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AO DOUTO JUÍZO DE DIREITO 3ª VARA DE REGISTRO PÚBLICOS DO RIO DE JANEIRO/RJ
Processo nº XXXXXXXXXXXXX
MARIA CAPITOLINA SANTIAGO, já qualificada nos autos em epígrafe, vem respeitosamente perante Vossa Excelência por intermédio de seu advogado infra-assinado articular, as presentes, não se conformando, data vênia, com a sentença que decretada, vem interpor, tempestivamente,
RECURO DE APELAÇÃO
Com fulcro no art. 593 do Código de Processo Penal, ao egrégio Tribunal de Justiça do estado do Rio de Janeiro.
Ademais, reque seja ordenado o processamento do recurso com as inclusas razões.
Nestes termos,
Pede deferimento
Rio de Janeiro, 02 de novembro de 2021.
Assinatura do Advogado
OAB
RAZÕES DE APELAÇÃO
APELANTE: Maria Capitolina Santigago
APELADO: Quinzinho Machado de Assis
AUTOS Nº: xxxxx
ÉGREGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA
COLENDA CÂMARA
ÍNCLITOS DESEMBARGADORES
Em que pese o inegável saber jurídico do meritíssimo juiz da vara Cível, impões-se a reforma da sentença de absolvição sumária, em razão da existência de contrato de comodato e da impossibilidade da transmutação de posse, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.
DOS FATOS
Quinzinho Machado de Assis e Carolina Machado de Assis ingressaram com Ação de Usucapião Especial Rural em face de Maria Capitolina Santiago, a qual contestou tempestividade a ação, alegando em sede de preliminar a nulidade de citação e, quanto ao mérito, a inexistência de animus domini, posto que haveria contrato de comodato entre as partes. A preliminar foi negada. O Agravo foi acolhido para conceder a gratuidade da justiça ao autor. Após o regular trâmite da ação, sobreveio sentença de improcedência do pedido, a qual foi proferida nos seguintes termos:
“SENTENÇA
Processo Digital nº:....
Classe – Assunto: Usucapião Especial Rural
Requerente: Quinzinho Machado de Assis e Carolina Machado de Assis
Requerido: Maria Capitolina Santiago
Juiz de Direito: Dr. Ezequiel de Souza Escobar
Vistos.
QUINZINHO MACHADO DE ASSIS E CAROLINA MACHADO DE ASSIS, já qualificados nos autos em epígrafe, ajuizaran a presente Ação de Usucapião Especial Rural em face de MARIA CAPITOLINA SANTIAGO, também qualificada nos autos, sob a alegação, em síntese, que: possuem o imóvel localizado no Bairro Quincas Borba, s/n, zona rural da cidade do Rio de Janiero/RJ, desde 10 de fevereiro de 2006, advinda por meio de instrumento particular de cessão de direitos possessórios a eles transmitido por Brás Cubas, antigo possuidor, que ocupou o terreno por dois anos. O referido imóvel é localizado na área rural e tem extensão de dois hectares. Aponta ainda que a requerida é nua-proprietária, titular de domínio, sendo que os autores de quem quer que seja, sem oposição e de forma initerrupta durante todo esse tempo, sendo que, em data recente, a Sra, maria Capitolina Santiago se apresentou exigindo sua propriedade.
Devidamente citada, MARIA CAPITOLINA SANTIAGO constestou a presente ação, alegando em sede de preliminares a nulidade de citação, realizada na pessoa de sua mãe. Quanto ao mérito, alega a inexistência de animus domini por parte dos autores invocando a existência de contrato de comodato para parceira agrícola entre as partes.
A decisão de fls.....negou o pedido de gratuidade de justiça (decisão revertida em sede de agravo) e rejeitou as preliminares arguidas em contestação.
É O RELATÓRIO.
FUNDAMENTO E DECIDO
Os autores demonstraram estar na posse do imóvel por período maior que cinco anos, fato este não contestado pela requerida, que se limitou a promover alegação da existência de contrato de comodato entre as partes.
Quanto ao direito de propriedade, Silvio de Salvo Venosa aponta que:
“A justa aplicação do direito de propriedade depende do encontro do ponto de equilíbrio entre o interesse coletivo e o interesse individual. Isso nem sempre é alcançado pelas leis, normas abstratas e frias, ora envelhecidas pelo ranço de antigas concepções, ora falsamente sociais e progressistas, decorrentes de oportunismo e interesses corporativos. Cabe a jurisprudência responder aos anseios da sociedade em cada momento histórico.”
Muitas vezes, o instituto do comodato é utilizado como ferramenta por parte de pessoas com melhores condições, para manter determinada propriedade sem custos, desta forma, o comodante faz a cessão da terra ao comodatário e, de forma desidiosa, passa anos sem nem mesmo visitá-la, apresentando-se apenas quando conveniente, enquanto a propriedade é mantida às custas do comodatário.
Mesmo que a posse tenha se dado por meio de comodato, na hipótese aventada, é possível a transmutação da posse, conforme entendimento já consolidado pelos Tribunais.
Ante ao exposto, atento ao que mais dos autos consta e aos princípios de Direito aplicáveis à espécie, além de estar em conformidade com o art. 1.239 do Código Civil, JULGO PROCEDENTE o pedido formulado na Ação de Usucapião Especial Rural nº..., para declarar da parte autora sobre o imóvel indicado na inicial, devendo esta sentença, junto à sua certidão de trânsito em julgado, servir de título para a averbação ou registro (art. 172 da Lei de registros Públicos) oportunamente, no Cartório de registro de Imóveis competente, pagos os emolumentos e respeitadas as formalidades legais.
Publique-se. Registre-se. Intime-se.
Após o trânsito em julgado desta decisão, arquivem-se os autos.”
Ainda, no mesmo sentido, são lícitas, em geral, todas as condições que a lei não vedar expressamente, daí não havendo outro entendimento para o caso em questão, deve a sentença atacada ser REFORMADA nos termos do pedido contido na inicial.
PRELIMINARES
Da Nulidade e inexistência de citação
Não obstante, a contestante é casada cm vento Santiago no regime de comunhão universal de bens, e juntos detêm a titularidade do bem, porém este não foi citado para responder à ação, em que pese constar seu nome na matrícula. Tratando-se de bem imóvel, o litisconsórcio passivo se faz obrigatório (vide § 1º do inciso I do art. 73 do CPC).
Conforme previsão legal no art. 242 do CPC lei 13.105/15, a citação da ré ocorreu de forma errônea, pois a citação foi enviada para sua mãe Dona Fortunata e por conta da pandemia, não ficou sabendo antes da citação.
MÉRITO
Da inexistência do Animus Domini
Em que posem os argumentos abalizados pelos autores, o pleito de usucapião demonstra-se descabido, portanto, como será aqui exaurido, não há o que falar, por parte dos requerentes, em legítimo exercício de posse do imóvel objeto da presente demanda, mas sim em mera detenção dele.
Conforme previsto art. 1.239 do CC, trata da ação de usucapião especial rural, exigindo para aquisição da propriedade no lapso temporal de 5 (cinco) anos de posse ininterrupta e sem oposição, desde que o possuidor não seja o proprietário de outro imóvel seja ele rural ou urbano, determinado com o limite de área de 50 (cinquenta) hectares, com demonstração efetiva de atividade produtiva e tornando ele sua morada, paralelamente o art. 191 da CF trata desta espécie.
O que não ocorreu na hipótese, pois os autores não possuíam o imóvel em comento como se donos fossem, ou seja, não gozaram de animus domini, mas residem ali sob a qualidade de parceiros e em comodato junto a ré.
A situação acima restará evidenciada de maneira incontroversa a o fim da instrução da presente demanda, quando se proverá, por meio de prova testemunhal, a existência de contrato verbal a título de parceria entre os autores e a ré na sobre a agrícola do imóvel.
Isso porque, conforme doutrina prevalente, aquele que possui sem a intenção de ter a coisa como se fosse o dono, ou seja, desprovido de animus domini, não podemos exercer sobre a res pretensão de usucapião.
Nesse sentido:
“(...) A intenção de possuir o imóvel como proprietário (animus domini) é (...) requisito indispensável à configuração da posse ad usucapionem. Por ele objetiva a lei (...) descartar a hipótese de usucapião pelo detentor (preposto do possuidor) ou por quem tem o uso ou fruição do imóvel em razão de negócio jurídico celebrado com o proprietário(locatário, usufrutuário, comodatário, etc.) (...) o possuidor desprovido de animus domini, que não age como dono da coisa, está disposta a entrega-la ao proprietário tão logo instado a fazê-lo. A situação de fato em que se encontra não se incompatibiliza com o exercício, pelo titular do domínio, do direito de propriedade, (...)” (COELHO, Fabio Ulhoa. Curso de direito civil, vol.3: direito das coisas, direito autoral – 4.ed. São Paulo: Saraiva 2011, versão digital, pp.194/195).
A instrução acima também é aplicável aquele que possui a coisa em virtude da parceria agrícola, como é o caso dos autores, pois tal pacto, objetivamente, obsta o reconhecimento da usucapião, portanto não subsiste, em hipótese, animus domini de possuidor que se vale do imóvel por tal título.
Nessa perspectiva, também é entendimento jurisdicional predominante no egrégio tribunal de Justiça do estado de Minas Gerais:
“AÇÃO DE USUCAPIÃO DE BEM IMÓVEL – AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO ANIMUS DOMINI (...) O exercício de posse em razão de contrato de parceria agrícola impede o reconhecimento de usucapião, pois inexiste animus domini por parte do possuidor que utiliza o imóvel a este título (...)” (TJMS – proc. Nº 1.0009.06.007287-4/001, Rel. Des. Corrêa Camargo, DJ de 17;06/2013)
A ré que detêm a posse do imóvel junto com seu esposo, tem o direito a restituição da posse por Turbação (reintegração de posse) e o possuidor direito o autor, segundo legislação no art. 582 do CC, é obrigado a conversar, como se fosse seu o imóvel que fora emprestado a título de parceria através de comodato não podendo ele usar de outra maneira a não ser para os devidos fins.
Da impossibilidade da Transmutação da Posse
Na presente situação existia um contrato verbal de locação. Desse modo, não há como se configurar a intenção de possuir o imóvel como se proprietário fosse, animus domini, elemento indispensável para configurar a posse ad usucapionem. Nesse sentido:
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE USUCAPIÃO. POSSE PRECÁRIA. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS DA USUCAPIÃO. IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO.
1 – Usucapião é causa originária (e não derivada) de aquisição do domínio, por isso que não pode depender de desconstituição de causa antecedente.
2 – Se originariamente era precária a posse do autor e os elementos dos autos demonstram a inexistência de transmutação da natureza da posse, não se configura o instituto da interversio possessionis. (TJMG – Apelação Cível 1.0027.00000-00/001, Relator (a): Des.(a) José Marcos Vieira, 16ª Câmara Cível, julgamento em 10/06/2014, publicação da súmula em 27/06/2014).
Logo, a jurisprudência tem afastado usucapião em face da posse precária, decorrente de mera permissão ou tolerância:
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE USUCAPIÃO – ONUS DA PROVA – REQUISITOS LEGAIS NÃO ATENDIDOS – POSSE – MERA TOLERÂNCIA – RECURSO NÃO PROVIDO. – A mera permissão ou tolerância descaracteriza a posse como instituto de direitos, transmudando em mera detenção, revestida da inconfundível precariedade, insuficiente para traduzir posse com anino de dono. (TJMG – Apelação Cível 1.0592.00000-00/001, Relator (a): josé Flávio de Almeida, 12ª Câmara Cível, julgamento em 07/05/2015, publicação da súmula em 12/05/2015).
DOS PEDIDOS
Em face das razões de fato e de direito acima expostas, requer:
Que seja reconhecido e recebido o presente recurso;
Que seja reformado a decisão prolatada pelo juízo a quo, julgando improcedente o pedido deduzido na exordial.
Rio de janeiro, 02 de novembro de 2021.
Assinatura do advogado
OAB

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