permanecer xantocrômica – devido a pigmentos 
de bilirrubina derivados de hemólise. 
OBJ 4 – TIPOS DE ISOLAMENTO PARA EVITAR 
TRANSMISSÃO DA MENINGITE 
O meningococo possui vários sorotipos, como A, B, C, Y e W 
135, sendo o tipo C o mais prevalente no Brasil. O homem 
doente ou portador é o único reservatório natural. A 
transmissão é de pessoa a pessoa, por via respiratória, através 
de gotículas e secreções do nariz e garganta, ao tossir, falar ou 
espirrar havendo necessidade de contato íntimo e prolongado. 
O período de incubação é de 2 a 10 dias (geralmente 3 a 4 
dias). A transmissibilidade persiste até o desaparecimento do 
meningococo das secreções nasofaríngeas do doente ou 
portador. Cerca de 10% dos adolescentes e adultos são 
portadores assintomáticos da bactéria na orofaringe 
(“garganta”) e podem transmitir a bactéria, mesmo sem 
adoecer. O risco de transmissão desaparece após 24 horas de 
tratamento com antibióticos. O estado de portador pode ser 
até 10 meses. É uma doença universal, ocorrendo tanto em 
regiões urbanos como rurais. A aglomeração intra-domiciliar é 
um fator para transmissão cruzada. É mais freqüente nos 
meses mais frios favorecendo as epidemias. 
Em menos de 1% dos indivíduos infectados, a bactéria 
consegue penetrar na mucosa respiratória e atinge a corrente 
sanguínea levando ao aparecimento da doença 
meningocócica. A invasão geralmente ocorre nos primeiros 
cinco dias após o contágio. Os fatores que determinam o 
aparecimento de doença invasiva ainda não são totalmente 
esclarecidos. A medida mais eficiente para bloquear o 
surgimento de novos casos é a quimioprofilaxia com uso de 
antibióticos, na medida em que a vacina não traz proteção 
imediata. 
A meningite é uma doença de notificação compulsória e deve 
ser notificada a autoridade de saúde o mais rapidamente 
possível. 
MEDIDAS DE CONTROLE APÓS EXPOSIÇÃO ÀS 
MENINGITES E DOENÇA MENINGOCÓCICA 
Em adição às precauções padrões, precauções com gotículas 
são recomendadas até 24 horas após o início da terapia 
antimicrobiana efetiva. 
MEDIDAS DE CONTROLE 
(A) QUIMIOPROFILAXIA 
O risco de contrair doença meningocóccica invasiva entre 
contactantes de indivíduos infectados é o fator determinante 
na decisão de dar ou não a quimioprofilaxia. A taxa de ataque 
para contactantes intra domiciliares é 500 a 800 vezes maior 
que para a população geral. 
A Rifampicina deve ser administrada simultaneamente a todos 
os contatos íntimos, idealmente dentro das primeiras 24-48 
horas a partir da data de exposição à fonte de infecção. Em 
virtude dos períodos de transmissibilidade e de incubação da 
doença, geralmente considera-se um prazo de 10 (ou até 15 
dias) a partir da data de exposição para o meningococo. 
A Ceftriaxona está recomendada como opção para grávidas. 
Em caso de hepatopatia, intolerância, ou alergia conhecida, à 
Rifampicina, recomenda-se o uso de Ciprofloxacino ou 
Ceftriaxona. 
Conforme orientação do Ministério da Saúde (2008), até o 
momento a rifampicina tem sido recomendada para 
gestantes. Um dos exemplos é o tratamento da tuberculose 
em gestantes, mas somente o médico deve definir qual será a 
melhor prescrição em cada caso. No entanto existem 
controvérsias na literatura quanto ao uso de Rifampicina 
durante a gravidez. 
Contactante íntimo de qualquer pessoa com doença 
meningocóccica invasiva, seja esporádico ou em um surto, 
estão sob maior risco e devem receber a quimioprofilaxia, 
idealmente dentro das 24 horas após o diagnóstico do caso 
primário. 
Culturas da garganta e nasofaringe não têm valor para a 
decisão de quem deve receber a quimioprofilaxia e não são 
recomendadas. 
RECOMENDAÇÕES PARA USO DE QUIMIOPROFILAXIA 
ALTO RISCO: QUIMIOPROFILAXIA RECOMENDADA 
(CONTATO ÍNTIMO). 
 Contactantesintra-domiciliares, especialmente 
crianças jovens. 
 Crianças em “escolinhas”, creche ou berçário durante 
os 7 dias antes do início da doença. 
 Pessoas com exposição direta à secreções do caso 
índice através de beijo ou uso compartilhado de 
escova de dentes, talheres, durante os 7 dias do início 
da doença. 
 Reanimação boca a boca, intubação endotraqueal ou 
aspiração de via aérea ou tubo sem uso de máscara 
durante os 7 dias antes do início da doença. 
 Pessoas que freqüentemente dormiam ou comiam no 
mesmo ambiente domiciliar da casa durante os 7 dias 
antes do início da doença. 
 Passageiros sentados diretamente próximo do caso, 
durante vôos com mais que 8 horas de duração. 
BAIXO RISCO: QUIMIOPROFILAXIA NÃO 
RECOMENDADA 
 Contactante ou contato casual: Sem história de 
exposição direta a secreções orais do caso índice (ex: 
escola e trabalho). 
 Contato ou contactante indireto: Pessoa que teve 
contato com um contactante de alto risco (veja 
acima), mas não teve contato direto com o paciente 
índice. 
 
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 Profissionais de saúde que não tiveram exposição 
direta às secreções orais do paciente. 
A principal forma de prevenção é a detecção e o tratamento 
precoce dos casos, evitando-se, principalmente, que a doença 
seja transmitida a outras pessoas. Existem vacinas para 
prevenir alguns tipos de meningite onde estão disponíveis no 
calendário básico de vacinação da criança as seguintes vacinas: 
BCG, que previne as formas graves de tuberculose, incluindo a 
meningite tuberculosa, e a vacina contra a meningite por 
Haemophilus influenzae tipo b. 
As vacinas contra meningococo C são utilizadas somente em 
situações especiais. Outras formas de prevenção incluem: 
evitar aglomerações, manter os ambientes ventilados e a 
higiene ambiental. 
PRECAUÇÕES ADOTADAS A NÍVEL HOSPITALAR 
PRECAUÇÕES RESPIRATÓRIAS COM GOTÍCULAS 
 Indicadas para pacientes para suspeita ou 
confirmação de doenças com transmissão por 
gotículas (partículas > 5 micra de diâmetro) 
eliminadas pelas vias aéreas durante tosse, espirro ou 
fala. A aplicação das precauções respiratórias para 
gotículas inclui as seguintes medidas: 
ACOMODAÇÃO 
 Quarto privativo, de preferência. 
 Quando o isolamento em quarto privativo não for 
possível, o quarto poderá ser compartilhado com 
pacientes infectados pelo mesmo microorganismo. 
 Trocar os equipamentos de proteção exigidos para 
cada caso e realizar a higienização das mãos entre 
contatos com pacientes no mesmo quarto, 
independentemente de um paciente, ou ambos os 
pacientes, estarem sob Precauções com gotículas. 
 Nas instituições de longa-permanência e serviços de 
atendimento domiciliar a decisão quanto ao tipo de 
isolamento deverá ser considerada caso a caso. 
Deverão ser considerados os riscos de infecção para 
os outros pacientes do quarto e as alternativas 
disponíveis. 
 Nos serviços ambulatoriais, os doentes que 
necessitam de precauções com gotículas deverão ser 
colocados em um consultório examinados o mais 
rapidamente possível. Instruir os pacientes a seguir 
recomendações para Higiene respiratória/Etiqueta 
ao tossir. 
Associação mineira de epidemiologia e controle de infecções

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