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Resenha Crítica_Filme_1492_A Conquista do Paraíso

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Universidade Federal de Uberlândia
Instituto de Economia e Relações Internacionais
Curso de Relações Internacionais
Relações Internacionais da América Latina
Profª Drª Bárbara Motta
Resenha Crítica do Filme “1492: A Conquista do Paraíso”
CARVALHO, Beatriz (11711RIT006)
SANTOS, Anna Clara (11711RIT007)
O filme “1492: A Conquista do Paraíso”, de 1992, foi escrito por Roselyne Bosch e dirigido por Ridley Scott. Seu enredo remete ao descobrimento das terras e dos povos do Novo Mundo, por Cristóvão Colombo. Enquanto personagem principal, há um recorte da perspectiva de Colombo, desde a abordagem à Coroa Espanhola em nome de sua ambição pela expedição ao oeste, à forma como se posicionava diante dos habitantes e da natureza nativos. Nesse sentido, se aproxima muito do texto “A Conquista da América”, de autoria do búlgaro Tzvetan Todorov e tratado em sala de aula. Com transcrições diretas do diário de Colombo, a obra nos guia por seus pensamentos e possibilita uma avaliação de suas reais intenções e interpretações sobre tudo que ocorria ao seu redor. (1492, 1992; TODOROV, 2003)
Desde o início do filme, as suas propostas e exigências à Academia e à Coroa Espanholas, e a oposição destas ao mesmo, revelam a ambição de Colombo e retratam-no como um homem moderno - a frente, até mesmo, da mentalidade difundida na Espanha, na época, em comparação com outros países europeus. O livro do argentino Enrique Dussel (“1492: O Encobrimento do Outro”), também discutido em aula, reflete sobre essa “modernidade” advinda do descobrimento da América. Colombo foi precursor do movimento de navegações para o Ocidente e trazia consigo não apenas a bandeira espanhola, mas o peso de toda a Europa. E se já havia a crença de que a Europa era o centro e grande palco do mundo, as novidades de Colombo só fizeram-na aumentar, formando um enorme “ego moderno”. (1492, 1992; DUSSELL, 1993)
 Em busca de ascensão e reconhecimento social, Colombo se via como o escolhido de Deus para desbravar não só uma rota marítima alternativa às Índias, como também as terras que acreditava existir a oeste. Tal crença partia do imaginário religioso sobre a existência de um paraíso terrenal que seria revelado aos europeus, como um lugar de temperatura amena e fauna, flora e recursos naturais abundantes - assim como aponta o brasileiro Sérgio Buarque de Holanda na obra “Visão do Paraíso”. Um éden que representava um grande contraponto à realidade europeia de frio e fome, com a qual grande parte da população sofria. Por outro lado, o mercantilismo (também parte da realidade europeia) era um meio pelo qual europeus frustrados poderiam ter sua chance de sucesso e enriquecimento. Dessa maneira, o Novo Mundo servia como objeto de uma experiência comercial, na qual se projetava, por meio da colonização, o “eu europeu” e seus objetivos sobre os nativos, sem considerar a formação social e a cultura destes. (1492, 1992; BUARQUE DE HOLANDA, 2010)
As expectativas de Colombo acerca desse paraíso terrenal não fogem à sua percepção das terras que encontra. Ele se deslumbra com a vegetação, com o estilo de vida dos nativos e, principalmente, com a evidência de ouro que encontra. A partir disso, sua relação com os homens que encontra no local oscila entre a simpatia e a subjugação, em nome da sua ambição por metais preciosos (os quais justificariam o patrocínio da nobreza à sua expedição). Entretanto, o filme demonstra também a frustração de Colombo e o seu conflito com a Corte Espanhola, no que diz respeito à sua forma de governar as novas terras e de se relacionar com os nativos. A desarticulação entre a sua personalidade e os interesses dos nobres faz com que ele seja expulso do Novo Mundo e condenado de volta em terras europeias como incapaz de realizar uma exploração eficiente. (1492, 1992)
Por fim, os principais aspectos abordados no filme são o do imaginário colonial, de embasamento religioso, presente na ambição de Colombo, e o papel deste na conquista das terras e dos nativos no Novo Mundo. Além disso, o filme explora tópicos tratados em sala de aula, por meio dos textos de Todorov, Buarque de Holanda e Dussell, sobretudo a questão posta entre o descobrimento das Américas e o encobrimento da cultura ali existente. Isso fica claro na segunda metade do filme, quando um nativo, até então aliado de Colombo, o deixa de ser, afirmando que o europeu nunca havia se esforçado para compreender seu idioma. Diante disso, nota-se como a conquista foi um processo eurocêntrico de aculturação; ou seja, a noção europeia de um povo sem fé, sem lei e sem rei justificava a colonização, a qual era sustentada por uma falácia desenvolvimentista, pois a modernidade foi imposta e excludente.
Referências
1492: A Conquista do Paraíso. Direção de Ridley Scott. Espanha, França, Inglaterra: Gaumont Film Company, 1992. (142 min.), color. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Aw8k2YCvzzQ>. Acesso em: 09 out. 2019.
BUARQUE DE HOLANDA, Sergio. Visão do paraíso. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
CHAUÍ, Marilena de Souza. O mau encontro. In: A outra margem do ocidente[S.l: s.n.], 1999.
DUSSELL, Enrique. 1492: O encobrimento do outro - A origem do mito da modernidade. Petrópolis (RJ): Ed. Vozes, 1993.
TODOROV, Tzvetan. A conquista da América: a questão do outro. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 2003.

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