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EXMO (A). SR (A). DR (A). JUIZ (A) DE DIREITO DA VARA CÍVEL ÚNICA DA COMARCA DE GUARULHOS /SP. PROCESSO N.º xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Denise Pereira da Silva , por seus procuradores infra-assinados, nos autos da AÇÃO DE USUCAPIÃO ajuizada por xxxxx, vem, respeitosamente, apresentar sua CONTESTAÇÃO à pretensão. 1. SINTESE DA AÇÃO A autora ajuizou a presente ação pleiteando a declaração de usucapião sobre imóvel de propriedade do ora Contestante. O Autor alega que tem o imóvel como seu. O que não é verdade e será comprovado nesta contestação e pelos fatos dolosamente omitidos pelo mesmo. Ocorre que, conforme restará apontado nesta contestação, e devidamente comprovado por meio dos documentos anexos, as alegações do Autor são infundadas, devendo o pedido ser julgado improcedente. 2. DA IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO. São vários os fatos e fundamentos que impedem a procedência do pedido. Cada um destes fatos será pontualmente demonstrado a seguir. 2.1. MERA TOLERÂNCIA PARA EXPLORAÇÃO DO TERRENO. O fato fundamental não mencionado pelo Autor – e que afasta em definitivo sua pretensão – é que o terreno é ocupado por mera tolerância do Contestante. O Contestante autorizou ao Autor e uma série de outros posseiros, conforme ações idênticas ajuizadas neste mesmo período (processos de usucapião números xxxxxxxxx, a utilização e exploração dos terrenos para agricultura. O imóvel é e sempre foi de propriedade do Contestante, cuja relação para com o autor não passou da órbita de mera tolerância. Trata-se de situação suficiente a ensejar a rejeição do pedido autoral, nos termos do art. 1.208 do Código Civil: “Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.” Assim a jurisprudência do egrégio TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS acerca do tema: “EMENTA: AÇÃO DE USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIO - REQUISITOS - AUSÊNCIA - POSSE SEM "ANIMUS DOMINI" - LAPSO TEMPORAL - NÃO COMPROVAÇÃO - PRETENSÃO DE USUCAPIR INVIABILIZADA. - Para a procedência da ação de usucapião extraordinária, cabe ao autor comprovar que detém a posse do imóvel pelo lapso temporal exigido na legislação, de forma ininterrupta, sem oposição e com ânimo de dono. A falta de comprovação de qualquer desses requisitos acarreta a improcedência do pedido inicial. - A POSSE POR MERA TOLERÂNCIA OU PERMISSÃO DO PROPRIETÁRIO DO BEM, AINDA QUE PELO TEMPO EXIGIDO EM LEI, NÃO AUTORIZA AQUISIÇÃO DO DOMÍNIO VIA USUCAPIÃO, ANTE A AUSÊNCIA DO PRESSUPOSTO DE OCUPAÇÃO COM "ANIMUS DOMINI". - Recurso não provido.” (TJMG - 1.0702.09.564794-8/001 – Rel. Des. Alvimar de Ávila – Publ. 28/06/2013) 2.2. POSSE INJUSTA. AÇÃO PRÉVIA ENVOLVENDO OS MESMOS POSSEIROS E A MESMA FAZENDA. Além disso, já há muito tempo tal posse não detém autorização do Contestante e Proprietário, tratando-se de posse injusta. Mais do que isso, está em curso desde o ano de xxx ação possessória acerca do imóvel ajuizado pelos posseiros da fazenda contra o ora Contestante. E nesse processo o pleito liminar apresentado foi rejeitado por este mesmo Juízo!! Em anexo a petição inicial e dados referentes a tal ação. O que demonstra sua ciência de que não é dono e sua tentativa em forçar a posse do imóvel como repete nesta ação. Por óbvio na vigência desta ação ajuizada pelo próprio Autor não transcorre o prazo para a prescrição aquisitiva. Pelo contrário, tal ação é óbice a tal transcurso de prazo, e ainda demonstra a falta de fundamento desta tentativa de usucapião. 2.3. MÁ-FÉ. O AUTOR DOLOSAMENTE OMITE A AÇÃO EM TRÂMITE DESDE 2004. Tanto o Autor age de má-fé que não menciona a existência da referida ação possessória pendente desde 2004. Ao omitir dolosamente este fato o Autor tenta induzir este Juízo a erro, e demonstra que sua pretensão de usucapião merece ser rechaçada!! O simples exercício da posse, embora seja em tempo suficiente - o que destarte tampouco foi comprovado pelo autor - não autoriza a prescrição aquisitiva em favor do verdadeiro possuidor. É necessário o preenchimento dos demais requisitos, quais sejam, a posse mansa, pacífica, sem oposição e interrupção, com ânimo de dono. Tratando-se de mera permissão/tolerância para moradia ou contrato de arrendamento, configura-se posse precária, destituída, pois de animus domini. Resta, portanto, mais um argumento para se rejeitar as pretensões do autor. 2.4. AUSÊNCIA DE ANIMUS DOMINI. Todos os fatos omitidos pelo Autor demonstram que ele sempre teve ciência de que não é dono do imóvel e jamais deteve o requisito essencial do animus domini: “Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, POSSUIR COMO SEU UM IMÓVEL, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.” Trata-se de fundamento também por si bastante a justificar a improcedência do pedido. A ausência de animus domini afasta completamente a possibilidade de posse ad usucapionem. Esse é o entendimento pacificado no TJMG quando se aduz que a parte autora de usucapião tinha conhecimento de quem era a propriedade do imóvel: "EMENTA: CIVIL E PROCESSO CIVIL - APELAÇÃO - COMODATO VERBAL - USUCAPIÃO COMO MATÉRIA DE DEFESA - INVIABILIDADE - AUSÊNCIA DE ANIMUS DOMINI - MERA DETENÇÃO - OBRAS DE CONSERVAÇÃO DO IMÓVEL- INDENIZAÇÃO INDEVIDA - SENTENÇA MONOCRÁTICA MANTIDA. - Tendo a própria comodatária reconhecido, em seu depoimento colhido nos autos, QUE SABIA DE QUEM ERA A PROPRIEDADE DO IMÓVEL QUE VEIO A OCUPAR, LHE É VEDADO REQUERER USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIO COMO MATÉRIA DE DEFESA, EIS QUE LHE FALTAVA, DESDE O INÍCIO, ANIMUS DOMINI SOBRE DITO BEM. - A teor do art. 584 do Código Civil, as despesas com conservação e uso da coisa dada em comodato não são passíveis de indenização ou retenção por benfeitorias". (TJMG - 14ª Câmara Cível - 1.0433.09.307182-0/001 – Rel. Rogério Medeiros – Publ. 23/11/2012) Mais um fundamento suficiente a ensejar a rejeição da pretensão da Autoral, no que confia o Contestante. 2.5. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS FATOS CONSTITUTIVOS. PROVAS IMPOSSÍVEIS. Por derradeiro, também a título de argumentação há que se demonstrar que o Autor não se desincumbe do seu ônus previsto no art. 333, I, do CPC: “Art. 333. O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; (…)” Como se constata, não há nos autos qualquer prova que ampare a pretensão do Autor: A) NÃO HÁ PROVA DO ANIMUS DOMINI, o que é óbvio pois tal requisito não existe; B) NÃO HÁ PROVA DA POSSE MANSA E PACÍFICA, já que também se prova nesta contestação que a posse é injusta e contestada; C) Por fim, não há prova da área invadida e sua devida delimitação; Ou seja, as alegações do Autor não tem o mínimo lastro probatório. Estas provas, por sinal, seriam absolutamente impossíveis, pois as alegações do Autor carecem de fundamento. Também esta ausência de comprovação é por si bastante a justificar o rechaço à pretensão. Sobre o tema, veja-se o entendimento do egrégio TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS, perfeitamente aplicável ao presente caso: “EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE USUCAPIÃO - SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA - REQUISITOS NÃO PREENCHIDOS - ÔNUS PROBATÓRIO - AUTOR - PEDIDO IMPROCEDENTE. - Para que seja declarada a usucapião em favor de quem é possuidor do imóvel, é necessário que se comprove posse mansa, ininterrupta e com ânimo de dono pelo lapso temporal exigido para a transferência do domínio pela prescrição aquisitiva. - Cabe ao autor comprovar os fatos constitutivos de seu direito, nos termos do art. 333, I, do CPC. Incomprovadas suas alegações, impõe-se a improcedência do pedido. - Recurso não provido.” (TJMG - 10ª Câmara Cível - 1.0145.07.379523-2/001 – Rel. Des. Gutemberg da Mota e Silva – Publ. 12/04/2013) Também neste sentido acórdão da lavrado eminente DESEMBARGADOR LUIZ ARTHUR HILÁRIO: “AÇÃO DE USUCAPIÃO EXTRAORDINARIA. ANIMUS DOMINI. NÃO DEMONSTRADO. COMODATO VERBAL. PRETENSÃO AQUISITIVA AFASTADA. Verificando-se que a parte autora não logrou êxito em comprovar os fatos constitutivos do seu direito, ônus este que lhe incumbia nos termos do art. 333, I do CPC, na medida em que não demonstrou o animus domini, deve ser afastada a usucapião. (TJ-MG – AC: 10023110000140001 MG: Relator: Luiz Arthur Hilário, Data de Julgamento: 10/12/2013, Câmaras Civeis / 9ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 16/12/2013) Mais um fato, portanto, por si bastante a culminar na improcedência do pedido. 4. ÁREA EQUIVOCADA. Além disso, o Autor tenta induzir o Juízo a erro ao aumentar a suposta área cuja ocupação lhe foi autorizada. Repita-se que já há muitos anos a posse é contestada, configurando verdadeira invasão. E ao contrário do alegado, foi-lhe autorizada a utilização de área inferior a 1ha (um hectare). Tanto é que o Autor não consegue qualquer prova quanto à área ocupada efetivamente, ônus do qual deveria ter se desincumbido na petição inicial. 5. LITIGÊNCIA DE MÁ-FÉ. IMPOSIÇÃO DE MULTA AO AUTOR. Como se vê, o Autor incide em clara litigância de má-fé, omitindo ação prévia sobre a mesma fazenda e alegando ser dono do que sabidamente não é. Incidindo nas hipóteses dos incisos I, II e III do art. 80 do Código de Processo Civil: “Art. 80 - Considera-se litigante de má-fé aquele que: I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; II - alterar a verdade dos fatos; III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal; (...)” Nesta situação, requer a condenação do Autor por sua litigância de má-fé, com a aplicação de multa e indenização nos termos dos arts. 79 e 81 CPC: “Art. 79. Responde por perdas e danos aquele que pleitear de má-fé como autor, réu ou interveniente.” “Art. 81. De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o litigante de má-fé a pagar multa, que deverá ser superior a um por cento e inferior a dez por cento do valor corrigido da causa, a indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a arcar com os honorários advocatícios e com todas as despesas que efetuou. 6. CONCLUSÃO E PEDIDOS. Frente a todo o exposto, devidamente apontada a falsidade das alegações do Autor e a falta de fundamentos de sua pretensão, requer seja a mesma rechaçada por este ilustre Juízo. Requer, desde já, a produção de prova oral e pericial que comprovarão que o Autor não é dono e jamais foi, bem como qual a área invadida, e, portanto a improcedência do pedido. Requer, ainda, a condenação do Autor por sua litigância de má-fé, nos termos do art. 79 e 81 do CPC. O Contestante pugna lhe seja concedido prazo de 15 (quinze) dias para apresentação do competente mandato, conforme autorização do art. 104 do CPC/15, pugnando seja cadastrado como advogado do Contestante exclusivamente o advogado signatário xxxxxxxxxxx, OAB/SP xxxxxx. Pede deferimento. Guarulhos/SP, 30 de Setembro de 2021. EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA Xª VARA CÍVEL DESTA COMARCA ALEXANDRE MAGNUS, comerciário e sua esposa ALEXANDRINA MAGNUS, professora, brasileiros, inscritos no CPF/MF sob nºs 456.446-72 e 457.457.27, respectivamente, residentes e domiciliados na Rua Rui Barbosa n 15, nesta cidade, pelo procurador firmatário, constituido conforme instrumento de mandato incluso, com escritório profissional na Rua Sete de Setembro nº 1.822, onde recebe intimações, vêm, com o devido respeito, à presença de V. Exa., contestar a AÇÃO DE USUCAPIÃO promovida por TÚLIO BORGES e sua mulher LUCRÉCIA BORGES, pelas razões que a seguir expõe. PRELIMINAR A presente ação deve ser julgada inepta, por absoluta falta de legitimidade para a causa, eis que os autores não atendem os requisitos indispensáveis à aquisição da propriedade pelo instituto do usucapião, eis que não são e nunca foram detentores da posse mansa, pacífica e ininterrupta, com "animus domini" pelo lapso temporal previsto em lei, como se afirmará nas seguintes razões de mérito e se compravará na fase instrutória do feito. MÉRITO 1. Os contestantes são legítimos proprietários titulados do imóvel a seguir descrito e caracterizado, a saber: UM TERRENO, constituído pelo lote nº 310, da quadra nº 08, da Vila Vale do Sol, dentro do quarteirão formado pelas seguintes vias públicas: Avenida Getúlio Vargas, ruas Marechal Floriano, Padre Diogo Feijó e República; medindo 10m00 (dez metros) de frente à Rua República, lado impar da numeração, tendo nos fundos a mesma largura de 10m00 (dez metros), onde entesta com o lote nº 320, de propriedade de Aurélio Quinto e sua mulher Porcina Quinto; dividindo-se por um lado, ao Norte, na extensão de 30m00 (trinta metros), com o lote nº 311, de propriedade de Marcos Augusto; e pelo outro lado, ao Sul, com o lote nº 309, de propriedade de Cícero Pompeu e Nícia Pompeu. Esse imóvel está matriculado sob o número 1415 do Cartório do Registro de Imóveis desta Comarca, em nome dos contestantes, como demonstra com a certidão inclusa, expedida por aquele órgão registral. 2. Sucede que dito imóvel foi dado em comodato a Manoel Ambrósio, por prazo indeterminado, em agosto de 1.978, de acordo com os termos do contrato firmado dentro dos requisitos legais, cuja cópia instrue a presente resposta. E, como aos ora contestantes não mais interessava manter o empréstimo, procederam, no mês de dezembro de 1.997, a notificação judicial do comodatário, denunciando o comodato e assegurando-lhe o prazo de 30 dias para que desocupasse o imóvel. 3. Agindo com absoluta má-fé, aquele comodatário, ao invez de restituir o bem aos comodantes, cedeu sua posse aos autores da presente ação de usucapião. 4. Assim, os autores não detêm a posse "ad usucapionem" do imóvel e nem o "animus domini", assim como aquele cedente-comodatário, eis que os contestantes, seus legítimos proprietários sempre conservaram a posse indireta, na condição de comodantes. Em razão do exposto, com base nas provas ora carreadas e com as que serão produzidas na fase de instrução, requerem a improcedência da ação de usucapião e a condenação de seus autores no pagamento das custas processuais, honorários advocatícios e demais verbas inerentes à sucumbência. Protestam por todo o gênero de provas e requerem a sua produção pelos meios admitidos em direito, como juntada de documentos, perícias, inquirição das testemunhas abaixo arroladas, que deverão ser intimadas para depor em audiência e depoimento pessoal dos autores, sob pena de confissão. Nestes termos Pedem deferimento. Local e data Assinatura do procurador. ROL DE TESTEMUNHAS: 1. Urbano Cidade 2. Brasilino Cabral 3. Inocêncio Pureza
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