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História Moderna, Resenha introd GIUCCI, Guillermo, Viajantes do Maravilhoso

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DISCIPLINA DE HISTÓRIA MODERNA I
Carolina Marchesin Moisés
ANÁLISE DE
GIUCCI, Guillermo. Introdução. In: Viajantes do Maravilhoso: O Novo Mundo. São Paulo:
Companhia das Letras, 1992. p. 11-21.
Guillermo Francisco Giucci Schmidt possui formação nas áreas de História e de
Literatura, ambas pela Stanford University. Escreveu parte de “Viajantes do Maravilhoso”,
inicialmente, como tese de doutorado em 1987, e a versão final foi publicada pela primeira
vez em 1989. Além desta obra de cunho historiográfico, ainda publicou os livros “A
conquista do Novo Mundo: Fontes documentais e bibliográficas relativas à América
Hispânica” e “A Conquista da América Espanhola”, publicados pela Fundação Universitária
José Bonifácio, e uma biografia do polímata Gilberto Freyre intitulada “Gilberto Freyre, uma
biografia cultural: a formação de um intelectual brasileiro (1900-1936)”, junto à Enrique
Rodríguez Larreta. Atualmente, é professor do setor de Cultura e Literatura Brasileira da
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
O livro “Viajantes do Maravilhoso: O Novo Mundo” trata do imaginário europeu, mais
especificamente espanhol, em relação ao novo continente descoberto nos fins do século
XV. Tendo base nos escritos e experiências de três famosos viajantes da passagem do
século XV para o XVI (Cristovão Colombo, Alvar Nuñez Cabeza de Vaca e Hans Staden),
Giucci mostra a relação do colonizador espanhol com o espectro maravilhoso que envolvia
a América, desde seu mais alto momento de deslumbre até o desencantamento final. É
dividido em cinco capítulos: o primeiro conta com narrativas que descrevem a saída da
Europa para o Ocidente, o segundo dialoga com o leitor quanto à ideia de maravilhoso
criada na Idade Média, e os três últimos abordam, em ordem cronológica, os primeiros 100
anos de conquista da América e o desmoronamento do discurso do maravilhoso.
O autor recupera o surgimento e a difusão desse imaginário nos períodos antigo e
medieval, quando os europeus relacionavam ao oceano desconhecido e, depois, à Ásia,
noções de paraíso e de monstruosidade fantásticas. Assim, na descoberta do Novo Mundo,
o viajante espanhol redirecionou sua mentalidade à associação do desconhecido ao
maravilhoso, e impulsionado por essa ideia buscou por elementos que a comprovassem,
como a existência dos metais preciosos - também presentes na Ásia (GIUCCI, 1992).
É bem posicionada pelo autor a ideia de que o imaginário do maravilhoso e a ideia
de riqueza se uniram na América, sendo de grande impulso para a expansão ultramarina
espanhola e, ainda, servindo de argumento para a concepção de Giucci de que a conquista
da América espanhola não foi por acaso, mas planejada e de intenções econômicas
(GIUCCI, 1992). O assunto é ainda levado em conta quando se compara as colonizações
espanhola e portuguesa na América, visto que o autor atribui à esse imaginário do
maravilhoso uma maior propensão dos colonizadores à exploração do interior do continente,
enquanto no Brasil, que teve uma colonização mais realista, ela foi de início
majoritariamente litorânea.
Como parte dessa busca incessante pelo diferente, ilusório, irreal e construído
maravilhoso, os desbravadores espanhóis destruíram os nativos que se colocavam em seus
caminhos e, ainda, uns aos outros. Eram movidos pela ambição de adquirir uma riqueza
instantânea, atrativo que só se mostrou enfraquecido no final do século XVI (GIUCCI, 1992),
quando a América espanhola já se havia revelado ao europeu, “foram eles mesmos as
vítimas dos indígenas, da ambição violenta de seus próprios companheiros, ou os sócios
involuntários de catástrofes naturais, de fome e pestes mortíferas” : a América tornara-se1
real.
1 GIUCCI, Guillermo. Viajantes do Maravilhoso: O Novo Mundo. São Paulo: Companhia
das Letras, 1992. p. 15.

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