Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
N I C O L E M A L H E I R O S - M E D I C I N A N I C O L E M A L H E I R O S - M E D I C I N A Produtora Verificada R E S U M O ANATOMIA MACROSCÓPICA DO DIENCÉFALO GENERALIDADES: O Diencéfalo corresponde à parte caudal do cérebro anterior (prosencéfalo), que ocupa a região central do cérebro. Sendo composto por: Epitálamo; Tálamo; Subtálamo; Metatálamo; Hipotálamo; Glândula hipófise. O diencéfalo é suprido por vários vasos sanguíneos, como a artéria cerebral posterior e os ramos da artéria comunicante posterior. III VENTRÍCULO: - O III ventrículo é uma fissura rasa e vertical localizada no meio do diencéfalo, que se comunica IV ventrículo através do aqueduto cerebral e com os ventrículos laterais por meio dos foramens intraventriculares (de Monro). Ele possui um teto, um assoalho e quatro paredes: anterior, posterior e duas laterais. . O teto é formado pela fina tela coróidea/coroideia, dentro dessa tela ficam os plexos corióideos, que funcionam como ponto de produção de liquor. . No assoalho do III ventrículo, dispõem-se, de diante para trás, as seguintes formações: quiasma óptico, infundíbulo, túber cinéreo e corpos mamilares, pertencentes ao hipotálamo. . A parede anterior é a delicada lâmina terminal, bem como a comissura anterior e a coluna anterior do fórnix. . A curta parede posterior é formada pela haste da glândula pineal, comissura posterior e comissuras Habenulares. . As paredes laterais são formadas pelas paredes mediais de cada tálamo. *O sulco hipotalâmico serve como uma demarcação entre as porções talâmica e hipotalâmica das paredes. TÁLAMO: São duas massas volumosas de substância cinzenta, de forma ovoide, localizadas uma em cada lado na parte dorsolateral do diencéfalo. O tubérculo anterior do tálamo, é uma eminência que participa da delimitação do forame intraventricular. O pulvinar do tálamo é a extremidade posterior e se projeta sobre os corpos geniculados lateral (faz parte da via óptica) e medial (faz parte da via auditiva), os quais constituem o metatálamo. A face superior do tálamo é revestida pelo epitélio ependimário e faz parte do assoalho do ventrículo lateral. A face medial do tálamo, forma a maior parte das paredes laterais do III ventrículo. . NÚCLEOS DO TÁLAMO: - Grupo anterior: situados no tubérculo anterior do tálamo, recebem fibras dos núcleos dos corpos mamilares, córtex do giro do cíngulo e frontal. Integra o circuito de Papez através do fascículo mamilotalâmico, relacionado com a memória. - Grupo posterior: formado pelo pulvinar (responsável pela atenção seletiva e linguagem) e os corpos geniculados medial (componente da via auditiva) e lateral (componente das vias ópticas). - Grupo mediano: localizados na aderência intertalâmica, são pequenos e de difícil delimitação no homem, tem conexões com o hipotálamo relacionadas a funções viscerais. Desenvolvidos em vertebrados inferiores - Grupo medial: compreende os núcleos intralaminares (destaque para o núcleo centromediano, importante ativador do cótex cerebral integrando o SARA – Sistema Ativador Reticular Ascendente. *sua lesão gera coma*) e o núcleo dorsomedial. Possuem funções de percepção sensorial sem especificidade, com destaque para reações emocionais para estímulos dolorosos. - Grupo lateral: mais importante e mais complexo. Núcleo Ventral Anterior: recebe muitas fibras do globo pálido, e está ligado ao planejamento e execução da motricidade somática; Núcleo Ventral Lateral (VL): recebe fibras do cerebelo, atua no planejamento e correção motora – circuito cerebelo-tálamo cortical; Núcleo Ventral Posterolateral: recebe fibras do lemnisco medial (leva impulsos do tato epicrítico e propriocepção consciente) e espinhal (transporta impulsos de temperatura, dor, pressão e tato protopático), por isso tem função sensorial, se localiza na área somestésica. Núcleo Ventral Posteromedial: participa das vias sensitivas, recebe fibras do lemnisco trigeminal (sensibilidade da cabeça e impulsos gustativos). Núcleo Reticular: Recebe todas as fibras que vão para o córtex e as modula através do GABA, que é um neurotransmissor inibidor. Não tem coneoes diretas com córtex e sim com outros núcleos talâmicos, modulando a atividade desses núcleos. Recebe aferência dos núcleos intralaminares, tendo contato com o SARA, que influencia no nível de vigília e alerta. Impede a chegada de impulsos sensitivos ao córtex cerebral durante o sono. . RELAÇÕES TALAMOCORTICAIS: o tálamo é um elo essencial entre os receptores sensoriais e o córtex, ele age como comporta, facilitando ou impedindo a passagem de informações, participando inclusive, de funções cognitivas. Os núcleos talâmicos específicos ou de transmissão (funções específicas), como o ventral posterolateral (área somestésica, e o corpo geniculado medial (área auditiva do córtex). Os núcleos talâmicos inespecíficos, modificam os potenciais elétricos em grande escala, atuando de maneira inespecífica, como os núcleos intralaminares que medeiam o alerta cortical. . FUNÇÕES DO TÁLAMO: Distribuição de impulsos sensitivos (distribui, integra e modifica os impulsos) *sensibilidade não discriminativa; motricidade (comunicação com os núcleos da base e cerebelo); memória e comportamento emocional; Modulação cortical. SUBTÁLAMO: Pequena área situada na parte posterior do diencéfalo. Apresenta algumas formações cinzentas e brancas, como o núcleo subtalâmico, importante para a regulação da motricidade somática, quando lesionado provoca uma síndrome chamada de hemibalismo, que causa movimentos anormais e violentos das extremidades, muitas vezes ininterruptos, podendo levar o doente à exaustão. EPITÁLAMO: Localizado na parte superior e posterior do diencéfalo, contendo a habênula (participa da regulação dos níveis de dopamina na via mesolímbica, principal área do prazer do cérebro) e a glândula pineal (secreção de melatonina). HIPOTÁLAMO: O hipotálamo é uma área relativamente pequena do diencéfalo, situada abaixo do tálamo, com importantes funções, relacionadas sobretudo com o controle da atividade visceral. A análise funcional do hipotálamo será feita no Capítulo 22, juntamente com o estudo de sua estrutura e conexões. O hipotálamo compreende estruturas situadas nas paredes laterais do III ventrículo, abaixo do sulco hipotalâmico, além das seguintes formações do assoalho do III ventrículo, visíveis na base do cérebro (Figura 7.8): A) corpos mamilares (Figura 7.8) – são duas eminências arredondadas, de substância cinzenta, evidentes na parte anterior da fossa interpeduncular; B) quiasma óptico (Figuras 7.8 e 23.1) – localiza-se na parte anterior do assoalho do III ventrículo. Recebe as fibras dos nervos ópticos, que aí cruzam em parte e continuam nos tratos ópticos que se dirigem aos corpos geniculados laterais; C) túber cinéreo (Figura 7.8) — é uma área ligeiramente cinzenta, mediana, situada atrás do quiasma e dos tratos ópticos, entre estes e os corpos mamilares. No túber cinéreo prende-se a hipófise, por meio do infundíbulo; D) infundíbulo (Figura 23.1) – é uma formação nervosa em forma de funil que se prende ao túber cinéreo. A extremidade superior do infundíbulo dilata-se para constituir a eminência mediana do túber cinéreo, enquanto sua extremidade inferior continua com o processo infundibular, ou lobo nervoso da neuro-hipófise. Em geral, quando os encéfalos são retirados do crânio, o infundíbulo se rompe, permanecendo com a hipófise na cela túrcica da base do crânio. O hipotálamo é uma das áreas mais importantes do cérebro, regula o sistema nervoso autónomo e as glândulas endócrinas e é o principal responsável pela constância do meio interno (homeostase). . FUNÇÕES: CONTROLE DO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO: juntamente com outras áreas do cérebro, em especial com as do sistemalímbico. O hipotálamo anterior controla o sistema parassimpático, determinando o aumento do peristaltismo gastrintestinal, contração da bexiga, diminuição do ritmo cardíaco e da pressão sanguínea, assim como constrição da pupila. Já o hipotálamo posterior dá respostas opostas a essas, porque controla o sistema simpático. REGULAÇÃO DA INGESTÃO DE ALIMENTOS: A estimulação do hipotálamo lateral faz com que o animal se alimente vorazmente, enquanto a estimulação do núcleo ventromedial do hipotálamo causa total saciedade, ou seja, o animal recusa-se a comer mesmo na presença de alimentos apetitosos. Lesões destrutivas dessas áreas causam efeitos opostos aos da estimulação. Assim, lesões da área lateral do hipotálamo causam ausência completa do desejo de alimentar-se (anorexia), levando o animal à inanição, enquanto nas lesões do núcleo ventromedial, o animal alimenta-se exageradamente (hiperfagia), tomando-se extrema mente obeso. Isso ocorre, por exemplo, em tumores suprasselares e resultam em um quadro de obesidade frequentemente acompanhado de hipogonadismo, por interferência com os mecanismos hipotalâmicos que regulam a secreção dos hormônios gonadotrópicos pela adeno- hipófise. Neste caso temos a chamada síndrome adiposogenital de Frõhlich. Costuma-se distinguir no hipotálamo um centro dafome, situado no hipotálamo lateral, e um centro da saciedade, correspondendo ao núcleo ventromedial. A existência dos centros hipotalâmicos de fome e de saciedade é uma explicação simplista, para fins didáticos, do processo de regulação da ingestão de alimento que envolve outros mecanismos neurais e endócrinos. O mecanismo endócrino mais importante envolve o hormônio leptina, secretado pelas células do tecido adiposo (adipócitos), que é lançado no sangue. A leptina informa o núcleo arqueado do hipotálamo sobre a abundância de gordura existente no corpo, que é proporcional ao volume de leptina liberada, e ele libera o hormônio a-melanócito-estimulante, responsável pela saciedade. As causas genéticas da obesidade no homem são devidas primariamente à falta de receptores para leptina nos neurônios do núcleo arqueado do hipotálamo. REGULAÇÃO DA TEMPERATURA CORPORAL: Ele é informado da temperatura corporal, por termorreceptores periféricos e por neurônios que funcionam como termorreceptores. O hipotálamo funciona como um termostato capaz de detectar as variações de temperatura do sangue que por ele passa e ativar os mecanismos de perda ou de conservação do calor necessários à manutenção da temperatura normal. Existem no hipotálamo dois centros frequentemente denominados: centro da perda do calor, situado no hipotálamo anterior (ou pré-óptico), e o centro da conservação do calor, situado no hipotálamo posterior. Estimulações no primeiro desencadeiam fenômenos de vasodilatação periférica e sudorese, que resultam em perda de calor; já as estimulações no segundo resultam em vasoconstrição periférica, tremores musculares (calafrios) e até mesmo liberação do hormônio tireoidiano, que aumentam o metabolismo o qual gera calor. Lesões do centro da perda do calor no hipotálamo anterior causam elevação incontrolável da temperatura (febre central), quase sempre fatal. Sabe-se, também, que a febre que acompanha processos inflamatórios resulta das do comprometimento dos neurônios termorregulador do hipotálamo anterior que deixam de perder calor. Acredita- se que o hipotálamo ativa regiões corticais para determinar os comportamentos motivacionais de busca de abrigo, agasalho para o frio ou de local fresco e ventilação para o calor. INTEGRAÇÃO DO COMPORTAMENTO SEXUAL: A excitação sexual depende de várias áreas encefálicas, como o córtex pré-frontal, o sistema límbico (corpo amigdaloide e parte anterior do giro do cíngulo) e estriado ventral e os dois núcleos pré-ópticos em conjunto com o hipotálamo. Estudos com ressonância magnética funcional mostraram que eles são ativados em situações em que se manifesta a excitação sexual, como ficou comprovado em testes com pessoas enquanto assistiam a filmes pornográficos. A ereção e a ejaculação dependem do sistema nervoso autônomo que, por sua vez, é regulado pelo hipotálamo. O prazer sexual, entretanto, depende de áreas do sistema dopaminérgico mesolímbico, em especial o núcleo accumbens, que também tem conexões com o hipotálamo. O estudo comparativo entre os hipotálamos de homens e de mulheres mostrou que um pequeno núcleo da área pré-óptica é significativamente maior no homem do que na mulher. A diferença surge no final da gravidez quando o teor de testosterona no sangue do feto masculino atinge níveis muito altos. REGULAÇÃO DO EOUllÍBRIO HIDROSSALINO E DA PRESSÃO ARTERIAL: O equilíbrio hidrossalino exige mecanismos automáticos de regulação do volume de líquido do organismo, na prática representada pelo volume de sangue (volemia), e da osmolaridade, representada principalmente pela concentração extracelular de íons Na+. O principal mecanismo que o hipotálamo dispõe para regulação do equilíbrio hidrossalino é a liberação do hormônio antidiurético que é sintetizado pelos neurônios dos núcleos supraóptico e paraventricular e liberado na neuro-hipófise. Esses neurônios recebem informações através de aferências que mantêm com dois órgãos cculares - o órgão vascular da lâmina terminal e o órgão subfomicial. Neles não existe barreira hematoencefálica, o que permite detectar, no caso do órgão vascular, a osmolaridade do sangue, e, no caso do órgão subfomicial, os níveis circulantes de angiotensina 2, que é um potente vasopressor. Este mecanismo é ativado em casos de diminuição de pressão, por exemplo, em hemorragias, promovendo o aumento da liberação de hormônio antidiurético pela neuro-hipófise. Outro mecanismo regulador da ingestão de água e sal, tem como base receptores periféricos de pressão (barorreceptores) localizados nas paredes dos grandes vasos e no seio carotídeo, no arco aórtico. Estes receptores percebem alterações da pressão arterial e transmitem aos núcleos do trato solitário, pelo nervo vago. Este núcleo conecta-se com os núcleos paraventricular e supraóptico e com neurônios receptores na área pré-óptica. Quando o sinal detectado é de hipovolemia, secreta-se o hormônio antidiurético (vasopressina), que promove vasoconstrição e reabsorção de sódio e água; se for detectada hiponatremia, é liberado pela hipófise o ACTH, que estimula a secreção de aldosterona pela suprarrenal, reabsorvendo sódio. Do que foi visto, o hipotálamo regula a volemia por mecanismos automáticos e inconscientes. Mas ele ativa também a ingestão de água e sal, despertando ou não a sensação de sede ou o desejo de ingestão de alimentos salgados. A lesão do centro da sede faz com que o animal perca a sede, podendo morrer desidratado. GERAÇÃO E REGULAÇÃO DE RITMOS CIRCADIANOS (termo circadiano, do latim circa (= cerca) e dies (= dia)): A maioria de nossos parâmetros fisiológicos, metabólicos ou mesmo comportamentais sofre oscilações que se repetem no período de 24 horas. Essas variações rítmicas são endógenas. Os ritmos circadianos ocorrem em quase todos os organismos e são gerados em marca-passos ou relógios biológicos. Os próprios neurônios do núcleo supraquiasmático exibem uma atividade circadiana evidenciável em seu metabolismo ou em sua atividade elétrica. Verificou-se que o ritmo circadiano de atividade elétrica pode ser observado até mesmo em neurônios do núcleo supraquiasmático mantidos in vitro. A destruição do núcleo supraquiasmático resulta em perda da maioria dos ritmos inclusive os de vigília-sono. Sabe-se hoje que também existem no sistema nervoso central relógios biológicos que geram ritmos circadianos independentemente do núcleo supraquiasmático como, por exemplo, nos núcleos supraóptico e arqueado, responsáveis pelos ritmos circadianos dos hormônios hipofisários. Recentemente demonstrou- -se também a presença de relógios biológicosfora do sistema nervoso4 como, por exemplo, nos hepatócitos, nos quais são responsáveis pelos ritmos circadianos de substâncias ligadas às funções hepáticas, como por exemplo, as enzimas da glicogenólise. O núcleo supraquiasmático recebe informações sobre a luminosidade do meio ambiente através do trato retino-hipotálamo o que lhe permite sincronizar com o ritmo natural de dia e noite todos os ritmos circadianos de todos os relógios biológicos inclusive os situados fora do sistema nervoso central. REGULAÇÃO DO SONO E DA VIGÍLIA: A geração e sincronização deste ritmo inicia-se no núcleo supraquiasmático e é repassado ao núcleo pré-óptico ventrolateral e a um grupo de neurônios do hipotálamo lateral que têm como neurotransmissor o peptídeo orexina (ou hipocretina). Os neurônios do núcleo pré-óptico ventrolateral inibem os neurônios monoaminérgicos do sistema ativador ascendente o que resulta em sono. Ao final do período de sono sob ação do núcleo supraquiasmático essa inibição cessa e começa a ação excitatória do neurônio orexinérgico sobre os neurônios deste sistema e inicia- -se a vigília. Os neurônios orexinérgicos têm também ação inibitória sobre os neurônios colinérgicos do núcleo pedúnculo- pontino responsáveis pelo sono REM. Lesões dos neurônios orexinérgicos, que ocorrem no transtorno do sono denominado narcolepsia, fazem com que o quadro de vigília seja interrompido por súbitas crises de sono REM podendo haver também perda total do tônus, levando a uma súbita queda, quadro clínico denominado cataplexia. O núcleo supraquiasmático sincroniza o ritmo vigília sono com o ciclo dia noite e para isto recebe informações através do trato retino-hipotalâmico. Pesquisas recentes mostram a existência de fibras que da retina projetam-se diretamente para o núcleo pré-óptico ventrolateral bloqueando o efeito inibidor que esses neurônios têm sobre o sistema ativador ascendente. Isso explica porque a luz dificulta o adormecer.
Compartilhar