Buscar

modelo-de-peca-recurso-de-apelacao (Estágio Supervisionado I) civil seção 4

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

AO DOUTO JUÍZO DE DIREITO 3ª VARA DE REGISTRO PÚBLICOS DO RIO DE JANEIRO/RJ
Processo nº XXXXXXXXXXXXXX
MARIA CAPITOLINA SANTIAGO, já qualificado nos autos em epígrafe, vem respeitosamente perante Vossa Excelência por intermédio de seu advogado infra-assinado articular, as presentes, não se conformando, data vênia, com a sentença que decretada, vem interpor, tempestivamente, 
RECURSO DE APELAÇÃO
com fulcro no art. 593 do Código de Processo Penal, ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.
Ademais, requer seja ordenado o processamento do recurso com as inclusas razões.
Nestes termos,
Pede deferimento
Rio de Janeiro, 02 de Novembro de 2021.
Assinatura do Advogado 
OAB
RAZÕES DE APELAÇÃO
APELANTE: Maria Capitolina Santigago
APELADO: Quinzinho Machado de Assis
AUTOS Nº: XXXXXXXXXX
ÉGREGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA
COLENDA CÂMARA
ÍNCLITOS DESEMBARGADORES
Em que pese o inegável saber jurídico do Meritíssimo juiz da Vara Cível, impõe-se a reforma da sentença de absolvição sumária, em razão da existência de contrato de comodato e da impossibilidade da transmutação da posse, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.
DOS FATOS
Quinzinho Machado de Assis e Carolina Machado de Assis ingressaram com Ação de Usucapião Especial Rural em face de Maria Capitolina Santiago, a qual contestou tempestivamente a ação, alegando em sede de preliminar a nulidade de citação e, quanto ao mérito, a inexistência de animus domini, posto que haveria contrato de comodato entre as partes. A preliminar foi negada. O Agravo foi acolhido para conceder a gratuidade da justiça ao autor. Após o regular trâmite da ação, sobreveio sentença de improcedência do pedido, a qual foi proferida nos seguintes termos: 
“SENTENÇA 
Processo Digital nº: ... 
Classe – Assunto: Usucapião Especial Rural 
Requerente: Quinzinho Machado de Assis e Carolina Machado de Assis 
Requerido: Maria Capitolina Santiago 
Juiz de Direito: Dr. Ezequiel de Souza Escobar 
Vistos. 
QUINZINHO MACHADO DE ASSIS e CAROLINA MACHADO DE ASSIS, já qualificados nos autos em epígrafe, ajuizaram a presente Ação de Usucapião Especial Rural em face de MARIA CAPITOLINA SANTIAGO, também qualificada nos autos, sob a alegação, em síntese, que: possuem o imóvel localizado no Bairro Quincas Borba, s/n, zona rural da cidade do Rio de Janeiro/RJ, desde 10 de fevereiro de 2006, advinda por meio de instrumento particular de cessão de direitos possessórios a eles transmitido por Brás Cubas, antigo possuidor, que ocupou o terreno por dois anos. O referido imóvel é localizado na área rural e tem extensão de dois hectares. Aponta ainda que a requerida é a nua-proprietária, titular de domínio, sendo que os autores nunca sofreram qualquer tipo de reivindicação ou impugnação por parte de quem quer que seja, sem oposição e de forma ininterrupta durante todo esse tempo, sendo que, em data recente, a Sra. Maria Capitolina Santiago se apresentou exigindo sua propriedade. 
Devidamente citada, MARIA CAPITOLINA SANTIAGO contestou a presente ação, alegando em sede de preliminares a nulidade de citação, realizada na pessoa de sua mãe. Quanto ao mérito, alega a inexistência de animus domini por parte dos autores, invocando a existência de contrato de comodato para parceria agrícola entre as partes. 
A decisão de fls. ... negou o pedido de gratuidade de justiça (decisão revertida em sede de agravo) e rejeitou as preliminares arguidas em contestação. 
É O RELATÓRIO. 
FUNDAMENTO E DECIDO. 
Os autores demonstram estar na posse do imóvel por período maior que cinco anos, fato este não contestado pela requerida, que se limitou a promover alegação da existência de contrato de comodato entre as partes. 
Quanto ao direito de propriedade, Silvio de Salvo Venosa aponta que: 
A justa aplicação do direito de propriedade depende do encontro do ponto de equilíbrio entre o interesse coletivo e o interesse individual. Isso nem sempre é alcançado pelas leis, normas abstratas e frias, ora envelhecidas pelo ranço de antigas concepções, ora falsamente sociais e progressistas, decorrentes de oportunismos e interesses corporativos. Cabe a jurisprudência responder aos anseios da sociedade em cada momento histórico. 
Muitas vezes, o instituto do comodato é utilizado como ferramenta por parte de pessoas com melhores condições, para manter determinada propriedade sem custos, desta forma, o comodante faz a cessão da terra ao comodatário e, de forma desidiosa, passa anos sem nem mesmo visitá-la, apresentando-se apenas quando conveniente, enquanto a propriedade é mantida às custas do comodatário. 
Mesmo que a posse tenha se dado por meio de comodato, na hipótese aventada, é possível a transmutação da posse, conforme entendimento já consolidado pelos Tribunais. 
Ante o exposto, atento ao que mais dos autos consta e aos princípios de Direito aplicáveis à espécie, além de estar em conformidade com o art. 1.239 do Código Civil, JULGO PROCEDENTE o pedido formulado na Ação de Usucapião Especial Rural nº ..., para declarar a ocorrência da prescrição aquisitiva e, em decorrência, constituir o domínio da parte autora sobre o imóvel indicado na inicial, devendo esta sentença, junto à sua certidão de trânsito em julgado, servir de título para a averbação ou registro (art. 172 da Lei de Registros Públicos) oportunamente, no Cartório de Registro de Imóveis competente, pagos os emolumentos e respeitadas as formalidades legais. 
Publique-se. Registre-se. Intimem-se. 
Após o trânsito em julgado desta decisão, arquivem-se os autos.”
Ainda, no mesmo sentido, são lícitas, em geral, todas as condições que a lei não vedar expressamente, daí não havendo outro entendimento para o caso em questão, deve a sentença atacada ser REFORMADA nos termos do pedido contido na inicial.
PRELIMINARES
Da Nulidade e inexistência de citação
Não obstante, a contestante é casada com Bento Santiago no regime de comunhão universal de bens, e juntos detêm a titularidade do bem, porém este não foi citado para responder à ação, em que pese constar seu nome na matrícula. Tratando-se de bem imóvel, o litisconsórcio passivo se faz obrigatório (vide § 1º do inciso I do art. 73 do CPC).
Conforme previsão legal no art. 242 do CPC lei 13.105/15, a citação da ré ocorreu de forma erronia, pois a citação foi enviada para sua mãe Dona Fortunata e por conta da pandemia, não ficou sabendo antes da citação.
MERITO
Da inexistência do Animus Domini
Em que posem os argumentos abalizados pelos autores, o pleito de usucapião demonstra-se descabido, portanto, como será aqui exaurido, não há o que falar, por parte dos requerentes, em legitimo exercício de posse do imóvel objeto da presente demanda, mais sim em mera detenção dele.
Conforme previsto art. 1.239 do CC, trata da ação de usucapião especial rural, exigindo para a aquisição da propriedade no lapso temporal de 5 (cinco) anos de posse ininterrupta e sem oposição, desde que o possuidor não seja o proprietário de outro imóvel seja ele rural ou urbano, determinado com o limite de área de 50 (cinquenta) hectares, com demonstração efetiva de atividade produtiva e tornando ela sua moradia, paralelamente o art. 191 da CF trata desta espécie.
O que não ocorreu na hipótese, pois os autores não possuíam o imóvel em comento como se donos fossem, ou seja, não gozaram de aninus domini, mas residem ali sob a qualidades de parceiros e em comodato junto com a ré.
A situação acima restará evidenciada de maneira incontroversa ao fim da instrução da presente demanda, quando se provará, por meio de prova testemunhal, a existência de contrato verbal a título de parceria entre os autores e a ré na sobre a agrícola do imóvel.
Isso porque, conforme doutrina prevalente, aquele que possui sem a intenção de ter a coisa como se fosse o dono, ou seja, desprovido de animus domini, não podemos exercer sobre a res pretensão de usucapião.
Nesse sentido:
“(...) A intensão de possuir o imóvel como um proprietário (animus domini) é (...) requisito indispensável à configuração da posse ad usucapionem. Por ele objetiva a lei (...) descartar a hipótesede usucapião pelo detentor (preposto do possuidor) ou por quem tem o uso ou fruição do imóvel em razão de negócio jurídico celebrado com o proprietário (locatário, usufrutuário, comodatário etc.) (...) o possuidor desprovido de animus domini, que não age como dono da coisa, está disposto a entregá-la ao proprietário tão logo instado a fazê-lo. A situação de fato em que se encontra não se incompatibiliza com o exercício, pelo titular do domínio, do direito de propriedade, (...)” (COELHO, Fabio Ulhoa. Curso de direito civil, vol.3: direito das coisas, direito autoral -4. Ed. São Paulo: Saraiva 201, versão digital, pp.194/195).
A instrução acima também é aplicável aquele que possui a coisa em virtude da parceria agrícola, como é o caso dos autores, pois tal pacto, objetivamente, obsta o reconhecimento da usucapião, portanto não subsiste, em hipótese, animis domini do possuidor que se vale do imóvel por tal título.
Nessa perspectiva, também é entendimento jurisprudencial predominante no egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais:
“AÇÃO DE USUCAPIÃO DE BEM IMOVEL – AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO ANIMUS DOMINI (...) O exercício de posso em razão de contrato de parceria agrícola impede o reconhecimento de usucapião, pois inexistente animus domini por parte do possuidor que utiliza do imóvel a este título (...)” (TJMG – proc. Nº 1.0009.06.007287-4/001, Rel. Des. Corrêa Camargo, DJ de 17/06/2013)
“AÇÃO DE USUCAPIÃO (...) AUSÊNCIA DE ANIMUS DOMINI – REQUESITO INDISPENSÁVEL AO RECONHECIMENTO DA PRETENSÃO – EXISTÊNCIA DE CONTRATO DE PARCERIA AGRÍCOLA – ART. 1.208 DO CÓDIGO DE CIVIL. (...) A aquisição do imóvel através da usucapião exige ânimo de dono, que é incompatível com o contrato de parceria agrícola” (TJMG, proc. Nº 1.0428.09.015267-2/001, Rel. Des. Valdez Leite Machado, DJ de 12/04/2013).
A ré que detêm a posse do imóvel junto com seu esposo, tem o direito a restituição da posse por Turbação (reintegração de posse) e o possuidor direto o autor, segundo legislação no art. 582 do CC, é obrigado a conservar, como se fosse seu o imóvel que fora emprestado a título de parceria através de comodato não podendo ele usar de outra maneira a não ser para os devidos fins.
Da Impossibilidade da Transmutação da Posse
Na presente situação existia um contrato verbal de locação. Desse modo, não há como se configurar a intenção de possuir o imóvel como se proprietário fosse, animus domini , elemento indispensável para configurar a posse ad usucapionem . Nesse sentido:
EMENTA: APELACAO CÍVEL. ACÃO DE USUCAPIÃO. POSSE PRECÁRIA. AUSENCIA DOS REQUISITOS DA USUCAPIÃO. IMPROCEDENCIA DO PEDIDO.
1 - Usucapião é causa originária (e não derivada) de aquisicão do domínio, por isso que não pode depender de desconstituicão de causa antecedente.
2 - Se originariamente era precária a posse do autor e os elementos dos autos demonstram a inexistencia de transmutacão da natureza da posse, não se configura o instituto da interversio possessionis. (TJMG - Apelacão Cível 1.0027.00000-00/001, Relator (a): Des.(a) José Marcos Vieira, 16a Câmara Cível, julgamento em 10/06/2014, publicacão da sumula em 27/06/2014)
Logo, a jurisprudência tem afastado usucapião em face da posse precária, decorrente de mera permissão ou tolerância:
EMENTA: APELACÃO CÍVEL - ACÃO DE USUCAPIÃO - ONUS DA PROVA - REQUISITOS LEGAIS NÃO ATENDIDOS - POSSE - MERA TOLERANCIA - RECURSO NÃO PROVIDO. - A mera permissão ou tolerancia descaracteriza a posse como instituto de direitos, transmudando em mera detencão, revestida da inconfundível precariedade, insuficiente para traduzir posse com animo de dono. (TJMG - Apelacão Cível 1.0592.00000-00/001, Relator (a): Des.(a) José Flávio de Almeida, 12a Câmara Cível, julgamento em 07/05/2015, publicacão da sumula em 12/05/2015)
IV - DOS PEDIDOS
Em face das razões de fato e de direito acimas expostas, requer:
Que seja reconhecido e recebido o presente recurso;
Que seja reformando a decisão prolatada pelo juízo a quo, julgando improcedente o pedido deduzido na exordial.
Rio de Janeiro, 02 de Novembro de 2021.
Assinatura do Advogado 
OAB

Continue navegando