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DISCIPLINA DE HISTÓRIA MODERNA I Carolina Marchesin Moisés EXERCÍCIO SOBRE “CAPÍTULO VII - DOS NOVOS PRINCIPADOS QUE SE CONQUISTAM PELAS ARMAS E VIRTUDES DE OUTREM”, EM O PRÍNCIPE, LIVRO DE NICOLAU MAQUIAVEL. Nicolau Maquiavel nasce em 1469, e em 1513 escreve sua obra O Príncipe, um tratado político que visa aconselhar os futuros governantes. Em um contexto de divisão política na Península Itálica, onde os reinos ainda disputam pelo poder, o livro traz a necessidade de um governo centralizado, ainda que não absoluto, para que a corrupção seja evitada e o bem comum prevaleça. O historiador inglês Quentin Skinner, em sua obra As fundações do pensamento político moderno, insere Maquiavel em meio aos humanistas do século XVI, onde se exaltam a virtú e a fortuna como regentes da ação humana. Maquiavel trata a falta de virtú como um dos princípios básicos da corrupção dos governos, quando o poder do povo é tomado e se coloca o interesse pessoal acima do geral. Além disso, o autor coloca a Igreja Cristã como parte responsável pela corrupção, o que aprofundou seu já existente conflito com a Igreja enquanto esta se encontrava em um período de reconstrução e reafirmação em meio à Reforma Protestante liderada por Martinho Lutero. No capítulo VII, Maquiavel trata daqueles que chegaram à posição de príncipe graças à riqueza ou graça de terceiros, sendo dependentes destes e, por isso, volúveis e instáveis em seu governo. O autor aconselha estes príncipes à uma preparação que lhes assegure forças amigas e fiéis, além de tornar-se independente daqueles que o colocaram em sua posição. São colocados dois exemplos para tratar desse tipo de principado, o de Francisco Sforza e o de César Bórgia. O Bórgia é mais destacado, conhecido por duque de Valentinois, foi um exemplo de príncipe bem sucedido no que diz respeito aos conselhos que o autor sugere, tendo extinguido linhagens e conquistado amizades para enfrentar seu oponente e aumentar sua influência. Maquiavel destaca “portanto, se julgas necessário, num principado novo, assegurar-te contra os inimigos, conquistar amigos, vencer ou pela força ou pela astúcia, fazer-te amado e temido do povo, ser seguido e respeitado pelos soldados, extinguir os que podem ou devem ofender, renovar as antigas instituições por novas leis, ser severo e grato, magnânimo e liberal, dissolver a milícia infiel, criar uma nova, manter amizades dos reis e dos príncipes, de modo que te sejam solícitos no benefício e tementes de ofender-te, repito que não encontrarás melhores exemplos que nas ações do Duque” . É interessante perceber no capítulo a luta constante do autor com a Igreja,1 expressa por meio das únicas críticas feitas a César Bórgia devido à sua escolha para Papa, que para Maquiavel consolidou sua ruína. Em relação a outra obra humanista do século XVI, a Utopia de Thomas More, vemos o contraste do pensamento de dois autores considerados desse mesmo meio humanístico e temporal, ambos tratando de formas de governo. Em sua obra, More indaga “é possível que uma república seja ao mesmo tempo moralmente ética e eficaz?” , enquanto o que se2 destaca em Maquiavel é a possibilidade de fazer qualquer coisa pela manutenção do governo, o que resultou na grande síntese atribuída ao pensamento maquiavélico de que os fins justificam os meios. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SKINNER, Q. As fundações do pensamento político moderno. São Paulo: Cia das Letras, 1999. MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. Tradução de Cândida de Sampaio Bastos. São Paulo: Golden Books, 2009. MORUS, Thomas. Utopia. Brasí lia: Unb, 2004. 2 MORUS, Thomas. Utopia. Brasília: UNB, 2004. p. 38. 1 MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. São Paulo: Nova Cultural, 1991. p. 32
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